Sei sulla pagina 1di 11

LINGUAGEM CARTOGRÁFICA: UM OLHAR A PARTIR DO 6º ANO DO ENSINO

FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS ESTADUAIS DA CIDADE DE GOIÁS/GO

Auristela Afonso da Costa3


Alexandra Roque Francisco de Assis4
Natália Lucas Mesquita5

Resumo:
Esta pesquisa objetivou conhecer a relação dos alunos do 6º ano do ensino fundamental das escolas
estaduais da cidade de Goiás/GO com a linguagem cartográfica. A pesquisa seguiu a seguinte
metodologia: levantamento e revisão bibliográfica (concepção teórico-metodológica); levantamento
das escolas que atendiam a série supracitada; seleção aleatória de uma turma em cada escola, frente
impossibilidade de trabalhar com universo de alunos; observações em sala de aula; aplicação de
questionários juntos aos alunos, tabulação dos dados e representação gráfica para subsidiar o pré-
diagnóstico quanto à linguagem cartográfica; aplicação de atividades aos alunos, para averiguar o
grau de conhecimento da linguagem em questão, sobretudo identificando o domínio ou não das
relações espaciais (topológicas, projetivas e euclidianas); análise e interpretação dos dados. A
maioria das respostas dos alunos entrevistados nas quatro escolas investigadas indica que: os alunos
concebem o mapa como representação do espaço geográfico; sabem ler e gostam de estudá-lo;
legenda foi o elemento com maior indicação na categoria domínio, fusos horários na categoria
dificuldade e latitude e longitude, na categoria não possuem domínio; mapas do Brasil, o material
de maior utilização pelo professor em sala de aula e também de maior preferência dos alunos; os
professores empregam mapa com maior freqüência nos conteúdos de Geografia Física e explicam
os conteúdos geográficos a partir dos mapas do livro didático. A atividade de mapeamento revelou
que a maioria dos alunos apresenta domínio das relações topológicas e projetivas, mas não das
euclidianas, o que era esperado na faixa etária dos alunos entrevistados.

Palavras-chave: linguagem cartográfica; ensino fundamental, escolas estaduais

INTRODUÇÃO
Atualmente, o mapa está constantemente presente no dia a dia da população, constituindo, até
mesmo, pano de fundo para propagandas na mídia. No entanto, em outros momentos históricos, este
tipo de documento não era disponibilizado para a sociedade civil e tinha caráter sigiloso.
Assim, não só os mapas como o conhecimento geográfico tinha uma leitura diferenciada da
atual, os quais são considerados por muitos alunos como enfadonhos e desconectados de sua
realidade. A esse respeito, Lacoste (1997), observa que em diversos países, a Geografia foi
claramente percebida como saber estratégico, e tanto o mapa quanto as documentações estatísticas
estavam reservadas a uma minoria dirigente.

3
Coordenadora do Projeto de Pesquisa e Professora do Curso de Licenciatura em Geografia/Universidade Estadual de
Goiás/Unu Cora Coralina – aurigeo16@hotmail.com; (062) 8116-0911
4
Bolsista PVIC/UEG e Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia; alexandra.all.assis@hotmail.com
5
Colaboradora no Projeto e Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia; natalia-mesquita@hotmail.com
577
Frente à colocação do autor supracitado e à realidade que se observa atualmente nas escolas
fica o questionamento: Como a Geografia e os mapas deixaram de ser conhecimentos estratégicos,
portanto, instrumentos de poder, para se tornar, de certa forma, objetos de insatisfação no seu
aprendizado?
Francischett (2000) e Moraes (2001) ressaltam que a associação entre Geografia e mapas é
inevitável e que o descontentamento e a dificuldade dos alunos perpassam pelo desconhecimento da
linguagem utilizada nos mapas. Para a primeira autora, a linguagem dos mapas, constitui-se como
principal chave para o pensamento crítico sobre o espaço e que a utilização de mapas é um processo
de ir e vir, do concreto ao abstrato, da imagem para o significado. É um trabalho que se desenvolve
da etapa de representação dos espaços em que vivemos, conhecemos e experimentamos até a
interpretação de realidades não conhecidas e que exigem maior abstração.
A esse respeito, Castrogiovanni e Costella (2006, p 52) acrescentam que o mapa “corresponde
a uma organização espacial imaginária, ao mesmo tempo em que sintetiza uma realidade”, o que
reforça a necessidade do aluno saber codificar e decodificar a linguagem para atribuir-lhe
significado.
Almeida (2003) acrescenta que o indivíduo que não sabe usar um mapa, fica impossibilitado
de pensar aspectos sobre o território, pois está restrito às representações registradas em sua
memória, referentes apenas ao espaço vivido, e incapaz de situar qualquer outro tipo de localidade.
Em função da importância dos documentos dessa natureza, Martinelli (2003, p. 11-12) destaca
que “o mapa nunca deverá resultar de uma ilustração de texto geográfico, mas, ao contrário, deverá
ser um meio capaz de revelar o conteúdo da informação, proporcionando desta forma, a
compreensão, a qual norteará os discursos científicos, permitindo ao leitor uma reflexão crítica
sobre o assunto.”
Mediante as questões expostas, o presente trabalho tem por objetivo conhecer a relação dos
alunos do 6º ano do ensino fundamental das escolas estaduais da cidade de Goiás/GO com a
linguagem cartográfica.

MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa foi desenvolvida obedecendo algumas etapas e procedimentos metodológicos.
Inicialmente realizou-se o levantamento e a revisão bibliográfica sobre o tema, visando construir a
fundamentação teórico-metodológica e a definição dos principais conceitos tratados pela ciência
cartográfica. Dentre as várias referências consultadas, nos embasamos sobretudo em Almeida e

578
Passini (1994); Francischett (2000); Morais (2001); Almeida (2003); Castrogiovanni e Costella
(2006). Além da literatura científica que aborda o tema, fez-se também uma revisão nos Parâmetros
Curriculares Nacionais de Geografia – 3º ciclo (BRASIL, 2001) , com o intuito de aprofundar sobre
a proposta oficial para o ensino de Geografia do 6º ano do ensino fundamental, estando nela,
incluso o conteúdo de Cartografia.
Em seguida, foi realizado o levantamento na Secretaria de Educação do Estado das escolas
que ofereciam o 6º ano do ensino fundamental em nove anos e os turnos de funcionamento. A série
em questão é oferecida em quatro escolas, sendo a pesquisa realizada de agosto a dezembro de 2008
no Colégio de Aplicação Prof. Manoel Caiado e no C.E. Dr. Albion de Castro e de fevereiro a junho
de 2009 no C.E. Augusto Perillo e C.E. Lyceu de Goyaz. A maioria das escolas da rede estadual de
ensino na cidade de Goiás oferece o 6º ano do ensino fundamental em nove anos nos três turnos
(matutino, vespertino e noturno). Todavia, frente a impossibilidade de acompanhar todas as turmas
relativas à série em questão - questões financeiras e de recursos humanos - selecionou
aleatoriamente uma turma em cada escola.
Iniciando o pré-diagnóstico sobre a linguagem cartográfica, fez-se observações em sala de
aula, com a finalidade de acompanhar o domínio ou não da linguagem cartográfica por parte dos
alunos, bem como as metodologias utilizadas pelos professores no desenvolvimento do conteúdo
cartográfico. Essa etapa foi realizada com dificuldade, pois houveram empecilhos por parte dos
professores ou do próprio calendário escolar.
Na sequência foram aplicados os questionários aos alunos, no sentido de conhecer um pouco
da sua relação com a linguagem cartográfica, levantar suas limitações (e porque não, os sucessos)
quanto ao uso dessa linguagem e a sua visão sobre as metodologias utilizadas pelos professores. Os
dados obtidos foram tabulados e representados graficamente, no sentido de facilitar sua leitura e
interpretação.
Atualmente alguns autores, dentre os quais Almeida e Passini (1994); Morais (2001)
Castrogiovanni e Costella (2006) e os próprios PCN´s, reconhecem a importância da alfabetização
cartográfica como parte da formação do cidadão, tanto quanto é necessário a alfabetização para as
letras e para os números.
Nesse processo há uma preocupação com dois eixos básicos na formação do aluno: a)
mapeador consciente: deve passar primeiramente pelas atividades de mapeamento, dominando
significados criados por eles mesmos, portanto, devem passar pela experiência de construir legendas
com simbologias próprias, fazendo uma correlação entre o real e o que está sendo representado; b)

579
leitor crítico: a criança que vivenciou os desafios de mapeamento, sente-se estimulada e tem as
bases para decodificar os signos e símbolos utilizados nas representações cartográficas, portanto,
com desenvolvimento para ser um futuro leitor de mapas e do espaço geográfico.
Assim, considerando as discussões da literatura científica, aplicou-se atividades de
mapeamento aos alunos para averiguar o grau de conhecimento da linguagem cartográfica,
sobretudo identificando o domínio ou não das relações espaciais topológicas, projetivas e
euclidianas. As atividades de leitura não foram aplicadas devido ao tempo disponibilizado pelas
escolas para o acompanhamento dos alunos, ficando o seu diagnóstico restrito às respostas obtidas
via questionário.
Após essas etapas, buscou-se analisar e interpretar os dados, no sentido de avaliar a relação
dos alunos das escolas da rede estadual de ensino com a linguagem cartográfica e a contribuição
dessas escolas no processo de codificação e decodificação das representações espaciais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados, aqui apresentados, têm por base as observações em sala de aula e a aplicação
de questionários e da atividade de mapeamento junto aos alunos.
As observações em sala de aula, em linhas gerais, permitiram verificar que o ensino de
Geografia nas quatro escolas investigadas, ainda se faz, tendo por base o livro didático. Os planos
de aula dos professores de parte dessas escolas seguem a proposta desse material didático, ou seja, o
conteúdo de Cartografia é concentrado nos primeiros meses e muito pouco explorado com outros
conteúdos no decorrer do ano. Esse fato foi observado para as escolas investigadas no segundo
semestre de 2008. As observações indicaram, ainda, que muitas das atividades desenvolvidas em
sala de aula também são aquelas sugeridas pelo livro didático.
Cabe lembrar que tanto no livro didático como nos próprios PCN´s, o conteúdo cartográfico é
sugerido para as séries iniciais da segunda etapa do ensino fundamental, geralmente o 6º ano, e
resgatado novamente apenas no ensino médio.
A aplicação e tabulação dos dados obtidos através dos questionários, nos forneceram
importantes resultados para o diagnóstico realizado sobre a linguagem cartográfica, sendo os
principais aspectos discutidos a seguir.
Nas quatro escolas investigadas, pelo menos mais da metade dos alunos entrevistados eram do
sexo masculino. A idade mínima apresentada pelos alunos entrevistados foi de 10 anos (C.E. Lyceu
de Goyaz) e a máxima foi de 18 (C.E. Dr. Albion de Castro Curado).

580
Nas quatro escolas investigadas, a maioria dos alunos indicaram o mapa como representação
do espaço geográfico (88 % no C.E. Lyceu de Goyaz; 85 % no Colégio de Aplicação Prof. Manoel
Caiado; 80% no C.E. João Augusto Perillo e 74% no C.E. Dr. Albion de Castro Curado), em
contraposição a pequenas porcentagens que concebiam o mapa como desenhos com linhas e
símbolos sem significado (0 a 20%) ou figuras para ilustrar o texto (0 a 15%). A partir dessa leitura,
os alunos entrevistados demonstraram encontrar significado no mapa, constituindo num indicativo
de que esse documento cartográfico pode facilmente ser utilizado como um instrumento de
compreensão e análise da realidade Almeida e Passini (1994); Francischett (2000); Morais (2001);
Almeida (2003); Castrogiovanni e Costella (2006). Esse conceito também é um indício de avanços
no processo ensino-aprendizagem em Geografia, afinal durante um longo período, estudar mapas
era transcrever linhas e símbolos, sem nenhum significado ou entendimento do espaço que
representavam.
Procurou-se através do questionário saber a relação dos alunos com o mapa. A maioria dos
alunos apontou que sabem ler e gostam de estudar o mapa, sendo 87,5 % no C.E. Dr. Albion de
Castro Curado; 80% no C.E. João Augusto Perillo; 69,2 % no Colégio de Aplicação Prof. Manoel
Caiado e 64 % no C.E. Lyceu de Goyaz
Os alunos também foram questionados quanto aos conteúdos estudados e materiais
cartográficos utilizados no decorrer do ano letivo. Mapas do Brasil foi a opção com maior
indicação entre os alunos entrevistados do C.E. João Augusto Perillo, Colégio de Aplicação Prof.
Manoel Caiado (respectivamente com 100%) e do C.E. Dr. Albion de Castro Curado (87,5%). No
C.E. Lyceu de Goyaz, os mapas do Brasil, com 92%, perdeu apenas para a rosa dos ventos que foi
indicada por 96% dos alunos entrevistados
Procurou-se conhecer também a preferência dos alunos quanto a esses conteúdos e materiais
cartográficos. Mapas do Brasil foi a variável com maior indicação no Colégio de Aplicação Prof.
Manoel Caiado e C.E. João Augusto Perillo (84,6 % e 80 %, respectivamente). Já no C.E. Lyceu de
Goyaz o item com maior indicação foi rosa dos ventos com 84% e no C.E. Dr. Albion de Castro
Curado, maquetes com 50 %.
Se compararmos os dados dessa questão com a anterior, percebe-se que apesar das pequenas
divergências, há uma certa coincidência dos conteúdos/materiais apontados pelos alunos como
estudados/utilizados no ano letivo e aqueles de sua preferência.
Os alunos entrevistados foram questionados também quanto ao grau de domínio do conteúdo
cartográfico. Para a categoria tem domínio (facilidade), legenda foi o elemento que teve maior

581
indicação pelos alunos entrevistados de todas as escolas (88 % C.E. Lyceu de Goyaz; 84,6% no
Colégio de Aplicação Prof. Manoel Caiado; 70% C.E. João Augusto Perillo e 50% C.E. Dr. Albion
de Castro Curado). Nessa categoria, leituras de mapas também teve boa indicação em três escolas
(70 % C.E. Lyceu de Goyaz; 69,3 % no Colégio de Aplicação Prof. Manoel Caiado e 50% C.E. Dr.
Albion de Castro Curado), seguido de elaboração de mapas que apresentou maior porcentagem em
duas escolas (68 % C.E. Lyceu de Goyaz e 60% C.E. João Augusto Perillo) (figuras 01 a 04).
Na categoria dificuldades, não houve coincidência quanto aos elementos nas diferentes
escolas pesquisadas. No Colégio de Aplicação Prof. Manoel Caiado o item em que os alunos
entrevistados indicaram maior dificuldade foi fusos horários com 69,3%; no C.E. Dr. Albion de
Castro Curado foi orientação com 31,2 %; no C.E. João Augusto Perillo, perfil topográfico com 40
% e no C.E. Lyceu de Goyaz, projeção cartográfica com 36%.

Grau de dom ínio do conteúdo cartográfico por parte dos alunos


entrevistados - Colégio de Aplicação Prof. Manoel Caiado (2008)

100
90
escalas
80
projeção cartográfica
70
perfil cartográfico
60
% 50 orientação
40 fuso horário
30 leitura de mapas
20 latitude e longitude
10 legenda
0
elaborar mapas
domínio dificuldades não tem não
domínio respondeu

Grau de dom ínio dos conteúdos cartográficos por parte dos alunos
entrevistados - C.E. Dr. Albion de Castro Curado (2008)

100 escalas

90
projeção cartográfica
80
perfil cartográfico
70

60 orientação
% 50
fuso horário
40

30 leitura de mapas

20
latitude e longitude
10
legenda
0
domínio dificuldades não tem não respondeu
domínio elaborar mapas

582
Grau de dom ínio do conteúdo cartográfico por parte dos alunos
entrevistados - C. E. Prof. Augusto Perillo (2009)

100 escalas
90
pro jeção
80 carto gráfica
perfil
70 carto gráfico
60 o rientação

% 50 fuso ho rário
40
leitura de mapas
30
latitude e
20
lo ngitude
10 legenda

0
elabo rar mapas
domínio dificuldades não tem não
domínio respondeu

Grau de domínio do conteúdo cartográfico por parte dos alunos


entrevistados - C. E. Lyceu de Goyaz (2009)
100
escalas
90
projeção
80 cart ográfica
perf il cartográfico
70

60 orientação

% 50 fuso horário

40
leitura de mapas
30
latit ude e longitude
20
legenda
10

0 elaborar mapas
domínio dificuldades não tem domínio não respondeu

Figuras 01 a 04 – Grau de domínio do conteúdo cartográfico dos alunos entrevistados das quatro escolas
investigadas, classificados nas categorias: domínio (facilidade), dificuldades, não tem domínio e não
responderam.
Autores: ASSIS, A.R.F.; COSTA, A.A.; MESQUITA, N.L. (2009)

Conforme pôde ser observado nas figuras acima, na categoria não tem domínio, o item que
coincidiu nas quatro escolas, como um dos mais indicados foi latitude e longitude (60% C.E. João
Augusto Perillo; 53,8 % Colégio de Aplicação Prof. Manoel Caiado; 43,8 % C.E. Dr. Albion de
Castro Curado e 40 % C.E. Lyceu de Goyaz). Em parte das escolas, os elementos perfil topográfico
(com 53,8% no Colégio de Aplicação Prof. Manoel Caiado e 40% no C.E. Lyceu de Goyaz) e fusos
horários (70% no C.E. João Augusto Perillo e 40 C.E. Lyceu de Goyaz ) também ti elevadas
porcentagens nessa categoria.

583
Para saber como estava sendo o emprego dos mapas no ensino de Geografia, perguntou-se
aos alunos entrevistados para quais conteúdos o(a) professor(a) fez uso dos mapas. A temática que
foi apontada pelos alunos das quatro escolas foi vegetação (100 % no Colégio de Aplicação Prof.
Manoel Caiado e C.E. Lyceu de Goyaz; 90 % no C.E. João Augusto Perillo e 56,3 % no C.E. Dr.
Albion de Castro Curado). Outra temática com muita freqüência em três escolas foi clima (100 %,
respectivamente no Colégio de Aplicação Prof. Manoel Caiado e C.E. Lyceu de Goyaz e 56,3 % no
C.E. Dr. Albion de Castro Curado). Em linhas gerais, pôde-se observar que nas quatro escolas
pesquisadas, o mapa está presente com maior freqüência no estudo dos elementos do meio físico,
ficando os elementos sociais relegados a segundo plano.
Para saber um pouco sobre as metodologias adotadas para o ensino de Geografia,
perguntamos aos alunos entrevistados como o(a) professor(a) utilizou os mapas em sala de aula para
trabalhar os conteúdos relacionados na questão anterior. Em três escolas a variável com maior
indicação foi o (a) professor (a) explica o conteúdo a partir dos mapas do livro didático (88 % no
C.E. Lyceu de Goyaz; 87,5 % no C.E. Dr. Albion de Castro Curado e 80 % no C.E. Augusto
Perillo). Na quarta escola, essa opção foi a segunda variável mais indicada, com 92,3 % das
respostas.
Em linhas gerais, o resultado dessa questão indica que as metodologias adotadas ainda são
tradicionalistas e baseadas sobretudo no livro didático, o qual se transforma no principal recurso
adotado em sala de aula.
Por fim, os alunos foram questionados sobre o fato do professor, propor ou não a elaboração
de mapas a partir da realidade dos alunos. Em todas as escolas, exceto no C. E. Lyceu de Goyaz , os
alunos foram unânimes em afirmar que sim.
As atividades de mapeamento apontadas pela maioria dos alunos de cada escola foram
trajeto casa-escola (100 % no Colégio de Aplicação Prof. Manoel Caiado; 62,5 % C.E. Dr. Albion
de Castro Curado e 56 % C.E. Lyceu de Goyaz) e sala de aula (100 % no Colégio de Aplicação
Prof. Manoel Caiado; 80 % C.E. Augusto Perillo e 56 % C.E. Lyceu de Goyaz)
No sentido de avançar no diagnóstico realizado para conhecer a relação do aluno com a
linguagem cartográfica solicitou que os mesmos fizessem um mapa mental do trajeto entre sua casa
e a escola. Essa atividade é importante para avaliar o desenvolvimento do aluno como mapeador e
seu domínio ou não das relações espaciais topológicas, projetivas e euclidianas. Esta foi aplicada
em sala de aula, juntamente com o questionário, cujos resultados foram acima discutidos.

584
As atividades em questão revelaram que os alunos das quatro escolas investigadas
apresentaram ligeira diferenciação uma em relação às outras, quanto ao grau de domínio das
relações espaciais, ou seja, em parte delas os mapas revelaram haver maior quantidade de
representações com domínio das relações topológicas e em outras, maior domínio das relações
projetivas, porém nenhuma com domínio das relações euclidianas. Cabe ressaltar que para a faixa
etária apresentada pelos alunos, entre 10 e 18 anos (o que foi confirmado através do questionário)
era esperado que parte desses alunos já tivesse noções de proporcionalidade e de conservação da
distância, comprimento e superfície, características estas, das relações euclidianas.
As escolas em que os mapas dos alunos ainda apresentam predominantemente características
topológicas, ou seja, há um extraordinário egocentrismo, os lugares conhecidos estão todos
conectados com a própria casa, os símbolos utilizados são icônicos, inexistência de escala, direção,
orientação e distância, entre outros (figura 05 e 06) foram C.E. Lyceu de Goyaz (73,9 %) e C.E. Dr.
Albion de Castro Curado (62,5%).

Figuras 05 e 06 – Representação com características topológicas.

Nas representações projetivas percebe-se a presença da perspectiva, edifícios construídos na


forma plana, melhor coordenação entre os objetos, direção e orientação, entre outros (figuras 07 e
08). O Colégio de Aplicação Prof. Manoel Caiado apresentou o melhor resultado (36,4 %).

585
Figuras 07 e 08 – Representações com características projetivas (ou com predomínio delas, embora
ainda haja elementos característicos das relações topológicas)

A análise dos resultados evidenciou que há algumas representações que são intermediárias, ou
seja, predominam as características de um tipo de relação espacial como a projetiva, mas ainda há
elementos típicos das relações topológicas, o que também pode ser percebido nas representações
acima. O C.E. Augusto Perillo foi a escola que apresentou maior quantidade de casos nessa situação
(40%)

PARA NÃO CONCLUIR...


Na compreensão e leitura do espaço, o mapa se apresenta como uma importante ferramenta,
pois nos permite visualizar os fenômenos e fornece elementos para uma análise mais aprofundada
dos fatos. No entanto, sem o domínio da linguagem cartográfica esses documentos passam a
constituir apenas figuras ilustrativas e não permitem que o indivíduo compreenda e atue no espaço.
No processo de compreensão, análise e representação do espaço é reconhecido o papel da
escola, a qual poderá não só sistematizar os conceitos espaciais que os alunos adquiriram desde o
nascimento, mas acrescentar novos conceitos e trabalhar o significado da linguagem que permitirá a
leitura do mapa e consequentemente, a compreensão e análise crítica da realidade.
Nesse contexto, é importante ressaltar o uso de metodologias adequadas, possibilitando e
estimulando o aprendizado e a leitura do espaço geográfico, pois o aluno deixará de reproduzir um
saber já estabelecido e passará a construir o seu próprio conhecimento. Como parte dessa realidade,
os materiais didático-pedagógicos são importantes auxiliares no processo de ensino-aprendizagem,
tornando as aulas atraentes e envolvendo o aluno em situações concretas de estudo.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, R.D. de; PASSINI, E.Y. O espaço geográfico: ensino e representação. São Paulo:
Contexto, 1994. 90 p.

BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros curriculares nacionais: história e geografia. 3 ed.


Brasília: MEC/SEF, 2001. 166 p.

CASTROGIOVANI, Antônio Carlos; COSTELLA, Roselane Zordan. Brincar e cartografar com


os diferentes mundos geográficos:a alfabetização espacial. Porto Alegre:EDIPUCRS, 2006. 126 p.

FRANCISCHETT, Mafalda Nesi. A Cartografia no Ensino da Geografia. Francisco Beltrão:


Grafit, 2000. 148 p.

LACOSTE, Yves. A Geografia - isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. 4 ed.
Campinas: Papirus, 1997. 263 p.

MARTINELLI, Marcelo. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo : Moderna, 1998.
112 p.

MORAES, Loçandra B.. Goiânia em mapas: a cidade e sua representação no ensino de Geografia.
2001.181f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Instituto de Estudos Sócio-Ambientais,
Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2001.

587

Potrebbero piacerti anche