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FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO

Miki Breier∗
mikibreier@pop.com.br

Nesse momento em que a violência toma conta do país, em todos


os níveis, na família, no esporte, no trânsito, nas relações sociais e
empresariais, a educação começa a ser reconhecida por toda a
sociedade civil como a única saída. Hoje sabemos que educação é mais
saúde, mais possibilidade de emprego, mais renda, mais
desenvolvimento, mais qualidade de vida. Mas a educação precisa ser
qualificada nas suas propostas pedagógicas, necessita ser repensada e o
ensino de filosofia que já era obrigatório em vários estados no Ensino
Médio, no Rio Grande do Sul era opcional até 11/08/06 quando foi
aprovado o parecer 38 /06 que tornou obrigatório ensino da filosofia
e da sociologia no Ensino Médio em todo o país, e esta é uma
possibilidade real para a qualificação da educação.
A filosofia representa uma possibilidade, uma crença. Não que
esta seja a salvadora da pátria, mas uma esperança no futuro. Em 1990
foi publicado, em português, o livro A Filosofia Vai À Escola de Mathew
Lipman. Este concebe um programa de filosofia para crianças e
adolescentes visando cultivar o desenvolvimento da habilidade cognitiva
mediante discussões de temas filosóficos. Lipman acredita ser a filosofia
a disciplina, por excelência, capaz de favorecer o desenvolvimento da
capacidade das crianças de fazer juízo logicamente correto, estimular
atitudes éticas e o pensamento reflexivo.
A filosofia proposta não é enigmática, abstrata e distante da
realidade, dos antigos compêndios filosóficos. Criança gosta de


Programa de Pós Graduação em Filosofia da PUCRS.
perguntar, filósofos também. O que aproxima o filósofo da criança são
justamente as indagações sobre o conhecimento, sobre valores, sobre
natureza, sobre o homem. ”As crianças tem dentro de seu universo,
suas angústias e dúvidas e sentem prazer nas descobertas que a
filosofia proporciona” (Bernardina Leal).
A filosofia tem por objetivo fazer com que os estudantes se
tornem cidadãos capazes de oferecer contribuição pessoal na construção
continuada, nas referências orientadoras de suas vidas humanas.
O contexto do mundo atual impõe um grande desafio aos
educadores: a formação de pessoas com habilidades necessárias para
transformar informação em conhecimento e conhecimento em ações
conseqüentes; a velocidade com que são produzidas e repassadas as
informações exige uma forma mais elaborada de apreensão,
possibilitando, assim, relacioná-las e delas extrair tudo aquilo que está
implícito. Além disso, o indivíduo desta sociedade em rápida
transformação, terá maior êxito se interagir autonomamente com o
meio.
A educação tem papel de destaque nessa formação, sendo
necessário para isso dar os instrumento, para que os alunos elaborem
novos conhecimentos, enfrentem novos desafios, relacionem as
informações e tirem suas próprias conclusões.
Um programa de filosofia precisa, além da iniciação filosófica,
educar para pensar e preparar para uma cidadania responsável. Esta
exige comportamento, atitude de cooperação, respeito mútuo, interesse
por objetivos comuns, avaliação crítica, que são, dentre outros,
elementos importantes para o exercício democrático na sociedade.
Ocupar espaços de cidadania exige que as pessoas:

• Respeitem o ponto de vista do outro;


• Que o ponto de vista do outro tenha o mesmo valor que o seu;
• Respeitem regras combinadas;
• Discutam e modifiquem as regras, mas com consciência de que
estas são necessárias para a vida em comum;
• Entendam que todos somos iguais e igualmente dignos de
respeito.

Estes são elementos éticos necessários as relações sociais. “A


filosofia é simples na medida em que se fala sobre situações pessoais,
acontecimento, conversas, romances, música, desenho filmes novelas,
futebol, negócios etc.” (Ghiraldelli). Com esses temas estaremos
provocando as crianças e jovens a notarem o que a maioria não
percebe.
“A filosofia fala do banal” para “desbanalizar o banal” (Ghiraldelli).
Banal é tudo que é corriqueiro, mas não nos remete exclusivamente a
situações e coisas corriqueiras e sim ao que não nos damos conta em
nossa vida cotidiana; o banal é aquilo que a maioria das pessoas está
acostumada que esta aí, o estabelecido, sobre o qual é descabido ter
curiosidade ou que parece loucura querer mudar, o trivial.
A filosofia não nos faz passivos do tipo “isso é assim mesmo”. A
filosofia levará nossos alunos a pensar nas causas, encontrar razões, e
assim, teremos alunos questionadores, capazes de ver que, o que
esta estabelecido, pode ser questionado.
Etimologicamente, a filosofia pode ser apontada como o amor pelo
saber, querer saber, enfim, o respeito pelo conhecimento. As aulas de
filosofia ajudarão a desenvolver habilidades cognitivas. O conhecimento
sobre os temas deve ser construído coletivamente e a sala de aula
passará a ser uma comunidade de investigação.
“A tarefa da filosofia é, entender o que é, pois o que é, é a razão.
No que diz respeito ao indivíduo, cada um é por sua parte, filho de seu
tempo; do mesmo modo, a filosofia é seu tempo apreendido em
pensamento. É igualmente insensato crer que a filosofia pode ir além
de seu tempo presente, como um indivíduo que possa saltar por cima
de seu tempo. Mas sua teoria vai na realidade além e constrói um
mundo tal como deve ser, este existirá por certo, mas somente em sua
opinião, elemento maleável no que se pode plasmar qualquer coisa”.
(Hegel, G. W. F.). A filosofia aparece no tempo só depois que a
realidade consumou seu processo de formação e já se acha pronta.
Como disse Moacir Gadotti, vivemos na era do conhecimento. Se
for pela importância dada hoje ao conhecimento em todos os setores,
podemos dizer que vivemos mesmo na era do conhecimento, da
sociedade do conhecimento, sobretudo em conseqüência da
informatização e do processo da globalização das telecomunicações a
ela associado. Pode ser que tenhamos mesmo ingressado na era do
conhecimento, mesmo admitindo que grande massa da população esteja
excluída dele. Neste contexto cabe a escola organizar um movimento
global de renovação cultural. A escola não pode ficar a reboque das
inovações tecnológicas. Ela precisa ser o centro de inovações
tecnológicas.
Gramsci tinha razão em dizer “Todos somos filósofos”, não como
especialistas em filosofia, mas como necessário ser amantes da
sabedoria. Se a filosofia tem por fim ensinar a pensar, ela terá um
espaço maior na educação daqui para frente. A filosofia para jovens e
crianças não esta preocupada em formar discípulos para perpetuar essa
ou aquela corrente filosófica ou uma certa visão de mundo, mas ajudar
a pensar e transformar o mundo.
A filosofia deve servir para a análise reflexiva da situação do
estudante, do professor e, sobretudo da realidade. Mas para isso é
necessário que ela seja inquietante e inquietadora e abandonar a
tradição de se perder no impessoal, no abstrato em si, para escutar e
perceber o trabalho pelo qual o homem constrói a si mesmo e constrói
a sociedade do futuro.

Os saberes filosóficos

Filosofia e Ciência

Em sua busca de explicar e compreender o mundo, a ciência


procura ampliar ao máximo o conhecimento racional do homem. Nessa
trajetória, ela se desenvolve investigando setores específicos da
realidade constituindo as diversas áreas especializadas das disciplinas
científicas, como a física, a matemática, a química, a biologia, a
astronomia e outras.
O saber científico, em última análise, não se opõe ao saber
filosófico. O que os diferencia é, sobretudo, uma questão de enfoque: a
ciência interessa-se mais em resolver problemas específicos,
delimitados, enquanto filosofia busca alcançar uma visão global,
harmônica e crítica do saber Humano.
A iniciação ao estudo da filosofia deve aprofundar esse
conhecimento e à medida que transcorrer seu avanço escolar ir
desenvolvendo o conhecimento acumulado pela humanidade na área
científica e filosófica. Assim, desde cedo aprenderá a desmistificar a
sacralização do conhecimento científico e conhecer a filosofia ética, ou
seja, a busca do conhecimento do ser para construir aquilo que deve
ser.

O método científico que levou à dominação cada vez mais


eficaz da natureza, passou assim a fornecer tanto os
conceitos puros, como os instrumentos cada vez mais
eficazes do homem pelo homem através da dominação da
natureza (...) Hoje a dominação se perpetua e se
estende, não apenas através da tecnologia, mas enquanto
tecnologia, esta garante a formidável legitimação do
poder político em expansão que absorve todas as esferas
da cultura” (Marcuse,H. Habermas, J. Técnica e Ciência
Enquanto “ Ideologia”, p. 315 ).

Esta dominação, hoje, compromete o futuro do planeta, conforme


sabemos pelos estudos sobre o aquecimento planetário. Já
presenciamos o esgotamento de muitas outras fontes de recursos
naturais devido ao seu uso irresponsável decorrente da exploração do
homem sobre a natureza.

Filosofia Moral

A filosofia moral é a busca do conhecimento do ser para construir


aquilo que deve ser um juízo de valores, uma vez que nos dias atuais os
pais estão sem tempo para passar esse conhecimento para os filhos.
Cabe à escola organizar esse conhecimento, ajudar nossos alunos
a fazer um julgamento moral a partir dos valores da comunidade. Moral
e ética são estudos pertinentes nos dias atuais, talvez mais do que em
outros momentos, para entendermos, por exemplo, as causas da
violência ou da maldade nos dias atuais. Sejam elas praticadas pelo
homem contra as pessoas, contra si mesmo ou contra a natureza.

Filosofia e Ética

Filosofia e Ética devem servir para qualificar as relações na escola,


diminuir a indisciplina, a falta de limites e de autoridade dos
professores, de violência e de humilhações que desarmonizam o
convívio escolar. Para tanto, a escola precisa de um trabalho conjunto
com a comunidade escolar, ou seja, uma ação que perpasse por todas
as relações da escola, para que o aluno tenha a sua frente uma visão
clara do que o mundo espera dele.
A filosofia moral e ética nos faz pensar se o homem apenas
reproduz os impulsos orgânicos de sua espécie ou se apenas reproduz a
influência do seu meio ambiente, ou ainda, se apenas repete o padrão
da sociedade em que vive. A violência institucionalizada pelo sistema de
exploração social, a violência dos salários de fome, a falta de moradia, a
falta de saúde pública de qualidade, o descaso com a educação, o
preconceito racial, social e sexual, acumulado por gerações, fazendo
explodir este surto de crueldade praticada até por menores de idade,
que conforme pesquisas, na maioria dos casos são adolescentes que não
concluíram nem mesmo a quinta série do ensino fundamental.
Com a mãe trabalhando fora, pai ausente, família desconstituída,
sem amor, sem direitos, sem ter a quem recorrer, sem uma escola
inclusiva e com a mídia apelativa ao consumo desenfreado formamos
um exército de jovens dispostos a tudo para ter seu objeto de desejo.
O avanço do estudo da filosofia poderá conduzir os alunos a
entender as transformações das normas morais desde a Antigüidade
com os pré- socráticos, passando pelos Sofistas , por Platão, Aristóteles,
Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, Kant, Hegel, Kierkegaard,
Nietzsche, Freud, Marx até chegarmos aos mais modernos e sonhadores
filósofos de nosso tempo. Todos esses estudos nos conduzirão ao
humanismo, uma postura filosófica que busca no conhecimento da
natureza ou condição humana a fundamentação para as normas éticas
e os valores que devem orientar a vida individual ou coletiva” (Cotrim,
Gilberto. Fundamentos da filosofia).
Esperamos poder contribuir de forma positiva na construção de
seres humanos verdadeiramente preparados para enfrentarem o mundo
com um olhar mais sensível e mais comprometido com o seu
semelhante. Este ser humano ideal poderá brotar dentro de cada sala de
aula da rede Estadual de ensino se as crianças de hoje forem instigadas
pela filosofia a serem mais afetos ao seu próximo.

Bibliografia

COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia. São Paulo: Saraiva 2002.


HEGEL, G. W. F. Fenomenologia do espírito. Petrópolis: Vozes 1988.
GADOTTI, Moacir. Transformar o mundo. São Paulo: FTD, 1991.
GHIRADELLI Jr., P. Filosofia da educação. São Paulo: Ática, 2006.
GRAMSCI, Antonio. Concepção dialética da história. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira.
MARCUSE, H. Técnica e ciência enquanto ideologia.

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