A NOSSA VISÃO E A VISÃO DE DEUS A RESPEITO DE NOSSA
VIDA RELIGIOSA “Quem há que pode discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas” diz o salmista no salmo 19.12. O salmista não diz que é impossível que alguém veja os seus próprios erros, mas que existe certa dificuldade e, por conseguinte pede que Deus o absolva das que ele não pode enxergar. Essa dificuldade de ver os próprios erros tem sido a causa de muitos outros cometidos por cada um de nós no decorrer de nossa vida. É possível inclusive que essa deficiência em enxergar as próprias faltas nos impulsione a ver com mais facilidade as faltas dos outros. Assim podemos constatar que a nossa visão acerca de nós mesmos tem uma grande probabilidade de está equivocada seja para o bom ou para o ruim. A visão de Deus é sempre a melhor e a mais correta. Dessa forma precisamos a cada instante colocar nossas práticas sob o crivo das Escrituras e orar como o salmista ao dizer: “Desvenda os meus olhos para que eu possa contemplar as maravilhas da sua lei” Salmo 119.18. Deus tem a visão certa a nosso respeito e precisamos, pois, nos submeter a ele, para que só então, possamos crescer e avançar em nossa vida de piedade e consagração. A ORDEM DE DEUS PARA ISRAEL 1 CLAMA em alta voz, não te detenhas, levanta a tua voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó os seus pecados. Deus chama a Isaías e ordena que clame em alta voz para que possa ser ouvido por todas as pessoas sem exceção. Ele também não deve deixar-se permitir qualquer tipo de impedimento que atrase sua urgente tarefa. Essa intransigente missão tem sua qualidade altissonante, celeridade e urgência intrinsecamente ligada ao estado deplorável de vida espiritual do povo de Israel, se é que pode chamar-se de vida espiritual uma vida afundada no lamaçal do pecado e da degenerência. Para Deus e segundo sua visão, não havia outra coisa senão pecado na vida prática de Israel. O povo não estava enxergando que o caminho percorrido por ele era o caminho contrário a santidade de Deus. Não havia piedade, consagração ou piedade segundo a visão de Deus. Louvado seja o nosso Deus porque até sua ordem para anunciar o nosso pecado, a nós hoje, em particular, significa que ele está nos dando uma oportunidade para endireitarmos nosso caminho e isso é maravilhoso. Anunciar nosso pecado através de sua palavra e a cada um em particular, nos convence em nosso coração que somos pecadores. A APARENTE PIEDADE DE ISRAEL 2 Todavia me procuram cada dia, tomam prazer em saber os meus caminhos, como um povo que pratica justiça, e não deixa o direito do seu Deus; perguntam-me pelos direitos da justiça, e têm prazer em se chegarem a Deus, 3 Dizendo: Por que jejuamos nós, e tu não atentas para isso? Por que afligimos as nossas almas, e tu não o sabes? Eis que no dia em que jejuais achais o vosso próprio contentamento, e requereis todo o vosso trabalho. Mas, não era em pecado que Israel se via. Não era com as práticas reprovadas por Deus que o povo descendente de Jacó se enxergava. Israel imaginava de si mesmo algo bem diferente. O fato de manterem uma vida religiosa ativa, com os rituais sendo praticados dia a dia, com as práticas de jejum e oração em plena atividade, os fazia pensar de si mesmo que tudo estava bem, que prosperavam em piedade e retidão. Todos pensavam que estavam zelando pelos direitos de Deus fazendo todas essas coisas, sendo justos, a tal ponto de poderem questionar a Deus do por que ele não estava respondendo a altura de sua vida de piedade e consagração. Não percebiam o mecanicismo de seus atos, as atitudes movidas pelo hábito repetido nos longos anos, assim como o costumeiro agir resultante de uma religião repleta de ritos e práticas externas. Para tudo parecia estar certo devido a prática religiosa externa, mas para Deus tudo estava errado devido a maldade de seus corações. Nós também podemos alimentar uma visão e um ponto de vista errado de nós mesmos. Podemos cair no erro de observar a fé apenas do ponto de vista abstrato, desvencilhado do conhecimento prático que parte do coração de Deus para o nosso mediante sua palavra. Doutrina correta, liturgia eclesiasticamente ortodoxa, mas, sem um coração segundo a vontade de Deus não serve de nada. O VERDADEIRO ESTADO ESPIRITUAL DE ISRAEL 4 Eis que para contendas e debates jejuais, e para ferirdes com punho iníquo; não jejueis como hoje, para fazer ouvir a vossa voz no alto. 5 Seria este o jejum que eu escolheria, que o homem um dia aflija a sua alma, que incline a sua cabeça como o junco, e estenda debaixo de si saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aprazível ao SENHOR? Assim se Israel tinha um pensamento e uma idéia de si mesmo que contrariava o seu verdadeiro estado, qual era então a situação desse povo? Nos versos 4,5 de Isaias 58, Deus vai relatar através do profeta qual era de fato o verdadeiro estado desse povo. Todo o sacrifício em termos de jejuns e orações era inútil diante da prática concomitante de seus atos de consagração e pecados. Jejuns e contendas, jejuns e bate bocas, jejuns e violência física aconteciam ao mesmo tempo. Pensavam ser santos ao jejuarem, mas esqueciam de que bater em alguém era um procedimento iníquo. Deus diz através do profeta que aquilo que eles pensavam ser jejum, submissão, reverência e quebrantamento, não passava de práticas vazias tanto de sentido quanto de origem. Essas práticas mecânicas de aparente piedade eram na verdade atitudes secas vindo de um coração onde Deus não dirigia e nem determinava as inclinações. Clamar que Deus falasse do alto, sem disposição e nem desejo de obedecer a sua vontade era algo inútil e não causava prazer algum em Deus. Também precisamos nos perguntar por que vamos à igreja, porque oramos, porque cantamos a Deus, porque ouvimos sua palavra através da exposição das Escrituras. Porque fazemos tudo isso? E para que agimos assim? Procedemos assim porque somos crentes, alguém pode dizer. Isso está correto. Mas, para que fazemos assim? A única resposta satisfatória seria de que fazemos tudo isso para realmente obedecer ao Senhor em tudo e de forma que ele tenha prazer em nossa vida. Se fizermos tudo isso, que era o que Israel também fazia, mas não extrairmos o fim prático, nos tornaremos vazios e sem causar em Deus o mínimo de satisfação. A PIEDADE DO PONTO DE VISTA DE DEUS 6 Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? 7 Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne? Desta forma se não era do jeito que vimos acima o modo como Israel deveria se portar como povo de Deus, então qual era a forma correta? Qual era o modo de Deus? Deus vai responder através da boca do profeta que o que ele esperava de Israel era que a prática ritual e religiosa fosse igual a prática na vida com respeito ao viver diário na sociedade. Que houvesse similitude entre a teoria e as atitudes no viver cotidiano. Israel tinha esquecido o que sofrera no Egito, que Deus puniu aquela nação justamente por causa da sua impiedade. Israel agora era um povo livre, ia ao templo, mas se tornara mal em suas práticas. Era violento, injusto e explorador dos menos favorecidos. O mais forte oprimia o mais fraco e o mais rico explorava o mais pobre. Os mais fartos não viam as necessidades dos que não tinham nada. Havia quem passasse fome, quem não tivesse terra e até quem não tinha teto. Quando Deus repartiu a terra prometida entre as tribos ninguém ficou com mais do que outro. Agora anos mais tarde havia em Israel uma verdadeira desordem social e econômica. Os que iam a igreja não percebiam o que estavam praticando de forma contrastante com a lei de Deus e ainda achavam que o culto mecânico tinha alguma coisa em comum com a vontade de Deus. Para o Senhor assistir aos pobres e ser justo é a melhor forma de demonstrar a fé nele e de lhe agradar. Quantos também não existem hoje em nossos dias que são excelentes freqüentadores de igrejas, bons ouvintes dos cultos vespertinos, bons alunos, mas péssimos crentes. Que possamos pela graça e favor de Deus, através de sua palavra nos endireitar em nossas vidas. A RECOMPENSA PARA A PIEDADE CORRETA 8 Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do SENHOR será a tua retaguarda. 9 Então clamarás, e o SENHOR te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar iniquamente; (ver 10-14) Como Deus é misericordioso e compassivo, ele nos ensina ainda sobre o resultado do retorno a ele mediante o arrependimento. Ele afirma que se tornará a favor de Israel, haverá luz e as trevas serão dissipadas. Mais santidade e menos pecado. Mais vida, mais saúde, menos morte e menos doença. Israel será guiado pela justiça do Senhor e guardado pela sua glória. Será buscado e será achado, clamarão a ele e ele ouvirá e atenderá. Se houver mudança de vida, de disposição, de comportamento, se a iniqüidade desaparecer, se houver a mansidão e a misericórdia, se os planos iníquos desaparecer da boca do povo, então haverá favor de Deus para Israel. Deus não mudou. Sua vontade não mudou, seus planos não mudaram e sua graça persiste a mesma. Assim do mesmo jeito será conosco caso abandonemos o nosso pecado e todo tipo de procedimento contrário a sua lei e vontade. Se formos mais consistentes em nossas práticas doutrinárias, mais coerentes em nossa fé e mais conscientes de nossos atos, nos submetendo ao Senhor, certamente ele nos abençoará como igreja e como servo individualmente. Haverá a prosperidade que tantos desejam e sonham, mas não segundo pensam, mas como Deus quer. Se houver arrependimento e abandono de todos os atos pecaminosos, de toda a iniqüidade, Deus promete suster seu povo e como garantia ele dar sua própria palavra (14). Pr. Wellington