Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
(Respostas na integra)
Em países onde já existe uma base instalada significativa de gravadores de vídeo digital
(Personal Video Recorders ou Digital Video Recorders), os anunciantes e canais de
televisão observam com preocupação a emergência de formas de consumo de televisão
que colocam em causa o seu actual modelo de negócio. Por exemplo, o operador de TV
via satélite Sky revelou que 76% das pessoas ao aceder aos conteúdos gravados no PVR
“saltam” os anúncios através da opção de “fast forward”. No entanto, o que à partida
poderia ser visto como uma grave ameaça para o negócio também está a ser visto como
uma oportunidade: em Fevereiro deste ano, a KFC lançou um anúncio no qual escondeu
um código secreto que dava direito à oferta de uma nova sanduíche da KFC, código esse
só acessível a quem visse o anúncio em “slow-motion” num PVR ou mesmo num VCR.
Portanto, há sempre forma de dar a volta ao problema.
- Que tipo de convergência se pode esperar entre web e televisão? É possível afirmar
que o futuro da televisão passará pela Internet?
CQ: O futuro da televisão já está a passar pela Internet – basta ver os casos do Google
Vídeo (http://video.google.com/) e do iTunes da Apple, nos quais a par dos “downloads”
pagos de filmes e de programas de televisão, o utilizador também pode fazer “download”
de conteúdos produzidos por amadores de forma gratuita e mesmo fazer “uploads” dos
seus próprios conteúdos.
A partilha de vídeos na web é hoje algo muito sério. O destaque vai para o site YouTube
(http://youtube.com/), um caso de sucesso surpreendente: o site foi lançado em Maio de
2005 e no início de Abril de 2006 anunciaram que os seus utilizadores estão a publicar
cerca de 35.000 novos vídeos por dia, atraindo uma audiência que acede a mais de 35
milhões de vídeos por dia. Para se ter um termo de comparação, em Fevereiro último, o
YouTube teve 176 milhões de páginas visitadas, enquanto o site MSN Vídeo ficou-se
pelas 38 milhões de páginas e o Google Vídeo pelas 76 milhões de páginas visitadas, de
acordo com um recente artigo da Associated Press sobre sites de partilha de vídeos na
web.
Ainda na área dos conteúdos gerados pelos próprios utilizadores, depois dos blogs
surgem agora em força os vlogs – diários na web em vídeo -, sendo de destacar o caso do
vlog Rocketboom (http://www.rocketboom.com/vlog/ . Há dias foi divulgado que o
Rocketboom tem em média 300.000 visitantes por dia – um número impressionante tendo
em consideração que se trata de um conteúdo de certa forma amador e cuja a divulgação
está baseada no boca-a-boca.
Atenta a estas novas tendências, a Disney anunciou recentemente que vai permitir o
acesso gratuito de séries populares como “Desperate Housewives” e “Lost”, um dia
depois da sua exibição na ABC. Este projecto piloto tem início já a partir de dia 1 de
Maio e irá decorrer durante um período experimental de 2 meses, sendo o acesso feito a
partir do site da ABC (http://abc.go.com/fes/index.html ). Se este exemplo vai ser seguido
por outros grandes produtores de conteúdos só o futuro o dirá, mas neste momento pode
ser considerado como um forte indicador de que o futuro da televisão irá cada vez mais
passar pela Internet.
Sinceramente, a questão que para mim é apaixonante não tanto qual a tecnologia
dominante ou qual o “gadget” que vai permitir ver televisão, mas sim quais os
comportamentos, actividades, mudanças culturais que vão emergir, no fundo, qual o
impacto destas novas tecnologias no nosso dia-a-dia? Julgo que a máxima “cyberpunk”
do autor de ficção científica William Gibson é cada vez mais verdadeira: “the street finds
its own uses for things" – a “rua”, as pessoas comuns encontram por si próprias a
utilidade para as coisas. O caso da utilização do SMS é exemplar, mas acredito que
vamos continuar a assistir a mais utilizações inesperadas e surpreendentes destas novas
tecnologias de consumo, produção e distribuição de conteúdos digitais.
Em Portugal, seria óptimo termos uma entidade ou empresa com a visão e arrojo da BBC.
No entanto, julgo que também é necessário que os utilizadores sejam mais participativos
e mais exigentes, sabendo pressionar as empresas na área dos Media a estarem mais
atentas às suas expectativas e a agirem em conformidade ou, melhor ainda, superando
essas mesmas expectativas.