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A FILOSOFIA COM CRIANÇAS NA PERSPECTIVA LITERÁRIA A

PARTIR DE UM OLHAR FILOSÓFICO NA INFÂNCIA

Cláudia C. L. Poli∗
claudiaclucchesi@yahoo.com.br

Educadores onde estarão? Em que covas


terão se escondido?
Educador [...].não é profissão; é vocação. E
toda a vocação nasce de um grande amor,
de uma grande esperança... os educadores
são como velhas árvores.
Possuem uma face, um nome, uma "estória"
a ser contada. Habitam um mundo em que
o que vale é a relação que nos liga aos
alunos (educandos), sendo que o aluno é
uma "entidade" sui generis, portador de um
nome, também de uma "estória", sofrendo
tristezas e alimentando esperanças.
E a educação é algo para acontecer nesse
espaço invisível e denso, que se estabelece
a dois (e em grupos).
Rubem Alves

Introdução

Começo este relato apropriando-me do pensamento de


Krishnamurti em Educação e o Significado da Vida: "A educação não
é uma simples questão de exercitar a mente. O exercício leva à
eficiência, mas não produz a integração. A mente que foi apenas
exercitada é o prolongamento do passado, nunca pode descobrir o
novo. Eis por que, para averiguarmos o que é educação correta,
cumpre-nos investigar o total significado do viver".
Este trabalho é fruto de atividades de Filosofia com Crianças
realizada no Colégio Estadual Cel. Afonso Emílio Massot com alunos


Colégio Estadual Cel Afonso Emílio Massot, Porto Alegre. Graduando do Curso de
Licenciatura em Filosofia, IPA.
de 1ª série do Ensino Fundamental no ano de 2006, e tem como
objetivo analisar e refletir o contexto sócio-educativo na prática
escolar, considerando os aspectos da caracterização das crianças, a
partir da bibliografia trabalhada, assim como a análise reflexiva que
permeia a atividade docente neste contexto e sua significação de
educação como função na formação da sociedade. Esta atividade foi
realizada com crianças na faixa-etária entre 6 aos 8 anos, da 1ª
série, num total de 21 crianças, no turno da tarde na referida escola.
Para a realização desta atividade foi necessário realizar,
principalmente, a observação do contexto sócio-educativo, para a
elaboração de um planejamento que viesse a contemplar os objetivos
propostos em Filosofia com Crianças, a partir de uma perspectiva
literária diante de um olhar filosófico na infância.
Depois disso, foi realizada uma análise reflexiva, a partir das
bibliografias trabalhadas que contemplam o desenvolvimento de
filosofia com crianças, como também a utilização do pensamento de
Paulo Freire, constituído uma análise a partir dos pressupostos
observados a realização da atividade.
Assim, baseado nestes pressupostos, é possível desenvolver
uma perspectiva teórica diante da relação educação e filosofia,
através de dimensões afetivas e biológicas que constituem o binômio
do atendimento nas Séries Iniciais.

Desenvolvimento da Atividade

As crianças foram convidadas a participarem de uma Hora do


Conto diferenciada.
No canto da leitura, em círculo foi desenvolvida a história
"Nicolau tinha uma idéia na cabeça", de Ruth Rocha.
A história foi relatada de forma oral, utilizando-s apenas as
imagens do próprio livro. Durante o relato foram sendo feitos os
seguintes questionamentos:
Professora: O que vocês acham que as pessoas pensam ?
Alunos: Várias coisas.
Professora: O que Nicolau esta pensando?
Aluno: Em voar.
Professora: Por que em voar?
Alunos: Porque são coisas do céu, coisas do país.
Professora: Por que mais será que ele quer voar?
Alunos Para ver como as coisas são lá de cima
Professora: Todos podemos voar?
Aluno: Não, porque não temos asas
Professora: E se quiséssemos voar, como poderíamos?
Aluno: Temos que morrer para voar.
Professora: O que vocês vêm no pensamento dos personagens
da história?
Alunos: Arco-íris por causa do céu para ficar colorido, frutas,
passarinhos e asas para voar.
Professora: E por que nós temos idéia?
Aluno: Porque nós pensamos
Professora: Por que nós pensamos?
Aluno: Porque somos pensativos.
Professora: Por que somos pensativos?
Aluno: Por que somos seres pensantes.
Professora: Por que somos seres pensantes?
Aluno: Porque usamos o cérebro para pensar.

Após os questionamentos, foi sugerido que os alunos


desenhassem ou escrevessem as suas idéias.
Foi oferecido às crianças uma folha com desenho de um balão
em forma de história em quadrinho, com o seguinte título "Quais são
as minhas idéias?".
As crianças desenharam e depois relataram o significado dos
desenhos, enfatizando suas idéias e seus questionamentos diante das
reflexões sobre o pensar e sua análise sobre o seu olhar da história.

Análise

Não é possível fazer uma reflexão sobre o que é a educação


sem refletir sobre o próprio homem.
É o momento de pensar sobre nós mesmos, onde diante do
processo de construção social sustente o processo de educação.
Refletir sobre educação implica uma busca por objetivos
realizados por nós como sujeitos da própria educação,
transformadores de uma realidade e fazedores de um mundo mais
valorizado. Avançamos no processo educativo quando nos tornamos
críticos e fazedores de nossa práxis.
Sem dúvida, ninguém pode buscar isto de forma exclusivamas
na coletividade, na comunhão com outras consciências. É preciso
estabelecer posicionamentos e interesses, respeitando as concepções,
caso contrário se faria de umas consciências objeto de outras.
Seria "coisificar” as consciências, Jasper afirma: "Eu sou à
medida em que os outros também são”.
O homem não é uma ilha. É comunicação. Logo, há uma
estreita relação entre comunhão e busca.
É possível refletir, diante dos avanços e limites da filosofia
propriamente dita, sobre características muito presentes na filosofia
de Paulo Freire: "O homem tende a captar uma realidade, fazendo –a
objeto de seus conhecimentos. Assume a postura de um sujeito
cognoscente de um objeto cognoscível". Isto é próprio de todos os
homens, e não privilégios de alguns. Por isso, a consciência reflexiva
deve ser estimulada: conseguir que o educando reflita sobre sua
própria realidade.
Acredito ter estabelecido esta relação durante a atividade
proposta aos alunos, possibilitando a estes refletirem e
compreenderem seu papel diante da formação social e de sua
autonomia frente ao pensar: “Só transformamos o velho e
construímos o novo, quando somos capazes de refletir e compreender
nossas ações".
Quando nos propomos a trabalhar com crianças pequenas
devemos ter como princípio conhecer seus interesses e necessidades.
Isso significa saber verdadeiramente quem são, o que pensam, suas
histórias, suas características, além de considerar a realidade na qual
estão inseridos e suas experiências trazidas para sala de aula. É
importante possibilitarmos a liberdade na forma de pensamento
reflexivo sobre suas atitudes e suas relações com o outro, fazendo-os
perceber o significado de seus pensamentos diante do mundo e da
sua própria vida.
Toda a reflexão visa levar o sujeito ao desenvolvimento de sua
subjetividade, assim como permitir a contextualização daquilo que
está posto diante de uma visão pragmática de sociedade, onde o
docente tende a trazer pronta as idéias e atividades que serão
desenvolvidas com seus alunos, ao possibilitar a interação com o
outro através da reflexão e troca de suas idéias, possibilitamos ao
aluno a inserção no mundo e conseqüentemente estabelecemos
vínculos afetivos, éticos, morais, enfim valorizamos o aluno como
sujeito de sua práxis.
Ao estabelecermos esta relação do aluno com sua práxis,
valorizando suas capacidades de forma dialética, na busca das
dificuldades às quais o ser humano vivencia durante sua curta
existência, na especialização de suas funções, e não na generalização
e execução de tarefas.
O educador, no exercício de sua função, de sua missão de
educar de forma global, deve estabelecer relações sem
hierarquização, priorizando o olhar do aluno diante da vida e do
mundo, percebendo suas necessidades. Pois há uma imensa
complexidade no ato de educar. Esta é uma tarefa que exige paixão,
reflexão, estudo, mas que também propicia muita valorização da vida
e, principalmente, deste sujeito, onde as formas de relações sociais,
habilidades e posturas lhe serão fundamental por toda a vida.
Assim, diante da socialização de uma proposta reflexiva de sua
práxis e conhecimento através das relações, é possível perceber que
os alunos, frente ao processo de formação de sua cidadania,
desenvolvem a sua capacidade de escolher e de pensar em suas
escolhas.
É possível perceber, a partir desta análise, que não existe uma
resposta única nem definitiva para o desenvolvimento de Filosofia
com Crianças, mas que este pode e deverá ser um caminho para que
possamos possibilitar a busca por um mundo mais justo, onde o
sujeito seja o realizador de sua práxis, e assim possa refletir sobre
seu papel social através de atividades que venham a proporcionar
esta reflexão.
O papel do filósofo professor, ao propor atividades que
possibilitem um olhar filosófico na infância, é o de mediar a reflexão e
a contextualização deste sujeito diante de suas problematizações.
Portanto, é importante determinar que, ao iniciarmos qualquer
mudança, ela é externa e interna.
Acredito que diante do processo estabelecido nesta práxis
filosófica diante do olhar reflexivo da criança, ao pensar em seus
conflitos e tentar, a partir do exercício do pensamento, abrir-se para
o mundo, inicie-se uma nova etapa de crescimento na qual a ação se
passa dentro, e não fora de nós.
Diante desta análise, é possível perceber que durante o
desenvolvimento deste trabalho foi proporcionado, não só aos alunos,
mas principalmente a mim enquanto educadora, uma reflexão diante
do meu papel como filósofa, possibilitando-lhes a liberdade de
transformar e de refletir suas relações e práticas a partir de seus
próprios olhares filosóficos de mundo, estabelecendo a possibilidade
de realização de um ideal.
Para complementar esta análise, cito Rubem Alves: "Enquanto a
sociedade feliz não chega, que haja pelo menos fragmentos do futuro
em que a alegria é servida com sacramento, para que as crianças
aprendam que o mundo pode ser diferente. Que a Escola, ela mesma,
seja um fragmento do futuro".
Conclusão

Tendo em vista as observações realizadas e a atividade


desenvolvida que nos falam das relações humanas, da
conscientização e da busca por uma sociedade mais justa, permito-
me refletir sobre o meu papel como filósofa.
A necessidade de uma formação contínua para o bom
desempenho docente se faz presente em todos os momentos em que
nos deparamos com tantas realidades diferenciadas.
Ao iniciar esta atividade de Filosofia com Crianças tão
pequenas confesso ter me sentido angustiada, não quanto ao
relacionamento com os alunos, mas sim diante da aceitação da
proposta de trabalho à qual me propunha. A receptividade da turma
fez com que este momento fosse superado.
Não importa o quão preso esteja a pessoa ao mundo alheio,
racionalizações, análises e intelectualizações. Não importa quão
imersa esteja nos padrões, valores e metas do sistema, ela pode
decidir, no momento seguinte, alterar todo o seu curso de sua vida.
Ela pode se transformar naquela que realmente é, criando novos
significados e valores e realizando potências mais condizentes com o
seu verdadeiro eu.
Acredito que consegui estabelecer esta relação através das
relações estabelecidas com meus alunos, fazendo desta experiência
um momento de troca, aprendizado e busca de um caminho por um
mundo mais justo: ”A autonomia, elemento fundante da cidadania,
repousa também o risco da criatividade de perguntas, ou seja, na
capacidade de descobrirmos o fecundo papel da ignorância. A nossa
marca registrada é a de seres que se conhecem incompletos e que
descobrem o prazer de produzir não só bens de consumo, nem só de
se reproduzir sexualmente, mas também de construir conhecimentos,
explicações para a vida” (SILVA, Maria Cecília Pereira da).
O significado da educação está na liberdade de respeitarmos
as idéias e as experiências do outro. Assim, todo o trabalho filosófico
visa levar o indivíduo à reflexão e problematização de seu mundo, ao
pleno desenvolvimento de suas capacidades de forma constante e
dialética, buscando as dificuldades que o ser humano vivencia
durante sua existência, devendo estas estar na especialização de
suas funções e não na generalização e execução de tarefas e
habilidades mais simples e básicas do educador no exercício de suas
funções.
Toda a missão traz em si a escolha livre da atuação. Isso
garante o compromisso reflexivo de um pensamento que compreenda
o verdadeiro significado da infância. Só assim poderemos
compreender quais as reais possibilidades da reflexão de um
pensamento filosófico com crianças diante de uma perspectiva
literária a partir de um olhar filosófico na infância.
A paixão é sempre provocada pela presença ou imagem de algo
que me leva a reagir, geralmente de improviso. Ela é, então, o sinal
de que eu vivo na dependência permanente do outro (SILVA, Maria
Cecília Pereira da).

Bibliografia:

ALVES, Rubem Azevedo. Conversas com quem gosta de ensinar. 22ª


ed. São Paulo, Cortez Editores Associados, 1988.
FREIRE, Paulo. Educação como prática de liberdade. 13ª ed. Rio de
Janeiro, Paz e Terra, 1982.
SILVA, Maria Cecília Pereira da. A paixão de formar: da psicanálise à
educação. Porto Alegre, Artes Médicas, 1994.

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