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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO


GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO WILDO

APELAÇÃO CÍVEL nº 472283/RN (2008.80.00.005384-7)


APTE : ANTÔNIO ANDRÉ DA SILVA COUTINHO
ADV : RODRIGO GOMES DA COSTA LIRA e outros
APDO : INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE
ORIGEM : JUÍZO FEDERAL DA 5ª VARA - RN
RELATOR : Des. Fed. FRANCISCO WILDO

RELATÓRIO

O Sr. Des. Fed. FRANCISCO WILDO (Relator):

Trata-se de apelação contra sentença que julgou improcedente o


pedido de concessão de auxílio-doença com a conversão em aposentadoria por invalidez,
condenando a parte autora ao pagamento de custas e honorários advocatícios de R$ 500,00
(quinhentos reais), condicionado aos termos do art. 12, da Lei nº. 1.060/50.

No recurso, a parte autora sustenta que possui direito ao


restabelecimento do auxílio doença, pois, de acordo com a perícia de fls. 65/68, foi
confirmada a sua incapacidade parcial e permanente. Alega, ainda, que realizou uma cirurgia
para a colocação de marcapasso e sofreu vários infartos, inclusive, durante o primeiro
processo que foi julgando extinto sem julgamento do mérito. Requer, alfim, que o recuso seja
conhecido e provido.

Não foram apresentadas as contrarrazões.

É o relatório.
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO WILDO

APELAÇÃO CÍVEL nº 472283/RN (2008.80.00.005384-7)


APTE : ANTÔNIO ANDRÉ DA SILVA COUTINHO
ADV : RODRIGO GOMES DA COSTA LIRA e outros
APDO : INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE
ORIGEM : JUÍZO FEDERAL DA 5ª VARA - RN
RELATOR : Des. Fed. FRANCISCO WILDO

VOTO

O Sr. Des. Fed. FRANCISCO WILDO (Relator):

Deseja a parte autora a reforma da r. sentença de fls. 150/154 com


restabelecimento do seu auxílio doença e a posterior conversão em aposentadoria por
invalidez.
O Auxílio-doença é um benefício previdenciário pago em decorrência
de incapacidade temporária, e deve cessar quando houver recuperação da capacidade para o
trabalho, salvo quando o segurado for insusceptível de recuperação para a atividade habitual,
caso em que deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional, que lhe possibilite o
exercício de outra atividade que lhe garanta a subsistência, sendo aposentado por invalidez
acaso considerado irrecuperável, nos termos do art. 62 da Lei nº 8.213/91

Destaco, ainda, que a sua concessão se encontra atrelada ao


preenchimento dos requisitos previstos no art. 59, da Lei nº. 8.213/91, quais sejam, a
qualidade de segurado, a incapacidade para o trabalho ou atividade habitual por mais de 15
(quinze) dias consecutivos e período de carência referente ao recolhimento de 12 (doze)
contribuições mensais.

Passo ao exame da presença dos requisitos de concessão. No que


concerne à qualidade de segurado e ao período de carência, entendo que estes ficaram
comprovados, uma vez que a apelante gozou de anterior benefício de auxílio doença,
reconhecido pela própria Autarquia Previdenciária (fl. 25).

Quanto ao requisito da incapacidade, entendo que este também ficou


demonstrado nos presentes autos. É que, segundo o Laudo Pericial de fls. 66/68, “o autor é
portador de Miocardiopatia Isquêmica + Arritmia Cardíaca do tipo Bloqueio no nível de Feixe de
Hiss e Insuficiência Cardíaca Esquerda de grau leve e moderado, controlados com medicação e
marcapasso”. Também, de acordo com o supracitado laudo, constata-se que a incapacidade do
postulante é definitiva (permanente), porém parcial (itens 03 e 05), e irreversível, sendo que o
tratamento (medicamentos e marcapasso) mantém a cardiopatia estável, todavia não se
descarta a possibilidade de ocorreu ou não outros episódios (item 06, fl. 67).
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AC nº. 472283/RN
(V-2)

Ainda, nos termos do referido Laudo, “o autor apresentou infarto agudo


do miocárdio (IAM) em junho de 2003; em novembro do mesmo ano apresentou um quadro de
Bloqueio Intra e Infra Hissiano seguido de implante de marcapasso (12.11.2003) e em novembro de
2006 apresentou um quadro de etiologia sugestiva de IAM, porém, não confirmado, seguido de
Edema Agudo de Pulmão e parada cardiorrespiratória com reversão”. Nota-se que o demandante
possui um histórico de internações concernentes à sua patologia cardíaca, sendo a última entre
os dias 11 e 12 de fevereiro do ano em curso, conforme se observa pelos documentos de fls.
175/178.

Ressalto, por oportuno, que a incapacidade laborativa não deve ser


analisada de forma isolada, mas levando-se em consideração as circunstâncias do caso
concreto, ou seja, o histórico patológico da doença e a relação entre a incapacidade e o
desempenho da atividade laboral. Vejo que a incapacidade parcial, apenas para dirigir e não
para a atividade de vendedor causa grande prejuízo ou praticamente aniquila o desempenho da
atividade laborativa do demandante (Comerciário – Contribuinte Individual - Vendedor
Autônomo de Material de Informática e Papelaria, fls. 25 e 66). Sem falar também no
histórico de sua cardiopatia que apresenta infarto, parada cardiorespiratória e vários
internamentos hospitalares em UTI.

Em suma, pelo quadro clínico apresentado, entendo que a doença que


possui a parte autora é incompatível com a atividade por ela exercida anteriormente. Nesse
passo, a autoridade previdenciária deveria ter submetido o autor a processo de reabilitação
profissional, cuja atribuição lhe compete, para, assim, dependendo do resultado obtido,
declará-lo recuperado e apto para o retorno à atividade. Por isso, não é de se admitir o
cancelamento do benefício de auxílio-doença do demandante se foi comprovada a persistência
da sua condição incapacitante, e não houve processo de reabilitação profissional para o
exercício de outra atividade.

Em suma, comprovada, através de perícia médica (fls. 66/68), a


incapacidade parcial e definitiva do segurado para o desempenho de suas atividades
laborativas (como Comerciário – Contribuinte Individual - Vendedor Autônomo de Material
de Informática e Papelaria) e constatada a irreversibilidade do problema de que é portador
(Miocardiopatia Isquêmica + Arritmia Cardíaca do tipo Bloqueio no nível de Feixe de Hiss e
Insuficiência Cardíaca Esquerda de grau leve e moderado), é de se equiparar a incapacidade
parcial à incapacidade total para efeito de manutenção do auxílio doença e a sua conversão em
aposentadoria por invalidez.

Em relação aos juros de mora, estes são de 1% (um por cento) ao mês,
a partir da citação, em face da natureza alimentar do benefício. Neste sentido: TRF-5ªR,
APELREEX nº. 2069/CE, Rel. Des. Fed. Luiz Alberto Gurgel de Faria, 2ª Turma, j. 11.11.2008, DJ.
26.11.2008, pág. 119 e AC nº. 451.230/PB, Rel. Des. Fed. Manoel Erhardt, 2ª Turma, j. 04.11.2008,
DJ. 21.11.2008, pág. 298.
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(V-3)

Já a correção monetária deve ser aplicada de acordo com o Manual de


Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal. Neste sentido: TRF-5ªR, AC
nº. 409.392/PB, Rel. Des. Fed. Manuel Maia, 2ª Turma, j. 31.03.2009, DJ. 13.05.2009, pág. 108, nº.
89 e AC nº. 451.293/SE, Rel. Des. Fed. Barros Dias, 2ª Turma, j. 07.04.2009, DJ. 29.04.2009, pág.
244, nº. 80 e AC nº. 403.193/RN, Rel. Des. Fed. Paulo Gadelha, 3ª Turma, j. 18.01.2007, DJ.
13.03.2007, pág. 536, nº. 49.

De acordo com o disposto no art. 8º, parágrafo 1º, da Lei nº 8.620/93 e


da Lei nº 9.289/96, o INSS, como autarquia federal, goza do privilégio da isenção do
pagamento de custas nos feitos em que atue como autor, réu, assistente ou opoente, o que não
o desobriga do encargo de reembolsar as despesas antecipadas pela parte autora, contudo,
sendo esta beneficiária da Justiça Gratuita (fl. 118/120), não há despesas a serem
reembolsadas pelo INSS, estando isento de tal condenação. Neste sentido: TRF-5ªR, AC nº.
451.083/CE, Rel. Des. Fed. Francisco Cavalcanti, 1ª Turma, j. 11.09.2008, DJ. 14.11.2008, pág. 251,
nº. 222.

Em relação à verba advocatícia, destaco que, a despeito do comando


contido no art. 20, § 4º, do CPC, vem esta Turma entendendo razoável que, nas causas
previdenciárias, os honorários advocatícios devem ser fixados em 10% (dez por cento) do
valor total da condenação, devendo ser respeitado o que está inserido na Súmula nº. 111/STJ.
Neste sentido: TRF-5ªR, AC nº. 433.236/CE, Rel. Des. Fed. Francisco Barros Dias, 2ª Turma, j.
07.04.2009, DJ. 06.05.2009, pág. 268, nº. 84; APELREEX nº. 4.021/PB, Rel. Des. Fed. Manuel Maia,
2ª Turma, j. 17.03.2009, DJ. 22.04.2009, pág. 308, nº. 75 e AC nº. 387.838/CE, Rel. Des. Fed. Paulo
Gadelha, 3ª Turma, j. 06.07.2006, DJ. 21.08.2006, pág. 594, nº. 160.

É como voto.
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APELAÇÃO CÍVEL nº 472283/RN (2008.80.00.005384-7)


APTE : ANTÔNIO ANDRÉ DA SILVA COUTINHO
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APDO : INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE
ORIGEM : JUÍZO FEDERAL DA 5ª VARA - RN
RELATOR : Des. Fed. FRANCISCO WILDO

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA. CONVERSÃO PARA


APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE
LABORATIVA. COMPROVAÇÃO ATRAVÉS DE LAUDO PERICAL.
JUROS DE MORA. CORREÇÃO MONETÁRIA. CUSTAS.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
1. Trata-se de pedido de restabelecimento de auxílio doença e posterior
conversão em aposentadoria por invalidez.
2. A incapacidade laborativa não deve ser analisada de forma isolada, mas
levando-se em consideração as circunstâncias do caso concreto, ou seja, a
relação entre a incapacidade e o desempenho da atividade laboral. Nesse
passo, a incapacidade parcial, a que se refere o Laudo Pericial, apenas para
dirigir veículo e não para a atividade de vendedor causa grande prejuízo ou
praticamente aniquila o desempenho da atividade laborativa do demandante
(Comerciário – Contribuinte Individual - Vendedor Autônomo de Material
de Informática e Papelaria). Sem falar também no histórico de sua
cardiopatia que apresenta infarto, parada cardiorespiratória e vários
internamentos hospitalares em UTI, sendo o último nos dias 11 e 12 de
fevereiro do ano em curso (fls. 175/178).
3. Comprovada, através de perícia médica, a incapacidade parcial e
definitiva do segurado para o desempenho de suas atividades laborativas e
constatada a irreversibilidade do problema de que é portador (Miocardiopatia
Isquêmica + Arritmia Cardíaca do tipo Bloqueio no nível de Feixe de Hiss e
Insuficiência Cardíaca Esquerda de grau leve e moderado), é de se equiparar a
incapacidade parcial à incapacidade total para efeito de manutenção do
auxílio doença e a sua conversão em aposentadoria por invalidez.
4. Juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, a partir da citação e correção
monetária nos termos do Manual de Orientação de Procedimentos para os
Cálculos na Justiça Federal.
5. De acordo com o disposto no art. 8º, parágrafo 1º, da Lei nº 8.620/93 e da
Lei nº 9.289/96, o INSS, como autarquia federal, goza do privilégio da
isenção do pagamento de custas nos feitos em que atue como autor, réu,
assistente ou opoente, o que não o desobriga do encargo de reembolsar as
despesas antecipadas pela parte autora, contudo, sendo esta beneficiária da
Justiça Gratuita, não há despesas a serem reembolsadas pelo INSS, estando
isento de tal condenação.
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO WILDO

AC nº. 472283/RN
(A-2)

6. Honorários advocatícios de 10% (dez por cento) do valor da condenação,


nos termos da Súmula nº. 111/STJ.
7. Precedentes desta egrégia Corte.
8. Apelação do particular provida.

ACÓRDÃO

Vistos, etc.

Decide a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por


unanimidade, dar provimento à apelação, nos termos do Relatório, Voto e notas taquigráficas
constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

Recife, 18 de agosto de 2009.


(Data de julgamento)

Des. Fed. FRANCISCO WILDO


Relator

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