Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
42 TUBERCULOSE PLEURAL
Márcia Seiscento
Médica Assistente da Disciplina de Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo
Lisete R. Teixeira
Professora Assistente da Disciplina de Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo
Francisco S. Vargas
Professor Titular da Disciplina de Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo
Derrame pleural, de etiologia tuberculosa, é co- fia computadorizada de alta resolução ou tomografia
mum em países com alta incidência de tuberculose (TB). por emissão de positrons (PET- SCAN), o diagnósti-
No Brasil, onde esta incidência é alta (51,3/100.000 co do comprometimento do parênquima pulmonar, em
habitantes – 1998)1, a tuberculose extrapulmonar ocor- particular das lesões subpleurais, se torna mais evi-
re em aproximadamente 15% dos casos, sendo o der- dente, caracterizando a importância do binômio pul-
rame pleural, o mais freqüente1,9. No estado de São mão-pleura na TB pleural6.
Paulo, responsável por 20% dos casos de tuberculose
notificados no país (1998 a 1999), a forma extra-pul- Patogenia
monar ocorreu em 18% dos casos, sendo 8% na vari-
ante pleural2. O derrame pleural, reflexo de uma intensa ati-
Nos países, com alta incidência de TB, o acome- vidade inflamatória, resulta de uma reação de
timento pleural reflete uma alta taxa de infecção pri- hipersensibilidade tardia à presença do bacilo no
mária, enquanto nos países com baixa incidência re- espaço pleural, o qual sendo fagocitado pelos
sulta de reativação de infecções anteriores3. O crité- macrófagos locais desencadeia uma resposta imu-
rio mais utilizado para classificar TB pleural primária ne do tipo celular por ativação dos linfócitos TH
ou pós primária fundamenta-se nos achados radioló- CD4 8.
gicos e/ou bacteriológicos. Na ausência de O comprometimento pleural é decorrente de
baciloscopia positiva e de lesões pulmonares, consi- um foco pulmonar primário e ocorre, com freqüên-
dera-se como sendo uma manifestação primária. A cia, após alguns meses da primo-infecção
presença de baciloscopia positiva e/ou lesões do tuberculosa. A reação pleural à agressão pelo bacilo
parênquima, permite classificar a tuberculose como pós da tuberculose pode ocorrer por diferentes meca-
primária4. nismos:
A positividade da pesquisa direta ou da cultura a) ruptura de foco caseoso na região subpleural
para bacilo álcool ácido resistente (BAAR) no escar- b) contiguidade da lesão pulmonar
ro, no escarro induzido ou no lavado broncoalveolar, c) ruptura de gânglio mediastinal
(na ausência de expectoração espontânea), pode ser d) via hematogênica ou linfática
indicativo de comprometi-mento pulmonar, mesmo na A presença de bacilos no líquido pleural nem sem-
ausência de alterações parenquimatosas visíveis ao pre é evidente, fazendo supor que possa existir uma
exame radiológico convencional5. Com o advento de reação inflamatória de hipersensibilidade que altere
métodos radiológicos mais acurados, como tomogra- secundariamente a fisiologia do mesotélio. A intensa
Tuberculose Câncer
N 95 96
complicações e eficácia diagnóstica superior à biopsia, casos, exames citológicos do líquido pleural associa-
quando associada à bioquímica e à citologia do líqui- dos a técnicas de imuno-fenotipagem, conduzem, com
do pleural. relativa segurança, ao diagnóstico etiológico.
O diagnóstico diferencial, mais freqüente, em A tendência que se vislumbra é de se estabelecer
casos de ADA > 40 U/L deve incluir o empiema, os o diagnóstico com procedimentos menos invasivos,
linfomas e a artrite reumatoide. O empiema pode dispensando a realização da biópsia pleural. Deve-se
ser facilmente diferenciado pelo quadro clínico, pelo enfatizar que considerando a dosagem das proteínas,
aspecto do líquido (turvo ou purulento) e pela a contagem diferencial das células no líquido pleural e
citologia quantitativa que demonstra predomínio de a ADA, o diagnóstico pode ser estabelecido na maio-
polimorfonucleares. Os derrames neoplásicos, com ria dos casos. Poderia-se reservar a indicação de
quadro clínico muitas vezes sugestivo, em grande biópsia de pleura para os casos duvidosos25.
percentual fornecem citologia oncótica positiva. Fi-
nalmente, o derrame pleural secundário à artrite Citologia
reumatoide é relativamente pouco freqüente e na mai-
oria das vezes apresenta história prévia da doença e O número de leucócitos no derrame tuberculoso
diagnóstico laboratorial definido. é variável, estando aumentado proporcionalmente ao
Os linfomas, representam o principal proble- número de linfócitos e alcançando níveis de 50 a
ma no diagnóstico diferencial, uma vez que em ambos 90%20-23. Em pacientes com sintomas há menos de
os casos (TB e linfoma) temos exsudatos linfocíticos 15 dias pode haver predomínio de leucócitos
em pacientes com faixas etárias próximas, história clí- polimorfonucleares, caracterizando a fase aguda da
nica semelhante e freqüentemente com ADA em ní- inflamação.
veis superiores a 40 U/L. Associa-se a isso a fre- O número de células mesoteliais é geralmente in-
qüente concomitância observada entre pacientes com ferior a 5%. O encontro de mais de 5% de células
AIDS e desenvolvimento de linfomas quer sejam pri- mesoteliais no derrame pleural tuberculoso não é ha-
mários de cavidade pleural ou secundários. Nestes bitual, sugerindo a necessidade de maior exploração