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Universidade de Brasília

Centro de Pesquisa e Pós-graduação das Américas (CEPPAC)


Disciplina: Estado e Política de Desenvolvimento (SOL, Código 334154)
Aluno: Matrícula 09/26841 - Luiz Carlos de Brito Lourenço
Professores Doutores: Danilo Nolasco Cortes Marinho (SOL/CEPPAC) e
Moisés Villamil Balestro (CEPPAC/FUP)

Título do Trabalho: “Governança Corporativa em Cooperativas: contribuições para


uma análise comparativa entre as realidades no Brasil e no Canadá”.

Dezembro de 2008
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Governança Corporativa em Cooperativas: contribuições para uma análise


comparativa entre as realidades no Brasil e no Canadá.

Introdução:

O objetivo deste trabalho é reunir elementos observados isoladamente para uma


discussão sobre os possíveis efeitos da introdução da governança corporativa nas
cooperativas de atividade agropecuária, numa perspectiva comparada entre as experiências
no Brasil e no Canadá1. À luz da sociologia econômica, que se preocupa, entre outras
questões, com o capitalismo comparado, com a teoria do agente e com o processo de
desenvolvimento econômico, importa conhecer as eventuais mudanças que se sucedem à
governança corporativa sobre três conjuntos de temas como: os direitos de propriedade, as
relações entre a firma e o mercado e, por fim, suas relações trabalhistas entre as partes. A
aplicação da governança corporativa às cooperativas, instituições definidas como Em
linhas gerais, governança representa as interações entre o Estado e a sociedade
contemporânea. Essa lógica envolve mais do que a tomada de decisões no setor público,

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De acordo com a página na internet da “International Co-operative Alliance”, a definição de cooperativa é
aquela associação autônoma de pessoas unidas voluntariamente para atender suas necessidades e aspirações
comuns em termos econômicos, sociais e culturais através de uma empresa coletiva controlada
democraticamente. Quando em atividade comercial pode ser definida em termos de seus três interesses
básicos: propriedade, controle e beneficiário; que estão em mãos do usuário, sob um conjunto de valores que
não associados puramente ao lucro, mas onde as decisões tomadas são equilibradas com a necessidade de
lucratividade e as necessidades de seus membros e amplos interesses da comunidade. Adotam, então, sete
princípios para colocar em prática seus valores fundamentais: 1) associação voluntária e aberta; 2) controle
democrático dos membros; 3) participação econômica do membro associado; 4) autonomia e independência;
5) oferecer educação, treinamento e informação aos membros; 6) cooperação entre as cooperativas; 7)
preocupação com a comunidade local. Segundo definição da Organização das Cooperativas Brasileiras
(OCB), “cooperativismo é um movimento, filosofia de vida e modelo socioeconômico capaz de unir
desenvolvimento econômico e bem-estar social”. Seus referenciais fundamentais são: participação
democrática, solidariedade, independência e autonomia. É o sistema fundamentado na reunião de pessoas e
não no capital. Visa às necessidades do grupo e não do lucro. Busca prosperidade conjunta e não individual.
Estas diferenças fazem do cooperativismo a alternativa socioeconômica que leva ao sucesso com equilíbrio e
justiça entre os participantes. Associado a valores universais, o cooperativismo se desenvolve
independentemente de território, língua, credo ou nacionalidade”. Particularmente, quanto ao cooperativismo
agropecuário, trata-se do “cooperativismo entre produtores rurais ou agropastoris e de pesca, cujos meios de
produção pertencem ao cooperado. Caracterizam-se pelos serviços prestados aos associados, como
recebimento ou comercialização da produção conjunta, armazenamento e industrialização, além da
assistência técnica, educacional e social”.
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mas também um complexo processo de direção e controle, onde algumas tarefas teriam
que ser desenvolvidas por agentes, redes ou governos.
Conforme orienta o pensamento de FLIGSTEIN (2005) sobre governança, a
literatura científica já registra conseqüências de ordem política, social e econômicas na
introdução de sistemas de governança corporativa, sem, contudo, refletir considerações
sobre eficiência na gestão das relações de agente entre principais e agentes (proprietários e
administradores). Assim, a tendência que se nota é analisar a existência de uma matriz
superior de arranjos institucionais ou de um conjunto de melhores práticas de governança
corporativa para produzir maior crescimento econômico. A abordagem desse autor mostra
que não será suficiente um simples conjunto de melhores práticas, pois o importante é a
estabilidade de instituições legitimadas e a contenção da busca incessante de retornos por
parte de governos e capitalistas.
O Centro de Estudos de Cooperativas, da Universidade de Saskatchewan (Canadá),
revelou os resultados de uma série de estudos de casos junto a vinte e cinco projetos
agropecuários sobre a inovação organizacional e os fatores sociais na diversificação e
sustentabilidade da atividade agropecuária naquela província central canadense2. Nele
identificaram três tipos de modelos de agricultura, a saber: a clássica da lavoura e pecuária
integradas, a moderna “agricultura especializada” e a igualmente moderna “agricultura
diversificada”, melhor entendida como “agricultura de múltiplas especialidades”. Com o
objetivo de se conhecer que implicações positivas ou não incidiram sobre a viabilidade
produtiva, a sustentabilidade ecológica e a coesão comunitária, todos os projetos, sob os
três tipos aqui categorizados, foram examinados em seus respectivos produtos e processos
de produção, níveis de especialização, grau de flexibilidade e controle tecnológico,
estratégias negociais e fontes de capital, mercados, relações sociais e lógica societária e,
por fim, suas redes de comunicação com outras comunidades.

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Saskatchewan é uma província canadense cuja área é de 651.900 km², extensão correspondente à soma dos
estados brasileiros de Goiás e Tocantins. A agricultura intensiva está localizada principalmente no sul onde o
relevo característico é o das Grandes Pradarias. Ao norte do território, em meio a grandes lagos, há
predominância do bioma da floresta boreal ou taiga, com uma vegetação conífera, própria das altas latitudes
árticas. Ao concentrar o maior número de cooperativas agropecuárias no Canadá, o censo de 2006 indica que
a província também conta com a maior quantidade de fazendas de valor de capital investido mais baixo (até
C$ 100.000/unidade). Cereais são as principais culturas agrícolas da província. Contando com um quinto do
número de estabelecimentos agropecuários no país, verificou-se uma forte redução do número total de
fazendas na província, que passaram de 50.598, em 2001, para 44.329 (menos 13 %), em 2006 segundo o
censo. Também caiu a participação da produção de trigo e de grãos não especificados (exceto milho,
oleaginosas diversas), porém elevaram-se as parcelas relativas à oleaginosas (exceto soja) e do setor bovino
para corte.
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Em resumo, desenvolveram-se índices de diversificação ou especialização para
culturas e criação animal de modo a permitir quantificar tendências históricas naquela
província canadense.

De acordo com o ensaio de BIALOSKORSKI (2005) para o Congresso da


Sociedade Brasileira de Economia Rural (SOBER), o estudo sobre eficiência do sistema
cooperativo infere duas abordagens sobre a participação do indivíduo associado: uma
focalizando a participação do indivíduo e sua iniciativa voluntária e seu aspecto solidário;
a outra analisa o empreendimento cooperativo sob a lógica econômica. Esclarece a linha de
pensamento alemão (ECHENBURG, 1983) que a solidariedade ocorre num primeiro
momento e posteriormente estabelece-se um processo onde o sucesso do empreendimento
decorre do benefício econômico alcançado, necessariamente maior do que uma eventual
forma autônoma e de livre atuação no mercado. A análise também poderia tomar por
referência o custo de participação do indivíduo, como a perda de sua determinação em
favor da coalização cooperativa, que passa por uma mútua aceitação de regras sobre
comercialização, decisões majoritárias e igualitárias que podem contrariar interesses
particulares do associado. Há, portanto, um custo de oportunidade do tempo no processo de
participação. A intensidade de participação é inversa aos custos de oportunidade do
trqabalho e aos custos de oportunidade do tempo de lazer do associado, pois maiores os
custos, menor a sua participação. Ou seja, a cada vez que ocorre um custo de oportunidade
signficiativo do fator de produção trabalho para o produtor rural, ele não participará das
estruturas de governança, amenos que a importância da decisão a ser tomada seja maior do
que a perda prevista na sua ausência no trabalho diário na propriedade. Assim, os custos de
oportunidade da participação nas estruturas de governança corporativa podem implicar na
perda de direitos de propriedade, de decisão ou aos resultados. No caso da experiência
brasileira, não há obrigatoriedade contratual nas transações entre os associados de uma
cooperativa, mesmo com relação à sua participação na cooperativa. Mais uma vez, haverá
um cálculo do custo de oportunidade diante do mercado, o que pode onerar a cooperativa
com oportunismos contratuais e desvios contrários à eficiência econômica da cooperativa.
Para BIALOSKORSKI, são duas as “funções objetivo” de uma cooperativa: a)
gerar resultados econômicos a serem distribuídos aos associados na forma de melhores
preços e de prestação de serviços, tipo mais freqüente no Brasil; e, b) gerar resultados
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econômicos distribuídos com recursos monetários para cada associado de modo
proporcional a cada operação, estratégia esta mais freqüente em outros países. Logo, a
primeira gera indefinição quanto a direitos sobre a propriedade e sobre as decisões dos
associados, que, então, passam a se tornar dependentes das influências e da construção de
relações formais e informais com os gestores da cooperativa. Quando o indivíduo busca
privilégios ou prioridade de informações, aqui prevalece fenômenos como capital social,
confiança e o conceito de enraizamento ou sedimentação social, ou ainda, “imersão
social”, como se refere BIALOSKORSKI ao “embeddedness” de GRANOVETTER
(2000)3. A possibilidade de influir na alocação de ativos e benefícios certamente promove
um incentivo ao compromisso de participação do associado, que possivelmente será
proporcional aos benefícios oriundos dessas relações, caso a “função objetivo” da
cooperativa seja incentivar melhores preços e oferta de serviços. Da pesquisa junto a
dirigentes de cooperativas brasileiras resultou que os cooperados de maior relacionamento
influem mais e têm também mais vantagens na organização e maior fidelidade.

BIALOSKORSKI discutiu a hipótese de que um melhor desempenho econômico e


financeiro da cooperativa ocasionaria a diminuição da participação nas estruturas de
governança e comprometeria a transparência da governança corporativa. Nos casos onde a
cooperativa não apresenta bons resultados, a participação deve crescer, uma vez que
dependeria de melhores relações com os demais associados para acessar os serviços e as
informações da organização.
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A ocasião enseja esclarecer o uso que faço da palavra “sedimentação” para traduzir para a língua portuguesa
o conceito sociológico de “embeddedness”, referido a Granovetter por Bialokorski, que prefere o a idéia da
“imersão total”. De forma assemelhada, minha tradução para “sedimentação” é um apelo à geologia, onde
“embeddedness” é “o resultado de um movimento de sedimentação e deposição de larga escala”
(LAZORCHAK et al, Office of Resarch and Development, U.S. Enviroment Protection Agency, de 1998,
http://www.epa.gov/emap/html/pubs/docs/groupdocs/surfwatr/field/MAHAWadeableStreams.pdf ). Trata-se
de um parâmetro de habitat empregado para avaliar o tamanho e as dimensões de canais, corredeiras e fluxos
de correntes em altos declives. No mesmo sentido de Polaniy, para quem a economia está sedimentada em
instituições sociais, na geologia “embeddedness” é “a extensão em que as rochas (na forma de pedregulhos,
cascalhos e seixos) são cobertas ou submersas pelo limo, areia ou lama do fundo de uma corrente d’água”.
Complementarmente, as rochas se encaixam (“embedded”) e, assim, diminui a área da superfície disponível
para a penetração de macro-invertebrados e abrigo, desova e incubação de ovas de peixes. Acentuando ainda
a idéia sociológica, o parâmetro recomenda para se estimar o percentual de “embeddedness” verificar a
quantidade de limo ou sedimentos mais finos depositados acima e em torno das rochas. Se as rochas ou
cascalhos não se desmontam com pontapés, podem estar bem encaixados. A imagem da ciência geológica é
idêntica para o entendimento do peso das instituições na economia. E acrescenta o documento da EPA, cujo
sentido pode ser também visto do ponto de vista institucional: “A classificação desse parâmetro pode ser
variável dependendo de onde as observações são feitas. Aquelas sobre “embeddedness” devem ser feitas
contra a corrente e nas partes centrais das áreas de substratos de corredeiras e pedras”. De um ponto de vista
sintético, é auto-explicativo.
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Uma citação importante é aquela relativa à aversão ao perfil de aversão ao risco e
maior valor marginal da perda de utilidade do que benefícios do produtor rural, segundo
HENDRIKSE (2003), depois do que um insucesso econômico da organização incentivará
sua participação na governança corporativa. Ademais, a participação social nos processos
de decisão ocorre conforme o crescimento econômico, que traz maior custo de
oportunidade pelo aumento do número de membros e da dispersão geográfica; do nível de
oferta de serviços e benefícios imediatos: quanto maiores, diminuem a participação; quanto
menores, aumentam a participação; e, da aversão ao risco do produtor rural que induz
maior ou menor participação, respectivamente proporcional à perda ou ganho de utilidade
pelo insucesso ou sucesso econômico, maior ou menor que o custo de oportunidade.

BIBLIOGRAFIA
7
ANDRADE, Adriana; ROSSETTI, José Paschoal. “Governança corporativa:
fundamentos, desenvolvimento e tendências” – São Paulo: Atlas, 2004.
FLIGSTEIN, Neil; CHOO, Jennifer; “Law and Corporate Governance”, in “Annual
Reviews : Reviews in Advance”, Annual Review of Law and Social Science Publisher,
Palo Alto, 2005.
GERTLER, Michael; JAFFE, JoAnn; SWYSTUN, Lenore; “Beyon beef and barley:
organizational innovation and social factors in farm diversification and sustainability”,
Un”, Agriculture Development Fund, Saskatchewan Agriculture, Food and Rural
Revitalization, Research reports series, University of Saskatchewan, Saskatoon, 2002.
RABELO, Flávio Marcílio. “Governança Corporativa (Corporative Governance)” in
“Governança Corporativa: seminário realizado em outubro de 1988”, org. Instituto
Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social, Departamento de Relações Institucionais - Rio de Janeiro: 1999.

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