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EXPEDIENTE

EDITORIAL

Recondução polêmica obriga


SDS Ed. Venâncio V BI. R
Salas 108 a 114
CEP 70393-900 – Brasília – DF
PABX (61) 3224 - 9392
www.sindjusdf.org.br Antônio Fernando a mudar
Coordenadores gerais
Ana Paula Barbosa Cusinato (MPDFT)

O POVO
D
Roberto Policarpo Fagundes (TRT)
epois de muita polêmica e uma demora sem precedente, na noite de
Wilson Batista de Araújo (TRE/DF)
quinta-feira (21/6), Lula, tentou sair da saia justa que Antonio Fernan-
BRASILEIRO SÓ Coordenadores de Administração
e Finanças
do o colocou, optando, pela terceira vez, em valorizar a lista tríplice
realizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).
Berilo José Leão Neto (STJ)

INSISTE PORQUE Cledo de Oliveira Vieira (TRT)


Jailton Mangueira de Assis (TJDF)
Diante das conseqüências da inflexibilidade de Antônio Fernando, os no-
mes dos subprocuradores-gerais da República Wagner Gonçalves e Ela Wiecko

A SUA CULTURA Coordenadores de Assuntos


Jurídicos e Trabalhistas
Eliza de Sousa Santos Ávila (STF)
se mantiveram firmes até o final da disputa. As resistências ganharam real di-
mensão quando foram expressas por meio de uma espécie de batalha de listas

RESISTE
José Oliveira Silva (TJDF) tríplices. A política interna de Antônio Fernando, entenda-se arbitrariedade e
Newton José Cunha Brum (TST)
falta de diálogo, provocou a inédita decisão de todos os ramos do MP interferi-
Coordenadores de Formação rem na sucessão.
e Relações Sindicais
A insatisfação foi tamanha que o nome de Antonio Fernando nem apareceu
Carlos Alberto de Araújo Costa (TJDF)
Eliane do Socorro Alves da Silva (TRF) nas votações promovidas pelos procuradores do Trabalho. O jornal Folha de S.
Raimundo Nonato da Silva (STM)
Paulo afirmou que a principal crítica feita a Antonio Fernando é estruturada na
Coordenadores de Comunicação, dificuldade de negociação de um procurador que não ouve ninguém.
Cultura e Lazer A mesma Folha de S. Paulo trouxe, no dia 21 de junho, a seguinte manchete:
Orlando Noleto Costa (TSE)
Sheila Tinoco Oliveira Fonseca (TJDF) “Antônio Fernando enfrenta resistências para novo mandato”. Pudera, a oito
Quando Ariano Suassuna completa 80 anos, vale celebrar Valdir Nunes Ferreira (MPF) dias do fim do mandato, a recondução do procurador-geral ainda esbarrava
em resistências, principalmente dentro do próprio Ministério Público, diga-se
o sentido da festa como expressão de força coletiva Redator responsável
TT Catalão de passagem – órgão que ele comandou com mãos de ferro. Para desespero
contra tudo o que se tenta fazer para impedir a voz, a imagem e o jeito Reg. Prof. 685-DF
de Antônio Fernando, as pressões chegaram ao Palácio do Planalto e criaram
do que Ariano (cita Machado de Assis) chama de “Brasil Real”. Assistente muito impasse.
Cynthia de Lacerda Borges
Ele nos lembra que a festa popular é política quando reage, pela beleza, No entanto, todo esse impasse não confere ao procurador-geral da Repú-
blica o mesmo poder do primeiro mandato. Afinal, agora ele mais do que uma
contra a conspiração de mediocridade que tenta aviltar, Textos
Hylda Cavalcanti
oportunidade, vê-se obrigado a tentar mudar a imagem de administrador pú-
busca modelar, impõe achatar, reduzir, corromper Daniel Campos
blico inflexível.
e até se apropriar dessa cultura para enfraquece-la como Fotos Para tentar mudar sua imagem marcada pela intransigência, neste início de
Jessé Vieira
“exotismo de mercado”. Luiz Alves segundo mandato o procurador tem a oportunidade de criar um canal de comu-
nicação e receber o Sindjus para discutir alguns ajustes na regulamentação do
Projeto Gráfico
PCS (Lei 11.415/06). Há uma série de coisas para se corrigir e, depois de tanto
3033-5255 impasse, o procurador-geral vai ter que pensar duas vezes antes de, como de
Tiragem
costume, ignorar as reivindicações dos servidores. Afinal, o procurador-geral
10.000 exemplares da República foi reconduzido, mas numa recondução onde ele sentiu muito
mais o sabor da derrota do que da vitória.


Revista do Sindjus Maio de 2007 • Nº 40
ARTIGO especial

José Geraldo de Souza Junior


Professor e ex-diretor da Faculdade de Direito da UnB,
coordena o Projeto “O Direito Achado na Rua”

Mediação Popular de Conflitos

E
m seminário sobre Me- um terceiro imparcial, buscam rização jurídica, numa visão movimentos necessários para
diação Popular de Con- uma saída satisfatória para normativista, substantivista, impulsionar a universalização
flitos e Acesso a Direitos, seus impasses pondo fim ao que faz da norma a unidade do acesso à Justiça, aludindo
promovido em Brasília pela conflito. de análise da realidade, per- a uma Justiça sem jurisdição
Secretaria Especial dos Di- Portanto, em minha abor- dendo de vista a possibilidade porque efetivamente operada
reitos Humanos proferi, a dagem, optei por uma estra- de uma leitura processual, na comunidade, para a co-
convite dos organizadores, a tégia de problematização, institucional do mundo, as- munidade e, sobretudo, pela
conferência inaugural com o dado esse senso comum, an- sentada na experiência, que comunidade.
intuito de abordar os aspectos corando-a em três pilares, to- toma o conflito como o seu Cuida-se assim, conforme
conceituais do tema. dos decorrentes de limites das elemento analítico. destaquei em prefácio ao livro
Iniciei minha exposição condições de compreensão É a partir de uma con- de José Eduardo Romão (Justi-
considerando ser já abun- da realidade no paradigma figuração crítica desse en- ça Procedimental. A prática da
dante a disponibilidade de da modernidade. Refiro-me viesamento ideológico que mediação na teoria discursiva
definições e de distinções aqui à modernidade em seu se torna possível pensar os do direito de Jürgen Haber-
acerca das chamadas formas sentido de tempo histórico processos sociais e operar mas, Maggiore Editora/UnB-
alternativas e extrajudiciais e de racionalidade. Os três soluções para os conflitos que Faculdade de Direito, Brasília,
de solução de conflitos, en- aspectos que pretendo por dele emergem. Mediar confli- 2005), de trazer ao Direito
tre as quais se descrevem a em relevo são os seguintes: a tos, portanto, requer atuar em descolonizado, como propõe
arbitragem, a conciliação e a modernidade compreendida uma situação de alteridade o autor, uma dimensão dia-
mediação propriamente dita. como racionalidade científica sem hierarquias, sejam as que lógica para a mediação, de
No caso da mediação, por e positiva que passou a rejei- opõem as práticas do social modo que ela possa se cons-
exemplo, é um senso comum,
descrito nas páginas Web de
tar outras formas de conhe-
cimento e de explicação da
às prescrições da autorida-
de localizada no Estado; do
tituir, como indica um outro
autor (Luis Alberto Warat (O
Previdência: Como será o seu futuro?
Tribunais e da própria SEDH, realidade, tais como as míti- Direito adjudicado por um Ofício do Mediador, Florianó-
ser ela um método alternati- co-religiosas e as de natureza especialista (o juiz) a partir de polis: Habitus Editora, 2001),

O
vo de resolução de conflitos metafísica; a modernidade, uma pauta restrita (o código, um trabalho de reconstrução governo apresentou no tável. O Governo terá um custo das por entidades fechadas, 3º do artigo 16 do anteprojeto)
em que as partes, de forma representada pela hegemonia a lei), em relação a sujeitos simbólica, imaginária e sensí- seminário Previdência inicial que deverá ser equilibra- cujas alíquotas estão entre 7 está estimada em 5% para
voluntária e auxiliadas por da forma política do Estado, que não são reconhecidos vel, com o outro do conflito e Complementar para do com os anos”. A afirmação e 8,5%. Os servidores con- capitalizar a reserva individual
cuja expressão institucional em suas identidades (ainda de produção com o outro, das Servidores Públicos, nos dias foi feita pelo ministro do Pla- tratados após a instituição da e 2,5% para os benefícios de
passou a subordinar as expe- não constituídos plenamente diferenças que permitam su- 18 e 19 de junho, no auditório nejamento, Paulo Bernardo, Previdência Complementar risco e custeio administrativo
riências múltiplas de outros como seres humanos e cida- perar as divergências e formar do STJ, a minuta de projeto durante sua exposição no receberão a soma do teto do da entidade de previdência
“ Mediar conflitos, que regulamenta a previdência seminário em questão. Esse Regime Geral de Previdência complementar.
modos de organização polí- dãos) e que buscam construir identidades culturais.
portanto, requer tica no espaço da sociedade; a sua cidadania por meio de A mediação é então com- complementar. De olho nesse projeto consiste na criação Social e da renda complemen- Aproveitando a presença
atuar em uma a modernidade caracterizada um protagonismo que busca preendida como um proce- tema, o coordenador-geral de um regime previdenciário tar. A justificativa do governo do ministro, Roberto Policarpo
pela supremacia do modo o direito no social, em um pro- dimento de tradução como do Sindjus, Roberto Policarpo, complementar único orienta- é que esse projeto permitirá questionou o discurso de que
situação de afirmou que a expectativa dos do principalmente para ade- um tratamento previdenciário bastaria a contribuição de
legislativo de realizar o Direi- cesso que antecede e sucede propõe Boaventura de Sousa
alteridade to, isolando o jurídico na sua o procedimento legislativo Santos, ou seja, capaz de criar servidores é de que esse pro- são dos novos servidores, com isonômico entre trabalhadores 7,5% , do servidor e do gover-
sem hierarquias, expressão formal (a codifica- e no qual, o Direito, que não uma inteligibilidade mútua jeto não seja regulamentado. possibilidade de entrada dos do setor público e do setor no, para garantir um benefício
ção), por meio de uma colo- se contêm apenas no espaço entre experiências possíveis As razões dessa afirmação servidores públicos antigos por privado, além de uma maior igual ao seu último salário. “Se
sejam as que serão explicitadas ao longo opção, sob uma alíquota de segurança jurídica e fiscal. o ministro afirma que 7,5%
nização das práticas jurídicas estatal e dos códigos é, efeti- e disponíveis para o reconhe-
opõem as práticas plurais inscritas nas tradições vamente, achado na rua. cimento de saberes, de cultu- dessa matéria. contribuição de 7,5%. Segundo informações di- são suficientes, então os 11%
do social às corporativas e comunitárias. Em artigo recente (Acesso ras e de práticas sociais que Segundo o anteprojeto, vulgadas pelo governo, a dis- pagos hoje pelo servidor (que
Todo este processo pode universal à Justiça, Correio formam as identidades dos A medida do governo essa contribuição é destinada tribuição inicial das contribui- é acusado de quebrar a previ-
prescrições da à capitalização, benefícios de ções dos servidores e da União dência e de ter um monte de
ser resumido em um modelo Braziliense, Brasília, pág. 19), sujeitos que buscam superar
autoridade ideológico que passou a pen- a juíza Gláucia Falsarella Foley os seus conflitos. “A idéia é que tenhamos um risco e custeio administrativo (ambas fixadas no máximo de privilégios) e o pagamento dos
localizada no sar o mundo pela sua exterio- referiu-se a um conjunto de sistema previdenciário susten- e compatível com as pratica- 7,5%, conforme o parágrafo 22% que deveriam ser pagos
Estado“ 
 
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especial especial

pelo governo podem ser con- mento das aposentadorias já sua parte na composição das e essa não tem legitimidade
siderados mais que suficientes concedidas. aposentadorias e isso leva a para promover ainda mais
para garantir o pagamento da No novo regime, as re- crer que a história pretende se prejuízo e insegurança para os
integralidade dos benefícios munerações superiores ao repetir agora. servidores públicos.
para os servidores. Não se teto da do Regime Geral de Te m e r á r ia t a m b é m é Estamos diante de uma
justificando, portanto, a ne- Previdência serão divididas a ausência de definição, no clara opção (pressão) política
cessidade da previdência com- em duas partes para efeitos anteprojeto, dos requisitos do executivo – a opção de im-
plementar”, argumentou o de contribuição. Até o teto de aquisição, manutenção e por ao funcionalismo público,
coordenador-geral do Sindjus. (R$ 2.894,28, em abril de perda da qualidade de parti- a qualquer custo, o regime da
Diante do questionamen- 2007), nada muda. Sobre cipante, elegibilidade, forma previdência complementar
to, o ministro afirmou que essa parcela, o servidor con- de concessão, cálculo e paga- tão bem quisto pelo mercado
Policarpo teria razão se os tinuará recolhendo 11% para mento dos benefícios, porque financeiro. Em seu discurso,
governos anteriores tivessem a União e ajudando, portanto, se deixou para depois, para a Paulo Bernardo deixou clara
feito o aporte dos recursos que a bancar o benefício de quem regulamentação pelos órgãos a opção do governo em entre-
cabiam a União. Infelizmente, já está aposentado. internos da entidade, a defini- gar a aposentadoria dos ser-
mais uma vez, o governo utili- ção desses pontos essenciais vidores públicos à iniciativa
za da “herança maldita” para Quem garante que para os servidores - que não privada. Segundo o ministro,
arrochar o servidor público. o governo honrará poderão depender do mero os mais de 300 fundos de
Afinal, a expectativa é de com sua parte? regulamento (artigo 13). previdência complementar
que esta alíquota (7,5%) não existentes hoje no Brasil têm
é suficiente para garantir uma A grande questão é a de Não é necessário importante participação na
aposentadoria próxima do se o Poder Público terá con- regulamentar economia do país com inves-
salário da ativa. As projeções dições de suportar a dívida timentos em ações e no setor
mais otimistas do governo que surgirá com a previdên- A implantação do regime de comércio, entre outros ra-
apontam que esta alíquota cia complementar. Se hoje o de previdência complementar mos da economia nacional.
garante aposentadoria com servidor contribui sobre tudo Agora, esse risco não está Os dois primeiros corres- contribuíam com o IPASE para os servidores públicos, Pudera. As metas do mer-
valor de 90% da remuneração e a contribuição é usada no “Se o ministro presente nos discursos do go- pondem a direitos líquidos (Instituto de Previdência e conforme vem traçada no ar- cado são de se chegar, no ano
do servidor na ativa, mas sem custeio das atuais aposenta- verno. Pelo contrário. “Temos de cidadania e, como tal, não Assistência Social). Era uma tigo 40 da Constituição, é uma de 2010, a um montante de R$
afirma que 7,5% são a expectativa de que parem contam com receitas próprias, contribuição de 4% a 7%
garantia nenhuma. dorias, e já se espalha à men- mera faculdade conferida ao 565 milhões em poupança pre-
Além disso, vislumbra-se tira que o sistema é deficitário, suficientes, então de dizer que temos culpa pelos devendo ser financiados com sobre o total de sua remune- Poder Executivo, portanto não videnciária no Brasil. Em 2006,
impacto negativo no curto o que se esperar quando se os 11% pagos hoje rombos deixados pelas diver- impostos pagos pela socie- ração. De 1952 a 1973, pas- é obrigatória. o valor dessa poupança che-
prazo, com sérios efeitos sobre instituir a previdência com- sas gestões e governos”. Essa dade como um todo (as con- saram a contribuir com 7,2%. Além do artigo 40, cita- gou a R$ 352 milhões no país.
pelo servidor e o fala de Policarpo traduz a ten- tribuições sociais). Portanto, Em 1974, 80% dos servidores
a contribuição que o governo plementar e os servidores do acima, o parágrafo 14 No mundo, está na ordem
deve fazer para o fundo, com contribuírem apenas até o pagamento dos 22% tativa do governo em buscar não se aplica nesses casos o passaram a contribuir para o da Emenda Constitucional de US$ 18 trilhões. Segundo
risco grave à salubridade das teto do Regime Geral, reme- pelo governo podem motivação na suposta falta de conceito de déficit (ninguém Regime Geral de Previdência (EC) 41, de 2003, - que insti- Policarpo, apesar de sedutores,
suas contas e, também, efeitos tendo o restante para a sua contribuição do servidor públi- diz, por exemplo, que uma Social (RGPS) com alíquotas tuiu a reforma da Previdência os números da movimentação
ser considerados co para justificar a instalação escola pública, que oferece que variavam de 8% a 10%
sobre as aposentadorias e previdência complementar? – é bem claro no que se refere dos fundos de previdência não
pensões atuais. A expectativa é de que mais que suficientes da previdência complementar. ensino gratuito, é ‘deficitária’; sobre um teto estabelecido. que o plano de previdência significam segurança alguma.
Tal impacto de curto pra- ocorrerá um déficit absurdo, para garantir o Mas para desmontar essa tampouco se pode dizer isso Em 1988, o Regime Jurídico complementar para os ser-
zo está relacionado com a inviabilizando o pagamento idéia de déficit é válido res- de um hospital público, ou Único (RJU) introduziu o direi- vidores públicos poderá ser A insegurança para
pagamento da gatar que um dos maiores da assistência a uma pessoa to à contagem recíproca, mas
parcela de contribuição da dos atuais benefícios do regi- instituído, não estabelecendo os servidores
União para o novo regime e a me atual e a contribuição da integralidade dos avanços obtidos na Cons- pobre, portadora de deficiên- não foi feita a compensação a obrigatoriedade para isso.
transição em relação ao mo- União para o próprio regime benefícios para os tituição de 1988 foi a idéia cia grave). Incluir as despesas financeira entre os regimes. Ou seja, a regulamentação da Nesse anteprojeto, o go-
delo atual. No atual regime, de previdência complementar. da formação de um sistema da Seguridade, como um Quer dizer: tudo que foi arre- previdência complementar é verno tira qualquer estímulo
servidores. ” integrado de seguridade, que todo, no chamado ‘déficit da cadado até então sumiu. Em
os servidores contribuem com Ou seja, um colapso total. de caráter facultativo. ao dizer que o servidor público
11% sobre a remuneração e Dado este cenário, é preocu- englobaria: a saúde pública Previdência’ é um artifício 1993, o desconto variava de Para um agente público vai devotar ao público os seus
a União, com o dobro, 22%. pante o anteprojeto não trazer lizada pelos Poderes da União (amparo aos doentes), a as- lamentável, que só serve para 9% a 11% sobre a remune- promover uma mudança com melhores anos, a sua força, a
Mas como o regime é de cai- um mecanismo eficiente para (artigo 11), sem nenhuma ga- sistência social (amparo aos assustar a opinião pública e ração. Em 1997, foi unificado essa dimensão é preciso haver sua disposição, a sua juventu-
xa (não há acumulação de garantir que a responsabilida- rantia para que isso aconteça. portadores de deficiência e às dramatizar o problema. para os atuais 11%. uma motivação, isto é, uma de, mas a retribuição por essa
reserva), na prática, a União de do pagamento das contri- A experiência demonstra que pessoas em situação de risco) Os servidores públicos, Já o governo sempre foi necessidade para tal. E não há dedicação será dividida com
não desembolsa a sua par- buições dos patrocinadores, os a União pode deixar de con- e a Previdência Social propria- que são acusados de não o responsável pelo suposto nenhum estudo do governo o Estado (pagando uma boa
te. Tanto a parte do servidor órgãos públicos. tribuir com a sua parte, o que mente dita (proteção aos que contribuir com a previdên- déficit que ele diz haver na que apresente essa necessida- fatia de impostos) e com os
ativo quanto a da União vão Apenas há previsão de que gera uma expectativa temerá- ultrapassam o período de vida cia, contribuem desde 1938. previdência do servidor, uma de. O que existe, de fato, é uma privados que exploraram os
imediatamente para o paga- serão pagas de forma centra- ria para os servidores. de trabalho). Os funcionários públicos já vez que não contribui com pressão do mercado financeiro serviços, que já deveriam estar

 


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especial especial

políticas de benefícios míni- “deterioração” do seu Regime Aposentadoria é balhador desse encargo. por ele muito acima do que é
mos, tornando-se mais cus- Próprio de Previdência Social. um direito O projeto de regulamen- economicamente necessário.
tosa esta transição. Em suma, Por exemplo, se optar pela tação da previdência com- Criar as condições para que
70% dos fundos privados do previdência complementar, O que temos que ter cons- plementar indica que a con- o Estado e suas instituições
Chile estão falidos. o servidor perde o direito de ciência é de que aposentado- tribuição patronal máxima funcionem melhor deveria ser
Já a Argentina implan- receber os reajustes das rees- ria é um direito, não um privi- estará limitada a 7,5%. Se uma das questões de primeira
tou um modelo misto, que truturações de salário do PCS. légio. A natureza diferenciada esse percentual é suficiente ordem. Para tanto, é necessá-
consiste em dois segmentos Para implementar esta do servidor público e dos para sustentar a aposentado- rio, em primeiro lugar, valorizar
compulsórios: o sistema pú- “cooptação” ao regime de membros dos poderes frente ria futura, os servidores que o trabalho do servidor público
blico reformado, que garante previdência complementar aos trabalhadores do setor hoje pagam 11% não podem por meio de sua participação
a pensão básica, e um novo dos atuais servidores e mem- privado é traduzida numa re- ser pejorativamente taxados na formulação e na gestão das
segmento plenamente capita- bros, o anteprojeto estabe- lação igualmente diferencia- de privilegiados pelo seu regi- políticas públicas, garantindo-
lizado, que paga a pensão su- lece um benefício especial, da da prestação laboral, com me de aposentadoria. Pagam se, com isso, seu compromisso
plementar, modelo semelhan- a ser pago junto com a con- direitos e deveres distintos. Se em relação aos resultados a
te ao que quer se implantar no cessão de aposentadoria ou no setor privado há prevalên- serem alcançados.
Brasil. O resultado também é pensão por morte pelo regi- cia da liberdade e do interesse Diante de tamanho Em segundo lugar, é preci-
desanimador. Os fundos de me de previdência da União, privado, no setor público há risco, não é so priorizar a capacitação dos
previdência dos trabalhadores enquanto perdurarem estes restrições na fixação dos pa- servidores construindo uma
vantagem para o
abarcados pelas contribuições finitivamente, a aposentadoria ficaram entupidos com papéis benefícios (artigo 3º). drões remuneratórios e ainda maior capacidade técnica e
que você paga ao Estado. E do servidor público se trans- da dívida do Estado. Quando Ocorre que o benefício no exercício profissional. atual servidor aderir gerencial para enfrentar o de-
pior, quando o servidor chegar A Implantação formou em uma aposta e uma o governo resolveu renegociá- especial é uma armadilha. O Como não podem negociar à propaganda do safio de desenvolver políticas
à velhice, nem essa retribuição do regime de aposta de alto risco. los por 25% do valor do título, seu valor máximo é a dife- livremente salários e outros públicas capazes de garantir
governo sobre
lhe estará garantida. Agora, e se o fundo que- o patrimônio dos trabalhado- rença entre a média da base direitos, os servidores têm me- o desenvolvimento social e
previdência res caiu, levando a Argentina de cálculo das contribuições nor capacidade de constituir previdência econômico. E o Estado deve
O regime de previdência brar, como no caso do Aerus,
complementar somente au- complementar principal credor da Varig, que à famosa crise de 2002. previdenciárias de até 65 sobras que assegurem a pro- complementar. Essa ter políticas específicas de
toriza a oferta de planos de para os servidores deixou os trabalhadores da E isso não é um problema remunerações anteriores à teção da renda futura, para si e retenção desse pessoal que
propaganda é uma
benefícios na modalidade de companhia aérea sem aposen- latino-americano. Nos EUA, adesão e o teto dos bene- para a sua família, do que o te- ajudará a qualificar. Nesse
públicos é uma mera 470 mil trabalhadores já per- fícios do Regime Geral, R$ riam na liberdade da prestação armadilha para o sentido, garantir-lhe uma
contribuição definida (art. 12 tadoria? Com R$ 737 milhões
do anteprojeto), em que se faculdade conferida em patrimônio, o Aerus tem deram suas aposentadorias 2.894,28, em abril de 2007. laboral para empresas priva- servidor perder segurança para gozar sua
tem definição da contribuição, ao Poder Executivo, R$ 2,445 bilhões em compro- em razão da quebra de fun- Exceto isso, o valor do bene- das. Assim, o Estado consegue velhice pode ser o grande di-
sua integralidade e
não do benefício. Nesta moda- missos assumidos com o pa- dos privados de previdência. fício especial é proporcional- recrutar os melhores quadros ferencial estatal na conquista
portanto não é O risco não é hipotético, é mente reduzido pelo tempo para a prestação do serviço paridade. dos melhores quadros para
lidade o risco é muito grande, gamento de aposentadorias.
porque o servidor receberá o obrigatória. Falta R$ 1,7 bilhão para fechar eminente. de contribuição, mediante público dispensando esse tra- ocupar o serviço público.
benefício de acordo com os a conta. O buraco nas contas a aplicação de um fator de
rendimentos de suas reservas do Aerus foi criado por suces- Desvantagem real conversão.
individualizadas, financiados ções. Um problema político, sivas inadimplências da Varig, Fator este dado p ela
pelos planos de custeio, pla- um problema de criar negócios, patrocinadora do plano. Diante de tamanho risco, quantidade de contribuições
nos estes que estabelecem o um problema de transferir ren- D o is p a ís e s v i z i n h o s não é vantagem para o atual (13 por ano), dividida por
nível de contribuição necessá- da, não para o trabalho, mas também dão exemplo nes- servidor aderir à propagan- 455. Como se vê, não foi
rio à constituição das reservas para o capital. Em resumo, a sa matéria. O Chile adotou da do governo sobre previ- considerado a diferença de
garantidoras de benefícios, previdência complementar é sistemas previdenciários to- dência complementar. Na idade da mulher na composi-
fundos, provisões e à cobertu- uma violenta transferência de talmente privados, nos quais verdade, essa propaganda é ção desse fator, pois, para as
ra das demais despesas. renda - aliás, mais uma. foi extinto o modelo público uma armadilha para o servi- mulheres o tempo de contri-
Para os servidores do Judi- A revolta aumenta quando anterior e substituído por um dor perder sua integralidade buição exigido é de 30 anos.
ciário e do Ministério Público, checamos os dados de que a modelo privado. O resultado e paridade. A proposta desconsiderou
isso representa uma perda irre- situação do sistema de repar- não poderia ser pior. A saída Pelo projeto, os atuais uma garantia constitucional
parável de direitos sociais, pois tição no Judiciário e no MPU do Estado representou uma servidores e os membros que das mulheres servidoras, a
parte da nossa previdência é a mais tranqüila, matema- redução da cobertura, obri- tenham ingressado no serviço não ser que o governo já
passará a ser vinculada à lógi- ticamente falando, dos três gando os cofres públicos ao público até o início do funcio- pretenda fazer mais uma
ca do mercado financeiro, sem poderes. Uma vez que, para pagamento de benefícios namento do fundo poderão reforma constitucional com
que se detenha algum tipo de cada aposentado há mais de assistenciais e outros sub- optar pelo regime de previ- o objetivo de retirar mais um
controle real sobre as aplica- quatro servidores na ativa. De- sídios para atendimento de dência o que justificaria a direito dos servidores.


 

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Formação Formação
profissional profissional

tos com pagamento de seguro déficit de 800 mil profissionais funcionários trabalham em Experiências pequenas,
desemprego. Ou seja, sobrou qualificados no país se não período integral ao lado dos ainda, mas que mostram, por
pouco para preparação dos forem tomadas providências carpinteiros mais experientes si só, que ampliar essa cultura
trabalhadores, diante do que agora. O conselho dado pelos da casa, com quem aprendem não pode ser visto apenas
precisou ser gasto com atendi- consultores aos empresários é as técnicas. Após esse período, como uma meta para o Brasil

Sobram vagas especializadas mento aos desempregados. Os


dados do Ministério do Traba-
lho apontam que as despesas
de que, caso desejem competir
pelos maiores talentos, inovem
suas políticas de recrutamento
os que são considerados aptos
passam a ter novas atribuições,
com aumento de salário.
que quer crescer e se tornar
mais competitivo daqui por
diante. E sim, como uma ne-

no país do desemprego
com qualificação de mão de e procurem se apresentar como Em menos de um ano de cessidade. “Essa formação não
obra foram reduzidas em cerca a opção mais atraente para o projeto, a Cofix já formou virá do dia para a noite. É pre-
de R$ 5 milhões no último ano desenvolvimento profissional 50 carpinteiros de fôrma e ciso o empenho do governo,
Tágica ironia brasileira é a falta de mão de obra qualificada (de R$ 87,8 milhões em 2005 do empregado - investindo, pretende que, até o final de das grandes instituições, dos
para atender às exigências do mundo globalizado para R$ 83,1 milhões no ano principalmente, na área de Re- 2008, 60% de seu efetivo de sindicatos e do empresariado”,
passado). O que mostra que, cursos Humanos (RH). carpinteiros seja “prata da desta-
daqui por diante, essa atuação Para

precisa ser modificada. que parte do trabalho tenha casa”. Paulo Vieira, diretor de cou Xavier de Lis-
Nos estados, o sinal ama- êxito, o governo deverá am- produção e obras da empresa, boa, ao lembrar que, esta é a

N
um país com milhões de urgência, conforme alertam projetos tidos como estrutu- para atender à demanda das relo também foi dado e outras pliar e modernizar as escolas contou que, no início do proje- regra para que o país não perca
desempregados como técnicos do governo e profis- radores para o crescimento empresas e isso poderá ficar pesquisas estão sendo feitas técnicas e superiores para re- to, como os profissionais pas- a corrida competitiva para
o, sobram cada vez mais sionais de diversas instituições econômico, sobretudo as Par- pior se o crescimento do País se junto aos governos para avaliar ceber esse contingente de pes- saram a trabalhar em duplas, a aqueles países que ofereçam
vagas em vários segmentos voltadas para estudos sobre o ceiras Público-Privadas (PPPs) acelerar”, ressaltou. a demanda observada em rela- soas que precisam de treina- produtividade sofreu uma que- mais benefícios e trabalhado-
econômicos, por conta da falta mercado de trabalho. e o Programa de Aceleração Recentemente, o ministro ção aos trabalhadores de cada mento. Mas será preciso que o da de 8%. Mas essa queda não res melhor preparados.
de qualificação profissional. “Antes, num caso destes, do Crescimento (PAC). Tais do Trabalho e Emprego, Carlos área. A idéia é de o governo próprio mundo empresarial se representou problemas, uma
Dados do Sistema Nacional de se diria que havendo vagas projetos, que prometem dar Lupi, pediu ao Codefat a reali- estruturar, daqui por diante, a ajuste à nova cultura, introdu- vez que o resultado final acar-
Emprego (Sine) mostram que, disponíveis, o que estaria um incremento em obras de zação de um estudo que leve à elaboração de uma política de zindo mais cursos e programas retou em melhor qualidade na
no ano passado, das 1,8 mi- em falta seria a capacidade infra-estrutura no país e con- ampliação dos recursos do fun- qualificação que passe a esta- de reciclagem junto aos seus prestação de serviços, sem
lhão de vagas oferecidas pelas destas pessoas. Hoje, vemos tribuir para a geração de mais do destinados à qualificação belecer controle e fiscalização empregados e, até mesmo, de falar em outros resultados, tais
empresas em todo o Brasil, so- que a situação não é bem empregos, por outro lado exi- de mão de obra dos brasileiros. dos convênios a serem reali- estímulo a cursos superiores. como redução de desperdícios,
zados, como forma de evitar de acidentes de trabalho e pa-
“Faltou uma
mente 877 mil conseguiram ser assim. Faltou uma educação gem o preenchimento das va- A primeira proposta que será
problemas. E, principalmente, Cosme e Damião dronização de processos. educação adequada
preenchidas, deixando de lado adequada no país para estes gas por pessoas que precisam encaminhada a Lupi, informou
um contingente de contadores, trabalhadores, muitos deles estar bem preparadas – tais o presidente do Codefat, prevê contribuir para a formação Outro setor que também no país para estes
soldadores, jardineiros, opera- pais de família. Não houve como estaleiros, siderúrgicas a aplicação de R$ 900 milhões de uma nova cultura no país, Uma realidade que já está tem se movimentado como trabalhadores,
dores de marketing, técnicos uma ação estratégica, ao lon- e portos digitais, entre outros. em 2008, nessa área. Se apro- voltada para a reciclagem e o sendo posta em prática por pode é o de Tecnologia da Infor-
aprimoramento profissional. algumas empresas. A em- mação (TI). Recentemente, no muitos deles pais de
atuariais, técnicos de turismo, go das últimas décadas, que vada, significará um aumento
técnicos em informática, pro- os levasse a se atualizar e se “Apagão” de mão de obra de quase nove vezes no mon- “Em todo o mundo se fala preiteira Cofix Construções e Rio Grande do Sul, foi iniciado família. Não houve
fessores, pedreiros e diversos aprimorar dentro das exigên- tante a ser investido este ano, em inovação tecnológica e em Empreendimentos, do ramo um trabalho piloto com quatro uma ação estratégica,
outros profissionais. cias que o mercado impõe”, Um situação crítica que o que é R$ 106 milhões. reciclagem profissional. Por de serviços de fôrmas, por escolas técnicas públicas em
aqui, por mais que se mencio- exemplo, desde o ano passado parceria com instituições priva-
ao longo das últimas
Pessoas estas que, ou se avaliou o professor Antonio presidente do Conselho Deli- Em 2006, os gastos do
encontram desatualizadas Xavier de Lisboa, que possui berativo do Fundo de Amparo FAT com a qualificação dos ne estes temas, o crescimento vem capacitando carpinteiros das, oferecendo cursos pós-en- décadas, que os
diante da crescente moderniza- estudos no âmbito da forma- ao Trabalhador (Codefat), Eze- trabalhadores foram meno- entre os trabalhadores não especializados por meio do sino médio para a formação em levasse a se atualizar
ção tecnológica ou desprepa- ção profissional. quiel Souza do Nascimento, res, em termos reais, que em seguiu o ritmo dos demais pa- projeto intitulado Cosme e desenvolvimento de software. e se aprimorar dentro
radas para enfrentar os novos Como se isso não bastas- chamou de “apagão de mão de 2005. Isso porque o fundo íses”, afirmou Xavier de Lisboa. Damião. O programa tem O curso, prevê a capacitação de
Da mesma opinião, espe- como objetivo, formar a mão- aproximadamente 500 pessoas das exigências que o
desafios impostos pelo mundo se, a situação deixa o Brasil obra”, bem mais grave do que o teve aumento de 40,7% das
globalizado. Um problema que totalmente carente de mão de do setor elétrico. “O Brasil não despesas com o abono salarial cialistas do grupo Catho, de for- de-obra menos qualificada nos programas Net e Java e tem mercado impõe”,
o Brasil precisa resolver com obra para tocar os principais tem trabalhadores qualificados e acréscimo de 25,1% de gas- mação profissional, acreditam da construção: os serventes. apoio do Estado e da Microsoft
que poderá existir, em 2010, um Durante nove meses, estes na preparação dos professores.

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especial deleite para a polêmica. pela Borsoi, 1971. 2ª ed., Rio de Janeiro, José Olympio, 1972 com
Ariano quando acentua a beleza do fazer uma adaptação teatral por Romero e Andrade Lima, 1997.
popular em sua obra, legitima este fazer como
“ato ético e político”. “Quando o povo, mesmo
na miséria, responde com a festa, ele assume
uma reivindicação política. Não é que eu esteja
Quaderna, o grande
inconsciente das dificuldades. Dizem que o A obra de Ariano é ambiciosa mesmo. Assumida. Daí sua

Levante, povo brasileiro é um povo irresponsável porque


passa fome e se veste de cor, dança, canto e luz.
Acho isso uma prova de grandeza e generosidade.
grandiloqüência no caminho Quaderna. Em 1959, em companhia
de Hermilo Borba Filho, fundou o Teatro Popular do Nordeste, que
montou em seguida a Farsa da boa preguiça (1960) e A caseira e a

alumbramento Isso é um protesto do sonho contra a injustiça. Eles


mostram que têm direitos a uma vida digna e justa.
Suas pedras falsas são muito mais valiosas que as pe-
Catarina (1962). Em 1976 publica a História d´O rei degolado nas
caatingas do sertão / Ao sol da Onça Caetana, classificados por ele
de “romance armorial-popular brasileiro”. Este Dom Pedro Dinis

e paixão nos dras dos ricos, pois neles há uma grande quantidade
de sonho humano”, discursa na aula espetáculo usada
no documentário de Douglas Machado O Sertãomundo
Ferreira-Quaderna – também nasceu em um16 de junho, porém
em 1897. Cria a Academia de Letras dos Emparedados do Sertão
da Paraíba. Quaderna fala por Ariano quando vive o fervor de uma

80 anos de de Suassuna. É por esta percepção que toda e qualquer


análise superficial sobre o “engajamento político” de
Ariano cai sem nexo quando o rotulam reacionário. Trata-se
restauração. Busca a redenção pelos veios do que ainda mantém a
chama original, no caso de Ariano, tais resíduos da origem ainda
estão mantidos nas expressões populares do Brasil oculto, ou

Ariano de uma vida e uma obra com extensões profundas na estética


mestiça do país sob matrizes ibéricas, negras e tapuias plasma-
das na figura do caboclo de lança do Maracatu Rural, de baque
massacrado pela sanha do “global” que deseja o controle pela
morte da diversidade. Estão na cultura as armas de Ariano. Alia-se
a outro “santo guerreiro” da nossa história recente: Glauber Rocha

Suassuna solto, onde o mestre é coroado pelo Piaba de Ouro. O plano ideo-
lógico tem dificuldade para lidar com linguagens fora dos padrões.
Como se o despertar da consciência precisasse de tédio e lavagem
traduzido principalmente no discurso sebastianista do “sertão que
vai jorrar leite e mel” sem miséria, do filme Deus e o Diabo na Terra
do Sol em que o padrinho prega nos altos do Monte Santo que um
cerebral para absorver conteúdos. dia teremos fartura onde “os cavalos comendo as fulô” fazem o
paraíso na terra compartilhada e fraterna.

TT Catalão
Ô xenti, Quixote Ao iniciar nos anos 60 suas aulas de Estética na UFPe, Ariano
chega, em 1976, à defesa de sua tese de livre-docência A Onça
castanha e a Ilha Brasil: uma reflexão sobre a cultura brasileira.
Na linhagem influente de Dante, Cervantes (quando exalta a Aposenta-se como professor em 1994. Essa fome de embasamen-
tradição da Idade Média pela novela da cavalaria e a Renascença to, sem o rigor científico do tal “brasil oficial”, impulsiona o drama-
pelo picaresco, presentes nos emblemáticos D. Quixote e Sancho), turgo ao político (assumindo cargos públicos, como agora ocupa a
Ariano ainda lida cúmplice de Guimarães Rosa (nem tanto pela lin- Secretaria de Cultura de Pernambuco e já esteve no mesmo cargo
guagem, mas pelo universo) e muito, muito mesmo, por Euclydes no governo Arraes no período 1994-1998).
da sua terra, nasceu da Cunha. O Quaderna de A Pedra do Reino não é um lunático de- Na formulação acadêmica consolidou ainda mais seus pen-
em um palácio. No ano bilóide, simplório delirante, com sonhos de grandeza pela “restau- sares, ao iniciar em 1970, no Recife, o “Movimento Armorial”,
seguinte, seu pai deixa o governo ração do Império de justiça no Brasil”. O seu processo é esmiuçado quando a sua proposta chave de cultura brasileira quebra barreiras
da Paraíba e a família passa a morar no no livro com inúmeras relações a fatos históricos e, aí a genialidade, entre o erudito e o popular. Reuniu músicos expressivos como An-
sertão, na fazenda Acauhan. Na revolução de 30, da vida pessoal de Ariano e a discussão de uma nobreza redentora tonio Madureira e lançou no Recife, em 18 de outubro de 1970, o
seu pai foi assassinado por motivos políticos no Rio de Janeiro e a e erudita presente nas vísceras ensolaradas do popular sertanejo. histórico concerto “Três Séculos de Música Nordestina - do Barroco
família mudou-se para Taperoá, onde morou de 1933 a 1937. Ali Sobre o evento em si a obra O reino encantado, de Araripe Júnior, ao Armorial” e com uma exposição de gravura, pintura e escultura.
faz os primeiros estudos e é tocado pelas violas, mamulengos e im- publicado em 1878 vai mais fundo. O fundamental Os sertões, de Quando Rachel de Queiroz escreve no prefácio de A Pedra do Rei-

E
ste é o “AriAno” provocam os amigos deste sertanejo astuto provisos do rico imaginário popular. Em 1947, escreveu sua primei- Euclydes da Cunha, está na base de tudo e os romances de José no - “só comparo o Suassuna no Brasil a dois sujeitos: a Villa-Lobos
(no sentido da “astúcia para sobreviver e não para oprimir”, ra peça, Uma mulher vestida de sol. A peça vira especial da Globo Lins do Rego — Pedra Bonita, de 1938 e Cangaceiros, 1953 tra- e a Portinari”; ela dá o argumento para esta grandeza que se supera
como sempre repete). Quem acha ser demais a exposição na em 1994 sob direção de Luis Fernando Carvalho que recentemente çam o ideário em que a epopéia e a sublimação pela dor e sacrifício pelo espelho inspirador da grande obra vertida na cultura popular.
mídia e palestras, saibam que a alma combatente desse penitente adaptou a Pedra do Reino para esta emissora. ressoam tão bem na alma sertaneja. O messianismo de 1837, em Ariano sempre afirma ser “um grande devedor” dessas raízes. E sua
perde rápido a aparente timidez para montar cavaleiro armado de O Auto da Compadecida (1955) projeta Ariano em todo o país. Pedra Bonita, Sertão do Pajeú, não é recriado apenas como eixo proeza maior está no processamento que faz destas linguagens. Ain-
sol e palavra. Hábil no uso dessas armas Ariano encanta platéias O crítico Sábato Magaldi resume em 1962 o espanto geral sobre o do romance. Ariano cria pontes e até iconografia onde o processo da encontra tempo e espaço emocional para se comover com seus
na linha radical de fortalecimento da cultura popular do Brasil Real trabalho como “o texto mais popular do moderno teatro brasilei- jurídico do personagem “desenha” e incorpora a imagem do ima- 80 anos de penitência apaixonada. Define o universal deste regional
contra o desmantelo do Brasil Oficial. Em toda entrevista Ariano ro”. A observação procede quando análises apressadas sobre o ginário naquilo que parecia apenas caro aos “nobres europeus” e encantado pelo “tanto de sonho humano contido”.
provoca matreiro: “peço que vocês não me perguntem muito, por- trabalho e o caráter de Ariano o rotulam como “retrógado e passa- aí a obra trilha a celebração popular sem mistificá-la na caricatura Essa medida o faz eterno e descarta o maldoso rótulo que tenta
que naturalmente já falo demais”. Outro toque comum é o alerta ao dista”. Como? Se é pelo seu texto que se dá a ressurreição popular pequena do “folclore exótico”. Ariano sabe escapar do truque fácil diminuí-lo como um obcecado pelo exotismo. O sonho humano
cutucar a morte: “eu tô mais pra lá do que pra cá”. do cinema brasileiro na adaptação de Guel Arraes. O autor amplia que põe no mesmo saco cangaceiros e fanáticos para render um fa- contido na luta quebra a coisa menor do cotidiano árduo e adverso
Ariano Vilar Suassuna nasceu em Nossa Senhora das Neves, seu poder de fogo nas idéias de restauro e dignidade da cultura roeste chinfrim. O Romance d`A pedra do reino e o príncipe do san- da pobreza. Daí, pela festa encarnada e libertária, renasce a força
hoje João Pessoa (PB), em 16 de junho de 1927, filho de Cássia Villa popular. Assume ser mesmo “radical para um lado, pois o outro gue vai-e-volta. Romance armorial-popular, com nota de Rachel de para superar o jugo do opressor e as cadeias que oprimem. É quan-
Suassuna e João Suassuna. Esse que tanto se fez chão pela gente lado está puxando muito mais forte, contra”. Assim justifica o seu Queiroz e posfácio de Maximiano Campos, saiu no Rio de Janeiro, do a beleza se faz manifesto político.

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guerra civil guerra civil

da realidade que nos assola. Brasil tinha dois mi-


Os prejuízos são ainda maio- lhões de turistas, a
res do que dizem os números Argentina tinha um
dos parágrafos anteriores. milhão e oitocentos

Custos e
Os próprios pesquisadores mil. Quando caímos
afirmam que o custo calculado para um milhão, nos-
no estudo está bem abaixo sa vizinha já contava
conseqüências da dos prejuízos reais produzidos quatro milhões. O
pela violência brasileira. Afinal, agravante é que, em

violência no Brasil
muitos outros fatores que média, cada turista
também influenciariam na deixa no Brasil cerca
conta acabaram não sendo de US$ 1.000, entre capital humano em
calculados pelas dificuldades diárias, refeições e consumo razão da violência em si e por
de medida. Alguns exemplos de bens pessoais. O país teria sua expectativa tem gravida-
são os custos com o sistema de hoje condições de receber de de ilimitada. Além das vidas
justiça, as perdas com a “fuga” oito a dez milhões de visitantes perdidas, dos traumas físicos
de turistas e a redução do bem- por ano, isto é, de arrecadar e psicológicos, que implicam

E
m meados de 1962, o rança, a violência gera estar das pessoas, que, ao se US$ 10 bilhões. perda de produtividade, uma
editor de economia do alto prejuízo financeiro sentirem inseguras, alteram os maior taxa de mortalidade
Le Monde, Gilbert Ma- aos setores público e hábitos de consumo; os custos Números do medo e juvenil pode levar as famílias lhões de ocorrências criminais
thieu, publicou um artigo com privado do país. Não intangíveis motivados por dor, impunidade à solta a aumentar a taxa de fecun- no Brasil, das quais apenas
o título “O custo da guerra”. é de hoje que o cresci- sofrimento e medo e a perda didade e, consequentemente, 28% (6,7 milhões) chegam ao
O texto trazia uma estimativa mento da violência no de produtividade motivada Especif ic amente com diminuir o investimento per conhecimento da justiça, dan-
de quanto à guerra da inde- Brasil, principalmente por traumas e morbidade. relação aos homicídios, nos capita em capital humano, do indicações de que a impuni-
pendência da Argélia, então nos grandes centros Para ilustrar a dimensão últimos 25 anos houve um contribuindo assim para o au- dade é uma prática comum.
em seu sétimo ano, custava à urbanos, tem gerado dessas perdas, vejamos a aumento médio anual de 5,6% mento da desigualdade social De acordo com os autores
França. O artigo teve o efeito uma enorme discussão questão do turismo, que tem no número de registros, fazen- e da própria violência. do estudo, esta é a primeira
de uma bomba, abalando a acerca de quais seriam deixado de se desenvolver por do com que os mesmos repre- Esses números tem feito vez que se tenta quantificar de
defesa da permanência dos suas conseqüências e causa da violência. Países da sentassem 37,9% do total de um mercado à parte. Um mer- forma mais ampla os prejuízos
franceses na Argélia, já que o seus custos. Para lan- União Européia e os Estados 127 mil mortes por causas não cado que já tem até um curso da criminalidade no Brasil.
custo da guerra vinha signifi- çar luz a essa questão, Unidos têm recomendado aos naturais, em 2004. Essa tra- avançado de segurança em- Para eles, o objetivo do mape-
cando um montante equiva- foi lançado no mês de seus cidadãos que não tenham gédia anunciada posicionou o presarial de extensão universi- amento é orientar da melhor
lente a algo entre 10% e 18% junho deste ano, um o Brasil como destino turístico. país entre os mais violentos do tária, batizado de MBS, Master forma possível à aplicação de
do PIB anual. Os defensores estudo do feito por um O Brasil perde milhares de planeta, com uma taxa de 28 Business Security, lançado por recursos públicos em progra-
da guerra (e de seus custos) grupo de pesquisado- Isto é, cada cidadão pagou tante, R$ 14,3 bilhões foram empregos com essa trava à homicídios para cada 100 mil uma empresa especializada, e mas que visam reduzir práticas
responderam com uma bom- res do Instituto de Pesquisa pelo menos R$ 15,00 ao mês gastos por famílias, empresas expansão da indús- habitantes. que atraí multinacionais como violentas no país.
ba, fisicamente falando, na Econômica Aplicada (Ipea) e pelos prejuízos gerados com a e pelo próprio governo com tria do lazer, que é A questão é particular- a Phillips, que chega a faturar O Sindjus reforça a opinião
casa do jornalista. Mas bom- um professor da Escola Na- violência. Esmiuçando ainda a contratação de empresas o setor que mais mente grave em relação à po- R$ 1,5 bilhão com a venda de dos estudiosos, que salientam
ba alguma conseguiu neutra- cional de Ciências Estatísticas mais esses números, ates- privadas que prestam serviços cresce no mundo. pulação de produtos como câmeras de na pesquisa que as estimativas
lizar o impacto causado pelo (Ence/IBGE). tamos que R$ 30,9 bilhões de segurança e vigilância. Só o Nos anos 80, o jovens en- segurança, vídeos, circuitos fe- apresentadas devem ser vistas
custo da guerra. O estudo revela que, em serviram para arcar com as pagamento de seguros gerou Brasil chegou a tre 15 e 29 chados de tvs para bancos, fá- como “um esforço de trazer
Não estamos em guerra, 2004, o custo da violência no despesas do Estado com o um custo de R$ 12,7 bilhões, ter dois milhões anos, cujos bricas e lojas. É um campo tão ao debate público a necessi-
no entanto, atualmente, mais Brasil foi de R$ 92,2 bilhões, sistema público de segurança, sem contar os outros R$ 9,4 de turistas. Esse óbitos por dinâmico que envolve, só em dade de se mudar o enfoque
de 100 mil pessoas morrem ou seja, 5,09% do PIB ou ain- incluindo a manutenção das bilhões perdidos em objetos número caiu causas vigilantes, cerca de um milhão das discussões em torno da
por ano no Brasil vítimas da da um valor per capita da or- polícias e dos sistemas prisio- que foram roubados ou fur- para um milhão violentas de pessoas trabalhando. Isso violência no Brasil”. Segundo
violência. Dessas, 50 mil são dem de R$ 519,40. Para se ter nais. No cálculo, os pesquisa- tados. Todavia, a maior parte nos anos 90 e represen- equivale a um terço da popu- eles, é imprescindível hoje no
assassinadas. Embora não idéia do volume de dinheiro, a dores consideraram ainda os dos custos resultou da perda só agora o se- taram lação uruguaia, ou vinte vezes país, que tais discussões saiam
estamos em guerra, esses quantia total perdida com a gatos do sistema público de de capital humano. Segundo tor esboça 50,9% do o efetivo da polícia militar e do plano retórico e emocional
números lembram as guerras violência em 2004 pagaria saúde com o tratamento das o estudo, os indivíduos que uma recupe- total das civil do Rio ou 3,5 vezes mais e adquiram um caráter racio-
de Kosovo, da Chechênia, da o orçamento previsto para vítimas da violência, respon- morreram prematuramente, ração. Em 1987, mortes que o contingente das Forças nal, a ponto de refletir sobre
Caxemira. Vivemos uma guer- este ano dos Ministérios da sáveis pelo consumo de R$ vítimas da violência em 2004, quando o nessa fai- Armadas brasileiras. a questão da organização da
ra civil não declarada e o que Defesa, da Saúde e do Meio 988 milhões. poderiam ter gerado R$ 23,9 xa etária. Mas ainda há algo mais gestão da segurança pública
está em risco é a democracia Ambiente juntos. Já o setor privado arcou bilhões em rendimentos, caso S e gun d o preocupante do que esses nú- e construir uma ação conjunta
O cenário assusta. Mas um Deste total, R$ 31,9 bilhões com quase o dobro gasto pelo estivessem vivos. os pes- meros – a impunidade. Outra antes que os custos e as con-
susto que custa caro. Além corresponderam a despesas público chegando à cifra de Mas esses números ainda quisadores, estimativa inédita trazida pelo seqüências da violência sejam
do sofrimento da insegu- efetuadas pelo setor público. R$ 60,3 bilhões. Desse mon- não trazem a dimensão exata a perda de estudo diz respeito aos 24 mi- ainda mais estarrecedores.

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ENQUETE ENQUETE

Wagner Hormonson, técnico do TSE


Temos que conjugar dois tipos de questão nesse caso: a questão política e a técnica. Na questão técnica contam a capacidade admi-
nistrativa e habilidades técnicas da pessoa para o preenchimento desses cargos. É importante que os servidores saibam o que fazer

Os apadrinhados e os nas suas áreas, mas é preciso, sobretudo, que correspondam quanto ao requisito de ocupar um cargo político, no sentido de serem
pessoas capazes de se articular no ambiente de trabalho, mostrando competência para atuar em grupo e ajudar a sanar os pontos
negativos que venham a aparecer na equipe.

merecedores de direito Rosana Monori, analista da Justiça Federal


Quais os critérios que os órgãos devem adotar para preencher Sem dúvida alguma, deveria ser levada mais em conta a capacidade individual de cada funcionário. De preferência, pessoas da Casa
Funções Comissionadas (FCs) e Cargos em Comissão? e somente depois, se não houvesse pessoas aptas para o preenchimento destes cargos, é que se procuraria ocupá-los com terceiros,
vindos de outros locais.

A
ntiga polêmica, o preen- perguntar a estes servidores independentemente de serem De um modo geral, no en-
chimento dos cargos em quais deveriam ser os principais preparados para a função, os tanto, a maior parte dos en-
comissão e das Funções critérios a serem adotados para ocupantes destes cargos preci- trevistados foi unânime numa Tânia Assis, técnica do STM
Comissionadas (as chamadas tais ocupações. E ouviu as mais sam, ainda, ser conscientes da questão: a prioridade destes Deveriam, em primeiro lugar, dar prioridade aos servidores da Casa, concursados e de nível superior, que possuíssem reconhecida
FCs) continuam chamando a variadas respostas, desde a responsabilidade política que cargos deveria ser dada, sem- capacidade para o preenchimento destes cargos. Poderia até mesmo ser realizado um concurso interno pelas administrações dos
atenção e provocando insatisfa- realização de concursos internos ocupam, no sentido de serem pre, aos servidores da Casa, tribunais, como forma de ajudar a valorizar os servidores por meio destes cargos.
ção nos servidores do Judiciário a avaliações das pessoas quanto pessoas capazes de se articular até mesmo como forma de
e do MPU, que consideram injus- aos currículos, méritos e experi- no ambiente de trabalho, mos- valorização destas pessoas e
ta a possibilidade destes cargos ências na área em questão. trando competência para atuar de reconhecimento pelo bom
serem preenchidos por pessoas Mas houve, também, quem em grupo e ajudar a sanar os serviço desempenhado ao logo
de outros locais. Por conta disso, apontou para o caráter político pontos negativos que venham a da vida útil. Confira abaixo os André Barcellos, técnico do TRF
o Sindjus foi aos vários órgãos das nomeações e destacou que, aparecer na equipe. depoimentos. O preenchimento deveria ser com todo mundo do quadro, sem exceção. Além disso, estes servidores precisariam comprovar que
possuem competência para exercer a função e mostrar experiência com o trabalho.
Eduardo Francisco da Silva, técnico judiciário do TRT
Para mim, o melhor critério é chamar o pessoal da Casa para ocupar estes cargos. Além de ser uma forma de valorizar mais estas
pessoas, também é importante pelo fato de já estarem aqui e, portanto, serem mais acostumados com o trabalho do que aqueles
que vêm de fora, que costumam ficar meio perdidos até tomarem pé do serviço.
Daniel Batista, técnico do STM
O critério de preenchimento deveria ser obrigatoriedade para os funcionários da Casa. As administrações deveriam analisar os seto-
res um a um e ver o histórico de cada servidor para escolher aqueles que estivessem melhor preparados. Infelizmente, a forma como
Marivan Basílio, técnico do STM estes cargos são preenchidos faz com que nem sempre as oportunidades sejam oferecidas a quem realmente merece. As administra-
Acho que o primeiro critério deveria ser o da capacidade. Além disso, prioritariamente estes cargos deveriam ser preenchidos por ções desconhecem os servidores.
servidores da Casa, porque temos gente capacitada para tanto. Infelizmente, o que acontece é o contrário. Hoje, a prioridade dos
tribunais é de apadrinhar pessoas de fora.

Nivânia Rosa Chabarry, analista do TRT


Capacidade, tempo de tribunal, confiabilidade do funcionário, tudo isso deveria contar na hora do preenchimento destes cargos.
Onilda Medeiros de Oliveira, analista do TSE Às vezes acontece de um funcionário ter anos de trabalho num tribunal e nunca ser chamado para ocupar uma vaga assim. Muitas
Em primeiro lugar, tenho consciência que a Função Comissionada é política, não se trata de um cargo. Cargos efetivos são vezes, são estas pessoas, lotadas há mais tempo e mais inteiradas dos trabalhos, que realizam todo o serviço para uma outra pessoa
preenchidos por concurso e são da pessoa efetivamente. Então, não há como mudar essa situação, evitar o cunho político das FCs. chegar de fora e ocupar a função comissionada. Também acho que deveria haver mais profissionalização junto aos servidores, o que
ajudaria ao pessoal da Casa na hora de exercer um cargo melhor, tal como cursos de capacitação e profissionalização.
Seria interessante, no entanto, que todos os escolhidos fossem servidores do próprio tribunal.

Vera Fonseca de Paiva, analista do TSE


Sandra Garcia, analista judiciária do TRT Acho que o correto deveria ser o preenchimento destas vagas pelos funcionários da carreira de cada órgão. Não há desculpas para
Acho que teria que ser dada a preferência ao servidor da Casa e da área específica. Por exemplo, técnicos de informática deveriam não se fazer assim, afinal, estas pessoas já provaram sua capacidade ao serem aprovadas em concurso público, coisa que os outros
ser lotados para tais cargos no setor de informática e assim por diante. Digo isso porque temos funções que são preenchidas por pes- não fizeram e sabemos todos que as indicações são meramente políticas. Às vezes, as pessoas indicadas não possuem nem currí-
soas de outros locais que, inclusive, não têm formação na área em que estão lotadas. culo suficiente para o preenchimento da função e estão lá. Muitos não têm, sequer, formação para isso. A ocupação destes cargos
deveria seguir o exemplo da forma como procedem diplomatas e militares, que não colocam ninguém externo à área para exercer
determinadas funções.

Adalberto Vasconcelos, técnico do TRF Alexander Ferreira, técnico do TSE


Tem que ter currículo, mérito e experiência comprovada na área. São estas, ao meu ver, as três questões fundamentais para o Preferencialmente, a ocupação deveria ser feita pelo servidor da Casa, prevalecendo critérios como antiguidade e merecimento de
preenchimento de tais cargos. cada um. Seria a forma mais correta de se preencher tais cargos. Capacidade, tempo de tribunal, confiabilidade do funcionário, tudo
isso deveria contar na hora do preenchimento destes cargos

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privilégios
Trabalho privilégios

preenchimento de cargos em res nas instituições públicas, grau de magistrados ou ser-


função comissionada. Sua diante da constatação de que vidores com atribuições de
idéia, ainda em caráter experi- o momento exige, sim, uma direção ou assessoramento. A
mental, se constitui, segundo mudança de postura. Sobre- resistência foi grande e ainda

Cultura da Indicação -
ele, numa oportunidade para tudo, diante da compreensão continua sendo observada
selecionar servidores com o de que as atividades do setor em vários rincões, Brasil afora.
máximo de impessoalidade. público não visam ao interes- Mas em compensação,

é imoral, é ilegal e não engorda “Quando vagaram os car- se privado e sim, ao atendi- a OAB apurou, em
gos de diretor de secretaria e mento da sociedade. levantamento, que
de assistente de juiz, em abril Desde a primeira medida desde então cer-

a corrente pela cidadania deste ano, não tinha idéia


de quem eu poderia chamar
para ocupá-los. Aproveitei
efetiva contra o nepotismo,
em 2005, muita coisa já se
passou. Foi quando o Conse-
ca de 2,6 mil pa-
rentes de juízes
foram exone-
a oportunidade para tentar lho Nacional de Justiça (CNJ) rados em todo
elaborar uma metodologia editou resolução proibindo, o país.

P
de seleção que imprimisse o no âmbito do Judiciário, o Números que
esquisadores, profes- seleção, é retirar o clientelis- destacou Roberto Policarpo, entrevistas. Tudo isso, dentro máximo de impessoalidade exercício de cargos são positivos e
sores, analistas de mer- mo e o patrimonialismo - que coordenador do Sindjus. de um sistema rigoroso e na escolha destes servidores, comissio- nados ou tendem a crescer.
cado, administradores se tornaram o paradigma Essa nova forma de ge- comparável com o modelo valorizando sua capacitação, funções gratifica- Mas que, para isso,
públicos e gestores de um para a contratação de cargos renciamento leva em conta utilizado pelas mais diversas ao lado da adequação do seu da s p o r parentes precisam do apoio
modo geral já se deram conta de livre provimento. E o de- questões como a necessidade instituições, como é o caso perfil profissional e pessoal de até terceiro de todos – servidores,
de que uma nova prática safio tem sido o de convencer de se reduzir a descontinuida- da Organização das Nações às necessidades de cada fun- instituições públicas
precisa ser implementada as administrações de que isso de administrativa, o aumento Unidas (ONU). Para se ter ção”, explicou. e sindicatos, entre ou-
com urgência no Brasil, como pode ser adotado sem que da profissionalização das uma idéia, o setor conta, atu- tros – para ajudar a
forma de melhorar a boa qua- haja prejuízo ao comando tarefas desempenhadas pelo almente, com seleções que Reconhecimento montar o alicerce dessa
lidade do serviço prestado político, que determina as serviço público e a adoção, possuem cerca de 60 partici- de talentos nova cultura no Brasil.
para a população. Trata-se diretrizes e políticas a serem por si só, de regras mais claras pantes inscritos para preen-
do aprimoramento das téc- implementadas. e transparentes para a admi- chimento de uma vaga. De acordo com Ber-
nicas de seleção interna dos Uma postura que, embora nistração pública. Uma vez E a experiência do STJ nardes, a ampliação da
servidores que pertencem já conte com bons exemplos, que assegura ao servidor de não é única. No Tribunal de base de seleção de can-
aos quadros de cada órgão ainda precisa crescer muito carreira melhor preparado, o Justiça do Distrito Federal e didatos às funções de
público no preenchimento de no país. Pensando em con- acesso aos cargos e funções Territórios (TJDFT), o serviço confiança, por meio
cargos e funções por meio da tribuir com essa expansão, a de confiança. de recrutamento e seleção de processo aber-
avaliação de suas habilidades Revista do Sindjus preten- de pessoal tem realizado, to em iniciativas
pessoais e profissionais. de publicar todos os casos Processos de seleção constantemente, seleções como essa, tem
A intenção, ao se defen- que tomar conhecimento. para servidores internas para preenchimento como principal be-
der essa nova modalidade de Pois o Sindjus acredita que de cargos e funções comissio- nefício fazer conhe-
esse seja o caminho correto No Superior Tribunal de nadas em cartórios e na área cidos os talentos
para acabar, de uma vez por Justiça (STJ) funciona, desde administrativa, inclusive para que o TRT possui.
“É urgente que todas, com as práticas de 2004, um serviço voltado muitas diretorias e secreta- Motivo pelo qual
sejam adotadas apadrinhamento, excesso de para a gestão de desempenho rias. Segundo a supervisão da ele sugere como
requisição de servidores do e orientação da carreira dos área, tal procedimento é reali- possibilidade
regras claras para Executivo e terceirizações – a servidores da Casa. Serviço zado, exatamente, diante da
acesso aos cargos e para contribuir
chamada “cultura da indica- que, na prática, se encarrega expectativa desses setores com medidas
funções. Regras que ção”. “É urgente que sejam de selecionar servidores para em encontrar pessoas com do tipo, a cria-
associem o mérito e adotadas regras claras para ocupar funções solicitadas conhecimento, habilidades ção de um ban-
acesso aos cargos e funções. nos mais diversos gabinetes e e atitudes adequadas para co de dados com
não a amizade, que Regras que associem o mérito setores, desde os cargos mais o preenchimento dessas
operacionalizem o informações so-
e não a amizade, que ope- altos aos menores. funções. bre a formação
exercício da função racionalizem o exercício da O processo, segundo in- Uma diferença que come- prof issional e o
pública como função pública como espaço formações da área de Recur- ça a ser sentida, também, a desempenho dos
de cidadania organizacional, sos Humanos do STJ, passa partir de casos isolados. No servidores, de forma a ser
espaço de cidadania de transparência na gestão. por pesquisa de tendência Tribunal Regional do Trabalho,
organizacional, de consultado por juízes e dire-
Que viabilize uma maior auto- comportamental, avaliação o juiz da 9ª. Vara do Trabalho, tores sempre que necessário.
transparência na nomia na execução de tarefas, de requisitos dos servidores Fernando Gabriele Bernar- São casos que mostram a
gestão“. maior criatividade, maior interessados em ocupar a re- des, adotou recentemente necessidade de se rever valo-
desenvolvimento pessoal”, ferida função e realização de um sistema de seleção, para

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Revista do Sindjus Maio de 2007 • Nº 40 Revista do Sindjus Maio de 2007 • Nº 40
Lazer Lazer

De cara nova e com festa,


Cefis reabre as portas

D
epois de um período vai poder conhecer as novi- permanente. Ou seja, o Ce- novo serviço de restaurante,

Mês de diversão para a garotada


interditado para re- dades que estão atiçando a fis vai se tornar um espaço ingressos para o almoço
formas, o Cefis reabre curiosidade dos filiados. Só de arte. Seja a arte da dança, passarão a ser oferecidos
as portas no dia 7 de julho para contar um pouquinho da música, do esporte, do aos filiados que não quise-

A
com novas opções de lazer de como ficou o Cefis, vale entretenimento, da confra- rem se preocupar em fazer s férias escolares das com direito a muita animação como o aquecimento global. todo o espaço da atividade.
e mais conforto para todos dizer que o calçamento da ternização, da comida, da churrasco. O Sindjus deixa crianças estão chegan- e um ambiente agradável de Neste mural, as crianças vão, Uma pista vai levar a outra e
os associados. Em clima de entrada do clube foi reforma- tranqüilidade, enfim, do seu claro que todos poderão do e com elas uma per- socialização. Além de hidrogi- em grupo, fazer poesias, de- a última pista vai levar ao te-
comemoração, um almoço do, as churrasqueiras ganha- bem-estar. E tudo valorizan- desfrutar do clube no final gunta: como aproveitar de nástica, as crianças vão parti- senhos, colagens, pinturas souro final. As pistas podem
inspirado em motivos julinos, ram uma nova organização e do a nossa cultura. de semana de reabertura, forma saudável o tempo livre cipar de atividades aquáticas dentro do tema escolhido. ser diretas como, - o tesouro
com direito a muito forró, foi instalado um restaurante, Com a reabertura do clu- mas só participará do almo- dessas meninas e meninos competitivas e recreacionais Um incentivo à criatividade está debaixo da maior mesa
marcará o final de semana que contará com pratos tí- be, tudo voltará ao normal. ço quem comprar o convite. cheios de energia? Pensando no formato de uma gincana, e à expressão das crianças. E do clube! - ou vir em forma de
de reabertura do nosso clu- picos que darão ainda mais Ou seja, os filiados poderão Garanta logo o seu con- que não existe época melhor ou seja, equipe x equipe. quando estiverem prontos, provérbio, charada ou adivi-
be (veja ao final da matéria sabor aos finais de semana imprimir seus convites no vite para o almoço festivo para o desenvolvimento de Mas nem só a brincadei- os murais serão expostos em nhações. Ao final da ativida-
como adquirir o seu convite). de sua família. site do Sindjus para desfru- do Cefis e saboreie todo o atividades recreativas em clu- ra atrai. Embora de férias, uma parede visível a todos de, a equipe que encontrar o
Quem participar deste al- Mas o sabor não vem só tar das piscinas e churras- conforto e diversão de um bes, o Sindjus resolveu reunir sempre é tempo de aprender. como uma exposição de arte, tesouro pode ficar com ele.
moço festivo, além de se con- da comida, mas também de queiras já a partir do dia 7 clube que o Sindjus refor- a diversão das crianças e a E crianças e adolescentes valorizando o trabalho das Essas são só algumas ati-
fraternizar com os colegas, uma programação cultural de julho. Mas, por conta do mou pensando em você. tranqüilidade dos pais em um adoram palestras instrutivas crianças. vidades a serem desenvolvi-
só lugar – uma Colônia de Fé- sobre a saúde e natureza. As- Outra atividade muito das na Colônia de Férias do
rias. Isso mesmo, uma colônia sim, o Sindjus quer fazer dessa comum em Colônias de Férias Cefis. Um lugar mágico, onde
de féria no Cefis com direito a Colônia uma boa oportunida- que será adotada pelo Sindjus as crianças irão aprender se
Con
vite
Convite
muito entretenimento educa- de para a conscientização é a caça ao tesouro. O Sind- divertindo. E o melhor, você
tivo e esportivo. de todos com relação a bons jus vai elaborar um tesouro estará tranqüilo, porque as
Embora estejamos no in- hábitos e cidadania. e colocá-lo em uma caixa. férias delas além de seguras
verno, o sol tem sido um com- Ainda aliando diversão Esta caixa vai ficar escondida vão ser muito produtivas. De
Almoço festivo Convidado - R$ 50 (1 casal receba o seu convite por e-mail. Imprima o seu convite e
Datas: 7 e 8 de julho + 2 filhos de até 7 anos) apresente na portaria do clube. panheiro fiel. Não há nada e educação, o Sindjus vai durante toda a brincadeira um presente educativo e di-
Hora: a partir das 12h Convites extras para dependentes de filiado – mais gostoso que unir os montar um mural com de- e para que todos cheguem vertido para o seu filho, faça
Local: restaurante do Cefis R$ 15 reais Contas para depósito: participantes de uma colônia senhos e textos sobre temas a ela, os participantes terão já a inscrição dele na nossa
Caixa Econômica Federal com brincadeiras aquáticas, importantes e educativos, que seguir pistas deixadas por Colônia de Férias.
Preço: Como adquirir o seu convite? Agência 0847 / CC 070052-5
Para filiado – R$ 30 (1 casal Faça até às 16h da próxima sexta-feira (6/7) um depósito
+ 2 filhos de até 7 anos) identificado nas contas do Sindjus. Envie o comprovante Banco do Brasil
do depósito para o Sindjus (Fax – 3224-9392) e Agência: 0452-9 / C/C 403 843-6

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Revista do Sindjus Maio de 2007 • Nº 40 Revista do Sindjus Maio de 2007 • Nº 40
cultura Inclusão
Agencia Brasil

Um acesso difícil
Palavras de fogo e comprometedor
Especialista conclama Judiciário brasileiro
dias de hoje. a alusão à realidade. Uma crí- a se aproximar mais da população
A narrativa é singular, sur- tica à cultura machista e, por
ge de um jeito forte, com uma conseqüência, ao preconcei-
pelos direitos da sociedade. ou pelo seu jeito de falar. Pre-
carga forte, com um ritmo for- to ainda existente contra as
E, principalmente, é preci- cisamos acabar com isso”,
te. É como se as palavras, as- mulheres.
so cuidado, para que esse criticou, ao mencionar que a
sim como o profeta que surgiu Fechando o livro, em His-
mesmo Judiciário não seja procura do direito deste tipo
do fogo, queimassem como tória e caos o escritor se en-
transformado no que cha- de cidadão é que levará a
uma tocha diante dos olhos trega visivelmente a contos
mou de “bode expiatório” uma grande transformação
dos leitores. Se o profeta Elias que pulam da ficção para Professor Boaventura de Souza Santos durante palestra no Ministério da Justiça nas diversas nações. “Houve no sistema judiciário.
trazia fogo do céu para derro- realidade e voltam a pular
um deslocamento de atribui- Na opinião do professor,

S
tar os sacerdotes da idolatria, para a ficção a olhos vistos.
“ e o Judiciário não se para isso, desde alterações ções dos poderes Executivo é preciso criar outra cultura
o servidor do TJDFT traz sua Histórias que levam o leitor
aproximar do povo, vai na formação acadêmica dos e Legislativo de alguns paí- jurídica e judiciária, o que
palavra incandescente para para um cenário mais recente
se isolar cada vez mais e cursos de Direito, passando ses para o poder Judiciário. também passa por novos
além da missão do entrete- de nosso país. Nessa história,
comprometer sua existência”. por maiores contatos com Dessa forma, passaram a mecanismos de acesso, orga-
nimento e alcança o terreno a narrativa dá ainda mais es-
Com este conselho e, ao mes- os movimentos sociais e, até ser altas as expectativas de nização judiciária, organiza-
do questionamento. O leitor paço para uma crítica social.
mo tempo sinal de alerta, o mesmo, mudanças nas distri- que o Judiciário resolva o ção dos cursos de mestrado e
se questiona, reflete, procura Tudo com uma boa dose de
sociólogo e jurista português buições orçamentárias para o que os sistemas Legislativo e melhor relação entre o poder
respostas no decorrer de uma ironia. Ironia de quem nasceu
Boaventura de Sousa Santos, Judiciário – de forma a fazer Executivo não conseguiram Judiciário, o poder político
leitura instigante. Misturando em plena eclosão do regime
professor da Universidade de com que as defensorias públi- resolver”, explicou. e os movimentos sociais. “É
o ousado ao passional, carac- militar, isto é, sob as trombe-
Coimbra, chamou a atenção cas sejam contempladas com Por conta disso, lembrou preciso mudar radicalmente
terísticas marcantes na perso- tas de 1964. Ironia de quem,
para a necessidade de maior mais recursos. o professor, “é preciso fazer a formação de todos os ope-
nalidade de uma das figuras assim como o profeta que
democratização da Justiça no “O Direito, para ser vivi- uma reforma do Judiciário radores de Direito. Temos que
mais poéticas da história ju- descreve em seu livro, conhe-
Brasil. Segundo o especialis- do, precisa de muita sabedo- e, ao mesmo tempo, avaliar formar melhor os magistrados
daica, o escritor nos envolve e ceu a dureza da vida. Elias foi
ta, que discutiu em seminário ria, muita cultura democráti- os instrumentos perversos para a complexidade, para
provoca a cada página. servente de pedreiro, contí-
realizado no Ministério da ca, muita consciência cívica. dessa reforma e monitorá- novos desafios de uma socie-
Depois de trilhar pelos nuo e vendedor ambulante de
Justiça, bases teóricas e polí- Posso assegurar que os po- la”. Motivo pelo qual sugere dade com uma desigualdade
caminhos do profeta do fogo, tecidos. Depois, ingressou na

M
“ eu nome é Elias. Mui- São histórias duras, com ticas que possam conduzir a líticos ainda têm vez, mas os para o Brasil uma política de muito forte. As faculdades de
a segunda história do livro Secretaria de Segurança Pú-
tas coisas contidas personagens ainda mais du- este acesso, o Judiciário, no excluídos clamam e gritam cidadania e segurança que Direito, hoje, se renovam e se
- Recordações da casa velha blica, por concurso público. O
neste nome. Mui- ros, em que o fio condutor é mundo todo, tem adquirido para serem ouvidos em todo faça da Justiça “algo expe- modernizam nas pós gradu-
da ponte - nasce inquieta escritor que vêm acumulando
tos nomes dentro dele. Uma lapidado com maestria pelo um papel de protagonista o mundo. E se não são ouvi- rimental, democrático e de ações e não nas graduações,
diante dos olhos do leitor. prêmios literários, inclusive
montanha. Uma árvore. Uma escritor que se dedica à lite- cada vez mais relevante e tal dos, reclamam”, enfatizou, proximidade”. depois que os estudantes
Ela é de um ritmo mais lento, no exterior, cursou Direito e,
pessoa”. Quantos os nomes, ratura desde os 15 anos de posição precisa ser seguida ao lembrar que o mundo está passam por cinco anos de
mas ainda mais provocadora. em 1993, entrou no TJDFT. Ou
quantas as coisas, quantos idade. A primeira das histórias por países como o Brasil. cada vez mais desigual, o que Porta aberta formação. E as escolas de
O que dizer de uma velha se- seja, as palavras assim como
os mundos, quantos os sen- do livro – O Profeta do Fogo Conforme deixou claro gerou uma nova consciência magistratura correm o risco
nhora que coloca um amon- Elias adquiririam, ao longo
timentos que Elias abriga em – transcende milênios a fio e Sousa Santos, assumir tama- de direitos. Para ele, lutar pelo aces- de reproduzir todos os erros
toado de papéis, que compõe do tempo, uma roupagem
seu corpo. E não falo do pro- se mantém atual. Uma nova nha responsabilidade de se De acordo com o especia- so à democratização do Ju- das faculdades”, frisou.
o quebra-cabeça de sua vida, forte, praticamente, uma ar-
feta Elias, mas do servidor do roupagem, um novo estilo, um aproximar mais das comunida- lista, atualmente, o mundo diciário é lutar para o forta- Dentre as sugestões, ele
em um cesto improvisado e madura. Uma armadura para
Tribunal de Justiça do Distrito novo Elias. Narrativamente fa- des poderá significar para o Ju- inteiro gasta cerca de US$ lecimento dos movimentos propôs que o sistema de
o lança às águas de um rio? enfrentar a realidade de um
Federal e Territórios (TJDFT) lando, o escritor aprofunda o diciário um certo aumento de 300 milhões na reestrutura- sociais. “Há os cidadãos que mestrado passe a ser unifi-
Fazendo uso do coloquia- mundo que se edificava na
Elias Antunes. Ao longo das humano contido na figura do tensão interna, de politização. ção administrativa do Judi- têm consciência dos seus di- cado no país e que os líderes
lismo nos diálogos de um periferia dos contos de fada. E
235 páginas da obra Recorda- profeta em questões cotidia- Mas, caso não seja feita esta ciário em diferentes países reitos, mas precisam ter cora- comunitários sejam convi-
mundo não menos coloquial, é nesse mundo, marcado por
ções da Casa Velha da Ponte, nas como a luta por manter mudança, que precisa ser cul- e em ações voltadas para a gem para lutar por eles. Estas dados pelas universidades
o escritor vai desenhando, oprimidos, por preconceito,
publicada pela editora LGE, a fé entre o povo e a luta de tural, o futuro do atendimento redução da corrupção. Mas é pessoas também precisam para conversarem constante-
linha a linha, as memórias de por arbitrariedade que Elias,
Elias nos presenteia com três quem luta por seus direitos. jurisdicional não será bom. O preciso que a modernização encontrar uma porta aberta mente com os alunos, como
uma mulher que revive seu assim como o profeta, passa
histórias que nos levam a um Nessa história fica claro o sim- professor, que há 30 anos vem dessa estrutura administra- para que possam lutar. Em forma de lhes explicar como
maior legado – o passado. (e nos convida a passar) com
mundo marcado pela mistura bolismo da luta do oprimido, ao Brasil para a realização de tiva jurisdicional seja ligada geral, são esmagadas nos funcionam os seus sistemas
Um passado de luta contra sua carruagem. Ou melhor,
de ficção e realidade. uma luta que sobrevive até os estudos e pesquisas, sugeriu, à democratização e à luta tribunais pelas suas roupas de resolução de conflitos.
preconceitos. Mais uma vez, com suas palavras de fogo.
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Revista do Sindjus Maio de 2007 • Nº 40 Revista do Sindjus Maio de 2007 • Nº 40
Lazer

O Cefis é nosso. É férias, é festa


no mês de reabertura
do nosso clube
Colônia de Férias Cefis
16 a 28 de julho
Maiores informações poderão ser obtidas no nº 99511091, com a Juliana

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