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PROJETO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

CURSO DE LETRAS

1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

1.1 ACADÊMICO RESPONSÁVEL: Jullyana Araujo Lopes

1.2 ANO: Terceiro ano

1.3 PROFESSOR SUPERVISOR: Prof.ª Ma. Juslaine de Fátima Abreu


Nogueira
1.4 PERÍODO DE REALIZAÇÃO: Tarde.

1.5 LOCAL: Instituto Estadual de Educação Dr. Caetano Munhoz da Rocha

1.5 PÚBLICO-ALVO: Turmas do 8º Ano do Ensino Fundamental.

1.6 CARGA-HORÁRIA: 32hs aula

Rua Comendador Corrêa Jr, 117 – Fone: (41) 3423 3644 – Fax: (41) 3423 1611 – Caixa Postal 236 – CEP 83.203-560

www.fafipar.br – E-mail: fafipar@fafipar.br – CNPJ: 75.182.808/0001-36 – Paranaguá - PR


2 TÍTULO
CRÔNICA E REVISTA: LITERATURA E GÊNEROS TEXTUAIS
ALTERNATIVOS NO ENSINO FUNDAMENTAL

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3 JUSTIFICATIVA
Apesar dos constantes estudos sobre o papel da literatura em sala de aula,
ainda há um movimento de descrédito por parte dos professores, incluindo os de
língua portuguesa, em relação à validade de se utilizar textos que contenham
literariedade, sem uma função específica, um aproveitamento prático bem definido. A
ideia de aplicar um projeto de literatura infantil no ensino fundamental é propiciar aos
educandos a oportunidade de vivenciar as experiências de abstração e
distanciamento que um texto literário pode proporcionar. À mais esse projeto em
particular prevê a utilização de um tipo textual a mais, algo que pretende trazer a
experiência para a realidade vivida pelo estudante.

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4 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
Quando Amarilha (2002, p.45) começa seu texto relacionando o ensino de
literatura como "o prazer como elemento fundamental na relação do leitor com o
texto", ela abre um leque de possibilidades de intenções de prática na sala de aula. A
escolha do material se mostra importante, acredita-se que o primeiro ponto a ser
considerado deve ser a idade e ano escolar em que o projeto será aplicado, no caso
desse específico o 8º ano do Ensino Fundamental, portanto, até a atual data, o
ultimo ano antes do Ensino Médio. Pensando nisso teve-se a idéia de não se
trabalhar um texto marcadamente infanto-juvenil, mas um que traga as
características essenciais da sociedade contemporânea, ou pós-moderna
dependendo do ponto de vista, na medida que se considera que essa sociedade
apresenta "instituições e um ritmo de mudança muito particulares" (DOMINGUES,
2005, p. 10).
A crônica, gênero que se consolida por volta de 1930 no Brasil, traz em seu
ambito a rapidez, o pensamento fluído. Arnt mostra como o flaneur, escritor desse
gênero no começo do século passado, "prende-se ao gesto, ao movimento, nunca se
distancia para ter a noção do todo", o que não tira sua legitibilidade literária, já que
"este é o seu mérito:dar pinceladas no 'quadro social'." Para apresentar esse gênero
em sala de aula escolheu-se a crônica "Modos de Xingar" de Drummond, autor de
espeitável nome em poesias, mas que mostra um trabalho primordial também com
crônicas. Esta descreve um fato que acontece na rua, um acidente de carros que é
observada pelo narrador, de modo que a linguagem utilizada pelos envolvidos o leva
a analisar o uso de palavras de baixo calão na época. O texto trás em si uma
discussão sobre os antigos xingamentos, ora se não seria essa uma análise sobre
tabus linguísticos feita ali, na rua, pelo narrador. A saber, tabu em linguística pode
ser definido: "coerções sociais que, em certas circustâncias impedem ou tendem a
impedir a utilização de certas palavras; esses tabus lingüísticos são caracterizados
pelo fato que a palavra existe, mas não pode ser usada". (LAROUSSE, 2004. p.508).
Pensando-se nessa discussão que a crônica levanta, propõe-se que se faça
uma intertextualização com dois artigos da revista "Superinteressante", levando em
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consideração as últimas pesquisas sobre o estudo dos mais diversos gêneros
textuais em sala de aula. "Falar palavrão é doença?" de Maria Dolores, traz um olhar
científico sobre o assunto, descrevendo as características de uma doença
comprovada, que faz com que pessoas sem ter a intenção utilizem esse tipo de
linguagem. Enquanto que "A ciência do palavrão" de Alezandre Versignasi e Pedro
Burgos faz maior referência aos aspectos sociológicos do uso de xingamentos. Se se
considerar a faixa etária dos estudantes, que normalmente varia entre 13 e 15 anos,
pode-se visualizar a importância desses textos no levantamento de questões que
cercam a utilização de tabus linguísticos nos mais variados espaços, considerando
que "A psicologia e a pedagogia consideram a adolescência como uma fase em que
os indivíduos estão mudando seu comportamento e definindo sua personalidade"
(CRUZ, 2006, p.06).
Não se tem a pretenção de reforçar esses tabus, mas estimular uma
discussão sobre o tema, e permitir que cada um chegue a suas próprias conclusões,
reforçando a experiência obtida na crônica, pensando nela como uma experiência de
vivência em que "tudo é motivo de experiência e reflexão, ou simplesmente de
divertimento, de esquecimento momentâneo de nós mesmos a troco do sonho ou da
piada que nos transporta ao mundo da imaginaçãp. Para voltarmos mais maduros à
vida..." (CÂNDIDO, in CRÔNICA: um gênero literário).

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5 OBJETIVOS
5.1 GERAL
Com esse projeto pretende-se possibilitar aos estudantes do 8º ano do
Ensino Fundamental a experiência da leitura de um autor brasileiro renomado, sem
deperder de vista a fruição e o lúdico.

5.2 ESPECÍFICOS
• Trabalhar Carlos Drummond de Andrade, um autor conceituado, sem
comprometer o lado artístico da obra.
• Levantar características do gênero crônica.
• Suscitar discussões sobre o tema "tabu linguístico".
• Utilizar a literatura em sala focando o prazer do ato da leitura.

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6 ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
Pensa-se nesse projeto como algo dinâmico, que envolva todos os alunos de
forma natural, sem causar constrangimentos ou oprimi-los, dessa forma acredita-se
que a melhor disposição dos alunos seriam em um grande círculo, transformando a
estrutura tradicional da sala de aula, em algo menos hierarquizado. A transformação
da disposição da sala também sinaliza aos estudantes que aquele será um momento
diferente.

Antes de ter contato com os textos os educandos serão convidados à uma


discussão, um debate sobre o uso de palavras de baixo calão, tidos também como
palavrões, nas mais diversas situações. Não se sabe quanto tempo essas dicussões
irão tomar, talvez o assunto se desenvolva e interromper o debate para passar à
leitura poderia causar o efeito de desagrado por parte dos estudantes, o que vai
contra os objetivos desse projeto. O professor aqui deve fazer o papel de mediador,
introduzindo questionametos, porém nunca expressando uma afirmação, tomando
sua opinião como uma verdade absoluta. Deverá também organizar as opiniões,
resumindo as ideias aceitas pela maioria, para que os argumentos não se percam.

Assim que o ânimo da discussão esteja mais calmo, e que tenha-se chegado
á uma conclusão que englobe, na medida do possível, o pensamento geral da sala,
deverá ser entregue o primeiro texto, a crônica de Drummond. "Modos de xingar" não
é um texto fácil de se ler, principalmente em voz alta, por trazer palavras incomuns
do vocabulário de hoje, por isso aconselha-se um tempo para leitura silenciosa, que
os estudantes assinalem no texto palavras desconhecidas. O professor pode, e deve,
mostrar aos alunos que é natural o estranhamento, que mais tarde quando fizer a
leitura para toda a turma, "engasgar" com as plavras não seria motivo de vergonha.
É importante que o aluno sinta-se à vontade, sem pressões. Após toda a turma fazer
a leitura silenciosa pede-se a opinião sobre o texto. Aqui planeja-se acrescentar
informações pertinentes ao autor, ao gênero e época da escrita do texto. Esse novo

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momento de discussão irá refletir o recebimento individual de cada aluno sobre o
texto, então acredita-se que seria impossível prever o que sera dito. Dessa forma
pensa-se que o professor deve estar preparado para as mais diversas opiniões.

Nesse momento acredita-se que a aula já esteja em seu fim, observando que
cada aula dura 50 minutos. Quando a aula estiver para acabar o professor deve
sugerir que os alunos releiam mais tarde a crônica, e aqueles que estejam curiosos
procurem os significados das palavras desconhecidas, vale observar que em
momento algum o professor força os alunos, são apenas sugestões, que
naturalmente serão seguidas por uns e por outros não.

No segundo momento, uma outra aula, o modelo de disposição será o


mesmo, porém dessa vez as discussões tomarão um sentido diferente. Deve-se
evitar questionar quem leu ou deixou de ler o texto em casa, apenas deve-se
perguntar a opinião sobre o texto após uma segunda leitura, dando a liberdade para
aqueles que se sentirem à vontade expressarem seus pensamentos, e o mesmo
deve ser feito com as palavras antes desconhecidas. Após alguns esclarecimentos
que nesse momento devem ser rápidos será feita a leitura do texto em voz alta. Os
estudantes mostrar sua vontade em ler, mais uma vez não se exigindo daqueles que
não se sentirem preparados. Caso a leitura não se dê de forma fluída, ou não haja
voluntários o profesor devera tomar a partida. Não deve-se ter medo de errar na
frente dos alunos, o educador servirá de exemplo, talvez, após alguns parágrafos
deverá questionar se algum aluno deseja continuar a leitura.

Ao término dessa atividade o professor deverá, mais uma vez trazer à tona o
assunto do tabu, não necessariamente usando termos acadêmicos, a fim de
introduzir os novos textos, as reportagens retiradas da revista. Acredita-se que aqui a
aceitação será mais rápida. Por não ser um texto literário a linguagem é mais
corriqueira, de mais fácil compreenção. Pensa-se que nesses textos não será
necessária uma leitura prévia, deve-se sugerir que os estudantes leiam. É preciso
aqui fazer um parenteses, alguns termos do texto original, e parágrafos foram
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modificados, ou adaptados, visando o não constrangimento dos estudantes,
pensando-se que tabus linguísticos é um tema delicado, e algumas palavrs não
seriam bem recebidas por todos.

Essa provavelmente será a parte mais dinâmica e envolvene da aula, após a


leitura o assunto "palavrão" estará estruturado em três textos de pontos de vista
diferentes, e é em cia dessa estrutura que a discussão ocorrerá. Acredita-se que é
papel do professor tomar nota em todas as discussões, para que nessa última possa-
se fazer uma análise sobre as opiniões, se elas se mantiveram, se não, e o possível
porquê.

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7 CRONOGRAMA
Atividade Abr./2010 Mai./2010 Jun./2010
Orientações gerais
para o planejamento do
projeto
Elaboração do projeto
Desenvolvimento do
projeto
Avaliação e escrita do
memorial do projeto

REFERÊNCIAS

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ARNT, H. A Influência da Literatura no Jornalismo: o folhetin e a Crônica.
E-papers Serviços Editoriais LTDA. 2002.

BURGOS, P; VERSIGNASI, A. A Ciência do Palavrão. Disponível em:


http://super.abril.com.br/revista/249/materia_revista_267997.shtml?pagina=1>
Acesso em: 24 maio. 2010.

CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura Infantil: teoria e prática. 18 ed.


São Paulo: Ática, 1999.

CRÔNICA: um gênero literário Disponível em:


<http://www.sitedeliteratura.com/Teoria/cronicas.htm> Acesso em: 24 maio. 2010.

CRUZ, José Vieira da; SILVA, José Maria de Oliveira da. Juventude e
Modernidade: conceitos, representações e debates. II Encontro de Pós-graduação.
UFS: 2006.
DOLORES, M. Falar Palavrão é Doença? Disponível em:
<http://super.abril.com.br/saude/falar-palavrao-doenca-444463.shtml> Acesso em: 24
maio. 2010.

DOMINGUES, J. Sociedade e Modernidade. Rio de Janeiro: Civilização


Brasileira, 2005.

GERALDI, João Wanderley (Org.). O texto na sala de aula – leitura &


produção. 8 ed. Cascavel: Assoeste, 1991.

In: AMARILHA, Marly. Estão mortas as fadas? Literatura Infantil e Prática


Pedagógica. 4ª ed. Petrópolis: Vozes, 2002

LAROUSSE, L. Dicctionaire de Linguistique. Tradução: BLIKSTEIN, I.


Dicionário de Lisngüística. São Paulo: Cultrix, 2004.

SARAIVA, G. Pós-modernidade: Humanidade adolescente... Disponível em:


<http://www.gostodeler.com.br/materia/2290/pos-
modernidade_humanidade_adolescente.html> Acesso em: 24 maio. 2010.

SCOPINHO, S. Filosofia e Sociedade Pós-moderna: crítica filosófica de G.


Vattimo ao pensamento moderno. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.

YUNES, Eliana. A leitura e o despertar do prazer de ler. Ano 1 nº 1 out/dez


88.
ZOZZOLI, R; OLIVEIRA de, M (org). Leitura, Escrita e Ensino. Maceió,
EDUFAL, 2008.
ANEXOS
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Textos adaptados:
Falar palavrão é doença? Bocassujite Crônica
por Maria Dolores
Pode até ser. A compulsão por falar coisas obscenas é um distúrbio que, no
vocabulário médico, recebe um nome que já é um palavrão: coprolalia. Quem sofre
de coprolalia incorpora, no meio de frases cotidianas, palavras ou frases
inconvenientes, grunhidos e gemidos com conotação sexual. Tudo isso sem
preceber. O sujeito pode falar “Bom dia, seu Alfredo, como vai a ... da sua mãe?”
com a maior naturalidade.

A coprolalia é um sintoma de uma doença muito embaraçosa chamada


síndrome de Tourette, que afeta uma em cada 2 mil pessoas – 75% delas do sexo
masculino. Além da incontinência verbal, a síndrome pode causar tiques nervosos
que vão de um simples piscar dos olhos até coisas como lamber as mãos ou
manipular os órgãos genitais em público.

A síndrome foi descrita pela primeira vez em 1885 pelo neurologista francês
Gilles de la Tourette, que diagnosticou os sintomas em uma distinta dama da
nobreza local. Atualmente, o mais célebre portador desse mal é o jogador Chris
Jackson, astro da liga americana de basquete nos anos 90, pela equipe Denver
Nuggets. “Não se conhece a causa exata da doença, mas sabe-se que há um
componente genético na sua transmissão”, afirma o psiquiatra Almir Tavares, da
UFMG. Agora, é bom lembrar que nem todo mundo que fala palavrão sofre dessa
doença – na esmagadora maioria dos casos trata-se simplesmente de falta de
educação.

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A CIÊNCIA DO PALAVRÃO

Os xingamentos mostram a evolução da linguagem, das sociedades e,


de quebra, ajudam a desvendar o cérebro.

Texto Alezandre Versignasi e Pedro Burgos

Por que diabos merda é palavrão? Aliás, por que a palavra diabos, indizível
décadas atrás, deixou de ser um? Outra: você já deve ter tropeçado numa pedra e,
para revidar, xingou-a de algo como FDP, mesmo sabendo que a dita nem mãe tem.

Pois é: há mais mistérios no universo dos palavrões do que o senso comum


imagina. Mas a ciência ajuda a desvendá-los. Pesquisas recentes mostram que as
palavras sujas nascem em um mundo à parte dentro do cérebro. Enquanto a
linguagem comum e o pensamento consciente ficam a cargo da parte mais
sofisticada da massa cinzenta, o neocórtex, os palavrões moram nos porões da
cabeça. Mais exatamente no sistema límbico. É o fundo do cérebro, a parte que
controla nossas emoções. Trata-se de uma zona primitiva: se o nosso neocórtex é
mais avantajado que o dos outros mamíferos, o sistema límbico é bem parecido.
Nossa parte animal fica lá.

E sai de vez em quando, na forma de palavrões. A medicina ajuda a


entender isso. Veja o caso da síndrome de Tourette. Essa doença acomete pessoas
que sofreram danos no gânglio basal, a parte do cérebro cuja função é manter o
sistema límbico comportado. Elas passam a ter tiques nervosos o tempo todo. E, às
vezes, mais do que isso. De 10 a 20% dos pacientes ficam com uma característica
inusitada: não param de falar palavrão. Isso mostra que, sem o gânglio basal para
tomar conta, o sistema límbico se solta todo. E os palavrões saem como se fossem
tiques nervosos na forma de palavras.

Mas você não precisa ter lesão nenhuma para se descontrolar de vez em
quando, claro. Como dissemos, basta tropeçar numa pedra para que ela corra o
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sério risco de ouvir um desaforo. Se dependesse do pensamento consciente,
ninguém nunca ofenderia uma coisa inanimada. Mas o sistema límbico é burro. Burro
e sincero. Justamente por não pensar, quando essa parte animal do cérebro fala, ela
consegue traduzir certas emoções com uma intensidade inigualável.

Os palavrões, por esse ponto de vista, são poesia no sentido mais profundo
da palavra. Duvida? Então pense em uma palavra forte. Paixão, por exemplo. Ela
tem substância, sim, mas está longe de transmitir toda a carga emocional da paixão
propriamente dita. Mas com um grande e gordo PQP a história é outra. Ele vai direto
ao ponto, transmite a emoção do sistema límbico de quem fala direto para o de quem
ouve. Por isso mesmo, alguns pesquisadores consideram o palavrão até mais
sofisticado que a linguagem comum.

É o que pensa o psicólogo cognitivo Steven Pinker, da Universidade Harvard.


Em seu livro mais recente, Stuff of Thought (Coisas do Pensamento, inédito em
português), ele escreveu: Mais do que qualquer outra forma de linguagem, xingar
recruta nossas faculdades de expressão ao máximo: o poder de combinação da
sintaxe; a força evocativa da metáfora e a carga emocional das nossas atitudes,
tanto as pensadas quanto impensadas. Traduzindo: palavrões são f*. Tão f* que nem
os usamos só para xingar. Eles expressam qualquer emoção indizível, seja ruim,
seja boa. Então, se um jogador de futebol grita palavrões depois de marcar um gol,
ele não o faz por ser maleducado, mas porque só uma palavra saída direto do
sistema límbico consegue transmitir o que ele está sentindo.

Veja só. Merda é um palavrão mais ofensivo que mijo, por sua vez mais
pesado que cuspe, que nem palavrão é. Se você fosse excretar alguma dessas
coisas na rua, essa também seria a ordem de impacto nas outras pessoas do mais
para o menos chocante. Coincidência? Não. Não é por acaso que as substâncias
que mais dão nojo também sejam vetores de doenças. A reação de repulsa à palavra
é o desejo de não tocar ou comer a coisa, afirma o médico americano Val Curtis no

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livro Is Hygiene in Our Genes? (A Higiene Está nos Nossos Genes?, sem tradução
para português).

Que se dane!, diabos ou vá para o inferno já foi algo mais impactante. Claro:
até décadas atrás não havia prognóstico pior que não ir para o céu quando
morresse. Então, quando a idéia era insultar para valer, nada melhor que mandar
alguém para o inferno. A perda de eficácia das palavras tabus relacionadas à religião
é uma óbvia conseqüência da secularização da cultura ocidental, afirma Pinker.

Outra: quando a palavra câncer era sinônimo de morte, também não podia
ser dita livremente. Nos obituários, a pessoa não morria de câncer, mas de uma
longa enfermidade. Com os avanços no tratamento, a coisa mudou de figura, e
câncer, apesar de ainda dar calafrios, virou uma palavra bem mais corriqueira.

As doenças em geral, na verdade, passaram por um processo parecido. Em


Romeu e Julieta, de Shakespeare, por exemplo, há uma passagem dizendo: Que a
peste invada as casas de ambos! Uma baita ofensa no século 16, quando a peste
bubônica ainda era uma ameaça na Europa. Mas agora, no mundo limpo e cheio de
antibióticos que a gente conhece, o xingamento shakespeariano parece inócuo.

E também há o inverso: palavras normais que viram tabu. Em algum


momento da história do português um sujeito chamou pênis de pau.A palavra vira
tabu quando ganha um sentido simbólico, afirma o etimólogo Deonísio da Silva, da
Universidade Estácio de Sá.

Mas quem decide o que é palavrão e o que não é? Isso depende dos
mecanismos de conservação da língua, que são o ensino, os meios de comunicação
e os dicionários. As palavras relacionadas a sexo que não são palavrões são quase
todas da literatura científica, como pênis e ânus, explica a lingüista Wânia de Aragão,
da Universidade de Brasília. Não que isso impeça termos científicos de hoje, como
pedófilo, de virar palavra suja um dia. A palavra esquizofrênico, por exemplo, nasceu

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na ciência, mas agora, com o aumento dos dignósticos de doenças mentais, caiu na
boca do povo. E está virando xingamento.

Mas saber quais serão os palavrões do futuro é tão impossível quanto prever
o futuro da tecnologia, da humanidade ou do Corinthians. O escritor e comediante
inglês Douglas Adams, resumiu isso bem no clássico O Guia do Mochileiro das
Galáxias. O livro diz que o palavrão mais sujo entre os habitantes dos outros
planetas da Via Láctea é uma expressão bem conhecida dos terráqueos: bélgica

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