Sei sulla pagina 1di 31
POESIA 1 Oastronauta Oespaco nao tem segredos paracle, © Por Isso, atravessa a Via Lactea Enquanto eu atravesso a rua. Oastronauta conhece cada nuvem, Cada estrela, cada metro de infintto. ‘$6 nao sabe onde fica 0 céu. a 14 em cima, onde nascem os relimpagos, Ele abre sucessivas portas no ar, Mas 0 céu nao est atras de nenhuma delas. Um dia, porém, ele ird ld, Sem o belo fato de amianto E sem o fumegante foguetio. x Ficara tao leve que os seus pés Mal tocam a terra, Como quando fol, em menino, Vestido de anjo na procissao. Alvaro Magalhaes, © astramauta in 0 Brtmcadar, Asa, 2010, 2» edigde CEacertl * POESIA 2 Leilao de jardim Quem me compra um jardim com flores? Amores-perfeitos de muitas cores, Lavadeiras e passarinhos, Ovos azuis-escuros nos ninhos? Quem me compra este caracol? Quem me compra um raio de sol? Um lagarto entre o muro e a hera Um arco-iris da primavera? Quem me compra este formigueiro? E este sapo, que é jardineiro? Ea cigarra cor-de-rosa e a sua can¢ao? Eo grilinho guarda-noturno dentro do chao? (Este é o meu leilao!) Cecilia Mcircles, Ow isto ou aquilo, Editora Nova Fronteira, 6.* edicao, 2002. POESIA 3 Eu quero ser rico! - Eu quero ser rico! Eu quero ser muito rico! Eu quero ser tao rico como um rei! Eu quero ser mais rico do que todos! — Isto gritava o Alberto aos quatro ventos no cimo de uma montanha magica. Tinham-lhe dito: sobe a uma montanha magica e, quando chegares Ia a cima, gritas aos quatro ventos o teu desejo mais verdadeiro. E assim fez. Subiu a montanha e gritou. Quero ser rico! Quero ser o mais rico! Quero ser menos pobre do que todos! E 0 Alberto ficou rico. E gritou de alegria no sono. E acordou o Pedro. Luisa Costa Gomes, Dom Minimo, 0 Ando enorme e outras historias, POESIA 4 O cacador de borboletas Sorridente, ao nascer do dia, Ele sai de casa com a sua rede. Vai cacar borboletas, mas fica preso A frescura do rio que lhe mata a sede Qu ao encanto das flores do prado. Vé tanta beleza a sua volta Que esquece a rede em qualquer lado E antes de cacar ja foi cacado. A noite, regressa a casa cansado * E estranhamente feliz Porque a caixa esta vazia, Mas diz sempre, suspirando: Que grande caada e que belo dia! Antes de entrar, limpa as botas Num tapete de compridos pelos E sacode, distraido, As muitas borboletas de mil cores Que lhe pousaram nos ombros, nos cabelos, Alvaro de Magathies, O cagador de borboletas in O brinaador, Asa, 2 edigSo, 2010 POESIA 5 A fada gigante Havia antigamente um reino muito distante. Nao tinha rei nem rainha a tinica coisa que tinha era uma fada gigante de olhos reluzentes. Quem nos seus olhos olhasse fosse velho ou menino ficava cego para sempre s6 de olha-la de frente. Nao tinha outro destino quem uma tal coisa ousasse. E nesse reino solteiro todos fitavam o chao e dele nasciam rosas € outras flores preciosas: dos olhos ao coragio floriam o ano inteiro. Nuno Higina, A (ada gigante in O menine que mamonva _paisagens ¢ outros poemas, Campo das Letras, 1 eich, 2001. POESIA 6 Dia um ano primeiro Neste dia um do ano primeiro vamos dar as maos! Vamos, companheiro! Neste dia novo, na hora esperada, a festa é aqui quente e desejada. No ano primeiro da paz que ha de vir, trazemos o sol Sabemos sorrir! Que boa é a vida com paz e verdade! Que bom acender a flor da Amizade! Neste dia um Vamos ser amigos! Vamos ser companheiros! Maria Rosa Colago, Dia um ano primeiro in Versos diversos: para meninos tnavessas, Luropress, x! «1994 (Excerto). POESIA 7 Sim ou nao? Sim, nao... sim, nao... Ou fico com fome ou como feljao. ‘Sim, nao... sim, nao... Ou visto pljama ou ponho calcio. Sim, nao... sim, nao... Ou subo ao pinhetro ou brinco no chao. Sim, nao... sim, nao... ‘Ou vou ao cinema ou leto a ligao. Sim, nao... Sim, nao... sim, nao... sim, nao... Ou sou um porquinho O que het de fazer? ou uso sabao. Mas que tndecisao! {Luts Ducla Soares, Sam ou nao? m Poemas di Menta eda Verdi Uo Sortzornc, 2905, * Nos sonhos ¢ nos folguedos POESIA 8 O dragio Pela boca deito chamas, Pelas narinas também. Sou o dragao das fabulas ¥ Que nao faz mal a ninguém. Jd combati guerreiros Com armaduras de vento E assaltet mil castelos, Mas s6 em pensamento. Jd raptel princesas, Filhas de rets tiranos, E dou por mim a pensar: Fol ha tantos, tantos anos! Os chineses acreditam Que ainda tenho o meu lugar Que fazem para me agradar. Para cles nao sou maldito, Sequer ameacador: Sou passaroe sow serpente; Sou um dragae voador. Jd resist aos felligas De duendes, bruxas e fadas, E tenho lugar cativo — Nas historias s ow Jorge tctrta, O:dragdo im Antmats famftsticon, Texto, edly 0, 2011. POESIA 9 R6i-R6i Rabina Vocés sabem quem é R6i-Rdi Rabina? Nervosa, cobicosa, pequenina, Remexida, renhida, feminina... Vocés sabem quem é R6i-R6i Rabina? Ela bebe o azeite 4 lamparina, Foge a raga felina que a extermina... Vocés sabem quem é R6i-R6i Rabina? Pelo pardo, olho vivo, cauda fina, A vasta bigodeira que se empina... Mas, afinal, quem é ROi-R6oi Rabina? A rata roedora que arruina O celeiro da tia Rosalina. Anténio Manuel Couto Viana, Verses de Cacaraca, Texto, 3 edicao, 2010. POESIA 10 Grande Hotel Peregrino Neste estabelecimento € proibido: ser friorento e tomar banho vestido; circular em angulo reto; patinar no teto; assoar-se aos toalhetes; arrancar flores das carpetes; usar gravata ds avessas com as riscas postas nas costas; sorver a sopa e assustar os criados que transportam travessas; derramar sal no vinho do vizinho; > besuntar-se com puré; cortar as unhas do pé com a faca do peixe. Caro héspede, nao deixe que se apague a boa fama do Grande Hotel Peregrino onde com pouca despesa acha cama, mesa e ensino! Violeta Figueiredo in José Anténio Games, (Conto etretas om Gi, Campo das letras, 5° edigao, 2008. POESIA al A serpente Veio da terra uma serpente Veio da terra de repente E lentamente ondulava E sua lingua silvava Com seus olhos encantava Todo aquele que a fitava De seda verde vestia Era um vestido cingido No corpo todo vestido Era um vestido apertado No corpo todo enrolado Tinha colares de nada Com uma fita prateada Mas um dia foi um dia Que a serpente sumia Pela terra se sumiu Nunca mais ninguém.a.viu.. POESIA 12 Ratinho, gatarrao, passarito e franganota Oratinho Luisinho Bigodes em desalinho, Saiu do seu buraquinho E esticou o focinho Para seguir o cheirinho Que o levava ao toucinho. Mas nesse mesmo instantinho A espreita no seu cantinho Jao esperava o Beltrao Que era o maior gatarrao, Presumido e fanfarrao, Que havia no casarao. Onde 0 Quito, passarito Olhava para o gato, aflito, E piava «Ai, ai que eu grito! Ai que me da um faniquito!» Ataca o gato o ratito, Cai-Ihe em cima o passarito, «Vai ser o bom e o bonito Diz o Zezinho e 0 Pe Alice Vieira, Ratinha, gatarrSo, in Livro com cheiro a banana, Text POESIA 13 A forca das palavras Juntei varias letras 5 Po Escrevi um letreiro. =n Acendi as brasas Que grande braseiro. Soltei quatro berros Armei um berreiro. Juntando formigas Fiz um formigueiro. Sera que com carnes Se faz um carneiro? Luisa Ducts Soares, A forga das Palawras in Pocmas da mentira ¢ da verdade, Livros Horimnte, 1983. POESIA 14 Amigo Mal nos conhecemos Inaugurémos a pelavra camigoo. «Amigo» é um sorriso De boca em boca, Um olhar bem limpo, Uma casa, mesmo modesta, que se oferece, Um coracio pronto a pulsar Na nossa mio! «Amigo» (recordam-se, vocés ai, Escrupulosos detritos?) «Amigo» é contrario de inimigo! «Amigo» é 0 erro corrigido, Nio o erro perseguido, explorado, FE averdade partilhada, praticada. «Amigo» é a solidao derrotada! «Amigo» é uma grande tarefa, Um trabalho sem fim, Um tempo util, um tempo fértil, «Amigo» vai ser, ja é uma grande festa! ‘Alexandre O'Neil, Amigo in Poemas para wom dia fle. Joné Farha, Cailivre, 2* edicio, 2010 POESIA 15 Ao pai, atoda a horal Ao pai que com amor me fez e quis Ao pai, que me conta historias, feliz! Ao pai que comigo brinca e joga consola Ao pai que, quando caio, me consola! Ao pai que tanto trabalha! Ao pai que, as vezes, ralha! Ao pai que me cuida tao bem Ao pai que, as vezes, é pai e mae! Ao pai que, la longe ausente, Comigo esta na mente presente! Ao pai que 0 acidente levou embora Ao pai cuja presenga no coragdo sempre mora! Ao pai que cada um de nés adora! Inédito, As autoras: POESIA 16 Casas Moras num arranha-céus, E tens 0 Sol por vizinho. Eu moro numa casinha Mesmo a beira do caminho. Tu tens nuvens, avides Mesmo em frente do nariz Eu tenho a gente que passa, Oigo tudo o que ela diz. Tu sobes de elevador Até ao ultimo andar. Eu entro pela janela, Nem preciso de saltar. Contigo jantam a mesa As Estrelas mais a Lua. Eu reparto o meu jantar Com um gatinho da rua. Moras num arranha-céus Tudo € azul para ti. Mas coisa mel POESIA 17 Trocadilhar Era uma vez um livro que, arrastado pelo vento, saiu do seu lugar ficando com as palavras de pernas para 0 ar. Entontecidas, passaram a querer dizer coisas que ninguém queria perceber. Saiu dos trilhos e perdeu-se em trocadilhos. Tornou-se 0 livro de trocadilhar, de cabeca para baixo para nos baralhar, sentidos as avessas a no seu jeito de brincar. José Jorge Letria, O livro das rimas traquinas, 72 edicao, Terramar, 2008 POESIA 18 Felicidade O lagarto estendido ao sol Disse: O Sol seja louvado! E 0 Sol brilhou mais ainda: Lagarto! Muito obrigado! A ra no charco da noite Disse: Que lindo é o luar! E a Lua brilhou mais ainda: Ra: Que lindo o teu coaxar! E o sapo verde, a saltar No chao sozinho saltou E @ terra disse baixinho: Terra! Que feliz eu nAo sou! Matilde Rosa Aratijo, As fadas verdes, 32 edi¢ao, Civilizacao Editora, 2007 POESIA 19 Os numeros do menino guloso Da-me bolinhos Da-me bolinhos Mas nao sé um. Mas nao sé cinco. Desde 0 almocgo Com tanta fome Faco jejum. Eu bem 0s trinco. Da-me bolinhos Da-me bolinhos Mas nao sé quatro, Mas nao sé seis, Para os provar Todos maiores Logo no quarto. Que bolos reis. Laisa Ducla Soares, Os nimeros do menino guloso in Poemas da mentira e da verdade, Livros Horizonte, 5.* edigao, 2005 (Excerto). POESIA 20 tll A gar¢a A garca descendo do céu Voa leve sobre 0 rio Sao asas de talagarca Sao rede de fino fio. Voa leve no azul Azul do rio e do céu E 0 seu voar se esgarga Sonho branco que teceu. E quando pisa na terra E altiva, vertical: E longo o colo da gar¢a Long: 2010. POESIA 21 As cores Estrela: Acorde senhor Arco-irts Jesus acaba de nascer Estrelas bichos e homens ‘Todos o querem ver! Verde: Eu cd vou a correr Pér as ervas mais verdinhas Como os pastores vio Levando as ovelhinhas. Azul: Eu também vou a Belém E vou Je sem demora Para pér o céu azul Bem por dentro e por fora. Amarelo: Pols eu também vou p'ra la E nao quero ficar ca! Amarela é a palha Onde Jesus se vai deitar. Vermelho: Eu ca vou }4 pintar As Janelas do portal Pots assim coloridas P’ra todos serao um sinal Violeta: Eu também quero ir Mas nao sel 0 que pintar... ‘So se pintar a urze P’ro caminho embelezar.... Laranja: \ Ai pintamos as flores Com as nossas lindas cores! Depots vamos ao portal Embelezar 0 Natal! ‘Chuva: E ew venho pra ajudar O arco-irts a formar Ese querem saber ‘0 Menino eu vou ver. POESIA 22 A sementeira Semee! na minha quinta os cacos duma caneca: nasceu um velho sem dentes a pentear a careca. Semeel na minha quinta trés postinhas de pescada: nasceram trés gatos-tigres com a cauda arrebitada. Semeel na minha quinta um lapis bem afiado: nasceu uma professora, mandou-me fazer ditado. Semeet na minha quinta sels carros do meu irmao: antes que algo nascesse, ele deu-me um bofetao. {isa Duck Soares, A sementetra te Poemar de mentins © da werdade, Livros Hortmomie, 5"rlig20, 2025. fhe — a POESIA Menino de escola em manha de sol Na manha azul quem quer ver o mar? Quem quer ver o sol pardats a cantar? Senhor vento azul que beljas as casas, despenteta os sonhos e vem dar-Thes asas! Sou Isto que sabes: menino de escola, de cangio ao ombro ao ombro a sacola. Quem quer vir comigo desafiar a sorte? Menino de escola nao tem passaporte. Nao tem passaporte nao sabe escrever. Quem quer vir comigo? Quem quer aprender? 23 POESIA 24 A Cidade do Penteado Vamos 14 imaginar a Cidade do Penteado onde as casas para variar tém cabelo e nao telhado. Na rua da Charamusca, mesmo junto do passeio, fica uma casa patusca, a casa do risco ao meio. No largo Pinto Calcudo, mesmo em frente do mercado, ha um prédio barrigudo, 0 prédio do risco ao lado. No beco Sarapintado, ha uma casa escondidinha com o telhado cortado mesmo rente, 4 escovinha. Logo a seguir, na travessa, no jardim dos girassdis ha um prédio com a cabega cheiinha de caracdis. Na praca do Nabo Cozido, a casa das trés chaminés usa 0 cabelo tao comprido que quase lhe chega aos pés. E na avenida Maria ~ casa levada da breca - a casa da minha tia tem o telhado careca. José Barata Moura, Aventuras na cidade do penteado (obra multimédia), CNM, 2012 (texto com supressdes) POESIA 25 A Cidade do Penteado Vamos 14 imaginar a Cidade do Penteado onde as casas para variar tém cabelo e nao telhado. Na rua da Charamusca, mesmo junto do passei fica uma casa patusca, a casa do risco ao meio. No largo Pinto Calcudo, mesmo em frente do mercado, ha um prédio barrigudo, 0 prédio do risco ao lado. No beco Sarapintado, ha uma casa escondidinha com o telhado cortado mesmo rente, 4 escovinha. Logo a seguir, na travessa, no jardim dos girassdis ha um prédio com a cabega cheiinha de caracdis. Na praca do Nabo Cozido, a casa das trés chaminés usa 0 cabelo tao comprido que quase lhe chega aos pés. E na avenida Maria ~ casa levada da breca - a casa da minha tia tem o telhado careca. José Barata Moura, Aventuras na cidade do penteado (obra multimédia), CNM, 2012 (texto com supressdes) POESIA 26 De uma natureza para a outra Os animais gostam da casa que lhes da sustento e carinho ¢ os chama de longe com a luz que se acende a noite devagarinho. Mas ha outros que sao livres porque cresccram sem amarras ¢ deixaram até que as unhas se transformassem em garras. Ha animais que se agoitam a espera da comida certa € outros que vao em busca da vontade que desperta. Sejam livres ou selvagens Hao de ser sempre animais corram na selva sem dono ou durmam no abrigo dos quintais. Hé animais que como as pessoas nunca param de nos espantar; 86 livres se sentem felizes ¢ sendo da terra querem nadar. Ha animais livres e selvagens, tendo magia e beleza e lembrando como é¢ diversa esta imensa natureza. Jost Jorge Letra, Texto indito, 201 A caneta preta Tenho uma caneta Que escreve sozinha E com uma letra Que no é minha. Porque a minha letra E grande e certinha Ea letra da caneta E fina e desalinha. Ensinei-a a escrever E agora sé escreve Aquilo que quer E nao 0 que deve. POESIA 27 Preciso de fazer Contas e problemas Mas ela sé quer Escrever poemas. Esta apaixonada Por um lapis de cor E nao faz mais nada Sendo versos de amor. Que hei de eu fazer? Deixar de escrever? Apaixonar-me também? Mas por quem? Mas por quem? Manucl Anuémio Pina in Suxana Ratha, Bando dos Gambazinos, Afroneamento, |.* alicia, 2000 POESIA 28 Guarda-roupa de nuvens Ha nuvens para tudo Ha nuvens para tudo para todos os gostos. rolando nos olhos. Ou barcos parados Comboio correndo, no céu ondulado camisas de folhos, das tardes de agosto ledes indolentes*, ou lengos rasgados corujas, serpentes,, pelos nervos do vento cascatas’, torrentes, dum maio indisposto. rochedos, escolhos*. Ha nuvens para tudo em nuvens havendo. Ou damas rosadas pisando azinhagas' dos fins de setembro ou velhos barbagas deitando fumagas por todo o dezembro. H4 nuvens para tudo , 4s vezes, sem querer, um céu branco e mudo, cortina em veludo, que nao deixa ver as nuvens desnudas que ensaiam e mudam 0 ser e o parecer para o baile de Entrudo® do nosso prazer. Aniénio Torrado, Conto estreias em ti ~ 17 poctas escrevem para a infancia, Os ‘Campo das Letras, 2000 Num castelo de Castela Num castelo de Castela eram sete os casteldes'; armados de sete espadas pareciam sete ledes. Num castelo de Castela eram sete as castelas?; fiavam* nas suas rocas* sete cores de sete las. Num castelo de Castela eram sete as torres de ouro; na mais alta delas todas estava preso o rei mouro. Num castelo de Castela sete eram as muralhas; contra as suas pedras negras sete foram as batalhas. POESIA 29 Num castelo de Castela sete torres derrubadas; na mais alta delas todas © rei comia torradas. Num castelo de Castela © buscaram sete infantes® num carro de sete rodas puxado por sete elefantes. Num castelo de Castela com suas lendas medonhas® fazem hoje sete ninhos sete casais de cegonhas. Luisa Ducla Soares, A gata foreca © outros poemas levados da breca, Porta Editora, 2013 (texto com supressies) POESIA 30 Profissées. Como é mesmo? — Quem vende leite ¢ leiteiro. Quem vende livros é livreiro. Quem vende carne é carnciro? — Nio é, nao. E comerciante. — Quem vende pio é padeiro. Quem vende pipocas € pipoquciro. Quem vende sal ¢ saleiro? — Nao é, nao. E comerciante. — Queria aumentar a lista mas perdi a minha caneta. Vou comprar no... canetista? Ou sera que é caneteiro? Como € 0 nome verdadeiro? Dou uma bela caneta a quem responder primciro. Inova Noronha, Crralinbo-clrmar,Salesians Dorn Bosco, N82 (adi! POESIA 31 O lobo, a cabra e o cabrito Para ter leitinho para o cabrito alimentar, A made cabra vai pastar. Fechoua porta a cadeado € recomendou ao filhote amado: —Tem cuidado, Ha por ai muito malvado. Nao abras sem que te diga "Maldito lobo e a sua raga!" Enquanto faz esta recomendacao, O lobo, que por acaso passa, Ouve asenha € fixa-a com atencao. A mde cabra nao podia imaginar Que o lobo a estava 3 escutar. Este, logo que a cabra viu partir, Bate 4 porta, disfargaa voz, Diz "Maldito lobo"..., pede para abrir, Pensando entrar veloz. O cabrito, desconfiado, olha pela friesta e pede: —Mostra-me a pata branca, ou néo abro. (Um lobo com pata branca é raro.) O espertalhao, surpreendido com a reagao tomada, Bate em debandada. Onde estaria o cabritinho se tivesse acreditado Nas palavras que por acaso O lobo tinha escutado? €m quest6es de seguranca, todo o cuidado € pouco. Pensar o contrario € proprio de um louco. Jean de La Fontaine, Fabulas, Civilizagao Editera, 2008

Potrebbero piacerti anche