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Esclarecimentos introdutórios
Inicialmente, é importante ressaltar que existem vários estudos no que tange
à história do Yôga, e que muitas das vezes encontramos algumas contradições entre
uma linhagem e outra.
Nas minhas várias formações em Yôga, sempre entrava para aprender como
um caderno vazio. Não questionava a linhagem e nenhum professor, mas ia
questionando aquilo que não fazia sentido e estudando para encontrar algo que se
alinhasse com a minha consciência.
Busque fortalecer o seu conhecimento com aquilo que faz sentido para a sua
consciência, mas, no que tange à história do Yôga, não se encha de certezas e se
afaste de linhas que te dão a fórmula certa, pois ela não existe.
Origem do Yôga
É difícil apontar exatamente qual é a origem do Yôga, uma vez que a sua origem
vem antes de qualquer registro. É certo que os primeiros Yogis praticavam um Yôga
bem diferente do atualmente praticado, mesmo em linhas mais tradicionais.
Nesse curso, vamos analisar amplamente cada uma das “eras” do Yôga,
incluindo a teoria que mais fez sentido para os meus estudos, que entendem que o
Yôga originário vem de uma linha matriarcal, desrepressora e natural, com
embasamentos tântricos, como será amplamente estudado nas próximas páginas.
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Paramparā
Da observação e da vivência dos primeiros Yogis em busca de Moksha
(libertação), surgiu a necessidade de passar os seus ensinamentos para as próximas
gerações através do sistema de transmissão oral do conhecimento, ou Paramparā.
Essa técnica de transmissão do conhecimento atravessa gerações, e ainda é utilizada
dentro das várias linhagens.
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deus masculino é identificado como Shiva, sentado com as plantas dos pés tocando
uma na outra (um dhyanásana), foram encontradas muitas figuras de pedra do falo
e da vulva, que apontam para o culto do lingam e da Yoni representando Shiva e
Shakti (sua consorte).
Para algumas linhagens, foi nessa civilização que o Yôga surgiu, e essa foi a
teoria que mais fez sentido para a forma como percebo o Yôga. Uma civilização
tântrica (matriarcal) e sámkhya (naturalista). Vamos estudar mais profundamente os
conceitos de tantra e sámkhya ainda nesse módulo.
Existem algumas teorias que, no entanto, lutam por contrariar esta dualidade
entre drávidas e arianos, invasores e massacrados, bárbaros e civilizados, fazendo
passar a ideia de que nunca existiu nenhuma invasão e de que na realidade são uma
e a mesma coisa.
Nessa época, o Yôga era praticado somente por homens, tendo em vista a
sociedade patriarcal que imperava na Índia. O termo Vedas provém do sânscrito, cuja
raiz “vid” significa “sabedoria” “conhecer a Sabedoria Divina”, por isto os Vedas são
traduzidos como Sabedoria Divina ou Suprema. Os Vedas são a base do hinduísmo
contemporâneo.
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regras de comportamento social e religiosos, poesias etc. nele aparecem muitas
variações de linguagem devido a variação cronológica e diversidade de autores. O
RigVeda é a base de todas as concepções filosóficas do solo indiano. Contém as
primeiras perguntas que o homem fez em relação a criação, à natureza do universo e
de sua própria função existencial. Nele, há um verbo que é a raiz da palavra, Yôga:
YUJ, que significa atrelar, ajustar e conectar. Esse seria o atrelamento ao Dharma.
O Atharva Veda contém cerca de seis mil versículos sobre os mais diversos
temas, mas sobretudo ensinamentos de magia e medicina popular, destinados a
promover a paz, a saúde, o amor e a prosperidade material e espiritual.
De acordo com alguns estudiosos, o fim da Era Védica foi marcada pela famosa
guerra que consta no Mahabharata e que a tradição data de 3102 a.C. Isso coincide
com o início de Kali Yuga. Escrituras como o Mahabharata apresenta Kali Yuga como
uma era de crescente degradação humana, cultural, social, ambiental e espiritual,
sendo, simbolicamente, referida como Idade das Trevas porque, nela, as pessoas
estão tão longe quanto possível de Deus.
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se deslocar para o leste, ao redor das áreas férteis do rio Ganges, dando início assim à
Era Brahmânica.
O sistema social torna-se cada vez mais complexo na Era Brahmânica e neste
período o conhecimento védico ficou reservado aos Brahmanes ou casta dos
sacerdotes. Aqui, o Yôga aparece como forma de se ligar à Brahma (criação).
Considerado por alguns como parte dos Vedas, os primeiros Upanishads foram
escritos no primeiro milênio a.C como parte de um movimento espiritual em que
dependência de rituais secretos deram lugar à práticas internas.
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Os Upanishads são também a fonte escrita mais antiga que descreve o que é
referido hoje como a anatomia do yôga tradicional – Corpo Sutil. O conceito do corpo
em três partes (causal, sutil e físico) e koshas. O conceito de Prana, ou “força vital”,
é encontrado em várias Upanishads.
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A história se desenrola no meio do épico Mahabharata como uma conversa
entre o príncipe Arjuna e seu cocheiro, Krishna. Espiando pelo campo de batalha,
Arjuna vê aqueles que conhece e ama. Eles tentavam matá-lo e fizeram sua vida
miserável, mas ele acha que é errado lutar na guerra e matá-los para reconquistar o
reino. Ele se vira para Krishna para obter conselhos. Krishna expõe a ideia de dharma
ou maneira certa de viver. Ao se identificar com o “eu” imortal, com brahman, a
consciência divina final, podemos transcender nossa mortalidade, a nossa ligação
com o mundo material e viver no amor do infinito. Com Arjuna querendo abster-se
da ação, Krishna adverte que é através da ação que o nosso dever e natureza divina
se manifesta. Para esclarecer esse ponto, Krishna explica os três caminhos yogue
correspondentes aos dharmas associados com as naturezas variadas das pessoas.
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Nessa fase também surge o termo Raja Yôga, o Yôga real - da realeza. O que
antes era praticado pelos marginais e povos da floresta começa a ser praticado pela
alta sociedade. O yôga vira um darsana - um sistema filosófico.
Aqui, chegamos em uma Era em que a relação com o corpo é sacralizada. Aqui
surge o Hatha Yôga e seus três principais livros: Hatha Pradipika, Gheranda Samhita
e Shiva Samhita.
Aqui se inicia uma prática de se diferenciar o Raja yôga (O Yôga real, dos
amigos do rei) e do Hatha Yôga (Yôga da violência, dos bruxos, feiticeiros e bandidos)
– uma forma de distanciar os praticantes do corpo. Claramente, sem êxito.
O homem que veio a ser conhecido como o pai da renascença de Hatha Yôga
nos tempos modernos foi Sri Krishnamacharya (1888-1989). Em 1937 os primeiros
estudantes ocidentais chegaram para estudar com ele, entre os quais Indra Devi.
Nesse tempo, BKS Iyengar e Pattabhi Jois, que viriam a ser professores reconhecidos
pelo seu mérito, começaram os estudos com Krishnamacharya.
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Vamos cessar por aqui a conceituação histórica, pois ao longo dos módulos
vamos nos aprofundar sobre a história de cada linhagem de Yôga.
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Notas de Esclarecimento sobre as Filosofias – Sistemas Filosóficos
Os cinco sistemas acima são independentes uns dos outros, mas influenciam-
se reciprocamente devido à proximidade territorial e às épocas em que foram
preponderantes. Cada um teve a sua origem separada e existe independentemente
dos demais.
Os dois de cima são linhas teóricas. O Yôga, linha prática, e os dois abaixo são
linhas comportamentais.
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O que é Yôga?
No Bagavadguitá: "É dito que Ioga é equanimidade da mente". (II, 48) "Ioga é a
excelência nas ações". (II, 50)
Nos Upanishades: "Não conhece doença, velhice nem sofrimento aquele que
forja seu corpo no fogo do Ioga. Atividade, saúde, libertação dos condicionamentos,
circunspecção, eloquência, cheiro agradável e pouca secreção, são os sinais pelos
quais o Ioga manifesta seu poder." Upanishad Shvetashvatara (II:12-13).
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Mitologia do Yôga
Ao praticar Yôga sempre nos deparemos com nomes de Deuses que são
relacionados com a Mitologia hinduísta e com a cultura indiana. Assim, é de suma
importância entendermos o que estamos entoando, no caso dos mantras, ou o motivo
de direcionar a nossa consciência para alguns desses nomes.
Todo o olhar simbólico, filosófico e devocional da cultura indiana não deve ser
visto como uma mera crença, pois na verdade se trata de uma linguagem capaz de
transmitir conhecimentos riquíssimos acerca do funcionamento do Universo.
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Shiva e as origens do Yôga. O grande Mestre, o primeiro Yôgui
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dissolução. Abaixo de seu pé um anão que representa nosso ego, que assume seu
lugar diante da compreensão dessa ordem cósmica muito maior do que a nossa
representação na matéria.
Brahma, o Criador
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Brahma é considerado o Deus criador do Universo e sua esposa é Saraswati.
Brahma surgiu, segundo os hinduístas, como encarnação do espírito universal
Brahman, e representa o equilíbrio do Universo.
Sua representação tem quatro cabeças e está sentado em uma flor de lótus.
As quatro cabeças representam os quatro vedas e todas as quatro direções do
conhecimento possíveis, e também os quatro pontos cardeais.
Vishnu, o Mantenedor
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Parvati, a Deusa da Matéria
A Deusa Durga aparece como umas das principais Devi e tem um papel muito
importante como guerreira e protetora do mundo, sendo por isso conhecida como
uma Deusa Guerreira e também uma Deusa da Proteção. Está muito ligada à
eliminação dos sofrimentos e à segurança como figura de porto seguro.
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A deusa Durga representa o poder de ação supremo que revela a
espiritualidade, inspira a ética e preserva a ordem moral e a consciência do homem.
Ela protege a humanidade do mal, das tristezas e das doenças, destruindo as energias
negativas e outras manifestações do ego que fazem mal às pessoas e à boa
convivência consigo mesmo e com os outros.
Uma pessoa apegada ao seu ego não será receptiva à Mãe Kali e ela aparecerá
de uma forma assustadora. Uma alma madura que se envolve em prática espiritual
para remover a ilusão do ego vê a Mãe Kali como muito doce, afetuosa e
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transbordando de amor incompreensível por Seus filhos. Kali traz a transformação
que cria iluminação e liberdade, sendo também percebida como forte e poderosa,
como o divino feminino, como guerreira energética, como a pura manifestação de
Shakti.
Kali vem para nos lembrar que tudo é cíclico, que o velho precisa ser tirado de
cena para dar lugar ao novo. Nascimento e morte são ciclos naturais da vida e nós
devemos permitir que eles aconteçam.
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Na mitologia hindu, Saraswati é a esposa do grande deus Brahma. É a Deusa
da sabedoria, do conhecimento, da aprendizagem, música e estética. Representa a
qualidade de discriminação entre o bom e o mau. A Deusa Sarasvati é aquela que
deixa o conhecimento divino fluir, sem barreiras e está ligada a toda a manifestação
de conhecimento e arte que possui fluidez. Todo o conhecimento deve seguir seu
caminho, assim como o rio, e inundar outros seres com sua sabedoria.
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Os Yoga Sútras de Patãnjali
Mais uma vez, a história do codificador do Yôga clássico gera inúmeras dúvidas
e contradições, inclusive a data em que o mesmo viveu. Novamente aqui, navegamos
por águas turvas, e as especulações são tantas, que se pergunta se Patãnjali
efetivamente existiu.
A palavra sútra deriva do verbo “siv”, que significa costurar. Cada frase em
uma composição literária do tipo sútra surge como um ponto adicional que se
alinhava em uma “costura” de ideias.
O conhecimento inserido em cada sútra não pode ser alcançado por sua
simples leitura, ou até mesmo pela leitura das várias obras comentadas por inúmeros
autores. Fato é que a prática e o aprofundamento na prática dão ao aluno
embasamento para a sua própria interpretação.
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As quatro seções dos Yoga Sútras são: Samádhi Páda, Sádhana Páda, Vibhuti
Pádha e Kayvaliam Páda.
Ashtanga Yôga é o sistema organizado por Patañjali nos Yoga Sútras. Aqui
cabe uma importante diferenciação do Ashtanga Yôga enquanto sistema dividido em
oito partes e a linha de Ashtanga Yôga, mundialmente conhecida. Essa diferenciação
será melhor explicada na nossa vídeo aula.
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certamente é um pouco mais denso, diante da quantidade de informações a serem
passadas, bem como dos esclarecimentos necessários.
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Ashtanga Yôga de Patãnjali
Prathyahara e Dharana
Como você pode perceber o estudo não será feito na ordem correta dos angas.
Isso porque ao iniciar uma prática de Hatha Yôga e de várias outras linhas acabamos
praticando esses angas primeiro. Esse esclarecimento foi será amplamente trazido
na introdução da nossa aula prática do módulo.
Prathyahara
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das impressões que chegam na nossa vida nos permite conhecer a nossa mente, os
seus padrões, condicionamentos e os motivos que nos levam à esses padrões.
Dharana
Por meio dessa concentração, o praticante abstrai a sua psique das dispersões
inerentes à condição terrena, conseguindo assim lograr um estado de unificação do
fluxo consciente.
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Yamas do Yôga
Precisamos sempre ter em mente que os Yamas e Nyamas são os dois primeiros
angas, partes ou passos da visão do Yôga segundo os Yoga Sútras de Patãnjali.
Portanto, são indispensáveis ao praticante que deseja alcançar o objetivo do Yôga.
Vamos vivenciar cada um dos Yamas dentro dos próximos módulos. Esses
preceitos visam purificar o praticante de atitudes que devem ser evitadas e que
moldam a nossa consciência, pois controlam alguns impulsos naturais destrutivos
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Entender esse Yama fora do mat e de maneira mais profunda implica na
prática ativa do aspecto de compaixão por você e por todos os seres. Praticar Ahimsa
requer uma análise das nossas atitudes internas e com toda a vida que nos cerca.
Satya (verdade)
Satya nos ensina a ser autênticos e íntegros com o nosso mundo interior,
fazendo essa atitude reverberar na forma como direcionamos a nossa energia em
sociedade.
Praticar Satya é perceber a visão do Yôga como filosofia que te direciona para
um campo de plena conexão com a sua integridade interior. Ser verdadeiro consigo é
aproximar-se da sua essência. A mentira interior para ser socialmente aceito ou bem
visto é uma das formas mais cruéis de violência que praticamos.
Dentro da prática em si, Satya nos leva ao aspecto de ampla percepção dos
motivos que te levam a estender o mat. Também nos guia a entender o que é possível
e alinhado com o nosso corpo físico, e também com os nossos estados emocionais.
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É importante também saber equilibrar a prática da verdade interior e a verdade
que guia as nossas relações com o outro com a prática da não violência: ser autêntico
e sempre se guiar pela atitude de não ferir o outro, afinal o Yôga também é a prática
de compaixão, discernimento e cuidado.
O terceiro Yama também está intimamente ligado aos dois anteriores, e diz
sobre a prática de se contentar com aquilo que é seu, evitando tirar ou cobiçar aquilo
que é do outro, em todos os níveis.
Podemos perceber essa Yama em seu sentido literal, diante de uma lógica
óbvia. Mas, principalmente, precisamos vivenciar esse Yama em aspectos mais sutis,
como a simples tendência dos nossos pensamentos em querer algo que não nos
pertence.
Fora do Mat, a prática de Asteya guia as nossas ações que devem ser pautadas
no preceito de não tirar do outro aquilo que não é seu.
Este Yama pode ser interpretado sob vários olhares e aspectos. No aspecto
mais tradicional, Brahmacharya versa sobre conservação da energia sexual (vamos
lembrar da época clássica em que os sútras surgem, bem como o conservadorismo
inerente à época).
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representa a maior potência criadora energética. Vamos estudar sobre a energia
Kundaliní e sua potência nos módulos de sistema energético.
Em relação ao tema sexo em si, Brahmacharya significa ver o sexo como ato
de amor verdadeiro, uma troca energética potente e profunda entre almas.
Esse Yama nos faz perceber também os nossos excessos, e como esses
excessos acabam drenando a nossa energia. Assim, somos convidados a praticar a
moderação e o equilíbrio através da identificação e controle dos desejos que nos
movem para um estado de ilusão e não satisfação. Essa prática de moderação deve
guiar os nossos hábitos, atitudes, pensamentos, alimentação, etc.
E qual o motivo do controle dos desejos e dos sentidos dentro da visão do Yôga?
Se mover da busca material e exclusivamente prazerosa para uma visão espiritual do
todo.
Dentro do mat, esse Yama nos convida a praticar sempre visando uma
conservação energética, respeitando o que os seus corpos te pedem naquele dia, sem
excessos.
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à libertação, a jornada do Yôga como visão. Muitas vezes nos vemos apegados,
querendo conquistar uma postura a qualquer preço. Esse é o momento perfeito para
olhar para as nossas expectativas, para os motivos que nos levam à prática, e
principalmente para trabalhar o desapego aos resultados. Esse é o momento perfeito
para direcionar a nossa atenção para o caminho que levamos para conquistar alguma
postura. O olhar sempre é interior.
Pensar nesse Yama te traz essa reflexão para a vida: desapegar dos resultados
dos nossos esforços e das nossas ações.
Os Nyamas do Yôga
Saucha (Pureza)
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A pureza do corpo físico é aplicada através da purificação do nosso veículo com
práticas que aprenderemos no módulo de Kriyás, e também através da prática de
ásanas e pranayamas. A pureza do corpo é essencial para o bem estar, longevidade e
purificação dos outros corpos.
Santosha (Contentamento)
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Santosha também traz o olhar de se sentir feliz com as nossas habilidades e
dons, exercendo o contentamento com aquilo que somos.
“Quando o Yogi não mais está à mercê das ondas de emoção que o excitam ou
o deprimem, quando se mantém acima das alterações e mudanças exteriores e pode
conservar um equilíbrio interior em meio aos golpes e imprevistos da vida, ele
alcançou a equanimidade absolutamente indispensável para atravessar ileso e
vitorioso todos os obstáculos que se levantam sobre seu caminho.”
O termo tapas deriva da raiz “tap”, que significa arder, queimar, brilhar ou
consumir-se pelo fogo. Tapas é o esforço consciente para se atingir a união tão
almejada no Yôga (consciência do Eu e consciência do Todo), queimando todos os
obstáculos para se alcançar essa união. Embora possamos de fato
traduzir tapas corretamente como disciplina ou austeridade, uma tradução mais
exata seria “esforço sobre si mesmo”.
Svadhyaya (Autoestudo)
Esse é um Nyama chave da visão do Yôga. A palavra é composta por Sva “seu
próprio” e adhyaya “entrar em” e denota o ato de penetrar no sentido oculto de si.
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Quantas vezes você estendeu o seu mat e se sentiu profundamente impactado
pelas suas percepções e pela ampla consciência que você desperta de si? Aqui
acontece a grande mágica: somos completamente nutridos por esse estudo interior.
Quando nos entregamos à essa lei percebemos que não existe separação. A
separação é fruto dos estímulos externos. Dentro da visão do Yôga buscamos
novamente a união com o todo através do autoconhecimento. Se não estou separado
do todo, quando me conheço eu conheço o todo.
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inteligência superior universal que cuida do fluxo de cada forma de vida e da conexão
existente entre tudo.
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Mudrás – Os Gestos que Expandem
O termo mudrá significa gesto, selo. Outro significado para a palavra pode ser
magia ou encanto, pois ao assumir determinado gesto o praticante assume
imediatamente um novo estado consciencial.
A ciência dos mudrás é baseada nos cinco elementos da Natureza, quais sejam,
terra, fogo, água, ar e éter. O equilíbrio desses elementos em nosso corpo físico,
energético, mental, espiritual e emocional são o segredo para a saúde em todos os
níveis. Assim sendo, os mudrás auxiliam na manutenção desse equilíbrio, e são
utilizados por diversas doutrinas, filosofias e egrégoras como o Yôga, a quiromancia,
a reflexologia, o Ayurveda, o Budismo, a dança indiana, dentre outras várias.
Tocar pontos específicos em nossas mãos faz com que a energia possa circular
corretamente, sendo direcionada para um bem específico fundamentado nos cinco
elementos.
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Na antiguidade os mudrás eram utilizados juntamente com os mantras para
selar os padrões energéticos. Assim a energia era invocada e direcionada ao centro
de energia correspondente. Juntamente com a nossa intenção, os mudrás são
poderosas ferramentas de proteção, cura, selamento, direcionamento energético,
nutrição energética, dentre outros.
Existe também a relação dos dedos e outras partes das mãos com os planetas,
sendo esse um forte estudo da quiromancia e reflexologia das mãos.
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As três características mais importantes dos mudrás são: reflexologia,
simbolismo e magnetismo. Através da reflexologia os gestos que fazemos durante a
prática de Yôga desencadeiam estados de receptividade dentro de nós.
Mais uma vez ressalto em nosso curso que conhecimento é poder. Cientes de
cada significado dos gestos praticados, o aluno pode colocar a sua firme intenção e
presença durante a prática de mudrás, o que gera toda uma nova potência de
direcionamento energético, trazendo força para os gestos assumidos.
Passada a parte conceitual, vamos aos estudos de cada gesto selecionado para
aprofundamento.
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Shiva Mudrá
Esse gesto é muito utilizado no início da prática, já que nos conecta à toda
essa sabedoria. Assim facilita a prática de Prathyahara, Dharana e Dhyana
(meditação) uma vez que gera um estado de aquietamento e percepção interior.
União das palmas das mãos frente ao peito, com os cotovelos para as laterais.
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estado de união com a nossa própria consciência Divina e toda a criação. Também é
um gesto que conecta a Unidade que somos, onde saudamos a existência divina que
habita em todos nós.
Jñana Mudrá
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as palmas das mãos voltadas para cima e Chandra Jñana mudrá feitas nas práticas
noturnas com as palmas das mãos voltadas para baixo.
Padma Mudrá
Conhecido como o gesto da flor de lótus. Os pulsos e base das mãos se tocam,
bem como as extremidades dos dedos mínimos e polegares. Os demais dedos ficam
alongados e separados uns dos outros. Nesse gesto os dedos representam as pétalas
da flor de lótus e a base das mãos representam a base da flor de lótus.
Esse símbolo tem o poder de guiar as nossas energias mais densas em direção
à luz, assim como a flor de lótus, gerando um campo de conexão direta com o amor
divino. Nessa conexão somos guiados a um olhar de compaixão e unidade com tudo
o que existe. Sua prática melhora os relacionamentos, desenvolve a bondade, o afeto
e a comunicação.
No oriente, a flor de lótus significa pureza espiritual. A água lodosa que acolhe
a planta é associada ao apego e aos desejos carnais, e a flor imaculada que
desabrocha sobre a água em busca de luz é a promessa de pureza e elevação
espiritual. O caminho que nos leva da lama à flor é o cerne do desenvolvimento
espiritual, também através da visão do Yôga.
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Kapota Mudrá
Junte as palmas das mãos unindo as pontas dos dedos e abra um espaço entre
elas com as laterais dos dedos polegares e mínimos das duas mãos unidas.
Pushpaputa Mudrá
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As mãos ficam voltadas para cima assumindo a forma de um pote. O nome se
traduz como mãos cheias de flores.
Trimurti Mudrá
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Garuda Mudrá
Conhecido como o gesto da águia. Com as palmas das mãos voltadas para o
peito, os polegares se entrelaçam e os demais dedos permanecem unidos e alongados.
Os dedos representam o bico da ave, e os dedos as suas asas.
Kali Mudrá
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Kali Mudrá tem a mesma representação arquetípica da Deusa Kali, que
estudamos no módulo de mitologia. Esse gesto é um convite para a destruição de
tudo aquilo que te impede de avançar no caminho de encontro com a sua versão mais
elevada. É uma autorização para que a limpeza, a transformação e a transmutação
aconteçam. A principal qualidade deste gesto é a purificação, e assim é
frequentemente realizado durante a execução de posturas.
Mushti Mudrá
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Yoni Mudrá
A palavra Yoni significa vagina e útero, os grandes portais criadores. Esse gesto
é muito profundo, e traz a consciência de liberdade, desapego, tranquilidade e
conexão, assim como um bebê sendo gerado. O feto está totalmente livre das tensões,
conflitos e apegos do mundo exterior. Ao assumir esse gesto, o praticante se conecta
com essas qualidades.
Trishula Mudrá
Esse gesto representa o tridente de Shiva. Por ser um tridente, cada ponta de
sua lança tem seu significado, sendo diretamente relacionadas com as três
qualidades da matéria: tamas, rajas e sattva. Possui significado muito próximo de
Trimurti Mudrá, já estudado.
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O Tridente era a arma de combate utilizada pelos drávidas na luta contra os
invasores arianos, como estudado no módulo de história do Yôga.
Esse gesto também representa o lugar onde os três principais nadis, ou canais
de energia (ida, pingala e shushmana) se encontram.
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Kriyás – Exercícios de Purificação
Os Kriyás não estão previstos nos Yôga Sutras de Patãnjali, mas o Hatha Yoga
Pradipika e também o Gheranda Samhitá, dois dos livros clássicos de Hatha Yoga,
prescrevem seis principais kriyás para purificação do corpo, também chamados de
Shatkarma (seis purificações). Esses textos colocam a purificação como o primeiro
passo para o Yôga.
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praticamente toda a nossa saúde é influenciada pela nossa digestão.
Assim o estômago é visto como um segundo coração pelos Yogis.
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• Lauliki – Essa técnica também é conhecida como Nauli Kriyá, com o
objetivo de massagear e revigorar todos os órgãos internos,
aumentado a concentração de prana no Plexo Solar. A vigorosa
massagem promovida por essa técnica estimula o metabolismo e o
sistema digestório.
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Os Bandhas
O Prana, força vital que tece toda a criação circula através dos nossos corpos
através de correntes energéticas, chamadas de Vayus ou ventos. Ou seja, o Prana é
uma só energia que gera diversos movimentos energéticos pelo corpo. Essas correntes
energéticas governam e influenciam diversas áreas do nosso corpo físico, atuando
também a nível sutil.
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a) Apana Vayu: Pode ser traduzido como o ar que se move para fora. O seu
movimento predominante é descendente e exterior. Se origina na altura do
umbigo e região baixa do abdômen e se move para baixo na exalação,
nutrindo e purificando a pelve, assoalho pélvico, pernas e pés.
Apana é o aspecto da energia vital capaz de promover a
eliminação daquilo que não é mais necessário ao corpo. Esse vento está
associado à excreção. No psiquismo é dveṣa, a aversão. O organismo se
apropria do que gosta e expele ou repele o que não precisa. É composta por
todos os tipos de expulsão e eliminação como urina, fezes, suor, excreção
nasal, expulsão do sêmen e o parto.
No plano macrocósmico da natureza vemos, por exemplo, seu
movimento gerar a erupção de vulcânicas.
O funcionamento saudável de Apana Vayu é tão importante
quanto de Prana Vayu. Sem o bom funcionamento de Apana Vayu a pessoa
perde energia e sente falta de determinação, preguiça, confusão mental. Por
outro lado, quando esse vento flui livremente experimentamos segurança e
confiança no fluxo da vida.
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b) Prana Vayu: Pode ser traduzido como o vento que nos move para frente. É
a corrente ascendente de energia, que se origina na altura do umbigo e se
move para cima durante a inalação, nutrindo os órgãos da região torácica.
Move-se internamente e é responsável por receber o alimento,
a água, pela inalação e pela percepção. É uma energia propulsora de vida.
Prana e Apana Vayus se movem de forma complementares em direções
opostas durante nossa inalação e exalação.
Prana Vayu é responsável pela saúde dos sistemas
cardiovascular, respiratório e imunológico.
c) Udana Vayu: Pode ser traduzido como aquele que leva para cima. Se origina
na altura da clavícula e sobe na inalação, nutrindo o pescoço e garganta.
Na exalação a energia circula na região da cabeça. Governa o pensamento
e a comunicação.
e) Vyana Vayu: Pode ser traduzido como o movimento externo do ar. Se move
do centro do corpo para a periferia. A cada inalação se recolhe ao centro do
corpo, e a cada exalação se irradia para as extremidades.
Ele permeia todo o corpo, é a energia que conecta e que
coordena. Não tem local específico, mas coordena todas as capacidades,
como os órgãos de percepção e flui por todas as nadis (canais
energéticos) conectando todas as funções nervosas, venais, musculares,
articulares e de circulação de nutrientes no corpo.
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É, em termos gerais, a função de distribuição. O que foi
apropriado pelo Prana e que não foi rejeitado por Apana; o que foi
assimilado por Samana é distribuído por Vyana.
Quando este Vayu flui livremente experimentamos as
extremidades do corpo normalmente aquecidas. Seu equilíbrio é
fundamental para que a pessoa se sinta integrada. Governa as interações
da pele com o meio ambiente. Está associado ao nosso senso de limite
através do qual nós nos definimos enquanto pessoa.
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Seguimos então para o entendimento de cada uma das travas do Yôga:
Mula Bandha – Pode ser traduzido como fecho raiz, já que se relaciona
amplamente com o chakra raiz. É a contração que ativa a musculatura do assoalho
pélvico e esfíncteres do ânus e da uretra. Muito mais do que uma contração, acessar
a potência dessa trava também é, por outro lado, acessar a sua sutileza, trabalhando
o conceito de sucção dessa musculatura para cima.
A nível físico, essa trave fornece uma maior irrigação sanguínea na região
pélvica, tonificando os sistemas urogenital e excretório. Protege homens e mulheres
de doenças relacionadas ao sistema reprodutor.
Para praticar esse Bandha, temos uma ótima alternativa de iniciar na postura
de cócoras (Malásana). a) Inicie com uma longa inspiração e ao exalar faça a sucção
da musculatura do períneo, assoalho pélvico, esfíncteres da uretra e do ânus. b) Tente
não soltar a musculatura durante a exalação e, ao inalar novamente, relaxe a zona
contraída. c) Quando estiver com essa etapa segura, tente inalar e exalar mantendo
a ativação do Bandha.
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Uddiyana Bandha – O termo Uddiyana significa ascender. Este é o Bandha da
retração abdominal.
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Jalandhara Bandha – É o fecho que controla a rede de nadis (canais por onde
flui o prana) da região da garganta. É o fecho da garganta e da glote.
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Jiva Bandha – Para algumas linhas não é conhecido como Bandha, mas para
nossos estudos sim. É a trava da língua no palato mole.
Para sua ativação coloque a língua no palato mole (parte de trás do céu da
boca) e pressione essa região com a ponta da língua.
Essa região no fundo da boca é a área descrita nos textos de yoga como
reunião (sangam), pois é ali que se unem as três principais nadis. Acredita-se que o
massageamento da língua no palato mole ativa um ponto reflexiológico via
propagação da pressão intracraniana chamado lalana chakra. Ele é um chakra
menor composto por doze pétalas vermelhas de lótus, que funciona como um
reservatório desse néctar, produzindo indiretamente a ativação das glândulas pineal
e pituitária, as quais são responsáveis pelas percepções energéticas e espirituais.
Ativa os chakra frontal e coronário, desenvolvendo assim os poderes extra-sensoriais.
56
Os Pranayamas
Prana pode ser também conceituado como bioenergia, ou seja, qualquer tipo
de energia manifestada biologicamente.
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Como vimos no módulo anterior, o termo genérico prana pode ser subdividido
em cinco tipos de correntes energéticas ou vitais, os prana vayus. Os vayus são
aspectos específicos dessa força vital.
58
A respiração Yôgi deve ser sempre nasal, silenciosa e completa, salvo
instrução em contrário. Deve ser realizada com a participação da musculatura
abdominal, intercostal e torácica, promovendo um maior aproveitamento da
capacidade pulmonar. A respiração completa atua eficazmente sobre o sistema
circulatório, digestório, nervoso e glandular.
59
1-4-2-0 Inspiração em um tempo. Retenção em quatro vezes o tempo da
inspiração. Exalação no dobro do tempo. Sem retenção de pulmões vazios.
Além dos ritmos acima narrados, podemos desenvolver vários outros ritmos,
combinando as fases da respiração e o tempo de cada uma delas.
Primeira regra de respiração: Movimentos para cima são feitos com inspiração;
para baixo com expiração.
Flexões para frente e para os lados são feitas com expiração; para trás com
inspiração, exceto as de pé.
Ao torcer uma esponja molhada a água sai: ao torcer o tórax, cujos pulmões
são como uma esponja de ar, o ar sai. Ou seja, sempre entre nas torções exalando.
60
narina esquerda esfriam e são sedativos. Já feitos pelas duas narinas tendem a
equilibrar essas polaridades.
A seguir, vou deixar alguns dos Pranayamas mais importantes do Yôga. Para
mais técnicas basta acessar os livros de bibliografia complementar enviados no grupo
e disponibilizados no nosso drive.
– Você pode iniciar essa prática com 10 respirações e aos poucos estendê-la
até 5 minutos.
61
Bhastrika Pranayama (respiração do fogo – esquenta e energiza)
Esse pranayama não deve ser executado por pessoas que tenham hipertensão,
problemas cardíacos, hérnia, úlcera, pressão alta ocular, descolamento de retina,
epilepsia ou glaucoma. Também não deve ser praticado por gestantes.
Kapalabhati Pranayama
62
do crânio brilhante, pois durante a técnica ocorre a super oxigenação do cérebro
(derivando daí a sensação de brilho). Esse exercício é um ṣaṭkarma, uma das seis
purificações do Haṭha Yoga, pois proporciona uma limpeza total das vias
respiratórias.
- Volte a inspirar de forma completa, com suavidade, e solte o ar outra vez com
força, porém sem contrair a musculatura facial nem movimentar os ombros. Faça
isso pelo menos dez vezes.
Sítali Pranayama
Sita quer dizer “frio”. É uma respiração refrescante. De acordo com o Haṭha
Yoga Pradīpikā este pranayama cura doenças do abdômen e do baço, evita febre e
transtornos biliares. Ou seja, refresca e apazigua pitta (estudaremos no módulo de
Ayurveda). Geralmente para resfriar quase que instantaneamente o corpo, usamos a
respiração pela boca. Por outro lado, essa respiração, como esfria, tende a criar muco,
por isso deve ser feita com cautela.
– Coloque a língua em forma de calha, projetando-a para fora da boca, sem
tensão;
– Faça uma inspiração completa pela boca, fazendo o ar atravessar o canal
formado pela língua;
– Feche a boca com a língua recolhida e retenha o ar;
– Expire lentamente pelas narinas.
X'
63
– Sente-se numa postura de meditação, de modo que o corpo esteja estável,
firme e confortável.
– Inspire pela narina esquerda, fechando a narina direita usando o dedo médio
de uma das mãos em jnana mudrá. Você pode optar por reter o ar com os pulmões
cheios ou não.
– Feche a narina esquerda e exale pela direita. Você pode optar por reter o ar
com os pulmões vazios ou não.
– Inale pela mesma narina (direita), e quando estiver com os pulmões cheios,
troque de narina, exalando pela esquerda.
Chaturanga Pranayama
Pranayamas e Bandhas
64
É a respiração completa, com ritmo e contrações. É um dos exercícios mais
importantes do Yoga, tendo uma forte atuação nos órgãos internos, glândulas
endócrinas e plexos nervosos. Controla os Vayus e direciona o prana. Proporciona
o bhuta shuddhi, a purificação dos elementos corporais e desperta a kundalini.
Exercita todos os músculos e articulações do aparelho respiratório, aumentando a
elasticidade da caixa torácica, eliminando tensões musculares e aumentando
a capacidade vital do praticante. Estimula o funcionamento do sistema endócrino e
do sistema nervoso, melhora a digestão e a excreção e otimiza a oxigenação do
sangue. Há ainda o estímulo produzido pela contração tríplice, bandha traya, que é
fortíssimo, tanto fisiológica quanto energeticamente. Dentre os efeitos sutis destaca-
se a estabilização dos pensamentos, a eliminação das flutuações da mente
(chittavrtti), a sensação de receptividade, alegria e expansão da própria consciência.
O praticante ou professor pode optar por adicionar ritmo a cada uma das fases,
com ou sem retenção.
Fisiologia Sutil
Os Chakras
65
A palavra chakra vem do sânscrito e significa “roda”, “disco”, “centro” ou
“plexo”. Os chakras são percebidos como vórtices (redemoinhos) de energia vital,
espirais girando em alta velocidade, vibrando em pontos vitais de nosso corpo. Nosso
corpo físico tem uma ligação sutil com o mundo astral e os chakras são pontos de
interseção entre vários planos. O prana se move através do chakra e produz diferentes
estados psíquicos no ser.
Chakra Básico
66
O chakra básico apresenta a cor vermelha, é ligado ao elemento terra e rege
também os órgãos que dão estrutura ao corpo (ossos, músculos, coluna vertebral,
quadris), às pernas e aos pés. Dessa forma, esse chakra nos oferece um suporte, uma
estrutura para vivermos no plano terrestre, pois é ele que nos conecta à terra, à
existência e à vida na matéria.
O bija mantra que ativa esse centro de energia é o “LAM”. Vamos estudar sobre
os bijas mantras com mais profundidade no módulo de mantras.
Quando esse centro de energia está em equilíbrio nos sentimos conectado com
a vida, com a natureza e com a matéria que nos circunda. Pessoas prósperas e com
boa saúde costumam ter um chakra básico igualmente saudável.
A missão desse chakra é fazer com que caminhemos com equilíbrio no planeta
Terra e ele expressa a saúde do corpo físico como um todo.
Chakra Sexual
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O chacra sexual energiza toda a área genital e urinária, também cuida da
filtragem e circulação de líquidos nos rins e por expelir todas as excreções do corpo.
É regido pela Lua (por isso tão vinculado ao feminino, à sexualidade, à maternidade
e à criação) e pelo elemento água (vinculado ao líquido amniótico, às relações
interpessoais, à autoestima, ao amor-próprio).
Esse chakra guia a saúde e a qualidade de nossa relação com a Terra, com a
família, com as pessoas em geral, e com nós mesmos.
Plexo Solar
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Chamado de Manipura pelos hindus (em sânscrito, cidade das joias), fica um
ou dois dedos acima do umbigo e está ligado ao pâncreas. Esse chakra apresenta cor
amarela.
Ele influencia nossa relação com a matéria e com o poder pessoal. Também é
o centro das emoções e do relacionamento com o mundo e a troca energética entre
grande parte da humanidade. Neste chakra ficam retidas emoções densas como raiva,
mágoa, medo, tristeza, angústia, rancor, ansiedade.
O plexo solar controla a região das vísceras, e não é à toa que todas as emoções
densas e viscerais (como paixão e desejo) se acumulam nessa região. Ele é
responsável por absorver a energia dos alimentos e distribui-la para todo o corpo.
É o nosso Sol Central onde está localizado o nosso Agni (fogo interno). Também
é o nosso centro de poder pessoal e traduz muito a forma que expressamos a nossa
energia e potência no mundo.
É um dos chakras mais suscetíveis à nossa rotina, sendo esse mais um motivo
para seu fácil desequilíbrio.
Muitas pessoas sofrem com algum problema físico nesta região, como gastrite,
problemas estomacais, diabetes, ou outros problemas digestivos. Dessa forma é
sempre interessante também promover um olhar integral e holístico para tratamento
dessas enfermidades, de modo a tratar o plexo solar, chakra que influencia
diretamente no nosso metabolismo e sistema digestivo como um todo.
Quando está bloqueado, esse centro de energia pode gerar, a nível físico todas
as enfermidades já mencionadas acima. A nível emocional, sensações como
insegurança e baixa estima são totalmente relacionadas a esse centro de energia.
69
É comum sentir a sensação de estar uma esponja energética, absorvendo
energia do ambiente e das pessoas quando esse chakra está em desequilíbrio, bem
como se tornar um emanador de energia quando esse centro está equilibrado.
Chakra Cardíaco
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É um dos chakras mais fragilizados, assim como o Plexo Solar, se houver um
desequilíbrio emocional. Assim sendo, quando existe um bloqueio, a pessoa pode
sentir mágoas profundas, depressão, angústia e tristeza. Fisicamente, o bloqueio
pode gerar infarto, taquicardia, problemas relacionados ao coração e ao sistema
cardiovascular.
Chakra Laríngeo
71
dores de dente e/ou gengiva, hiper ou hipotireoidismo, além de doenças das
vias respiratórias. Energeticamente, o desequilíbrio desse centro de energia afasta o
ser da expressão da sua verdade e da integridade interior. Assim, sem nutrição desse
centro de energia ficamos facilmente influenciados pelas regras sociais e nos
afastamos da nossa verdadeira missão de alma ou propósito. O desequilíbrio desse
centro também gera problemas na comunicação de forma geral.
Já o equilíbrio conecta cada ser com a sua verdade essencial, missão expressão
divina da sua energia na Terra. O equilíbrio desse centro traz saúde e harmonia para
as vias respiratórias, metabolismo e região da garganta e boca.
Chakra Frontal
Apresenta cor azul índigo e para algumas linhas pode se tornar prateado. O
seu Som é o mantra OM. Já não é representado por nenhum elemento, assim como
o chakra da coroa.
72
proporciona maior clareza de ideias e se torna um grande portal de acesso a tudo que
é divino e espiritual.
Chakra Coronário
Esse chakra forma uma coroa de luz, por isso também é conhecido como
chakra da coroa. Apresenta cor violeta, branco-fluorescente ou dourado. Seu mantra
é o OM.
73
no desenvolvimento da mediunidade, nas expansões da consciência e na recepção de
temas elevados.
Esse chakra representa o corpo causal. A vibração dele também indica que
estamos vivos.
74
Tabela Resumo
75
Os cinco corpos (Koshas)
O prana vitaliza o corpo físico e os sutis e os mantém unidos. Não é por causa
do corpo físico que esse corpo energético existe, Pranamaya Kosha não é uma
emanação de Annamaya Kosha mas, ao contrário, vitaliza este último e é, portanto,
seu alento vital.
76
Manomaya Kosha (corpo mental/emocional) - Na concepção hindu este
invólucro designa dois corpos, o emocional (também chamado de astral) e o mental
inferior, por agirem na maioria das vezes em conjunto. Os aspectos emocionais são
forças de energia vibratória que se formam no corpo emocional, e se expressam no
corpo físico. O corpo mental é a sede da personalidade humana, que em geral se
expressa por meio do intelecto concreto.
77
koshas) citadas acima. Patãnjali emprega os termos Purusha (do Samkhya)
e Ishvara para esse nosso Ser.
Nadis
As Nadis são estruturas sutis que transportam o prana pelo corpo. São
verdadeiros canais condutores de energia. São aproximadamente 72 mil nadis pelo
corpo energético, que pode ser comparado ao sistema circulatório (que circula prana,
bioenergia).
Apesar das milhares de Nadis, três são as mais estudadas, por estarem
localizadas no canal central e por ter mais relação direta com a energia kundalini.
Kundaliní
A energia kundalini quando despertada sobe pela nadi central, sushumna até
o chacra coronário, experiência a qual se dá o nome de samadhi,
“Quando o corpo é serenado pela prática dos oito passos, um poder interior
desconhecido é liberado, que ajuda o corpo a manter um excelente estado de saúde
física e vitalidade, e a mente a se aquietar e livrar-se de flutuações. Nesse estado, a
78
mente exibe um maior controle quando funciona no nível sensorial. Esse controle
provoca um estado de imobilidade física e mental que permite que a energia estática
enrolada da Kundalini seja ativada e suba em direção ao local mais elevado, o sétimo
chacra”
79
Yoga e Ayurveda
81
Pitta é composto principalmente por Fogo, que faz a digestão tanto de
nutrientes como de impressões, pela mente. Controla o metabolismo e está por isso
relacionado à produção de hormônios, enzimas e sucos digestivos. Neste caso, a
Água, o elemento secundário, serve como proteção, para que o fogo não queime aquilo
em que toca. Pitta está muito ligado à visão, já que esta é o sentido que nos permite
digerir a luz. É também responsável pela fome, sede, brilho, cor, entendimento e
coragem. Seus atributos são: ligeiramente oleoso ou úmido, penetrante, quente, leve,
odor desagradável, móvel e líquido.
Ou seja, precisamos dos três Doshas e dos cinco elementos para que o nosso
corpo e mente funcionem plenamente. Somos uma mistura dos três Doshas, ainda
que em diferentes proporções. Em todas as funções do organismo, podemos observar
a sinergia entre estas três forças e a forma como se complementam.
Pela sua dificuldade em começar algo novo, podem ter dificuldade de iniciar
uma prática regular de Yoga. Quando conseguem persistir as melhores práticas são
83
as que lhes dão força e agilidade, esquentam o corpo, aceleram o metabolismo e
diluem o muco acumulado. A rotina de acordar de manhã cedo para fazer algo físico
é ótima para as pessoas deste tipo, ajudando-os a dinamizar sua vida e sair do
sedentarismo. Para isso precisam vencer a preguiça, tentando ir para além daquilo
que acreditam ser seus limites e não se deixando ir demasiado devagar. Devem evitar
adormecer em Savasana, para não ficarem sonolentos depois da prática.
Porém, mais importante que tentarmos nos encaixar num tipo de constituição
é compreendermos como essas três energias nos influenciam e como podemos
trabalhar com elas para nos sentirmos mais dispostos e em consonância com a
Natureza. Ayurveda e Yoga caminham juntos quando entendemos que para termos
paz interior precisamos primeiro curar nosso corpo e mente.
84
Yoganidrá
85
Embora os objetivos do Yoganidrá sejam a experiência e o discernimento
espirituais, e não apenas mudar as atividades físicas do cérebro, existe alguma
correlação com os padrões de ondas do cérebro, quais sejam: Beta - Nível comum das
atividades mentais diárias, alertas, ativas. Também é o nível de atividade associada
com a tensão ou estresse; Alfa - Relaxado, passivo, considerado o objetivo dos
exercícios de relaxamento (esse é o estado geralmente atingido nas práticas
regulares). Embora seja um estado muito relaxante e útil de ser praticado, algumas
vezes é considerado incorretamente como sendo Yoganidrá; Teta - Normalmente
considerado como sendo inconsciente, talvez sonolento, ou meio adormecido.
Algumas vezes este nível também é incorretamente considerado como o nível
do Yoganidrá, onde ainda existem experiências com imagens e fluxos de
pensamentos; Delta - Considerado como sendo o inconsciente, sem sonho, sono
profundo (prājña). No Yoganidrá as ondas cerebrais estão neste nível, enquanto o
praticante permanece em sono consciente profundo, além das atividades
experimentadas nos outros níveis.
O relaxamento que acontece nos níveis Alfa e Teta é muito útil para a saúde
física, emocional e mental, e por isso é considerado de grande valia nas aulas
usualmente praticadas no Ocidente.
86
As linhas de Yôga
Esse estudo demandará uma certa revisão do nosso estudo inicial referente à
cronologia do e história do Yôga. Lembrando que os primeiros Yogis praticavam um
Yôga bem diferente do atualmente praticado, mesmo em linhas mais tradicionais.
Ressaltando também que a prática de ásanas (posturas) também demandou toda
uma construção histórica.
Karma Yôga - Karma quer dizer ação, trabalho, atividade, e também os efeitos
das ações passadas. Karma Yôga é o yôga da renúncia aos resultados da ação, em
outras palavras, realizar ações não para obter alguma recompensa ou vantagem para
si, mas oferecendo-as aos outros. É servir ao Supremo ou à Totalidade através do
serviço ao próximo. O segredo da ação e do Karma Yôga é retirar o seu ego (sentido
de separatividade) do que você está fazendo. Nessa visão, você não está realizando
coisa alguma para o outro, mas para você mesmo, como Ser Uno manifesto. Você
utiliza os órgãos de ação a seu dispor para executar o que julga correto e não espera
por recompensa alguma. Assim, à medida que você (personalidade) não espera
recompensa por suas ações, não se prende aos frutos que elas produzem, sejam eles
bons ou ruins. Portanto, caminha ou habilita-se passo a passo, dia a dia, para a
autopercepção de sua Unidade e para escapar da roda de samsara.
87
enraizada no amor, e a um estado de completa entrega a Deus. Bhakti é basicamente
um estado de coração cheio de amor, devoção e entrega. Muitos experimentam
o Bhakti Yôga através de cantos e devocionais ou orações em formato de música.
Hatha Yôga – Aqui vamos considerar o Hatha Yôga como gênero amplo, de
onde surgirão as linhas contemporâneas mais difundidas e estudadas no mundo
moderno (tanto no Ocidente como no Oriente). São linhas de Yôga que percebem o
corpo como templo sagrado, veículo máximo de expressão e expansão da nossa
consciência e da energia divina ou primordial. Da linhagem do Hatha Yôga como
gênero, que surge juntamente com os movimentos do tantrismo vamos nos
88
aprofundar durante alguns módulos nas principais linhas praticadas e estudadas no
Ocidente, iniciando os nossos estudos com o Ashtanga Yôga.
a) Ashtanga Vinyasa Yôga – O Ashtanga Vinyasa Yôga foi difundido por Sri K.
Pattabhi Jois. Pattabhi Jois nasceu no ano de 1915 e começou com 12 anos
seus estudos de Yoga com seu mestre, Sri T. Krishnamacharya. Os
ensinamentos nos quais eles se basearam estão nos textos conhecidos
como Yoga Korunta, escritos por Ramana Rishi. Uma das características
do Ashtanga é o fato de existirem séries fixas (no total de 6 séries de
ásanas), que devem ser aprendidas de forma sequencial, ou seja, um
praticante só passa a aprender a série seguinte, uma vez que finalizou a
série anterior. Os ásanas de cada séries são passados um por um, de forma
individual para cada aluno, e o próximo ásana só é passado quando
conquistado o anterior. O Ashtanga é um sistema de Vinyasa, ou seja, um
método que flui através da coordenação entre movimento e respiração. Para
cada movimento corresponde uma respiração. O propósito é a limpeza
interna, pois esta sincronia cria calor interno e limpa o sangue, livrando-o
de impurezas e doenças. Com a melhora na circulação do sangue todo
nosso corpo é lubrificado, iniciando um processo de cura. Também nossos
órgãos internos são beneficiados com este calor e maior circulação de
sangue, promovendo a eliminação de impurezas e doenças. A prática do
yoga através do vinyasa promove uma grande transpiração e este é um
processo importante de purificação do corpo. Todo este aprendizado é
passado de forma individual para cada aluno, uma vez que as aulas não
são guiadas, mas acontecem no estilo Mysore, em que cada aluno realiza
sua prática de forma independente, no seu ritmo, até onde foi passado pelo
professor. O papel do professor é acompanhar este processo de aprendizado
e evolução, incentivando que cada praticante memorize a série. É a partir
da construção desta memória que a evolução na série acontece, de forma
gradual, sem pressa, dentro do tempo da respiração. É a partir, também,
desta memória construída que o praticante (sadhaka) tem a possibilidade
de entrar em estágios mais profundos de concentração (dharana). A prática
pessoal passa a ser uma meditação em movimento, revelando-se como um
caminho espiritual (sadhana).
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b) Iyengar Yôga – desenvolvido por B. K. S. Iyengar, é uma forma de Hatha
Yôga que enfatiza precisão e alinhamento no desempenho dos ásanas.
Essa precisão gera força e estamina, equilíbrio e flexibilidade, evita lesões
e maximiza benefícios, provendo uma profunda sensação de bem estar. Há
três aspectos únicos que podem distingui-lo de todos os outros sistemas:
1. Tecnicalidades: são os aspectos técnicos dos āsanas, por meio dos quais
o praticante tem acesso ao corpo que está além do corpo esquelético e
muscular periférico, com o propósito de atingir a consciência por meio da
prática dos ásanas, deste modo obtendo seus benefícios psicológicos e
mentais. 2. Sequenciamento: Nesse método se entende que a prática dos
ásanas sem um método de sequenciamento pode ser muito contra
producente quando os ásanas são feitos com envolvimento e complexidade,
podendo subverter o desenvolvimento psicomental do ásana precedente. O
sequenciamento ajuda a desenvolver um estado psicomental sereno,
sublime, claro e pronto para a coletar e acumular os benefícios dos ásanas.
3. Tempo: é o aspecto da cronometragem que ajuda a construir,
desenvolver e concretizar os efeitos dos ásanas. O aspecto da
cronometragem serve à criação de uma determinada circulação de energia
dentro de nós que é peculiar àquele ásana. Isso é muito importante para a
evolução da consciência ou para a alteração do estado da mente. A medida
de tempo, de permanência em um ásana não é estabelecida aleatoriamente,
mas é a extensão de tempo no qual a postura é realizada metabolicamente,
celularmente, com todas as interações internas. É o metabolismo e não o
cronômetro que dita a extensão do tempo de permanência. Esses três
aspectos estão tão integrados que não funcionam de uma maneira isolada.
A integração desses três aspectos é a quarta característica diferenciadora
do sistema Iyengar. Porém, uma das razões para a adesão maciça ao
método é o fato de Iyengar ter desenvolvido acessórios próprios para a
prática de yoga (cadeiras, cintos, cordas, blocos, etc), de modo a tornar
acessível para toda e qualquer pessoa, independentemente de idade e
condição física, o estudo, a prática e a possibilidade de beneficiar-se das
posturas e técnicas respiratórias de yoga, o que revolucionou seu ensino.
90
c) Yin Yôga - É considerada uma prática de yôga complementar aos estilos
mais dinâmicos e revigorantes muito praticados na atualidade. As aulas
são compostas por posturas realizadas passivamente no chão por alguns
minutos, objetivando aplicar de forma segura e positiva uma suave e
moderada tensão nas camadas mais profundas do tecido conjuntivo do
corpo, dos tendões e ligamentos. A prática do Yin Yôga difere de outras
práticas por apresentar uma característica passiva e silenciosa que
estimula a auto-observação e introspecção. O trabalho feito com o tecido
conjuntivo é diferente do trabalho feito com os músculos. O tecido
conjuntivo não responde tão rápido quanto os músculos por isso a
necessidade de serem exercitados de maneira distinta.
Ao invés de sessões repetitivas e dinâmicas como no trabalho muscular,
durante as práticas, alunos permanecem nas posturas por 3 a 5 minutos
(geralmente exercícios no chão), relaxando todos os músculos. Pode-se
dizer que este é um exercício de ‘tração’ (usando o peso corporal juntamente
com a gravidade) e tempo nas posições, para que o tecido conjuntivo possa
se mover lentamente, de maneira segura. Durante a prática, na maioria das
vezes, o foco das posturas é na região lombar e do quadril, para deixá-las
mais flexíveis/ ‘abertas’. Esta ‘abertura’ da região lombar e do quadril traz
benefícios para a prática de meditação, que se faz com mais conforto e
estabilidade na postura sentada. Como a prática é menos dinâmica do que
uma prática de natureza Yang, muitas vezes o enfoque é no silêncio, e na
conexão física e mental.
91
ensinamentos de BKS Iyengar inspiraram Judith Lasater Ph.D a
desenvolver as posturas da Yôga Restaurativa. As posturas restaurativas
ajudam a cultivar o hábito de manter a atenção na respiração. Essa
consciência será a segunda ferramenta para aliviar a tensão. Quando o
sistema parassimpático está atuando, ele permite que o controle
automático do corpo, entre poupar e gastar energia, seja ativado. Além
disso, reduz o nível de substâncias liberadas na corrente sanguínea
derivadas do estresse e, ao retornar para o estado de equilíbrio, o corpo
poderá curar-se. Deve ser feita sempre que o corpo precisar eliminar a
fadiga e o estresse. Ela poderá ajudar na recuperação de doenças físicas,
mentais e emocionais, assim como controlar ou reduzir o nível de ansiedade
causados por eventos traumáticos, relacionados às mudanças geradas pela
impermanência da vida. A prática regular tornará o corpo menos vulnerável
a doenças autoimunes e as relacionadas com o estresse.
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B.K.S. Iyengar). É uma linhagem de Hatha yoga em que a prática de
posturas (ásanas) é vigorosa e intensa, unificando o movimento respiratório
ao corporal criando uma experiência libertadora e purificadora conhecida
como flow. Cada ásana possui vários estágios (krama) de evolução, com
modificações que respeitam as possibilidades de cada um, e com o tempo,
o aluno aprende a se respeitar e dar um passo adiante somente quando
este atingir (estabilidade e conforto) em cada um desses estágios evolutivos.
Vinyasa é a conexão entre mente, corpo e respiração. A sincronização entre
a respiração e o movimento.
93
Nos Yoga Sutras Patañjali descreve o ásana como “a postura, firme e
confortável” (sthirasukham ásanam, YS, II:46). B.K.S. Iyengar, no seu comentário
ao Yogasūtra, II, 46, escreve: “Mas āsana não faz só referência às posições sentadas
utilizadas para meditação. Alguns dividem os āsanas entre os que cultivam o corpo
e os que se utilizam na meditação. Mas em qualquer āsana o corpo deve ser tonificado
e a mente sintonizada de maneira que possa permanecer mais tempo com um corpo
firme e uma mente serena”.
Nos estudos das mais variadas formações, os ásanas são conceituados como
posturas psico-físicas, já que a sua finalidade principal está além do corpo –
possuindo natureza mental. Segundo o professor Hermógenes os ásanas “vencendo
a inquietude e a fragilidade da mente, facilitam a concentração criando condições de
administrá-la”. Apesar de parecer simplesmente uma atitude do corpo, é uma
94
expressão do homem holístico, manifestando-o em todos os seus níveis: no corpo, no
pensamento, na emoção, na ação, no corpo sutil e no espírito.
Yamas
95
d) Brahmacharya, conservação de energia - Dentro do mat, esse Yama nos
convida a praticar sempre visando uma conservação energética, respeitando o que os
seus corpos te pedem naquele dia, sem excessos, de forma a não ir para além do que,
sem prejuízo próprio, sabemos poder ir. O Yoga não visa desperdiçar energia e sim o
contrário.
Nyamas
96
e da força de vontade. Não é um esforço no sentido de conquistas para o corpo e sim
esforço consciente para assumir um estado de pura presença e consciência corporal.
É um esforço para estender o mat, fortalecer o corpo para fortalecer outras camadas
do ser, vencer a preguiça, os desejos e também os impulsos. É a motivação real e a
busca do direcionamento do esforço para o verdadeiro sentido da prática.
Conforto e segurança
O ásana deve ser uma postura firme e confortável. Mais do que confortável,
deve ser uma postura segura para o praticante. Se houver dor excessiva em alguma
parte do corpo, o ásana deve ser terminado imediatamente e, se necessário, deve ser
feita uma verificação médica. Não devemos permanecer em uma postura se um
desconforto excessivo for sentido. Todo e qualquer ásana deve ser prazerosamente
executado. O praticante deve diferenciar o desconforto natural de um alongamento
um de uma postura de força de dor. A dor não deve ser sentida pelo praticante e é
sinal de alerta.
O treinamento exagerado de permanência, como iniciante, também produzem
estresse e desconforto. O tempo não importa: o conforto é fundamental, inclusive a
nível mental.
É necessária especial atenção à coluna vertebral, aos joelhos e às articulações
de um modo geral: qualquer dor nessas regiões deve ser evitada e, caso sinta algum
desconforto o praticante deve pedir orientação imediata à algum instrutor qualificado
e abandonar a postura imediatamente.
97
É importante que o praticante fique atento à execução das posturas. Se alguma
postura provocar dor ou desconforto, é conveniente evitar fazê-lo nas práticas
seguintes. O praticante não deve ultrapassar os limites razoáveis a sua resistência e
deve adaptar a prática à sua condição física.
O ideal é parar antes mesmo de sentir dor. Se esta observação é importante no
que se refere à dor muscular, ela deve ser obrigatória no que toca à dor articular. A
prática sempre deve iniciar-se com posturas mais simples e ir progredindo no grau
de dificuldade aos poucos e com total consciência.
Regularidade e permanência
A regularidade produz muito mais efeito que um esforço concentrado e
irregular. Para qualquer tipo de técnica – alongamento, flexibilidade, técnicas
musculares e outras mais sutis – a regularidade é o primeiro e o mais importante
elemento.
A permanência pode dinamizar ainda mais a prática, mas só deve ser ampliada
na medida em que permita manter uma regularidade não exacerbada nas práticas.
98
Encadeamento de Posturas
O objetivo do encadeamento de posturas é mostrar ao aluno que o corpo se
move através de uma ação sinérgica onde a postura anterior prepara a posterior e a
posterior restaura da anterior. Nenhum movimento é desperdiçado, todos fazem parte
de uma rede única onde o trabalho de cada parte individual do corpo está envolvido
em um resultado global.
O encadeamento de posturas se desenrola de uma maneira criativa que
demanda alta consciência corporal e percepção intuitiva do corpo e do que o corpo
demanda dentro de uma sequência tecnicamente planejada para certa finalidade.
As posturas se encadeiam dentro desta lógica sinérgica, utilizando todas as
possiblidades do corpo e explorando todos os pontos do mat.
O objetivo do encadeamento de posturas é que todo o efeito, energia e atuação
de um ásana se transfira para o outro ásana de maneira fluida, conectada e bela.
Assim um ásana não é desfeito para montar o próximo - um ásana se transforma em
outro através de uma passagem que tenha o mínimo possível de movimentação do
corpo (os movimentos adicionais desnecessários diminuem o efeito cumulativo da
permanência nos ásanas).
Gradação de intensidade
Sempre que o ásana permitir, inicie a execução pela variação de menor esforço,
ou em relaxamento (variação sukha), e progressivamente execute as variações mais
intensas. Como as demais orientações gerais, esta é passível de exceções de acordo
com o estágio do praticante e o objetivo da prática.
Em relação às regiões mais solicitadas do corpo normalmente a intensidade
maior é sobre os membros e posteriormente sobre a coluna; e em relação à coluna
vertebral (ou em relação aos chakras) os ásanas devem ser encadeados de forma que
sua atuação se concentre preferencialmente no sentido ascendente.
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Movimentos de flexão da coluna para trás, são indicados com inspiração. Essa
recomendação de fazer retroflexões da coluna, enchendo os pulmões, é importante
para preservar a coluna vertebral, pois protege a lombar e a coluna, aumentando os
espaços dos discos vertebrais e limitando o movimento ao patamar de segurança.
Focalização da consciência
O que efetivamente diferencia o ásana de um exercício físico qualquer é a
respiração consciente e coordenada e a focalização da consciência. O ásana não é
uma simples posição pois envolve uma ação mental muito relevante durante a
permanência.
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O praticante deve fixar o pensamento na região do corpo que está sendo mais
solicitada no ásana. “Focalizar a consciência em determinado órgão ou membro
significa sentir o praticante que todo o seu Ser está resumido ao órgão visado”. Caso
haja solicitação de várias regiões do corpo a fixação do pensamento é feita numa das
regiões, de acordo com o estágio e a proposta da prática. Uma vez dominada a técnica
de fixação do pensamento, pode ser executado um estágio mais profundo, no qual a
própria consciência é focada no ásana e seus efeitos sutis. A nível do corpo o ásana é
um ekagrata, uma concentração num único ponto: o corpo e a amente
estão concentrados em uma única posição”.
Onde está a atenção, a mente, está o praṇa. E onde está o praṇa está o
potencial acrescido para se aprofundar a vivência do ásana.
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