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APOSTILA DE DIREITO CIVIL – PARTE I

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O que é DIREITO?
É o conjunto de normas jurídicas que regem o país.
O direito só pode ser imaginado em função do homem vivendo em sociedade.
As normas de uma determinada sociedade, podem ser acompanhadas de maior ou menor força
coercitiva.
Os preceitos de etiqueta são menos intensos que os preceitos de moral, e esses menos intensos
que as normas de direito. Entretanto um e outro apresentam certa força coercitiva e a desobediência a
qualquer deles provoca uma reação da sociedade, que é a sanção.

NORMAS - DIREITO
- MORAL

As normas de direito sujeitam o infrator a uma sanção mais severa (poder público).
As normas que vem acompanhadas de uma sanção oriunda do poder público são as normas de
direito positivo.
Já as normas que orientam o comportamento dos indivíduos são as normas de ordem moral.

A moral contém todas as normas reguladoras da vida em sociedade. O direito contém aquelas
normas munidas da força coercitiva do estado.

DIREITO OBJETIVO - conjunto de normas que a todos se dirige e a todos se vincula.


Norma Agendi - norma da ação humana.

DIREITO SUBJETIVO - trata-se da faculdade conferida ao indivíduo de invocar a norma em seu


favor.
Facultas Agendi - faculdade de agir.

DIREITO PÚBLICO - destinado a disciplinar os interesses gerais da coletividade. Tem a participação


do estado - Direito Constitucional
- Direito Administrativo
- Direito Judiciário
- Direito Penal

DIREITO PRIVADO - regula as relações entre os homens, tendo em vista o interesse particular dos
indivíduos - Direito Civil
- Direito Comercial

DIREITO NATURAL - não é público, nem privado. Não depende da vontade humana.

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A fonte primordial do Código Civil é o direito romano, tendo influência também da corte
portuguesa, do código napoleônico. Do código alemão, etc.

CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO

PARTE GERAL
Livro I - teoria das pessoas (sujeito do direito)
Livro II - classificação dos bens (objeto do direito)
Livro III - teoria dos fatos e atos jurídicos (relação jurídica)

PARTE ESPECIAL
Direito da família
Direito das coisas
Direito das obrigações
Direito das sucessões

LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL

Objeto (assunto) - é a lei, vigência, revogação, ignorância, aplicações das lacunas,


interpretação, eficácia (no tempo e no espaço).
LEI - preceito de ordem geral, que tem origem do poder competente (legislativo), imposto
obrigatoriamente a todos.

CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS - são classificadas tendo em vista a sua força obrigatória, isto
é sua imperatividade, se distinguem em:
• REGRAS COGENTES - ou de ordem pública - atende diretamente ao interesse geral, não
podendo ser alterada pela convenção entre os particulares ( interessa diretamente à ordem
pública).
• REGRAS DISPOSITIVAS - podem ser derrogadas por convenção entre as partes.

VIGÊNCIA DA LEI - a lei começa a vigorar, em todo território nacional, 45 dias depois de
oficialmente publicada.
O intervalo entre a data de publicação e de sua entrada em vigor, chama-se VOCATIO LEGIS.
Não sendo temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. Tipos de
revogação:
• EXPRESSA - uma lei diz expressamente que outra lei foi revogada.
• TÁCITA - incompatibilidade de uma lei com outra.

O CONHECIMENTO DA LEI - a lei entra em vigor e vincula a todos, ninguém pode fugir
de cumpri-la, ainda que ignorando sua existência.

APLICAÇÃO DO DIREITO / LACUNAS DAS LEIS - para resolver casos o juiz procura
dentro da sistemática do direito a lei que se deve aplicar à hipótese. Quando a lei é omissa sobre algum
problema, diz-se que há uma LACUNA NA LEI.
“Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais do direito”.
ANALOGIA - aplica-se às hipóteses semelhantes as soluções oferecidas pelo legislador para
casos parecidos.
COSTUMES - uso implantado numa coletividade e considerado por ela como juridicamente
obrigatório - prática repetida ao longo dos tempos.
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO - princípios que orientam a ordem do direito.

INTERPRETAÇÃO DA LEI - nem toda norma jurídica se apresenta tão clara. Deve-se
analisar muito bem a regra para descobrir seu verdadeiro sentido.
A interpretação se diz:
• AUTÊNTICA - é a que emana do próprio legislador, declara qual o verdadeiro sentido da
regra.

• DOUTRINÁRIA - é a que aparece nos livros de ciência.

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• JURISPRUDENCIAL - é a que se elabora nos tribunais, através das decisões do poder
judiciário.

Efeitos:
• Declaratória;
• Extensiva;
• Restritiva.

Modo:
• Gramatical - examina a gramática;
• Lógica - examina o pensamento do legislador;
• Histórica - examina os trabalhos que precederam a promulgação da lei;
• Teleológica - interpreta a lei de acordo com o fim a que ela se destina.

EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO


O atual sistema brasileiro não proíbe leis retroativas, apenas excluem da incidência da lei nova
o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
DIREITO ADQUIRIDO - já se incorporou ao patrimônio de alguém. É o direito incorporado
(bens materiais e ano materiais).
COISA JULGADA - sentença que não cabe mais recurso.

LIVRO I - DAS PESSOAS

DA PESSOA NATURAL
Titular do direito - homem - sujeito ativo.
“todo homem é capaz de direitos e obrigações na ordem civil”.
A personalidade (capacidade para ser titular de direito) se adquire com o nascimento com vida.
Comorientes - são pessoas que falecem na mesma ocasião, sem que se possa determinar qual
pré morreu à outra.

CAPÍTULO II - DAS INCAPACIDADES

Incapacidade é o reconhecimento da inexistência daqueles requisitos que a lei acha


indispensável para que a pessoa exerça os seus direitos. Somente os incapazes, definidos por lei, têm
direito à proteção.

ABSOLUTAMENTE INCAPAZES
Aqueles que não podem praticar atos jurídicos - menos impúbere ( <16 ), psicopata, surdo
mudo que não exprima sua vontade.
Se um absolutamente incapaz pratica um ato jurídico, tal ato é nulo.
O ato nulo não gera nenhum efeito.
A atividade do incapaz deve ser REPRESENTADA por outra pessoa - pais tutores curadores.
São Absolutamente Incapazes:
• menores de 16 anos
• loucos
• surdos-mudos - que não exprimam sua vontade
• ausentes

RELATIVAMENTE INCAPAZES
A inaptidão físico-psíquica é menos intensa. A lei parte do postulado de que o grau de
imaturidade do menor púbere ou do silvícola e também os pródigos, a deficiência é menor que a dos
incapazes absolutos.
A atividade do relativamente incapaz deve ser ASSISTIDA por pessoa capaz - pai , tutor,
curador.
O ato praticado não é nulo, mas tão só anulável.

LOUCOS - “Os atos anteriores à interdição poderão ser anulados, se a causa da interdição
existia notoriamente à época em que tais fatos foram praticados”.
São relativamente incapazes:

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• maiores de 16, menores de 21;
• pródigos;
• silvícolas.

PRÓDIGOS - são aqueles que desordenadamente gastam e destruem seu patrimônio.

Acaba a menoridade aos 21 anos, ficando o indivíduo habilitado para todos os atos da vida
civil.

EMANCIPAÇÃO
É a aquisição da capacidade civil antes da idade legal. O menor tem que ter no mínimo 18 anos
completos.
Cessará, para os menores, a incapacidade:
I- Por concessão do pai ou, se for morto, da mãe e por sentença do juiz, ouvido o tutor;
II- Pelo casamento ;
III- Pelo exercício de emprego público efetivo;
IV- Pela colação de grau;
V- Pelo estabelecimento civil ou comercial, com economia própria.

Uma vez emancipada, nada o fará perder a emancipação.

CAPÍTULO III - PESSOAS JURÍDICAS

PESSOAS JURÍDICAS - são entidades a que a lei empresta personalidade - são seres que
atuam na vida jurídica com personalidade diversa da dos indivíduos que os compõem.
A pessoa jurídica surge para suprir a própria deficiência humana.
Teorias que procuram explicar e justificar e existência de referidas instituições:

A) TEORIA DA FICÇÃO LEGAL - sustentava que a personalidade jurídica decorria de uma


ficção da lei;
B) TEORIA DA PESSOA JURÍDICA COMO REALIDADE OBJETIVA - sustenta que a
vontade, pública ou privada, é capaz de dar vida a um organismo que passa a ter existência
própria, distinta dos seus membros, capaz de tornar-se sujeito de direito, são uma realidade
sociológica.
C) TEORIA DA PESSOA JURÍDICA COMO REALIDADE TÉCNICA - a personalidade
jurídica é uma experiência de ordem técnica. Útil para alcançar indiretamente alguns
interesses humanos.
D) SEGUNDO A TEORIA INSTITUCIONALISTA DE HAURIOU - uma instituição
preexiste ao momento em que a pessoa jurídica nasce.

A constituição de uma instituição envolve uma idéia que cria um vínculo social, unindo
indivíduos que visam a um mesmo fim, e uma organização, ou seja, um conjunto de meios destinados à
consecução do fim comum.

CLASSIFICAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS


Podem ser classificadas tendo em vista sua estrutura ou a sua órbita de atuação.

ESTRUTURA
a) as que têm como elemento subjacente o homem - se compõe pela reunião de pessoas
(associações e sociedades).
b) as que constituem em torno de um patrimônio destinado a um fim.

ÓRBITA DE ATUAÇÃO
Podem ser de direito público externo ou interno, e de direito privado. São as sociedades civis,
religiosas, pias, morais, científicas ou literárias, as associações de utilidade pública e as fundações, as
sociedades mercantis e ainda os partidos políticos.

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A existência, perante a lei, das pessoas jurídicas de direito privado começa com a inscrição dos
seus contratos, atos constitutivos, estatutos ou compromissos em seu registro público peculiar.
No momento em que a pessoa jurídica registra seu contrato constitutivo, adquire personalidade.
Naturalmente ela só pode ser titular daqueles direitos compatíveis com a sua condição de pessoa
fictícia, ou seja, os patrimoniais.
Quanto à responsabilidade contratual, a matéria é pacífica e desde que se torne inadimplente,
sua responsabilidade emerge nos termos do art. 1056 do CC.
Será igualmente responsável a pessoa jurídica no campo extracontratual ? Quem pratica o ato
ilícito não é a pessoa jurídica, mas seu representante, deste ângulo, seria o representante e não a
instituição o responsável.
Quando se recorre à ficção da pessoa jurídica para enganar credores, para fugir à incidência da
lei ou para proteger uma ato desonesto, deve o juiz esquecer a idéia de personalidade jurídica para
considerar os seus componentes como pessoas físicas e impedir que através do subterfúgio prevaleça o
ato fraudulento.

TERMINA A EXISTÊNCIA DO ATO JURÍDICO


I- Pela sua dissolução, deliberada entre os seus membros, salvo o direito da minoria e de
terceiros;
II- Pela sua dissolução, quando a lei determine;
III- Pela sua dissolução em virtude do ato do governo, que lhe casse a autorização para
funcionar, quando a pessoa jurídica incorra em atos postos aos seus fins ou nocivos ao bem
público.

FUNDAÇÃO
É uma organização que gira em torno de um patrimônio. Trata-se de um patrimônio que se
destina a determinada finalidade. A instituição deve ser ultimada por escritura pública ou testamento.

DOMICÍLIO
É necessário que haja um lugar onde possa a pessoa ser oficialmente encontrada. Domicílio é o
lugar em que a pessoa atua na vida jurídica com ânimo definitivo, isto é, com o propósito de fazer
daquele lugar o centro de suas atividades.
RESIDÊNCIA - representa uma relação de fato entre uma pessoa e um lugar, envolvendo idéia
de habitação.
Pode-se proceder à classificação do domicílio tendo em vista a pessoa de seu titular.
Quanto ao modo:
• VOLUNTÁRIO - estabelecido livremente pelo indivíduo;
• LEGAL - a lei impõe a determinadas pessoas;
• ELEIÇÃO - é o defluente de ajuste entre partes contratantes, também chamada
convencional.

DOMICÍLIO OCASIONAL OU APARENTE - não tem residência habitual. A lei determina


ser seu domicílio o lugar em que for encontrado.
Os incapazes têm necessariamente por domicilio o de seus representantes. Os funcionários
públicos reputam-se domiciliados onde exercerem suas funções.

DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO - são seus domicílios o da


união, do distrito federal, dos estados, dos municípios.
DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO - é o lugar onde funcionarem
as respectivas diretorias e administrações.

LIVRO II - DOS BENS

BENS IMÓVEIS - são as coisas que não se podem transportar sem destruição de um lugar
para outro.

IMÓVEIS POR SUA NATUREZA - o solo, o espaço aéreo. O subsolo, as árvores. Contudo o
direito de propriedade encontra limite no que concerne à altura e à profundidade, na medida da utilidade
de seu exercício.

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IMÓVEIS POR ACESSÃO - tudo quanto o homem incorporar ao solo.
IMÓVEIS POR ACESSÃO INTELECTUAL OU DESTINAÇÃO DO PROPRIETÁRIO - tudo
quanto no imóvel o proprietário mantiver intencionalmente empregado em sua exploração industrial,
aformoseamento ou comodidade.
BENS IMÓVEIS POR DEFINIÇÃO DA LEI:
I- Os direito reais sobre imóveis, inclusive o penhor agrícola, e as ações que o asseguram.
II- As apólices da dívida pública oneradas com a cláusula de inalienabilidade.
III- O direito à sucessão aberta.

BENS MÓVEIS - são os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força
alheia.
Os bens suscetíveis de movimento próprio, os animais, chamam-se semoventes.
Móveis por natureza - se transporta sem quebra.
Os móveis para os efeitos legais:
I- Os direito reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes.
II- Os direito de obrigações a as ações respectivas.
III- Os direito de autor.

IMPORTÂNCIA DA DISTINÇÃO ENTRE MÓVEIS E IMÓVEIS


Venda de bem imóvel - no regime de bens do casamento é imprescindível o consentimento dos
cônjuges (autorga uxória).
Venda de bem móvel - dispensa consentimento.
Maneiras de adquirir bem imóvel - só se adquire pela escritura pública e do registro, é diferente
da aquisição de bem imóvel - basta a intenção (tradição, entrega). ações que tutelam bens imóveis são
mais enérgicas que as ações que tutelam os bens móveis.

São FUNGÍVEIS os móveis que podem e não fungíveis os que não podem substituir-se por
outro da mesma espécie, qualidade e quantidade.
As coisas fungíveis são encaradas através de seu gênero e especificadas por meio da
quantidade e qualidade. Como são homogêneas e equivalentes, a substituição de umas pelas outras é
irrelevante.
Coisa não fungível é aquela considerada em sua individualidade (ex.: uma tela de Portinari).
A distinção entre coisas fungíveis e não fungíveis tem, igualmente, grande relevo nas relações
jurídicas. Assim o empréstimo de coisas fungíveis chama-se mútuo, o de não fungíveis, comodato.
CONSUMÍVEIS - se extinguem no ato da consumação.

COISAS DIVISÍVEIS - são as que se podem partir em porções reais e distintas, formando
cada qual um todo perfeito. Divisíveis são as coisas que se podem fragmentar sem lesão para referida
substância.
INDIVÍSIVEIS POR NATUREZA - cavalo, relógio.
INDIVISÍVEIS POR DETERMINAÇÃO LEGAL - servidão (direito real e de gozo).
INDIVISÍVEL POR VONTADE - negócio jurídico.

COISAS SINGULARES E COLETIVAS


Coisas simples são as que constam de partes homogêneas ou de partes da mesma espécie, como
o animal, o vegetal. Compostas são as que constam de partes heterogêneas, artificialmente unidas, como
o edifício, a máquina.
Coisas materiais são as corpóreas, como a casa, o livro; imateriais são as incorpóreas, como o
crédito, o direito autoral.

DOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS

COISA PRINCIPAL - aquela que existe sobre si, abstrata ou concretamente; e COISA
ACESSÓRIA - aquela cuja existência depende da existência da principal.

FRUTOS
São as utilidades que a coisa periodicamente produz.
A) NATURAIS - ressaltam do desenvolvimento próprio.

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B) INDUSTRIAIS - devidos à intervenção do esforço humano.
C) CIVIS - os rendimentos tirados da utilização da coisa frugífera por outrem que não o
proprietário (como as rendas, alugueis, juros).

CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO ESTADO


PENDENTES - unidos à coisa que os produziu.
PERCEBIDOS OU COLHIDOS - depois de separados.
ESTANTES - existem armazenados ou acondicionados para a venda.
PERCIPIENDOS - os que deviam ser, mas não foram percebidos (colhidos).
CONSUMIDOS - não existem mais.

PRODUTOS
São as utilidades que se retiram da coisa diminuindo-lhe a quantidade, porque não se
reproduzem periodicamente.

BENFEITORIAS
É uma espécie de acessório, constante de obra levada a efeito pelo homem, com o propósito de
conservar, melhorar, ou embelezar uma coisa determinada.
NECESSÁRIA - realizada com o propósito de conservar a coisa, de evitar sua deteriorização.
ÚTIL - tem por fim melhorar a utilização da coisa, aumentam a comodidade.
VOLUPTUÁRIA - sua construção almeja tão-só proporcionar maior deleite, sem aumentar a
utilidade da coisa, embora possa torná-la mais agradável.
Não se pode negar o caráter de acessório da pintura em relação à tela, pois esta pode existir
sem aquela, enquanto o contrário é inconcebível. Repele o legislador a idéia de que o acessório deva
seguir o principal.

DOS BENS PÚBLICOS E PARTICULARES

BENS PÚBLICOS - são os de domínio nacional pertencentes à união, aos estados ou aos
municípios. Todos os demais são particulares, pertencem a quem pertencer.

CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS SEGUNDO O SEU DESTINO


1. Os de uso comum do povo - qualquer pessoa pode utilizar (mares, rios, ruas, praças).
2. Os de uso especial - destinados a algum serviço da pessoa jurídica de direito público
(edifícios, terrenos).
3. Os dominicais - constituem o patrimônio da pessoa jurídica de direito público (empresas de
navegação, aviação)

DAS COISAS QUE ESTÃO FORA DO COMÉRCIO


São coisas fora do comércio as insuscetíveis de apropriação, e as legalmente inalienáveis.
A palavra comércio é empregada em sua acepção técnica de circulação econômica, ou
possibilidade de comprar e vender.
COISAS INSUSCETÍVEIS DE APROPRIAÇÃO - são inapropriáveis em virtude de sua
própria natureza.

a) BENS NÃO ECONÔMICOS - direito à vida, à honra, à liberdade, à água salgada, ar


atmosférico).
b) COISAS DA SOCIEDADE - eletricidade, gás, petróleo, água).

COISAS LEGALMENTE INALIENÁVEIS - a lei impede sua alienação


a) POR DETERMINAÇÃO DA LEI - não admite a hipótese de sua venda, troca ou doação.
b) EM VIRTUDE DA VONTADE DO HOMEM - emanada da vontade particular, prestigiada
pela lei.

DO BEM DE FAMÍLIA

O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não


responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza,

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contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residem, salvo nas
hipóteses previstos na lei.
É permitido aos chefes de família destinar um prédio para domicílio desta, com a cláusula de
ficar isento de execução por dívidas, salvo as que provierem de impostos relativos ao mesmo prédio.
Fundamentalmente, a idéia do legislador é proteger a família contra a penhora por dívidas
futuras
O CC não trouxe qualquer restrição quanto ao valor do bem imóvel destinado ao bem de
família.
Dispõe o CC que o prédio assim separado será destinado ao domicílio da família e o fato de
ficar isento de execução por dívidas. Daí em diante, e enquanto durar a família, o imóvel será
inalienável e impenhorável.
A lei define a família, como tal, enquanto viverem os cônjuges e até que os filhos completem
sua maioridade.
Ninguém pode tornar impenhoráveis bens de seu patrimônio, porque é PGD que o patrimônio
do devedor responde por suas dívidas, tendo em vista assegurar melhores condições de vida à família.

DOS FATOS E ATOS JURÍDICOS

A expressão FATOS JURÍDICOS engloba todos aqueles eventos provindos da atividade


humana ou decorrentes de fatos naturais, capazes de ter influência na órbita do direito, por criarem, ou
transferirem, ou conservarem, ou modificarem, ou extinguirem relações jurídicas.

CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS

Aqueles atos da natureza capazes de gerar relações jurídicas, são chamados fatos jurídicos em
sentido estrito e são espécie do gênero fatos jurídicos.
Dentre os atos provindos da atividade humana, é possível distinguir 02 espécies:
1. Os ATOS LÍCITOS - voluntários a que a lei defere os efeitos almejados pelo agente. A esta
espécie de fato jurídico dá-se o nome de ato jurídico.
2. Os ATOS HUMANOS - a que falta este característico de liceidade. O agente agiu
dolosamente ou culposamnete e, assim procedendo, causou dano a outrem. A esta espécie
de ato dá-se o nome de ato ilícito.
Dentro do gênero amplo dos fatos jurídicos, devemos separar os eventos alheios à atividade
humana e os que chamamos fatos jurídicos em sentido estrito, e de outro os atos humanos.
Negócios Jurídicos - atos onde há o intuito negocial.
Negócios Meramente Lícitos - tal intuito inexiste.

1- FATOS NATURAIS - em sentido estrito

FATOS 2- ATOS HUMANOS LÍCITOS meramente lícitos


negócio jurídico
JURÍDICOS
ILÍCITOS

A) Aquisição de direitos
Adquirem-se os direitos por ato próprio ou por intermédio de outrem.
A lei distingue entre direitos atuais e direitos futuros. ATUAIS - são os completamente
adquiridos; FUTUROS - os cuja aquisição não se acabou de operar.
Dentre os direitos que a lei denomina futuros, devem-se separar os já deferidos dos não
deferidos.
Deferidos - são os que só não se incorporaram ao patrimônio do adquirente porque este ainda
não quis, mas que poderão a qualquer tempo incorporar-se.

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Não Deferidos - são os direito futuros que se subordinam a fatos ou condições falíveis, são
aqueles que não se incorporaram, e talvez não se incorporem, ao patrimônio do titular por razões alheias
à sua vontade.

EXPECTATIVA DE DIREITO - embora a pessoa reuna os requisitos de capacidade e


legitimidade, o direito só surge e se adquire ao se verificar o fato ou o ato capaz de produzi-lo ou de lhe
conferir aperfeiçoamento e via (absolutamente distante - não permite ao sujeito nenhum ato objetivando
conservar eventual ato do direito).
DIREITO CONDICIONAL - é aquele que só se aperfeiçoa, ou se aniquila, pelo advento de um
evento futuro e incerto.
DIREITO EVENTUAL - é um direito concebido, mas ainda não nascido. É mais do que uma
expectativa de fato (eventualidade - permite a adoção de medidas conservatórias).

Os modos de aquisição dos direitos distinguem-se em originários e derivados, onerosos e


gratuitos, à título universal e a título singular.
O direito é adquirido de modo ORIGINÁRIO quando não existe entre o adquirente e o seu
antecessor qualquer vínculo jurídico. É adquirido pelo modo DERIVADO quando existe uma relação
jurídica entre o titular atual e o anterior.
É GRATUITO o modo de adquirir quando o patrimônio do adquirente aumenta sem
contraprestação. É ONEROSO, em caso contrário.
A aquisição se processa à TÍTULO SINGULAR quando tem por objeto coisa determinada, ou
mais de uma coisa determinada. Ela se efetua a TÍTULO UNIVERSAL guando tem por objeto uma
universalidade ou parte alíquota de uma universalidade.

DOS ATOS JURÍDICOS

ATO JURÍDICO - aquele ato lícito da vontade humana, capaz de gerar efeitos na órbita do
direito - ato lícito que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir
direitos.
O ato jurídico é fundamentalmente um ato de vontade, visando um fim.

Elementos constitutivos e pressupostos da validade - o CC, em seu art. 82, menciona quais os
pressupostos de validade do ato jurídico, determinando serem: a) a capacidade do agente, b) o objeto
lícito, c) a forma prescrita em lei.
A declaração constitui elemento essencial. O segundo elemento essencial tem a ver com a
idoneidade do objeto. O terceiro elemento essencial é a forma.

A) CAPACIDADE DAS PARTES


A idéia de legitimação chegou ao direito privado pelas portas do processo civil, e é
indispensável para explicar figurar jurídicas que não se enquadrem dentro do conceito de capacidade.
Capacidade é a aptidão intrínseca da pessoa para dar vida a negócios jurídicos, legitimação é a
aptidão para atuar em negócios jurídicos que tenham determinado objeto, em virtude de uma relação em
que se encontra, ou se coloca o interessado em face do objeto do ato.

B) LICEIDADE DO OBJETO
Trata-se de vedar aqueles atos cujo escopo atende contra a lei, contra a moral ou contra os bons
costumes. Se o objeto do negócio é fisicamente impossível, ele é idôneo, faltando por conseguinte, ao
ato

jurídico, um elemento substancial, mas se é juridicamente impossível, o defeito não é mais de


idoneidade, porém de liceidade.

C) A FORMA
É requisito da validade dos atos jurídicos obedecerem à forma prescrita, ou não adotarem a
forma defesa em lei.
A liberdade de forma constitui a regra, pois ela será livre, a menos que a lei determine o
contrário.

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FINALIDADE
Poder-se-ia ressaltar a facilidade de prova, a maior garantia de autenticidade do ato. A
solenidade revestidora do ato, que tem o condão de chamar a atenção de quem o pratica para a
seriedade do ato.
Ad solemnitatem - são substanciais ao ato que só se completaria e se aperfeiçoaria quando
revestido de tais formas - estrutura.
Ad probationem tantum - não seriam fundamentais à existência do ato, capaz de sobreviver
sem ela - requisito previsto.

CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

A) UNILATERAIS - basta a vontade de uma pessoa - testamento


BILATERAIS - basta vontade de duas pessoas diferentes - compra e venda
B) ONEROSOS - à vantagem obtida corresponde um sacrifício - compra e venda, locação.
GRATUITOS - envolve sacrifício de uma das partes - doação
C) CAUSA MORTIS - têm vigência/eficácia após a morte - testamento.
INTER VIVOS - os direitos se produzem durante a vida dos interessados - entre vivos.
D) SOLENES OU FORMAIS - obedecem a uma forma prescrita em lei - testamento, doação,
penhor agrícola.
NÃO SOLENES - não dependem de forma determinada - compra e venda (bens móveis).

DOS DEFEITOS DOS ATOS JURÍDICOS

É anulável o ato jurídico por vício resultante de erro, dolo, coação, simulação ou fraude.
Vícios do consentimento - Erro, Dolo, Coação.
Vícios Sociais - Simulação, Fraude contra credores.
Os primeiros incidem sobre a vontade, os segundos prejudicam a sociedade.

TEORIA DA VONTADE REAL


Se, no ato jurídico, o direito empresta conseqüências ao querer individual. É evidente que, se
ocorre disparidade entre a vontade e a declaração, é a primeira que deve prevalecer.
TEORIA DA DECLARAÇÃO
Desconsidera a vontade, para ater-se ao reflexo externado, almejando assegurar a estabilidade
das relações negociais.
TEORIA DA RESPONSABILIDADE
Busca realizar a autonomia da vontade. Mesmo desacompanhada da vontade, pode a
declaração ter efeito obrigatório quando a disparidade entre ela e vontade real decorrer de culpa ou dolo
do declarante.
TEORIA DA CONFIANÇA
Representa um abrandamento da doutrina da declaração, pois parte da prevalência desta sobre a
vontade, visando, por conseguinte, proteger a pessoa a quem a declaração de dirige.

ERRO

É a idéia falsa da realidade, capaz de conduzir o declarante a manifestar sua vontade de


maneira diversa da que manifestaria se porventura melhor a conhecesse.

ERRO ACIDENTAL - não vicia manifestação de vontade, não importam na formação da


vontade.
ERRO SUBSTANCIAL - diz a lei serem anuláveis os atos jurídicos quando as declarações de
vontade emanarem de erro substancial - Erro Substancial é aquele de tal importância que, se fosse
conhecida a verdade, o consentimento não se externaria.

CLASSIFICAÇÃO

A) ERRO QUE INTERESSA À NATUREZA DO ATO

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Há um erro sobre a natureza do contrato, que o impede de ganhar eficácia ou mesmo de se
formar.
B) ERRO SOBRE O OBJETO PRINCIPAL DA DECLARAÇÃO
Há um erro substancial sobre o objeto principal da declaração, o qual constitui elemento
suficiente para se requerer, com êxito, a anulação da troca.
C) ERRO QUE RECAI SOBRE ALGUMA DAS QUALIDADES ESSENCIAIS DO OBJETO
PRINCIPAL DA DECLARAÇÃO
Há um erro que recai sobre a qualidade essencial do objeto, sem a qual o adquirente não se
disporia a adquiri-lo.
D) ERRO QUE DIZ RESPEITO A QUALIDADE ESSENCIAL DA PESSOA A QUEM A
DECLARAÇÃO SE REFERE
Trata-se do consentimento provocado por erro sobre qualidade essencial da pessoa a quem se
refere a declaração de vontade.

ERRO CONHECIDO OU RECONHECÍVEL PELO OUTRO CONTRATANTE


Aqui se defrontam dois interesses colidentes, o daquele que errou e que pretende desfazer o ato
jurídico gerado no erro, e o de terceiro que, de boa-fé, contratou com a vítima do erro, e que deseja que
prevaleça o negócio jurídico
Se aquele que contratou com a vítima do erro estava de ma-fé, conhecia o erro da outra parte
ou poderia descobri-lo se agisse com normal diligência, não mais faz jus à proteção do ordenamento
jurídico. Nesse caso o negócio é anulado, em benefício da vítima do engano.

DOLO

É o artifício ou expediente astucioso, empregado para induzir alguém à prática de um ato que o
prejudica e aproveita ao autor do dolo ou a terceiro.
Enquanto no erro o engano é ESPONTÂNEO, no dolo é PROVOCADO.

DOLO PRINCIPAL - aquele que se revela a causa determinante do ato. O dolo principal
consiste vício de consentimento, capaz de anular o ato jurídico - é grave.
DOLO ACIDENTAL - não passa de um ato ilícito, que gera, para seu agente, uma obrigação
de reparar o prejuízo causado à vítima.

Para que o dolo constitua causa de anulação do negócio jurídico há que ser grave, a gravidade
do dolo é a medida de sua intensividade.
O dolo tolerado é o que os romanos chamavam DOLUS BONUS, em oposição ao dolo mais
grave, que seria o DOLO MALUS. Aquele não induz à nulidade, pois quem dele incorre para faz por sua
própria culpa, ou por uma simpleza de espírito inconcebível.

COAÇÃO

É toda pressão exercida sobre um indivíduo, para determiná-lo a concordar com um ato (é uma
pressão exercida sobre alguém objetivando atingir algo).

CLASSIFICAÇÃO

FÍSICA - vis absoluta - o ato se consegue pela força física, não há consentimento e, por
conseguinte, não há ato jurídico.
MORAL - vis compulsiva - configura-se o vício da vontade. Seu mecanismo envolve uma
escolha. A vítima tem como opção ou submeter-se ao ato exigido ou sofrer as conseqüências do ato
ameaçado.

Se se tratar de vis absoluta, o ato jurídico é nulo, por faltar um elemento substancial, isto é, o
consentimento; se, ao contrário, caracterizar-se a hipótese de vis compulsiva, o ato é meramente
anulável.

PRESSUPOSTOS PARA QUE SE CARACTERIZE O VÍCIO

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A) que a ameaça seja a causa do ato (tem que ser causa determinante do ato).
B) que ela seja grave;
C) que ela seja injusta;
D) que ela seja atual ou iminente;
E) que traga justo receio de um prejuízo igual, pelo menos, ao decorrente do ato extorquido.
F) que o prejuízo recaia sobre a pessoa ou os bens do paciente, ou pessoa de sua família.

Para possibilitar a anulação do negócio jurídico, a violência deve ser a causa do


consentimento.
No apreciar da coação, se terá em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento
do paciente e todas as demais circunstâncias, que lhe possam influir na gravidade.
TEMOR REVERENCIAL - é o receio de desgostar o pai, a mãe ou outras pessoas a
quem se deve obediência e respeito.

A COAÇÃO PROVINDA DE TERCEIROS


O art. 101 do CC, determina que a coação vicia o ato, ainda quando exercida por terceiro. A
violência vicia o consenso ainda que vinda de terceiro e ainda que a outra parte o ignorasse.

LESÃO
É o prejuízo que um contratante experimenta quando, em contrato comutativo, não recebe, da
outra parte, valor igual ao da prestação que forneceu.

SIMULAÇÃO

É a declaração enganosa da vontade, visando produzir efeito diverso do ostensivamente


indicado. Negócio simulado portanto, é aquele que oferece uma aparência diversa do efeito querer das
partes. Estas fingem um negócio que na realidade não desejam.
Para que ocorra a simulação faz-se necessária a presença dos seguintes requisitos:
a) acordo entre os contratantes, que no mais das vezes se apresenta através de uma
declaração bilateral da vontade;
b) desconformidade consciente entre a vontade e a declaração, pois as partes não
querem o negócio declarado, mas tão somente, fazê-lo aparecer como requerido;
c) propósito de enganar terceiros.

ESPÉCIES

1- ABSOLUTA - é quando sob o ato simulado não se encontra qualquer outra relação
negocial entre as partes.
2- RELATIVA - encontram-se dois negócios: um simulado, ostensivo. Aparente, que não
representa o íntimo querer das partes; e outro dissimulado, oculto, que justamente constitui
a relação jurídica verdadeira. A simulação relativa pode recair:
a) sobre a natureza do negócio;
b) sobre o conteúdo do negócio, ou seja, seu objeto;
c) sobre a pessoa participante do negócio.

Diz-se INOCENTE a simulação quando não visa prejudicar terceiros ou violar disposições de
lei.
Se as partes foram conduzidas à simulação com o propósito de prejudicar terceiros, ou de
burlar o fisco, ou de ilidir a incidência de lei cogente, surge a figura da simulação maliciosa ou culposa,
também chamada fraudulenta.
Portanto diz-se CULPOSA a simulação quando ela tem por escopo:
a) prejudicar terceiro;
b) prejudicar o fisco;
c) fraudar a lei.

FRAUDE CONTRA CREDORES

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Diz-se haver fraude contra credores, quando o devedor insolvente ou na iminência de torna-se
tal, pratica atos suscetíveis de diminuir seu patrimônio, reduzindo, desse modo, a garantia que este
representa, para resgate de duas dívidas.
Se o devedor, maliciosamente e para tornar ineficaz a cobrança de seus débitos, afasta-se de
seus patrimônios ou de qualquer modo diminui a garantia que este representa para seus credores. A lei,
no intuito de proteger estes últimos, confere-lhes a prerrogativa de desfazer os atos praticados,
restabelecendo integralmente a primitiva garantia.
Dois elementos compõem o conceito de fraude contra credores. Um elemento objetivo, ou seja,
o eventus damni, consistente em todo ato capaz de prejudicar o credor, quer para tornar insolvente o
devedor, quer por já haver sido por ele praticado em estado de insolvência; e um elemento subjetivo,
isto é, o consilium fraudis, caracterizado pela má-fé, pelo intuito malicioso de ilidir os efeitos de
cobrança.
A fraude aparece nos seguintes tipos de negócio jurídico:
a) atos de transmissão gratuita de bens ou de remissão de dívida;
b) atos à título oneroso;
c) pagamento antecipado de dívidas vincendas;
d) constituição de direitos de preferência a um ou alguns dos credores quirografários.

ATOS DE TRANSMISSÃO GRATUITA E DE REMISSÃO DE DÍVIDAS


A lei permite que se anulem os atos de transmissão gratuita de bens, quando os pratique o
devedor insolvente, ou que por eles fique reduzido à insolvência.
O ato é anulável porque o devedor, na verdade, está doando coisa que indiretamente pertence a
seus credores.
A mesma solução é aplicável à remissão de dívidas, porque tal ato representa uma liberdade.
As dívidas ativas do devedor constituem parte de seu patrimônio; se ele as perdoa, tal patrimônio, que é
garantia dos credores, se reduz proporcionalmente.

ATOS DE TRANSMISSÃO ONEROSA


Se os atos de alienação de bens levados a efeito pelo devedor insolvente o foram à título
oneroso, muda-se o panorama, porque agora entram em conflito dois interesses igualmente respeitáveis:
o dos credores do alienante e o do adquirente de boa-fé.

OUTORGA FRAUDULENTA DE GARANTIAS


“Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o
devedor insolvente tiver dado a algum credor”.
A concessão de garantia feita pelo devedor insolvente a um dos seus credores representa,
portanto, ameaças ao direito dos outros, porque a coisa dada em garantia de um certo modo sai
parcialmente do seu patrimônio, para assegurar a liquidação do crédito hipotecário ou pignoratício.

LEGITIMAÇÃO ATIVA E PASSIVA PARA A AÇÃO PAULIANA


A ação revocatória se inspira no princípio geral de repudio à fraude e no propósito de evitar
que o devedor burle, usando de malícia, a fé do contrato, frustrando sua execução ao procurar,
deliberadamente, a insolvência.
A ação revocatória tem por efeito anular os atos praticados em fraude, o patrimônio do
devedor se restaura, restabelecendo-se a garantia original com que contavam os credores. Portanto, os
bens alienados voltam ao patrimônio do devedor; as garantias concedidas se aniquilam; e os pagamentos
antecipados são devolvidos.

DAS MODALIDADES DOS ATOS JURÍDICOS

Estudamos acima os elementos essenciais do ato jurídico. Agora, ao tratarmos de sua


modalidade, cuidaremos de seus elementos acidentais.
Para que um elemento acidental se caracterize, é mister que se possa conceder a eficácia do ato
jurídico independente dele, pois, caso contrário, tratar-se-ia de um elemento essencial. Assim, a
condição, o termo e o encargo provém do ajuste entre as partes, mas sua presença não é indispensável
para a existência do negócio.

A CONDIÇÃO

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O CC define a condição nestes termos: “Considera-se condição a cláusula, que subordina o
efeito do ato jurídico a um evento futuro e incerto”. Um negócio, portanto, é condicional quando sua
eficácia depende de um acontecimento futuro e incerto.
A condição afeta a eficácia do negócio sob dois aspectos: quer impedindo que a avença se
aperfeiçoe até o advento da condição, e então se diz ser ela suspensiva, quer tornando sem efeito o
ajuste, em virtude de seu advento, e então tem o nome de resolutiva.
A condição é uma declaração acessória da vontade, oposta à outra que é principal. Daí decorre
que ela segue a sina do contrato, sendo nula se o for.
Se se tratar de advento certo, não existe condição, mas termo.

NEGÓCIOS QUE NÃO ADMITEM CONDIÇÃO


São atos geralmente ligados ao do de família ou ao do das sucessões. Seria inconveniente
permitir que a presença de uma condição, que representa um elemento de incerteza, pendesse sobre tais
atos, ameaçando sua eficácia.

Espécies de condição:
A) CONDIÇÃO CASUAL, POTESTATIVA E MISTA
A condição CASUAL é aquela que depende de um acontecimento alheio à vontade
das partes, estando submetida ao caso fortuito ou ao acaso.
Diz-se POTESTATIVA a condição, quando a realização do fato, de que depende a
realização jurídica, se subordina à vontade de uma das partes, que pode provocar ou impedir sua
ocorrência. Só são ilícitas as puramente potestativas, isto é, aquelas em que a eficácia do negócio foca a
inteiro arbítrio de uma das partes sem a interferência de qualquer fator externo.
As condições simplesmente potestativas diferem da acima mencionadas porque,
embora sujeitas a uma manifestação de vontade de uma das partes, dependem, por igual, de algum
acontecimento que escapa à sua alçada.
Diz-se condição MISTA aquela que depende da vontade de uma das partes e,
igualmente, da vontade de um terceiro determinado.

B) AS CONDIÇÕES IMPOSSÍVEIS
Condição impossível é aquela que subordina a eficácia do negócio de um
acontecimento cuja realização é física ou juridicamente inalcançável . a condição juridicamente
impossível é aquela que colide com um obstáculo legal e permanente, ou que fere a moral e os bons
costumes. Ex.: será nulo o ato jurídico em que se estipula como condição de sua eficácia, um segundo
casamento de pessoa já casada.

C) A CONDIÇÃO SUSPENSIVA
Subordinando-se a eficácia do ato à condição suspensiva, enquanto esta não se
verificar; não se terá adquirido o direito a que ele visa. De modo que, nos contratos subordinados a esta
espécie de cláusula, a aquisição do direito fica submetida à ocorrência de um fato futuro e incerto. Se
este advier, adquire-se o direito, caso contrário não.

D) A CONDIÇÃO RESOLUTIVA
O negócio sujeito à condição resolutiva se aperfeiçoa desde logo, todavia fica sujeito a
se desfazer, e de fato se desfaz, se ocorrer aquele advento futuro e incerto referido na avença. “Se for
resolutiva a condição, enquanto esta não se realizar, vigorará o ato jurídico, podendo exercer-se desde o
momento deste direito por ele estabelecido; mas, verificada a condição, para todos os efeitos, se
extingue o direito a que ela se opõe.

A CONDIÇÃO MALICIOSAMENTE OBSTADA OU PROVOCADA PELO INTERESSADO


A lei considera verificada a condição, quando é maliciosamente obstada pela parte a quem
prejudica; e a presume não ocorrida, quando for maliciosamente provocada por aquele a quem o seu
implemento aproveita.
A regra é informada pelo princípio da responsabilidade, pois, convocando ou frustrando a
condição, um dos contratantes causa prejuízo ao outro, e a melhor maneira de repará-lo é considerar a
condição como não ocorrida ou realizada.

O PROBLEMA DA RETROATIVIDADE DAS CONDIÇÕES


No Brasil, tendo a lei silenciado sobre os efeitos porventura retroativos da consideração, esta
genericamente, não retroage.

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O TERMO

Termo é o dia em que começa ou se extingue a eficácia de um ato jurídico. Trata-se de


modalidade do negócio cujo fim é suspender a execução ou o efeito de uma obrigação, até um momento
determinado, ou até o advento de um acontecimento futuro e certo.
A diferença entre o termo é a condição, é que enquanto nesta tem-se em vista um evento futuro
e incerto, no termo, considera-se um evento futuro e certo.
Podemos distinguir o termo inicial, do termo final. TERMO INICIAL - é o que suspende o
exercício de um direito, ou ainda, é o momento em que a eficácia de um ato jurídico deve começar
(termo suspensivo). TERMO FINAL - é o que dá termino a um direito criado pelo contrato e até então
vigente em oposição ao termo inicial. Poder-se-ia dizer que é o momento em que a eficácia do ato
jurídico deve terminar (termo resolutivo ou extintivo).
Diz-se certo, quando o termo se refere a uma data determinada, como, por ex. 26 de julho de
1961; e incerto, quando figura um fato inexorável, mas em que não se pode precisar o momento exato
de sua ocorrência, como por ex., a data do falecimento de uma pessoa.

O PRAZO E AS REGRAS A ELE RELATIVAS


Prazo é o lapso de tempo transcorrido entre a declaração de vontade e o advento do termo.
Embora sem prazo, as obrigações não serão exigíveis desde logo: a) se a execução tiver de ser feita em
lugar diverso; b) se depender de tempo.

O ENCARGO

Encargo ou modo é uma limitação trazida a uma liberalidade, quer por dar destino ao seu
objeto, quer por impor ao beneficiário uma contraprestação. É um ônus que diminui a extensão da
liberalidade.
O encargo se distingue da condição, pois, enquanto esta atua sobre a eficácia do negócio,
impedindo a aquisição do direito, ou aniquilando-o, o encargo não suspende tal aquisição, que se torna
perfeita e acaba desde logo, a menos que o disponente imponha o contrário, caso em que o modo
funcionará como condição suspensiva.

DA FORMA DOS ATOS JURÍDICOS E DA SUA PROVA

Os atos jurídicos são atos de vontade humana. A vontade é elemento da caráter subjetivo que
deve manifestar através de uma declaração. A declaração da vontade se exterioriza através de uma
forma dada.
A validade das declarações de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei
expressamente a exigir.
FORMA - conjunto de solenidades que se devem observar para que a declaração da vontade
tenha eficácia jurídica.

A FINALIDADE DA FORMA DOS ATOS JURÍDICOS


A forma especial, quando exigida pelo legislador, tem por fim:
A) garantir a autenticidade do ato;
B) assegurar a livre manifestação da vontade das partes;
C) chamar a atenção das partes para a seriedade dos atos que estão praticando;
D) facilitar a prova do negócio jurídico.

Alguns atos devem alcançar determinada publicidade para que terceiros neles não
participantes, mas eventualmente interessados, tomem consciência de seu conteúdo. São negócios em
que a forma prescrita em lei deve ser completada pelo elemento publicidade.

EFEITOS DA DESOBEDIÊNCIA À FORMA PRESCRITA


A desobediência à forma, quando prescrita em lei, acarreta a nulidade do ato jurídico nos
termos do art. 145, III, IV, do CC.
FORMAS AD SOLEMNITATEM - quando é elementar para a existência do ato jurídico, isto é,
quando se, elas o ato não se configura.

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FORMAS AD PROBATIONEM TANTUM - quando o ato, embora ganhe vida sem utilizá-las,
não pode ser provocado, visto que sua evidência fica condicionada à forma imposta pela lei.

PROVA
É o conjunto de meios empregados para demonstrar legalmente a existência de um ato jurídico.

PROVA DOS ATOS SOLENES


Tratando-se de atos solenes, este só poderá ser provocado pela exibição do documento exigido
pela lei.

A ESCRITURA PÚBLICA
A escritura pública é ato em que as partes comparecem perante para oficial público, relatam o
seu propósito negocial e ultimam o seu ajuste, sendo que todo o ocorrido é anotado pelo tabelião em
livro próprio. Uma vez assinado a ato pelas partes e testemunhas, o tabelião encerra o instrumento,
portando por fé que tudo ali relatado representa a verdade. Como goza ele de fé pública, presume-se que
o conteúdo do instrumento seja verdadeiro, até prova em contrário.

O INSTRUMENTO PARTICULAR
É o escrito feito e assinado, ou somente assinado, por quem se ache na livre disposição e
administração de seus bens.

A PROVA DOS ATOS DE FORMA LIVRE


Os atos a que não se impõe forma especial poderão provar-se mediante: I - confissão; II - atos
processados em juízo; III - documentos públicos ou particulares; IV testemunhas; V - presunção; VI -
exames e vistorias; VII - arbitramento.

I - CONFISSÃO - é o ato pelo qual uma das partes afirma o que a outra alega. Versa sempre
questão de fato. De fato, distingue-se a confissão em judicial e extra judicial, aquela tem um valor
probante maior, pois supõe uma reflexão mais profunda do confitente, e maiores garantias de expressão
a assegurar sua veracidade. A confissão pode ser expressa ou presumida. É expressa quando provém da
deliberação do confitente , traduzidas por palavras ou por escrito; é presumida ou ficta, quando a lei a
supõe, em virtude de um comportamento determinado do litigante.
II - ATOS PROCESSADOS EM JUÍZO - são aqueles atos que já foram objeto de processo e
pronunciamento judicial. Entre eles se destaca o caso julgado.
III - DOCUMENTOS PÚBLICOS OU PARTICULARES - os documentos podem emanar
da autoridade pública, tais como as mensagens, as proclamações, os tratados, as portarias e os avisos de
ministros (documentos públicos). Documentos privados são os emanados da atividade privada, tais
como as cartas, os telegramas particulares, os bilhetes, os memorandos, etc.
IV - TESTEMUNHAS - são as pessoa que asseguram a verdade de um fato ou fato alegado.
Elas são instrumentárias, quando se pronunciam sobre o conteúdo do instrumento que subscrevem; e
judiciais, quando depõem em juízo./ a testemunha não poderá se recusar a depor.
V - PRESUNÇÃO - é a ilação tirada de um fato conhecido para um desconhecido. Trata-se
muitas vezes de casos que o juiz não pode verificar diretamente, de modo que a prova se estabeleça pelo
raciocínio, criando-se uma relação entre fatos conhecidos e fatos contestados.
VI - EXAMES E VISTORIAS - exame é a apreciação de alguma coisa por meio de peritos
para esclarecimento do juiz. Vistoria, como o nome revela, é o exame que depende de inspeção ocular.
VII - ARBITRAMENTO - é o exame que peritos fazem de alguma coisa, para determinar-lhe
ou estimar em dinheiro a obrigação à ela ligada.
VIII - OUTROS MEIOS DE PROVA - todos os meios legais, bem como os moralmente
legítimos, ainda que não especificados, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a
ação ou a defesa. A gravação magnética, feita clandestinamente, de ligações telefônicas, não é meio
legal, nem moralmente legítimo.

DAS NULIDADES

Vimos que o ato jurídico é o ato de vontade. Assim, se a manifestação volitiva provier de
agente capaz, tiver objeto lícito e obedecer à forma prescrita em lei, gera ela os efeitos queridos pela s
partes e alcança a proteção do poder público.

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Se o ato vem inquinado de algum defeito, se desatende ao mandamento legal ou se divorcia da
finalidade social q o deve inspirar, deixa de produzir os efeitos almejados pelas partes, pois ou não
adquire validade, ou pode ser declarado ineficaz.
A nulidade - é a declaração legal de que a determinados atos não se prendem os efeitos
jurídicos, normalmente produzidos por atos semelhantes.
A nulidade consiste no reconhecimento da existência de um vício que impede um ato de ter
existência legal, ou de produzir efeito.

DISTINÇÃO ENTRE NULIDADE RELATIVA E ABSOLUTA

A) QUANTO AOS EFEITOS


O ato nulo não produz qualquer efeito.
Como a destruição do ato anulável só interessa ao particular, o negócio opera
normalmente, até a data da sentença, e continuará operando indefinidamente, caso o
interessado não provoque a declaração ineficácia. A anulabilidade depende de sentença e
emana da vontade do juiz, a pedido do prejudicado.

B) QUANTO À PESSOA QUE OS PODE ALEGAR


O ato anulável só pode ser alegado pelos interessados, enquanto que a
nulidade absoluta pode ser argüida não só por qualquer interessado, como também pelo
ministério público, devendo, ademais, ser pronunciada pelo juiz, quando a encontrar provada.

C) QUANTO À RATIFICAÇÃO
O ato anulável é suscetível de ser ratificado, enquanto o ato nulo não admite
ratificação.
Ratificação é a renúncia ao direito de promover a anulação do ato. Ela advém
da vontade do prejudicado e, portanto, só se admite nos casos de anulabilidade.
Não se pode ratificar ato anulável se daí decorrer prejuízo para terceiros.

D) QUANTO À PRESCRITIBILIDADE
Enquanto o ato nulo é imprescritível, a ação anulatória está sujeita à prescrição

O PROBLEMA DA INEXISTÊNCIA
A noção de ato inexistente, seria o negócio que não reúne os elementos de fato que sua
natureza ou seu objeto supõem e sem os quais é impossível conceber sua própria existência.
Casamento de duas pessoas do mesmo sexo, casamento celebrado por pessoa incompetente,
partes que não manifestam sua concordância. Nestas hipóteses, em que falta um elemento substancial
para a perfeição do ato, e nos quais a lei é silente sobre a questão da nulidade, diz que o casamento é
inexistente.

CASOS DE NULIDADE ABSOLUTA


Num ato de vontade a que a lei atribui efeitos jurídicos, dados certos pressupostos: a
capacidade das partes, a liceidade do objeto, a obediência à forma, quando prescrita.
O desatendimento a um destes requisitos constitui sério pecado que provoca, como reação do
ordenamento jurídico, a decretação da ineficácia.

CASOS DE ANULABILIDADE
Duas são as hipóteses em que surge o ato anulável: quando é praticado por pessoa
relativamente incapaz, e quando, a viciar o negócio jurídico, encontra-se um defeito tal como o erro, o
dolo, a coação, a simulação ou a fraude.

PROTEÇÃO AO MENOR PÚBERE


O art.154 do CC proclama serem anuláveis as obrigações contraídas pelos menores entre 16 e
21 anos, quando atuarem sem autorização de seus legítimos representantes, ou sem assistência de
curador que houvesse de intervir no ato.

EXCESSÕES À REGRA DE PROTEÇÃO AO MENOR PÚBERE

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Em duas hipóteses cessa a proteção que a lei confere ao menor púbere: a) quando ele, para se
eximir de uma obrigação, mente sobre sua idade, no ato de contratar; b) quando pratica ato ilícito que o
sujeita ao dever de reparar o dano.

A NULIDADE PARCIAL
A nulidade parcial de um ato não o prejudica na parte válida, se esta for da outra separável. É o
princípio tradicional segundo o qual utile per inutile non vitiatur. Assim, se a ato jurídico pode ser
desdobrado, e apenas uma das partes vem afetada pela nulidade, a outra continua válida, porque não a
contamina aquele vício destruidor.
Mister distingir do negócio jurídico a sua parte substancial da parte acessória. Se a nulidade
afeta a primeira, todo o negócio perece, porque como a existência do negócio supõe a do principal, é
incabível a sobrevivência daquele sem o deste.

EFEITOS DA NULIDADE
Anulado o ato, restituir-se-ão as partes ai estado em que antes dele se achavam. Não sendo
possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.

DOS ATOS ILÍCITOS

ATO ILÍCITO - colide com a lei, com a moral ou com os bons costumes e, por isso, gera
outros efeitos que não os queridos pelo seu autor.
Ato ilícito é aquele praticado com infração a um dever e do qual resulta dano para outrem.
Quando alguém descumpre uma obrigação contratual, pratica um ilícito contratual e seu ato
provoca reação da ordenação jurídica, que impõe ao inadimplente a obrigação de reparar o prejuízo
causado. O preceito que regula a responsabilidade contratual se encontra no art. 1056 do CC. “Não
cumprindo a obrigação, ou deixando de cumpri-la pelo modo e no tempo devidos, responde o devedor
por perdas e danos”.
Por vezes, entretanto, o ilícito se apresenta fora do contrato. Quando isso ocorre, nenhuma
ligação de caráter convencional vincula o causador à vitima do dano. Aquele infringiu uma norma legal
por atuar com dolo ou culpa, violou um preceito de conduta de onde resultou prejuízo para outrem.
Trata-se de uma responsabilidade extra contratual, ou aquiliana.
Art. 159 - “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito, ou causar prejuízo a outrem , fica obrigado a reparar o dano”.

PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE AQUILIANA

A) Ação ou omissão do agente;


B) Relação de causalidade;
C) Existência de dano;
D) Dolo ou culpa do agente.

Para se apresentar o dever de reparar, necessário se faz: que haja uma ação ou omissão, por
parte do agente; que a mesma seja causa do prejuízo experimentado pela vítima; que haja ocorrido
efetivamente um prejuízo; e que o agente tenha agido com dolo ou com culpa.

A) AÇÃO OU OMISSÃO DO AGENTE


O ato ilícito pode advir não só de uma ação, mas também de omissão do agente. Em todo caso
decorre sempre de um atitude, quer ativa, quer passiva, e que vai causar dano a terceiro. A omissão só
ocorre quando o agente, tendo o dever de agir de determinada maneira, deixa de fazê-lo.

B) RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
Mister se faz que, entre o comportamento do agente e o dano causado, se demonstre relação de
causalidade.

C) EXISTÊNCIA DE DANO
Qual o dano indenizável? Será apenas o patrimonial, ou cabe também ao dano moral?

D) DOLO OU CULPA DO AGENTE

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Finalmente, para emergir a responsabilidade civil, é necessário que o agente do dano tenha
agido dolosa ou culposamente.
Age com dolo aquele que, intencionalmente, procura causar dano a outrem. Atua culposamente
aquele que causa prejuízo a terceiro em virtude de sua imprudência, imperícia ou negligência.

O CC agrupou tanto os atos dolosos como os culposos sob a rubrica de atos ilícitos, pois o
efeito por qualquer deles gerado é sempre o mesmo, isto é, o dever de indenizar.

DISTINÇÃO DE CULPA

• CULPA GRAVE - ocorria quando a falta advinha de imprudência, ou negligência


seríssima.
• CULPA LEVE - consistia na falta afastável com atenção ordinária, ou seja, aquela no qual
o homem comum poderia incidir, mas que um homem normalmente cuidadoso decerto
evitaria.
• CULPA LEVÍSSIMA - seria aquela evitável por uma diligência especial, gerando falta na
qual mesmo o prudente e sábio pai de família poderia incorrer.

Mas útil é a distinção entre a culpa in concreto e a culpa in abstrato.


Considera-se IN CONCRETO a culpa quando se examina a imprudência ou negligência do
agente. Considera-se IN ABSTRATO quando se compara o procedimento do agente ao do homem
normal, isto é, a de um tipo fictício que se tem em vista.

A EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE

A CULPA DA VÍTIMA pode ser exclusiva ou concorrente com a culpa do agente. No primeiro
caso, ela exclui a responsabilidade, porque cessa a relação de causalidade entre o ato do agente e o
evento danoso; no segundo, ela se atenua, porque a vítima também contribuiu para o dano com sua
própria negligência ou imprudência.
Se o fato foi provocado por força maior ou caso fortuito, cessa igualmente a responsabilidade,
pois a presença e uma dessas circunstâncias elimina a idéia de culpa, e sem culpa não há, via de regra,
responsabilidade.

EVOLUÇÃO DA TEORIA DA RESPONSABILIDADE CIVIL


Abuso de direito;
Culpa negativa;
Presunção de culpa;
Campo do contrato;
Teoria de risco.

LEGÍTIMA DEFESA
Não constitui ato ilícito o praticado em legítima defesa. É um meio direito de preservação de
seu direito subjetivo (defesa).
Requisitos necessários para que tal defesa seja legítima.
a) Que a ameaça ou agressão seja eminente;
b) Que ela seja injusta;
c) Que os meios empregados sejam moderados, isto é, proporcionais à agressão.

O ABUSO DE DIREITO
Não constituem igualmente, atos ilícitos aqueles decorrentes do exercício normal de um direito.
No dispositivo do art. 160, I, 2a parte, acolhe o CC a teoria do abuso do direito, segundo a qual, mesmo
atuando dentro do âmbito de sua prerrogativa, pode a pessoa ser obrigada a indenizar dano causado, se
daquela fez um uso abusivo.

ATOS PRATICADOS EM ESTADO DE NECESSIDADE


Não constitui ato ilícito a destruição ou deteriorização de coisa alheia a fim de remover perigo
iminente. É a hipótese do ato praticado em estado de necessidade.
A lei fixa dois requisitos para que o ato escape à censura de iliceidade. Impõe:
a) que as circunstâncias o tornem absolutamente necessário;

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b) que não exceda os limites do indispensável para a remoção do perigo..

Embora a lei declare não ser ilícito a ato praticado em estado de necessidade, sujeita seu autor a
reparar o prejuízo causado.

DA PRESCRIÇÃO

O personagem principal é o tempo. De um lado o legislador vai definir, á pessoa que desfruta
de um direito por extenso período de tempo, a prerrogativa de incorporá-lo ao seu patrimônio; neste
caso, temos a prescrição aquisitiva, ou seja, o usucapião. De outro, vai determinar que o indivíduo que
longamente deixou de exercer uma ação que resguarda um seu direito subjetivo perca a prerrogativa de
utilizá-la, nesta hipótese, temos a prescrição extintiva.

CONCEITO

PRESCRIÇÃO - é a perda da ação atribuída a um direito e de toda sua capacidade defensiva,


em consequência do não uso delas, durante um determinado espaço de tempo
Requisitos elementares - a inércia do titular e o transcurso do tempo.

FUNDAMENTO
Já se sustentou que o não uso da ação por parte do titular traz uma presunção irrefragável de
extinção do direito.
Não são poucos os que justificam a prescrição na idéia de um castigo, imposto à inércia do
titular do direito, que o perde por sua própria culpa.
A maioria dos escritores fundamenta o instituto no anseio da sociedade em não permitir que
demandas fiquem indefinidamente em aberto, no interesse social em estabelecer um clima de segurança
e harmonia; pondo termo a situações litigiosas e evitando que, passados anos e anos, venham a ser
propostas ações, reclamando direito cuja prova de constituição se perdeu no tempo.

REQUISITOS DA PRESCRIÇÃO
São dois os requisitos:
- a inação do titular do direito;
- o transcurso do tempo.

Embora a prescrição se inspire nessa noção de segurança e estabilidade das relações sociais.
Ela também se justifica na idéia de que, revelando desse modo seu desinteresse, não merece proteção do
ordenamento jurídico.

DIFERENÇA ENTRE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

O CC não fala em decadência ou caducidade de direitos, só se referindo à prescrição.


QUANTO AOS EFEITOS - enquanto a prescrição é suscetível de ser interrompida e não corre
contra determinadas pessoas, os prazos de decadência fluem inexoravelmente contra quem quer que
seja, não se suspendendo, nem admitindo interrupção.
Na prescrição o que perece é a ação que guarnece o direito, enquanto que na decadência é o
próprio direito que fenece.
A prescrição supões um ação, cuja ação, cuja origem é distinta da origem do direito, tendo, por
isso, um nascimento posterior ao nascimento do direito. A decadência supõe uma ação, cuja origem é
idêntica à origem do direito, sendo, por isso, simultâneo o nascimento de ambos.

DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE A PRESCRIÇÃO

A) RENÚNCIA - renúncia à prescrição é o ato pelo qual o prescribente se despoja do direito


de invocá-la. Ela pode ser expressa ou tácita, mas depende de dois pressupostos:
a) que dela não decorra prejuízo para terceiro;
b) que já se haja consumado.

B) NECESSIDADE E MOMENTO DE SER ALEGADA - representando a prescrição um


benefício concebido a uma pessoa, o juiz só pode decretá-la se expressamente invocada. A

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lei faculta ao prescribente alegar a prescrição em qualquer instância (CC art. 162), o que
vale dizer que o interessado pode aduzi-la, em forma de exceção, na primeira ou em
superior instância, na ação ou na execução.

C) A PRESCRIÇÃO E AS PESSOAS PRIVADAS DA ADMINISTRAÇÃO DE SEUS


BENS - a lei protege os absolutamente incapazes de maneira incisiva. Determina que
contra eles não corre o prazo prescricional, de modo que, ou o curso do mesmo não se
inicia, ou então se suspende, se já houver se iniciado.

DIFERENÇA ENTRE SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO

Diz-se consumada a prescrição quando se completa o curso do prazo determinado na lei para
sua efetivação.
Pode ocorrer entretanto que, por força da lei, o curso do prazo não se inicie, ou que, iniciado, se
suspenda.
Interrompido o prazo da prescrição começa a correr novamente, ficando sem efeito o período
até então transcorrido.
Além desta, outra diferença fundamental entre a suspensão e a interrupção da prescrição está
em que naquela o prazo transcorrido antes de suspensa a prescrição aproveita ao devedor, pois,
reiniciado o seu curso, aquele se condiciona ao novo; enquanto na interrupção da prescrição o prazo que
flui até a data da interrupção é como se não tivesse existido, começando a correr novamente.
Em suma, enquanto a prescrição se suspende por força de disposição da lei em casos
determinados e, ao reiniciar seu curso, o prazo anteriormente transcorrido aproveita ao devedor, a
interrupção da prescrição é o ato deliberado do credor pelo qual, lançando mão de forma adequada,
torna sem efeito o prazo já transcorrido.

CASOS EM QUE O CURSO DA PRESCRIÇÃO NÃO SE INICIA OU SE SUSPENDE

O CC enumera em 03 hipóteses de suspensão da prescrição:


1. art. 168 - tem em vista pessoas ligadas entre si por determinado vínculo jurídico - o prazo
de prescrição não transcorre.
2. o art. 169 do CC ordena que não corra a prescrição contra certas pessoas que, em virtude de
uma circunstâncias a elas peculiar, não poderiam, zelosa ou diligentemente, defender seus
interesses. Refere-se primeiramente aos absolutamente incapazes.
3. o art. 170 é supérfluo. Nas hipóteses ai consagradas, a prescrição não corre, como de fato
não poderia correr, porque não existe ação para exigir o cumprimento da obrigação.

DA INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO
O art. 172 do CC enumera 05 diferentes atos pelos quais se interrompe a prescrição. Os 04
primeiros dependem da iniciativa do credor, e o derradeiro à dispensa em virtude do reconhecimento
induvidável da relação jurídica pelo devedor.
a) a prescrição se interrompe pela citação pessoal feita ao devedor, ainda que ordenada por
juiz competente;
b) a prescrição se interrompe pelo protesto;
c) da mesma forma, interrompe o lapso prescricional a apresentação do título de crédito, em
juízo de inventário ou em concurso de credores.
d) o curso da prescrição ainda se interrompe por qualquer ato judicial que constitua em mora o
devedor.

QUEM ALEGA E A QUEM ALCANÇA A NTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO


Nos 04 primeiros casos mencionados no art. 172 do CC, a prescrição pode ser interrompida
pelo titular do direito em vias de prescrição, ou por quem quer que legalmente o represente.
Se a prescrição ameaça diminuir de tal modo o patrimônio do titular do direito prescribendo,
que possa este encontrar dificuldade para saldar seus débitos, seus credores têm interesse em evitar que
a prescrição contra ele se consome, e por isso a lei lhes confere o direito de interrompê-la.
Tal regra admite várias exceções:
a) se os credores são solidários, existem várias relações jurídicas enfeixadas pela
solidariedade, a qual engloba todas numa só.

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b) como a solidariedade advém da lei, ou do contrato e não da natureza da obrigação,
ela não vincula os herdeiros do devedor solidário.
c) finalmente, como a fiança é acessória da obrigação, segue-lhe o destino se esta se
reaviva com a interrupção da prescrição, aquela igualmente sobrevive.

PRAZOS DE PRESCRIÇÃO
No art. 177, encontra-se a regra geral segundo o qual as ações pessoais prescrevem
ordinariamente, em 29 anos, as reais em 10, entre presentes e entre ausentes em 15.
Art. 179 - cuida ainda este art. Do início do prazo da prescrição. Com efeito, em regra, o termo
a quo conta-se da data em que a ação podia ser proposta, porque é a partir desde momento que se
caracteriza a neglig6encia do credor. Antes não podia ele agir, pois faltava-lhe legitimação ativa.
A regra geral do art. 177 distingue as ações pessoais das reais. Aquelas são as que buscam
obter o cumprimento de uma obrigação e, se outro prazo não lhes fixar a lei, prescrevem em 20 anos.
Ações reais são as que estribam num juris in re, e prescrevem em 10 anos entre ausentes, e em 15 entre
ausentes. Consideram-se ausentes as pessoas que residem em municípios diversos.

BIBLIOGRAFIA

1. DIREITO CIVIL
VOL. 1 - PARTE GERAL
SÍLVIO RODRIGUES
26a edição - Ed. Saraiva
São Paulo - 1996

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