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Índice.................................................................................................................................2
Quimioterapia da tuberculose – o início............................................................................3
Princípios do tratamento da tuberculose............................................................................4
Características do Mycobacterium tuberculosis............................................................4
Objectivos do tratamento da tuberculose.......................................................................5
Mecanismos de acção, metabolização, uso clínico........................................................6
Agentes de primeira linha..........................................................................................7
Agentes de segunda linha........................................................................................18
Esquemas terapêuticos.....................................................................................................23
Atitude perante os efeitos adversos.................................................................................27
Perturbações gastrointestinais e Hepatite...................................................................27
Erupção cutânea...........................................................................................................29
Febre............................................................................................................................30
Tratamento completo.......................................................................................................30
Referências bibliográficas...............................................................................................31
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Quimioterapia da tuberculose – o início
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Princípios do tratamento da tuberculose
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Estas características fazem com que as regras para o tratamento da
tuberculose sejam diferentes das indicadas para infecções habituais.
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o Diminuir a transmissão da doença;
o Atingir a cura rápida dos doentes, sem sequelas.
o Obrigatoriedade de poliquimioterapia;
o Necessidade de tratamento prolongado;
o Administração diária em toma única;
o Os doentes em esquemas curtos ou bissemanais devem
efectuar toma com observação directa;
o O tratamento é conduzido em duas fases : 1ª fase - diminuir
rapidamente o numero de bacilos; 2ª fase - esterilizar as
lesões.
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Rifampicina (R); outras Rifamicinas em situações particulares. Os
antibacilares de 1ª linha adjuvantes são: Pirazinamida, Etambutol e
Estreptomicina. Têm efeitos complementares na redução do risco de
resistência medicamentosa adquirida e na aceleração da resposta ao
tratamento, embora moderadamente. A Isoniazida e a Rifampicina
são os fármacos bactericidas mais potentes. A Pirazinamida e
Estreptomicina são também bactericidas, sendo a primeira activa
apenas em meio ácido, e a última em bacilos com multiplicação
rápida. São fármacos chave para um tratamento eficaz e de curta
duração. A Rifampicina é o fármaco esterilizante mais potente e
eficaz. O Etambutol é usado em associação com fármacos mais
potentes para prevenir a emergência de bacilos resistentes. O uso da
Estreptomicina tem como objectivo a redução rápida do número de
bacilos e a prevenção de resistências.
A Isoniazida (H)
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Atravessa as barreiras hematoencefálica e fetoplacentária. A sua
utilização é segura durante a gravidez.
A forma de apresentação é em comprimidos de 300 mg e em xarope
34mg/5ml, sendo a dose habitual:
- Adultos 3 a 5 mg/kg/dia até 300 mg/dia nos esquemas diários
15 mg/kg/dia ate 900mg nos esquemas bissemanais e
trissemanais
- crianças 10 a 15 mg/kg até 300mg/dia nos esquemas diários
20 a 30 mg/dia até 900mg/dia nos esquemas
bissemanais e trissemanais
Efeitos adversos
1 - Hepatotoxidade
O atingimento hepático é o principal efeito colateral da Isoniazida.
Uma elevação assintomática das transaminases pode surgir em 10 a
20% dos doentes a fazer Isoniazida isolada no tratamento da
tuberculose latente. Esta elevação obriga a controle apertado da
função hepática, não é indicação de toxicidade hepática progressiva
nem implica a descontinuação da terapêutica, revertendo geralmente
espontaneamente.
Se os valores das transaminases atingem níveis 5 vezes o limite
superior do normal, obriga à suspensão do fármaco até à
normalização dos valores que possibilitem a sua reintrodução.
A hepatite está associada a alguns factores de risco como: idade (o
risco aumenta a partir dos 35 anos, sendo de 0% abaixo dos 20 anos);
história de elevado consumo de álcool e/ou doença hepática
subjacente; indivíduos com Hepatite C e VIH+; co-administração com
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outros fármacos hepatotóxicos; nos acetiladores lentos; com o
aumento das doses de Isoniazida.
O efeito hepatóxico é potenciado pela associação com a Rifampicina.
A hepatite fatal é da ordem dos 0,023% podendo associar-se à
continuação da terapêutica com Isoniazida após início dos sintomas
clínicos de hepatite.
2 - Neuropatia periférica
A Isoniazida interfere com as funções biológicas da vitamina B6 ou os
compostos da piridoxina.
Existe um risco aumentado de neuropatia periférica na presença de:
deficiente estado de nutrição; doentes com patologia hepática crónica
e alcoólicos; diabéticos; mulheres grávidas e a amamentar; na
doença renal; em doentes com idade avançada, em co-infectados
com VIH. A prevenção consiste na administração de suplemento de
Piridoxina de 10 mg/dia aos indivíduos de risco (a administração de
doses mais elevadas de piridoxina pode interferir com a actividade da
Isoniazida).
Os sintomas mais frequentes são: parestesias; hipostesia periférica;
perda de sensibilidade postural e vibratória; fraqueza muscular com
atrofia ou fasciculações. Nos casos mais graves pode obrigar à
suspensão do fármaco.
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o As reacções de hipersensibilidade – febre, erupção cutânea,
anemia hemolítica, vasculite, neutropenia - são os efeitos
laterais mais raros, mas obrigam à suspensão do fármaco.
Interacções medicamentosas
A Isoniazida é um inibidor potente de isoenzimas do citocromo P450
hepático, pelo que pode aumentar as concentrações séricas de
alguns medicamentos nomeadamente de anti-convulsivantes, como
sejam a carbamazepina e a fenitoína. É importante a monitorização
destes fármacos durante o tratamento. A associação com Rifampicina
pode compensar estes efeitos uma vez que esta tem um efeito
contrário.
Os antiácidos reduzem a absorção gástrica da H.
A ingestão de queijo ou bebidas com conteúdo elevado de
monoaminas pode induzir afrontamento, cefaleias e taquicardia.
A Rifampicina (R)
O seu mecanismo de acção desenvolve-se através do bloqueio da
síntese de ARN. É um bactericida potente possuindo o perfil mais
potente na esterilização e na prevenção de resistências. Actua na
população de bacilos que só são metabolicamente activos por
períodos breves. Tem importância fundamental na redução do tempo
de tratamento.
É administrada por via oral, sendo bem absorvida, atingindo o pico
sérico às 2 horas e tendo uma semivida de 2 a 4 horas.
Os alimentos e os antiácidos interferem com a sua absorção, pelo que
deve ser administrada em jejum evitando a administração
concomitante de antiácidos.
Produz coloração vermelho-alaranjada em todos os líquidos orgânicos
- urina, fezes, suor, lágrimas. Atravessa mal a barreira
hematoencefálica, aumentando a capacidade de penetração quando
existe um processo inflamatório, sendo os níveis atingidos suficientes
para a eficácia clínica pretendida.
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Pode ser usada durante a gravidez; entre 1 e 11% da dose
administrada passa para o leite materno em mães a amamentar.
A metabolização é hepática, por desacetilação, é excretada pela bílis
e reabsorvida no intestino, sendo depois excretada nas fezes e na
urina.
A forma de apresentação é em cápsulas de 300 mg e em suspensão
oral 100mg / 5ml, sendo a dose habitual de 8 a 12 mg/kg/dia até uma
dose máxima de 600 mg/dia, nos esquemas de administração diária.
Efeitos adversos
Os efeitos adversos mais graves surgem em cerca de 4% dos
doentes, e relacionam-se com a sua capacidade de indução
enzimática e antigénica.
2 - Reacções de hipersensibilidade
Estas reacções são mais frequentes nas terapêuticas intermitentes.
Podem surgir reacções como prurido, com ou sem reacção cutânea
(auto-limitado), febre, erupção cutânea, mialgias e eosinofilia.
Surgem 1 a 2 horas após a toma.
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4 - Flu síndroma
Esta síndroma compreende febre, arrepios, mialgias e mal-estar geral.
Surge mais frequentemente em tratamentos irregulares e esquemas
não diários.
5 - Compromisso renal
Pode consistir em necrose tubular, nefrite intersticial ou
glomerulonefrite. Em situações mais raras pode surgir uma nefropatia
de cadeias leves semelhante ao mieloma.
6 - Síndroma lupus-like
Compreende artralgias, mialgia e pesquisa de ANA´s positiva
7 - Hepatite
O atingimento hepático é raro, inclui uma hiperbilirrubinemia
assintomática transitória. Surge mais vezes quando administrada em
associação com Isoniazida, geralmente nas duas primeiras semanas
de tratamento. A hepatite clínica mais grave tem um componente
tipicamente colestático.
Interacções medicamentosas
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o medicamentos cardiovasculares: verapamil, nifedipina,
diltiazem, propanolol, enalapril, losartan, digoxina, quinidina,
propafenona
o broncodilatadores: teofilina
o sulfonilureias hiperglicemiantes
o hipolipidémicos
o psicotrópicos: nortriptilina, haloperidol, benzodiazepinas
DERIVADOS DA RIFAMPICINA
Rifapentina (RPT)
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É um derivado ciclopentil da Rifampicina, com uma actividade in vitro
2 a 10 vezes superior a esta. A sua grande vantagem pode ser o facto
de possuir uma semivida longa ( 20 horas) o que, a par da sua
potente actividade, pode vir a ser util em esquemas terapêuticos
curtos . A actividade indutora enzimatica é de cerca de 50%
relativamente a Rifampicina.
Apresenta-se em comprimidos de 150mg, é usada na dose de
10mg/kg/dia, até um máximo de 600mg/dia, usada uma vez por
semana na fase de consolidação do tratamento.
A Pirazinamida (Z)
Tem um acção bactericida sobre bacilos intracelulares, em repouso ou
em multiplicação, sendo eficaz apenas em meio ácido. Possui uma
baixa actividade in vitro, devido às variáveis dependentes do pH, da
actividade medicamentosa e do crescimento micobacteriano.
Permite a redução do tempo de tratamento de 9 para 6 meses
quando adicionada ao esquema terapêutico. Tem uma acção
esterilizante adicional se integrada num esquema com Rifampicina,
durante os 2 primeiros meses de tratamento. Esta acção é mais
limitada se a Rifampicina não puder ser utilizada, devendo então ser
feita no tempo completo do tratamento.
É administrada por via oral, atingindo picos séricos ao fim de 1 a 2
horas, com uma semivida de 9 a 11 horas, é metabolizada pelo
fígado, sendo 70% de excreção renal, pelo que pode ser necessário
reduzir a dose em doentes com insuficiencia renal. Atravessa
livremente a barreira hematoencefalica.
A forma de apresentação é em capsulas de 500 mg sendo a dose
habitual de 25 a 35 mg/kg/dia para o adulto e 15 a 30mg/Kg/dia para
a criança, até um máximo de 2000 mg/dia.
Efeitos adversos
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A consequente hiperuricemia pode ser assintomática, sem
consequências adversas. Pode cursar associada a artralgias (ombros,
joelhos, dedos das mãos e pés e tornozelos). A terapêutica
intermitente com Pirazinamida pode diminuir este efeito. Não obriga a
terapêutica epecífica. A artrite gotosa aguda é uma situação rara.
2 - Hepatotoxicidade
É mais hepatotóxica que a Isoniazida. A toxicidade hepática é dose
dependente, sendo pouco frequente com as doses habitualmente
utilizadas. Pode haver subida das transaminases persistindo por 4 a 6
semanas. Raramente surge hepatite difícil de manusear.
3 - Outros efeitos:
o Sintomas gastrointestinais. Podem surgir nauseas e anorexia
que desaparecem com a continuação do tratamento;
o Erupção cutânea, é geralmente autolimitada melhorando com a
toma de um anti-histaminico;
o Dermatite de fotossensibilidade
o Poliartralgias não gotosas, surgem em 40% dos doentes a fazer
tratamento diário e respondem bem à aspirina e aos anti-
inflamatórios nao esteroides.
O Etambutol (E)
É um agente bacteriostático mas parece ter uma considerável
actividade bactericida precoce em altas doses. É útil na prevenção de
resistência adquirida a outros agentes, tais como Isoniazida e/ou
Rifampicina.
É utilizado em associação com Isoniazida e Rifampicina no início do
tratamento, provando ser eficaz.
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Só existe na forma oral, sendo bem absorvido. Atinge valores
máximos em 2 a 3 horas e tem uma semivida de 3 a 4 horas. Pode
acumular-se em doentes com insuficiência renal, uma vez que é
excretado através do rim. Pode ser usada durante a gravidez.
Atravessa mal a barreira hematoencefalica, aumentando a
capacidade de penetração quando existe um processo inflamatório.
As concentrações inibitória e bactericida mínimas são extremamente
baixas.
A forma de apresentação é em comprimidos de 400 mg e em xarope
sendo a dose habitual de 15 a 25 mg/Kg/dia para adultos e de 15 a 20
mg/Kg/dia para crianças.
Efeitos adversos
A Estreptomicina (S)
É um aminoglicosideo contribuindo para a potência do esquema
terapêutico, embora de uma forma modesta. A sua utilização é cada
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vez menos frequente, pela forma de administração, pela frequência
de efeitos secundários e pela elevada prevalência de resistências.
Muito pouco absorvida por via oral, deve ser administrada por via
intramuscular. Atinge picos séricos ao fim de 0,5 a 2 horas e tem uma
semivida de 2 a 4 horas. A sua excreção é renal. Atravessa mal a
barreira hematoencefalica; como atravessa facilmente a barreira
fetoplacentaria não deve ser utilizada durante a gravidez pelo risco
de originar surdez e outras má-formações no feto; pode ser utilizada
durante o período de amamentação pois não é absorvida pelo trato
gastrointestinal da criança.
Deve ser usada no caso de: alta prevalência de resistência
medicamentosa inicial, doença muito extensa, potencial má absorção
dos medicamentos orais ou incapacidade para administração de
medicamentos por via oral.
A forma de apresentação é em ampolas de 1 gr sendo a dose habitual
no adulto, em administração única diária, de 15 mg/Kg/dia e de 20
mg/Kg/dia na criança até máximo de 750 a 1000 mg/dia
Efeitos adversos
2 - Outros efeitos:
- Toxicidade renal semelhante á dos aminoglicosideos em geral, a
função renal deve ser cuidadosamente monitorizada;
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- Hipersensibilidade- caraterizada por reacção urticariforme
generalizada, com prurido;
- Raramente surgem alterações hematológicas; nauseas, vomitos,
cefaleias, hipotensão também são raros.
Aminiglicosídeos
Actuam de forma semelhante à Estreptomicina. São todos
administrados por via parentérica.
Canamicina
É o mais utilizado deste grupo. Com doses, precauções e contra-
indicações semelhantes à Estreptomicina, parece ser mais tóxica que
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esta para o VIII par craniano. Obriga a monitorização mensal da
função renal e de toxicidade do VIII par por audiometria.
Pode surgir resistência cruzada com a Estreptomicina e a Amicacina.
Amicacina
É o fármaco mais dispendiosa deste grupo. Os cuidados com
prevenção dos efeitos secundários são os necessários para a
canamicina.
É frequente a resistência cruzada com a Estreptomicina e a
Amicacina.
Capreomicina
A farmacocinética, doses, precauções, contraindicações, são
semelhantes às da Estreptomicina.
Não há resistência cruzada com os restantes antibioticos deste grupo.
Etionamida
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durante o dia, durante as refeições. A forma de apresentação é em
comprimidos de 250mg.
Desencadeia frequentemente intolerância digestiva: nauseas,
vomitos, sabor metálico na boca, eructações sulfurosas,
sialorreia,anorexia. Podem surgir alterações neurológicas e
psiquiátricas: alucinações, depressão, cefaleias, irritabilidade,
diplopia, tremores, convulsões. A hipoglicemia ocorre raramente mas
exige vigilancia mais apertada nos diabéticos.
Recomenda-se, durante o tratamento com este fármaco, uma
monitorização frequente das transaminases, em especial em doentes
com patologia hepática prévia ou alcoolismo crónico. As alterações da
função hepática são semelhantes ás encontradas com a Isoniazida.
Deve ser administrada com cuidado em doentes diabéticos,
hepáticos, alcoólicos e emocionalmente instáveis. Está contra-
indicada na gravidez por ser teratogénica.
Cicloserina
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muita precaução nos doentes com insuficiência renal. Está contra-
indicada em: doentes com história de epilepsia, antecedentes de
hipersensibilidade grave ao fármaco, doentes com psicopatias,
alcoólicos. Na gravidez só deve ser usada se não existem outras
alternartivas. Deve ser administrada Piridoxina concomitantemente.
Fluoroquinolonas (Q)
Ofloxacina
É bem absorvida por via oral, usada na dose de 600 a 800mg/dia,.
Atinge picos séricos entre as 1 e as 2 horas, com uma semivida de 5 a
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8 horas. Cerca de 30% do fármaco é excretado de forma intacta na
urina e 4% nas fezes. Apresenta-se em comprimidos de 200mg.
Deve ser reservada para os casos mais difíceis e sempre em
associação com, pelo menos, dois outros antibacilares. Não deve ser
usada em indivíduos com idade inferior a 18 anos, devido ao risco de
lesões irreversíveis nas cartilagens impedindo assim o crescimento.
Geralmente é bem tolerada estando descrita intolerância digestiva
em cerca de 3 a 6% dos casos. Está contra-indicada em: gravidez,
aleitamento materno, indivíduos com idade inferior a 18 anos e em
antecedentes de hipersensibilidade grave às Fluoroquinolonas.
Ciprofloxacina
É bem absorvida por via oral, na dose total de 1500mg/dia uma ou
duas vezes ao dia, de preferencia às refeições. Apresenta-se em
comprimidos de 250, 500 e 750mg e em ampolas de 200mg. Atinge
picos séricos entre as 1 e as 2 horas, e tem uma semivida de 3 a 5
horas. E parcialmente metabolizada no fígado e os metabolitos
excretados na urina e fezes.
As precauções e contra-indicações são semelhantes às da Ofloxacina.
Tiacetazona
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hipersensibilidade de grande gravidade) e em antecedentes de
hipersensibilidade grave ao fármaco.
Macrólidos
Esquemas terapêuticos
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A decisão sobre a duração do tratamento depende sempre da
resposta do doente ao tratamento.
Os regimes de tratamento mais prolongados destinam-se a doentes
com alto risco de insucesso terapêutico, enquanto que os regimes
mais curtos aplicam-se a doentes com baixo risco.
O conceito de administração medicamentosa intermitente está em
evolução. Sabe-se que a manutenção de concentrações
medicamentosas inibitórias contínuas não é necessária para matar ou
inibir o crescimento do bacilo. Todos os estudos efectuados apontam
para o facto de os esquemas terapêuticos intermitentes terem efcácia
semelhante aos diários, sem aumento significativo de toxicidade.
Nalguns casos facilita a obsevação do tratamento e reduz custos.
Um regime que inclui HRZ durante dois meses seguido por quatro
meses de HR é o tratamento de referência para doentes com bacilos
sensíveis a todos os medicamentos de primeira linha, que aderem ao
tratamento. A fase inicial do tratamento é crucial para prevenir a
emergência de estirpes resistentes aos antituberculosos. O E ou S
seriam incluidos no regime inicial até que os resultados dos testes de
sensibilidade às drogas estejam disponíveis. Em populações com
baixa probabilidade de resistências (menos de 4% de resitência
primária à Isoniazida; doente sem tratamentos anteriores, sem
história de exposição a tuberculose resistente) pode iniciar-se
tratamento só com HRZ.
Regimes de nove meses são recomendados se não se utiliza
Pirazinamida. Se o esquema não inclui Isoniazida, a Rifampicina e o
Etambutol devem ser mantidos durante nove meses.
As tuberculoses extrapulmonares são orientadas à semelhança da
tuberculose pulmonar, regimes de 6 a 9 meses são eficazes. Na
tuberculose menigea e miliar na criança, tuberculose ossea e articular
o tratamento deve prolongar-se por doze meses.
Existe uma nomenclatura própria para registo dos esquemas
terapeuticos, utilizando os simbolos de cada fármaco, juntando as
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letras respectivas antecedidas de um algarismo que indica a duração
do tratamento em meses.
Há 4 esquemas básicos recomendados no tratamento de adultos com
tuberculose provocada por M. tuberculosis sensível às drogas de 1ª
linha, com duração mínima aceitável de 6 meses e incluindo duas
fases:
- fase inicial, intensiva, com duração de 2 meses
- Isoniazida, Rifampicina, Pirazinamida e Etambutol
Conduz à morte rápida dos bacilos – os doentes bacilíferos
rapidamente se convertem em não contagiosos (ao final de 2
semanas), há uma melhoria rápida dos sintomas e os doentes com
baciloscopias positivas ao exame directo negativam ao final de 2
meses
- fase de continuação com Isoniazida e Rifampicina, duração de
4 a 7 meses
o efeito de esterilização das drogas elimina os bacilos residuais e
previne recidiva
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Nenhum regime será eficaz se o doente não tomar efectivamente a
medicação. A administração deve ser numa única toma, em regime
de TOD, permitindo o atingimento de concentrações séricas máximas
mais altas e mais eficazes.
Um sistema de comunicação eficaz é indispensável para identificar e
alertar os responsáveis da Saúde Pública logo que um doente
interrompe o tratamento. Para melhorar a aderência ao tratamento
podem ser oferecidos alguns incentivos: senhas de transporte,
alimentos, administração conjunta de diferentes medicações
( antiretrovirais, metadona).
Com base na experiência clínica, considera-se a administração
5x/semana em TOD, como sendo equivalente à administração
7x/semana, podendo ser ambas consideradas como administração
diária.
As novas recomendações da WHO para os regimes de tratamento da
Tuberculose adequam-se a diferentes grupos de diagnóstico,
reflectindo inovações nas formulações dos fármacos e avanços na
compreensão da resposta ao seu tratamento em doentes VIH
negativos.
A fase de continuação com o esquema 4 HR diariamente ou
trissemanal, com TOD, é a preferida. A primeira vantagem deste
regime é a baixa taxa de falência do tratamento ou recidiva quer em
doentes VIH negativos e em VIH positivos com susceptibilidade aos
fármacos de 1ª linha, e também naqueles com resistência inicial à
Isoniazida.
O esquema 6HE diário, é opção aceitável que deve ser usada quando
a aderência ao tratamento com HR não pode ser assegurada. Em
doentes VIH positivos, qualquer combinação com drogas anti-
retrovirais pode ser associada a este regime.
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A possibilidade de utilizar fármacos em associações evita a
monoterapia, facilita a compreensão do esquema terapêutico pelo
doente.
* Rifater
- Isoniazida 50 mg, Rifampicina 120 mg, Pirazinamida 300 mg
- 1 comp. por cada 10 Kg de peso corporal/dia, até um máximo de 6
comp.
* Rifinah
- Isoniazida 150 mg, Rifampicina 300 mg
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superior a 5 vezes o normal, deve então suspender-se
imediatamente a medicação.
Se surge aumento das bilirrubinas e da fosfatase alcalina (mais
comum com a Rifampicina), é preconizada uma avaliação cuidada do
doente sendo mandatório averiguar exposição a álcool ou outros
fármacos hepatotóxicos.
Após a suspensão dos antibacilares em curso deve-se administrar
pelo menos 3 fármacos não hepatotóxicos até se encontrar a causa
da hepatotoxicidade e iniciar esquema apropriado. Os antibacilares
suspeitos devem ser reiniciados após diminuição das transaminases
para valores
< 2x o limite superior do normal, de forma gradual ( Tabela 1).
Paralelamente deve-se monitorizar a sintomatologia e as enzimas da
função hepática. Se a Rifampicina e a Isoniazida forem toleradas,
deve-se reconsiderar a não reintrodução da Pirazinamida, uma vez
que esta será então a provável responsável (terapêutica completar-
se-á aos 9 meses). Caso surja novamente hepatite, suspende-se em
definitivo a Isoniazida.
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3º 150 mg - -
4º 300 mg 75 mg -
5º 300 mg 300 mg -
6º 300 mg 450 mg < 50 Kg -
600 mg > 50 Kg
7º 300 mg 450 mg < 50 Kg 250 mg
600 mg > 50 Kg
8º 300 mg 450 mg < 50 Kg 500 mg
600 mg > 50 Kg
9º 300 mg 450 mg < 50 Kg 1000 mg
600 mg > 50 Kg
10º 300 mg 450 mg < 50 Kg 1500 mg < 50 Kg
600 mg > 50 Kg 2000 mg > 50 Kg
Tabela 1 – Esquema de reintrodução antibacilares
Fármaco hepatotóxico:
o Isoniazida: – 2RZ E ou S e 10RE/RZ
o Rifampicina:– 2 HZ Eou S e 16 HE/HZ
o Pirazinamida: – 2 HRE e 7 HR
o Etambutol:– 2 HRZ e 4 HR
o Estreptomicina: – 2 HRZ e 4 HR
o Isoniazida+Rifampicina: – 3 ZEQS e 15 ZEQ
o Isoniazida + Rifampicina + Pirazinamida: – 3 QES e 21 QE
Erupção cutânea
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trombocitopenia devida à Rifampicina. Dever-se-á então suspender a
Rifampicina até que o valor de plaquetas volte ao basal.
Nas reacções generalizadas pode associar-se a febre e/ou
compromisso das membranas mucosas. Devem suspender-se todos
os medicamentos. Se se estiver perante um caso de tuberculose
grave deve-se iniciar 3 fármacos novos - 1 aminoglicosídeo por via
parentérica e 2 por via oral. Após melhoria da erupção proceder-se-á
à reintrodução dos medicamentos de 1ª linha um a um com intervalos
de 2-3 dias, sendo primeiro a Rifampicina (menos provável provocar a
erupção), seguida da Isoniazida, o Etambutol e por fim a
Pirazinamida. Se ocorrer reaparecimento da erupção, deve-se
suspender o último fármaco reintroduzido. Se não reaparecer erupção
após início dos 3 primeiros medicamentos, ponderar não iniciar 4º
fármaco a não ser que seja essencial para a terapêutica.
Febre
Tratamento completo
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Num esquema de 6 meses, o número mínimo de doses é de 182
doses de Isoniazida e Rifampicina e 56 doses de Pirazinamida, se 7
dias/semana, e é de 130 doses de Isoniazida e Rifampicina e 40 doses
de Pirazinamida, se 5 dias/semana.
Quando não se completa o número esperado de doses, por toxicidade
medicamentosa ou por não adesão ao tratamento, as doses da fase
inicial devem ser administradas num período de 3 meses, e as da fase
de continuação num período de 6 meses, completando assim 9
meses.
Referências bibliográficas
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