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RESUMO
Este trabalho relata a implantação do TPM (Total Productive Maintenance),
desenvolvida pela empresa COMAU do Brasil Indústria e Comércio Ltda em
conjunto com a Dana Industrias Ltda, no contrato da DPC (Division Perfect
Cicle) localizada na cidade de Gravataí-RS no período de maio a dezembro de
2006, buscando alcançar uma manufatura enxuta, através das ferramentas e
conceitos do Lean Manufacturing. Para o desenvolvimento dos trabalhos foi
escolhida a célula de aplicação de Molibdênio em Anéis de Pistão como piloto,
escolha esta baseada na análise de fluxo de valor da unidade fabril. Esta célula
apresentava baixo valor de OEE, alta taxa de refugo, alta quantidade de
pequenas quebras, tempos de reparos longos e baixa disponibilidade. O TPM
como uma das ferramentas mais disseminadas do Lean, foi implantado neste
setor focado em cinco pilares que foram: manutenção autônoma, manutenção
planejada, treinamentos, melhorias e gestão antecipada.
Os resultados obtidos foram muito significativos atendendo plenamente o
propósito inicial do trabalho. Houve um aumento em torno de 11% no OEE do
setor, redução de duas horas e meia no tempo de reparo médio, redução de
refugo, diminuição das quebras, uma maior disponibilidade e aumento do
MTBF além das melhorias no ambiente de trabalho com ganhos de 5S e de
satisfação dos colaboradores.
1. INTRODUÇÃO
Atualmente no mercado, onde os assuntos da moda são globalização,
produção enxuta, fluxo de valor, etc... não é admissível uma postura, que não
seja de buscar constantemente a eliminação das perdas no processo produtivo.
Diante deste contexto a grande maioria das empresas vem buscando, através
da implantação do Lean Manufacturing, eliminar perdas de produção, redução
de seu inventário, redução nas despesas operacionais e a possibilidade de dar
uma resposta mais rápida ao mercado gerando desta forma um ganho maior
para a empresa.
A Dana Industrias Ltda., consolidada como grande empresa do setor
metalúrgico, não foge a regra e busca dentro de seus processos produtivos a
identificação e eliminação das perdas. Com este intuito a Dana Industrias Ltda,
vem disseminando junto aos seus colaboradores e parceiros o pensamento
Lean, treinando e envolvendo as pessoas nas ferramentas do sistema.
2. Implantação do TPM
A implantação do TPM foi feita em uma ação conjunta entre a Dana Industrias
Ltda e a COMAU do Brasil Ind e Com Ltda, a qual possui contrato de prestação
de serviço na área de Manutenção, gerenciando os ativos da empresa em
questão. Ficou estabelecido que a COMAU definiria uma pessoa “full time”,
capaz de desenvolver, aplicar e repassar os conceitos do TPM. Logo a seguir
alguns dos colaboradores da Dana Industrias Ltda, da DPC (Division Perfect
Cicle), mais especificamente o coordenador Lean e integrantes do
departamento de melhoria contínua, receberam treinamentos externos sobre a
filosofia TPM, com o intuito de conhecer a filosofia e, posteriormente, servirem
de multiplicadores da ferramenta aos demais colaboradores da empresa.
A partir daí uma reunião de apresentação da filosofia a todo o comitê de
liderança da empresa marcou o inicio de implantação do programa. Estas
informações, por intermédio da chefia, foi repassada a todos os colaboradores,
objetivando um melhor entendimento e uma atenção especial de todos. Neste
momento também foram estabelecidos horários para as reuniões e para as
apresentações, nas quais eram utilizadas para demonstrar as intenções do
TPM e o papel de cada um dentro do programa. É claro que não foi tudo muito
simples assim, em todos os níveis houve resistência e desconfiança sobre o
programa, pois já havíamos tentando implantar outras ferramentas sem
sucesso. Faz parte do ser humano bloquear-se e intimidar-se com assuntos
que lhes fogem ao conhecimento e com o TPM não poderia ser diferente.
Após inúmeras reuniões feitas pelos organizadores chegou-se a conclusão de
que o conceito deveria ser explicado através de uma linguagem geral e
simples. Por exemplo, frases criativas como: “Para se ter produtos e serviços
de qualidade, precisamos ter máquinas funcionando com qualidade”. Os
organizadores conseguiram influenciar, principalmente os operadores,
provando que quando as máquinas produzem com melhor eficiência a fábrica
produziria com custos bem mais baixos que os atuais, com uma maior
agilidade nos processos, com riscos de acidentes menores, o ambiente de
trabalho ficaria mais organizado propiciando aos trabalhadores operarem com
maior confiança e motivação, a qualidade dos produtos automaticamente seria
melhorada e com as máquinas bem reguladas economizaríamos recursos
naturais e diminuiríamos os impactos ambientais.
A próxima etapa foi definir os indicadores de desempenho que mostrariam, de
uma forma mensurável, se a empresa estaria atingindo os objetivos ou não.
Depois de estabelecido os indicadores, (forma de cálculo e áreas
responsáveis) foram definidos as metas para fazer com que a célula fosse
considerada um bechmarking de célula em fluxo contínuo.
Com este desdobramento das metas, todas as áreas saberiam quanto
precisariam atingir para colaborar com os resultados da célula e
conseqüentemente com os da organização.
Após a definição das metas, bonificações e visões, foi organizado um evento
para apresentação do cronograma de implantação da metodologia, com as
metas a serem alcançadas no ano de 2006 e também a apresentação da
equipe que daria suporte ao TPM.
O programa foi implantado focando em 5 pilares que foram: manutenção
autônoma, manutenção planejada, treinamentos, melhorias e gestão
antecipada.
A limpeza inicial foi marcada pelo dia “D”, em que a equipe tratou de realizar
uma limpeza geral, buscando compreender os danos que são causados por
poeira, sujeira e outros materiais. Foram identificadas e etiquetadas as
anomalias, e sempre analisando criticamente as possíveis causas dos
problemas. Mais ou menos 60% das anomalias identificadas neste dia, como
eram de fácil reparo, foram eliminadas no ato. O restante foi programado para
outras oportunidades, mas nunca deixando ultrapassar mais de 30 dias para a
solução do problema, pois este era um dos indicadores mais importantes do
programa, porque não permitia morosidade no reparo.
Após este dia ficou bem evidente para a equipe o importância do programa 5S
para manter a organização e a limpeza de um setor, o 5S era tratado como
ferramenta que atrapalhava a operação, e que atividades de limpeza não eram
importantes.
A segunda etapa foi de eliminar fontes de sujeira e locais de difícil acesso com
o objetivo de consolidar a restauração conseguida no passo anterior e preparar
o equipamento para o próximo passo, tornando a inspeção, a limpeza e a
lubrificação mais fáceis.
Neste passo foi mais complicado de se obter resultados, pois muitas tentativas
de eliminar problemas foram frustradas por estarmos agindo nos efeitos e não
na causa raiz dos problemas. Ao limpar os equipamentos os operadores
estavam agindo no efeito, e neste passo se não eliminássemos a fonte da
sujeira, por mais freqüente que a limpeza era feita, os problemas persistiriam.
Então foi necessário realizar alguns investimentos, a fim de eliminar estas
fontes de sujidade identificadas, como por exemplo, a compra de um
reservatório para armazenar dióxido de carbono, que estava furado, gerando
sujeira sobre a unidade hidráulica de uma retífica vertical que fica ao lado, a
sujeira gerava freqüências maiores de limpeza e tornava difícil a inspeção de
vazamentos hidráulicos e prejudicava as inspeções das pressões de trabalho.
O que ficou de positivo neste passo foi a idéia de que nem sempre o lugar mais
limpo, é o que mais se limpa, mas sim o que menos se suja.
O terceiro passo do programa foi de elaborar os padrões de inspeção
provisória de manutenção das condições básicas (conforme Planilha I), todos
os padrões e controles visuais foram elaborados pela equipe, baseado nas
lições aprendidas nos passos anteriores. Esta atividade despertou na equipe a
visão das condições necessárias para manutenção e controle das atividades de
limpeza, lubrificação, medições e ajustes.
Nesta etapa foram necessários treinamentos de lubrificação e controles visuais
para capacitar a equipe na elaboração dos padrões, bem como executá-las.
Na inspeção geral foi definido que iríamos desenvolver treinamentos sobre as
funções e subconjuntos dos equipamentos. Uma das iniciativas de treinamento
que renderam bons resultados foi destinar um tempo das reuniões semanais
para criamos um momento em que os mantenedores passassem suas técnicas
e conhecimentos práticos ao restante da equipe.
Após a capacitação, os operadores estavam aptos a realizar a manutenção
autônoma, pois já haviam desenvolvido habilidades em relação as
identificações de anomalias, restauração e estabelecimento das condições
básicas dos equipamentos.
O fator crítico desta etapa foi definir qual seria o tempo ideal para realizar as
inspeções sem resultar em perda de produção, então para definirmos este
impasse, sem intuição e baseado em dados, solicitamos a Engenharia de
Processos a realização da padronização dos tempos das atividades da célula.
Gráfico V – Auditorias 5S
4. CONCLUSÃO
A Empresa está no início da implantação da metodologia do TPM certamente
novos obstáculos aparecerão, entretanto os resultados obtidos nesta célula
piloto nos fazem crer que é importante dar continuidade a este processo de
mudança.
No Período de implantação e, principalmente posterior a este período, houve
uma otimização dos custos em relação à manutenção dos equipamentos,
porém com a execução da metodologia, a meta é atingir quebra zero para se
conseguir uma redução mais significativa dos custos de manutenção em todas
as linhas da fábrica. Este fato contribui ainda mais para solidificar a imagem da
COMAU do Brasil Ind e Com Ltda como empresa parceira e comprometida com
os resultados de seus clientes, agregando valor e fazendo disto um de seus
principais diferenciais.
Ensinamos muito com o desenvolvimento deste trabalho, mas certamente o
que aprendemos foi, ainda maior, com as experiências trocadas e vividas, se
tornou compensador, no final de tudo, atingir e superar a maioria das metas.
Não nos resta mais dúvidas sobre a importância do TPM como ferramenta de
mudança. Esta que nos proporciona uma competitividade maior no mercado,
além de proporcionar a satisfação de trabalhar em uma empresa organizada,
saudável e que enxerga como veículo de crescimento, as suas pessoas, os
seus colaboradores.
Nós como profissionais da área de manutenção ficamos felizes de poder
mostrar através de um trabalho como este que fazer manutenção vai muito
além de reparar máquinas.
5. REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA