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O PENSARE E OS ESPAÇOS DO FILOSOFAR

Ethon Fonseca
pataphysic@hotmail.com.
Ivone Bengochea∗
ivben2002@yahoo.com.br

O PENSARE, Centro de Estudos de Filosofia, Educação e


Humanidades é uma associação civil sem fins lucrativos, formada por
professores e profissionais na área humanística com o objetivo de
permutar vivências, buscar a valorização profissional e, basicamente,
pensar o ensino das disciplinas, através de uma reflexão em grupo,
viabilizando a revitalização do saber filosófico e humanístico e o
aprimoramento da docência.
Foi organizado, em 1993, por um grupo de professores de
filosofia no ensino médio, durante o Seminário Pensando o Ensino
que se Ensina, sediado na PUCRS, promovido pela Editora Moderna e
por entidades educacionais.
As atividades do PENSARE consistem, essencialmente, em
estudar, pesquisar e construir espaços culturais curriculares e
extracurriculares que incentivem a expressão e a discussão da
literatura filosófica e humanística através de projetos de Educação
Continuada, Leituras Impertinentes, Intercâmbios Culturais e outras
ações como encontros, oficinas, cursos, seminários em parcerias com
entidades educativas culturais, sindicais e associativas.
Integramos, com os demais segmentos educacionais e da
sociedade civil a luta, recentemente vitoriosa, pela explicitação legal
da Filosofia e da Sociologia na grade curricular das escolas de ensino
médio. Entendemos que o acesso à educação e à cultura é direito de
todas as pessoas e também, é nosso dever como educadores,
professores de filosofia e das áreas humanísticas e possibilitar o


PENSARE www.pensareedu.com.
encontro dialógico com a leitura e com os acervos filosóficos,
históricos e culturais, heranças dos conhecimentos construídos e
acumulados pela espécie humana.
São perceptíveis as conseqüências das lacunas ocasionadas
pela longa ausência da não obrigatoriedade legal do ensino de
filosofia e sociologia no que se refere aos conhecimentos da temática
filosófica e humanística. Grande parte da população egressa da escola
pública apresenta muito pouco conhecimento neste campo de estudo.
Entretanto, a carência de conhecimentos de temas filosóficos,
sociológicos e humanísticos não impede que as pessoas, quando
instigadas, despertem interesses pelos assuntos. “Mulheres e homens
somos os únicos seres, que, social e historicamente, nos tornamos
capazes de apreender. Por isso somos os únicos em que aprender é
uma aventura criadora, algo, por isso mesmo, muito rico do que
meramente repetir a aula dada. Aprender para nós é construir,
reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao
risco e à aventura do espírito”. (Freire, 2004, p. 69). Os alunos de
um modo geral, os jovens e os adultos e a comunidade escolar como
um todo, quando provocados e reunidos em torno da leitura,
interpretação e debate de textos, criação gráfica e textual
apresentam resultados satisfatórios, movidos por uma grande
aventura criadora, como assevera Freire.
A escola brasileira encontra-se imersa no emaranhado de
questões dramáticas em seu cotidiano tais como: as situações de
múltipla violência urbana, indigência do vocabulário dos alunos,
indisciplina generalizada, drogadicão precoce da juventude,
desestímulo dos professores entre outras mazelas. Muitas vezes,
cobra das disciplinas humanísticas, em especial da filosofia, que
apontem caminhos e soluções que a sociedade não consegue
vislumbrar.
Os administradores escolares, equivocadamente, esquecem que
não existe escola e educação sem filosofia para basilar seus
pressupostos teóricos e suas ações práticas. Assim, “O educador não
pode realizar sua tarefa e dar a sua contribuição histórica se o seu
projeto de trabalho não estiver lastreado nesta visão da totalidade
humana. À filosofia da educação cabe então colaborar para que esta
visão seja construída durante o processo de sua formação. O desafio
radical que se impõe aos educadores é de um indigente esforço para
a articulação de um projeto histórico-civilizatório para a sociedade
brasileira como um todo, mas isso pressupõe que se discutam, com
rigor e profundidade, questões fundamentais concernentes à condição
humana” (Severino, 1997, p 14 e 15).
Compreendendo que o currículo não consegue abarcar todo o
fluxo de informações e conhecimentos, valores cognitivos e
pedagógicos que as cidades incluem para dar sentido ao exercício
consciente da cidadania e que também, não existe desenvolvimento
econômico sem desenvolvimento educacional e humano. Assim, seria
um equívoco separar a atividade filosófica da realidade circundante.
“A filosofia é uma atividade teórica de reflexão e de crítica de
problemas que a realidade apresenta e esses problemas refletem
necessidades e exigências de uma época e de uma realidade; nesse
sentido, a filosofia só poderá encontrar a sua “verdade” na sua
“adequação” a essa realidade concreta que não é permanente, mas
fundamentalmente histórica”. (Cartolano, 1989 p. 19).
O ensino de Filosofia é visto, muitas vezes, como um saber
inútil, sem nada a ver com o cotidiano da escola e das pessoas e, em
algumas situações, como um remédio eficaz para todos os males que
assolam a educação como um todo. Sobre a visão da inutilidade da
reflexão filosófica nos valemos de um diálogo do imortal cartunista
Quino e a sua personagem Mafalda quando questiona seu amigo
Manolito sobre o conteúdo do jornal que ele está lendo.

Mafalda − O que tem neste recorte de jornal Manolito?


Manolito − As cotações do mercado de valores.
Mafalda − Valores morais? Espirituais? Artísticos?
Humanos?
Manolito − Não, dos que servem para alguma coisa
(Quino, Todo Mafalda, 1993 p. 56).

É verdade que a Filosofia não interfere no funcionamento do


mundo dos negócios, não coloca o alimento nas nossas mesas, não
organiza o espaço aéreo e o pouso dos aviões, não traz receita para
os nossos desconsolos existenciais. Talvez por isso a relutância dos
legisladores em incluí-la nos currículos do ensino médio para
entabular o pensar e os questionamentos de Mafalda, no nosso
mundo permeado pelo consumismo, pelo imediatismo, pela ditadura
do mercado de valores, onde tudo é comprado, inclusive os corações
e as mentes da juventude.
Entretanto, a filosofia tem as suas urgências nas veredas
contraditórias do mundo contemporâneo que nos remete à
necessidade de pensar porque “na arte de pensar por nós mesmos
aprimoramos a sabedoria de nosso ser como na arte de ouvir
aprimoramos o entendimento dos sons Então, no ouvir degustamos o
saber do som e pensar degustamos a sabedoria de vida”. (Buzzi
1992, p. 8). A filosofia como também nenhuma outra disciplina
escolar carrega em si a varinha mágica da transformação social de
que tanto carecemos. Mas, todo o educador consciente tem em vista
a importância do ser humano como sujeito histórico e político que
passa a dizer sua palavra, deixando de ser repetidor e apropriando-se
efetivamente de conhecimento, resignificando e criando os seus
espaços na valorização da interação dialógica entre os diversos
saberes debatendo criticamente sua inserção no plano existencial.
A plenitude da cidadania, não pode e não deve ser apenas
expressão que dorme placidamente nos textos oficiais, prescindindo
de prática permanente, continua e cotidiana. A experiência
democracia reflete-se na moldura do modo de vida em que cada ser
humano expressa a sua individualidade como desdobramento da ética
da vida e no mundo concreto. “Só se aprende para a vida quando não
somente se pode fazer a coisa de outro modo, mas também se quer
fazer a coisa desse outro modo. Só essa aprendizagem interessa à
vida e, portanto, a escola. Tal aprendizagem é, inevitavelmente, mais
complexa que a simples atividade informativa” (Teixeira, 2000, p.
65). Portanto, a educação no seu sentido pleno necessita de homens
e mulheres conscientes, informados e com capacidades de solucionar
os seus próprios problemas éticos e morais.
Os estudos realizados pelo PENSARE, nas escolas públicas de
ensino médio, em 2002, destacam que a Filosofia, mesmo sendo um
dos mais antigos campos do saber humano, transita nas escolas de
ensino médio sem a desenvoltura das demais disciplinas do currículo.
Incompreendida pelo sistema escolar, que não tem claro o papel no
ensino como um pensar problematizador e não uma coleção de
problemas. ”A filosofia impede a estagnação que resulta do não-
questionamento” (Aranha, 2002, p106). A filosofia na escola ainda
carece de legitimação mesmo que legalmente explicitada.
Em nossos dias, muitas escolas de ensino médio nas redes
públicas e privadas contam com a Filosofia em suas grades
curriculares. Porém, o olhar mais detalhado torna perceptível que seu
papel no currículo ainda carece de sentido: não existe clareza pelas
coordenações pedagógicas e do sistema escolar como um todo acerca
do papel da filosofia e sua especificidade.
Em boa parte dos discursos oficiais e na retórica das
autoridades brasileiras, o ensino de filosofia é exaltado como um
componente indispensável para a formação integral dos jovens e
como ferramenta para o desenvolvimento da consciência crítica e da
cidadania. Essa glorificação da disciplina de filosofia não está restrita
apenas à retórica dos discursos, mas está gravada, no mínimo em
dois textos. Trata-se de duas cartas de intenções, assinadas no
exterior por autoridades brasileiras: a “Declaração de Paris para a
Filosofia”, em 1995, e o “Relatório Jaques Lecors”, em 2001.
A Declaração de Paris, por exemplo, é subscrita por filósofos de
várias partes do mundo. É resultado de uma enquête entre os países
filiados a Unesco sobre a situação do ensino de filosofia. Contém,
além disso, uma vasta reflexão filosófica de caráter propositivo sobre
o assunto.
A declaração também contempla a urgência em propagar a
educação filosófica, tornando-a acessível para a maioria dos cidadãos.
No texto ainda destaca que “a educação filosófica deve ser
assegurada por professores competentes, especialmente formados
para esse fim e não pode ser subordinado a nenhum imperativo
econômico, técnico, religioso, político e ideológico” (Carta de Paris,
1995).
Por sua vez, o Relatório Jaques Delors é o documento dirigido
para a Unesco da Comissão Internacional sobre educação para o
século XXI, onde recomenda que a educação deva ser organizar em
torno de quatro grandes aprendizagens: aprender a conhecer,
aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.
Os dois textos documentais, mesmo sendo elaborados em
espaços de tempos distintos. Porém, ambos recomendam não só a
necessidade de conhecimentos filosóficos para a formação da
cidadania e apontam para a urgência da explicitação da filosofia como
disciplina que deve fazer parte integrante da grade curricular de
forma inequívoca.
Neste sentido, é fundamental a investigação sobre o lugar da
filosofia no ensino médio e o papel que a disciplina desempenha
dentro dos currículos, já que a explicitação legal já é uma realidade
em nosso país.
Entre as inúmeras deficiências que envolvem o ensino de
filosofia são perceptíveis: a carência de referenciais teóricos e
metodológicos; a diminuta carga horária; os conteúdos desconexos e
desconectados da realidade; e o fato de um número expressivo de
professores da disciplina não serem habilitados para tal exercício.
O primordial no ensino de filosofia é despertar o espírito
filosófico e possibilitar ao estudante o pensamento reflexivo e critico
forjador das próprias idéias, despertando a atitude de diálogo e situá-
lo como um ser que pensa, reflete e interage no mundo com seus
semelhantes. ”Ora saber pensar é na essência a capacidade de
questionar criticamente, interpretar a realidade e conhecimento
disponível, avaliar processos e assim por diante. Simples treinamento
não basta porque conserva a pessoa como objeto útil” (Demo, 1994,
p. 25). Assim, temos em frente muitos desafios.
Como sensibilizar os professores para que possam refletir sobre
suas vivências diárias na sala de aula? Como incentivá-los a construir
espaços que melhorem o ensino de filosofia? Como proporcionar aos
profissionais do ensino uma formação aprofundada nos níveis
teóricos, prático e criativo orientada para docência.

Bibliografia

ARANHA, Maria Lucia de Arruda Filosofia da Educação. São Paulo.


Moderna 2002
BUZZI, Arcângelo. Filosofia para Principiantes. Petrópolis. Vozes.
1992
CARTOLANO, Maria Teresa Penteado Filosofia no Ensino de 2º Grau
São Paulo RA: Cortez, 1989.
DELORS, Jaques. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo:
Cortez. 2001
DEMO, Pedro. Desafios Modernos da Educação. Rio de Janeiro, Vozes.
1994
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à
prática educativa. São Paulo. Paz e Terra. 2004.
LAVABO, Joaquim Salvador. Todo Mafalda. Barcelona. Editorial
Lumes. 1993
SEVERINO, Educação, Ideologia e contra- Ideologia. São Paulo. EPU,
1997.
TEIXEIRA, Anísio Pequena Introdução à Filosofia da Educação . Rio de
Janeiro. DPA. 2000.
UNESCO. Philosophie et Democratie dans le Monde – Une enquête de
Unesco, Librerie Generale Francaiese, 1995.

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