Os encontros oferecem um quadro geral do valor e
importancia da Palavra de Deus na liturgia. Elaboram
indicagdes e sugestdes de como a Palavra deve ser
proferida e proclamada na agaAo liturgica.
O breve curso esta dirigido especialmente aos que
pretendem servir nas celebragées como leitor, salmista e
comentarista. Nao excluindo outros cujo interesse é
aprofundar os conhecimentos liturgicos em geral.
Com certeza o curso oferece um salto qualitativo no servigo
liturgico, de maneira tal, que cada celebragao ou missa se
tornem um encontro mais consciente com Deus da
vida e os irmaos da fé.
(Padre: Carlos Antonio Xavier)Primeira Parte - Um pouco de historia
Sagradas Escrituras — Povos Antigos — (Narrativa Popular)
“O que escrevi esta escrito” 9,22
v A escritura é, talvez, 0 maior avanco desenvolvido pelo
homem desde sua criacdo, era um sistema complexo de
codigos e sinais que dificultava a disseminagao desde
conhecimento de modo popular, contrario dos Israelitas, que
desde cedo tiveram a escrita como ponto essencial da religiao.
Y O profundo respeito que os povos antigos apresentam pela
escrita deriva de sua relagao com os deuses. A palavra escrita
tinha carater irrevogavel e era tida como expressao solene e
definitiva (IBID). A Palavra divina foi ainda adjetivada pela
infalibilidade e eternidade, pois esta permaneceria para sempre.
Ai de quem a alterar! (Ap. 22, 18s)
1PRIMEIROS CRISTAOS
Sao Joao em seu prdlogo evangélico diz: “No principio
era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era
Deus. (Jo 1,1)
v¥ Esta definigéo de Jodo expressa o carater das Sagradas
Escrituras para os primeiros cristaos. Jesus passa a ser a
Palavra encarnada entre os homens.
“Nao ha duvida que vos sois uma carta de Cristo, redigida por
nosso ministério, e escrita, nao com tinta, mas como Espirito de
Deus vivo nao em tabuas de pedra, mas em tabuas de carne,
isto €é, em vossos coragées’.
(2Cor, 2,3)
v Cada vez que a Palavra é lida publicamente o proprio Deus
passa a se comunicar com seu povo, nao somente
pelos ouvidos, mas pela agado reveladora no coragao , y
dos homens através do Espirito Santo que em nos todos we
habita. RielCRISTIANISMO E O IMPERIO ROMANO
v¥ Os apdstolos tornaram-se mensageiros da Palavra. E a
palavra de Deus operava neles e através deles os mesmos
prodigios operados por Jesus. A Igreja crescia. Diferentemente
das Igrejas pagas, a lgreja crista tinha uma missao salvifica:
anunciar a boa nova
v Surgiram entéo os doutores da Igreja, que se tornaram
verdadeiros guardides da Palavra de Deus e de sua
interpretagado. Como é 0 caso de Santo Agostinho:
“A palavra de Deus nao 6 menos importante que o
Corpo de Cristo”ESCRITURAS SAGRADAS APOS O CONCILIO VATICANO II
YO Concilio Vaticano Il resgatou o sentido das Sagradas
Escrituras na liturgia e hoje se fala sobre o Pao da Palavra e o
pao da Eucaristia. O sacramento sem palavra perderia seu
sentido e sua eficacia.
v¥ No Brasil, desde 1972 a CNBB tem oficializado o ministério
para leitores
v Dentre os ministérios liturgicos, destacam-se: os de musicas
sacras, arte sacra, ministros extraordinarios, acdlitos e leitores.
COMENTARISTAS
YA celebragdo pode ser feita sem a presenga de um
comentarista, por nao tratar-se de uma obrigatoriedade liturgica.
Os comentaristas sao os responsaveis em colocar os fiéis em
sintonia com o que serao abordadas pelas Sagradas a |
Soule} YBNO) ats)
v Sao os proclamadores da Palavra. Estes tem a missdo de
emprestar a voz e 0 corpo para comunicar a Palavra de Deus. O
ministério € desenvolvido essencialmente na celebragao liturgica
na proclamagaéo da primeira e segunda leitura. Os
proclamadores da Palavra podem assumir o ministério da
Palavra na auséncia do presbitero.
ministério, pois chamado a suscitar a fé e a educa-la. Em nosso
pais sao particularmente numerosas as_ celebragées
dominicais da Palavra, presididas por leigos que se esforgam
por desempenhar esta fungao na fidelidade ao Evangelho e
atendendo as orientagdes da Igreja e do Bispo Diocesano.
v Na tradicao cristé, o ministério da Palavra é o primeirov A realidade que hoje vivemos foi o sonho de muitos destes
vinte e um séculos de histdria. Leigos e leigas ocupando seus
espacgos nos mais variados setores e ministérios da Igreja.
Homens e mulheres, jovens e criancas, adultos e idosos, cada
qual com seu carisma e vocacao.
v A tradigao revela-nos a importancia das leituras. Notamos, no
antigo testamento que a _ leitura dos livros sagrados
protagonizava a formagao dos fieis. As escrituras eram
utilizadas para manter viva a histéria e eram transmitidas,
principalmente, através das leituras coletivas e publicas.
Iniciaram-se proclamando as leituras em encontros abertos.
Com a construgao das sinagogas e templos, essa pratica
passou a ser reservada a fieis.¥ Com o florescimento do cristianismo, manteve-se a tradigao
da leitura do Pentateuco, os salmos e os livros proféticos. Nos
encontros dos primeiros cristaos, notamos dois elementos
fundamentais: a partilha da palavra e a partilha do pao
(Eucaristia) (At. 2, 42).
v Esse ato publico tornou-se de tal modo significativo para a
formacao da fé que as atividades liturgicas da celebracao do
mistério pascal foram séculos reservadas aos clérigos (bispos,
presbiteros e diaconos), bem como a interpretagado e o anuncio
dos ensinamentos evangélicos. Outro fato importante a se
destacar é que esse ministério, por séculos, foi desempenhado
apenas por homens e agora se estende também as mulheres.“Gente de pouca inteligéncia, como sao tardos de coragao
para credes em tudo o que anunciam os profetas!
Porventura nao era necessario que Cristo sofresse estas
coisas e assim entrasse na sua gloria?” (Le 24,26).
v O que o Senhor queria fazer entender aos caminhantes de
Emaus € 0 mesmo que deseja aos coragdes cansados e sem
Aanimo de hoje: A esperanga nao morreu, igualmente, assumiu
sua natureza divina e esta sentada ao lado direito do Pai na
ol lo)it
v Apesar de nao entenderem a complexidade da resposta
simples de Jesus, os discipulos de Emats desejaram
permanecer com Ele. Quando estavam a mesa, para a ceia,
algo extraordinario Ihes ocorreu: seus olhos foram abertos.
Le 24,30v¥ O gesto familiar de Jesus O identificou e O revelou aos
caminhantes, que imediatamente voltaram para Jerusalém e
permaneceram juntos aos apdstolos testemunhando e
anunciando a esperanga ao mundo.
v ALiturgia, fonte de vida e gracga, € acao visivel do invisivel.
Na gloria do Pai, Jesus derrama sobre todos nds o Espirito de
vida e verdade, que abre-nos os olhos para enxergarmos a
cidade celeste, aqui na terra. (Heb 13, 14). Esperanga e meta de
todo aquele que cré.
v Na Liturgia da Igreja, a béngao divina é plenamente revelada
e comunicada: o Pai é reconhecido e adorado como fonte e o
fim de todas as béngdos da coragao e da salvacgao; no seu
verbo, encarnado, morto e ressuscitado por nds, ele cumula com
suas bén¢aos, e através Dele derrama em nossos coracgées_0
dom que contém todos os dons: O Espirito Santo. 1
(NV Catecismo, 1082)Y Na tradigao crista ela (Liturgia) quer significar que o povo de
Deus toma parte na obra de Deus. Pela liturgia, Cristo nosso
redentor e sumo sacerdote, continua na sua lIgreja, com ela e
por ela, a obra de nossa salvagao. (NV Catecismo 1069)
v A liturgia esta dividida em dois fortes momentos: Liturgia da
Palavra e Liturgia Eucaristica. Impossivel dissocia-las. Juntas
harmoniosamente revelam o Senhor aqueles que estao cm os
olhos vendados, e os cumula de gracgas, de tal modo que os
impulsionam Fe) mudangas pessoais, ix-r10]icclarele}
consequentemente na mudanga da sociedade como um todo.
Para que isso ocorra, faz-se necessario que ambas as partes
sejam devidamente preparadas e executadas.¥ Os encontros liturgicos entre os primeiros cristaos nao
objetivam apenas o louvor e a adoragao ao Senhor, mas o
anuncio do Evangelho. (Rm 15,16). Eles se mostravam
assiduos ao ensinamento dos apéstolos, a comunh4o fraterna, a
fragao do pao e aos coragoes. (At 2, 42)
Y Na celebragao liturgica € maxima a importancia as Sagradas
Escrituras. Pois dela sao lidas as li¢des explicadas na homilia e
cantam-se os salmos. E de sua inspiracdo e bafejo que surgiram
as preces, atos e sinais que tomam a sua significagao.
(Sacrosanctum Concilium 24)