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Tatiana Meirelles*
taty_meirelles@yahoo.com.br
*
Licenciada e Bacharel em Filosofia. Concluindo Curso de Especialização em
“Culturas Juvenis, subjetividade e educação”. Educadora da Rede Municipal de
Ensino de Esteio.
filosófica no âmbito da sociedade civil, que culminou na aprovação por
unanimidade do Parecer nº 38/2006 que insere a Filosofia e a Sociologia
nos currículos de Ensino Médio de todo país e, posteriormente, em 11 de
agosto de 2006 sua homologação, pelo ministro da educação Fernando
Haddad.
Desta forma a capacidade humana de refletir criticamente e filosofar
estão deixando de ser um conhecimento hermético, privilégio de alguns
“iniciados” ou um “produto” de erudição que está ao alcance de poucos,
para estar cada vez mais ao alcance de todos. “Filosofia é um assunto
que não interessa só ao especialista porque, por mais estranho que isto
pareça provavelmente não há homem que não filosofe; ou pelo menos,
todo homem se torna filósofo em alguma circunstância da vida. (…) o
importante é que todos nós filosofamos, e até parece que estamos
obrigados a filosofar”. (BOCHENSKI, 1977, p. 21)
Desafios
1
Considero muito interessante e indico pesquisa sobre as produções e
experiências do professor Sérgio A. Sardi, aqui no RS e GESEF (Grupo de
estudos sobre o Ensino de filosofia) de SP, coordenado pelo professor Sílvio
Gallo.
2
Tem como principal referência o professor Walter Omar Kohan.
precisa de disciplina, mas que não precisa ser disciplinador. Esse
movimento com os outros abre possibilidades, não traz possibilidades
fechadas, desta forma:
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Desde então trabalho como assessora pedagógica na Secretaria Municipal de
Educação e Esportes de Esteio.
4
Desde o ano 2000.
A formação continuada torna-se fundamental para professores de
disciplinas como a Filosofia que não têm “conteúdos fechados”, o que
possibilita aos mesmos trabalhar o que, e como considerarem mais
adequado, contudo esse “mar de possibilidades” pode nos levar a um
relativismo e prejudicar os alunos. O encontro de formação de
professores de uma mesma disciplina possibilita que os mesmos
compartilhem práticas, estudem e troquem opiniões sobre uma mesma
temática, dividam suas angústias e desafios relativos aos alunos e,
sobretudo que criem alternativas e possibilidades. Nas formações
continuadas do ano passado,5 os professores de Filosofia de Esteio
organizaram o I Fórum de Filosofia do município e iniciaram discussão
sobre as construções de referenciais teóricos norteadores para o ensino
de filosofia no Ensino Fundamental.
Desta forma a formação continuada de professores torna-se uma aliada
imprescindível dos professores de filosofia, pois nelas é possível
socializar dificuldades e construir possibilidades sobre a realidade que
estão trabalhando, uma vez que durante a formação acadêmica pouco
se fala de aprendizagem, ‘ensinagem’ e alunos.
Dentre minhas experiências como professora de filosofia escolhi a
primeira, para relatar brevemente, não saberia dizer se foi a mais
significativa, mas utilizando a linguagem de meus alunos, certamente foi
a mais “punk”.
O principal desafio que encontrei no início do trabalho de filosofar com
crianças, além do fato da escola não ter um plano de estudos dessa
disciplina, foi ser a primeira professora de filosofia desta escola e
conseqüentemente ter a tarefa de apresentar essa disciplina à
comunidade escolar e explicar o que era Filosofia. Como fazer isso com
crianças de 10 anos? Fiz algumas tentativas de conceituação, contudo,
como nessa faixa etária a abstração ainda está em construção,
5
2006
combinamos de construir esse conceito coletivamente ao longo de
nossos encontros.
No início trabalhei basicamente com a questão do admirar-se com as
coisas, com o "ouvir" e, "ver" o de outra forma que o habitual com o
pensar diferente sobre as coisas que pensamos em nosso cotidiano, com
o "ver" com outros olhos, para isso trabalhamos com músicas de
diversos estilos, diferentes textos e linguagens, diversas formas de se
expressar, se posicionar, escutar, respeitar opiniões diferentes sem a
pretensão de chegar a um consenso, trabalhamos sucintamente
Aristóteles e a questão da metáfora, liberdade, mídia, direitos dos
consumidores, entre outros trabalhos. Pois em meio a tanta excitação,
ansiedade, insegurança e porque não imaturidade profissional,
sustentei-me nas leituras de Marilena Chauí que no momento me
nortearam, cito:
6
Esse trabalho foi realizado em 5 semanas, em 2 períodos de aula em cada
semana.
Analisamos o “quadro” sobre violência e pensamos alternativas para tais
questões.
Propus que analisassem figuras e dissessem o que elas estavam
retratando.
Mostrei três figuras, duas de agressões e uma de carinho. Quando
mostrava a figura questionava, do que se tratava, se a pessoa estava
feliz, quem era o agressor e quem era agredido, se a situação poderia
ser invertida, quais os possíveis motivos, se havia alguma situação que
justificava tal atitude, se somos capazes de tais atitudes, o que nos
levaria a agir assim, etc. Sempre que respondiam, eu apresentava uma
hipótese que contradizia suas respostas levando-os a repesá-las.
Após a discussão sobre as figuras comentei que havia um filósofo que
tinha pensado sobre o “agir” das pessoas, que era Immanuel Kant.
Falei um pouco sobre Immanuel Kant e expliquei o imperativo
categórico, de uma maneira simplificada. Conversamos bastante sobre
essa “idéia” de Kant e sobre o que pensavam dela.
Para concluir esse trabalho fiz algumas perguntas relativas à violência,
sobre a maneira de como a humanidade se relaciona, e entre outras, se
concordavam com o filósofo Kant no que havíamos conversado sobre
suas idéias. Transcrevo aqui algumas respostas:
“Sim, Kant era uma pessoa muito geniosa, que pensava pelo mundo e
pelas atitudes de cada cidadão.” Jorge - 10 anos
“Sim, eu concordo com ele, pois ele fala que devemos pensar bem antes
de agir é por isso que eu concordo com ele, se uma pessoa mata a
família da outra tu não pode sair matando todo mundo”.Patrícia – 11
anos
“Sim, porque se todos pensassem antes em vez de fazer algo que outros
não gostem o mundo seria melhor”. Régis – 10 anos
Esse foi um breve relato de uma experiência inicial da minha caminhada
como professora de Filosofia no Ensino Fundamental, depois dessa
houveram outras, com modificações, talvez superações de algumas
dificuldades e enfrentamento de novos desafios. Hoje certamente faria
muitas coisas diferentes, contudo o que não abro mão é de propor aulas
de filosofia a partir da interlocução entre a realidade dos alunos e o
saber sistematizado dos clássicos, pois “o filósofo não se afasta de modo
algum da realidade cotidiana, mas sim das interpretações e valorações
cotidianas do mundo (…)” (LAUAND, 1988 p. 68).
Considerações finais
Referências bibliográficas