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em Saúde
Sistemas de Saúde
Modelos de Regulação
Nesta disciplina iremos apresentar e discutir o setor de saúde - público e privado - com foco na compreensão
das principais características que o afetam.
Índice
Índice............................................................................................................................. 1
Abetura da Disciplina.................................................................................................... 2
Apresentação da Unidade.............................................................................................3
Regulação...................................................................................................................... 11
Conectando os Pontos.................................................................................................. 25
Referências Bibliográficas.............................................................................................26
1
Abertura da Disciplina
5 Avaliar a dinâmica do setor e estabelecer os principais fatores que interferem o contexto setorial.
2
Apresentação da Unidade
Bem vindos à Unidade 1 - Sistema de Saúde e Modelos de Regulação no Setor de Saúde.
Nos últimos tempos, diversas foram as discussões sobre os desafios no setor de saúde e como este tema
afeta a política pública de um país. Com a pandemia da Covid-19, esta discussão ganhou destaque e
ratificou a importância de estudar, analisar, comparar e propor melhorias para que qualquer cidadão
tenha acesso aos cuidados básicos de saúde.
Você, como protagonista no setor de saúde, conhece os principais modelos de sistema de saúde do mundo?
Quais são os seus desafios? Como se financiam? Como é a prestação de serviço? Como são regulados?
E no Brasil? Quais são os desafios no setor privado (saúde suplementar) e no público?
Ao final desta unidade você estará apto a:
Bons estudos!
No vídeo a seguir Dr Eliezer Silva, Diretor Superintendente da Medicina Diagnóstica e Ambulatorial do
Einstein, comenta sobre a atuação do Einstein no Sistema Público.
Parcerias Einstein
https://player.vimeo.com/video/361820758
3
Principais Modelos de Saúde
Os sistemas de saúde são construções sociais que tem como principal objetivo assegurar uma prestação
de serviço adequada perante a riscos sociais, tais como o de adoecer e necessitar de assistência. Desta
forma, estes sistemas têm como compromisso primordial garantir o acesso aos bens e serviços disponíveis
em cada sociedade para a manutenção e a recuperação da saúde dos indivíduos.
Há 04 principais modelos de saúde: universalista, seguro social, seguros privados e assistencialistas, e
eles se diferenciam pela forma como são financiados, a gestão e como estes serviços são prestados.
A seguir faremos um breve descritivo de suas principais características, bem como os desafios de cada um.
Universalista
O sistema de saúde é financiado e operacionalizado pelo Estado. Os hospitais e centros de saúde são
construídos e mantidos pelos impostos e o acesso é universal à população, ou seja, todas as pessoas têm
acesso aos serviços de saúde de que precisam, quando e onde precisam, sem barreiras financeiras. Inclui
toda a gama de serviços essenciais de saúde, desde a promoção da saúde até a prevenção, tratamento,
reabilitação e cuidados paliativos.
Os profissionais são contratados diretamente pelo Estado, e há modelos de pagamento pelo usuário e
reembolso pelo Estado. Nesses modelos, pode haver algumas variações de serviços oferecidos e opções
de pagamentos extras por níveis de atendimento.
Principais Desafios
Atender os pacientes com conveniência e agilidade e distribuir as estruturas de forma igualitária e
racional entre as diferentes regiões. Além disso, os incentivos para inovações são menores devido à baixa
competição dos serviços. Pela universalidade do sistema, pode haver desequilíbrios por nem todos os
usuários contribuírem financeiramente para a manutenção (ex.: estrangeiros, desempregados, etc.).
4
Desafio Covid-19
Durante a Covid-19, ficou evidente a disparidade de atendimento entre as camadas da população.
Aqueles que possuíam outras formas de financiar os serviços de saúde, o faziam, evitando aguardar a
disponibilidade do sistema público de saúde.
Isto posto, a Organização Mundial de Saúde – OMS divulgou que para tornar a saúde uma realidade para
todos, é fundamental que os indivíduos e as comunidades tenham:
• acesso a serviços de saúde de alta qualidade para cuidar de sua própria saúde e da saúde de suas
famílias;
• equipes de saúde qualificadas que prestem cuidados de qualidade centrados nas pessoas;
• formuladores de políticas empenhados em investir na cobertura universal de saúde.
Seguro Social
O sistema de saúde é financiado pelos contribuintes de um seguro obrigatório (indivíduos e
empresas). Os contribuintes e os seus familiares são os únicos que têm direito à cobertura de saúde, e a
operacionalização do sistema é feita por hospitais e centros de saúde públicos ou privados (empresas ou
entidades filantrópicas reembolsados por esse seguro social). Exemplos de países que adotam modelos
mais próximos de sistemas de seguro social: Alemanha e Argentina.
Principais Desafios
Atender os pacientes com conveniência e agilidade e distribuir as estruturas de forma igualitária e racional
entre as diferentes regiões. É um modelo com maior segurança financeira do ponto de vista de “uso por
quem paga”, mas, filosoficamente, há uma discussão ética sobre os critérios de inclusão no seguro e pode
haver um desequilíbrio do mesmo modo que ocorre em sistemas previdenciários.
5
Seguros Privados
O sistema de saúde é financiado por seguradoras privadas (possuem indivíduos e empresas em suas
carteiras) ou por pacientes particulares, ficando o Estado longe do financiamento e da operacionalização
do sistema, que é feita por hospitais e centros de saúde privados (empresas ou entidades filantrópicas). Os
médicos são profissionais autônomos ou contratados por outras instituições privadas. O papel do Estado
nesse modelo é apenas de regular o sistema para que não haja abusos ou desequilíbrios entre as diversas
partes que interagem.
Principais Desafios
Atender os pacientes com conveniência e agilidade e distribuir as estruturas de forma igualitária e racional
entre as diferentes regiões. É um modelo com maior segurança financeira do ponto de vista de “uso por
quem paga”, mas, filosoficamente, há uma discussão ética sobre os critérios de inclusão no seguro e pode
haver um desequilíbrio do mesmo modo que ocorre em sistemas previdenciários.
Desafio Covid-19
Uma das consequências da pandemia da Covid-19 foi o aumento da procura por planos de saúde,
revertendo uma tendência de queda iniciada em 2015. De lá para cá, qualquer indício de crise ou
estagnação econômica, as operadoras de saúde sentiam, em menor ou maior grau, a redução de número
de beneficiários em sua carteira – nesta unidade, você terá acesso aos dados da evolução de número de
beneficiários. Com a Covid-19 foi diferente, o número de beneficiários aumentou, o que representaria um
indicador positivo para o sistema de saúde, no entanto, outro indicador também sofreu um aumento:
a taxa de sinistralidade das operadoras, causando um grande impacto financeiro negativo ao sistema.
Vale lembrar que a Covid-19 trouxe uma onda de internação de alta complexidade e estas representam
maiores dispêndios financeiros para o sistema.
Neste ínterim, para o Brasil não entrar em colapso, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) adiou
a correção das mensalidades em 2020, no entanto, em 2021 os reajustes foram renegociados.
Além disso, outros impactos importantes da Covid-19 para o sistema suplementar de saúde foram a
revisão da cobertura dos planos, revisão dos prazos de atendimento – priorizando os casos de Covid-19 –
e a viabilização do uso da telessaúde – tema que abordaremos nas próximas unidades.
Assistencialista
Nesse modelo, a saúde é um dever dos cidadãos, e não um direito. O Estado apenas se compromete com
quem não tem condições de assumir a responsabilidade por sua própria saúde. A operacionalização pode
ser feita pelo Estado como um prestador de serviço em níveis de atendimentos ou programas específicos,
mas a tendência é ser prioritariamente privada.
Principais desafios
Representam uma mistura dos modelos anteriores, desde o desenvolvimento de métodos que comparem
os prestadores e bonifique os que têm melhor desempenho e/ou onere os de pior desempenho, até a
regulação equilibrada do sistema para que não haja prejuízo para provedores, planos ou para o paciente.
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Sistema de Saúde Brasileiro
Os sistemas de saúde adotados no Brasil misturam dois modelos conceituais apresentados anteriormente:
o modelo universalista, adotado pelo Sistema Único de Saúde – SUS (público), e o modelo de seguros
privados no chamado Sistema de Saúde Suplementar (privado).
Utilize a linha do tempo a seguir para compreender a evolução do nosso sistema:
1970
Esse "sistema híbrido" tem sua origem embrionária na década de 1970 por meio do Movimento
Sanitário.
1986
Na VIII Conferência Nacional de Saúde de 1986, o Movimento Sanitário sintetiza sua proposta de
reforma política e do sistema de saúde na Reforma Sanitária. A Reforma Sanitária possui em sua
base três aspectos principais:
• saúde como conceito abrangente;
• saúde como direito de cidadania e dever do Estado;
• instituição de um sistema único de saúde.
1987
Com o fim do governo militar e o momento de reconstrução democrática do país, em Julho de
1987 esses aspectos começam a tomar corpo por meio do Decreto nº 94.657, que dispõe sobre a
criação do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde - SUDS no Estado.
1988
Os aspectos da Reforma Sanitária culminaram com a Constituição de 1988, que cria as bases
para o Sistema Único de Saúde (como uma proposta igualitária e humanista). Além disso, os
legisladores à época optam por permitir que o modelo universalista coexista com um modelo
de seguro privado no intuito de garantir o financiamento e a operacionalização dos sistemas -
saúde suplementar - de forma democrática e com garantia de ofertas de serviços.
1990
As Leis 8.080 e 8.142 de 1990 dispõe então sobre a criação do Sistema Único de Saúde e
7
estabelecem parâmetros para o controle social do sistema, dando ênfase ao aspecto de
descentralização do sistema, delegando o controle sobre administrar seus recursos e suas
próprias realidades aos municípios, definindo as responsabilidades dos entes federativos, mas
mantendo uma coesão central.
serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da
administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público.
É de sua competência:
1. Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar
da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
2. Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;
3. Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
4. Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;
5. Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;
6. Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como
bebidas e águas para consumo humano;
7. Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e
produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
8. Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
Além disso, você deve ter visto na Constituição Federal de 1988 a referência à garantia do acesso universal
e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação, correto? Mas o que quer dizer
promoção, proteção e recuperação da saúde?
8
Promoção da Saúde Proteção à Saúde Recuperação da Saúde
O objetivo é reduzir ou eliminar riscos, por intermédio de medidas específicas como: vacinação,
combate a insetos transmissores de doenças e distribuição de camisinhas para prevenção de doenças
sexualmente transmissíveis, bem como controle da qualidade de água, alimentos, medicamentos e
tecnologia médicas.
Para cumprir este objetivo, se faz necessário um diagnóstico precoce, tratamento e limitação do
dano para assim evitar complicações ou sequelas. As principais medidas adotadas são: atenção à
saúde na comunidade e à assistência médica ambulatorial, hospitalar e domiciliar.
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como raio X, medidores analógicos, vacinas e materiais de coleta e procedimentos simples);
• Os profissionais que se dedicam a esse nível fazem o acompanhamento da saúde dos pacientes e/ou
realizam procedimentos simples; normalmente, são enfermeiros, médicos clínicos gerais e médicos
de família, além de profissionais multidisciplinares.
Em um sistema bem organizado, o nível primário deve ser a porta de entrada principal dos pacientes, e
a navegação do paciente (triagem e referenciamento) deve acontecer nesse nível, além da elaboração de
programas educativos e de promoção/prevenção a doenças.
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No sistema público brasileiro, a atenção terciária está estabelecida em polos macrorregionais,
com um sistema de referência regulando o acesso.
Vale ainda ressaltar outras divisões que podem ocorrer transversalmente aos níveis de atendimento,
conforme são detalhados a seguir:
Hospitalares
Possuem grau de "hospitalidade" vinculado à internações.
Regulação
O braço responsável do governo responsável pelo monitoramento, controle e implementação de políticas
de saúde é o Ministério da Saúde (MS).
São assuntos de competência desse órgão:
• Política Nacional de Saúde;
• Coordenação e fiscalização do Sistema Único de Saúde;
• Saúde ambiental e ações de promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva,
inclusive a dos trabalhadores e dos índios;
• Informações de saúde;
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• Insumos críticos para a saúde;
• Ações preventivas em geral, vigilância e controle sanitário de fronteiras e de portos marítimos,
fluviais e aéreos;
• Vigilância de saúde, especialmente relacionada a drogas, medicamentos e alimentos;
• Pesquisa científica e tecnológica na área de saúde.
Para tal, o Ministério organiza-se em Secretarias, que dividem as atribuições de responsabilidade do MS.
São elas:
• Secretaria Executiva – SE;
• Secretaria de Atenção Primária à Saúde - SAPS;
• Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos – SCTIE;
• Secretaria de Atenção Especializada à Saúde – SAES;
• Gestão do Trabalho e Educação em Saúde – SGTES;
• Secretaria Especial de Saúde Indígena – SESAI;
• Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS.
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Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)
Criada pela Lei n° 9.961, de 2000, a Agência Nacional de Saúde (ANS) tem como missão:
Assim, a ANS é responsável pelo monitoramento, controle e regulação das operadoras de planos de saúde,
visando:
• Estabelecer o rol de procedimentos obrigatórios;
• Controle econômico financeiro;
• A defesa da competição e do mercado e proteção do usuário;
• Realizar avaliações técnico-operacionais e de qualidade das operadoras de planos de saúde privados;
• Promover e desenvolver estudos de mercado e compilação de informações do setor; entre outros.
No final de 2020, a ANS desenvolveu um Mapa Estratégico 2021 -2024 da instituição, no qual se preconizava
os seguintes resultados institucionais:
• Garantir o acesso do beneficiário aos serviços de saúde suplementar;
• Promover ambiente regulatório que favoreça a concorrência e o desenvolvimento do setor de saúde
suplementar;
• Induzir a melhoria da qualidade dos serviços prestados pelo setor de saúde suplementar;
• Zelar pela sustentabilidade e equilíbrio do setor de saúde suplementar.
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Dimensões do Sistema de Saúde Brasileiro
Nesta seção, você conhecerá as dimensões do sistema suplementar de saúde brasileiro, no qual
apresentaremos alguns indicadores que são importantes para entender a evolução do setor de saúde e os
seus impactos.
7,5%
4,0%
3,0%
1,9% 1,8%
1,3% 1,1%
0,5%
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
-3,5% -3,3%
-4,1%
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Vocês já devem ter percebido que os gastos com saúde têm aumentado significativamente. Porém, vale
ressaltar que, apesar destes gastos aumentarem ano após ano, nota-se uma relevante disparidade social.
Como veremos no gráfico a seguir, de um lado percebemos que o gasto privado (saúde suplementar +
gastos particulares) representam 56,1% do dispêndio total, enquanto que a saúde pública representa
43,9% (Governo Federal, Estadual e Municipal).
Governo
Federal
Governo
Estadual
18,9%
14,5%
Gastos 24,8%
Particulares
31,2 %
10,6%
Saúde
Suplementar
Governo
Municipal
Governo
Qual é o problema por trás destes números?
Federal
18,9%
Conforme você verá no item seguinte, a população de beneficiários da saúde suplementar não ultrapassa
50 milhões de pessoas e considerando a população brasileira (acima de 200Governo
milhões de pessoas), estamos
tratando menos de 25% da população do Brasil com gastos privados. Estadual
14,5%
A ilustração a seguir demonstra essa disparidade social: se você comparar o gasto per capita na saúde
suplementar, verá que este índice é comparável à países desenvolvidos, no entanto, quando analisa os dados
da saúde pública, o gasto de R$ 1,8 mil per capita é comparável a patamares de países subdesenvolvidos.
Gastos
Particulares
24,8%
Saúde
Suplementar
Governo 31,2%
Municipal
10,6%
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Imagem 1. Imagem esquemática da dimensão do Sistema de Saúde Brasileiro
$
Há mais de
210M
brasileiros
Os dados demonstram o
desequilíbrio existente entre os dois
tipos de serviços: público e privado
16
O Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) utiliza a metodologia da Variação dos Custos Médico-
Hospitalares (VCMH) para comparar a inflação dos índices de consumidor e entender qual o comportamento
dos gastos em saúde de uma população e entre países.
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Gráfico 3. Série histórica da VCMH/IESS e IPCA/IBGE
25 VCMH IPCA/IBGE
Variação percentual (%) em 12 meses
20
15
Mar/20
12,5
10
6,1
5
Mar/20 0,7
3,3
0
-5
abr/16
mai/16
jun/16
jul/16
ago/16
set/16
out/16
nov/16
dez/16
jan/17
fev/17
mar/17
abr/17
mai/17
jun/17
jul/17
ago/17
set/17
out/17
nov/17
dez/17
jan/18
fev/18
mar/18
abr/18
mai/18
jun/18
jul/18
ago/18
set/18
out/18
nov/18
dez/18
jan/19
fev/19
mar/19
abr/19
mai/19
jun/19
jul/19
ago/19
set/19
out/19
nov/19
dez/19
jan/20
fev/20
mar/20
abr/20
mai/20
jun/20
jul/20
ago/20
set/20
out/20
nov/20
dez/20
jan/21
fev/21
mar/21
Nota: A variação do IPCA é calculada utilizando-se o índice médio de dose meses
relativamente aos 12 meses anteriores.
No Brasil, podemos ver que o índice de inflação médica chega a ser o dobro da inflação geral em alguns
anos, causando um desequilíbrio na sinistralidade dos planos de saúde e nos gastos do sistema público.
No longo prazo esse descasamento é insustentável. Outro ponto importante é que esse é um problema
que acontece em diversos sistemas de saúde, não apenas o Brasil. Isso está ligado ao envelhecimento
da população global de modo geral, a escassez de profissionais da saúde e ao encarecimento de
procedimentos ligados ao mau uso de novas técnicas e tecnologias.
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Índice de Preços ao Consumido (IPC)
Mede o custo de vida de famílias com renda de até 20 salários mínimos na cidade de São Paulo,
considerando sete categorias - habitação, alimentação, transportes, despesas pessoais, saúde,
vestuário e educação. Tal cálculo é realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
da USP (FIPE/USP).
50,4
49,4 49,3
47,9 48,7
47,8 47,4 47,3 47,1 47,6
46
44,9
42,6
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Principais categorias
Individual ou Familiar: 8,9 milhões (18%)
Coletivo Empresarial: 33,4 milhões (69%)
Coletivo por adesão: 6,3 milhões (13%)
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Para obter informações atualizadas do número de
beneficiários, acesse IESS e entre na seção de Periódicos > ACESSE O SITE
NAB (Número de Acompanhamento de Beneficiários).
Analisando os dados desde 2009, você pode notar que o patamar mais alto de número de beneficiários
ocorreu em 2014, período em que havia 50,4 milhões de pessoas com acesso ao sistema privado de saúde.
De lá para cá, este número sofreu uma oscilação, girando em torno de 48 milhões de beneficiários.
Outro ponto importante que vale ressaltar é que aproximadamente 70% dos beneficiários são provenientes
de planos empresariais, ou seja, a empresa contrata um plano de saúde para seus colaboradores e estes
passam a compor a carteira de alguma operadora/plano de saúde. Desta forma, conseguimos estabelecer
uma correlação entre taxa de desemprego e número de beneficiários: se a taxa de desemprego aumenta
significativamente, espera-se que haja uma redução no total de beneficiários, ainda que não seja de
forma imediata. Aqueles que conseguem migrar para um plano de saúde individual ou familiar, passam a
incorporar esta nova categoria, porém aqueles que não o fazem, passam a depender da infraestrutura do
Sistema Único de Saúde (SUS).
Você pode estar neste momento se perguntando o motivo pelo qual a taxa
de desemprego ter sido relativamente alta na pandemia, porém o número de
beneficiários não obedecer a esta relação inversa, correto?
Diferente de outras crises econômicas que acometeram o país, esta crise se deu por razões sanitárias
e que, portanto, um dos setores mais impactado foi o de saúde. Diversas foram as notícias da falta de
suprimentos e de leitos no Brasil e no mundo, consequentemente, aqueles que perderam o emprego e
ainda possuíam a oportunidade de contratar um plano individual ou familiar, o faziam para justamente
não depender da disponibilidade do SUS.
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Financiamento do Sistema de Saúde
O financiamento do sistema de saúde brasileiro se dá a partir de três fontes básicas:
2 Através das famílias, pelo pagamento de serviços diretos (particulares), pela contratação de
seguros e coparticipações;
3 Por empresas que oferecem planos de saúde a seus empregados ou mesmo empresas que
pagam diretamente aos prestadores de serviço.
Os recursos provenientes dessas fontes destinados à saúde vão compor o PIB da saúde de um país.
Como apontado anteriormente, o fato de o PIB da saúde crescer mais rapidamente que o PIB total indica
que tratar a saúde das pessoas no país está ficando mais caro. Isso se deve ao aumento dos salários,
à ampliação de estruturas e recursos humanos para atender a saúde em locais que tenham demanda
reprimida, à incorporação de tecnologias, ao mau uso do financiamento da saúde (fraudes ou desperdícios),
ao aumento dos gastos provocados pelo envelhecimento médio da população, entre outros.
A incorporação tecnológica está presente nas áreas de diagnóstico com novos sensores, equipamentos
e dispositivos de medição de imagem e análises laboratoriais, e também em procedimentos cirúrgicos
via robótica, próteses e instrumentos médicos de precisão. Para entender melhor o impacto dos custos
da incorporação tecnológica na saúde, nos Estados Unidos, acredita-se que, a partir da década de 60, a
incorporação tecnológica tenha sido responsável por até 48% do aumento dos dispêndios com saúde.
O envelhecimento médio da população é outro fator apontado como oneroso aos sistemas de saúde pelo
aumento da incidência de casos crônicos e consumo de insumos médicos e medicamentos. Outro fator
importante em todos os sistemas é o desperdício. Entre fraudes, abusos, falhas na formação de preços,
burocracias desnecessárias e utilização incorreta de recursos, uma boa porcentagem do financiamento da
saúde se perde.
Nos EUA, estima-se que desperdícios sejam responsáveis por até 30% dos gastos totais com saúde,
o que, em termos absolutos, representa cerca de R$ 3 trilhões em desperdícios.
São, então, preocupações dos países manter os gastos com a saúde dentro de patamares aceitáveis de
dispêndios, equilibrar para garantir o financiamento sustentável da saúde e não onerar demasiadamente
nenhuma das fontes.
Percebe-se que, no mundo todo, as despesas com a saúde têm crescido de forma muito acelerada,
comprometendo grande parte do PIB dos países desenvolvidos, emergentes e em desenvolvimento, e
colocando em risco esse financiamento.
O grande desafio para o futuro do setor é encontrar maneiras de se financiar, seja aumentando a
coparticipação (quando o segurado arca com uma parte do pagamento, o que gera um incentivo ao uso
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mais consciente do sistema, evitando abusos e desperdícios) dos segurados (no caso de sistemas privados),
mas, principalmente, procurando meios de gerar uma medicina de maior valor, incentivando médicos e
prestadores de serviço a focar no desfecho (resultado) e na eficiência operacional dos procedimentos, e
não na receita proveniente do procedimento em si.
Modelos de Remuneração
Antes de iniciar o estudo sobre os principais modelos de remuneração existentes no mundo, é importante
abordamos o tema do Triple Aim (ou Tripla Meta, em português), cujo objetivo principal é entregar valor
ao paciente. Esta metodologia foi criada pelo Institute for Healthcare Improvement (IHI) e pressupõe
três frentes de desenvolvimento que, se forem bem trabalhadas, levarão as instituições a praticar uma
medicina baseada em valor. Essas três frentes (alvos) são:
EFETIVIDADE CUSTO-EFETIVIDADE
VALOR
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1 Experiência do cuidado, foco na qualidade, segurança e eficiência dos serviços são fatores que
asseguram uma melhor experiência do paciente.
Questão-chave: a experiência que o paciente teve no sistema de saúde foi boa?
2 Redução do custo per capita dos serviços de saúde: foco na melhoria contínua e no conhecimento
científico para garantir a eficácia da aplicação dos recursos.
Questão-chave: o tratamento/cuidado foi adequado ao menor custo possível?
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Modelo Fee-For-Service
Modelo mais comum utilizado no Brasil e em diversos outros países, o fee-for-service (FFS) é um método
de pagamento em que médicos e outros prestadores de serviços de saúde são pagos separadamente
por cada item de serviço, sendo assim, quanto maior o número de itens utilizados, maior será a conta
encaminhada para a operadora de saúde, independentemente do resultado.
Desta forma, o escopo de risco assumido pelo prestador de serviço é pequeno, bem como o grau de
complexidade, uma vez que já estamos acostumados com este tipo de atuação.
Modelo Fee-For-Value
O modelo proposto pelos pesquisadores Porter e Teisberg (2013), o chamado modelo baseado em valor
(Value Based Health Care Delivery) propõe que a remuneração aos provedores de saúde seja baseada não
na característica ou quantidade dos procedimentos (fee-for-service ou pagamento por serviço), mas no
desfecho ou resultado alcançado pelo paciente, ou seja, por gerar valor ao sistema(fee-for-value). Essa
mudança na filosofia de pagamento precisa ser acordada e assumida entre todos os atores do sistema.
O modelo, apesar de teórico, começa a se tornar realidade em diversos sistemas de saúde por meio de:
• Ações pontuais como os “empacotamentos” de procedimentos (bundles, que são procedimentos
cobrados uniformemente por um pacote, sem considerar diversidades de materiais ou técnicas, por
exemplo);
• Mudanças macro em sistemas como o americano (a incidência do Affordable Care ou Obamacare,
que regula parte do sistema a receber por desfecho).
Vamos citar alguns exemplos de modelos de transição do fee-for-service para o fee-for-value e em nossa
aula virtual, debateremos um pouco mais sobre estes modelos.
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Pacotes/Diárias Globais
As diárias globais e os pacotes – o mais comum são os pacotes cirúrgicos – já fazem parte do sistema de
saúde brasileiro.
No caso da diária global, a operadora paga um valor fixo pela diária, independente da condição clínica do
paciente ou do que é utilizado em seu cuidado.
Já para os pacotes são criados valores únicos para um determinado cuidado. Veja um exemplo: no caso de
um pacote para uma cirurgia de joelho, a operadora irá pagar um valor fechado e o prestador de serviço
fica livre para fazer as escolhas dos itens necessários (quantidade de diárias, materiais e medicamentos)
para aquela condição.
Bundle
O bundle se assemelha ao pacote cirúrgico visto anteriormente, no entanto a principal diferença entre eles
é que agora o prestador de serviço passa a ser responsável também por um período pós-alta previamente
negociado.
Vamos retomar o caso da cirurgia de joelho. Se o paciente tiver alguma complicação, no pós-alta, referente
à sua cirurgia e ainda está dentro do prazo do período pós-alta, o prestador continua sendo responsável
por este paciente e não recebe nenhum pagamento adicional da operadora de saúde.
Isso representa um risco maior para o prestador de serviço, portanto, a negociação com a operadora
provavelmente será diferenciada. Outro ponto importante é que o risco de dar alta antecipada o paciente,
como vimos no modelo anterior, é minimizado, uma vez que há um período de “garantia” no pós-alta.
Orçamento Global
Neste modelo, a operadora paga um preço fechado por um determinado período – geralmente o mais
comum é um ano – e o prestador de serviço é responsável por uma carteira de pacientes/clientes, sendo
assim, tudo aquilo que o paciente precisar do sistema de saúde, este prestador fará o cuidado – consultas,
cirurgias, internações etc. – sem nenhum pagamento adicional.
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Capitation
O capitation é mais visto na atenção primária e já é utilizado no Brasil. E como funciona? A cobrança é feita
por pessoa mensalmente, no qual são definidos os escopos de atendimento que o prestador de serviço
oferecerá.
Do ponto de vista de atenção básica, que são casos mais simples, a previsibilidade é razoavelmente alta.
No entanto, o desafio é levar este tipo de modelo para casos de média e alta complexidade em que a
variabilidade é muito maior
Conectando os Pontos
O sistema de saúde brasileiro carrega conceitos de um sistema universal e de seguros, havendo para isso
uma regulação do setor privado pelo Ministério da Saúde por meio de sua agência ANS. Os principais
desafios desse modelo híbrido encontram-se no desequilíbrio de recursos destinados entre os setores
e, consequentemente, nos índices de qualidade alcançados. Além disso, os incentivos econômicos do
modelo estabelecido acabam por promover super utilizações e má gestão dos recursos no setor privado,
implicando também em uma pressão na inflação e no PIB nacional.
Os custos da saúde no Brasil têm aumentado historicamente, alcançando cerca de 10% do PIB nos últimos
anos. Os altos investimentos em tecnologia, aliado aos desperdícios, super utilizações e o aumento da
inflação médica fazem pressão ao financiamento tanto do sistema público quanto do sistema suplementar
no Brasil.
Novas formas de precificação como o fee-for-value e modelos mais efetivos como o Triple Aim surgem
como movimentos para tentar equilibrar o sistema e oferecer o cuidado adequado à necessidade, sem
desperdícios e com geração de valor a todos os envolvidos, ou seja, sistemas, operadoras, pacientes e
provedores.
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