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O SÁBADO JUDAICO e o

DOMINGO CRISTÃO
EDMAR BARCELLOS

O SÁBADO JUDAICO e o
DOMINGO CRISTÃO

PROJECTO
EDITORIAL
© 2002 Edmar Barcellos
Todos os direitos desta edição reservados ao autor

PROJECTO
EDITORIAL
Projecto Editorial Ltda.
Brasília Shopping – SCN – Q. 05 – Bl. A – Sl. 1.304 – Torre Sul
Brasília-DF – Tel.: (0xx61) 328-3804/328-3962 – CEP 70715-900

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Livraria Suspensa
PREPARAÇÃO
Vanderlei Veloso
C APA
Tarcisio Ferreira
R EVISÃO
Alda Monteiro Capistrano
Luzelúcia Ribeiro da Silva
EDITOR
Reivaldo Vinas

BARCELLOS, Edmar.
O sábado judaico e o domingo cristão. Brasília: Projecto
Editorial, 2002.
Ilustrada.
132p.

ISBN 85-88401-04-5

1. Teologia. I. Título
CDD 869.935
Para
minha esposa Maria Helena (Marlene)
O sábado judaico
“Estando, pois, os filhos de Israel no deserto,
acharam um homem apanhando lenha no dia de
sábado (...). Então toda a congregação o tirou
para fora do arraial, com pedras, e o
apedrejaram, e morreu, como o SENHOR
ordenara a Moisés.”
(Nm 15:32, 36)

O domingo cristão
“A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se
cabeça de esquina. Foi o Senhor que
fez isto e é coisa maravilhosa aos nossos olhos!
Este é o dia que fez o Senhor; regozijemo-nos e
alegremo-nos Nele!”
(Sl 118.22-24)
Agradecimentos

“Os sábios, pois, resplandecerão como o resplendor do firmamen-


to; e os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas,
sempre e eternamente.”
(Dn 12.3)

À minha querida esposa Marlene, anjo protetor, cujo amor, indul-


gência e equilíbrio abençoam minha vida há mais de 50 anos.
Aos meus filhos, Daniel Fidelis, Apolo, Paulo Tide e André Luiz,
pelo apoio e estímulo.
Às minhas filhas, Ana Maria e Débora, exemplos de conduta cris-
tã, porque me deram mais dois filhos, quando se casaram, respecti-
vamente, com Pedro Luiz Cortezi Botelho e Bezaliel Duarte Pereira,
dois abençoados servos de Deus, hoje pastores que muito me aju-
dam nos estudos bíblicos, com suas abalizadas críticas e com os
livros que me recomendam, fazem comprar, ou presenteiam.
Ao pastor Antônio Gilberto, egrégio ensinador, por seu estímulo.
Ao pastor Elizeu Menezes de Oliveira, grande médico e garimpeiro espi-
ritual, benemérito restaurador de trabalhos enfermiços e formador deObreiros.
Ao pastor Sóstenes Apolos da Silva, amigo do jejum e da oração,
exemplo raro de desinteresse pelos bens materiais que, tendo a ida-
de de ser meu filho, tem sido um pai para mim.

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E D M A R . B A R C E L L O S

Ao dileto pastor Gedalias Neves da Costa e a seu filho Bruno,


pela inestimável ajuda na composição e publicação deste trabalho.
À querida irmã Áurea Lima Pereira, exemplo de coragem e lide-
rança, cujo apoio, entusiasmo e persistência muito contribuíram para
esta publicação.
À culta e prendada Luzelúcia Ribeiro da Silva e à Alda Monteiro
Capistrano, pela dedicação com que revisaram este livro.
Ao Dr. Reivaldo Vinas que prestimosa e pacientemente tornou
possível a publicação deste trabalho.
E, acima de tudo e de todos, Graças a Deus por haver-me chama-
do para os seus caminhos e concedido a oportunidade de publicar
este trabalho, que ofereço a todos os que querem crescer no conheci-
mento e na graça de nosso Senhor Jesus Cristo.

In memoriam
Ao papai e à mamãe (meus avós paternos) e às minhas queri-
das tias, cujo amor, exemplo e orações abençoaram minha vida
desde os primeiros passos até o dia de hoje.
Ao saudoso pastor Natanael Cortês e ao presbítero Érico de Paiva
Mota (presbiterianos que, na minha infância, muito me influenciaram
no estudo das Sagradas Letras).
Ao pastor José Teixeira Rego, Patriarca, cuja sinceridade e in-
transigência forjaram o caráter impoluto de centenas de jovens as-
sembleianos.
Ao pastor Luiz Bezerra da Costa, pacificador emérito e amigo a
toda prova, exemplo de mansidão.

Edmar Cunha de Barcellos

10
Ênfase e Lógica contra
as Heresias
Joanyr de Oliveira

Pesquisador infatigável, sempre a transitar com desenvol-


tura no universo da cultura religiosa, o pastor e mestre Ed-
mar Cunha de Barcellos enriquece a literatura bíblica com
este O Sábado Judaico e o Domingo Cristão.
Porque habilitado a recorrer às línguas dos originais, a diri-
mir dúvidas à luz do grego e do hebraico, sua palavra é abali-
zada, absolutamente confiável. Assim, independendo da in-
gerência de tradutores (protegido, portanto, do lamentável
traduttore, tradittori...), o escritor dispõe sua exposição, sua ên-
fase, sua lógica em bases muito sólidas.
Nestes dias de desenfreada proliferação de heresias, é opor-
tuníssima a edição de O Sábado Judaico e o Domingo Cristão. Os
neojudaízantes, os incontáveis formuladores de heresias, ou
responsáveis pela sua ressurreição defrontam-se com a con-
sistência deste livro de afirmações incontestáveis. As doutri-
nas dos crentes propensos ao mediunismo – alguns desses
líderes tidos como evangélicos, mas dados ao sincretismo, estão
por aí, a disseminar até na TV suas venenosas sementes –, as
ficções sobre vida espiritual nos planetas, passadas aos ingê-
nuos como verdade, e outras “teses” falsas, caem como pul-
verizadas máscaras à leitura desta obra.
Aqui, Edmar Barcellos deixa bem clara a importância (para
os judeus) do Sabath, e esclarece não haver por que ter com-
promisso com ele.

11
E D M A R . B A R C E L L O S

Qual a origem dessa importante instituição?


Franz Delitzch, biblicista protestante, entende que o Sa-
bath é mera adaptação do festival babilônico da lua cheia
(Shabatu ou Shabatu); Apion, que viveu no séc. I, e é clas-
sificado por Nathan Ausubil (Biblioteca de Cultura Judai-
ca) como “provocador”, vem com esta: “Tendo os judeus
caminhado seis dias no deserto, ficaram com ínguas (nas
virilhas), e por isso descansaram no sétimo dia... e chama-
ram a esse dia de Sabath, pois que aquela doença (de ín-
guas) nas virilhas era chamada sabatosis pelos egípcios”
(BCJ, p. 661).
Mas a Bíblia não deixa dúvidas a esse respeito: “É um
sinal entre mim e os filhos de Israel, para sempre” (Êx 31.17).
Com que objetivo? Para a memória de fatos extraordinários:
“Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e
que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão forte... pelo
que o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia de
sábado” (Dt S. 15)
Portanto, o Sabath evoca um acontecimento da maior sig-
nificação para os judeus, mas que para nós nada significa.
Nem histórica nem espiritualmente.
Nesta obra relacionam-se os livros e versículos do Novo
Testamento que reiteram as determinações concernentes
aos Dez Mandamentos. São vários – e nem um, sequer,
referenda a guarda do quarto mandamento, do sábado.
Observa o escritor, a respeito: “Sem repetição, somente
censuras!”
Tendo em vista o seu valor, O Sábado Judaico e o Domingo Cris-
tão merece ser levado a todos: os que ouvem a voz de São Pau-
lo sobre os ventos de doutrinas dos últimos tempos e aos que

12
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

supervalorizam o sábado, para que se compenetrem do equí-


voco em que incorrem e mudem os rumos de seus passos.

Joanyr de Oliveira é poeta várias vezes premiado, no


Brasil e no exterior. Laureado, em 1962, (a Comissão
Julgadora estava integrada por Manuel Bandeira e ou-
tros), como “Grande Poeta de Brasília”.
Pastor, advogado, contista, cronista e jornalista. Foi
diretor de Publicações da CPAD e fundador de revistas
evangélicas. Membro de importantes entidades cultu-
rais. Autor de vários livros, principalmente de poesia, in-
clusive a primeira obra literária editada no DF – Poetas
de Brasília, antologia, 1962. É um dos escritores evan-
gélicos cujo nome é citado em enciclopédias como a
Grande Enciclopédia Delta Larousse. (Edição de 1972,
volume 11 p. 4920).

13
S U M Á R I O

O sábado judaico ................................................................................. 7


O domingo cristão ............................................................................... 7
Agradecimentos .................................................................................... 9
Ênfase e Lógica contra as Heresias .............................................. 11
Introdução .............................................................................................. 17
I – Cisternas rotas ............................................................................... 21
1. Psicografia gospel ou espiritismo evangélico ........................... 23
Decepcionante paradoxo ........................................................... 30
2. Judaizantes modernos .................................................................. 31
II – As divisões do tempo ................................................................. 35
O calendário ....................................................................................... 35
III – O Sábado Judaico ..................................................................... 39
Na escravidão, os israelitas não tinham sábado ........................... 41
Sábado: um sinal identificador do povo de Israel ...................... 43
Os sinais identificadores da Igreja de Cristo ................................ 45
O sábado: um tipo de Cristo .......................................................... 46
O árduo plano de Deus para nossa salvação .............................. 48
O declínio do sábado judaico ......................................................... 53
Caracteres cerimoniais do sábado .................................................. 56
IV – Lei, Lei Moral, Lei Cerimonial, Lei de Deus
e Lei de Moisés .................................................................................... 63
1. Lei .................................................................................................... 63
2. Lei Moral ........................................................................................ 65
3. Lei Cerimonial ............................................................................... 68
4. Lei de Deus, Lei de Moisés ........................................................ 70
5. A Lei como uma “dispensação” ................................................ 71
A Lei .............................................................................................. 74
6. A Lei e a Graça ............................................................................. 74
V – Anomia x Legalismo ................................................................... 75
Lei da Fé, Lei de Cristo, Lei do Espírito de Vida
ou Lei da Liberdade ......................................................................... 75
VI – O domingo cristão ..................................................................... 81
1. O primeiro domingo da história ............................................... 81

15
E D M A R . B A R C E L L O S

2. A ressurreição de Jesus Cristo e o domingo ........................... 82


3. A origem da palavra “Domingo” ............................................. 87
4. Resgatando verdades históricas .................................................. 94
5. Odres novos para o vinho novo ............................................... 97
6. O domingo foi prefigurado na Lei ........................................... 102
7. Domingo: dia do Nascimento da Igreja .................................. 104
8. Domingo, Dia de Jesus, Dia da Igreja ...................................... 105
9. Domingo, o principal dia da semana ........................................ 107
VII – Breves respostas aos argumentos adventistas
sobre o sétimo dia ................................................................................ 111
1. Devem os cristãos guardar o sábado do sétimo dia? ............ 111
2. Por que só os israelitas devem guardar o sábado,
e não também os cristãos? ............................................................... 111
3. As festas judaicas (os sábados anuais) é que cessaram,
mas não o sábado semanal .............................................................. 112
4. Por que considerar as festas judaicas e o sábado
como figuras ou sombras? .............................................................. 112
5. O sábado está na “Lei Moral”, a lei das tábuas de pedra,
e por isso deve ser guardado .......................................................... 113
6. Por que dizer que a guarda do sábado do sétimo dia é
um mandamento cerimonial? .......................................................... 114
7. O sábado é tão importante que foi mencionado 60 vezes
no Novo Testamento ....................................................................... 115
8. As mulheres repousaram no sábado, conforme
o mandamento (Lc 23.56). Isso prova que o sábado
era guardado nos anos 60, quando Lucas escreveu
o seu Evangelho ................................................................................ 116
9. Jesus, sabendo que o sábado seria guardado depois da
sua ressurreição, disse: ....................................................................... 117
10. O apóstolo Paulo pregava aos sábados
nas sinagogas (Atos 13:44) ............................................................... 119
11. O santo sábado será observado na Nova Terra
por toda a eternidade ....................................................................... 121
12. Por que os judeus queriam matar Jesus? ................................. 122
VIII – Bibliografia ............................................................................... 125
(Textos dos originais hebraicos, gregos e latinos)........................ 125
Versões Católicas da Bíblia .............................................................. 125
Versões Evangélicas da Bíblia ......................................................... 126

16
Introdução

“Ninguém vos prive do prêmio, afetando humildade ou culto aos


anjos, baseando-se em visões, enfatuado... na sua mente carnal.”
(Cl 2.18)
Embora muito já se tenha escrito sobre a guarda da lei e
do sábado, julgamos oportuna uma nova análise do assunto,
em vista dos muitos questionamentos que vimos recebendo
de nossos alunos, de crentes e até de não-evangélicos sobre
programas de televisão em que são apresentadas revelações de
anjos, legalismo sabático e algumas modernices como se fossem
verdades bíblicas.
Queremos oferecer aqui subsídios esclarecedores, num es-
tudo sincero e tão profundo Introdução
quanto possível, sobre esses en-
sinos que não aceitamos, e sobre o que cremos e ensinamos
acerca desses assuntos, como a Palavra de Deus recomenda:
“Estai sempre dispostos a justificar vossa esperança perante
aqueles que dela vos pedem conta. Mas fazei-o com mansidão e
respeito, com uma boa consciência” (1 Pd 3.15, 6. Tradução Ecu-
mênica da Bíblia).
Paulo nos admoesta a “não irmos além do que está
escrito” (1 Co 4.6) e adverte-nos severamente contra qualquer
doutrina diferente da que ele ensinou.

17
E D M A R . B A R C E L L O S

“Estou admirado de vocês estarem abandonando, tão depressa,


aquele que os chamou por meio da graça de Cristo para outro evan-
gelho. Na realidade, porém, não existe outro evangelho. Há somente
pessoas que estão semeando confusão entre vocês e querem detur-
par o evangelho de Cristo. Maldito aquele que anunciar a vocês um
evangelho diferente daquele que anunciamos, ainda que sejamos
nós mesmos ou algum anjo do céu. Já dissemos antes e agora repe-
timos: maldito seja quem anunciar um evangelho diferente daquele
que vocês receberam” (Gl 1.6-9. Bíblia Pastoral Católica).

Usaremos, basicamente, as versões de Almeida Revista e


Corrigida (ARC) e Almeida Revista e Atualizada (ARA). Quan-
do oportuno, citaremos qualquer outra tradução que nos pa-
recer mais adequada ao tema estudado, cuidando de jamais
ferir o sentido do texto original. As citações serão destacadas,
buscando-se obter maior atenção para o texto em foco.
Rogamos ao leitor que faça uma consulta cuidadosa às
citações nas notas de rodapé. Elas foram, criteriosamen-
te, extraídas de livros e de documentos cuja cópia pode-
remos enviar aos interessados, arcando estes com os cus-
tos correspondentes.
Pedimos ao Senhor Jesus que nos inspire na exposição
dos assuntos aqui apresentados e que ilumine os leitores,
para que recebam a edificação e os esclarecimentos que tan-
to lhes desejamos.
Cremos que os cristãos têm o direito de comer ou não
comer o alimento que quiserem e de guardar ou de não guar-
dar o dia que quiserem, segundo deixa bem claro a Bíblia,
quando diz:

18
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

“Acolhei o fraco na fé sem querer discutir suas opiniões. Um,


acha que pode comer de tudo; outro, que é fraco, come legumes...
Quem és tu que julgas o servo alheio?... Há quem faça diferença
entre dia e dia e há quem ache todos os dias iguais; cada um
siga sua convicção” (Rm 14.1-5, Bíblia de Jerusalém).

Quem ousaria condenar carnívoros ou vegetarianos, saba-


tistas ou dominguistas, depois de ler tão explícita declaração
da liberdade cristã, registrada por Paulo, o maior teólogo da
Bíblia?
Não obstante, procuraremos refutar os argumentos da Se-
nhora Ellen G. White,1 recentemente plagiados, repetidos e
ampliados nos programas de televisão, bem como alguns ou-
tros tópicos e práticas estranhas ao Evangelho.
Embora saibamos que as pessoas só crêem no que querem
acreditar, esperamos que o leitor faça como os discípulos de
Bereia, que “examinavam cada dia nas Escrituras para ver se
tudo era exato” (At 17.11).
Cremos que são maiores os motivos que nos devem
unir do que os que nos separam! Repetimos, pois com
Agostinho:

“Nas coisas essenciais, unanimidade; nas coisas não essenciais,


diversidade; e, em todas as coisas, amor!”.2

1
Ellen G. White foi profetisa, vidente e continuadora do adventismo
de William Miller, depois que ele reconheceu o seu engano em ter mar-
cado, erradamente, por três vezes seguidas, a data da segunda vinda
de Cristo.
2
Agostinho, (354-430 d.C.), o maior teólogo cristão depois de Paulo,
também chamado de “O santo protestante”.

19
I – Cisternas rotas

“Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai estupefatos,


diz o SENHOR. ‘O meu povo fez duas maldades: a mim me deixa-
ram’, o manancial de águas vivas, e cavaram para si cisternas,
cisternas rotas, que não retêm as águas” (Jr 2.12, 13).

Glorificamos a Deus pela liberdade de imprensa e de pen-


samento de que gozamos no Brasil.
Lamentamos, porém, que alguém aproveite essa liber-
dade para exibir pela TV e nos púlpitos (às vezes, rebai-
xados à condição de palcos) grotescos espetáculos, “estudos
bíblicos distorcidos, legalismo e revelações de anjos”, num
sincretismo incompatível com a nobreza e a dignidade
do Evangelho.
Agravando essas confusões midiúnicas,3 uma telepastora,
dantes querida e admirada, surpreendeu o povo evangéli-
co abandonando a simplicidade da doutrina que pregava,
introduzindo em seus programas estranhas inovações que,
a nosso ver, não passam de deploráveis cisternas rotas. Ci-
temos dois exemplos:

3
“Midiúnicas”. Propomos este neologismo porque o uso da mídia na
apresentação das modernices teológicas tem apresentado estreitas se-
melhanças com as revelações “mediúnicas” do espiritismo.

21
E D M A R . B A R C E L L O S

1.º Prestigia modernos “videntes”, chegando até a tra-


duzir e a recomendar a leitura do livro de um certo rev.
Elwood Scott (Paraíso: a cidade santa e a glória do Trono. Ed.
Palavra da Fé Produções, 1992), supostamente “ditado pelo
espírito de um judeu falecido na Noruega”, um tal “Sêneca
Sodi”, que é um verdadeiro plágio dos livros espíritas.
(Orientar-se pelas revelações de anjos ou “espíritos aureo-
lados de luz” feitas a modernos videntes é envolver-se num
misticismo danoso, estranho ao Evangelho e característico
do espiritismo.)
2.° Passou a guardar o sábado e a comemorar festas judaicas,
abandonou a sua Igreja de origem, criando uma nova “igre-
ja”, baseada em suas novas e ilusórias convicções.
(Pregar a guarda de dias e de festas judaicas é, a nosso ver,
cair da Graça para voltar à lei.)
Problema semelhante ocorreu nas igrejas da Galácia, quan-
do Paulo escreveu:

“Ninguém vos prive do prêmio afetando humildade ou culto aos an-


jos, baseando-se em visões, enfatuado na sua mente carnal” (Cl 2.18).

“Mas agora, conhecendo a Deus, ou antes, sendo conhecidos


por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e po-
bres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e
tempos, e anos” (Gl 4.10).

“Só quero saber isto de vós: foi por obras da lei que recebestes o
Espírito ou pelo ouvir com fé? Sois vós tão insensatos que, tendo
começado pelo Espírito, quereis agora terminar pela carne?” (Gl 3.2, 3).

22
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

Esses dois erros, acima mencionados, encaixam-se no texto


que encabeça este capítulo:

“O meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manan-


cial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não
retêm as águas” (Jr 2.13).

Realmente, legalismo e espiritismo são duas “cisternas rotas


que não retêm as águas vivas”. Apenas acumulam águas poluí-
das, contaminadas, venenos mortais para quem as utiliza.

1. Psicografia gospel ou espiritismo evangélico

“A favor dos vivos interrogar-se-ão os mortos? À lei e ao


testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão
a alva”4 (Is 8.19, 20).

Recomendar a leitura de um livro ditado pelo espírito de um morto


é fazer o que Deus proibiu! Quem lê a mensagem de alguém que
já morreu está consultando um morto! E o que diz a Bíblia?
“À lei e o testemunho”, isto é, o que devemos consultar é
a “Palavra de Deus”, onde encontramos esta grave proibição:
“Entre ti se não achará (...) quem consulte um espírito adivi-
nhante, nem mágico, nem quem consulte os mortos, pois todo aquele
que faz tal coisa é abominação ao Senhor” (Dt. 18.11,12).

4
A “Estrela d’alva”; um dos nomes de Jesus: “Eu sou (...) a resplan-
decente Estrela da manhã”. (Ap 22:16).

23
E D M A R . B A R C E L L O S

Afirma Scott que o livro que ele escreveu foi “ditado” e


“corrigido” pelo “espírito” de um judeu, “Sêneca Sodi”, que
lhe apareceu aureolado de luz e lhe fez esta proposta:

“Se consentes em servir ao propósito para o qual te tenho buscado,


proferirei uma favorecida bênção do santo (sic) sobre ti”.

Scott respondeu que obedeceria a qualquer pedido razoá-


vel que ele lhe fizesse:

“Então escreverás uma mensagem por mim, para o povo” (p. 1 e 2).

Sêneca Sodi descreveu, a seguir, como morrera e como


vira “três anjos como que embalsamando o seu corpo”, após
o que ele subiu ao céu “numa carruagem de ouro cujos mo-
toristas eram dois anjos” (p. 3, 4).
Transcreveremos abaixo declarações fabulosas desse supos-
to “espírito desencarnado”, dos seus “anjos motoristas”, de
outros “anjos” e de falecidos personagens, bíblicos ou imaginários.

“Tão logo tomei assento na carruagem, descobri que podia falar


com os anjos em perfeita liberdade (...). Eles, então, me garantiram
que teríamos uma jornada segura ao Lar Celestial.
Agora perguntei: sois realmente anjos de Deus? ‘Verdadeiramente
somos’ (...). ‘Oh’, disse o condutor da carruagem, ‘não precisas ter
temores; conduzir-te-ei em segurança ao teu lar eterno’ (p. 5, 6 e 7).

Nós havíamos desfrutado de muitos preciosos encontros (...)


quando, inesperadamente, Miguel, um dos principais anjos, e Jehuco,

24
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

o ágil cocheiro, trouxeram a carruagem para o nosso lado, e aquele


disse que nós éramos chamados para irmos imediatamente à Terra.
Em mais um momento, suas cidades, vilas, montanhas e rios nos
eram visíveis. A essa altura, Miguel disse a Jehuco: – Diminui a
velocidade e dirige a carruagem passando pelo Monte Nebo (...).
Num momento mais, as rodas da carruagem estavam pousando no
cume do monte” (p. 56-58).

Espíritos desencarnados voltando à Terra para fazer tu-


rismo e revelações são coisa do espiritismo e anjos motoris-
tas dirigindo carruagens de ouro são invencionice exclusiva
dessa nova seita.
Um falso Moisés que os acompanhava disse esta pomposa
bobagem ao descer no monte Nebo:

“Muito antes da sua encarnação, Ele (Jesus) era a luz do mundo


e estava com sua Igreja na Terra” (p. 58).

Não existia igreja na Terra antes de Jesus encarnar-se! Je-


sus disse, já encarnado, na Terra:

“Também eu te digo: tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei [o


verbo está no futuro!] a minha igreja” (Mt 16.18).

Leiamos, agora, uma velhaca tentativa de subestimar a Sal-


vação em Cristo, neste episódio mitológico: (Uma alma “meio
salva”(!?) não pôde entrar no Paraíso, porque ainda precisava
fazer certos avanços):

25
E D M A R . B A R C E L L O S

“Naquele momento, eu vi uma senhora sair de uma carruagem. Pare-


cia tão desnorteada que se afundou quando um dos atendentes aproxi-
mou-se dela... – Oh, meu Deus! Não sou digna nem estou preparada
para esta glória. Oh! Posso algum dia endireitar-me com Deus?... Oh!
Essas vestes brancas, esses cálices de ouro, árvores da vida e flores
exuberantes!... – Foste salva, minha filha, disse o seu atendente, como
pelo fogo, porque não eras uma fiel serva de Deus. (...) Avanços que
deveriam ter sido feitos no mundo, terão de ocorrer aqui, antes que
possas entrar nos portões da Cidade, ou ver a reluzente glória do muro
de jaspe. Vem comigo e assistir-te-ei no conhecimento mais profundo
de Cristo, sua salvação eterna e seu Reino” (p. 11, 12).

Esse tipo de “aperfeiçoamento para que as almas possam


entrar no céu” é ensino espírita, pelo processo da reencarnação, e
doutrina católica romana, mediante o sofrimento no purgatório.
Jesus disse ao ladrão arrependido que o aceitou como
Salvador: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no
Paraíso”. O ladrão foi salvo sem precisar fazer qualquer
“avanço” para entrar no Paraíso. (Lc 23.43.)
A salvação em Cristo é total, completa, perfeita; nada lhe
podemos acrescentar.

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem
de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se
glorie” (Ef 2.8-9 ARC).

Ao ler as fantasias do livro Paraíso, a cidade santa e a glória do


Trono, lembramo-nos de outro livro, A vida no planeta Marte,5

5
MAES, Hercílio. A vida no planeta Marte. 9. ed. LFEB, 1987.

26
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

reeditado muitas vezes e também ditado por um espírito aureola-


do de luz, “Ramatis”, segundo afirma o médium psicógrafo Her-
cílio Maes (p. 3).
Eis algumas lorotas mirabolantes de Ramatis sobre uma
supercivilização humana em Marte:

PERGUNTA: Marte é habitado?

RAMATIS: “É um dos mundos enunciados por Jesus quando Ele


disse: há muitas moradas na casa de meu Pai. Vive lá uma huma-
nidade mais evoluída do que a terrestre.” (p. 17.)

“[Em Marte] cultivam-se flores que além do perfume exsudam


luz, que no lusco-fusco crepuscular vão brilhando mais e mais, até
se transformarem em verdadeiras lâmpadas vivas.” (p. 199.)

“Os cinemas em Marte projetam os filmes através de raios invisíveis


em uma terceira dimensão perfeita, além do excelente som estereofôni-
co. Os espectadores (que podem assisti-los mesmo em casa) são en-
volvidos pelo clima e pelos perfumes dos locais filmados!” (p. 146.)

“O tamanho ou envergadura das espaçonaves (...) proporciona-lhes


o comprimento de quinhentos metros e a altura de trinta metros, e
atingem a velocidade de um milhão de quilômetros por hora!” (p. 322.)

“Os lagos com os fundos marchetados de lâminas precio-


sas de topázio, ametista, esmeralda e rubi, transformam sua
água límpida em fulgurações de nuances irisadas contribuin-
do para que os estádios fiquem emoldurados num panorama
deslumbrante” (p. 144.)

27
E D M A R . B A R C E L L O S

“A ave do canto espiritual (um pássaro de aspecto angélico e mis-


terioso (...) executa sentida página musical de sonoridade algo religiosa.
São frases tecidas de sons graves e solenes.” (p. 193.)
“Todas as religiões em Marte são reencarnacionistas (...). Antes do
desencarne, os mais desenvolvidos costumam combinar com os futu-
ros pais a nova reencarnação em vista. Fazem um relatório completo
da existência transcorrida, fixando os acontecimentos que possam for-
mar um elo coerente no futuro. Desse relatório, entregam uma cópia
para o Departamento de Controle Reencarnatório e outra cópia para
aqueles que lhes servirão de progenitores no breve retorno.” (p. 291.)
Observação: o suposto Ramatis não foi capaz de prever o
surgimento dos computadores e a extraordinária eficiência do
sistema de informática, que já funciona maravilhosamente em
nosso “pobre e atrasado” planeta Terra. Se houvesse vislum-
brado isso, não descreveria um modo tão arcaico de transmis-
são de relatos ao “Departamento de Controle Reencarnató-
rio” e aos “futuros progenitores” do planeta Marte.
É uma melancólica decepção constatarmos que homens
sérios como Francisco Cândido Xavier, Carlos Toledo Rizzini,
Gabriel Delanne,6 Hercílio Maes e Allan Kardec, embora bem-
intencionados, escreveram e publicaram as petas dos falsos es-
píritos de luz. E o pior: tais espíritos se contradizem frontal-
mente sobre as imposturas apresentadas, e os “médiuns” ainda
as aceitam como verdades cristalinas! Por exemplo:
Ramatis revelou a Hercílio Maes, como já vimos acima, que
Marte seria muito superior à Terra.

6
DELANNE, Gabriel. “Não muito longe de nós, o planeta Júpiter oferece-
nos o exemplo de condições de habitabilidade preferíveis às nossas.” O
fenômeno espírita. 3. ed. rev. FEB, 1977. p. 214.

28
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

Porém os “espíritos informantes” de Allan Kardec afir-


maram que Marte seria inferior à Terra:

“De todos os globos que constituem o nosso sistema planetário, se-


gundo os espíritos, a Terra é um cujos habitantes são menos adiantados,
física e moralmente. Marte lhe seria inferior, e Júpiter, muito superior”.7

Quem estaria com a razão? Nem o primeiro, nem os se-


gundos, é o que nos afirma a Ciência:

“A atmosfera de Marte é formada por óxido de carbono (95%),


nitrogênio (2,7%), argônio (1,6%) oxigênio (0,2%) e traços de vapor
de água, monóxido de carbono e gases nobres.
Marte é como um deserto muito frio, de grande altitude. As tem-
peraturas e as pressões da superfície são extremamente baixas na
maior parte do planeta para que exista água em estado líquido.
O conhecimento mais detalhado de Marte se deve a seis mis-
sões realizadas por naves espaciais norte-americanas entre 1964
e 1976. O primeiro satélite artificial de Marte (Mariner 9, lançado
em 1971) estudou o planeta durante quase um ano, proporcionan-
do aos cientistas a primeira visão global do planeta.
Em 1976, duas sondas vikings pousaram com êxito e realizaram
as primeiras pesquisas diretas da atmosfera e da superfície do
planeta. A idéia de que haveria vida em Marte tem uma grande
tradição. No entanto, todas as evidências, como a ausência de
material orgânico no solo, parecem mostrar o contrário”.8

7
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Cap. IV, pergunta 188, p. 128.
Livraria Allan Kardec Editora.
8
“Marte (planeta)”, Enciclopédia® Microsoft® Encarta 99. © 1993-1998
Microsoft Corporation.

29
E D M A R . B A R C E L L O S

Uma sonda espacial da NASA, a Pathfinder, fotografou e


analisou recentemente (em 1997) o solo daquele planeta, e
constatou serem falsas todas as informações dos supostos
“espíritos de luz”.
A ciência comprovou que Marte não tem flores, não tem
cinemas, não tem lagos com pedras preciosas, não tem aves que can-
tam melodias religiosas, não tem Departamento de Controle Reencar-
natório, não tem astronaves que voam a um milhão de quilômetros por
hora, não tem gente, nem seres vivos. A mesma coisa se conclui
decisivamente sobre os planetas Vênus e Júpiter.
E lembrar que nossos amigos espíritas deixam de acreditar
na Bíblia para crer nesses “espíritos”!

Decepcionante paradoxo

É lamentável que, justamente agora que os equívocos do


espiritismo estão sendo desmascaradas pelos dados concretos e
irrefutáveis de análises e fotografias científicas, alguém que co-
nhece a Palavra de Deus, um pastor, escreva e uma pastora tradu-
za e recomende a leitura de revelações espúrias bafejadas por
um espírito loroteiro que diz ter subido ao céu numa carrua-
gem de ouro dirigida por dois anjos motoristas.
Aos irmãos vitimados por esses erros expressamos e repe-
timos o receio do apóstolo Paulo:

“Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua
astúcia, assim também sejam corrompidos os vossos sentidos e se
apartem da simplicidade que há em Cristo. Porque, se alguém for pre-
gar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro

30
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes,


com razão o sofrereis (2 Co 11.4 ARC)”. “Na realidade, porém, não
existe outro evangelho. Há somente pessoas que estão semeando con-
fusão entre vocês e querem deturpar o evangelho de Cristo. Maldito
aquele que anunciar a vocês um evangelho diferente daquele que anun-
ciamos, ainda que sejamos nós mesmos ou algum anjo do céu. Já dis-
semos antes e agora repetimos: maldito seja quem anunciar um evan-
gelho diferente daquele que vocês receberam” (Gl 1.6-9).

2. Judaizantes modernos

A “guarda do sábado” e outras “velhas inovações” estão


sendo pretexto para o surgimento de novas “denominações”,
agravando assim o já inflacionado número de “igrejas
evangélicas”.
As decepcionantes “revelações adventistas” de William
Miller, soerguidas por seus adeptos, Hiran Edson, Joseph Bates
e Ellen White, estão sendo renovadas, plagiadas, ampliadas e
difundidas pela TV.
Como nem todos conhecem a origem do adventismo do
sétimo dia, daremos abaixo um breve histórico do caso que,
de tão bizarro, passou a figurar no “Grande Livro do Maravi-
lhoso e do Fantástico”.
William Miller, em princípios do século XIX, deduziu que
as 2.300 tardes e manhãs de que fala Daniel: “E ele me disse:
até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será
purificado” (Dn 8:14), corresponderiam a 2.300 anos.
Comparando essa conclusão com o que está escrito em
Mt 21.1-13: “(...) E entrou Jesus no templo de Deus, e expul-
sou todos os que vendiam e compravam no templo, e derribou

31
E D M A R . B A R C E L L O S

as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pom-


bas. E disse-lhes: Está escrito: a minha casa será chamada
casa de oração. Mas vós a tendes convertido em covil de
ladrões (...)” (que se refere à entrada triunfal de Jesus em
Jerusalém, seguida da purificação do Templo), Miller come-
çou a anunciar, desde 1818, que a segunda vinda (o Advento)
de Cristo dar-se-ia no dia 21 de março de 1843. (Daí provém
o nome Adventismo).
Naquele dia, marcado com antecipação de 25 anos, mi-
lhares de fiéis aguardaram ansiosamente a segunda vinda
de Cristo.
A 13 de novembro de 1833 (faltando ainda 10 anos para o
“glorioso dia”), houve uma “chuva de meteoritos” na Cali-
fórnia. Ellen White afirma ter sido “o mais maravilhoso es-
petáculo de estrelas cadentes que os homens jamais presen-
ciaram”9 e concluiu: “Ainda uma vez, milhares de pessoas se
persuadiram de que era chegado o Dia do Juízo”.
Esse fato e a firme atitude dos fiéis, que doavam pro-
priedades, reconciliavam-se com os desafetos, perdoavam
dívidas, levou centenas de pessoas a se “converterem” e,
vestidas de branco, aguardarem em praças públicas o gran-
de evento. Mas Jesus não veio no dia 21.3.1843, marcado
por Miller! Ele então refez seus cálculos e remarcou a
data para o dia 21 de março do ano seguinte. Jesus tam-
bém não veio.
Nova data foi assinalada para o grande evento: 22 de outu-
bro de 1844. Falhou mais uma vez.

9
WHITE, Ellen Gould. Vida de Jesus. São Paulo: Casa Publicadora
Brasileira, 1982. p. 227.

32
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

Miller, decepcionado e arrependido, pediu perdão aos que


enganara involuntariamente e voltou à sua antiga Igreja,
reconhecendo que esquecera este versículo: “Mas, daquele
Dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu,
nem o Filho, senão o Pai” (Mc 13.32).
Ainda hoje os adventistas tentam explicar essa malograda
previsão nos seus livros e periódicos, sob o título: O equívoco de
Miller.10 Esses artigos pouco ou nada acrescentam a uma fá-
bula absurda que alguns renitentes adeptos de Miller engen-
draram para explicar o vexatório insucesso profético.
HIRAN EDSON “teve uma revelação” de que Cristo, naquela
data, realmente saiu do céu, mas para purificar o Santuário do céu,
e não o da terra.
JOSEPH BATES (que já era sabadeador), e ELLEN WHITE, a
profetisa que “viu o 4.º mandamento resplandecendo no
céu, com letras de ouro”, a ele se uniram e foram os conti-
nuadores do movimento adventista iniciado por Miller. Este,
porém, não acompanhou o movimento que iniciara, pois
não concordou com a utopia extravagante da “purificação
do santuário celestial”, que mais parecia um “remendo de
pano novo em pano velho”.
Assim, nasceu o Adventismo do Sétimo Dia.11
Somente para esclarecer a alguém que ainda tenha dúvidas
sobre o assunto é que procuramos refutar tais doutrinas nes-
te livro. Não cremos, porém, que Jesus deixe de salvar quem

10
WHITE, Ellen Gould. O grande conflito. 28. ed. 1983. p. 409-417.
11
Heresiologia. 2. ed. EETAD. p. 111-112. Leia também: Heresias saba-
tistas, de Alcides Nogueira; A questão do sábado, de Thomas P. Guimarães;
e O Sabatismo à luz da Palavra de Deus, de A. Pitrowsky, que dizem o
mesmo.

33
E D M A R . B A R C E L L O S

o aceita como único e suficiente Salvador só porque não


come carne de porco e não toma café, ou porque pretenda
guardar o sábado, ou ficar dormindo na sepultura até o dia
da ressurreição, ou porque crê que Jesus saiu do céu para
purificar o santuário celeste, ou, ainda, porque pensa que o
“castigo eterno” não é eterno, ou que o bode emissário é
tipo de satanás, e não de Cristo. Essas diferenças teológicas
são, a nosso ver, inócuas para a salvação de quem quer que
seja, como disse Paulo:

“Aceitem entre vocês quem é fraco na fé sem criticar as opiniões


dessa pessoa. Por exemplo, algumas pessoas crêem que podem
comer de tudo, mas quem é fraco na fé come somente verduras e
legumes. Quem come de tudo não deve desprezar quem não faz
isso, e quem só come verduras e legumes não deve condenar quem
come de tudo, pois Deus o aceitou. Quem é você para julgar o
escravo de alguém? Se ele vai vencer ou fracassar, isso é da conta
do dono dele. E ele vai vencer porque o Senhor pode fazê-lo vencer.
Algumas pessoas pensam que certos dias são mais importantes
do que outros, enquanto outras pessoas pensam que todos os dias
são iguais. Cada um deve estar bem firme nas suas opiniões”
(Rm 14.1-5, BLH).

“Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo,
por que vos carregam ainda de ordenanças, tais como: não toques, não
proves, não manuseies?” (Cl 2.20-21).

“(...) Como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos
quais de novo quereis servir? Guardais dias (...)” (Gl 4:9.)

34
II – As divisões do tempo

Cremos que sejam proveitosas algumas considerações so-


bre as maneiras de dividirmos o tempo antes de analisarmos
a “questão do sábado”.
O calendário

Esta palavra, calendário, vem do latim calendae, primeiro


dia do mês romano, em que as contas deveriam ser pagas.
Daí o nome calendarium (livro de registros onde eram anota-
das as contas a pagar).
O calendário foi inventado pelos egípcios, mais ou menos
há 4.000 a.C.
No calendário judaico, este ano de 2000 corresponde ao
ano de 5.760.
No calendário muçulmano, 2000 corresponde ao ano de 1419.
(Eles contam os anos a partir de 16 de julho de 622, a data da
fuga de Maomé de Meca para Medina, chamada Hégira).
O calendário vigente no tempo de Cristo era o Juliano,
estabelecido por Júlio César no ano 46 a.C.
Curiosidades: O ano de 1582 foi o menor ano da história,
com apenas 355 dias.
Houve uma supressão de dez dias naquele ano, quando o
dia 4 de outubro (quinta-feira) passou a ser o dia 15 de outubro
(sexta-feira), para que se corrigisse um excesso de tempo

35
E D M A R . B A R C E L L O S

acumulado em relação ao “ano solar”, provocando uma


séria defasagem nos tempos das quatro estações: inverno,
primavera, verão e outono.
Essa modificação foi decretada pelo papa Gregório XIII,
donde provém o nome: Calendário Gregoriano, hoje adotado
quase universalmente.
Por causa dessa mudança, os adventistas e outros saba-
deadores estão guardando realmente a sexta-feira, que o
papa transformou em sábado; e os outros cristãos estão
comemorando a ressurreição do Senhor no sábado, que
atualmente é um domingo, como determinou o papa
Gregório XIII.
No ano 525, um monge chamado Dionísio Exíguo fez um
calendário a pedido do imperador Justiniano. Algum tempo
depois, constatou-se ter Dionísio cometido um erro de cál-
culo em cerca de cinco anos. Daí, chegou-se à conclusão de
que Jesus nascera no ano 748 do calendário romano, e não
em 753, cinco anos antes do que se pensava, isto é: Jesus
nasceu no ano 4, 5 ou 6 antes de Cristo!
São malogradas, portanto, as especulações que se fazem
sobre a passagem do segundo milênio, pois já estamos no
terceiro milênio do nascimento de Cristo há muito tempo.
Vejamos, agora, alguns dados sobre segundo, minuto, hora,
dia, semana, etc.
O segundo: unidade de medida de tempo no Sistema In-
ternacional, igual à duração de 9 192 631 770 vezes o período
de determinada radiação emitida, no seu estado fundamen-
tal, por um dos isótopos do césio (o nuclídeo Césio 133).
O minuto: do latim Minutu = miúdo, diminuído, divide-se
em 60 segundos.

36
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

A hora: 24.ª parte de um dia, composta de 60 minutos.


O dia: corresponde a uma volta que a Terra perfaz em
torno do seu eixo.
O mês: espaço de tempo que, originalmente, media-se a
partir da volta da Lua em torno da Terra; hoje emprega-se o
mês de calendário. Os meses de calendário têm exatamente
28, 29, 30 ou 31 dias.
O ano: relacionado com o Sol, em torno do qual gira a
Terra em trezentos e sessenta e cinco dias e seis horas, apro-
ximadamente.
O repouso periódico: nem sempre, nem em todos os luga-
res, o descanso periódico foi de sete em sete dias. Na África
ocidental, havia intervalos de quatro dias; na América Central,
de cinco dias; na antiga Assíria, de seis dias. Os romanos anti-
gos repousavam de oito em oito dias; e os incas, de dez em dez.
A semana: o nome vem do latim septimana, sete manhãs.
De origem semita, está relacionada aos sete astros que os an-
tigos povos da Mesopotâmia consideravam como deuses. O
primeiro dia da semana era dedicado ao Sol, o segundo à Lua,
o terceiro a Marte, o quarto a Mercúrio, o quinto a Júpiter, o
sexto a Vênus, o sétimo a Saturno. Até hoje algumas línguas
adotam esses nomes, conforme a tabela abaixo:

Latim Inglês Francês Espanhol

Die Solis Sunday Dimanche Domingo


Die Lunae Monday Lundi Lunes
Die Martis Tuesday Mardi Martes
Die Mercurii Wednesday Mercredi Miercoles
Die Jovis Thursday Jeudi Jueves
Die Veneris Friday Vendredi Viernes
Die Saturni Saturday Samedi Sábado

37
III – O Sábado Judaico

“Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o Senhor,


teu Deus, te tirou dali; com mão forte e braço estendido; pelo que o
Senhor, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia do Sábado” (Dt 5.15).
“Sábado” não significa sétimo dia, como pensam alguns. A
palavra sábado é originada do hebraico: hbs – shabath e sig-
nifica dar pausa, desistir, cessar, descansar.12
Depois do pecado do homem, a criação do mundo já não
era motivo de alegria, nem de descanso para o Criador. O
repouso de Deus fora perturbado! Não havia mais razão para
qualquer comemoração no dia de sábado!
Disse Deus a Adão: “Maldita é a terra por tua causa” (Gn
3,17).
Disse Jesus: “Meu pai trabalha até agora e eu trabalho
também” (Jo 5,17).
Afirmou João: “O mundo inteiro jaz no maligno” (1 Jo 5.1).
Declarou Paulo:
“Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e
suporta angústias até agora (...) na esperança de que a própria cria-
ção será redimida do cativeiro da corrupção” (Rm 8.20-22).

12
R. Laird Harris, G. L. Archer, Jr. Bruce K. Waltke. Dicionário de
Teologia do A.T. (Hebraico), 2323. p. 1520.

39
E D M A R . B A R C E L L O S

Por causa do pecado, o homem agora precisa trabalhar e


afadigar-se, para se alimentar e viver: “Maldita é a terra por
tua causa: em fadigas obterás dela o sustento durante os dias
de tua vida. No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até
que te tornes à terra” (Gn 3.17-19).
O sábado já não era mais um dia de alegria... Deus, po-
rém, na sua misericórdia, o manteve como um dia de repou-
so, necessário não só para os homens, mas também para os
animais, pois Deus não precisa de repouso, como está escri-
to: “Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR,
o Criador dos confins da terra, nem se cansa, nem se fatiga?”
(Is 40:28).
Foi, portanto, a necessidade física dos homens e dos ani-
mais e não uma carência espiritual de Deus ou dos homens
que ocasionou a instituição do sábado, segundo declarou o
próprio Deus:

“Seis dias farás os teus negócios; mas, ao sétimo dia, des-


cansarás; para que descanse o teu boi e o teu jumento; e para
que tome alento o filho da tua escrava e o estrangeiro”. “Mas o
sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhu-
ma obra nele, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu
servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento, nem
animal algum teu, nem o estrangeiro que está dentro de tuas
portas; para que o teu servo e a tua serva descansem como tu”
(Êx 23.12; Dt 5.14).

Disse Jesus: “O sábado foi estabelecido por causa do ho-


mem” (Mc 2.27).

40
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

Na escravidão, os israelitas não tinham sábado

Por quatro séculos os isrelistas foram escravos no Egito


como lembrou Estevão, o primeiro mártir:

“E falou Deus assim: Que a sua descendência seria peregrina


em terra alheia, e a sujeitariam à escravidão e a maltratariam por
quatrocentos anos” (At 7.6).

Durante esse período, eles não tinham dia de repouso, não


podiam guardar o sábado. Quando pediram ao rei um dia
para cessar os trabalhos, a fim de oferecerem sacrifícios ao
Senhor, o Faraó lhes respondeu:

“Vós sois ociosos, estais ociosos; por isso dizeis: Vamos, sacrifi-
quemos ao Senhor”.
“Agrave-se o serviço sobre estes homens, para que se ocupem
nele, e não confiem em palavras mentirosas” (Êx 5.17,18).
Por intermédio de Moisés, Jeová Jiré13 libertou Israel e, ainda
no deserto, restabeleceu o sábado do sétimo dia para o seu
repouso, além de outorga-lhes várias leis sobre a conduta
individual e sobre o culto judaico.
No Monte Sinai, foi firmado um pacto entre o Senhor Deus e o
povo de Israel.

“Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardar-


des o meu concerto (...).”

13
“Jeová Jiré” significa “Deus proverá”.

41
E D M A R . B A R C E L L O S

“Considerai que o Senhor vos deu o sábado; por isso, ele, no sexto
dia, vos dá pão para dois dias; cada um fique onde está, ninguém
saia do seu lugar no sétimo dia. Assim descansou o povo no sétimo
dia” (Êx 16.1-31.18).

“O Senhor, nosso Deus, fez conosco concerto, em Horebe. Não foi


com nossos pais que fez o Senhor este concerto, foi conosco, que hoje
aqui estamos vivos” (Dt 5.2, 3).

“Então, todo o povo respondeu a uma voz e disse: Tudo o que o


Senhor tem falado faremos” (Êx 19.5-8).

Uma indelével relíquia selando esse concerto da lei foi en-


tregue a Moisés: Duas tábuas de pedra!
O único documento manuscrito pelo próprio Deus: os Dez Manda-
mentos (Êx 31:18).
Moisés certamente antegozava o júbilo dos seus liderados ao
receberem esse tesouro de inestimável valor. Porém, ao descer
do Monte Sinai, viu seu povo numa orgia carnavalesca, adoran-
do um bezerro de ouro. Sua repulsa foi tal que arbitrou não
serem os israelitas dignos de receber o “relicário do Decálogo”
e, num gesto arrebatado de indignação, quebrou as mais precio-
sas pedras jamais escritas neste mundo:

“E aconteceu que, chegando ele ao arraial e vendo o bezerro e as


danças, acendeu-se o furor de Moisés, e arremessou as tábuas
das suas mãos, e quebrou-as ao pé do monte” (Êx 32.19).

O pecado de Israel no deserto repetia, agora, o fracasso de


Adão e Eva no jardim do Éden.
Novo “desgosto” para o Criador:

42
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

“Então, disse o Senhor a Moisés: Vai, desce; porque o teu


povo, que fizeste sair do Egito, se corrompeu e depressa se des-
viou do caminho que lhe havia eu ordenado; fez para si um
bezerro fundido, e o adorou (...), e diz: São estes, ó Israel, os
teus deuses, que te tiraram da terra do Egito. Disse mais o
Senhor: Agora, pois, deixa-me, para que se acenda contra eles
o meu furor, e eu os consuma” (Êx 32.7-14).

Moisés, porém, intercedeu pelo povo. Deus o atendeu e


deu-lhes outras tábuas da lei (Dt 5.6-22).14
Essas novas tábuas, no entanto, não mais mencionam a
criação do mundo como a razão da instituição do sábado.
Deus, agora, relaciona a bênção do repouso semanal, com
a libertação de Israel do jugo do Egito.
Sábado: um sinal identificador do povo de Israel

“Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guar-


dareis meus sábados, porquanto isso é um sinal entre mim e vós
nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o SENHOR, que
vos santifica” (Êx 31.13).
O motivo alegado por Deus para que os israelitas tivessem
seu sábado, isto é, o seu repouso como data festiva, está bem
definido nas segundas tábuas de pedra da lei:

“Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o Senhor,


teu Deus, te tirou dali; com mão forte e braço estendido; pelo que o Senhor,
teu Deus, te ordenou que guardasses o dia do Sábado” (Dt 5.15).

14
“Deuteronômio” significa “segunda lei”. Do grego: δευτερος + νοµος,
(deuteros + nomos) = segunda lei.

43
E D M A R . B A R C E L L O S

Por que teria Deus dado outro motivo, outra razão para
que os israelitas guardassem o sábado, e não mais mencio-
nou a criação do mundo?
Relembremos: no festival de idolatria do “bezerro de ouro”,
em que os israelitas diziam: “São estes, ó Israel, os teus deuses,
que te tiraram da terra do Egito”. Deus ameaçou destruí-los, mas
não o fez, mediante a intercessão de Moisés. Doravante, porém,
Israel deveria lembrar, a cada sábado, que foi Deus-Jeová quem os
libertou da escravidão e lhes restabeleceu o dia de descanso que
eles não tinham no Egito (Êx 32.8-14), e não o bezerro de ouro
de Arão, como alguns israelitas andavam dizendo.
O sábado tornou-se, a partir desse evento, um dia festivo
nacional, um sinal entre Israel e seu Deus Libertador! Para os ju-
deus, portanto, o dia de descanso, o sábado, tem de ser o séti-
mo dia da semana, e não outro.
Esse preceito cerimonial torna o judaísmo diferente
das religiões dos povos pagãos que cultuam a Lua na 2.ª
feira, Marte na 3.ª feira, Mercúrio na 4.ª feira, Júpiter na
5.ª feira e Vênus na 6.ª feira, assim como os maometanos;
e os cristãos, cujo dia de culto é o domingo, o dia da
ressurreição do Senhor Jesus.

“Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas


gerações como pacto perpétuo” (Êx 31.16).

“Guardareis os meus sábados, pois é sinal entre mim e vós, nas


vossas gerações” (Êx 31.13).

Para os povos que nunca foram escravos na terra do Egito,


o sábado do sétimo dia é um dia comum.

44
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

Os sinais identificadores da Igreja de Cristo

Deus-Jeová estabeleceu a circuncisão, os dias de festa e o sá-


bado como sinais perpétuos identificadores do povo de Israel.
Deus-Elohim estabeleceu o arco-íris como sinal perpétuo
entre Ele e todo ser vivente sobre a terra. “Eis que estabeleço o
meu pacto (...). Porei nas nuvens o meu arco (...). Este é o
sinal perpétuo que estabeleço entre mim e todo ser vivente
sobre a terra” (Gn 9.9, 13, 16 e 17).
(Obs.: o único pacto perpétuo entre Deus e toda a huma-
nidade não é o sábado, é o “arco-íris”!)
O Deus Encarnado, Jesus Cristo, também estabeleceu sinais
que haveriam de caracterizar a sua Igreja, durante sua permanência
aqui na Terra; não foram dias de festa, nem circuncisão, nem o
sábado, nem cerimônia alguma característica do Antigo Concerto,
nem mesmo os sinais que precederão a sua segunda vinda. Foram
manifestações do Espírito Santo, inéditas em toda a história da
humanidade.

“Estes sinais seguirão os que crerem: em meu nome expulsarão


os demônios; falarão novas línguas;15 pegarão em serpentes; e, se
beberem algum veneno mortífero, nada sofrerão; imporão as mãos
sobre os enfermos e estes ficarão curados” (Mc 16.17, 18).

Lamentamos que algumas Igrejas Evangélicas não possuam,


não busquem, não aceitem e até critiquem esses sinais pro-
metidos por Jesus.
15
Sugerimos ao leitor a busca de maiores conhecimentos sobre es-
sas “novas línguas” no livro Que quer isto dizer? de Carl Brumback. Ed
Livros Evangélicos, 1960. Caixa postal: 1165 Rio de Janeiro.

45
E D M A R . B A R C E L L O S

Segundo afirmam os Evangelhos, eles não só acompanha-


ram os crentes primitivos, como devem acompanhar a Igreja
de Cristo até “quando vier o que é perfeito” (1 Co 13.8-10):

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os


em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guar-
dar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco
todos os dias até à consumação do século” (Mt 28.19, 20).

“E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperan-


do com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se
seguiram. Amém” (Mc 16.20).

“Estes sinais seguirão os que crerem” (Mc 16.17).

(Se os sinais seguirão, ainda hoje devemos buscá-los.)


O sábado: um tipo de Cristo

Mesmo quando nos disciplina,16 Deus nos mostra “uma


luz no fim do túnel”, e sua misericórdia se manifesta por
meio de promessas que demonstram o quanto Ele nos ama!

“Porque o Senhor não rejeitará para sempre. Pois, ainda que


entristeça a alguém, usará de compaixão, segundo a grandeza das
suas misericórdias. Porque não aflige nem entristece de bom grado
os filhos dos homens” (Lm 3.31-33).

16
Quando alguma tradução diz que Deus nos castiga (p. ex.: “Eu
repreendo e castigo a todos quantos amo” (Ap 3.19), usa o sentido eti-
mológico do verbo castigar (do latim castus = puro, irrepreensível, leal
+ agere = fazer, agilizar), que expressa o ato de tornar puro, disciplinar,
educar, e não punição ou vingança. Vide ARA e B. Jerusalém.

46
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

Por exemplo: na própria repreensão ao casal delituoso no


Éden, está contida a promessa de que a “semente da mulher
esmagaria a cabeça da serpente” (Gn 3.15), como “uma luz
no fim do túnel”.
Assim, também, na nova edição do decálogo, em meio às
terríficas ameaças próprias da lei, por exemplo:

“Porque não chegastes ao monte palpável, aceso em fogo, e à escu-


ridão, e às trevas, e à tempestade, e ao clangor da trombeta, e ao som
de palavras tais que, quantos o ouviram, suplicaram que não se lhes
falasse mais, porque não podiam suportar o que se lhes mandava: Se
até um animal tocar o monte, será apedrejado. E tão terrível era a visão,
que Moisés disse: Estou todo assombrado e tremendo” (Hb 12.18-21).

Deus anunciou, na motivação do quarto mandamento, a


figura do Libertador de Israel; e, nessa figura, vemos, também,
a promessa do Redentor de toda a humanidade:

“Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o


Senhor teu Deus te tirou dali com mão poderosa e braço esten-
dido; pelo que o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia
de sábado” (Dt 5.15).

Esse repouso, o sábado, é um tipo de Cristo, como disse


Paulo: “Portanto, ninguém vos julgue (...) por causa dos dias
de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras
das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo” (Cl 2.16, 17).
“Ora, se Josué lhes houvesse dado descanso (sábado) não
falaria, posteriormente, a respeito de outro dia. Portanto, resta

47
E D M A R . B A R C E L L O S

ainda um repouso para o povo de Deus” (Hb 4.8, 9), esse


repouso é Jesus!

“Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos


aliviarei” (...) “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim,
porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para
a vossa alma” (Mt 11.28, 29).

Isto é o mesmo que dizer: achareis sábado para a vossa


alma, pois descanso em hebraico é sábado.

O árduo plano de Deus para nossa salvação

Para compreendermos como e por que Jesus, os apóstolos


e a Igreja adotaram o primeiro dia da semana como o dia das
suas reuniões, devemos lembrar o trabalho intenso de Deus
para nos salvar.
Quando Deus criou o mundo, não fez sacrifício algum.
Pelo contrário, houve até festa nos céus.

“Quando ele lançava os fundamentos da terra, as estrelas


da manhã cantavam e todos os filhos de Deus bradavam de
júbilo”; “E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom”
(Jó 38.4-7; Gn 1.31.)

Mas para salvar o mundo que se havia perdido, o próprio


Criador sacrificou-se na pessoa de seu Filho Jesus Cristo. Não
foram apenas “seis dias”, seis “períodos geológicos” ou seis
“dispensações” os milênios do trabalho de Deus para nos salvar.

48
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

1.º Esse trabalho começou na eternidade: “O Cordeiro


morto desde a fundação dos séculos” (Ap 13.8).
2.º Foi anunciado no Éden como a “semente da mulher”
(Gn 3.15).
3.º Continuou nos pactos com Noé, Abraão, Isaque, Jacó:

“E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amal-


diçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3).

4.º Acompanhou e protegeu seu povo no deserto:

“E beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam


da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo” (1 Co 10.4).

5.º Deus, assim, levantou um povo monoteísta, uma nação


orientada por profetas e da qual nasceria o Salvador. Porém
seus profetas foram desprezados perseguidos e mortos:

“Agora, pois, porquanto fazeis todas isto, diz o Senhor, e eu vos


falei, madrugando e falando, e não ouvistes, chamei-vos, e não res-
pondestes” (Jr 7.13; 44.4).

“(...) Os filhos de Israel deixaram o teu concerto, derribaram os


teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e
buscam a minha vida para ma tirarem” (1 Rs 19.10).

“A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram


os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora
fostes traidores e homicidas” (At 7.52).

49
E D M A R . B A R C E L L O S

6.º Deus então usou um recurso insólito para nos salvar:


Fez-se homem na pessoa de Jesus Cristo e veio, Ele mesmo,
ao mundo para “Buscar e salvar o que se havia perdido” (pois
o homem, por si mesmo, não se poderia salvar):

“Quem poderá, pois, salvar-se? Jesus, porém, olhando para


eles, disse: Para os homens é impossível, mas não para Deus,
porque para Deus todas as coisas são possíveis” (Lc 19.10;
Mc 10.27).

Foram mais de 30 anos de tristezas, humilhações e dor, o


ministério terrestre do “Deus-homem”.
“Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei con-
vosco? Até quando vos sofrerei?” (Mt 17.17), deplorava Je-
sus, ante as misérrimas conseqüências do pecado, ao descer
do “Monte da Transfiguração”.
O profeta Isaías anteviu as humilhações e os sofrimentos
do Messias e os descreveu com tanta exatidão que alguns
até pensaram que seus relatos foram escritos depois de Cristo
ter vindo ao mundo.

“Como um cordeiro, foi levado ao matadouro (...). Deram-lhe a


sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte (...). Mas ele
foi ferido pelas nossas transgressões, moído pelas nossas iniqüi-
dades (...). O castigo que nos traz a paz estava sobre ele (...).
Derramou a sua alma na morte, foi contado com os transgressores,
mas levou sobre si os pecados de muitos, e pelos transgressores
intercede” (Is 53.1-13).

50
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

Jamais poderemos ter uma idéia real da angústia que Jesus


sentiu no Getsemani, quando até suou gotas de sangue17 para
levar avante o plano divino.
As vítimas picadas por cobras venenosas geralmente san-
gram pelas mucosas da boca, dos olhos, dos ouvidos, etc.
(Do sangue dos cavalos que foram inoculados com o ve-
neno de serpentes mas resistiram, e não morreram, os
cientistas retiram o soro antiofídico que livra da morte as
vítimas de cobras venenosas. Do sangue de Jesus, que re-
sistiu às “picadas” (tentações) de satanás e não pecou (1
Pd 2.22), Deus retirou o infalível antídoto contra o vene-
no do pecado).

“E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa


que o Filho do Homem seja levantado”; “O sangue de Jesus Cristo,
seu Filho, nos purifica de todo pecado” (Jo 1.14; 1 Jo 1.7).

Que misterioso e aparente absurdo – “Ó profundidade das


riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão inson-
dáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!”
(Rm 11.33) – Jesus, o bendito Filho de Deus, ser desam-
parado por seu próprio Pai. O leitor já imaginou a decep-
ção de um Filho obediente ao ser desamparado por seu
Pai na hora da morte? E a dor de um pai ao ver seu filho
dileto morrendo sob os mais cruéis sofrimentos e, por
amor a outros filhos (desobedientes), abandoná-lo à sa-
nha de seus cruéis algozes?

17
Lc 22.41-44.

51
E D M A R . B A R C E L L O S

“E, perto da hora nona, exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli,
Eli, lemá sabactâni, isto é, Deus meu, Deus meu, por que me de-
samparaste?” (Mt 27.46); “Cristo nos resgatou da maldição da lei,
fazendo-se maldição por nós, porque está escrito: Maldito todo aquele
que for pendurado no madeiro” (Gl 3.13); “Porquanto, o que era im-
possível à lei (...). Deus, enviando o seu Filho em semelhança da
carne do pecado, condenou o pecado na carne” (Rm 8.3); “Deus o fez
pecado por causa de nós, a fim de que, por ele, nos tornemos justiça
de Deus” (2 Co 5.21).

7.º O trabalho de Deus continuará até a restauração final


de todas as coisas.

“Meu Pai trabalha até agora e eu trabalho também” (Jo 5,


17); “E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o ta-
bernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e
eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será
o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não
haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque
já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21.3, 4).

Realmente, a salvação deste mundo foi bem mais laborio-


sa e muito mais sofrida que a sua criação. Por isso é que Davi,
por duas vezes, fez esta declaração paradoxal, de que Deus, o
Onipotente, é sofredor:

“Senhor, tu és um Deus cheio de compaixão, sofredor, e grande em


benignidade” (Sl 86.15).

52
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

“Piedoso e benigno é o Senhor, sofredor e de grande misericórdia.”


(Sl 145.8).

O declínio do sábado judaico

“É necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30),

Essa humílima declaração acerca de Jesus aflorava dos lá-


bios do maior de todos os profetas.
Se o sábado pudesse falar, também diria sobre o do-
mingo o mesmo que João Batista disse sobre Jesus: “Con-
vém que ele cresça e que eu diminua”, pois, sendo um dia
de descanso para o corpo, era também um tipo, uma som-
bra ou figura de Jesus, o verdadeiro descanso para nossas
almas (Mt 11.28, 29).
É por isso que não encontramos nos Evangelhos, nos Atos
e nas Epístolas nenhuma recomendação para a guarda do sá-
bado, nenhuma promessa para quem o observa e nenhuma
advertência, repreensão ou ameaça para quem o viola.
A vinda de Cristo a este mundo marcou o ocaso do sá-
bado, bem como o das “luas novas”, dos “dias de festa” e
de todas as outras cerimônias do judaísmo, para todo e
qualquer cristão.
Como estava previsto, Jesus morreu na cruz entre malfei-
tores. A natureza ficou enlutada, as trevas cobriram a terra,
os discípulos, tristes e envergonhados, não ousavam sequer
fitar os olhos de alguém (Lc 24.13-31).
Ó sexta-feira fatídica, ó sábado de tristeza e dor! Satanás
estava alegre – e a Igreja em prantos.

53
E D M A R . B A R C E L L O S

Imaginemos, só por um instante, que Jesus não tivesse


ressuscitado. Ficaria na sepultura como qualquer mortal, e
tudo continuaria perdido, como diz o apóstolo Paulo:
“Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé e ainda permaneceis
em vossos pecados”; “seríamos os mais miseráveis de todos os
homens” (1 Co 15.17, 19).
Mas o sábado passou, como predisse o profeta Oséias:
“Farei cessar todo seu gozo, as suas festas, as suas luas novas,
e os seus sábados” (Os 2.11).
Passou, como escreveram os evangelistas: “E, passado o
sábado, Maria Madalena e a outra Maria foram ao sepulcro
(...)” (Mc 16.1).
O sábado passou, não apenas como um dia que é sucedido
pelo dia seguinte, mas como o dia mais importante da semana,
que cedeu lugar a outro dia mais importante ainda.
“No fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da
semana” (Mt 28.1).
O texto grego de Mateus traz este versículo no plural:
“No fim dos sábados, quando já despontava o primeiro dia
da semana” (Mt 28.1). (Os grifos são nossos.)

Texto grego Transliteração Tradução

οψε δε σαββατων τη opse de sabbaton te No fim dos sábados,


επιϕϖσκουση εις epiphoskouse eis quando já despontava
µιαν σαββατων mian sabbaton o primeiro dia da
semana (Mt 28.1).

54
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

Aníbal Pereira dos Reis propõe esta tradução:

“Quando os sábados se acabaram, ao amanhecer o primeiro dia


da semana”.18

É clara a antítese dos sábados que cessaram com o primei-


ro dia da semana, que surgia.
Este plural, “sábados”, tanto pode ser alusivo aos “fe-
riados” daquela horrenda semana, como também pode ser
uma declaração de que o sábado anterior ao domingo da
ressurreição foi o último dos sábados do sétimo dia a
vigorar para os cristãos.
João, escrevendo, já no final do primeiro século, também se
refere ao sábado como coisa do passado:

“Os judeus, pois, para que, no sábado, não ficassem os corpos na


cruz, visto que era a preparação (pois era grande o dia de sábado),
rogaram a Pilatos (...)” (Jo 19.31). (ARC)

Reconhecendo a cessação da vigência do sábado para os


cristãos, é que Paulo nos instrui:

“Ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa


dos dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados, que são som-
bras das coisas futuras; mas o corpo é de Cristo” (Cl 2.16, 17).

18
REIS, Aníbal Pereira dos. A guarda do sábado. Edições Caminho de
Damasco. s.d. p. 140.

55
E D M A R . B A R C E L L O S

E afirma que:

“Guardar dias, meses, tempos e anos são rudimentos fracos e


miseráveis” (Gl 4.9, 10, Bíblia de Jerusalém).

Caracteres cerimoniais do sábado

“Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos
os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria men-
te” (Rm 14.5).

O texto de Mt 12.1-8, repetido em Mc 2.23-28 e Lc


6.1-5, confirma ser a guarda do sábado um mandamento
cerimonial. Nele, Jesus não só comparou o sábado a ou-
tros mandamentos cerimoniais, mas também inocentou
seus discípulos quando estes o transgrediram. Analise-
mo-lo, versículo por versículo:
Versículo 1. “Naquele tempo, passou Jesus pelas searas, em
um sábado, e os seus discípulos tendo fome, começaram a
colher espigas e a comer.” (A partir daqui, após cada versícu-
lo, faremos um breve comentário.)
Versículo 2. “E os fariseus vendo isso, disseram-lhe: Eis
que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer num
sábado.” (Aqui, os fariseus acusaram os discípulos de esta-
rem violando o sábado. Jesus não discutiu se era lícito ou
não o que os discípulos faziam com a sua aprovação. Ape-
nas admitiu o fato.)
Versículo 3. “Ele, porém, lhes disse: Não tendes lido o que
fez Davi, quando teve fome, ele e os que com ele estavam?”

56
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

(Aqui, Jesus defende os seus discípulos, citando um exem-


plo histórico do maior herói do povo de Israel.)
Versículo 4. “Como entrou na Casa de Deus e comeu os
pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem aos
que com ele estavam, mas só aos sacerdotes?” (Aqui, Jesus
comparou a quebra do sábado com a quebra de um preceito
cerimonial, cometida por Davi, ao comer ilicitamente os pães
da proposição.) (1 Sm 21.1-6).
Versículo 5. “Ou não tendes lido na lei que, aos sábados,
os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem cul-
pa?” (Aqui, Jesus justificou os seus discípulos, alegando que
os sacerdotes também violavam o sábado no templo e ficavam
sem culpa.)
Versículo 6. “Pois eu vos digo que está aqui quem é maior
do que o templo.” (Aqui, Jesus proclamou-se maior do que
o templo, como a ensinar: “Se os sacerdotes violam o sába-
do e ficam sem culpa pelo simples fato de estarem no tem-
plo, quanto mais ficará sem culpa quem está comigo, que
sou maior do que o templo”.)
Versículo 7. “Mas, se vós soubésseis o que significa: Miseri-
córdia quero, e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes.”
(Aqui, Jesus censurou os fariseus por não terem misericórdia,
e condenarem seus discípulos, aos quais declarou inocentes.)
Observação: Inocente significa inofensivo, sem malícia, sem
culpa, e não ignorante, como pensam alguns (inocentes, vem
do latim, non nocere = não fazer mal, não ser nocivo).
Versículo 8. “Porque o Filho do Homem até do sábado é
Senhor.” (Aqui, Jesus apresentou-se como “Senhor até do
sábado”, lembrando aos fariseus que o dia que eles idolatravam

57
E D M A R . B A R C E L L O S

era, apenas, um servo, um tipo a seu serviço, e não uma auto-


ridade a quem devesse estar subordinado.)
Lembremos que nenhum mandamento moral poderia ser
quebrado no templo, ou em qualquer lugar, sob qualquer pre-
texto. Mas os preceitos cerimoniais o foram, por Jesus e pe-
los apóstolos.
Guardar o sábado do sétimo dia, circuncidar os filhos no
oitavo dia, celebrar a páscoa e as luas novas são procedimen-
tos que podem distinguir o judeu do cristão, do islamita, ou
dos adoradores do Sol. Mas não furtar, não matar, não adul-
terar, honrar os pais, adorar só a Deus, são deveres de todo
ser humano!
Paulo jamais diria: “Um, acha que pode furtar, outro acha
que não pode; cada um esteja tranqüilo em sua convicção”.
Como disse: “Um faz diferença entre dia e dia, mas outro
julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente segu-
ro em sua própria mente” (Rm 14.5).
João jamais poderia dizer: “Por isso os judeus ainda mais
procuravam matá-lo, porque (Jesus) não só mentia, mas tam-
bém dizia que Deus era o seu próprio Pai, fazendo-se igual
a Deus”. Mas disse:
“Por isso os judeus ainda mais procuravam matá-lo, por-
que não só quebrantava o sábado (sábado, no singular), mas
também dizia que Deus era o seu próprio Pai, fazendo-se igual
a Deus” (Jo 5.18).

Jesus tampouco poderia dizer: “Ou não tendes lido, na lei,


que, aos sábados, os sacerdotes no templo adoram imagens e
ficam sem culpa?” Mas Ele disse: “Ou não tendes lido, na lei,

58
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado,


e ficam sem culpa?” (Mt 12.5).
Os exemplos acima demonstram com a segurança e o
apoio irrefutável da Palavra de Deus que violar o sábado
não é igual a violar um mandamento moral. Concluímos,
portanto, que a guarda do sábado do sétimo dia é um
mandamento cerimonial, assim como a circuncisão, os
sacrifícios de animais, as luas novas e as festas anuais do
judaísmo, que eram “sombras” ou tipos do Messias, que
é Jesus Cristo.
Alegam os adventistas que os “sábados” citados não
são sábados semanais, pois “sábados”, no plural, são os
dias das festas anuais de Israel. 19 No entanto, citam os
mesmos “sábados”, no plural, como exemplos de que
devemos guardá-los, como o faz Guilherme Stein Filho
em seu livro O sábbado. 20

“Cada um temerá a sua mãe e a seu pai e guardará os meus


sábados. Eu sou o Senhor, vosso Deus.” (Lv 19.30).

“E também lhes dei os meus sábados, para que servissem de


sinal entre mim e eles, para que soubessem que eu sou o SENHOR
que os santifica” (Ez 20.12).

É fácil perceber o engano desse ensino. Basta ler com aten-


ção o versículo citado: “E farei cessar todo o seu gozo, as

19
STEIN, Guilherme Filho. O sábbado. São Paulo: Ed. Sociedade
Internacional de Tratados no Brazil, 1919. p. 104.
20
STEIN, Guilherme Filho. Op. cit., p. 94.

59
E D M A R . B A R C E L L O S

suas festas, as suas luas novas, e os seus sábados, e todas as


suas festividades” (Os 2.11).
Deus anunciou o fim das cerimônias e rituais judaicos
numa ordem decrescente de importância:
Cerimônias anuais: páscoa, pentecostes, pães, festa das trom-
betas, etc. (suas festas);
Cerimônias mensais: as cerimônias das luas novas (suas luas
novas); e, por último,
Cerimônias semanais: os sábados (seus sábados).
Os dias de festa já tinham sido mencionados no início da
profecia (“E farei cessar todo o seu gozo, as suas festas”).
Mas para que ninguém pensasse que os sábados eram os
mesmos dias de festa, Deus repetiu: “farei cessar (...) os seus
sábados e todas as suas festividades”. Estes detalhes compro-
vam que os sábados do texto citado não são as festivida-
des, nem os dias de festa, que também cessaram. São
realmente os sábados semanais que cessaram, como já foi
demonstrado, porque eram sombras do corpo de Cristo.
(Agora, que já temos Jesus, o corpo, não mais precisamos
seguir a sombra.)
Essa forma de citar os eventos cerimoniais em ordem cres-
cente ou decrescente de sua importância é comum nas Escri-
turas, como lemos na carta que Salomão escreveu a Hirão, rei
de Tiro:

“Eis que estou para edificar uma casa ao nome do Senhor meu
Deus, para Lhe consagrar, para queimar perante Ele incenso
aromático, e para a apresentação contínua do pão da proposição,
para os holocaustos da manhã e da tarde (solenidades diárias), nos

60
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

sábados (solenidades semanais) e nas luas novas (solenidades men-


sais) e nas festividades (solenidades anuais) do Senhor nosso Deus; o
que é obrigação perpétua de Israel” (2 Cr 2, 4).

61
IV – Lei, Lei Moral, Lei
Cerimonial, Lei de Deus
e Lei de Moisés

1. Lei

A palavra hebraica hrwt “torah” (lei) ocorre 221 ve-


zes no Antigo Testamento e sua correspondente grega
νοµος, nómos, 197 vezes no Novo Testamento. Lato sensu,
essa palavra insinua (no seu sentido literal: mete no seio)
um significado mais abrangente do que simplesmente lei.
Ela dá-nos a idéia de “ensino, norma de conduta, instru-
ção divina”.
O Livro da Lei, “torah”, para os judeus, compõe-se, prin-
cipalmente, dos cinco primeiros livros da Bíblia atribuídos a
Moisés: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronô-
mio, denominados de Pentateuco (cinco tomos).
Quando a Bíblia menciona Lei, Lei do Senhor, Lei de
Moisés, não se refere apenas à lei moral ou à lei cerimonial, mas
a uma verdadeira “constituição” que deveria orientar e re-
ger não só a conduta das pessoas e as cerimônias religiosas,
mas também a organização política da nação de Israel em
seus aspectos cíveis, militares, agrários e comerciais, como
as que temos a seguir:

63
E D M A R . B A R C E L L O S

“E, quando venderdes alguma coisa ou a comprardes do vosso


próximo, ninguém oprima a seu irmão. Conforme a multidão dos
anos, aumentarás o seu preço; e, conforme a diminuição dos anos,
abaixarás o seu preço.”

“Esta é a lei do holocausto, e da oferta de manjares, e da expiação.”

“Esta é a lei de toda a praga da lepra e da tinha.”

“Esta é a lei dos ciúmes: Quando a mulher, em poder de seu ma-


rido, se desviar e for contaminada (...).”

“Quando te achegares a alguma cidade a combatê-la, apre-


goar-lhe-ás a paz. E será que se te responder em paz e te abrir,
todo o povo que se achar nela te será tributário e te servirá.
Porém, das cidades destas nações, que o Senhor, teu Deus, te
dá em herança, nenhuma coisa deixarás com vida”.
(Lv 7.37; 14.54; 25.1-43; Nm 5.29; Dt 20.12 e 14.25)

Vários textos no Novo Testamento usam a palavra lei,


referindo-se a todo o Antigo Testamento, por exemplo:

“Nós temos ouvido da lei que o Cristo permanece para sempre”


(Jo 12.34). “Está escrito na lei: Por gente doutras línguas e por
outros lábios, falarei a este povo” (1 Co 14.21).

Os textos citados estão nos Salmos e nos livros históri-


cos e proféticos (2 Sm 7.12, 16; Sl 110.4; Is 9.6).

64
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

2. Lei Moral

Dizem alguns que Lei Moral é a que foi escrita nas tábuas
de pedra (os Dez Mandamentos) e Lei Cerimonial é aquela
que está fora das tábuas de pedra. Tal definição nos parece
inadequada e casuística.
Lei Moral é um conjunto de valores absolutos, isto é, fixos,
eternos e perfeitos, impostos ao homem por uma força superior,
Deus, e revelados na sua Palavra Escrita, a Bíblia Sagrada.
São princípios universais, válidos para qualquer pessoa, em
qualquer lugar, e não se alteram com o passar do tempo. Até
mesmo os gentios receberam de Deus um senso ético que se
manifesta por meio de suas consciências, como afirma Paulo:

“Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmen-


te as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são
lei (...), os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração,
testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos,
quer acusando-os, quer defendendo-os” (Rm 2.14, 15).

Encontramos mandamentos morais por toda a Bíblia, tan-


to nas tábuas de pedra, como fora delas. Por exemplo: Jesus
declarou que os dois maiores mandamentos são estes:

“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua


alma e de todo o teu entendimento. Este é o primeiro e grande man-
damento” (Mt 22.37-40, citando Dt 6.5). “E o segundo é semelhan-
te a ele: Amarás a teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12.31, citan-
do Lv 19.6-8).

65
E D M A R . B A R C E L L O S

Alguns legalistas dizem que os mandamentos citados são


apenas o resumo do Decálogo, e não outros mandamentos.
Enganam-se. Jesus declarou: “Este é o primeiro e grande
mandamento”, não no sentido cronológico, pois muitos ou-
tros mandamentos já haviam sido dados antes, e sim no senti-
do de importância, como lemos: “Qual é o principal de todos
os mandamentos? Respondeu Jesus: O principal é (...)”, etc.
Realmente, nenhum dos mandamentos litografados fala
sobre amar a Deus ou ao próximo. O que mais se aproxima
de amar é: “Honrarás teu pai e tua mãe (...)”.
Os mandamentos citados estão fora das tábuas de pedra,
em meio a mandamentos cerimoniais, como estes: “não co-
mer restos dos sacrifícios no terceiro dia; não juntar animais
e sementes de diferentes espécies; não adulterar com escra-
vas casadas; sacrificar carneiros, bodes” (Lv 19.18-25).
Por outro lado, na lei das tábuas de pedra, temos um pre-
ceito cerimonial que é o de observar o sábado no sétimo dia
da semana. (Um mandamento moral exigiria, quando mui-
to, observar um dia de repouso, isto é, um sábado, a cada
sete dias. Mas que este dia seja o primeiro, o terceiro ou o
sexto da semana, já não é mais uma questão moral, e sim
um dos preceitos cerimoniais que diferenciam o culto judai-
co do culto das outras religiões.)
Para melhor compreensão deste argumento, lembremos a
lei do dízimo do gado e do rebanho:

“No tocante a todas as dízimas do gado e do rebanho, de tudo o


que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao Senhor. Não se
investigará entre o bom e o mau, nem o trocará” (Lv 27.32, 33).

66
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

Expliquemos como se dizimava o gado: “Tudo o que pas-


sar debaixo da vara (...)”.
O pastor marcava os animais, fazendo-os passar por um
corredor estreito, onde os contava um a um. O décimo que
passasse debaixo da vara era marcado como dízimo ao Se-
nhor. Tinha de ser aquele e nenhum outro. Esse sistema evitaria a
escolha fraudulenta de animais doentes ou defeituosos para
dizimar.
Porém, atualmente, já não adotamos esse critério para
devolver o dízimo do Senhor. O importante é devolver-
mos um real em cada dez, mesmo que este não seja o déci-
mo que estejamos recebendo. Simplesmente fazemos um
cheque no valor da décima parte do que recebemos e o
entregamos na Igreja. Não é assim que você faz? Se ainda
não o faz, comece a fazê-lo e será abençoado. Ou alguém
ainda conta: um real, dois reais, três, quatro, nove... e, quando
chega aos dez reais, o separa para iniciar nova contagem:
um real, dois reais...?
Assim também era o descanso semanal. Tinha de ser, para
os judeus, no sétimo dia da semana e em nenhum outro.
Mas para nós, os cristãos, o apóstolo Paulo esclareceu: “Um
faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os
dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria
mente” (Rm 14.5).
Fosse a guarda do sábado um mandamento moral, Pau-
lo certamente não poderia dizer nem muito menos ensi-
nar por escrito essa norma de conduta. Por exemplo: po-
deria ele dizer: “Um faz diferença entre adulterar, e não
adulterar, mas outro julga iguais esses dois procedimen-
tos. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria

67
E D M A R . B A R C E L L O S

mente”? Se Paulo ensinasse isso, estaria apoiando a imo-


ralidade.

3. Lei Cerimonial

Lei cerimonial é aquela que impõe e disciplina as cerimô-


nias e rituais do culto (judaico, no caso), assim como a cir-
cuncisão, a páscoa, o pentecostes, as primícias, as luas novas
e o sábado.
Tais mandamentos tinham uma vigência temporária, pois
essa lei de caráter transitório apresentava os tipos, sombras
e figuras que se cumpririam na pessoa, nos atos e nos ensi-
nos de Jesus.

“Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros e não a imagem


real das coisas (...)” (Hb 10.1) “Tudo isto lhes sobreveio como figu-
ras, e estão escritas para aviso nosso a quem são já chegados os
fins dos séculos” (1 Co 10.11).

Os mandamentos cerimoniais tornaram-se obsoletos por-


que em Jesus se cumpriram as figuras, os tipos ou as “som-
bras” que aquelas cerimônias representavam.
O cordeiro da Páscoa era a figura do “Cordeiro de Deus
que tira o pecado do mundo” (Jo 1.20).
As luas novas que anunciavam um novo mês, simboliza-
vam as boas novas do Evangelho (Is 60.2).
O sábado, descanso para o corpo, era sombra de Cristo, o
descanso para nossas almas:

68
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

“Vinde a mim os que estais cansados e oprimidos e encontrareis


descanso para vossas almas” (Mt 11.28, 29).

No Novo Testamento hebraico, poderíamos ler: “Vinde a mim


(...) e encontrareis sábado para vossas almas”, pois sábado é des-
canso no hebraico. “Portanto resta um repouso (sabbatismov =
sabbatismos) para o povo de Deus” (Hb 4.9).
Os mandamentos cerimoniais são válidos e obrigatórios
apenas para o exercício do culto judaico. Sempre estão acom-
panhados das expressões: aliança perpétua, sinal perpétuo,
mandamento perpétuo, estatuto, ou concerto perpétuo, en-
tre mim e vós, nas vossas gerações.
A Bíblia não fala que não matar, não roubar ou amar a
Deus sejam sinal perpétuo, mandamento perpétuo, estatu-
to perpétuo, ou concerto perpétuo, porque estes são man-
damentos morais e não podem servir como sinal entre Deus
e os judeus, nem entre Deus e qualquer povo, porque são
obrigatórios para todos os povos.
As conotações de sinal perpétuo, mandamento perpétuo,
estatuto perpétuo ou concerto perpétuo caracterizam apenas
os mandamentos cerimoniais, como a circuncisão, as festas
judaicas, os calções de linho para os sacerdotes, a guarda do
sábado, como veremos a seguir:

Circuncisão: “E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e


isto será por sinal da aliança entre mim e a tua descendência
depois de ti: Que todo homem entre vós será circuncidado (...) e
estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua”
(Gn 17.11-13).

69
E D M A R . B A R C E L L O S

Festas judaicas: “E para oferecerem os holocaustos do Senhor,


aos sábados, nas luas novas, e nas solenidades” (1 Cr 23:31).
“Oferecereis um bode, e dois cordeiros de um ano por sacrifício pa-
cífico. Estatuto perpétuo é pelas vossas gerações” (Lv 23.19, 31).

Calções de linho: “Faze-lhes, também, calções de linho, para co-


brirem a carne nua; irão dos lombos até as coxas. Isto será estatuto
perpétuo” (Êx 28.42, 43).

A guarda do sábado: “Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel,


celebrando-o nas suas gerações por aliança perpétua” (Êx 31.16).

4. Lei de Deus, Lei de Moisés

A interpretação que fazem alguns de que “Lei de Deus”


ou “Lei do Senhor” se refere aos Dez Mandamentos e que
“Lei de Moisés” é a “Lei Cerimonial” também não é corre-
ta. Tanto a Lei de Deus é chamada Lei de Moisés, como a
Lei de Moisés é também chamada Lei de Deus. Leiamos
como exemplo:

“Conforme está escrito na Lei de Moisés, conforme o Senhor deu


ordem, dizendo (...)” (2 Rs 14.6).

“Este Esdras era hábil na Lei de Moisés que o Senhor Deus tinha
dado (...) porque Esdras tinha preparado o seu coração para bus-
car a Lei do Senhor (...) Esdras, escriba da Lei do Deus dos céus”
(Ed 7.6, 10, 12).

70
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

“Quando se completaram os dias para a purificação deles, segun-


do a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém, conforme está escrito na
Lei do Senhor” (Lc 22.23).

Jesus se referiu aos livros históricos e até aos salmos cha-


mando-os de lei: “Não tendes lido na vossa lei que, aos sába-
dos, os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem
culpa?” (Mt 12.5).
Filipe dizia a Natanael: “Encontramos aquele de quem
Moisés escreveu na Lei” (Jo 1.45).

5. A Lei como uma “dispensação”

Dispensação (do latim “dispenso”, distribuir administrar, re-


partir): “Um período de tempo durante o qual Deus se relaciona
com a humanidade de uma maneira específica” (Scofield).
Geralmente os teólogos dividem esses “períodos” em sete
etapas, tais como: I. Inocência; II. Consciência; III. Governo
humano; IV. Promessa; V. Lei, Graça; VII. Reino. Alguns in-
serem a “Grande Tribulação” entre a “Dispensação da Graça”
e a “Dispensação do Reino”. Vejamos um exemplo dos dife-
rentes modos de Deus relacionar-se com a humanidade:
No Éden, Deus falava diretamente com o homem. No
tempo de Moisés, por intermédio do próprio Moisés, e de
Cristo até hoje, pela Sua Palavra e pelo Seu Espírito.
É exatamente nesse sentido “dispensacional” que Paulo
escreveu.

“Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa legitima-


mente, sabendo isto: que a lei não é feita para o justo, mas para os

71
E D M A R . B A R C E L L O S

injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e


irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas, para
os fornicadores, para os sodomitas, para os roubadores de homens,
para os mentirosos, para os perjuros e para o que for contrário à sã
doutrina” (1 Timóteo 1.8-10 ARC).

Jesus e os apóstolos afirmam que nós, os membros do cor-


po de Cristo, não estamos sob o jugo da lei; que a lei vigorou
de Moisés até João, o Batista:
“A lei e os profetas vigoraram até João” (Lc 16.16).
“A Lei foi dada por meio de Moisés; mas a graça e a verdade nos
vieram por Jesus Cristo” (Jo 1.17).
“De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a
Cristo, para que pela fé fôssemos justificados. Mas, depois que veio
a fé, já não estamos debaixo de aio” (Gl 3.24, 25).
“Porque, tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem
exata das coisas, nunca (...) pode aperfeiçoar os que a eles se che-
gam [pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou] e desta sorte é introduzi-
da uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus”; “Dizendo
Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se
envelhece, perto está de acabar” (Hb 10.1; 7.19; 8.13).

“Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas orde-
nanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do
meio de nós, cravando-a na cruz” (Cl 2.14); “Na sua carne desfez a
inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em orde-
nanças (...) Fazendo a paz” (Ef 2.15).

72
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

Tiago ensina claramente que: “Qualquer que guardar toda


a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos”.
(Tg 2.10.)
Jesus falou para os fariseus acusadores da mulher adúltera:
“Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que
atire pedra contra ela” (Jo 8.7). Isto mostra que todos eles,
como nós, somos pecadores.
Pedro, embora também tivesse tendências legalistas como
as de Tiago, reconhecia a impossibilidade de cumprir-se
satisfatoriamente a lei, quando disse:

“Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos
discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos supor-
tar?” (At 15.10).

Paulo, ainda que tenha sido zeloso fariseu, concorda ple-


namente com Pedro, quando escreve:

“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós;


porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”;
“Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição;
porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as
coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las” (Gl 3.10, 13). “Por
isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque
pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm 3.20).

João, o discípulo do amor, adverte: “Se dissermos que não


temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verda-
de em nós” (1 Jo 1.8).
Compare a diferença entre esses dois regimes dispensacionais:

73
E D M A R . B A R C E L L O S

21
6. A Lei e a Graça
A LEI A GRAÇA
Deus proibindo exigindo e ameaçando Deus convidando e prometendo (Mt 11.28-30)
(Dt. 28.15-45)

Ministério condenação e da morte (2Co 3.6,7) Ministério do perdão e salvação (Lc 23.41-47)

Ovelha morre pelo pastor (Gn 2.17; Nm O pastor morre pela ovelha (Jo 3 16; e 10.11)
15.32,34)

Ordenada por causa das transgressões (1Tm 1.9) É a misericórdia de deus dando-nos o que não
Para que todo o mundo seja condenado merecemos (Ef 2.7-9)
(Rm 3.19)

É santa, justa e boa, mas não é da fé (Rm Misericórdia é a graça de Deus não nos dando o
7.12,14; Gl 3.12) que merecemos (Lm 3.22)

A ninguém justifica (Rm 3.20; Gl 3.11; At Três erros a evitar:


13.39; Gl 2.11, 21) a) O crente deve viver sem lei ou qualquer regra
(Rm 8.2; Jd 4)
Nada aperfeiçoou (Hb 7.19) b) O crente precisa guardar a lei para permane-
cer na graça (Gl 2.16; 3.21-25)
Não vigora para o crente (Gl 3.23-25; Rm 6 c) Ritualismo, farisaísmo e santimônia.22 (At
14.15; 1Tm 1.8-11) 15.1, 10, 28, 29; Cl 2.18-23; 2Ts 2.2; Mt 23.25)

O crente está morto para a lei (Gl 2.19) Sua regra de conduta (Ef 2.1-10; 4.1, 2, 5)

Porque a letra mata, mas o espírito vivifica Diferença entre nascer de novo e guardar a lei:
(2Co 3.6-8) (Ez 36.25-27; Tg 2.10)

O cumprimento da lei numa palavra: que O amor faz-nos obedecer prazerosamente (Jo
pertence à graça – amor (Gl 5.14) 14.23; Hc 3.17-19)

21
Síntese de um artigo do livro Leituras cristãs, miscelânea de escri-
tos evangélicos destinados à edificação do povo de Deus, v. 16, p. 45-
54. HOWES, George. Lisboa, 1915.
22
Santimônia 1. Modo ou aparência de santo. 2. Ironia sobre devo-
ções religiosas, falsa santidade.

74
V – Anomia 23 x Legalismo

O cristão verdadeiro, embora não esteja mais sob a “dispen-


sação da lei”, vive, todavia, sob uma lei que denota mais apuro,
mais pureza, mais primor do que a própria lei do Decálogo.

Lei da Fé, Lei de Cristo, Lei do Espírito de Vida ou


Lei da Liberdade

Lei da fé

“Onde está logo a jactância? É excluída. Por qual lei? Das obras?
Não; mas pela lei da fé. – Concluímos, pois, que o homem é justifi-
cado pela fé, sem as obras da lei” (Rm 3.27).

Lei de Cristo

“Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a Lei de


Cristo” (Gl 6:2).

“Escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em
tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do nosso coração” (2 Co 3.3).

23
Anomia ou anomianismo é a “doutrina” que prega a ausência de
leis, de normas ou de regras de organização.

75
E D M A R . B A R C E L L O S

Lei do Espírito de Vida


“Porque a Lei do Espírito de Vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do
pecado e da morte” (Rm 8.2).
(A Lei dos Dez Mandamentos gravada em tábuas de pedra
é chamada ministério da morte.)
“E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio
em glória (...)” (2 Co 3.7).

Lei da Liberdade
“Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela Lei
da Liberdade” (Tg 2.12).

Realmente, não estamos sem lei. Alguns crentes, argumen-


tando contra o culto das imagens, dizem para os católicos:
Está escrito no 2.º mandamento:
“Não farás para ti imagem de escultura nem figura alguma (...)”.
E para um adventista, dizem:
“Nós não estamos mais debaixo da lei, mas debaixo da Graça”.
Não achamos correta essa maneira de argumentar. Então os
mandamentos só valem quando queremos reprovar os católi-
cos, mas não valem também para nós, os crentes?
Precisamos compreender e saber explicar que não guarda-
mos o sábado do sétimo dia porque este é um mandamento
cerimonial que, embora estivesse nas tábuas de pedra (que
Paulo chama de ministério da morte), jamais foi repetido,
homologado ou recomendado por Jesus ou pelos apóstolos.

76
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

Porém, os mandamentos morais, todos eles, foram cumpridos,


repetidos e confirmados por Jesus e seus apóstolos. Por quê?
Porque amar a Deus e ao próximo, não matar, não mentir,
honrar pai e mãe, não cultuar imagens, não adulterar, são
deveres não só dos judeus, mas também dos brasileiros, dos
ingleses, dos espanhóis, sejam eles religiosos ou ateus, cató-
licos ou evangélicos, budistas ou maometanos, de qualquer
idade ou sexo, em qualquer lugar, em qualquer tempo.
Nota importante: Para Jesus, não pecar ainda é pouco. O
cristão deve evitar até os pensamentos pecaminosos:

“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério.


Eu, porém, vos digo que, qualquer que atentar numa mulher
para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela”
(Mt 5.27, 28).

Tiago compreendeu muito bem o alcance dessa declara-


ção de Jesus e deu-nos o sinistro roteiro da concupiscência
ao pecado e à morte, quando escreveu:

“Cada um é tentado pela própria cobiça. Depois, havendo a con-


cupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consu-
mado, gera a morte” (Tg 1.14, 15).

Este aprimoramento moral, espiritual e santificador (de não


ter desejo de pecar) só é possível quando realmente nos sub-
metemos à ação do Espírito Santo. Por isso é que Paulo nos
exorta:

77
E D M A R . B A R C E L L O S

“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis


os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. E não
vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação
da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus” (Rm 12.1, 2).

Se alguém cumpre a primeira condição desse versículo, go-


zará certamente do privilégio de degustar a “boa, agradável, e
perfeita vontade de Deus”.
Porém, se alguém quer viver em conformidade com o mun-
do, jamais saberá como a vontade de Deus é tão “boa,
agradável, e perfeita”.
É promessa divina:

“E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um Espíri-


to novo” (...) “E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que an-
deis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos” (Ez 36.26, 27).

Essa promessa se cumpre quando nos “convertemos” ou


“nascemos de novo” (Jo 3.5-8).
Nesse momento, o Espírito Santo implanta em nós os ca-
racteres da divindade, que poderíamos chamar de “cromos-
somos de Deus”.
Esses cromossomos de Deus irão desenvolvendo-se, para
formar em nós a “imagem de Cristo”, assim como uma criança se
vai formando no ventre materno.

“Ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que


por elas fiqueis participantes da natureza divina” (2 Pd 1.4).

78
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

“Mas todos nós (...) refletindo como um espelho a glória do Senhor,


somos transfigurados nessa mesma imagem cada vez mais resplan-
decente pela ação do Senhor, o Espírito” (2 Co 3.18, Bíblia de Jerusalém).

“A vereda dos justos é como a luz da aurora (...) vai brilhando


mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4.18).

Porém nenhuma glória nos cabe!

“Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar,


segundo a sua boa-vontade”; “Mas, quando aprouve a Deus reve-
lar seu Filho em mim” (Fp 2.3; Gl 1.15, 16).

Quando nos convertemos, recebemos uma nova mente: “(...) a


mente de Cristo”; “Mas nós temos a mente de Cristo” (1 Co 2.16).
Ela é que torna possível a transformação (metamorfose)
que nos foi destinada desde a eternidade: “Os que dantes
conheceu também os predestinou para serem conformes à
imagem de seu Filho” (Rm 8.29).
Paulo compara essa santificação progressiva a uma verda-
deira gestação espiritual: “Meus Filhinhos, por quem de novo
sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós”
(Gl 4.19).
A esse regime de vida na Graça de Nosso Senhor Jesus
Cristo podemos chamar de: Lei de Cristo.

79
VI – O domingo cristão

1. O primeiro domingo da história

“Mas sobre vós que temeis o meu nome nascerá o Sol da Justiça”
(Ml 4.2).

“Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos e alegremo-nos


nele” (Sl 118.24).
O último capítulo do Antigo Testamento anuncia a aurora
de um novo dia com as palavras citadas. Nos albores da ma-
drugada, quando o sol surgia no horizonte debelando as tre-
vas, dando cores ao mundo, Jesus, o Sol da Justiça, erguia-se
redivivo da sepultura, trazendo “luz do Oriente para o Oci-
dente”, na prima aurora da salvação.
Este foi o primeiro domingo da história. (Antes havia ape-
nas o dia do sol ou primeiro dia da semana, mas não o domin-
go.) Cumpria-se, agora, o aspecto literal de uma profecia de
dupla referência, juntamente com o seu simbolismo espiritual:
“Porque eis que as trevas cobriram a terra, e a escuridão, os
povos; mas sobre ti o SENHOR virá surgindo, e a sua glória
se verá sobre ti” (Is 60.2).
1.ª Referência: “Pois que as trevas cobriram a terra e a es-
curidão os povos”. (Alusão à ignorância e aos pecados.)

81
E D M A R . B A R C E L L O S

Aspecto literal: Na sexta-feira em que Jesus morreu, houve


trevas em toda a terra, evidenciando o negror da crueldade
humana.
2.ª Referência: “Mas sobre ti o Senhor virá surgindo, e a
sua glória se verá sobre ti”.
Simbolismo espiritual: “Também te dei para luz dos gentios,
para seres minha salvação até às extremidades de terra” (Is 49.6);
“E as nações caminharão para a tua luz e os reis para o resplen-
dor da tua aurora” (Is 60.1, 2); “Eu sou a luz do mundo; quem
me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo
12.8); “Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele
que crê em mim não permaneça nas trevas” (Jo 12.46).
O pai de João Batista previu a manhã da ressurreição nesta
profecia: “Por causa das misericórdias do nosso Deus, nos
visitará o sol nascente para brilhar sobre aqueles que estão
vivendo nas trevas” (Lc 1.78, 79).
Certamente Zacarias não se referia ao “Sol”, estrela de 5.ª
grandeza, pois não era idólatra. “Sol Nascente” é uma linda
imagem profética do glorioso momento em que Jesus, o Sol
da Justiça, irrompeu das trevas da sepultura para brilhar so-
bre Israel e sobre todos os povos, dissipando o manto tene-
broso da ignorância e do pecado.
O primeiro dia da semana dantes consagrado ao sol, que
era adorado como deus no paganismo, tornou-se o Dia de
Cristo, o “Sol da Justiça,” e tomou o nome de Domingo.

2. A ressurreição de Jesus Cristo e o domingo

“Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos e alegremo-nos


nele” (Sl 118. 22-24).

82
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

Qual o motivo de tanto entusiasmo do salmista para cele-


brarmos um determinado dia da semana?
É que Davi previu não só a encarnação e os sofrimentos,
mas também a glória e a ressurreição do Messias.

A Encarnação

“O Senhor me disse: Tu és meu Filho; eu hoje te gerei” (Sl 2.7).

Os Sofrimentos

“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”; “Repartem


entre si as minhas vestes e lançam sortes sobre a minha túnica”;
“Deram-me fel por mantimento, e na minha sede me deram a beber
vinagre” (Sl 22.1, 18; 69.21).

A Glória

“Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte Sião”;
“Pede-me, e eu te darei as nações por herança e os confins da terra
por tua possessão”; “Tu subiste ao alto, levaste cativo o cativeiro,
recebeste dons para os homens e até para os rebeldes, para que o
Senhor Deus habitasse entre eles” (Sl 2.6-8; 68.18).
A Ressurreição

“A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se cabeça de


esquina. Foi o SENHOR que fez isto, e é coisa maravilhosa aos nossos
olhos. Este é o dia que fez o SENHOR; regozijemo-nos e alegremo-nos
nele” (Sl 118.22-24).

83
E D M A R . B A R C E L L O S

Analisemos três fatos importantes enunciados nesses


versículos:
1.º Deus anulou improbidade24 dos líderes judeus que re-
jeitaram e mataram o Messias.

“O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes,


suspendendo-o no madeiro” (Atos 5.30).

2.º Deus frustrou o plano de satanás, ressuscitando Jesus


Cristo. “Foi o Senhor que fez isto” (v. 23).

“Jesus era bom e dedicado a Deus, mas vocês o rejeitaram. Em


vez de pedirem a liberdade para ele, pediram que Pilatos soltasse um
criminoso. Assim vocês mataram o Autor da vida; mas Deus o ressusci-
tou, e nós somos testemunhas disso” (At 3.14, 15-BLH).

3.º Deus instituiu um dia festivo, inédito em Israel, mais


glorioso do que o sábado, comemorativo da ressurreição de
Jesus: “Este é o dia que fez o Senhor; regozijemo-nos e ale-
gremo-nos nele” (v. 24).
O dia da ressurreição de Cristo assumiu um destaque inédi-
to nas páginas da Bíblia. Os quatro Evangelhos o mencionam
repetidamente, bem como o livro de Atos, as Epístolas e até o
Apocalipse, onde não encontramos o sábado mencionado uma
vez sequer, como veremos a seguir:
“E, no fim do sábado, quando já despontava o primeiro
dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o
sepulcro” (Mt 28.1).

24
Verbete: improbidade 1. Falta de probidade; mau caráter; deso-
nestidade. 2. Maldade, perversidade. (Aurélio)

84
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

“E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de


manhã cedo, ao nascer do sol” (Mc 16.2).
“E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da
semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual
tinha expulsado sete demônios” (Mc 16.9).
“E, no primeiro dia da semana, muito de madrugada, fo-
ram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham pre-
parado” (Lc 24.1).
“E eis que, no mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia
que distava de Jerusalém sessenta estádios, cujo nome era
Emaús” (Lc 24.13).
“E, no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao se-
pulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tira-
da do sepulcro” (Jo 20.1).
“Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana,
e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus,
se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-
lhes: Paz seja convosco!” (Jo 20.19).
“E, oito dias depois, (domingo) estavam outra vez os seus
discípulos dentro, e, com eles, Tomé. Chegou Jesus, estando as
portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja con-
vosco!” (Jo 20.26).
“Cumprindo-se o dia de Pentecostes (domingo) estavam
todos reunidos no mesmo lugar” (At 2.1).
“No primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos
para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte,
falava com eles; e alargou a prática até à meia-noite” (At 20.7).
“No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de
parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para
que se não façam as coletas quando eu chegar” (1 Co 16.2).

85
E D M A R . B A R C E L L O S

“Eu fui arrebatado em espírito, um dia de domingo, e ouvi


detrás de mim uma grande voz, como de trombeta” (Ap
1.10).25 (O grifo é nosso.)
Em todo o Antigo Testamento, temos apenas três referên-
cias ao primeiro dia da semana. E todas elas são exatamente
as relacionadas com a ressurreição de Jesus: Lv 23.10, 11; Lv
23.15, 16; e Sl 118.24.
A Bíblia não diz o dia da semana em que Jesus nasceu,
nem o dia em que foi circuncidado, nem o dia em que foi
batizado. Porém, o dia da sua ressurreição é sempre mencio-
nado com a maior freqüência e destaque.
Nenhum dia é, por si mesmo, “maior” que outro! Os dias tor-
nam-se grandes ou importantes por causa das coisas que
neles acontecem! Para os brasileiros, o dia 7 de setembro é
um grande dia, pois nele foi proclamada a nossa Indepen-
dência, mas para os norte americanos, o dia 7 de setembro é
um dia comum. O dia mais importante para eles é o 4 de
julho, o Independence Day.
A humanidade, especialmente os cristãos, tem um motivo
mais forte e glorioso para comemorar um determinado dia
da semana: a Ressurreição de Jesus Cristo. Esse dia, por sua im-
portância, passou a ser chamado Κυριακη ηµερα, “kyriake
hemera”, “dia dominical”, domingo, nome inédito em todo o
mundo, conforme lemos em Apocalipse 1.10, exclusivo do cris-
tianismo, porque foi dado em homenagem à ressurreição do seu
fundador.
A Ressurreição é o mais importante evento da história! Maior
do que a libertação de Israel, ou a de algum país. Mais
Tradução ilustrada de Antônio Pereira de Figueiredo. Edição Barsa,
25

1967, Cortesia da Encyclopaedia Britânica (edição de 1968).

86
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

importante até mesmo do que a criação do mundo, pois que


este mundo se perdeu, e “Jesus veio buscar e salvar o que
se havia perdido” (Lc 19.10).
A ressurreição de Jesus Cristo garantiu a redenção de todo
o Universo. E essa salvação só se tornou possível porque Je-
sus morreu, mas RESSUSCITOU! E ressuscitou no primeiro
dia da semana. “Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos
e alegremo-nos nele” (Sl 118.25).
Os líderes judeus (os edificadores) rejeitaram o Messias,
a “pedra angular”, e o mataram. “Veio para o que era seu,
mas os seus não o receberam” (Jo 1.11). Mas “O Deus de
nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, sus-
pendendo-o no madeiro” (Atos 5.30).
Mas, “num certo dia feito pelo Senhor”, Jesus ressuscitou.
Esse dia chama-se “Domingo”.
3. A origem da palavra “Domingo”

“Eu, João, estava na ilha chamada Patmos, por causa da palavra


de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo. Eu fui arrebatado em
espírito, no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como
de trombeta” (Ap 1.10).
O Apocalipse é o único livro da Bíblia que traz a data, o local
em que foi escrito, a identificação de quem o escreveu, e a
promessa de bênção para quem o ler ou ouvir a sua leitura:
“Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras
desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas”
(Ap 1.3).
Assim como Isaías, Ezequiel, Daniel e outros, deu-nos
João o local e o dia em que foi arrebatado.

87
E D M A R . B A R C E L L O S

O esclarecimento que se segue pode ser desnecessário


para alguns eruditos, mas será de grande utilidade para mui-
tos de mais modestos conhecimentos e surpreendente para
a maioria dos leitores.
Foi o apóstolo João quem criou a expressão que deu origem ao
nome domingo, com o qual ele “batizou” o primeiro dia da
semana, o dia da Ressurreição (Κυριακη ηµερα, “kyriake
hemera”).
Transcrevemos aqui o que diz uma das mais completas e
confiáveis enciclopédias evangélicas:26

“Temos aqui a palavra Kyriakos, um sentido adjetivado, isto é,


pertencente ao Senhor. Originalmente essa palavra era usada
com o sentido de imperial, algo que pertencia ao imperador ro-
mano. Os crentes primitivos (...) aplicaram-na ao domingo, o
primeiro dia da semana. Esse é o uso que se encontra em Dida-
ché 14, e Inácio, Magn. 9, que foram escritos não muito depois do
Apocalipse”.

Outro valioso testemunho erudito, insuspeito e de inques-


tionável valor, dá-nos PETTINGILL: “O primeiro dia da
semana é sem dúvida o dia do Senhor referido em Apocalipse
1.10”.27
A Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã afir-
ma: “A frase ‘o dia do Senhor’ (Κυριακη ηµερα “kyriake

26
Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. v. 2. p. 213. Ed. e
Distribuidora Candeia, 1991.
27
PETTINGILL, William D. D. Bible Questions Answered. p. 177. “The first
day of the week is doubtless ‘the Lord’s day’ refereed to in Ap 1.10”. Zonder-
van Publishing House, Ninth Printing, Michigan, 1974.

88
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

hemera”) ocorre uma só vez e isto se dá no último livro (Ap


1.10)”. A atração da frase era, no mínimo, dupla. Expressava a
convicção de que o domingo era o dia da ressurreição, quando Cristo
Jesus conquistou a morte e se tornou Senhor de todos (Ef
1.20-22; 1 Pd 3.21-22) e um dia que previa a volta daquele
mesmo Senhor, para consumar sua vitória (1 Co 15.23-28,
54-57).28
A expressão que mais se aproxima daquela que João
usou é, ηεµερα Σεβαστε (hemera Sebaste), “dia de Au-
gusto”, o dia do Imperador. Certamente João pensou: se
o imperador tem um dia dele, com muito maior mereci-
mento Jesus terá o seu dia exclusivo, comemorativo da
sua ressurreição, o Dia Senhorial.
Nem mesmo no texto da Septuaginta29 encontramos, uma
vez sequer, a expressão que João criou para referir-se ao dia
da ressurreição. O “Dia de Jeová, hwhy Mwy”, sempre foi
vertido para o grego como lemos em Jl 2.1: ηεµερα του
κυριου (Dia do Senhor): “Tocai a buzina em Sião e clamai
em alta voz no monte da minha santidade; perturbem-se
todos os moradores da terra porque o Dia do Senhor vem,
ele está perto”.
A título de curiosidade transcreveremos os textos cita-
dos, nos originais hebraico e grego:

28
ELWELL, A. Walter. Enciclopédia Histórica Teológica da Igreja Cris-
tã. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1988.
29
Septuaginta, Versão dos LXX ou Alexandrina é uma tradução do Antigo
Testamento hebraico para o grego feita em Alexandria, a mando de Ptolo-
meu II (Filadelfo), (284-247 a.C.). Alguns livros não pertencentes ao cânon
judaico também foram incluídos nessa versão, alguns dos quais Jerônimo
verteu para a Vulgata Latina (Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc,
I e II Macabeus, e acréscimos aos livros de Ester e Daniel), explicando que

89
E D M A R . B A R C E L L O S

“bwrq yk hwhy-Mwy ab-yk Urah ybsy lk wzgry ysdq rhb


weyrhw Nwyub rpws weqt”
“Σαλπισατε σαλπιγγα εν Σιων, ωαι αλαλαζατε
εν τω ορει τω αγιω µου; ας τροναζωσι παντε ς οι
κατοικουντε ς την χγµυ διοτι ερχεται η ηµερα του
Κυριου, διοτι ειναι εγγυς”.

Por que teria João escrito uma expressão nunca usada an-
tes, em todo o mundo? Por duas razões:
1.ª para indicar algo inédito na história da humanidade: a Res-
surreição de Jesus Cristo;
2.ª para distinguir o dia senhorial, ou dia dominical, o domingo,
dos eventos da parúsia,30 que também é chamada Dia do Se-
nhor, como vemos nos versículos abaixo.

“O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes de chegar o


grande e glorioso Dia do Senhor”; “(...) Seja entregue para destruição da
carne, para que o espírito seja salvo no Dia do Senhor.”

“Porque vós mesmos sabeis que o Dia do Senhor virá como o


ladrão de noite.”

“Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite”


(At 2.20). (1 Co 5.5; 5.2.); (2 Pd 3.10); (1 Ts 5.2)

tais livros não pertenciam às Escrituras Sagradas judaicas. Porém o


Concílio de Trento em 1546 os anexou ao Antigo Testamento, classifi-
cando-os como “Deuterocanônicos”. Para os judeus, e para os evangéli-
cos, porém, continuam sendo “apócrifos”, úteis apenas como subsídios à
história e cultura judaica, mas sem a autoridade dos livros inspirados
por Deus (canônicos).
30
Volta gloriosa de Jesus Cristo, no final dos tempos, para estar presente
ao Juízo Final (Aurélio).

90
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

Há uma significativa diferença de como está escrito


Dia do Senhor (2.ª vinda de Cristo), para o Dia do Senhor
referente ao Dia da Ressurreição.

Tipo de evento Original grego Transliteração Cat. Gramatical e caso


Dia do Senhor 2.ª Vinda de Cristo ηµερα του Κυριου hemera tou kyriou Substantivo, genitivo.
Dia do Senhor Domingo Κυριακη ηµερα kyriake hemera Adjetivo, dativo.

Κυριακος (Kyriakos) é forma adjetivada da palavra


“Κυριος” Kýrios, Senhor, e significa: “que diz respeito
ao Senhor”, “concernente ao Senhor”, “pertencente ao
Senhor”, “senhorial”.
Não significa exatamente “Dia do Senhor”, como lemos em
muitas das nossas traduções.
Em toda a Bíblia, só encontramos esse adjetivo por
duas vezes e sempre como referência a algo exclusivo do Se-
nhor Jesus:

Tipo de evento Original grego Transliteração Citação


1.ª A Ceia do Senhor κυπιακον δειρτον kyriakon deipton 1 Co11.20
2.ª O Dia Senhorial Κυριακε ηµερα kyriake hemera Ap 1.10

A tradução literal de Ap 1.10 seria: “Eu fui arrebatado


pelo espírito no dia Senhorial”. Mas este adjetivo, “se-
nhorial”, embora correto, raramente é usado. O seu cor-
respondente é “dominical”, porque o português é uma
língua neolatina e Senhor, em latim, é dominus. Daí vem
o adjetivo “dominical”, correspondente ao substantivo
Senhor.

91
E D M A R . B A R C E L L O S

Quando dizemos Dom Pedro II, Dom Evaristo Arns, es-


tamos abreviando o nome dominus, dizendo: Senhor Pedro
II, Senhor Evaristo Arns.
Vejamos mais um exemplo dessa evolução etimológica: a pa-
lavra povo provém do latim populus. Quando queremos falar
sobre algo referente ao povo, não dizemos povoal, e sim popu-
lar. Por quê? Porque esse adjetivo é derivado da raiz latina
populus.
Dominical significa, pois, referente ao Senhor. É o que
informam todos os bons dicionários.
Oração dominical não é apenas uma oração domingueira,
mas a oração do Senhor!
Escola dominical não é apenas uma escola do dia de do-
mingo, é a Escola do Senhor.
Domingo não é, portanto, um nome importado do paga-
nismo, como Saturday, nem do judaísmo, como sábado. Não é
comemorativo da criação do mundo nem da libertação do povo
de Israel. É um nome exclusivo do cristianismo, criado por
João especialmente para caracterizar e distinguir o dia Senhorial,
o dia anunciado e aclamado por Davi, neste jubiloso convite
ao regozijo pela ressurreição: “Este é o dia que o Senhor fez;
regozijemo-nos e alegremo-nos nele”. (Sl 118. 2, 5).
Domingo não é dia de repouso, pasmaceira, futebol, clubes
ou jogatina, mas é dia de oração, evangelismo, adoração e ativi-
dade espiritual, como advertia o profeta: “Levantai-vos e andai,
porque não será aqui o vosso descanso; por causa da corrupção
que destrói, sim, que destrói grandemente” (Mq 2.10).
Acertadamente, Jerônimo verteu Κυριακη ηµερα (kyriake
hemera) para o latim da Vulgata não como dia Domini (dia
do Senhor), mas como Domínica die (dia dominical): “Fui in

92
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

spiritu in dominica die et audivi post me vocem magnam tamquam


tubae” 31 (Ap 2.10).
Daí, a clássica versão de Antônio Pereira de Figueiredo traduzir:
“Eu fui arrebatado em espírito hum dia de Domingo e ouvi por detrás
de mim uma grande voz como de trombeta”32 (Ap 1.10). [Este é o texto,
ipsis litteris, da 1.ª Edição de Figueiredo, publicada em 1819.]
Quando disserem, portanto, que a palavra domingo não
está na Bíblia, responda que isso não é verdade. Não encon-
tramos nos originais gregos a palavra portuguesa “domingo”
(como também não encontramos: Deus, casa, livro ou sábado,
mas sim as suas correspondentes hebraicas ou gregas).
O domingo está na expressão criada pelo apóstolo João:
Κυριακη ηµερα (kyriake hemera), vertida para o latim como:
Domínica die, corretamente traduzida para o português como
domingo por Antônio Pereira de Figueiredo, pelo Centro Bí-
blico Católico; tradução dos monges de Maredsous; por João
José Pedreira de Castro; pelo Dr. José Basílio Pereira; por Vi-
cente Zioni; por Matos Soares; e por todas as outras versões
da Vulgata para as línguas neolatinas, onde lemos: domenica,
dimanche, ou qualquer outra palavra equivalente a domingo.
Documentos isentos de quaisquer influências denominacionais
afirmam: “Domingo, no Novo Testamento, é chamado de o Dia
do Senhor. Em latim, Dominica die, de onde deriva seu nome nas
línguas neolatinas, por exemplo: espanhol, domingo; italiano, domenica;
e francês, dimanche, faladas por cerca de 400 milhões de pessoas”.33

31
IUXTA VULGATAM VERSIONEM. WEBER, Robertus. Stuttgart: Editio
Altera Emendata, 1975.
32
Lisboa, MDCCC XVIIII. Na Officina da Acad. R. das Sciencias. 1. ed.
33
Enciclopédia® Encarta 99. © 1993-1998 Microsoft Corporation.

93
E D M A R . B A R C E L L O S

4. Resgatando verdades históricas

Os escritos patrísticos34 dos três primeiros séculos con-


servam esta mesma expressão: “Kyriake hemera” (“Dia
Senhorial”) para designar o domingo como o dia da reu-
nião dos cristãos. Eis o que dizem esses vetustos docu-
mentos da Igreja Cristã pós-apostólica, alguns escritos há
mais de 200 anos antes de Constantino “converter-se” (313
a.C.), fato que comprova ser falsa e injuriosa a declaração
de que foi Constantino quem instituiu o domingo como
dia sagrado para os cristãos.
1.º século: o Ensino dos Apóstolos (provavelmente es-
crito pouco depois do Apocalipse): “E no dia do Senhor
(kuriakh hemera, “Kyriakh hemera”, domingo), con-
gregai-vos para partir o pão e dai graças”.35
Ano 70-132 d.C. – Epístola de Barnabé: “Portanto, tam-
bém nós guardamos o oitavo dia (domingo) para nos alegrar-
mos em que também Jesus se levantou dentre os mortos e
havendo sido manifestado, ascendeu aos céus.”36
Ano 115 d.C. – Epístola de Inácio aos Magnesianos:
“Por que se no dia de hoje vivermos segundo a maneira
do judaísmo, confessamos que não temos recebido a gra-
ça (...). Assim, pois os que haviam andado em práticas
antigas alcançaram uma nova esperança, já sem observar

34
“Patrísticos” são os escritos dos proeminentes líderes cristãos dos
primeiros séculos, também chamados de “pais da Igreja”.
35
O Ensino dos Apóstolos, XIV. Este documento é considerado mais
antigo do que alguns livros do NT por alguns biblicistas.
36
Epístola de Barnabé, 15. LIGHTFOOT, J. B. Los Padres Apostólicos, p.
299-301. Libros Clie. Barcelona, Espanha.

94
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

os sábados, porém modelando suas vidas segundo o dia


do Senhor, “Kyriake hemera”.37
II Séc. d.C.: Nos escritos de Melito de Sardes há um trata-
do sobre a adoração no domingo, intitulado: περι κυριακες
– peri kyriakes – acerca do dia dominical, Dia do Senhor,
isto é, domingo.38
130 d.C.: O Evangelho de Pedro, apócrifo, mas compro-
vadamente escrito no princípio do segundo século, também
se refere ao dia da ressurreição usando o mesmo adjetivo
kyriakes, que na edição de Jorge Luis Borges é traduzida
corretamente por domingo. 39
150-168 d.C.: Justino Mártir, Eusébio, Clemente de Ale-
xandria, escritores do 2.º e 3.º séculos, também adotaram o
“Kyriake hemera” criado por João, vertido para o latim como
Domínica die (dia dominical), isto é, domingo,40 o dia da Res-
surreição do Senhor.
155-222 d.C.: Tertuliano, o mais vigoroso e intransigente
dos primeiros apologistas cristãos, já defendia a pratica do
repouso dominical. (Vide nota de rodapé n.º 38).
Esses documentos de irrecusável valor histórico demons-
tram que o domingo, o “dia dominical”, já era adotado como
o dia dos cristãos para as reuniões (Lc 24.1, 13; Jo 20.19 e
26); a Santa Ceia (At 20.7); e para as coletas na Igreja

37
Epístola de Inácio aos Magnesianos, 8, 9. LIGHTFOOT, J. B. Los
Padres Apostólicos, p. 146 e 181.
38
R. N. Chaplin, J. M. Bentes, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filo-
sofia, 1991, 2. v., p. 213.
39
Evangelios Apócrifos, v. 1, p. 323-235. Santiago: Hyspamérica edi-
ciones, 1985.
40
Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. v. 2. 1991. p. 214.

95
E D M A R . B A R C E L L O S

primitiva (1 Co 16.1, 2), como também o foi nos tempos


apostólicos, conforme lemos nos Evangelhos, nos Atos e
nas Epístolas citados acima.
Foi Deus, portanto, quem instituiu o domingo como o dia
cristão, e não Constantino, como dizem algumas pessoas mal
informadas.
Constantino (280-337 d.C.), a caminho da batalha contra
Maxêncio, sobre a ponte de Mílvia, teria visto no céu uma cruz e,
sobre esta, as palavras In hoc signo vinces. Obteve então uma vitória,
razão pela qual “passou a crer” que Jesus era um Deus mais
poderoso do que todos os deuses de Roma, e proclamou o Edito
de Milão (313 d.C.), que concedia liberdade ao cristianismo.
“Em 324, através de um édito imperial, ordenou que todos os soldados
adorassem o Deus supremo no primeiro dia da semana. Este era o dia em
que os cristãos celebravam a Ressurreição do seu Senhor.”41

Interveio também nos assuntos eclesiásticos, procurando


estabelecer a unidade da Igreja, ameaçada pelo arianismo; com
este fim, convocou o primeiro Concílio de Nicéia em 325 e a
ele presidiu.42
Mas, ao contrário do que alguém propala, ele apenas reco-
nheceu o fato de que os cristãos se reuniam no primeiro dia da
semana e justamente para agradá-los é que legalizou o descan-
so semanal no dia em que a Igreja comemorava a ressurreição
do Senhor Jesus, desde os tempos apostólicos, como lemos:

41
Uma história ilustrada do Cristianismo. 10v. v. 2. Sociedade religi-
osa Vida Nova, 1980. p. 34.
42
Constantino I, o Grande. Enciclopédia® Microsoft® Encarta 99. ©
1993-1998 Microsoft Corporation.

96
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

“No primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir


o pão” (At 20.7).

5. Odres novos para o vinho novo

“Ninguém põe vinho novo em odres velhos; caso contrário, o


vinho estourará os odres, e tanto o vinho como os odres ficam
inutilizados” (Mc 2.22).

Essa declaração de Jesus foi feita quando lhe perguntaram


por que seus discípulos não jejuavam como os discípulos dos
fariseus e os discípulos de João.
Jesus, ao responder-lhes, comparou aquelas velhas cerimô-
nias do judaísmo a “panos velhos” e a “odres velhos”, que
deviam ser abandonados, pois o Evangelho não comporta as
práticas ostentosas de fórmulas e exibições mecânicas que
nada possuem da verdadeira espiritualidade.
Odres eram sacos feitos de peles, destinados ao transporte
ou armazenagem de líquidos. Um odre velho fica com a pele
ressequida, com pregas decorrentes de seu próprio peso. A
fermentação do vinho novo produz gases cuja pressão dilata-
ria e rasgaria o odre justamente naquelas dobras endurecidas.
A inflexibilidade dos odres velhos representa a intransi-
gência da lei que condenava à morte alguém só porque esta-
va apanhando lenha num dia de sábado, conforme lemos em
Números, 15.32-36.
As cerimônias e rituais do judaísmo podem ser compara-
das aos “velhos odres”, que não poderiam conter o “vinho
novo” das doutrinas e da graça do Evangelho de Jesus Cristo:

97
E D M A R . B A R C E L L O S

“Mas agora, morrendo para aquilo que antes nos prendia, fomos
libertados da lei, para que sirvamos conforme o novo modo do Espí-
rito, e não segundo a velha forma da lei escrita”. (Rm 7.6, NVI.)

Essa declaração de Paulo foi praticamente repetida por Iná-


cio no início do II século:

“Por que se no dia de hoje vivermos segundo a maneira do juda-


ísmo, confessamos que não temos recebido a graça (...). Assim,
pois os que haviam andado em práticas antigas alcançaram uma
nova esperança, já sem observar os sábados, porém modelando
suas vidas segundo o dia do Senhor”.43

Por isso os cristãos não mais celebram a páscoa, nem o


pentecostes, nem as luas novas, nem a circuncisão, nem o
sábado, que eram “sombras” ou “figuras” que se cumpriram
em Cristo.
Temos “odres novos” para o “Vinho Novo” do Evange-
lho. A Ceia do Senhor, o Batismo no Espírito Santo, o Batis-
mo em água, e, como os apóstolos sempre o fizeram a partir
do dia de pentecostes, nos reunimos no domingo, o dia da
ressurreição do Senhor.
Paulo combateu incansavelmente as futilidades judaizan-
tes e seus ensinos. Antevendo o reaparecimento periódico
dessas ervas daninhas, escreveu com energia ou até revolta
essas exortações:

Ináco. Epístola aos Magnesianos 8.9. Escrita pouco depois do livro


43

Apocalipse, por volta do ano 115 d.C.

98
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

“Mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por
Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e po-
bres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos? Guardais dias,
e meses, e tempos, e anos” (Gl 4.9, 10).

“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por


causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são
sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.”

“Ninguém se faça árbitro contra vós outros, com pretexto de hu-


mildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem
motivo algum, na sua mente carnal.”

“Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do


mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivês-
seis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies?
As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e
doutrinas dos homens; as quais têm, na verdade, alguma aparên-
cia de sabedoria (...), mas não são de valor algum, senão para a
satisfação da carne” (Cl 2.16-23).

O cristianismo autêntico, ensinado por Jesus e pelos seus após-


tolos, foi engolfado pelas cerimônias pomposas do ritualismo
pagão ou judaico, infelizmente copiadas por algumas igrejas cris-
tãs que, em triste decadência, trocaram o esplendor do Evange-
lho original pelas vacuidades do formalismo oco e legalista.
Para Jesus, não há “dias santos, lugares santos, ou objetos santos”.
Santos devemos ser nós! E por isso, devemos santificar
com a nossa presença cada dia de nossa vida, cada local onde
estivermos e cada coisa que tocarmos.

99
E D M A R . B A R C E L L O S

Quando a mulher samaritana perguntou a Jesus qual era o


verdadeiro lugar onde Deus devia ser adorado, ouviu o que
muitos precisam aprender atualmente:

“Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem em que nem


neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Mas a hora vem, e
agora é em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espí-
rito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem
(...) Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em
espírito e em verdade” (Jo 4.20-24 ARC).

“Chegou a hora de adorarmos o Pai no sacrário do nosso cora-


ção, em qualquer lugar, onde estivermos.”

“Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o Reino de
Deus está entre vós” (Lc 17.21).

Sobre alimentos puros ou impuros, lembremos que Deus


mostrou a Pedro que tinha purificado os gentios, tomando
como exemplo a purificação dos animais:

“E viu o céu aberto e que descia um vaso, como se fosse um


grande lençol atado pelas quatro pontas (...) no qual havia de todos
os animais quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. E foi-lhe
dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro! Mata e come. Mas Pedro disse:
De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e
imunda. E segunda vez lhe disse a voz: Não faças tu comum ao que
Deus purificou. E aconteceu isto por três vezes; e o vaso tornou a
recolher-se no céu” (At 10.11-16).

100
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

Realmente, o objetivo principal de Deus era tranqüilizar


Pedro para que este entrasse na casa de Cornélio, um gen-
tio incircunciso. Mostrou-lhe então vários animais “impu-
ros”, ordenando a Pedro que os comesse. Por três vezes
Pedro repugnou tal ordem e por três vezes ouviu Deus
assegurar-lhe que tinha purificado os animais que Pedro
tinha visto. (Não faças tu comum ao que Deus purificou).
Se Deus não purificou os animais considerados imundos,
por que diria a Pedro que os havia purificado? Paulo
compreendeu mais facilmente do que Pedro o que Jesus ensi-
nou quando disse:

“O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o


que sai da boca” (Mt 15.11).

Por isso, escreveu:

“Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos,


apostarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores
e a doutrinas de demônios (...) ordenando a abstinência dos man-
jares que Deus criou para os fiéis e para os que conhecem a
verdade, a fim de usarem deles com ações de graças; porque
toda criatura de Deus é boa, e não há nada que rejeitar, sendo
recebido com ações de graças, porque, pela palavra de Deus e
pela oração, é santificada” (1 Tm 4.3-5 ARC).

“Porque o marido descrente é santificado pela mulher, e a


mulher descrente é santificada pelo marido crente. De outra
sorte, os vossos filhos seriam imundos; mas, agora, são san-
tos” (1 Co 7.14 ARC).

101
E D M A R . B A R C E L L O S

Faremos aqui um respeitoso apelo à consciência cristã de


qualquer pessoa sedenta da verdade: por que abandonar a
simplicidade cristalina do Evangelho para nos enredarmos
nas teias do legalismo judaizante, da aridez sabática, ou
das cavilações espúrias de visionários míticos?

6. O domingo foi prefigurado na Lei

“Deus não joga dados.”


(Albert Einstein)

Isto quer dizer que Deus nada faz por acaso.


Quando Ele determinou que a Festa das primícias, e a fes-
ta de pentecostes fossem celebradas no primeiro dia da se-
mana, é porque as constituiu como figuras da ressurreição de
Jesus e do nascimento da Igreja, eventos que deveriam acon-
tecer exatamente nesse dia da semana.

1.ª A festa das primícias

“Trareis ao sacerdote um molho das primícias da vossa sega; no


dia seguinte ao sábado o sacerdote o moverá” (Lv 23.10,11). (O dia
seguinte ao sábado é o domingo.)
Essa festa apontava para a ressurreição de Cristo, como
declarou Paulo:

“Mas na realidade Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele


as primícias dos que dormem. Cada um, porém, na sua ordem:

102
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

Cristo, as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda” (1


Co 15.20, 23).

A festa das primícias deveria ser celebrada, portanto, no dia


em que Jesus havia de ressuscitar e que, justamente por isso,
deixaria de ser, apenas, o primeiro dia da semana, para ser con-
sagrado como o dia dominical, ou domingo.

2.ª A festa de pentecostes44

“Contareis para vós, desde o dia depois do sábado, sete sema-


nas inteiras (...) até ao dia seguinte ao sétimo sábado, contareis
cinqüenta dias” (Lv 23.15, 16).

(O dia seguinte ao sábado é o domingo. Essa cerimônia


apontava para o nascimento da Igreja.)
Foi instituída no primeiro dia da semana como figura de
que esse dia seria o dia da “inauguração da Igreja” e que, daí
por diante, por divina inspiração, continuou sendo o dia das
suas reuniões.
Concluímos, portanto, que os dois maiores eventos da
história da humanidade, a Ressurreição de Cristo e o Nasci-
mento da Igreja não aconteceram por acaso no primeiro dia
da semana.
Foi o próprio Deus quem determinou que a festa das
primícias, tipo da ressurreição, e a festa de pentecostes, figura

44
Pentecostes é uma palavra originada do grego πεντακοστος (pentakos-
tós), que significa qüinquagésimo (50.º).

103
E D M A R . B A R C E L L O S

do nascimento da Igreja, acontecessem no primeiro dia da


semana, o domingo.

7. Domingo: dia do Nascimento da Igreja

A Igreja foi “concebida” desde a eternidade.

“Ele nos escolheu antes da fundação do mundo e nos predesti-


nou para sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo” (Ef 1.4, 5).
“O Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8).

A Igreja teve sua “gestação” no ministério terreno de Jesus,


quando este chamou os primeiros discípulos, como verdadei-
ras “primícias” de seu corpo: “E disse-lhes: Vinde após mim, e
eu vos farei pescadores de homens” (Mt 4.19) e quando insti-
tuiu a Igreja como autoridade para disciplinar os fiéis: “E, se
não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igre-
ja, considera-o como um gentio e publicano” (Mt 18.17); e
quando assoprou sobre os apóstolos, outorgando-lhes o Espí-
rito Santo e poderes excepcionais, mesmo antes do dia de pen-
tecostes: “E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-
lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes
os pecados, lhes são perdoados; e, àqueles a quem os retiver-
des, lhes são retidos” (Jo 20.22, 23).

A Igreja “nasceu” no dia de pentecostes. “E naquele dia


foram agregadas cerca de três mil pessoas” (At 2.41), e a
festa de pentecostes tinha que ser realizada no primeiro dia

104
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

da semana: “Contareis para vós, desde o dia depois do sába-


do, sete semanas inteiras (...) até ao dia seguinte ao sétimo
sábado, contareis cinqüenta dias, então oferecereis nova ofer-
ta” (Lv 23.15, 16).45 (O dia seguinte ao sábado é o domingo.)

8. Domingo, Dia de Jesus, Dia da Igreja

Domingo é o dia que Jesus, ressuscitado, escolheu para


manifestar-se aos seus discípulos:
“Tendo Jesus ressuscitado no primeiro dia da semana, apareceu
primeiramente a Maria Madalena.”

“Nesse mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia chamada
Emaús. Jesus se aproximou, e ia com eles.”

“Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, che-


gou Jesus e disse: Paz seja convosco!”

“Oito dias depois, estavam ali outra vez reunidos os discípulos


(...) veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: Paz seja con-
vosco!” (Mc 16.9; Lc 24.13-15; Jo 20.19; Jo 20.26.)

Dirá alguém: Ora, se ele ressuscitou no domingo, só po-


dia aparecer mesmo no domingo.
Não. Não foi assim que aconteceu. Passou-se uma se-
mana inteira e Jesus só apareceu no domingo seguinte! Po-
deria ter aparecido no sábado, na quarta, ou na segunda
feira, mas não o fez.

45
A “festa das semanas” tomou o nome de Pentecostes porque ocor-
ria no 50.º dia depois da Páscoa. (7x7=49; +1=50)

105
E D M A R . B A R C E L L O S

Oito dias depois seria segunda-feira? Não. Os judeus conta-


vam os dias, incluindo o próprio dia em que estavam. Por exemplo:
Jesus morreu numa sexta-feira e ressuscitou no terceiro dia.
Contando à maneira judaica, diz-se: sexta-feira, 1.º dia; sábado,
2.º dia; domingo, 3.º dia. Oito dias depois é então o domingo!
Domingo foi o dia que Jesus escolheu para revelar-se a
João na ilha de Patmos, assim como escolhera o domingo
para manifestar-se aos apóstolos depois que ressuscitou (Ap
1.10; Mc 16.9).
Depois que Jesus ressuscitou, nem uma vez sequer apre-
sentou-se ou reuniu-se com seus discípulos num dia de sába-
do. Sempre o fez no primeiro dia da semana, que passou a se
chamar o Dia do Senhor.
Domingo foi o dia que Jesus escolheu para voltar aos seus
discípulos, na pessoa do Espírito Santo, como prometera:
“Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós” (João 14.18).
Isso aconteceu no domingo de pentecostes, em que os dis-
cípulos se reuniram para buscar o revestimento de poder, como
Jesus lhes ordenara antes de subir aos Céus: “E eis que sobre
vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de
Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24.49).
Domingo já era o dia da Santa Ceia, a principal reunião da
Igreja, ao tempo em que Lucas e Paulo visitaram Trôade, por
volta de abril do ano 58: “E, depois dos dias dos pães asmos,
navegamos de Filipos e, em cinco dias, fomos ter com eles a
Trôade, onde estivemos sete dias”. No primeiro dia da sema-
na, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que
havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e alargou a
prática até à meia-noite (At 20.6, 7).

106
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

Comentando este episódio, escreve Huberto Rohden, um


dos mais abalizados biógrafos de Paulo: “Passaram nesta ci-
dade o primeiro dia da semana, que já nesse tempo era cha-
mado o ‘Dia do Senhor’ (domingo), como se vê pela narra-
ção de Lucas”.46
Note-se que Paulo passou a semana toda em Trôade e só
no primeiro dia da semana é que os discípulos se reuniram
para “partir o pão”, certamente como toda a Igreja já o fazia
desde a Ressurreição.
Domingo era o dia da maior reunião da Igreja, desde o dia de
Pentecostes; tanto na cidade de Corinto (Europa), como em
todas as cidades da Galácia (Ásia). Seria, portanto, o dia mais
adequado para levantar-se uma generosa coleta. Certamente para
aproveitar essa boa ocasião é que Paulo determinou:

“Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós tam-
bém o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia
da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar,
conforme a sua prosperidade, para que se não façam as coletas
quando eu chegar”. (1 Co 16.1, 2).

9. Domingo, o principal dia da semana

Quem lê o Novo Testamento grego nota uma significati-


va diferença entre o primeiro dia escrito em Mc 16.2, para a
grafia do primeiro dia em Mc 16.9.

46
ROHDEN, Huberto. Paulo de Tarso: o maior bandeirante do Evan-
gelho. 3. ed. Ed. Pan-Americana. p. 257.

107
E D M A R . B A R C E L L O S

Citação Original grego Transliteração Tradução


Mc 16.2: Και λιαν πρωι τε µιαν “Kai lian prôi te mian E bem cedo, no
τον σαββατον ton sabbaton primeiro dia da semana.

Mc 16.9: Αναστασ δε πρωι Anatás dè prôï prôte Ressuscitado bem cedo no


πρωτη σαββατον sabbaton principal dia da semana

Analisemos agora a diferença do versículo 2 para o versí-


culo 9 no original grego citado:
No v. 2, Marcos usa o cardinal mian, no sentido cronoló-
gico, isto é, 1.º, anterior ao 2.º. No v. 9, Marcos não usa mais
o vocábulo mian. Usa prôte: primeiro, no sentido de honra
ou dignidade, como veremos nas citações abaixo:
Mt 20.27: “Aquele que quiser ser o primeiro. (Prôtos, o
mais importante), seja o que vos serve”.
At 13.50: “Os principais da cidade” (Prôtos)
Lc 19.47: “Os principais do povo”. (Prôtos).
Mc 12.28 a 31: “(...) Qual é o principal (Prôtos) de todos
os mandamentos? (prwth, prôte, o principal) é: Ouve, ó
Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás,
pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a
tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força.
O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não
há outro mandamento maior do que este”. Temos aí a corre-
ta tradução do adjetivo ordinal, prôte, como principal, na
versão de Almeida Revista e Atualizada.
Traduzindo Mc 16.9, como acima, lemos: “Tendo Jesus
ressuscitado no principal dia da semana”.
Ou ainda: “Tendo Jesus ressuscitado no mais nobre dia da
semana”, pois prôte também significa: supremo, mais nobre,
ou mais importante, conforme traduzem os bons dicionários

108
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

Grego–Português, como os de Isidro Pereira e W. C. Taylor,


e Grego–Inglês, com os de W. E. Vine e o Exposity
Dictionary of New Testament Words.
Nós também usamos o ordinal “primeiro” significando
principal ou mais importante, quando dizemos: “Meu filho é
o primeiro da turma”, “Ela é a primeira dama do estado!”. Se
dermos ao adjetivo primeira um sentido cronológico neste
último caso, estaremos insultando a esposa do governador!
Considerando a consistência dos argumentos já mencio-
nados, repetimos o desafio do Senhor: “Vinde e arrozoemos,
diz o Senhor”, Is 1.18.
Qual o dia mais adequado para o culto cristão?
O sábado, dia em que Deus terminou a criação do mundo
que veio a se perder, ou o domingo, dia em que Jesus, tendo
ressuscitado, concluiu a obra da salvação do mundo?
O sábado, dia que comemora a libertação política do
povo de Israel (Nm 15.5), ou o domingo, dia em que Jesus
ressuscitou, assegurando a verdadeira liberdade, não só para
Israel, mas também para toda a humanidade que se havia
perdido?

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”

“Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres” (Jo


8.32, 36).

109
VII – Breves respostas aos
argumentos adventistas
sobre o sétimo dia

1. Devem os cristãos guardar o sábado do


sétimo dia?

R: Só os israelitas têm o dever de guardá-lo.

“Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o


Senhor, Teu Deus, te tirou dali com mão forte (...) pelo que o Senhor,
Teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sábado” (Dt 5.15).
“Todo aquele que nele fizer qualquer trabalho será morto” (Êx 35.2-b).

“Os filhos de Israel acharam um homem apanhando lenha no


dia de sábado (...). Então disse o Senhor: Tal homem será morto (...)
e o apedrejaram até que morreu” (Nm 15.32-36).

2. Por que só os israelitas devem guardar o


sábado, e não também os cristãos?

R: Porque os cristãos jamais receberam mandamento algum,


de Jesus ou dos apóstolos, para guardar qualquer dia. Pelo contrá-
rio, Paulo afirma que guardar dias é rudimento fraco e pobre e
que, se alguém quiser fazê-lo, faça-o; se não quer, fique tranqüilo.

111
E D M A R . B A R C E L L O S

“Mas, agora, conhecendo a Deus (...) como é possível voltardes,


novamente, a estes rudimentos fracos e pobres. Guardais dias, e me-
ses, e tempos e anos” (Gl 4.9, 10).

“Ninguém vos julgue por questões (...) dos dias de festas ou de lua
nova ou de sábados, que são apenas sombras das coisas que haveriam
de vir, mas a realidade é o corpo de Cristo” (Cl 2.16,17). “Há quem
faça diferença entre dia e dia, e há quem ache todos os dias iguais:
cada qual siga sua convicção” (Rm 14.5).

3. As festas judaicas (os sábados anuais) é que


cessaram, mas não o sábado semanal

R: Não é verdade. Paulo escreveu claramente: “Ninguém


vos julgue por questões (...) dos dias de festas (cerimônias,
anuais, como a páscoa, tabernáculos); ou de lua nova (ceri-
mônias mensais); ou de sábados (cerimônias semanais).
“Guardais dias (sábado), e meses (luas novas), e tempos (fes-
tas anuais como a páscoa), e anos (ano sabático, ano do ju-
bileu)” (Gl 4.9, 10; Lv 25.9-54).

4. Por que considerar as festas judaicas e o sábado


como figuras ou sombras?

R: Porque a Bíblia assim o afirma. Essas figuras eram tipos


das realidades que se haveriam de cumprir (e se cumpriram),
em Jesus, o Messias, como está escrito: “Tendo a lei a sombra
dos bens futuros e não a imagem real das coisas (...)” (Hb
10.1). Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas

112
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos


séculos (1 Co 10.11). Por exemplo:
a) o sangue do Cordeiro da Páscoa, nos umbrais das portas,
livrava da morte quem estava na casa (Êx 12.21-24). Era tipo ou
figura do sangue do “Cordeiro de Deus que tira os pecados do
mundo” que nos livra da morte eterna (Jo 1.29; Ap 5.8, 9).
b) o sábado, descanso para os homens e os animais (Dt 5.14,
15), é sombra ou figura de Cristo, o verdadeiro descanso para
nossas almas: “Vinde a mim os que estais cansados e oprimi-
dos (...) e encontrareis descanso (sábado) para vossas almas”
(Mt 11.28, 29). (Sábado, em hebraico, significa descanso.)

5. O sábado está na “Lei Moral”, a lei das tábuas


de pedra, e por isso deve ser guardado

R: A lei das tábuas de pedra não é a “lei moral”. Paulo a


chama “ministério da morte”. “Deus (...) nos fez também
capazes de ser ministros dum Novo Testamento, não da le-
tra, mas do Espírito; porque a letra mata, e o Espírito vivifi-
ca. (...) E, se o ministério da morte, gravado com letras em
pedras, veio em glória (...)” (2 Co 3.4-7).
A lei moral está presente em toda a Bíblia, de Gênesis ao
Apocalipse, e os seus mandamentos mais importantes, no dizer
de Jesus, estão fora das tábuas de pedra, em meio a
mandamentos cerimoniais:

“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua


alma e de todo o teu entendimento Este é o primeiro e grande man-
damento” (Mt 22.37-40, citando: Dt 6.5); “E o segundo é semelhante

113
E D M A R . B A R C E L L O S

a ele: Amarás a teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12.31, citando Lv


19.6-8).

6. Por que dizer que a guarda do sábado do sétimo


dia é um mandamento cerimonial?

R: Porque os argumentos apresentados no Capítulo IV o


comprovam, assim como estes dois que acrescentamos:
a) a guarda do sábado é apresentada como um “sinal” en-
tre Deus e o povo de Israel.

“Certamente guardareis meus sábados, porquanto isso é um si-


nal entre mim e vós nas vossas gerações”; “Guardarão, pois, o sá-
bado os filhos de Israel, celebrando o sábado nas suas gerações por
concerto perpétuo” (Êx 31.13, 16).

Nenhum mandamento moral pode ser sinal entre Deus e al-


gum povo. Os mandamentos morais, como não matar, não rou-
bar, amar a Deus e honrar os pais são deveres de todos os povos.
Porém, guardar o sábado, circuncidar o filho e celebrar a
páscoa são deveres apenas dos judeus, assim como batizar-se
os que crêem e celebrar a Santa Ceia são ordenanças caracte-
rísticas dos cristãos.
b) os mandamentos das “tábuas de pedra” foram todos
eles repetidos e confirmados no Novo Testamento por Jesus
e pelos seus apóstolos, menos o quarto.
Por quê? Porque guardar o sábado é um preceito cerimo-
nial. Comprove as citações a seguir:

114
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

Mandamento Antigo Testamento Confirmação no Novo Testamento

1.º 20:2, 3 Mc 12.29 e mais 50 vezes

2.º 20:4 1 Jo 5:21 e mais 12 vezes

3.º 20:7 Tg 5:12 e mais 4 vezes

4.º 20:3-11 Nenhuma repetição, somente censuras!

5.º 20:12 Ef 6.1-3 e mais 6 vezes

6.º 20:13 Rm: 13:9 e mais 6 vezes

7.º 20:14 1 Co 6, 9, 10 e mais 12 vezes

8.º 20:15 Ef 4:26 e mais 6 vezes

9.º 20:16 Cl 3.9 e mais 4 vezes

10.º 20:17 Ef 5:3 e mais 9 vezes

7. O sábado é tão importante que foi mencionado


60 vezes no Novo Testamento

R: Embora mencionado tantas vezes, nenhuma vez sequer


Jesus (ou os seus apóstolos) recomendou a guarda do sábado
pelos cristãos, nem advertiu sobre a sua violação. Pelo con-
trário, dos 58 versículos que trazem a palavra sábado, 44 deles
se ocupam, apenas, em descrever a polêmica que Jesus sem-
pre manteve com os judeus combatendo a sabatolatria.
João o cita 11 vezes, e todas elas em contextos depreciativos.
As Epístolas, que foram escritas justamente para orientar a
conduta dos cristãos, o mencionam apenas uma vez, e mes-
mo esta para nos isentar da obrigação de guardá-lo.

115
E D M A R . B A R C E L L O S

“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou


por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados,
que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo”
(Cl 2.16, 17).

8. As mulheres repousaram no sábado, conforme o


mandamento (Lc 23.56). Isso prova que o sábado
era guardado nos anos 60, quando Lucas escreveu
o seu Evangelho

R: Lucas também diz, nos mesmos anos 60, que Jesus foi
circuncidado ao oitavo dia e que Maria se “purificou ofere-
cendo o sacrifício dos dois pombinhos, conforme o manda-
mento”, como o que está escrito na lei do Senhor (todo ma-
cho primogênito será consagrado ao Senhor), “e para darem
a oferta segundo o disposto na lei do Senhor: um par de rolas
ou dois pombinhos” (Lc 2: 21-24).
Se devermos guardar o sábado porque Lucas nos anos
60 disse que as santas mulheres o guardaram, deveremos
circuncidar nossos filhos ao oitavo dia, e oferecer o sa-
crifício dos dois pombinhos, tal como Maria, mãe de Je-
sus, o fez também (segundo o que está disposto na lei do
Senhor).
Lucas, nos idos dos anos 60, estava narrando fatos ocorri-
dos nos anos 30, quando a obrigação de todo israelita era
guardar o sábado (pois era grande o dia de sábado), como
relembra João (Jo 19.31).
O sábado ainda era importante, Jesus ainda não havia res-
suscitado. O domingo ainda não existia!

116
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

9. Jesus, sabendo que o sábado seria guardado


depois da sua ressurreição, disse:

“E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no


sábado.” (Mt 24.20.)

R. 1: A preocupação de Jesus, ao dizer essas palavras, não


era a guarda do sábado, coisa com a qual ele nunca se preo-
cupou, jamais recomendou, e sempre foi motivo de polêmi-
ca entre Ele e os judeus, a ponto de estes quererem matá-lo:

“Porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que


Deus era o seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5.18).

R. 2: Nesse trecho do sermão profético (Mt 24.16-20), o


Senhor anunciava a destruição de Jerusalém e, sendo sabedor
da crueldade do exército romano, orientava seus ouvintes para
minimizar-lhes os sofrimentos durante a fuga inevitável, com
as seguintes advertências:

1.º Versículo 16 – “Quando virdes que a abominação da deso-


lação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo (quem lê,
que entenda), então, os que estiverem na Judéia, fujam para os
montes”.
Quem estivesse fora da cidade, não procurasse voltar;
2.º Versículo 17 – “E quem estiver sobre o telhado não desça a
tirar alguma coisa de sua casa”;

3.º Versículo 18 – “E quem estiver no campo não volte atrás a


buscar as suas vestes”.

117
E D M A R . B A R C E L L O S

Nessas recomendações, Jesus não estava proibindo as pes-


soas de salvarem seus pertences, suas vestes, apenas lhes
advertia da urgência de fugirem rapidamente;
4.º Versículo 19 – “Mas ai das grávidas e das que amamentarem na-
queles dias!”
(Jesus não estava criticando nem ameaçando as mulheres,
porque amamentavam, ou porque estavam grávidas. Apenas
lamentou o sofrimento das nutrizes e das gestantes em fuga,
levando crianças de colo, ou com os naturais problemas da
gestação, sujeitas a tropeçar, abortar ou serem violentadas
pelos impiedosos soldados romanos);
5.º Versículo 20 – “E orai para que a vossa fuga não aconteça no
inverno nem no sábado”.

Qual a inconveniência de fugir no inverno ou no sábado?


No inverno, é que, na pressa da fuga, (“e quem estiver no
campo não volte atrás a buscar as suas vestes”), não poderiam
levar os agasalhos indispensáveis contra o frio intenso da-
quela região inóspita.
No sábado, é que todas as cidades judaicas fechavam suas
portas, conforme Neemias ordenara:

“Sucedeu, pois, que, dando já sombra nas portas de Jerusalém


antes do sábado, ordenei que as portas fossem fechadas; e mandei
que não as abrissem até passado o sábado” (Ne 13:19).

Assim sendo, além de serem surpreendidos no templo ou


nas sinagogas, as vítimas ficariam em campo aberto (então,
os que estiverem na Judéia, fujam para os montes) à mercê

118
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

dos seus perseguidores. Por motivos bem menores Jesus jus-


tificou a quebra do sábado.

“Respondeu-lhe, porém, o Senhor, e disse: Hipócrita, no sábado


não desprende da manjedoura cada um de vós o seu boi, ou jumento,
e não o leva a beber?” (Lc 13:15.)

Observação: Se o versículo: “Orai para que a vossa fuga


não aconteça no inverno nem no sábado” significasse que
devemos guardar o sábado, significaria também que deve-
mos guardar o inverno.

10. O apóstolo Paulo pregava aos sábados nas


sinagogas (Atos 13:44)

R.: Paulo apenas aproveitava o dia das reuniões dos


judeus nas sinagogas para pregar o Evangelho, tanto a
estes como aos gentios. “E, saídos os judeus da sinago-
ga, os prosélitos gentios rogaram que no sábado seguin-
te lhes fossem ditas as mesmas coisas” (Atos 13:42). Se-
ria inútil ir à sinagoga no domingo, quando não havia
reunião. De igual modo, quando Paulo foi ao areópago,
em Atenas, não o fez porque cultuasse os ídolos, mas
para aproveitar a reunião dos curiosos atenienses que,
segundo Lucas, “de nenhuma outra coisa se ocupavam,
senão de dizer e ouvir alguma novidade” (Atos 17:21), e
pregar-lhes o Evangelho.
Em se tratando, porém, de reuniões da Igreja, eram reali-
zadas no domingo como veremos abaixo:

119
E D M A R . B A R C E L L O S

a) a reunião para a busca do “revestimento de poder do


alto” (o batismo no Espírito Santo) como Jesus havia reco-
mendado: “Pois, se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas
aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito
Santo àqueles que lho pedirem?” “E eis que sobre vós en-
vio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusa-
lém, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 11:13 e
24:49). Porque João batizou com água, mas vós sereis batiza-
dos com o Espírito Santo, não muito depois destes dias”.
(At 1:5.)
“Cumprindo-se o dia de pentecostes, estavam todos reu-
nidos no mesmo lugar” (At 2:1). (Pentecostes era obrigatori-
amente um domingo, como já vimos quando mostramos o
domingo prefigurado na lei, à p. 29).
b) a Santa Ceia (At 20.7). “No primeiro dia da semana,
ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia
de partir no dia seguinte, falava com eles; e alargou a prática
até à meia-noite” (At 20:7).
c) a coleta em favor dos pobres (1 Co 16:1-2). “Ora, quanto
à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mes-
mo que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da
semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar
(...), para que se não façam as coletas quando eu chegar” (1
Co 16:1-2).
O sábado, porém, continuou a ser o dia do culto judaico,
como expôs Tiago no debate do ano 51 em Jerusalém:

“Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade


quem o pregue, e cada sábado é lido nas sinagogas” (At 15:21).

120
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

11. O santo sábado será observado na Nova Terra


por toda a eternidade

“E será que desde uma lua nova até à outra, e desde um


sábado até ao outro, virá toda a carne a adorar (...), diz o Senhor”
(Is 66:23).
R.: “Desde uma lua nova até à outra, e desde um sábado
até ao outro”, significa que a adoração será ininterrupta; toda
a semana, todo o mês, eternamente, e não apenas nos sába-
dos ou nos dias de festa.
No novo céu e na nova terra não haverá sol nem lua,
nem dia, nem noite, nem sábado, nem domingo, nem lua
nova, nem mês, nem ano (Ap 22.5), nem ficaremos cansa-
dos; conseqüentemente, não precisaremos de sábado (re-
pouso).

“Nunca mais te servirá o sol para luz do dia nem com o seu
resplendor a lua te iluminará” (Is 60:19).

“E vi uma nova terra... Porque já o primeiro céu e a primeira


terra passaram...” “E a cidade não necessita de sol nem de lua...
porque a glória de Deus a tem iluminado, e o Cordeiro é a sua lâm-
pada; E as suas portas não se fecharão de dia, porque ali não have-
rá noite” (Ap 21:1, 23,25).

Além disso, se fôssemos guardar o sábado na Nova Terra,


como alguns ensinam, iríamos também guardar as “luas no-
vas”, “Desde uma lua nova até a outra (...)” num lugar onde
a bíblia diz que não haverá lua, nem sol (Ap 21.23).

121
E D M A R . B A R C E L L O S

12. Por que os judeus queriam matar Jesus?

R. Por dois motivos:


1.º porque ele violava o sábado (foi o próprio apóstolo
João quem declarou esta verdade, e não os judeus, como
querem alguns).
“Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque
não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu
próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5.18).

Quem está dizendo isso é João, e não os judeus. Os ju-


deus, escreve João, “procuravam matá-lo”!
Jesus podia violar o sábado, porque, além de o sábado ser
apenas uma “sombra”, era também Servo de Cristo.

“E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, e não o


homem por causa do sábado. Assim, o Filho do Homem até do sá-
bado é senhor” (Mc 2:27-28);
2.º porque se fazia igual a Deus.
E, realmente ele é Deus!

“E sabemos que já o Filho de Deus é vindo e nos deu entendi-


mento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro
estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus
e a vida eterna” (1 Jo 5.20).

Se Jesus viesse hoje à terra, talvez não fosse recebido em


algumas igrejas cristãs, porque violava o sábado. E as supostas

122
O.SÁBADO.JUDAICO .E.O .DOMINGO.C RISTÃO

“testemunhas de Jeová” certamente o tratariam como um


herege, porque “dizia que Deus era seu próprio Pai, fazen-
do-se igual a Deus” (Jo 5.16-18).
Somos julgados por alguns irmãos, porque não guarda-
mos o sábado, porque comemos carne, ou carne de porco,
porque tomamos café, fazemos isso ou aquilo...
Mas estamos em boa companhia. Jesus também sofreu
esse tipo de julgamento.
Os judeus o criticavam pela sua maneira de comer, de
beber e de se relacionar com os pecadores, além de de-
sejarem matá-lo porque quebrantava o sábado. Mas Je-
sus recriminou-lhes a santimônia com esta irônica
observação:

“Porque veio João Batista, que não comia pão nem bebia vinho, e
dizeis: Tem demônio; veio o Filho do homem, que come e bebe, e
dizeis: Eis aí um homem comilão e bebedor de vinho, amigo dos
publicanos e pecadores” (Lc 7:33, 34; Jo 5.17,18).

E sobre a guarda do sábado, os judeus murmuravam, ma-


ledicentes:

“Este homem não é de Deus, pois não guarda o sábado” (Jo 9.16);

“E, por essa causa, os judeus perseguiram Jesus e procuravam


matá-lo, porque fazia essas coisas no sábado”;

E Jesus lhes respondeu: “Meu Pai trabalha até agora, e eu tra-


balho também” (Jo 5.16-17);

123
E D M A R . B A R C E L L O S

“Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não


sacrifício, não condenaríeis os inocentes. Porque o Filho do Homem até
do sábado é Senhor” (Mt 12.7,8);

A você, meu leitor, e a todos os sinceros servos de Deus


que se deixaram envolver pelas doutrinas de modernos
judaizantes, ou por outras modernices, lembramos esta ad-
vertência de Paulo:

“E eu, irmãos, apliquei essas coisas, por semelhança, a mim e a


Apolo, por amor de vós, para que, em nós, aprendais a não ir além do
que está escrito” (1 Co 4,6).

“Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua
astúcia, assim também sejam corrompidos os vossos sentidos e se
partem da simplicidade que há em Cristo” (2 Co 11,3).

Disse Jesus:

“Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.


Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primei-
ras obras; quando não, brevemente a ti virei a tirarei do seu lugar o teu
castiçal, se não te arrependeres” (Ap 2.5).

124
VIII – Bibliografia

(Textos dos originais hebraicos, gregos e latinos)

BEM ASHER HEBREW TEXT, Versão da Bíblia Online 2.01.


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O NOVO TESTAMENTO GREGO ANALÍTICO, Ed. Vida Nova, 1980.
SEPTUAGINTA (H Pallaia Diaϑhke = H Pallaia DiaJhke), Stuttgart, Deutsche
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SYNOPSIS QUATTUOR EVANGELIOROM, Editio tertia decima revisa, Deutsche
Bibelgesellschaft, Stuttgart, 1985.

Versões Católicas da Bíblia

Todas as versões citadas abaixo contêm comentários e notas de rodapé.


A título de curiosidade, transcreveremos a apresentação da primeira edição de Figuei-
redo.
“A BÍBLIA SAGRADA. Traduzida em portuguez segundo a Vulgata Latina illustrada
com prefações notas e lições variantes dedicada a EL REI NOSSO SENHOR por Anto-
nio Pereira de Figueiredo Oficial que foi das Cartas Latinas de Secretaria d’Estado e
Deputado da Real Meza da Comissão Geral sobre o exame e censura dos livros. Lisboa,

125
E D M A R . B A R C E L L O S

MDCCCXVIIII (1819!). Na oficina da Acad. R. das Sciencias. Com a licença da Meza do


Desembargo do Paço, e Privilegio. Vende-se na Loja da Viuva Bertrand e filhos. Rua dos
Martyres n.º 45”.
A Bíblia – No princípio (Gênesis). Trad. André Chouraqui, Imago Editora Ltda., 1995.
Antonio Pereira de Figueiredo, Ed Barsa, 1967
Bíblia de Jerusalém (edição em língua portuguesa), Ed. Paulinas, 1981.
Bíblia Pastoral Sociedade Bíblica Internacional, Ed. Paulinas, 4. impres., 1990.
Die Bibel Gesam Tausgabe, 1980, Katholisch Bibelanstalt-GmbH Stuttgart.
Huberto Rohden (Novo Testamento), 4. ed., Ed. União Cultural Editora Ltda., 1935.
João José Pedreira de Castro, Ed. Vozes, 1948.
La Bíblia Dios Habla Hoy com Deuterocanónicos, Ed. CELAM, 1979.
Mateus Hoepers (Novo Testamento), 5. ed., Ed. Vozes, 1982.
Matos Soares, Ed. Paulinas, 1988.
Padres Beneditinos Maredsous, Ed. Ave Maria, Edição Claretiana, 1984.
TEB (Tradução Ecumênica da Bíblia), Ed. Loyola, 1995.
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Vicente Zione (Novo Testamento), Ed. Pia Sociedade de São Paulo, 1950.

Versões Evangélicas da Bíblia

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A Bíblia Viva (Paráfrase), 19. ed., Associação Religiosa, Editora Mundo Cristão, 1981.
Almeida João Ferreira, ed. contemp., Ed. Vida, 1992.
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Imprensa Bíblica Brasileira, 1937.
Imprensa Bíblica Brasileira, 1974 (de acordo com os melhores textos em hebraico e grego).
La Sainte Bible Traduits sur les Textes originaux Hébreu et Grec, Ed. Paris, 58, Rue de
Clichy, 1949.
La Santa Biblia, antiga version de Reina (1569), revisada por Cipriano Valera em 1602.
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BÍBLIA APOLOGÉTICA – Copyrigth © 2000, por IPC Editora, São Paulo.
BÍBLIA DE ESTUDO DE ALMEIDA (ARA), Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
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BÍBLIA ONLINE VERSÃO 2.0, 1999.
DAKE’S ANNOTATED REFERENCE BIBLE, Dake Bible Sales Inc. Eleventh prin-
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ENCICLOPÉDIA DE DIFICULDADES BÍBLICAS ARCHER Gleason, 2. impres., Ed.
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ENCICLOPÉDIA HISTÓRICA TEOLÓGICA da Igreja Cristã. Soc. Religiosa Edições
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ricas, 1950.
DICIONÁRIO CONTEMPORÂNEO DA LÍNGUA PORTUGUESA CALDAS AU-
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DICIONÁRIO ESPANHOL–PORTUGUÊS, PORTUGUÊS–ESPANHOL DE ÉVER-
TON FLORENZANO.
DICIONÁRIO ILUSTRADO DA LÍNGUA PORTUGUESA DA ACADEMIA BRASI-
LEIRA DE LETRAS.
DICIONÁRIO PRÁTICO INTERNACIONAL PORTUGUÊS, INGLÊS, FRANCÊS,
ESPANHOL, EDAMERIS, 1984.
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NOVO DICIONÁRIO AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA PEREIRA, 2. ed. rev.
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