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Revisto histórico...

Alvor-Silves & Odemaia


Maio de 2011. Volume 2, nº 5.

As caves de Maastricht (página 37)

Os nomes e as serras
Âncoras Suiças (2) Gigante de Lucerna
(página 34)

(página 32) (página 45)

Alvor-Silves
2 ... Zenobia
4 ... Jefe
7 ... Arco Emerita Augusta
A linha que divide a terra, 9 ... A linha que divide a terra, o mar e os céus
o mar e os céus 11 ... Sóis e Luas
13 ... As Tebas
É assim que Plínio designa o 15 ... Conde D.Henrique e as quinas (2)
Promontório Magno, hoje Cabo 16 ... O Panorama
da Roca, numa orientação em que 22 ... Loxodrómia
se trocam as orientações… 24 ... 23 maneiras de ser diferente
26 ... Mapas de Dieppe (3) - Nuca Antara
(página 9) 29 ... A última piada du Bocage
32 ... Âncoras suiças (2)
34 ... Os nomes e as serras
37 ... As caves de Maastricht
39 ... Das Maçãs às Laranjas

Arco Emerita Augusta


41 ... Basiliscos de Basileia e Medos de Medusa
44 ... Elefantes pelos Mamutes
45 ... O Gigante de Lucerna
Um enorme arco… em Mérida.
Não sendo romano, desconhece- Odemaia
se a sua origem… queixa-se 47 ... Cydonia & Sidonia
Gaspar Barreiros, de que povo 49 ... Naumaquias
tudo atribuía a Hércules (e não 50 ... Moon Spots
52 ... O halo de Ourém
tanto aos romanos)!
54 ... Tiahuanaco liliputiano
(página 7) 55 ... Ararat e as cavernas do vulcão

alvor-silves.blogspot.com odemaia.blogspot.com Página 1


AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Zenobia

A cidade de Palmira (hoje na Síria), ainda exibe


impressionantes ruínas do que foi um suspiro de breve
independência do Império Romano, 12 anos
protagonizados pela rainha Zenobia, entre 260 e 272
d.C.

Zenóbia enquadrou-se numa sequência de rainhas


míticas:
- Semiramis (Assíria, Babel)
- Dido (Fenícia, Cartago)
- Cleópatra (Egipto, Alexandria)
... sendo as duas primeiras consideradas lendárias, e da
terceira feita a lenda.

Dido (e Eneias, segundo Virgilio), Cleopatra, Zenobia


(ou mulher de Palmira)

Se do lado ocidental do Império Romano o "tempo"


foi mais castigador na preservação de ruínas, na parte
oriental do império, o deserto, os bizantinos e os árabes
em vez dos godos, deixaram-nos alguns vestígios
razoavelmente intactos de grandes construções,
possíveis a estudo posterior.

O Império Romano teve um sobressalto de divisão


involuntária após a prisão do imperador Valeriano na
batalha de Edessa contra os Persas. Apesar dos
sucessos de Claudio II (chamado Claudio Gótico, por
ter derrotado os Godos), instalam-se o Impérico Gálico
a ocidente, e o Império de Palmira a oriente.
É deste Claudio II que Faria e Sousa referia não se
conhecer a ascendência, comparando com o caso do Dido (e Eneias, segundo Virgilio);
Cleópatra;
Conde D. Henrique.
Zenobia (ou mulher de Palmyra).

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/zenobia.html Página 2
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Sobre Zenobia, apesar deste registo de ser no tom


"antes morrer do que ser serva", os vencedores
registaram que foi cativa, e apresentada como tal em
Roma, juntamente com Tétrico, o sucessor ocidental
de Postumus... ainda que esta versão tenha sido logo
posta em causa pelos próximos de Zenobia. Sintoma
da sua independência efectiva, Zenobia mandou
cunhar moeda própria:

Colapso do Império Romano em 268 d.C.

Do lado ocidental está o Império Gálico 260-270 d.C.


com Postumus que une a Gália, a Britania e a Hispania
sob seu controlo independente. Do lado oriental
Zenobia sucede a seu marido num império oriental que
reunia o Médio-Oriente com o Egipto.
Se Cleópatra ficou lendária, Zenobia tomou essa Zenobia liderou um império de Nabateus (que não
ascendência, legitimando-se como uma sucessora de devem ser confundidos com Nabantinos) por um
rainhas. O Império Romano reorganizou-se sob o breve período, mas talvez tenha deixado claro que o
controlo de Aureliano, talvez o último imperador a desejo de formar um império oriental, com o
restaurar a glória de Roma, e marchou sobre os dois Egipto, não se tinha desvanecido com Cleópatra e as
recentes impérios que sucumbiram. Aureliano terá suas jogadas políticas.
tentado convencer Zenobia a render-se, mas a sua Da mesma forma, do lado ocidental havia um igual
resposta é esclarecedora sobre a personalidade: desejo independentista. Assim, estavam formadas as
condições de pressão para a separação definitiva do
Never was such an unreasonable demand proposed, or such Império Romano em duas partes.
rigorous terms offered by any but yourself. Remember, Aurelian,
that in war whatever is done, should be done by valour. You
imperiously command me to surrender; but can forget that
Cleopatra chose rather to die with the title of queen, than live in
any inferior dignity. We expect succours from Persia; the Alvor-Silves, publicado em 3 de Maio de 2011
Saracens are arming in our cause: even the Syrian banditti have
already defeated your army. Judge what you are to expect from a
conjunction of these force. You shall be compelled to abate that
pride, with which, as if you was absolute lord of the universe, you
command me to become your captive.

Ruínas da cidade de Palmyra (Síria)

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/zenobia.html Página 3
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Jefe
O alfabeto, uma organização fonética de escrita teve a Para além desta ligação recorrente à Frígia, também
sua origem atribuída a Agenor, de acordo com a o irmão Cilix acabará por fundar a Cilícia, sempre na
mitologia grega, um lendário rei fenício. Nascido em Ásia Menor, onde a confusão e aglomeração de
Memphis, no Egipto, filho de Poseidon e Lybia, estava reinos é bem ilustrada nesta imagem da wikipedia:
ainda ligado a Cartago, de acordo com Virgílio, que
colocava Dido como sua descendente.

Heródoto considera que Agenor viveu antes de 2000


a.C., e sendo comum considerar Europa como sua
filha, na Ilíada é também considerada como neta, filha
de Fénix.

Na procura de Europa, raptada por Zeus sob forma de


touro, Agenor enviaria os filhos Fenix, Cadmus e Cilix.
Para a história grega interessa especialmente Cadmus,
que iria fundar a Tebas grega e passar o alfabeto fenício A complexidade de reinos na Ásia Menor, na Antiguidade,
aos gregos. não estando representados Hititas e ainda outros povos...

Cadmus, o irmão mais velho, ajudado por Atena irá


fundar Tebas semeando homens com dentes de um
dragão, após ter tido aprovação dos deuses no
casamento com Harmonia em Samotrácia. A
referência à ilha de Samotrácia é também aqui
colocada como pretexto para lembrar a Nike, talvez
a estátua mais bela alguma vez esculpida. Sendo
também de notar que o templo de Samotrácia estava
ligado a cultos antigos da terra, de Démeter e da
Europa raptada por Zeus, na forma de um touro filha Perséfone, raptada por Hades.
(terracota, séc V a.C., e fresco de Pompeia).

Um aspecto interessante coloca uma origem e a


procura fenícia por Europa, talvez querendo reflectir
uma primeira exploração sistemática da Europa por
parte dos fenícios. O irmão de Cadmus que participa na
busca de Europa é Fenix, que fixará uma Fenícia em
África (Cartago?) e que vemos aqui representado com
um barrete frígio:

Fenix, irmão de Europa


Nike, Vitória de Samotrácia
(também considerado pai de Europa, na Ilíada)

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/chefe.html Página 4
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

O alfabeto fenício acabou por estar na origem de vários


outros alfabetos, em particular o hebraico. Na
Monarquia Lusitana, Fr. Bernardo de Brito em 1596
apresenta duas sequências de letras, as primeiras
correspondentes a um alfabeto mais antigo que era
encontrado em textos hebraicos, e as segundas na
ortografia do alfabeto hebraico moderno (já à sua
época):

(a leitura é feita de nascente para poente)

A forma dos símbolos é semelhante entre o


aramaico e hebraico moderno, tal como o proto-
hebraico se assemelha ao fenício, mas sendo
bastante diferentes entre si.
Relativamente ao "tetragrama sagrado" convém
notar que a sua leitura, como Jeová ou Javé, é
estranha no sentido em que há uma repetição do E.
A fazer-se alguma leitura seria mais lógico JEVE...
porém devemos reparar que os gregos não faziam
distinção entre o F e o V (ou melhor, o V não
existiria), e no hebraico nota-se a falta antiga do F
(aliás nos nomes hebraicos antigos é raro,
talvez Jafet seja o mais conhecido, e desconheço se
haveria algum nome começado por F).

Por outro lado, a pronúncia da letra J leva a uma


semelhança fonética curiosa entre
JEFE ~ CHEFE
que pode ser quase imperceptível. Aliás, em
espanhol, Chefe escreve-se exactamente Jefe...
Uma boa correspondência entre os diversos alfabetos
pode ser encontrada aqui:
variantes ortográficas - hebraico, proto-hebraico, Isto nada tem de extraordinário, a forma usual de
fenício, aramaico tratamento como Senhor terá sido equivalente à
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfabeto_hebraico#Variantes_ortogr.C3.A1ficas. forma antiga de Chefe. A diferença de tratamento, e
de actual entendimento, considerará o Senhor numa
posição de condição superior, enquanto o Chefe é
É fácil verificar que houve uma transformação alguém semelhante colocado em posição de
significativa dos símbolos, sendo curioso que nalguns liderança. Na concepção teológica cristã, sendo essa
casos o proto-hebraico se assemelhava mais com a semelhança humana enfatizada, a palavra Chefe seria
grafia latinizada, ou com o fenício. mais adequada... não fosse o sentido algo pejorativo
que foi tomando, ao longo dos tempos.
Podemos ver numa comparação como o
tetragrama YHVH (Jeová):

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/chefe.html Página 5
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Não deixa de ser notável que apesar das 2 letras serem


iguais, se insista numa reinterpretação fonética,
conduzida de forma a considerar natural interpretar
uma letra como A e outra como E, no caso de Javé, ou
a ainda mais estranha colocação de um EO e A final,
no caso de Jeová.
Etimologicamente creio que o nome Chefe é uma
designação tipicamente ibérica, e não é de excluir que
haja uma associação - num sentido ou no outro.

Falando do duplo E, não deixo de lembrar uma


imagem de uma pedra antiga que se encontra na
povoação do Carvalhal, no concelho de Sátão, junto à
Capela da Srª. do Barrocal:

Imagens em patrimoniosustentavel.blogspot.com

Alvor-Silves, publicado em 6 de Maio de 2011

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/chefe.html Página 6
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Arco Emerita Augusta


Gaspar Barreiros escreve em 1561 uma "Corografia de apagada como ainda então era, a qual teve depois entre os
alguns lugares que estão num caminho...", caminho que ditos Gregos e Romanos posta em toda sua perfeição, se não se
o próprio Barreiros teria feito de Badajoz a Milão. ainda cremos nas profecias & torres de Toledo, nos espelhos
É um título singularmente singelo, onde o autor da Crunha [Corunha], & calçadas de Calez [Cádis], & em
aproveita para discursar sobre a história dos locais, e tantas fábulas quantas nasciam de cabeças à sua Hydra.
não apenas dos visitados...
A propósito de Badajoz começa por falar de um E destas vaidades não há lugar nobre em Hespanha, que
triângulo na Lusitania que reuniria três cidades não tenha suas relíquias, ou em torres, ou em pontes, ou em
principais definindo regiões jurídicas, quaisquer outros edifícios, como ora nestes de Merida, que a
denominadas conventos, e seriam estas segundo Plínio: gente ignorante usurpa como por mostra & argumento de sua
- Convento Pacense, de Pax Julia (Beja) nobreza e antiguidade. Digo tudo isto porque nos mais dos
- Convento Scalabitano, de Scalabis (Santarém) lugares nobres de Hespanha me aconteceu achar sempre
- Convento Emeritense, de Emerita Augusta (Mérida) sempre qualquer cousa d'esta qualidade que o povo afirma
com muita contumacia ser de Hércules, tão grande fortuna foi
Isto surge sobre a indefinição das localizações, mesmo deste homem, que com uns poucos trabalhos & os mais deles
dos lugares romanos, e da pretensa associação fabulosos, roubou a fama de tantos alheios.
castelhana de Badajoz a Pax Julia.
Gaspar Barreiros e António Galvão seguem o
Apesar de Barreiros não alinhar na versão fabulosa dos discurso da destruição levada a cabo pelos Godos,
reis míticos da Ibéria, tal como André de Resende, não relativamente a todos os monumentos antigos.
deixará de fazer as suas censuras instrutivas... por O mais curioso é que depois deste discurso contra
exemplo, começa por dizer que Plínio este exagero sobre Hércules, Barreiros vai sugerir
citando Varro afirmava terem chegado à Hispania, para que o símbolo das serpentes sejam afinal cordas... as
além de Iberos, Fenícios e Celtas, também os Persas e cordas do Nó Górdio, e o atribua assim a uma
Poenos(?). alusão a Alexandre Magno. Isto é especialmente
interessante pois para desvanecer Hércules faz
À época, queixava-se Gaspar Barreiros do antigo ser aparecer uma conexão do episódio Górdio na
quase sempre atribuível a Hércules, pela tradição Hispania, onde não poderia colocar Alexandre
popular... coisa que foi cuidada desaparecer na Magno.
passagem para os tempos modernos. Quando descreve
uma torre de Mérida disse terem tentado associar um
símbolo a duas serpentes que Hércules teria no berço,
mas ele contesta:

(...) porque além desta cidade ser fundada muito tempo depois
que foi Hercules como acima disse, & assim a obra da torre ser
moderna, como na sua arquitectura se mostra, eu não creio que
em Hespanha, nem em alguma outra parte do mundo haja cousa
que com verdade se possa afirmar ser sua, por haver tanto tempo
que foi, depois do qual sucederam tantas repúblicas e
monarquias, em que afora uns desfazerem as obras dos outros,
como os Godos fizeram a muitas dos Romanos & Gregos, ó
mesmo tempo as desfizera e consumiria, ó qual se gastou as que
estas duas tão ilustres & tão políticas duas nações (que agora
nomeei) fabricaram, que menos fizera âs de Hercules sendo mais Alexandre e o episódio do Nó Górdio
antigas, & em cujo tempo sabemos ser a arquitectura tão

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/arco-emerita-augusta.html Página 7
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

O episódio do Nó Górdio tem um correspondente,


No mesmo sentido fala Barreiros de um notável
alguns milénios depois, e chama-se Ovo de Colombo.
Arco de Triunfo... começando por esclarecer que
As estórias produzidas são similares, procurando
nunca poderia ser arco de triunfo romano, pois esses
revelar um espírito audaz resolvendo um intrincado
só estariam autorizados a ser feitos em Roma.
problema teórico com uma simplicidade agreste.
De facto, se olharmos para o arco, é notável a sua
Alexandre tocou o Oriente, e terá ido mais além, e o
concepção, com uma sustentação de pedra angular.
mundo outorgado a Alexandre manteve-se como
"mundo autorizado" até que Colombo partiu a casca ao
ovo, abrindo o novo conhecimento.

Regressando a Merida, convém notar, como Barreiros


faz, que o cognome Augusta, em Emerita, se relaciona
com ser cidade sagrada e não com alguma conexão ao
imperador Octávio. Aliás, a adopção do nome Augusto
veio acrescentar essa confusão entre o seu nome e os
locais sagrados... talvez uma razão enebriante que levou
a que a Era Hispânica começasse com a sua
regência, conforme já abordámos.

Mérida conseguiu preservar vários monumentos


Arco em Mérida
antigos que Barreiros enumera, para além do aqueduto,
é notável a enorme ponte "romana", que Barreiros diz Este arco é denominado de "Trajano", apesar de não
contar mais de 70 arcos... coloco "romana" entre aspas, se lhe conhecer a origem... diz Barreiros, por lhe
porque o próprio diz que a tradição a associava chamarem "arco triunfal":
também a Hércules!
Assim que não tendo este arco de Mérida, nem
escultura de imagens, nem letras, nem magestade na
obra, como se pode chamar triunfal, pois nele não
há feitos nem nome do que triunfou? (...) Parece que
este trofeu posto que tão bárbaro seja, teve alguma
grande fortuna de diversos vencimentos, porque
segundo me disseram em Mérida, acham-se algumas
medalhas antigas, as quais têm de uma parte umas
letras que dizem EMERITA AUGUSTA, & no
reverso um arco; Este arco, apesar de pouco
referenciado, e inserido no contexto da cidade sem
destaque, figura ainda no brasão de Mérida... porque
talvez como diz Barreiros, os Emeritenses tivessem
alguma grande vitória que fosse aí celebrada. Ou
ainda... uma coisa que Barreiros nunca escreveria,
porque talvez celebrasse a vitória de Hércules contra
os Geriões!
Aqueduto e ponte "romana" de Mérida

Ora, como não conhecemos outras pontes restantes


Alvor-Silves, publicado em 9 de Maio de 2011
que não sejam romanas, é difícil colocar em causa que a
ponte seja ou não romana... é quase obrigatório que
uma ponte da antiguidade seja romana. Caso contrário,
será medieval... manda a escolástica que assim se pense.

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/arco-emerita-augusta.html Página 8
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

A linha que divide a terra, o mar e os céus


É com estas palavras: - Que sentido faz isto?
- Aparentemente nenhum, e só o erro explicaria...
"este local forma uma linha divisória entre a terra, o mar e os céus", mas podemos ser consistentes com mapas já
apresentados aqui e aqui, ou seja usar a hipótese de
que Plínio coloca o Promontório Magno, hoje dito um nível do mar mais elevado, e de uma orientação
simplesmente Cabo da Roca. terrestre no alinhamento piramidal de Gizé:

Gaspar Barreiros e António Galvão seguem o


discurso da destruição levada a cabo pelos Godos,
relativamente a todos os monumentos antigos.
O mais curioso é que depois deste discurso contra
este exagero sobre Hércules, Barreiros vai sugerir
que o símbolo das serpentes sejam afinal cordas... as
cordas do Nó Górdio, e o atribua assim a uma
alusão a Alexandre Magno. Isto é especialmente
interessante pois para desvanecer Hércules faz
aparecer uma conexão do episódio Górdio na
Hispania, onde não poderia colocar Alexandre
Promontório Magno, Artabrum, ou de Olisipo,
Magno.
dizia Plínio... ou seja, dizemos hoje - Cabo da Roca
(foto : portugalvirtual.pt)

Não é apenas assim... apesar de começar no 3º Livro com


a Bética, Plínio vai descrever a Europa até fechar o ciclo e
regressar à Lusitânia, no 4º Livro, Cap. 35. Começa a
Europa na Bética, numa margem do Rio Ana (Guadiana) e
termina na outra, na Lusitânia. Maneira curiosa de fazer o
périplo europeu...

"Onde a terra acaba e o mar começa...", Camões terá usado


outra expressão para esta Finisterra, agora a parte mais
ocidental da Europa continental.
Este "agora" é aqui propositado, devido à descrição de
Plínio, que parece confundir a Roca Lisboeta com a
Finisterra Galega... o tradutor inglês queixa-se disso, aliás.

Porquê?
Porque Plínio faz neste ponto a divisão - de um lado fica o
Norte, o mar Gálico, e do outro lado o Oeste, a face de
Espanha. Esta descrição apenas seria compreensível hoje
referindo-se ao Cabo Finisterra - é isso que o tradutor diz.
Porém, toda a sequência da Lusitania, começada no
Douro, descendo por Conimbriga, Collipo (~Leiria),
Eburobritum (~ Obidos), confirma a posição do A orientação por rotação pode ser circunstancial,
Promontório Magno, que é adicionalmente referido como mas adaptada ao alinhamento das pirâmides daria
próximo de Lisboa ~ Olisipo. um sentido consistente com Norte e Oeste,
Acresce uma descrição ainda mais estranha - o conforme Plínio.
promontório avança no mar, na forma de um grande
corno... e dá essas dimensões de penetração - entre 60 e
90 milhas (na tradução inglesa).
http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/linha-que-divide-terra-o-mar-e-os-ceus.html Página 9
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Quanto ao incremento do nível do mar, parece aqui


mais convicente, transformando o conjunto
montanhoso da Serra dos Candeeiros até à Serra de
Sintra numa península - o dito "corno" - que teria
facilmente as 90 milhas de extensão.

Plínio fala ainda de uma Arrotrebae que autores


situariam em fronte dum Celtico Promontório... algo
que terá algum nexo toponímico se entendermos que
neste mapa a Arrábida surgiria como ilha em face.
Por outro lado, Plínio diz ainda que o Promontório
Sacro projectar-se-ia do meio da face da Hespanha,
algo que toma sentido com a orientação colocada no
mapa.

A denominada "face" teria topo no Promontório


Magno, meio no Promontório Sacro, e base no
Promontório Calpe, um dos pilares de Hércules.
E sobre a "face" de Hespanha, completamos a citação
de Camões

Eis aqui, quase cume da cabeça


De Europa toda, o Reino Lusitano,
Onde a terra se acaba e o mar começa,
E onde Febo repousa no Oceano.

Pela descrição que faz, Plínio nunca terá visitado a


Hispânia, e por isso é de conceder que fosse
influenciado por erros - a habitual justificação oficial -
ou então por relatos referentes a tempos muito
anteriores, que justificariam a concepção de um mundo
muito anterior aos Romanos, talvez à época de Jasão e
Argonautas...

Um outro pormenor interessante que Plínio aponta no


sentido da memória perdida, e nas suas bases, é a
referência que faz ao Rio Lima. Diz que os "antigos"
chamavam a este rio, o "Rio do Esquecimento"... Na
por vezes designada "mesopotâmia" de Entre Douro-e-
Minho, o outro rio, o Lima esqueceu essa designação
do Esquecimento, e de "histórias fabulosas" - que
Plínio refere, mas por outro lado há sempre uma
tradição subreptícia que é possível encontrar. O Lima
acabou por ficar conhecido pelo seu Queijo Limiano, e
o Esquecimento associou-se indirectamente por esse
mito popular de relacionar "queijo" à perda de
memória.

Alvor-Silves, publicado em 11 de Maio de 2011

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/arco-emerita-augusta.html Página 10
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Sóis e Luas
No 2º livro da sua História Natural, Plínio refere Sobre os eclipses longos, refere que teriam ocorrido
vários fenómenos "naturais", alguns que têm aquando do assassinato de César, e também durante
explicação conhecida, outros nem tanto. quase um ano, aquando das guerras entre Octávio e
Marco António, o Sol teria "ficado fraco", razão
Um desses fenómenos é conhecido como parélio, e atribuída a um eclipse.
manifesta-se no ocasional avistamento de 3 ou mais
sóis - devido a uma refracção da luz em camadas de É interessante, a associação que Plínio faz ao partido
gelo na estratosfera, na zona onde se formam os de César e Marco António, porque mais do que uma
cirros, é assim causada uma ilusão óptica. observação natural, parece ser uma opção política.
Lembramos que Plínio, que morre na erupção do
Vesúvio em Pompeia, e por isso não sendo
contemporâneo de César, mostra ainda uma
influência clara das opções políticas de uma época
que seria mais dos seus avós, mas que marcou as
gerações vindouras.

Ao falar sobre o Oceano que rodeava a terra


habitável, Plínio fala numa expedição ao tempo de
Augusto que teria chegado ao Promontório Cimbri,
mas que não teria ido mais longe no enorme Oceano
pelo frio. Normalmente Cimbri é associada à
Dinamarca... porém esses frios glaciais seriam aí
bizarros numa altura em que a temperatura do
Refracção por parélio provoca a ilusão de 3 sóis.
planeta justificava as vestes ligeiras de gregos e
romanos, habitualmente representados em "trajos de
Parece estranho que Plínio não considere essa Verão" - com as togas ligeiras dos seus senadores e
explicação, e vai falar ainda do avistamento de 3 ou filósofos, ou com as pernas descobertas dos seus
mais luas, a que diz chamarem "sóis nocturnos". Se a exércitos.
ilusão óptica do Sol é conhecida, já é muito mais
difícil de ter ocorrido com a Lua, no entanto acaba Parece-nos bem mais provável que este promontório
por ser essa a tentativa de explicação dos tradutores, J. Cimbri estivesse na zona da Noruega, seguindo os
Bostok e H. Riley, em 1855. argumentos apresentados no post Alemanha
Escandinava.
Há vários outros fenómenos que Plínio descreve, e
que podem ser entendiveis pelo título do capítulo: Entre os vários tópicos interessantes nos relatos de
Plínio há dois que merecem desde já a nossa
- Luminosidade diurna à noite referência:
- Estrelas que se movem em várias direcções
- Eclipses especialmente longos 1º) Quando refere que segundo relatos antigos e
... etc. ruínas, o mar teria atingido Menfis, que teria sido um
porto, e que já à época de Plínio estava bem no
interior do Egipto. Ou seja, as pirâmides podem ter
As tentativas dos tradutores, para interpretar sido construídas à beira-mar...
naturalmente aquilo a que Plínio não dá aparente
explicação, e assume apenas como fenómeno
estranho, são esforçadas, mas não são minimamente
convincentes! É tão ilusória a tentativa de explicação,
quanto ilusória parece a descrição do fenómeno.

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/sois-e-luas.html Página 11
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

O Mediterrâneo com um nível do mar elevado.


Menfis cidade portuária, pelo registo dos antigos, segundo Plínio.

É aliás natural pensar que a descida do centro decisor É especialmente curioso notar que Plínio fala em
no Egipto esteve justamente relacionada com este tentativas de circum-navegação, mantendo sempre o
afastamento da orla costeira. A tradição associa Tebas mesmo paralelo, mas que estas tentativas não teriam
como primeira capital. Depois há uma descida no sido concretizadas por falta de empenho, de
Nilo para Menfis, onde se encontram as pirâmides de persistência, de mantimentos, etc...
Gizé. Finalmente, já no tempo de Alexandre, é
decidida a nova transferência, a jusante, para a foz Ou seja, notamos que 2000 antes, partiam
onde ficaria Alexandria. A Tebas inicial foi recuperada expedições sistemáticas da Hispânia na direcção de
no significado religioso, como é ilustrado depois pelo África, conforme o registo de navios naufragados
complexo monumental de Carnac e Luxor, mas essa dado por Plínio, e provavelmente seguiriam para a
já não será a Tebas original, a de Ogyges. América.

Atendendo ao mito do Dilúvio de Ogyges, e à Nessa altura eram já feitas tentativas de circum-
primeira cidade numa Tebas egípcia, o nível marítimo navegação... pelo que o cenário de exploração não
pode ter sido ligeiramente superior ao apresentado era muito diferente do que veio a repetir-se na época
neste mapa, conforme já apresentado num post dos descobrimentos quinhentistas. O mecanismo de
anterior. Anticitera já existiria como auxiliar de navegação,
mostrando como seria possível empreender grandes
2º) Plínio refere ainda que numa expedição levada a viagens com conhecimento adicional de longitude.
cabo na época de Augusto, indo para além da
Mauritânia (portanto em zonas tropicais do Golfo da
Guiné), teriam sido encontrados ainda vestígios de Alvor-Silves, publicado em 13 de Maio de 2011
navios hispânicos naufragados/encalhados nessas
paragens. Refere depois o relato de viagens, de
Hanno, Himilcon, Eudoxo, etc... que já
mencionámos a propósito da obra de António
Galvão, que cita Plínio entre outros.

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/sois-e-luas.html Página 12
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

As Tebas
O correspondente grego do dilúvio é protagonizado Teria sido no cordão umbilical de Delfos que Reia
pelo filho de Prometeu, Deucalião, cuja barcaça (ou Gaia) escondera Zeus (Jupiter), evitando-lhe o
encalha não no Monte Ararat, mas sim numa encosta destino funesto que o pai Cronos (Saturno)
do Monte Parnaso, perto de Delfos. reservava aos seus filhos.
Delfos, que se torna famosa pelo oráculo de Apolo, e Há assim uma certa associação entre a mudança
cujo nome deriva dos delfins que Apolo montou para civilizacional que ocorre pelo mito diluviano.
derrotar a serpente Píton (ou pitão), formada das O dilúvio teria sido decisão de Zeus para terminar
lamas do Dilúvio, uma serpente filha da Terra (Gaia), com a Idade do Bronze, a idade de ouro, pela falta
que guardava o umbigo do mundo. de culto e respeito aos deuses pelos humanos. Tem
obviamente um correspondente directo com a
Epopeia de Gilgamesh e, tal como a história de Noé,
poderá ser um conto adaptado sobre o mesmo
assunto. Pode estar ainda associado à transição entre
Zeus e Cronos...

A rebelião levada a cabo pelos titãs tem dois


interpretes interessantes.
Por um lado, Atlas é condenado a suportar o mundo
nos ombros, nas Colunas de Hércules. Por outro
lado, Prometeu é agrilhoado e condenado a suportar
uma tortura de 30 000 anos de ver uma águia a
dilacerar o seu fígado.
Em ambos os casos será o humano, dito semideus,
Hércules que aliviará a pena de ambos os titãs que
Onfalo, ou umbigo, em Delfos
ousaram contra o poder do Olimpo. Hércules tem
demasiados registos humanos históricos para que
Há certamente outros umbigos do mundo, uns possa ser visto como uma simples evocação do
colocados em Jerusalém, outros no Tibete, India, etc... panteão divino.
mas interessa-nos aqui o assunto grego pela grande Mas Hércules surge já num período pós-diluviano,
informação associada. quando os titãs "agentes do Caos" tinham sido
derrotados pelas forças da ordem olímpica.

Perante a ordem de destruição diluviana, Prometeu


avisa o filho Deucalião que se salva numa barcaça
que encalhará no Monte Parnasso, em Delfos.
Se historicamente o final da Idade do Bronze
termina com uma invasão de Povos do Mar,
mitologicamente ficará associado ao dilúvio
marítimo.
A este dilúvio grego também se associa Ogyges,
fundador de Tebas, na altura chamada Ogígia.
As coisas tornam-se mais claras com a referência a
Cadmus, de que já aqui falámos...
Na sua procura pela irmã Europa, Cadmus irá
refundar Tebas, então chamada Cadmeia.
Jerusalém seria umbigo do mundo na Se a confusão parece aumentar nas histórias, fica
concepção T-O de Isidoro de Sevilha (e imagem do séc. XV), mais clara quando é dito que o Oráculo de Delfos
(o T surge da terra na divisão entre Europa, Ásia, África, teria solicitado que o nome da cidade fosse o mesmo
circundada pelo O oceano).
do que a Tebas egípcia!

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/as-tebas.html Página 13
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Propositadamente, será vontade dos deuses, agentes Voltamos a Tebas...


da ordem divina contra o caos popular, que se faça a A sua ligação ao Egipto não fica pelo nome, torna-se
confusão entre a Tebas egípcia e a Tebas grega. mais clara pela referência ao mito de Édipo.
A Cadmus, de origem fenícia, é ainda atribuída a Édipo derrota a Esfínge, numa adivinha ridícula,
introdução do alfabeto na Grécia. mas o importante é que a mesma Esfínge surge
Há um claro reconhecimento de influência... mas o portentosa, não em Tebas, mas sim em Menfis, no
contexto é já outro. Egipto, junto às pirâmides... ou ainda em Tebas, na
O novo contexto é o contexto de obedecer aos deuses avenida de esfínges de Carnac.
para refazer a História...

Se o alfabeto é originalmente escrito no sentido


poente, pelos fenícios, e depois pelos hebreus ou
árabes... na tradição greco-romana a ordem é invertida
- a escrita será feita no sentido nascente!
O ponto dessa alteração parece ter sido definido por
Cadmus, após a visita ao oráculo.

A inversão da escrita poderá parecer ocasional, mas é Avenida de Esfínges em Carnac, Tebas.
civilizacional - o Oriente escreve em direcção a Poente, o
Ocidente escreve em direcção a Nascente. O amor civilizacional grego parece aqui aceitar numa
metáfora a sua progenitora Egípcia, com quem
E o Ocidente sai sempre vencedor, mas com um bom colaborará. A recuperação do tema incestuoso
rival colocado a Oriente. edipiano em "os Maias", de Eça de Queirós, poderá
Os pares Ocidente/Oriente vão-se suceder... um não ter sido completamente alheio... numa altura em
Egipto rival Sumério, uma Grécia rival de Tróia, da que Freud iria recolocar o assunto, do complexo de
Fenícia, e a Macedónia rival Persa, uma Roma rival de Édipo, de forma definitiva como assunto de pedo-
uma Cartago de ascendente Fenício. A separação do psicologia.
Império Romano, de que sobreviverá a estratégia
fragmentária do Papado Romano Ocidental, e o rival É ainda em Tebas que Jasão trairá Medeia, que o
árabe oriental, que na altura dos descobrimentos auxilara na sua questa em busca do Tosão de Ouro,
passará a persa e otomano. O poder espanhol que se cedendo a um casamento de poder que o levará a
desloca ainda mais a ocidente, a uma Inglaterra, e Creusa, filha de Creonte. O mesmo Creonte que
depois aos Estados Unidos, que encontram novos Édipo teria deposto anos antes, após derrotar a
rivais Orientais, na Rússia, e agora na China. Esfínge. Não importava a dedicação externa, ela
seria ignorada pela potência ocidental.
Enquanto o Ocidente não se desloca, a sua história As civilizações não-helénicas, representadas por
não existe. A Grécia procurava as suas raízes Medeia, seriam enjeitadas ao amor civilizacional
inexistentes quando o Egipto florescia, os Romanos grego, repudiadas pelos interesses políticos internos,
teriam que suprimir os Etruscos, ocidentais fora de apenas porque o mundo que interessava era o
tempo, e entretanto os Gregos de Bizâncio passaram circuito interno helénico.
a Orientais, tal como os Egípcios do Cairo.
Os hispânicos teriam que ignorar a herança ocidental A clivagem era necessária, e as tentativas românticas
dos Turdulos e Tartessos, fora de tempo, tal como os entre Alexandre e Roxana, entre César ou Marco
ingleses e franceses ficariam reduzidos a uma tosca António e Cleópatra, estavam destinadas ao
herança megalítica celta. Já para não falar nos norte- fracasso... os amores possíveis com o oriente seriam
americanos, cuja civilização pré-colombiana era quase até incestuosos, falando dos registos civilizacionais
rupestre. maternos, gregos ou egípcios. As crianças deveriam
O poder divino deixou o mundo progredir com uma nascer sem a perigosa ligação materna, que
vitória ocidental controlada, sendo que não há mais acumularia informação geracional.
Ocidente a ocidente, e o ciclo terá sido completado.
Alvor-Silves, publicado em 15 de Maio de 2011

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/as-tebas.html Página 14
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Conde D. Henrique e as quinas (2)


Apresentamos mais uma excelente colaboração que Calisto Apesar dos autores dizerem que esta genealogia
enviou, e que dá seguimento e adicional consistência à tese de (Joinville) encerra erros grosseiros, encontram nas
Damião de Góis, sobre a origem do Conde D. Henrique, que notícias dadas por Vassebourg certos detalhes que
já abordámos nos posts: Bolhão, Governantes da não são desprovidos de interesse e que tomam por
Lusitania, e no post anterior com o mesmo nome deste. emprestados tradições locais.
Damião de Góis sustentou que o Conde D. Henrique seria da
linha de Bouillon - Bulhão, e portanto a nossa primeira
dinastia seria mais propriamente designada Dinastia de Para o autor, o interesse dado à importância
Bolonha, de Boulogne-sur-mer, ou ainda de Lorena, dada a histórica ao papel de Guillaume, irmão de Godefroi
conexão ao ducado de Lorena. de Bouillon, propunha a demonstrar, contra toda a
razão, que os duques de Lorraine tinham herdado os
direitos da casa de Bouillon sobre o reino de
Jerusalém como sucessores de Guillaume.
No entanto é de referir que Guillaume não é, ao
contrário do que se julgava, uma personagem
imaginária. A sua existência é atestada por
Guillaume de Tyr, por Lemire.
Brazão actual de Boulogne-sur-mer
Fontes:
 Essai sur l´histoire et la généalogie des Sires de Joinville
_________ comunicação de Calisto _________ (1008-1386) accompagné de chartes et documents inédits par
J. Simonnet, conseiller a la cour d’appel de Dijon, membre
Existe o manuscrito de Fissieux (1632), e o correspondant de la société historique et archéologique de
manuscrito (recueil) 1054, usados por M Didot mas langues, président de l’académie des sciences, arts et belles-
apresentam-se como uma cópia do de Vassebourg lettres de Dijon, correspondant du ministère de l’instruction
‘Antiquités de la Gaule Belgique’ (1549) no que publique, etc.-1876, pp.43-45, pp 55 (em pdf)
concerne a Guillaume de Boulogne, suas alianças,
posteridade e as aventuras de Henry na Galiza.  ‘Mémoires de Jean Sire de Joinville ou histoire et chronique
du tré-chrétien Roi Saint Louis’ (1858) (pp127), onde diz
Guillaume, o mais novo dos irmãos morre em 1098, que de acordo com a ‘l’histoire inédite de Fissieux’,
teria a baronia de Jaynville e outros circunvizinhos, tal dos filhos de Guillaume, Thierry fica duque de
como o governo do ducado de Lorraine na ausência Lorraine por morte do tio Baudouin, rei de
dos seus irmãos. Teve duas mulheres, Geltrude, filha Jerusalem, o segundo terá tido por divisão a baronia
do conde de Las, e Mathilde, filha de Gerard, duque de Joinville por herança do seu tio Baudouin, e o
de Mozellanne. Deixou 3 filhos: Théodoric que terceiro Henri, que embarca em Marselha em 1110
sucede no ducado de Lorraine. para ir ter/vêr o seu irmão Geoffroi e o seu tio
Baudouin, que era rei de Jerusalém, “Une tempète
Godefroy com a baronia de Jainville (esteve em l’ayant fait aborder en Galice, il fut bien accueilli par
Jerusalém e tomou parte nos espólios do seu tio Alphonse VI, que son frère avait chasé de son tròne, et il
Baudoin), pouco depois da morte do tio Baudoin combattit si vaillamment les Sarrasins et le Maures,
(1119) volta para Jainville que governa até 1128, qu’Alphonse lui fit épouser sa fille naturelle Thérèse, et lui
deixando um filho Godefroy II. donna en dot le royaume de Portugal.”

Henry, o mais novo, estando na flor da idade, no ano


de 1110 embarca para Marselha, com intenção de
chegar à Terra Santa, mas, ou por uma tempestade ou
Alvor-Silves, publicado em 18 de Maio de 2011

por deliberação daqueles que conduziam os navios


foram aportar na Galiza (o resto da “aventura” encontra-se
em ‘Essai sur la genealogie de Joinville’, Didot).
http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/conde-dhenrique-e-as-quinas-2.html Página 15
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

O Panorama
"O Panorama" foi uma revista do Século XIX que O artigo de 1867, publicado na revista Panorama, já
teve como primeiro editor Alexandre Herculano, em sem a direcção de Herculano, começava dizendo o
1837, e como último Miguel Soares Monteiro, em seguinte:
1867, bem menos conhecido que o primeiro.
O carácter generalista e a missão educativa que a Rothschild é um mito, é um símbolo, é
revista teve, está estudado numa recente tese de matéria endeusada pelo paganismo actual (...) invocando os
doutoramento de 2008, de J. Bartolomeu escrevedores desses vindouros tempos o deus Rothschild para
Rodrigues, disponível online na UTAD. presidir às lucias da agiotagem, que simbolizam este nosso
A revista é interessante, com notáveis ilustrações, e afortunado século, cuja mitologia é menos poética, mas bem
ajuda a perceber que o contexto educativo pretendido mais opulenta do que a da velha Grécia. E Rothschild é isto!
acabou por se perder rapidamente nas revistas de Encarnação materializada do dinheiro, que a sociedade
actualidade. proclamou rei do mundo, não está em Londres ou em Paris,
Será difícil de pensar que se pode sustentar uma em Viena ou Francfort. Está sobre toda a superfície da terra
publicação frequente com temas antigos... mas onde a civilização fez compreender o valor de um milhão de
depende muito da maneira como se olha para os francos, de libras, de florins, de dollars, de thalers, de reales,
mesmos temas. Não há repetição quando se retoma de rixdalers, de liras ou de cruzados. Como a companhia de
um velho tema com um novo olhar... aliás, o Inácio de Loyola tem por pátria o mundo inteiro, que domina
problema aí é que há uma imensidão de assuntos a no mistério das suas transacções comerciais. Se não fala às
recolocar, e o excesso de informação aparece agora consciências, fala às bolsas, órgão vital muito mais sensível nos
como ruído de onde é difícil tirar algum som audível. seres da actual humanidade (...)

Um tema que nos prendeu a atenção no volume do 2º


ano da 5ª série, em 1867, dizia respeito aos O artigo foi escrito há quase 150 anos, e muitas
Rothschild, família que rapidamente ascendeu a um gerações passaram, mas o mundo não terá mudado
estatuto de domínio económico mundial. muito. Já em 1867 se procurava a causa, e ligava-se à
fortuna acumulada durante as guerras napoleónicas,
quando o negócio do metal bruto se tornou
importante para financiar os exércitos de
Wellington. A wikipedia relata que Nathan Mayer
Rothschild terá financiado sozinho esse esforço
inglês 9.8 milhões de libras, que seriam pagas depois
pelos aliados da Inglaterra... escusado será dizer que
começaram, ou melhor continuaram, aqui os nossos
problemas de financiamento e a tormenta da dívida
em contínuo.
Concordia, Integritas, Industria - Armas dos Rothschild
O metal precioso bruto, que Rothschild negociava, é
denominado Bullion em inglês, e a própria wikipedia
Não vamos falar das cumulativas teorias da faz uma nota curiosa para não ser confundido
conspiração, que sempre terão existido, mas com Bouillon, ou seja com o condado de
que foram ganhando expressão significativa nestes Bulhão, de aqui temos falado!
últimos anos, em particular muito recentemente,
desde o colapso económico de 2009. Este colapso Dito doutra forma, os cruzados em dinheiro, não
apenas tornou mais visível um domínio efectivo devem ser confundidos com os cruzados das
subjacente, que escapa aos poderes pretensamente Cruzadas. É demasiado fácil fazer ligações por esse
eleitos. Aparecem assim o Grupo Bilderberg, os Illuminati, lado, e já falámos aqui dos contos de reis, pelo que
etc... procurando nas sombras eventuais culpados, não me vou alongar...
esquecendo que essas sombras são agora iluminadas
para que as possamos ver e culpar.

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/o-panorama.html Página 16
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Hoje, 21 de Maio de 2011, seria uma data Se os deuses puniram Prometeu por levar o fogo aos
propagandeada para eventos apocalípticos, tal como homens, é natural que a "ordem divina" temesse o
se anuncia a mais estranha ligação ao fim do "caos popular"... e o exemplo da Revolução
calendário Maia, em 21 de Dezembro de 2012... mas é Francesa estava presente para o lembrar. A
bem mais certo que há um ano ouvimos a nossa revolução seria cultural, através de uma educação
governação revelar que o mundo "tinha mudado em condicionada a exemplos seleccionados.
15 dias", ou seja, as datas para futuro podem ter sido
antecipadas, lembrando que a Terra As mentalidades seriam formatadas para uma
Hispaniola tremeu em 10 de Janeiro de 2010. ilusória ideia de liberdade, que se completava pela
própria crença educacional... e o controlo menos
Aquilo que se pretende tornar claro é que o controlo é libertário, mais autoritário, seria apenas sentido nos
efectivo, existe desde sempre, teve demasiados degraus superiores, onde apenas chegariam alguns -
protagonistas conhecidos, e outros principais condicionados pelo seu percurso errante.
protagonistas desconhecidos.
O artigo de "O Panorama" vem apenas mostrar que Moralmente, não haveria pejo em condicionar quem
esse poder já estava claramente nas mãos de uma elite se teria movido pela soberba do poder, já seria
financeira do Século XIX, que terá sido responsável muito mais complicado restringir quem não tivesse
pelos desenvolvimentos subsequentes. essas falhas morais... esses teriam que ser limitados a
acidentes casuais, poupados cedo pela injustiça do
A esse propósito, convém registar a confluência de sistema, evitando-lhes um posterior
acontecimentos no ano de 1917, de que já falámos. condicionamento da sua efectiva liberdade.
Goethe terá ilustrado o problema com o seu
A maior curiosidade é a sua persistência num Fausto...
protagonismo de 2ª ordem, que pelo semi-anonimato
público da elite financeira foi garantindo a sua
permanência nos dois séculos seguintes, séculos esses Fica aqui o registo do artigo de "O Panorama",
responsáveis pelo aparente maior desenvolvimento da sobre os Rothschild ("escudo vermelho"):
Humanidade. Não que ele não pudesse ter sido
efectuado anteriormente, apenas porque ele foi
outorgado pelo levantamento de restrições que
amarravam as civilizações a um estado primevo.

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Alvor-Silves, publicado em 21 de Maio de 2011

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/o-panorama.html Página 21
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Loxodrómia
Para que serve a Loxodrómia, curva associada à Esse rumo em direcção ao pólo só seria evitado em
descoberta de Pedro Nunes? direcções exactamente a oeste ou a leste, onde se
seguiria o paralelo, pela latitude onde se estava.
A navegação pela bússola, orientada por uma rosa-
dos-ventos, poderia fixar uma direcção... digamos Até aqui nada dizemos que não seja habitualmente
Noroeste, e seguir esse rumo procurando aí uma dito desta ou doutra forma...
localização conhecida.
Porém convém esclarecer que a bússola nada traria
de especial ao conhecimento de posição,
exceptuando a possibilidade de orientação com
condições atmosféricas adversas, em que a
nebulosidade não permitisse avistar os astros de
referência.

A identificação do Norte ou do Sul faz parte das


designações que usamos:

- Meridional resulta do latim para meio-dia, sendo


claro que a posição do Sol ao meio-dia, no
Rosa dos ventos numa carta de Jorge de Aguiar, 1492 hemisfério norte aponta sempre para sul (e de forma
similar, no hemisfério sul aponta para norte).
- Setentrional estará associado às sete estrelas, ou
O que Pedro Nunes tornou claro é que isso serviria sete-estrelo, que se justifica hoje pela posição norte
localmente, em latitudes longe dos pólos, mas tornar- da Ursa Menor, constelação em cuja cauda estaria a
se-ia bastante impreciso numa navegação no globo Estrela Polar.
terrestre. É fácil perceber porquê... ao manter uma
direcção que tivesse componente de Norte, por Escusado será dizer que também as Pleiades são
exemplo Noroeste, a cada passo iríamos aproximar denominadas sete-estrelo... mas isso colocaria o
mais do Pólo Norte, e no limite essa persistência Norte em posições que apenas fariam sentido com
levaria-nos numa espiral até ao pólo. uma posição completamente diferente, remetendo o
assunto para posts anteriores, na orientação das
pirâmides de Gizé.

Talvez seja de mencionar que as Pleiades poderiam


ser escritas Peleiades, tornando quase
foneticamente indistinguível as filhas de Atlas do
não relacionado floco de pombas, cujo culto
pertencia a outro oráculo famoso, o Oráculo de
Dodona.

Seria ainda de mencionar uma provável origem


fonética do termo Oriente de Órion, assim como é
importante não deixar de considerar que Sírio tanto
se refere à estrela mais brilhante, como à zona da
antiga Fenícia, e que foneticamente não é
A concepção do mundo plano, no planisfério, distinguível de Círio, e até próximo de Ciro...
chocava com os aspectos práticos de grandes lembrando ainda o que já foi dito sobre Sidónia.
navegações no globo esférico, ou quase esférico...

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/loxodromia.html Página 22
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Porém, concentrando-nos no tema da Loxodrómia, o


importante é notar que a posição de latitude e a
Conforme já abordámos anteriormente, o erro de
orientação dos pontos cardeais poderiam ser obtidas,
longitude, que justificaria os atrasos até ao Século
de forma estática. O Sol a meio-dia dava a posição do
XVIII, para uma navegação mais exacta com o
Sul, e a sua altura no céu dava a latitude. Para esses
cronómetro, foi uma Estória colocada na História.
efeitos a bússola seria desnecessária.
É muito natural que com uma bússola e um
quadrante fosse mais do que possível fazer uma
Onde entra o papel da bússola, sem ser na orientação
navegação global, com bastante orientação. Como a
sob nebulosidade?
origem da bússola é assumidamente chinesa, e só
introduzida na Europa pelos árabes, é perceptível
A bússola permitia manter uma direcção, e mantendo
que o método de navegação existia há muito!
uma direcção, pela diferença de latitude saber-se-ia a
corresponde diferença de longitude.
Ou seja, a bússola permitia efectivamente uma
Para além destas rosas-dos-ventos, e acerca dos
navegação de longitude.
outros ventos, algo foi explicado a D. Dinis:
Damos um exemplo, para que fique mais claro. Ao
-São rosas, Senhor... são rosas!
nível das latitudes tropicais, e negligenciando o efeito
das correntes marítimas, se fosse mantida uma
direcção Noroeste (NW), medida a diferença de
latitude, e regressando à latitude anterior por
Alvor-Silves, publicado em 23 de Maio de 2011
navegação Sudoeste (SW), percorreria-se o dobro da
distância em longitude, conforme ilustramos:

Sem a bússola, manter essas direcções seria menos


preciso, com o barco em movimento. O efeito das
correntes seria negligenciável, se as correntes fossem
as mesmas, apenas levaria a mapas menos correctos,
mas não afectaria a navegação. A navegação à bolina,
ou o ziguezaguear, tem a justificação clara de ser útil
contra o vento, mas percebe-se ainda uma utilidade
no posicionamento.

O erro desta abordagem é assumir uma abordagem


planar, que faz sentido numa concepção que foi
corrigida pelo trabalho de Pedro Nunes - a
loxodrómia tornou claro que esta abordagem não
poderia ser estendida a grandes distâncias fora da
zona equatorial.

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/loxodromia.html Página 23
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

23 maneiras de ser diferente


A Maria da Fonte suscitou a questão cromossómica, Usando uma daquelas analogias habituais, a
nomeadamente pela diferença no número de informação acerca de um ser humano poderia ser
combinações reprodutivas entre os primatas. Os bem comprimida numa Pen de 2 Gb. Não parece
macacos usam 24 cromossomas de cada progenitor, muito, mas é preciso notar que pelo mesmo critério
enquanto os humanos usam 23. de compressão, poderia caber nessa Pen toda a
literatura universal relevante (note-se que sem
Esta diferença no número de cromossomas não está artifícios especiais cabem aí 10 mil Lusíadas).
directamente associada à questão da complexidade do
organismo. Os cromossomas são diferentes e podem O interessante é a perspectiva digital... a menos de
ser mais ou menos complexos, em termos da gémeos, cada ser vivo estaria codificado numa Pen
dimensão das cadeias de DNA que os constituem. de 2 Gb, sem imprecisões. Isto resultaria do
Conforme é bem ilustrado na wikipedia... cruzamento de duas Pen's de 1 Gb, divididas em 23
partições, chamadas cromossomas.
A evidência científica pretenderá que ocasionalmente
duas Pen de 1 Gb se conhecem, uma da parte da
mãe, outra da parte do pai, e dão origem a uma Pen
filho(a) de 2 Gb. Essa Pen sozinha evolui
misteriosamente em pouco tempo, dando origem a
um ser humano.
A informação está lá... disso parece não haver
grandes dúvidas. Também podem estar lá as obras
fundamentais da literatura... o que é preciso é saber
interpretar a informação e transformá-la em algo
das sequências de DNA (1) surgem suas ligações com real. A Pen de pouco nos serve, se não houver um
histonas (2) que dão filamentos de cromatinas (3) que computador para transformar os bytes em algo
se unem pelo centrómero (4)... e várias coisas destas legível.
formam um cromossoma X (5). No caso dos seres vivos, esse computador parece
No caso do cromossoma Y, o masculino, que é ausente... ou dito de outra forma, é-nos feito crer
diferente de todos os outros, e é o mais pequeno... há que acidentalmente a "Natureza" se transformou
mesmo assim 58 milhões de bases distribuídas por 86 nesse processador que pega em 2 Pen's de 1Gb e faz
genes. sair daí um ser vivo.

Ou seja, não podemos reduzir a complexidade Os paradigmas computacionais vieram mostrar que
inerente à partição desta informação em 23+23 é possível formatar uma realidade virtual, onde os
partes. seres virtuais interagem, simulando em muitos casos
o que se passa na Natureza... porém em todos esses
Não deixa de ser notável que a "Natureza" tenha casos o que foi absolutamente impossível foi
decidido fazer dos seres vivos uma questão digital. programar o computador para ser ele próprio o
Este aspecto é suficientemente obscurecido, mas criador dessa realidade virtual. As simulações não
como aqui nos decidimos a trazer alguma luz sobre existiram sem um programador prévio.
assuntos esquecidos, propositadamente ou não, é É esse programador que cria todo o ambiente e as
altura de dizer algo sobre isto. leis que regem o mundo virtual.

As bases de DNA num humano são No contexto da computação actual é impensável que
aproximadamente 2 500 milhões, onde há a algum programador crie objectos virtuais que
possibilidade de escolher 4 tipos de moléculas: ACGT desenvolvam uma consciência de que há um
- adenina, citosina, guanina, timina (uracilo no caso do programador que os criou. Na fase actual da
RNA), e têm a programação do que é um ser vivo. programação conseguirá no máximo fazer interagir
os diversos seres por regras simples, automáticas.

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/23-maneiras-de-ser-diferente.html Página 24
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Ficamos por aqui, pois doutra forma teriamos que ir Apesar de nada ter de extraordinário haver 23 pares
para concepções filosóficas, em que o programador se cromossomas humanos e não 24, como nos outros
interroga a si mesmo sobre se é resultado de primatas, parece injustificada a diminuição da
semelhante programação externa. Teriamos que partição, que apenas leva a menor diversidade
entrar no papel da sequência Úrano, Cronos, Zeus... e na herança genética...
para esse efeito basilar ainda é necessário ir até à
mitologia dos Vedas, para explicar melhor o problema O caso extremo de diversidade na combinação
fundamental. Ou então iriamos para uma encenação reprodutiva é dos primitivos fetos com 600 pares de
de ficção científica, onde ficaria bem a triologia cromossomas, havendo exemplos animais com
Matrix... mas sem alternativa à realidade virtual. número mais elevado que os primatas, como são os
Ou seja, nesta explicação simplificada os seres têm casos dos cavalos (32), dos galos (39), ou das
apenas existência no contexto virtual - nada há para borboletas (190)... sendo claro que não aparece uma
além dessa realidade... e é claro, o programador deixa relação directa com a complexidade do organismo.
sempre uma cláusula de intervenção que lhe permite
alterar o curso dos acontecimentos. Poderia ser No caso da teoria evolucionista tudo é acidental,
necessário refazer a programação com vista ao sendo claro que os referidos números nada têm de
objectivo final, pelo que o mundo como o especial, nem tão pouco estão associados a nada de
conhecemos poderia não ter sido sempre programado místico.
da mesma forma.
A contrario do que aqui tem sido sugerido, nunca
Surge aqui uma teoria muitas vezes ocultada, que é parece ter havido nenhuma sugestão mística antiga
a Teoria Catastrofista de Cuvier. de particular relevância para o número 23 ou 46, que
definia o património genético humano, por
Antes do absoluto consenso que se foi estabelecendo observação do número de cromossomas. Isso só foi
em torno da teoria evolucionista, que já aqui observado na segunda metade do Século XIX.
abordámos, os registos fósseis indicavam um cenário Se temos por vezes sugerido evidências de um
diferente. Esse cenário indicava uma estratificação das conhecimento antigo profundo, não apareceu
diferentes espécies, não havendo aparente conexão nenhum registo associado a esta característica
entre elas. Isso levou Cuvier a pensar num cenário humana tão relevante, do ponto de vista genético,
catastrofista, onde não apareciam os "missing-links". que sugerisse que tal conhecimento tinha sido detido
As espécies eram diferentes, e as camadas fósseis por alguma civilização passada.
revelavam essa diferença, sem aparecer uma evolução,
como Lamarck pretendia sugerir... e depois Darwin. É
já na transição para o Século XX que começam a
aparecer fósseis que dariam justificação à evolução... e Alvor-Silves, publicado em 24 de Maio de 2011
assim se esqueceu a primeira evidência, que levava a
pensar em diversas catástrofes ao longo da história, e
não numa evolução.

É claro que a teoria da evolução, apesar de simples,


precisa de muita justificação adicional, e em particular
para ser plausível teria que transportar a ideia de que a
Terra não teria apenas uns milhares de anos, mas sim
muitos milhões... coisa que é contraditória com as
simples leis termodinâmicas, conforme já aqui
explicámos, dado que o interior da Terra se mantém
inexplicavelmente quente.

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/23-maneiras-de-ser-diferente.html Página 25
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Mapas de Dieppe (3) - Nuca Antara


Já aqui abordámos várias vezes o assunto da
Austrália... em particular sobre as maneiras como
se escondia o desenho da sua costa noutros mapas, ou
como é possível juntar dois mapas de Dieppe e dessa
colagem ver directamente a Austrália.

A maior demonstração não é essa, é o bom senso.


Quem pensar que os portugueses e espanhóis se
tinham dedicado a descobrir todas as pequenas ilhas
da redondeza, e tinham se esquecido de dar com o O mapa de Herédia (1601) com Nuca Antara
continente australiano, tem um problema de cognição. - na localização da Austrália
Se ainda se tratasse de falhar o Havai, ou algum
arquipélago pequeno no meio do Pacífico... tudo bem.
Porém era mais fácil não descobrir Timor do que não A Biblioteca Digital Mundial coloca a datação circa
descobrir a Austrália que estava ao lado. 1630, esclarecendo ao mesmo tempo que o primeiro
avistamento teria sido realizado porJanszoon em
Não vou voltar a repisar todos os argumentos já 1606... aqui já não basta a viagem de Tasman, e é
explicados, havia um problema que se colocava nessas preciso ir ao mais desconhecido Janszoon, que não
paragens, após o Trópico de Capricórnio... muito viu o Estreito de Torres, ao passo que Torres viu o
provavelmente estava instalado um reino "ilegal", de Estreito, mas não viu um dos lados da terra, alguns
origem europeia, que não era reconhecido, primeiro meses antes.
pelo papado, e depois pelas nações de Vestfália. Até Isto foi certamente revoltante em tempos, para
que o assunto fosse resolvido, pela eliminação muitos amantes da Verdade, mas hoje passa por ser
completa evada a cabo pelos ingleses, a Austrália ficou divertido... É interessante ver a capacidade de
fora da atenção e destinada à sua confusão com a absurdo e desplante possível aos nossos contadores
parte gelada Austral. de estórias, que a transformam em História.

A memória não é algo muito duradouro, e ao Continuamos, com um sorriso no rosto, mas com
contrário do que se julga a informação não se espalha um certo amargo no coração.
tão facilmente. Numa sociedade hierarquizada, de Um dos amantes da verdade terá sido o inglês
estrutura piramidal, basta secar as fontes num nível Richard Henry Major. Numa pequena pérola que
superior, onde se exerce o controlo em troca de fomos encontrar nas Memórias da Academia Real,
benesses, ou em troca de não ter problemas. Os casos em 1863, ele explica detalhadamente o
que indiciam algo diferente mostram apenas que as "Descobrimento da Austrália pelos Portugueses em
revoluções não são acidentais, são autorizadas. 1601"
e depois tenta argumentar... algo que é engraçado
como desporto para passar o tempo, mas que é
Nuca Antara e Erédia esforço inútil quando dirigido à maioria dos mortais,
Sobre a Austrália, fomos encontrar a designação Nuca além de ser inútil para convencer quem não tem
Antara (ou ainda, Luca Antara) por via da Biblioteca intenção de ceder. Sobram apenas os espíritos
Digital Mundial, e aí tomámos conhecimento de irrequietos, que se vão apoquentando com a
Manuel Godinho de Herédia (ou Emanuel Godinho descoberta da verdade... sendo certo que a verdade
de Erédia), um cartógrafo português de origem nada mais é do que aquilo que resta após expurgar as
malaia, que terá feito explorações em território contradições e identificar os falsários.
australiano.
Richard Major apresenta uma prova documental que
encontra no Museu Britânico:

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/mapas-de-dieppe-3-nuca-antara.html Página 26
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Nesta cópia encontra-se uma legenda, na posição do Richard Major teve que retractar-se e dar o dito por
continente australiano, que não deixa grandes dúvidas: não dito, afirmando depois que a viagem de Herédia
não teria sido realizada.
Nuca Antara foi descoberta no ano de
1601 por Mano El Godinho de Erédia por mandado do Vice- Passados quase 150 anos, o assunto vai voltando à
Rei Aires de Saldanha. Terra descoberta pelos Holandeses a baila, seja por Keneth Macyntire, seja por Peter
que chamaram Endracht ou Concordia. Trickett, no Beyond Capricorn, seja por quem for...
o resultado acaba por ser sempre o mesmo, e
Tudo isto é explicado por Richard Major, que o magister dixit de uma academia condicionada
acrescenta as razões pelas quais não se pode pensar impõe-se sobre o entendimento do senso comum.
em falsificação posterior da legenda.
Não explica, é claro, que espécie de Concórdia existiu Gonneville
para que fosse assim designada pelos holandeses Convém aqui esclarecer que Richard Major estava
("Concórdias" há muitas... desdepraças fundadas em ciente dos mapas de Dieppe, e diz até mais do que
1755 embelezadas com um obelisco egípcio, até isso... refere que um francês teria reclamado o
aviões supersónicos malfadados). descobrimento da Austrália logo em 1503.

Estávamos em 1863... e o assunto não apareceu O seu nome era Gonneville e depois de ter passado
apenas na Academia das Ciências portuguesa, o Cabo da Boa Esperança, uma tormenta teria-o
encontram-se registos em diversas academias de levado à Austrália... ainda que ele argumente poder
outros países. A comunicação de Major teve impacto ser uma natural confusão com a Ilha de Madagascar.
à época, mas foi desaparecendo dos registos. É esse o Daí teria trazido à Europa o filho do rei, e relatado o
destino das publicações inconvenientes... podem dar desejo de evangelização desses povos que
incómodo e/ou lucro aos editores, mas não afectam o classificava terem atingido algum grau de civilização.
resultado final.

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/mapas-de-dieppe-3-nuca-antara.html Página 27
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Esse grau de civilização, argumentava, era


incompatível com o carácter selvagem dos povos
aborígenes do norte da Austrália, segundo os relatos a
que tinha acesso.
Ora, esta descrição assenta muito bem com
a junção que fizémos dos mapas de Dieppe, e que
aqui relembramos:
Major não dá a tradução do latim, e também não a
encontrei... porém a nossa língua tem fortes
semelhanças que permitem deduzir que Manilio
afirmava que a Terra era redonda e habitada pelas
mais variadas gentes, em particular na parte Austral,
que jazia sob os pés... ou seja, nos antípodas.
Há outros autores do Séc. XVI que voltam a falar
nessa habitabilidade nos antípodas, mas há sempre
forma de invocar o erro e a interpretação, dizendo
que afinal a cor do cavalo branco de Napoleão era o
preto, esquecendo que à época o erro em latitude
não poderia ser tão grosseiro.

E aqui permito-me à divagação fonética... será que


afinal Manila, surge como uma Manilia de Manilio?
Uma pequena homenagem ao escritor romano,
obrigada a ficar nas Filipinas, mas que deveria ter a
sua localização numa Sidney ou Wellington, bem
mais próximas dos antípodas do Império Romano?
A nome da cidade chegou a ser escrito como
Manilha, certamente por influência espanhola (... e
não tanto do jogo da "sueca", onde o 7 ganha um
valor diferente do habitual). A manilha permitia
afinal completar o círculo do globo sendo a cidade
que simbolizava o fecho pelo anti-meridiano de
Tordesilhas...

Alvor-Silves, publicado em 25 de Maio de 2011

Nas ilustrações do mapa, aparecem alguns aborígenes


(a norte da ilustração, a oeste na junção), mas também
uma evidente civilização de aspecto europeu (a sul na
ilustração, a leste na junção), mas não tão sofisticada
quanto a europeia, conforme o relato de Gonneville.

Manilio (séc. I)
A exposição de Major vai ainda um pouco mais longe,
e para isso cita um autor romano - Manilio:

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/mapas-de-dieppe-3-nuca-antara.html Página 28
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

A última piada du Bocage


A piada é simples, foi escrita por Vilhena Barbosa em Já tínhamos escrito que o epíteto "louca" para D.
1860, mas por isso mesmo ele não poderia perceber Maria I revelaria uma outra coisa, tal como
que a estava a escrever: aconteceu com Afonso VI... mas não sabíamos que
no seu reinado tinham sido feitas grandes escavações
No reinado de D. Maria I fizeram-se ali em Tróia. Claramente uma antecessora em 100 anos
grandes escavações, que afinal não progrediram pela causa da busca que Schliemann levou depois para a
referida. Descobriram-se, contudo, alguns edifícios, e extraíram- Turquia. Fechada uma Tróia, era preciso abrir as
se muitos objectos d'arte preciosos, medalhas, utensílios, etc. escavações para outra...
Entre os primeiros figura uma magnifica coluna de Quando é que Schliemann começa as suas
mármore branco arraiado de negro e cinzento, com um escavações em Hissarlik?
capitel de ordem corinthia, se bem nos lembramos, Exactamente na década em que se inaugurava a
primorosamente cinzelado; a qual a mesma soberana última piada du Bocage, colocada em Setúbal.
mandou inaugurar n'uma praça de Setubal, onde ao Estaremos a ser injustos, não foi provavelmente a
presente se admira como um dos melhores adornos da cidade. última piada sobre Bocage, mas talvez sim a
primeira... sem intervenção do próprio.
Passados onze anos, em 1871 foi inaugurada na praça
de Setúbal um monumento de homenagem a Bocage. Por outro lado, há ainda o "Pelourinho" de Setúbal,
Que monumento, que ainda se ergue hoje? curiosamente também com uma coluna de mármore
branco, mas cuja inscrição remete para o Marquês
-Uma outra coluna de mármore branco sobre a de Pombal, 1774, três anos antes de D. Maria I
qual se colocou uma estátua de Bocage: iniciar o seu reinado...

O monumento a Bocage sobre uma coluna coríntia


... mas não a mesma que ali estava, retirada de Tróia.
[foto antiga no blog pracadobocage.wordpress.com]

O denominado pelourinho de Setúbal


É preciso explicar mais o humor dos nossos
governantes? Colocamos ainda a imagem da página, para que não
se pense que isto é piada... certamente que não será
Como o assunto é Bocage e Vilhena, apetece usar o pensado pela meia-dúzia de leitores habituais, que já
vernáculo para exprimir sentimentos... mas lá está - é perceberam que os assuntos de aqui falo são do mais
melhor observar, perceber, e sorrir. sério que se pode imaginar... mas poderia ser
entendido como tal por algum leitor incauto.
O sorriso é a melhor arma da impotência contra o
absurdo da prepotência.

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/ultima-piada-du-bocage.html Página 29
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Uma coluna coríntia é algo que não ilude pelo


menos dois milénios...
Quando, há um ano atrás, referia a citação de
Damião Castro sobre as Torres Altas... estava
obviamente a lembrar-me dos empreendimentos
Torralta, que caracterizaram Tróia.

Se de um lado do Promontório Magno estava uma


Estrema Dura (com uma ilha Arrotrebae, quiçá a
Arrábida), pelo lado de Tróia estava uma Estrema
Arenosa. As areias dos tempos parece que decidiram
ter sempre ali uma parte arenosa... e aproveito aqui
para esclarecer que suspeitando ser a outra Estrema
mais acima do nível do mar, na zona de Grandola...
ou Cuba, a descoberta de artefactos tão antigos na
península de Tróia tem um indicador diferente sobre
a permanência daqueles areais ao longo dos tempos.
Uma coluna coríntia é algo que não ilude pelo
menos dois milénios...

Quando se fala da cimenteira de Outão, podemos


responder com a Torre do Outão, quando se fala da
Torralta, podemos responder com as Torres Altas
da Tróia de Homero. E é claro que os
empreendimentos não são só estes, nem ficaram
pela zona de Setúbal... Vilhena faz nomeadamente
referência à ribeira de Querteira, onde teria existido
uma cidade antiquíssima. Na altura nada existia, mas
no decurso do final do Século XX, como sabemos,
foi levado a cabo um desenfreado ímpeto construtor
no Algarve, que criou uma nova Querteira, chamada
Quarteira.
A receita pode ser simples... os proprietários são
confrontados com uma possibilidade de inibição de
Página 50 do Volume III das construir por cima de ruínas antigas, logo tornam-se
Cidades e Villas... de Vilhena Barbosa eles próprios cúmplices de quaisquer descobertas. O
essencial é prosseguir o empreendimento de pato-
Quando, há um ano atrás, referia a citação de Damião bravo... os bravios são apanhados como patos, e
Castro sobre as Torres Altas... estava obviamente a feitos cúmplices no sistema de ocultação. De bom
lembrar-me dos empreendimentos Torralta, que grado desfazem-se a custo zero dos achados, sempre
caracterizaram Tróia. tidos como "romanos", e alegremente podem
Se de um lado do Promontório Magno estava uma ocultar a paisagem e a história.
Estrema Dura (com uma ilha Arrotrebae, quiçá a
Arrábida), pelo lado de Tróia estava uma Estrema Bocage terá sido poeta da Nova Arcádia, e numa
Arenosa. As areias dos tempos parece que decidiram altura em que D. Maria I levara a cabo tais
ter sempre ali uma parte arenosa... e aproveito aqui escavações em Tróia, o movimento da Arcádia
para esclarecer que suspeitando ser a outra Estrema Lusitana renascia, mas a coluna du Bocage, passados
mais acima do nível do mar, na zona de Grandola... quase cem anos, vinha encerrar um movimento
ou Cuba, a descoberta de artefactos tão antigos na entretanto terminado... é revelador saber-se que Eça
península de Tróia tem um indicador diferente sobre a de Queirós esteve presente na inauguração da nova
permanência daqueles areais ao longo dos tempos. coluna, conforme se pode ler aqui [www.mun-setubal.pt].

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/ultima-piada-du-bocage.html Página 30
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

O rasto da coluna troiana original, sendo perdido (a


menos que seja o pelourinho), terá guarida nalguma
colecção privada, particular, institucional ou estatal...
talvez alguns dos artefactos tenham migrado para
Turquia, para serem encontrados de novo, num local
mais conveniente, por um qualquer Schliemann.

A voz que saiu de Setúbal nessa altura não foi


propriamente a dos poetas da Arcádia, mas muito
mais a voz de uma Luísa que tomou pelo casamento o
nome de uma célebre montanha suiça, o Monte
Todi... e coloco assim uma singela âncora para
sinalização futura.

Alvor-Silves, publicado em 26 de Maio de 2011

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/ultima-piada-du-bocage.html Página 31
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Âncoras suiças (2)


Quando falámos aqui sobre as Âncoras Suiças, já Para que se perceba o silêncio sobre o assunto... que deveria
tinhamos também lido relatos de terem sido constar nalgum livro de teorias de conspiração, de civilizações
antigas, ou algo semelhante... basta fazer uma pesquisa no Google
encontradas embarcações na Lagoa da Serra da sobre o assunto. Em particular experimente-se "mine des Alpes un
Estrela. Coisa um pouco estranha... mas nada impedia vaisseau avec ses ancres"... alguém deveria ter citado o Conde Buffon,
terem sido feitas embarcações para a Lagoa autor largamente conhecido, considerado percursor da teoria da
(Comprida). Ao mesmo tempo esses relatos evolução.
Ora, aparecem 5 resultados antes do Séc. XX, e a partir daí o
invocavam uma profundidade insondável e a suspeita assunto morre por completo, ou quase...
dessa Lagoa ter comunicação com o mar... pelo que Poderá dizer-se que é por ser em francês... mas então vamos
demos mais relevo ao relato notável da descoberta de experimentar encontrar uma citação ao texto de Edward Tylor:
âncoras incrustadas nas montanhas suiças, conforme "in the year 1460 a vessel was found with its anchors"
ocorrem 3 resultados ligados ao próprio texto que
afirmava António Galvão. encontrámos! [as aspas são necessárias]

Na sequência do post anterior, voltamos a abordar a Se o Google estiver a funcionar bem, acrescem os novos
questão das âncoras suiças, porque fomos encontrar resultados deste blog, após publicar o post.
um relato notável de 1878, de Edward B. Tylor. Ele Ou seja, será que há quase 150 anos que não se publica nada
localiza a história que Galvão contava, porque Buffon sobre o assunto?!
na sua Teoria da Terra invoca essa descoberta: É natural, os "teóricos da conspiração" seguem aquele caminho
habitual que é seguir o guru anterior, e não fazem pesquisa
própria... repetem o que é suposto ser repetido, interessam-se
Sur la montagne de Stella au Portugal, il sobre aquilo que lhes é dito ser interessante, e vão calcorreando o
y a un lac dans lequel on a trouvé des débris de vaisseaux, caminho das pedras gastas. Como o objectivo é quase sempre o
quoique cette montagen soit éloignée de la mer de plus de douze reconhecimento comunitário, não faz aí nenhum sentido
lieues (Voyez la Geographie de Gordon, édit. de Londres caminhar isolado. Apesar de estarem habitualmente fora da
academia oficial, vão desenvolvendo uma academia alternativa
1733, page 149). Sabinus, dans ses commentaires sur les imitando a hierarquia pelos seus sucessos livreiros... e ficam assim
métamorphoses d'Ovide, dit qu'il paroît para les monumens de facilmente manipuláveis, mesmo que alguns não o saibam.
l'Histoire, qu'en l'année 1460 on trouva dans une mine des
Alpes un vaisseau avec ses ancres. Desculpando-me por estas divagações, resultado da irritação de
ver mais um "assunto escaldante" que foi escondido com sucesso,
regresso ao assunto principal.
Temos aqui o relato da Serra da Estrela, e ao mesmo
tempo o relato da Suiça, mais detalhado.
Estamos em 1460, e uns mineiros da Suiça
A origem é Angelo Sabino que num comentário a um comunicam a descoberta de navios incrustados nas
texto de Ovídio relata a descoberta do navio com as minas... o efeito deve ter sido avassalador! A Suiça
âncoras numa mina dos Alpes. que pouco mais seria do que um projecto de
Barcos incrustados numa mina dos Alpes... e que intenções anti-domínio Habsburgo fica subitamente
forma teriam as suas proas? armada com uma besta letal.
Olhando para os símbolos dos cantões suiços, Se Hércules segurava uma Maça numa mão e uma
percebe-se que houve uma Jura em Basileia: Maçã na outra... Guilherme Tell apontou
directamente à maçã, sendo certo que no tiro da
besta arriscava a aniquilação do filho.

A lenda de Guilherme Tell aparece não em 1460,


mas sim por volta de 1470, e algumas décadas
depois os suiços vão ocupar lugar de destaque na
protecção do Papa. A partir daí a história da
independência Suiça é uma história de sucesso, e
brasões dos 2 cantóes de Basileia e brasão do cantão do Jura apesar de alinharem pelo lado protestante ou
... a semelhança com proas de navios antigos fica justificada! calvinista, nunca deixarão de ter aquele lugar especial
no coração ultra-católico do Vaticano.

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/ancoras-suicas-2.html Página 32
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Quer Buffon, quer Tylor, alongam-se no discurso


sobre as eventuais evidências de um nível marítimo The remains of the Dun Cow that Guy
superior ao contemporâneo, nomeadamente pelo Earl of Warwick slew are or were to be seen in England, in
registo fóssil. Em particular é referida a evidência da the shape of a whale's rib in the church of St. Mary Redcliffe,
presença marítima no deserto da Mongólia, conforme and some great fossil bone kept, I believe, in Warwick Castle.
já abordámos. "The giant sixteen feet high, whose bones were found in
1577 near Heyden under an uprooted oak, and examined
and celebrated in song by Felix Plater, the renowned
Tylor apanha já a transição para o Darwinismo, e essa physician of Basle, has been long ago banished by later
mudança de mentalidades é bem denunciada naturalists into a very distant department of zoology;
nalgumas frases: but the giant has from that time forth got a firm
"In the ninth edition of Home's 'Introduction to the
standing ground beside the arms of Lucerne, and will
keep it, all critics to the contrary notwithstanding.“
Scriptures,' published in 1846, the evidence of fossils is
confidently held to prove the universality of the Deluge; but the
argument disappears from the next edition, published ten years Ao contrário do que julgava Tylor, o brazão
later." de Lucerna já não inclui nenhum gigante de Felix
Plater, reportado com 18 ou 19 pés de altura, e que
Aproximava-se uma "entente cordiale" que era citado por Júlio Verne na sua "Viagem ao centro
recolocaria a educação no devido lugar. da Terra"... Agora ficou bastante simplificado:
Tylor vai ainda muito mais longe...

Both in Scotland and in South America,


upheaval of land in more or less modern times is a recognized
fact, and the finding of boats, as of various other productions of
human art, in places where they could hardly have been placed
by man, is readily accounted for between this upheaval and the
effects of ordinary accumulation and degradation. ... em compensação temos o monumento de
Lucerna, que ilustra a protecção que o leão dos
(estes barcos e artefactos em posições estranhas não são muito
relatados... a menos de algum conto de reis de Garcia Marquez, que
mercenários suiços tentou fazer aquando da
colocava barcos em desertos) Revolução Francesa. A protecção da flor-de-lis da
... e atreve-se a falar na questão dos gigantes. casa real francesa custou a vida a esses suiços, que tal
Deixo uma larga citação que é instrutiva em muitos como Buffon obedeciam ao rei francês, e que talvez
aspectos: lhe tivessem feito confidência do assunto esquecido
In the Old World, myths both old and das âncoras suiças.
new connected with huge bones, fossil or recent, are common
enough. Marcus Scaurus brought to Rome, from Joppa, the
bones of the monster who was to have devoured Andromeda,
while the vestiges of the chains which bound her were to be seen
there on the rock; and the sepulchre of Antaeus, containing his
skeleton, 60 cubits long, was found in Mauritania.

Don Quixote was beforehand with Dr.


Falconer in reasoning on the huge fossil bones so common in
Sicily as remains of ancient inhabitants, as appears from his
answer to the barber's question, how big he thought the giant
Morgante might have been? "... Moreover, in the island of
Sicily there have been found long-bones and shoulder-bones so
huge, that their size manifests their owners to have been giants,
and as big as great towers, for this truth geometry sets beyond
doubt." Again, the fossil bones so plentifully strewed over the Alvor-Silves, publicado em 26 de Maio de 2011
Sewalik, or lowest ranges of the Himalayas, belonged to the
slain Rakis, [p.324] the gigantic Eakshasas of the Indian
mythology.

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/ancoras-suicas-2.html Página 33
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Os nomes e as serras
No seguimento do texto anterior, fomos encontrar a Ou seja, é provável que o estreitar do Rio Guadiana
citação de Buffon sobre a Serra da Estrela, (antes chamado Ana), ali com uma queda de 20
mencionada na "Geografia" de Patrick Gordon (aqui metros, se fizesse sob a rocha, que entretanto
edição de 1737, p. 143) : abateu... e por isso o efeito do rio desaparecer sob
terra já não é visível hoje, mas pode ter sido no
In a Lake on the Top of the Hill Stella passado.
in Portugal, are found Pieces of Ships, though it be distant from
the Sea more than twelve Leagues. Near to Raja, is a Lake
observable for its hideous rumbling Noise, which is ordinarily Serra da Estrela (de Alva)
heard before a Storm, and that at the Distance of five or fix O mito da Serra da Estrela já o tinhamos
Leagues. About eight Leagues from Coimbra is a remarkable encontrado num texto de 1804 do padre Francisco
Fountain, which swallows up, or draws in, whatsoever Thing do Nascimento Silveira, no Mappa Breve da
only touches the Surface of its Waters; an Experiment of which Lusitania Antiga e Galliza Bracarense. Silveira fala da
is frequently made with the Trunks of Trees.The Town of Lusitania com a sua origem em Luso ou Elisa e
Bethlem (nigh to Lisbon) is noted for the sumptuous Tombs of descreve várias particularidades interessantes - umas
the Kings of Portugal. mais credíveis do que outras.

Esta "geografia" de Gordon é minimal e tem que ser Se Tubal, neto de Noé, ficou associado à Iberia, o
inserida numa estranha mistura entre objectividade e padre António Vieira associou Elisa, sobrinho de
subjectividade... Será interessante ainda conhecer a Tubal, ao nome Lusitânia/Lysitânia. Elisa é irmão
descrição que Gordon fazia dos portugueses: "tirem- de Tarsis, e vizinhos aos lusitanos estavam os
se as (poucas) qualidades dos vizinhos (espanhóis) e tartéssios, a que se associa Tarsis.
têm aí um português", marcando especialmente um
carácter traiçoeiro que atribuía a forte mistura ou Silveira faz mesmo referência aos Campos Elísios,
influência judaica no reino, após as descobertas. salientando que Homero coloca esse paraíso
terrestre nas terras do Oceano Ocidental.
Pulo do Lobo
A descrição de Gordon está inserida num tópico Por outro lado, lembramos que Elisa era o outro
sobre "raridades", onde sobre a Espanha fala por nome associado a Dido, a mítica rainha fundadora
exemplo do avistamento de um "barco feito de pedra" de Cartago. Para não dispersar, deixamos para outra
no Porto de Mongia, na Galiza... e para além de altura falar de Lysias, o filho de Baco, que também
referir a lenda dos Pilares de Hércules em Cádiz, consta da mitologia lusitana... Baco foi talvez o
menciona algo que já tínhamos lido sobre o Guadiana único que Camões decidiu usar. Comportou-se
- as suas águas desapareciam, algo que podemos como exigido na mitologia, para poder encriptar nos
associar à zona do Pulo do Lobo. Lusíadas a sua versão da história recente.

Sobre a Serra da Estrela, Silveira fala da toponímia


ligada a uma rocha em forma de estrela, ou de um
Templo a Lucífer - entendendo-se aí Vénus, como
Estrela de Alva (que era diferenciada na sua aparição
a Poente, com o nome Hesper). Seria assim Serra da
Estrela de Alva... algo que ele parece querer
confirmar falando logo de seguida da tripla origem
dos rios Alva, Mondego e Zêzere, algo que já foi
mencionado.

Guadiana - imagem aérea da cascata do Pulo do Lobo


[portugalfotografiaaerea.blogspot.com]

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/os-nomes-e-as-serras.html Página 34
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Porém, o mais relevante é quando menciona a "Lagoa


Escura" e diz À época a fama desta fonte seria bem maior, mas
(...) a qual, quando o mar anda bravo se terá sido destronada pelos pastéis de Tentúgal... se
enfurece também, dando bramidos como trovão, motivo porque existiram alguns olhos de outra dimensão, que ali
os naturais crêem que comunica com o mar, e ainda mais o colocaram na escrita quase a descrição de um mini-
asseveram os que sabem, que João Vaseo, escreve que nela já buraco-negro, tratou-se de fantasia ou pelo menos
foram achados troços de mastros de navios. fenómeno ocasional (o Aquilégio de 1726 dá conta
de fenómeno semelhante na Vila do Cano, em
O relato a que alude Gordon, Buffon e depois Tylor Évora). Vaseo teria ainda tentado relacionar Cadima
tem o autor identificado, é João Vaseo... e por aí com uma descrição de Plínio, do chamado Campo
fomos chegar às curtas referências que restam de um Carrinense, que os espanhóis localizam como sendo
"insígne gramático" contemporâneo de João de as Fontes Carrionas.
Barros, Gaspar Barreiros, mas cujo nome nos tem
sido afastado. Ainda que com dificuldade, é interessante ter
conseguido ir buscar a origem do relato - João
Vaseo, primeiro eminente gramático e depois
Fonte de Cadima enterrado nas areias do tempo.
Aparentemente numa sua Crónica de Hespanha, João
Vaseo fala ainda da tal fonte que tudo absorvia,
conforme afirmava Gordon. Fomos encontrar esse Monte do Cantaro
relato num site Novo Aquilégio que fala da Fonte de Não acaba aqui a referência à Serra da Estrela, e
Cadima, associando-a aos Olhos de Fervença, no Archivo Popular de 1839 aparece uma outra
próximos de Tentúgal. Não se conhecendo a obra de informação interessante. Para além de ser dito que a
Vaseo, é usada uma citação de um Aquilégio Serra estava continuamente coberta por neve (não é
Medicinal de 1726 (pág. 115), de Francisco Fonseca a primeira vez que lemos isto), fala-se numa
Henriques, que diz: pirâmide, de rochas naturais, no topo da Serra, e
é então chamado o "Monte do Cantaro".
No lugar de Cadima, distante duas É claro que hoje temos a informação de que o ponto
léguas da Vila de Tentúgal, comarca de Coimbra, há uma mais alto é a zona da Torre, mas é natural considerar
fonte ou charco, que tem de altura um palmo de água, a que os que o Cântaro Magro, com a sua forma singular,
da terra chamam Fervenças, a qual sorve tudo quanto nela se seria tido como o pico.
lança, ainda que sejão cousas que nela não cabem , e segundo
escreve João Vaseo na Crónica de Hespanha, e depois dele o
Padre António Vasconcelos, e Duarte Nunez de Leão nas
descrições que escreveram de Portugal, já sucedeu que sorveu
arvores inteiras, que de propósito se lhe lançaram, para ver se as
sorvia, e chegando-lhe uma besta, a ia sorvendo, de maneira,
que com grande trabalho tiveram mão nela.

Olhos de Fervença, a fonte de Cadima


[www.aguas.ics.ul.pt]
O Cântaro Magro e os 3 Cântaros (Gordo, Raso, e Magro)
[rocha podre e pedra dura - blogspot]

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/os-nomes-e-as-serras.html Página 35
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Desconhecia a designação dos Cântaros... ou a estória


de que a povoação do Carvalho tinha obrigação de aí
colocar um cântaro, mas a denominação particular é
conhecida dos montanhistas.

Para finalizar o apontamento, que já vai longo,


encontrámos ainda o Dicionário do Portugal Antigo e
Moderno, de Augusto Pinho Leal, que no Volume 9,
de 1880, já refere as neves restritas aos meses de
inverno, e que sobre a antiga vila de Serdaça diz a
certa altura:
A 200 metros de distancia, passa o
rio Mondego, e fica também próximo o monte do Cântaro (o
Olympo dos antigos). Deste monte brotam trez caudalosos
mananciaes de cristalinas águas, que dão origem a trez rios —
o Mondego, o Alva e o Zêzere.

Desconheço igualmente a razão pela qual Pinho Leal


se vai lembrar de associar o Monte do Cântaro ao
"Olimpo dos antigos"... parece descabido e de
pretencioso nacionalismo exacerbado. É interessante
notar que o início do Séc. XIX aparece bem mais frio
do que o final do mesmo século... e não só! Apesar
dessas neves constantes na Serra da Estrela, Silveira
afirma que a Serra de Montejunto seria a mais alta de
Portugal... hipótese que também é mencionada no
Archivo Popular, mas obviamente descartada.

Serra do Caramulo
Não deixamos de assinalar uma outra formação
estranha, que é relatada no Archivo Popular, e por
Silveira... as rochas empilhadas no topo da Serra do
Caramulo - que são ainda hoje bem visíveis, mas
menos conhecidas do que os chapéus da Páscoa:

imagens do Caramulo - um outeiro no topo da Serra


[quintadoriodao.com]

Talvez se pretenda que as formações sejam naturais, ou que sejam


celtas, ou quiçá até romanas... não faço ideia e já nada espanta... a
arqueologia às vezes parece-se resumir a inventar a melhor estória
que cole nas duas ou três possibilidades oficiais.

Alvor-Silves, publicado em 27 de Maio de 2011

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/os-nomes-e-as-serras.html Página 36
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

As caves de Maastricht
Maastricht será mais conhecida pelo Tratado que Há normalmente um aviso colado às ilustrações,
definiu a União Europeia... a escolha da cidade nada dizendo que as pinturas são recentes... não vá o
indicaria de especial, a menos que se conheçam povo pensar que algum homem pré-histórico tinha
as Caves do Monte de St. Pietersberg, sobre as quais feito pinturas de carvão naquelas paredes.
Buffon diz:
On connoit des carrières qui sont d'une
étendue très-considérable; celle de Mastricht, par exemple, où A este propósito, aproveito para colocar uma
l'on dit que 50 mille personnes peuvent se réfugier, et qui est imagem de uma das muitas locomotivas
soutenue par plus de mille pilliers, qui ont 20 ou 24 pieds de abandonadas no Salar de Uyuni, na Bolívia
hauteur;e depois de falar das minas de sal na Polónia, remata:
"d'ailleurs, les ouvrages des hommes, quelque grands qu'ils
puissent être, ne tiendront jamais qu'une bien petite place dans
l'histoire de la Nature".

Neste caso, as caves de Maastricht têm de facto um


lugar pouco conhecido na História da Natureza, ainda
que tenha sido lá que se encontrou o primeiro fóssil
de grande réptil, o Mososauro:

Salar de Uyuni, Bolívia - "Asi es la vida"

Qualquer um dirá que esta locomotiva resulta de


uma exploração de sal, que depois teve um fim,
deixando abandonadas uma imensa quantidade de
locomotivas (aparentemente nem o muito ferro
abandonado foi considerado valioso). Há situações
semelhantes na Austrália, no meio do deserto, ou na
América... Nada a dizer, excepto que há uma outra
hipótese mais interessante, ficcional é claro: - a
Ilustração da descoberta do Mososauro em 1764, Maastricht confusão passado/presente!

O que fazer com múltiplos registos inconvenientes, espalhados


pelo globo?
Ora, convenientemente, houve artistas que decidiram
aí representar nas paredes um mundo pré-histórico. -Uma hipótese é ocultar, proibir as viagens, as
visitas... isso terá sido seguido durante uns séculos.

-Uma outra hipótese é favorecer uma rápida


evolução, copiando a evolução anterior, de forma
que os registos de milénios se confundam com
abandonos recentes. Se alguém no Século XX
encontrasse uma locomotiva abandonada num
deserto boliviano nunca iria pensar tratar-se doutra
coisa que não fosse uma locomotiva com menos de
100 anos... nada de ter ideias para coisas de
civilizações passadas. Em jeito de piada, basta
Ilustrações nas paredes das caves de Maastricht reparar no design dos carros americanos dos anos 50,
para pensar que foram inspirados em coisas
de sáurios!

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/as-caves-de-maastricht.html Página 37
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Com as pinturas inconvenientes será a mesma coisa...


tivessem os espanhóis do Século XIX convocado um
concurso de pintura nas grutas de Altamira, e os
registos de caça agora atribuídos ao homem pré-
histórico, passavam por terem sido desenhados por
crianças na altura. É difícil conter a informação, as
populações saberiam, etc...

Será? Será que não demos já exemplos suficientes que


mostram que a informação não se propaga da forma
que se pretende, a menos que haja patrocínio, ou que
não haja restrição?

As caves do monte de Maastricht são explicadas


como resultado de exploração, como mina de pedra
para as construções circundantes. Apesar de
completamente esburacada, só em 1764 vão dar com
o esqueleto do dinossauro, e em jeito de brincadeira
vão usar as mesmas paredes para fazer uma pintura
bastante realista do que seria o ambiente pré-histórico.
É bastante provável que tenha sido assim, mas não se
pode deixar de pensar noutras hipóteses...
A Holanda, tal como a Suiça, depois de sofrer sob
domínio Habsburgo, irá ter uma história de
independência e sucesso, que só diminuirá justamente
na altura da divulgação da descoberta do mososauro,
que depois foi parar ao Museu de História Natural de
Paris.

Alvor-Silves, publicado em 28 de Maio de 2011

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/as-caves-de-maastricht.html Página 38
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Das Maçãs às Laranjas


Louro da laranja
Este texto pode bem seguir-se às Caves de Maastricht, O assunto chega a ser colocado ao ponto de não
no que diz respeito à Holanda, via Casa de Nassau- haver palavra para designar o cor-de-laranja, e por
Oranje, pelo laranja, cor que no fim do Séc. XVI isso a uma dificuldade de rimas... a palavra é de facto
ficaria ligada à independência e crescimento holandês difícil de encontrar em textos portugueses do Séc.
do Séc. XVII. Pode ler-se na wikipedia: XVI, e a primeira ocorrência que encontrámos, é
curiosamente Camões:
A laranja doce foi trazida da China
para a Europa no século XVI pelos portugueses. É por isso Mil árvores estão ao céu subindo,
que as laranjas doces são denominadas "portuguesas" em vários Com pomos odoríferos e belos:
países, especialmente nos Bálcãs (por exemplo, laranja em grego A laranjeira tem no fruto lindo
é portokali e portakal em turco), em romeno A cor que tinha Dafne nos cabelos;
é portocala e portogallo com diferentes grafias nos vários Encosta-se no chão, que está caindo,
dialectos italianos . A cidreira com os pesos amarelos;
Os formosos limões ali, cheirando,
Quem já tiver falado com magrebinos, saberá ainda Estão virgíneas tetas imitando.
que a palavra árabe para Laranja também deriva de Lusíadas, Canto IX, §56
Portugal... Desconheço pois a origem da ideia de que
não havia laranjas a ocidente, mas é relatado o
problema da viagem de Vasco da Gama com o Camões dá uma preciosa informação... Dafne seria
escorbuto, associado à falta de consumo de citrinos - ruiva, ou loura, de cabelos laranja.
apesar de ser assumido que existiam limões trazidos Atendendo a que Dafne está associada ao Loureiro,
da Pérsia, e disseminados pelos árabes. e os Louros não são Louros (de cor), ficaram-nos os
O mesmo não teria acontecido com as laranjas, e a louros como folhas descoloridas, e a informação
vila francesa de Orange por acidente ficou ligada a camoniana ganha esse especial interesse!
laranjas, alguns dizem que vindas das Cruzadas! L'ouro de ouro, e não do loureiro... mas sim de
laranjeira, tal como é dito que Orange vem do "ór"
francês de ouro (há ainda a pretensa origem pelo
Pretende-se pois constar que no mundo greco-romano sanscrito indiano de "naranga", deu o espanhol
não existiriam citrinos, o que seria complicado "naranja", mas em português manteve-se o L para
distinguir no pretenso legado artístico e arquitectónico laranja, detalhes...).
greco-romano que é essencialmente de um mundo sem
cores, não fora alguns frescos de naturezas-mortas de
Pompéia:

Apolo e Dafne...
Natureza-morta de Pompéia, onde não se devem ver laranjas. Dafne que fugindo ao deus Sol se transforma
[viticodevagamundo.blogspot.com] em loureiro, ou laranjeira?

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/das-macas-as-laranjas.html Página 39
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Esquecendo os detalhes... a cor-de-laranja esteve


Aliás podemos citar Duarte Nunes do Leão (1610):
sempre bem presente e num pôr-do-sol marítimo e
Finalmente desta fruta é tão provida
não poderia ser ocultada como uma das cores do
toda a terra, que na primavera em qualquer lugar que se ache
arco-íris, ou de outras manifestações que tem na
uma pessoa, lhe cheirará a flor de laranja.
natureza. Parece ridícula a justificação de falha de
palavra para a cor-de-laranja.
Ao mesmo tempo Duarte Leão revela a imensa
A imposição contra o laranja parece ter assim
exportação que era feita para a Flandres e Inglaterra!
motivação humana propositada.
O jardim das laranjas estava já a ser exportado em
grande quantidade...
Maçãs e Laranjas
Às laranjas ligam-se maçãs... de ouro! A laranja que é hoje vista como um fruto banal, bem
Começamos pelo pecado original - a maçã de Eva, poderia ter sido vista como uma antiga preciosidade, ao
que ficou no garganta dos homens como maçã de nível que tomaram depois as especiarias.
Adão... mas listamos mais alguns exemplos para que
se perceba melhor: Podemos ainda ter entendimento diferente daqueles
provérbios bastante conhecidos:
 Maçã de Eva, o conhecimento proibido do Jardim do A laranja de manhã é de ouro, à tarde é de prata e à noite mata.
Paraíso;
Na alvorada dos tempos terá sido de ouro, nos tempos de
 Maçã de Hércules e a sua Maça, os pomos de ouro e as
esperança, de Hesper, no poente da tarde, foi de prata, e
Hespérides; durante a noite da idade das trevas terá sido proibida.
 Maçã de Guilherme Tell, de que já falámos;
 Maçã de Isaac Newton, na teoria da gravidade Só assim faz sentido a redescoberta da laranja, coincidente
com as "redescobertas" nos "descobrimentos", e poderá
... e mais recentemente poderíamos invocar a perguntar-se até que ponto o nome Portugal, que se
marca Apple no campo informático, só para lembrar alguns associa às laranjas em várias línguas, não terá sido mais
dos exemplos mais conhecidos que usaram a maçã como uma consequência do que uma causa!
símbolo (podem ainda incluir-se as lendas nórdicas e celtas).
Uma maçã malfadada que em latim se entende como Malum. Clementinas, Tangerinas
Como etiquetamos este texto como "estória", vemos que
No entanto, no caso de Hércules, os "pomos de as variantes reduzidas de laranja, clementinas e tangerinas,
ouro“ foram considerados como designação levam-nos por conjectura de etimologia a dois episódios:
alternativa para a laranja (que em latim teve a  Clemente V... que cede a Filipe, o Belo, e ordena a destruição
designação Malum Medicum... maçã medicinal (?), cf. dos templários, passando o papado para Avignon, em 1309. Os
Dicionário de Jerónimo Cardoso, 1643). Isso é confirmado templários vêm a Portugal sob protecção de D. Dinis.
 Tanger... e a autorização para o início da expansão africana, e
por Bernardino Silva (na Defensam da Monarchia dos descobrimentos, em 1415, com a participação dos templários.
Lusitana, p. 137):
donde disse Salamão: Mala aurea in
lectis argenteis homo qui loquitur verbum in tempore
suo. O falar tempestivamente com palavras arresoadas &
brandas, são maçãs de ouro em leitos de prata. Não falta
quem por maçãs d'ouro entenda laranjas, & nesse
sentido diz o Poeta Latino: Aurea mala decem misicras,
altera mictam. Medicina tão própria para os doentes de
cólera, que não haverá Acessias que as não receite (...)

Ou seja, as supostas "maçãs de ouro" de Hércules, ou


outros heróis, não eram mais do que simples
"laranjas" do jardim das Hespérides. Picasso: les demoiselles d'Avignon...
Onde estaria esse jardim ocidental, da estrela da tarde, a fruteira deveria conter uma clementina!
de Hesper? Será difícil não associar laranjas a
Portugal... especialmente para árabes, que usam a
palavra como tal. Alvor-Silves, publicado em 29 de Maio de 2011

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/das-macas-as-laranjas.html Página 40
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Basiliscos de Basileia e Medos de Medusa


Ainda sobre as Âncoras Suiças (2), convém esclarecer É interessante saber que para além de Medusa, as
algo sobre os símbolos de Basileia. irmãs imortais Esteno e Euríale, habitariam o
Ocidente. Isso é consistente com a lenda que coloca
Como é óbvio, não há nenhuma relação oficial do Perseu a repousar nas terras de Atlas, e a petrificar o
símbolo a quaisquer proas de navios... é suposto titã por olhar para a cabeça da Medusa. Já não é tão
vermos aí a parte superior de um ceptro bispal consistente colocar o artifício de Hércules que
(báculo), e não só, costuma estar acompanhado substituiu temporariamente Atlas na sustentação do
de Basiliscos, que são seres míticos (com aspecto mundo, pois Atlas já estaria então petrificado como
de Gallos) capazes de "matar com o simples olhar"... montanha.

Perseu, depois Hércules, e depois Jasão, são


colocados a efectuar estas viagens a paragens
ocidentais, onde se deparam com um mundo
inóspito, polvilhado de perigos, onde contam com a
protecção de Atena. Perseu, acabará por libertar
uma Andrómeda de ascendência fenícia, ameaçada
pelo monstro marinho Cetus (... um cetáceo). Perseu
e Andrómeda são colocados como ancestrais dos
persas.

O símbolo de Basileia rodeado por dois Basiliscos.


[www.colnaghi.co.uk]

Pretender-se-à que o símbolo seja o báculo do bispo,


como protector de Basileia, porém já explicámos
nesse texto que as descobertas nas minas suiças - de
barcos incrustados nas montanhas - poderiam ter um
efeito semelhante às do Basilisco, sendo capaz de
petrificar o mais céptico, com um simples olhar!

Para além destes Basiliscos de Basileia, encontramos


uma lenda semelhante com Medusa.
Medusa seria uma das três Górgonas, e a única delas
mortal, que sucumbiu à espada de Perseu.
Andrómeda acorrentada, será salva de Cetus por um Perseu,
montado no Pégaso que resultou da morte de Medusa

Também Hércules se depara com um monstro, o


dragão Ládon descendente de Cetus), que guardava
os pomos de ouro (... ou laranjas) no Jardim das
Hespérides. Na viagem de regresso com os
Argonautas, Jasão encontra ainda o rasto desse
dragão (mas que não é a mesma serpente que guarda
o Tosão de Ouro).

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/medo-da-medusa.html Página 41
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

A colaboração de Atena, já munida com a aegis da A deusa do conhecimento guardará como seu
cabeça de Medusa (oferecida por Perseu), na questa escudo a cabeça aterradora da Medusa, mas colabora
de Jasão é evidenciada nesta imagem, onde o salva da com os diversos heróis nas suas viagens marítimas
serpente: intrépidas.
Se a viagem de Hércules está de sobremaneira
associada à Hespanha, o mesmo não acontece com a
de Jasão que é colocada no Mar Negro, por isso de
forma alguma se poderia Jasão na rota das
Hespérides e de Hércules... a menos que
consideremos o nível do mar diferente, como já
temos insistido!

Usando a topografia actual, apresentamos a situação


que permitiria um contorno da Europa, levado por
Jasão e Argonautas, seguindo pelo Mar Negro, que
aqui invadiria as extensas planícies da Europa de
Leste, conectando com o Mar Báltico, de forma a
ser possível o regresso pelo lado da Península
Ibérica, entrando pelo lado oposto das colunas de
Hércules... conforme ilustrado aqui:

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/medo-da-medusa.html Página 42
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

É claro que tal situação topográfica apresenta tabus


inquebráveis...

Ninguém aceitará de bom grado ter uma Irlanda e


Britania quase submersa e reduzida quase a Gales e
Escócia, ter uma França polvilhada de ilhas, ter uma
Polónia quase debaixo de água (apesar das extensas
minas de sal que tem), ter uma Líbia reduzida à zona
de Cyrene (sirenes, sereias), e ter uma Hungria abaixo
do nível do mar. São demasiadas coisas para aceitar,
ainda que possam dar consistência a relatos
inconsistentes, em particular a António Galvão e à
viagem de Alceus.

Como já referimos a situação poderia ainda ser mais


exagerada, abrindo mais o caminho pela zona da
Europa de Leste, que é particularmente baixa... mas
para isso temos que aceitar que o nível do mar não foi
sempre o mesmo, e houve alterações consideráveis, ao
longo dos tempos - e não dos milhões de anos
geológico-evolucionistas, mas apenas de milhares de
anos de testemunho humano.

Dificilmente, mesmo assim, se conseguiriam explicar


os registos de embarcações na Suiça... ainda que
Basileia esteja apenas a 244m acima do nível do mar, e
por isso as minas nas redondezas possam atingir
zonas que não necessitariam mais do que pouco mais
de uma centena de metros de aumento do nível do
mar. Qualquer outra coisa implicaria transformações
geológicas de magnitude planetária.

Alvor-Silves, publicado em 29 de Maio de 2011

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/medo-da-medusa.html Página 43
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Elefantes pelos Mamutes


Repare-se que Buffon não diz que as defesas desses
Recorremos de novo a Buffon, que nos seus 44 livros elefantes seriam muito maiores do que as dos elefantes
parecerá ser uma fonte inesgotável, nos seus actuais - seria isso que estaríamos à espera, se ele se
Elementos da Terra (vol. 3, pag. 183), diz o seguinte: estivesse a referir aos "mamutes". Porém ele é claro a
Quoi! dira-t-on, les éléphans et les autres estabelecer uma certa semelhança de dimensões... como
animaux du midi ont autrefois habité les terres du nord? Ce enquadrar aí a noção do mamute com as grandes presas?
fait, quelque singulier, quelqu'extraordinaire qu'il puisse Restará o pêlo... mas sobre esse pêlo, Buffon não faz
paroitre n'en est pas moins certain. On a trouvé et on trouve observações, e lembramos como é caso raro encontrar-se
encore tous les jours en Sibérie, en Russie, et dans les autres uma pele associada a ossos.
contrées septentrionales de l'Europe et de l'Asie, de l'ivoire en
Buffon dá bastante ênfase aos achados de elefantes, mas
grande quantité; ces défenses d'éléphant se tirent à quelques não só, adiciona hipopótamos e rinocerontes:
pieds sous terre (...) mais aussi dans les terres du Canada et des On trouve en Sibérie et dans les autres
autres parties de l'Amerique septentrionale. contrées septentrionales de l'Europe et de l'Asie, des squelettes, des
défenses, des ossemens d'éléphans, d'hippopotames et de rhinocéros, en
Até aqui, do ponto de vista do que restou para os dias assez quantité (...) et l'on a observé que ces dépouilles d'éléphans et
de hoje, dir-se-ia que Buffon estava a chamar d'autres animaux terrestres se présentent à une assez petite
elefantes a mamutes, e a história acabava na confusão profondeur; au lieu de coquilles et les autres débris(...)
"depois esclarecida" de que aos ossos de elefante da
Estes ossos estavam a pouca profundidade, quando
Sibéria e Canada se deveria adicionar pêlo.
comparado com as conchas, o que levava à hipótese de
mudança equatorial, que Buffon discute. No entanto,
discute de forma simplificada, baseado nas observações
astronómicas de então que davam uma mudança da
eclíptica de 45'' por século, concluindo que precisaria de
360 mil anos para uma mudança de 45º, o que levaria a
zona tropical para as partes siberianas. É engraçado ver
que estas conclusões e a maneira simplificada de lá chegar
já se encontravam ao Séc. XVIII.
É depois com Cuvier que surge a hipótese de mudanças
Mamute de Beresovka, um elefante com pêlo. mais drásticas, catastróficas... é também Cuvier que define
antigos mamutes como diferentes dos elefantes.
Pelos vistos, vistos os pêlos, os elefantes passam a
De Cuvier aproveitaram-se os
mamutes... Porém temos que observar que não era
mamutes, de Buffon uma hipótese
bem isso que Buffon dizia. de idade antiga da Terra...
Reparemos na quantidade de ossos encontrados: Aqui somos levados ao contrário, a
(...) on a peut-être déjà tiré du nord plus aproveitar os elefantes de Buffon, e
d'ivoire que tous les éléphans des Indes actuellement vivans n'en um catastrofismo de Cuvier para
pourroient fournir; explicar as mudanças bruscas e
rápidas.
Ou seja, aparentemente no Séc. XVIII encontravam- Messerschmidt, é o nome a quem
se ossos de "mamute" a pontapé, ao ponto de Buffon se atribui em 1728 a descoberta dos
elefantes/mamutes na Sibéria, e este
dizer que havia mais marfim retirado da Sibéria do
Daniel poderá ser confundido com
que nos elefantes existentes na Índia (diz isto para Franz,, escultor seu contem-
afastar a hipótese que teriam sido levados por porâneo... e em nenhum caso se
humanos, domesticadamente). devem ambos confundir com os
famosos aviões… Messerschmitt. Escultura de Franz
Depois, e a propósito das dimensões das defesas dos Messerschmidt
elefantes encontrados, Buffon diz:
Les os et les défenses de ces anciens
éléphans sont au moins aussi grands et aussi gros que ceux des
éléphans actuels, aux-quels nous les avons comparés; Alvor-Silves, publicado em 31 de Maio de 2011

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/elefantes-pelos-mamutes.html Página 44
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

O Gigante de Lucerna
Afinal, haveria elefantes na Suiça... bom, é claro que
Gigante de Lucerna, gigante da lâmpada, ou génio da
Blumenbach deveria querer referir-se a algum
lâmpada...
mamute ou mastodonte, mas a palavra não teria
Quando falámos aqui de Lucerna, ligámos à história
ainda sido inventada.
de Aladino, pelas lâmpadas egípcias, uma vez que
lucerna e lâmpada são sinónimos, e o "génio" ficou
Blumenbach irá ficar famoso por definir que existe
guardado na lâmpada... mas não tínhamos a
apenas uma espécie humana, e que é semelhante em
informação que permitiria juntar um outro dado - o
toda a Terra. Isso é obviamente marcante pelo bem
Génio da história era um gigante!
maior que teve ao igualar as diferentes raças, numa
Depois de esfregar no assunto, o gigante apareceu,
altura em que havia escravatura. Porém, é também
conforme texto sobre as Âncoras suiças (2), e esteve
nessa altura que a afirmação de Blumenbach ganhará
presente nas armas de Lucerna.
mais significado - os eventuais gigantes da Patagónia
ou da Tasmânia, estariam em vias de desaparecer,
sendo que os pigmeus já teriam desaparecido!

Felix Plater, e outros avaliadores suiços, até


Blumenbach terão simplesmente confundido
ossadas de elefante com ossadas humanas... Assim,
com um erro grosseiro passado, o problema fica
resolvido no presente - uma técnica de Estória
repetida vezes sem conta na História.

Porém, o problema é um pouco mais complicado!


Gigante de Lucerna, na ponte Kappelbrucke Não há apenas o relato desse caso invulgar do
Gigante de Lucerna.
É Antoine Galland que no início do Séc. XVIII vai
Voltamos a Buffon... ainda não estamos no Séc.
popularizar no ocidente as "Mil e uma Noites", e
XIX, e ele pode dizer isto:
aparentemente decide incorporar a história de Aladino
Les races fes géans autrefois si
e também as de Ali Babá e Sindbad. À falta de
communes en Asie, n'y subsistent lus. Porquoi se trouvent-elles
pesquisa e dados sobre as duas últimas, voltamos a
en Amérique aujourd'hui?
Aladino e à lâmpada, ou seja Lucerna, que mereceu
esta atenção suplementar. (Buffon, Volume 3, Époques de la Nature, pag. 431)

Galland estaria certamente ciente da história do De quem falava Buffon?


Gigante de Lucerna, ossos enviados ao médico de Falava dos gigantes da Patagónia, dizendo "car on ne
Basileia, Felix Plater em 1577, depois dos ossos terem peut douter qu'on n'ait rencontré dans l'Amérique
sido descobertos numa tempestade, quando uma méridionale des hommes en grand nombre tous plus grands,
árvore tombou. Plater determinou que eram humanos plus carrés, plus épais et plus forts que ne le sont tous les
e de dimensão considerável, ou seja 18 a 19 pés, o que autres hommes de la terre".
colocaria o indivíduo perto dos 6 metros de altura.
Dalguma forma antevia o desfecho seguinte - "leur
Os ossos foram guardados, juntamente com o esboço race s'est conservée dans ce continent désert; tandis qu'elle a été
do desenho feito por Plater, e como a polémica se entièrement détruite par le nombre des autres hommes dans les
reacendeu no início do Séc. XIX, foram enviados contrées peuplées“
ossos ao antropólogo Blumenbach, que determinou ... ou seja, o isolamento tinha permitido à raça de
tratarem-se de ossos de elefante. Ponto final... patagões subsistir, mas isso estava prestes a mudar
reticências, e exclamação! no Séc. XIX, quando a Província do Rio de La Plata
vai passar a ser Argentina conquistando a Patagónia,
conforme já mencionámos [A última viagem de Gulliver].

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/o-gigante-de-lucerna.html Página 45
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Apesar do relato de Pigafetta na viagem de Magalhães,


e de avistamentos posteriores, de Drake e outros
viajantes, tudo isso passará a mito. Ora, não o era
para Buffon, credibilizado como um dos pais da
teoria da evolução.

Juntamos mais alguns registos, que fomos encontrar


numa Enciclopedia Americana do Séc. XIX,
começando por um que também consta da wikipedia,
o de Teutobochus Rex, segundo W. A. Seaver em 1869:

In times more modern (1613), some


masons digging near the ruins of a castle in Dauphine, in a field
which by tradition had long been called 'The Giant's Field,' at
a depth of 18 feet discovered a brick tomb 30 feet long, 12 feet
wide, and 8 feet high, on which was a gray stone with the words
'Theutobochus Rex' cut thereon. When the tomb was opened
they found a human skeleton entire, 25-1/2 feet long, 10 feet
wide across the shoulders, and 5 feet deep from the breast to the
back. His teeth were about the size of an ox's foot, and his
shin-bone measured 4 feet in length.

O nome Teutobochus Rex refere-se ao líder


Teutónico que combateu o romano Mário na batalha
de Aquae Sextiae, e assim estaríamos na presença de
um combate de um romano David contra um Golias
teutónico. A justificação da wikipedia é simples... os
restos mortais eram de um dinossauro, só faltava
dizer que na tomba deveria estar Tyranosaurus Rex e
não Teutobochus Rex (sendo que aí o tirano deveria ser
Sula, inimigo de Mário). Talvez tenha havido alguma
falsificação na identidade, mas não necessariamente
confusão entre um humano e um dinossauro!

Outros registos de gigantes passam na Sicília, por


Licetus, que dá conta de um gigante com 30 pés, e de
serem gigantes os Guanches, primevos habitantes das
Canárias, antes de serem extintos na conquista
portuguesa e especialmente na espanhola. Há ainda as
outras menções já feitas, que incluem os registos
asiáticos, nomeadamente na Índia, onde aparecem
agora as imagens assumidamente falsas de vários
achados de gigantes:
Imagem falsa de gigante –
com propaganda de "imagens falsas"
fica quase impossível passar alguma
que fosse verdadeira... ainda que existisse!

Alvor-Silves, publicado em 31 de Maio de 2011

http://alvor-silves.blogspot.com/2011/05/o-gigante-de-lucerna.html Página 46
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Cydonia & Sidonia


Habitualmente o nome Sídon, referente à antiga
cidade Fenícia, perdeu a sua ligação à designação que
era comum na Hispania:
Sídon era conhecida como Sidónia.

Aliás compreende-se que a terminação fonética


própria das línguas hispânicas levasse a essa alteração.

Ao mesmo tempo, existiu uma cidade em Creta


denominada Cydonia, associada à actual Chania. Teria
Pedra da Gávea (Rio de Janeiro, Brasil)
sido fundada por um rei Cydon lendariamente filho
de Hermes e de uma filha do rei Minos. A suspeita diz respeito a uma possível presença fenícia,
É claro que escrever Cydon ou Sidon faz toda a atestada pela interpretação de eventuais inscrições numa
diferença, ainda que foneticamente sejam das faces da rocha:
equivalentes.

Johannes Carion refere que os Fenícios, vindos da


Síria a Espanha, em busca de ouro e metais, teriam
edificado no ano de 815 a.C. a cidade de Sidonia, no
interior (... entre Cadiz e Granada). Fala ainda davinda
de Nabucodonosor, e de que depois disso os
Turdetanos andaluzes ter-se-iam revoltado contra os
Fenícios, tendo destruído a Sidonia espanhola.

Parece agora evidente que o nome Medina-Sidonia, possível inscrição na pedra da Gávea
usado pelos duques espanhóis da Andaluzia ligava
essa herança antiga de uma Sidónia desaparecida. A inscrição referia-se então a Bazedir, filho de Jetubal, de
Tiro, na Fenícia... o que baterá certo com outros registos
Quanto ao nome Medina, significando cidade em
do séc IX a.C.
árabe, denota a influência prolongada do controlo
islâmico na Andaluzia. De Tiro até ao Brasil, não é nenhuma viagem impossível
de fazer para marinheiros fenícios... só as concepções de
É especialmente curioso notar que Tiro teria sido limitações posteriores é que tornaram tais viagens como
formada por colonos vindos de uma Sidonia mais irrealizáveis na concepção medieval e moderna.
antiga... teria sido viagem curta para cidades situadas a
30 quilómetros. Aliás, em Sídon são visíveis ruínas do Para terminar, e apenas por acidente de percurso... alguém
tempo das Cruzadas, mas não anteriores. se lembrou de chamar Cydonia à zona de Marte onde foi
descoberta a chamada "face":
Não será pois de excluir que a mais antiga Cydonia
cretense, cujo nome é ainda usado para a deusaAtena,
estivesse numa eventual origem mais antiga de Tiro,
que depois migraria de regresso à Hispânia.

Sobre Tiro, há uma curiosa suspeita sobre a Pedra da


Gávea, no Rio de Janeiro - um impressionante morro
carioca:

http://odemaia.blogspot.com/2011/05/cydonia-sidonia.html Página 47
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

É perfeitamente claro que as sombras podem ter


levado a uma ilusão óptica, que entretanto foi
esclarecida com novas imagens... imagens essas que,
se retiraram o acidente facial, deixaram mais claro um
acidente natural da formação parecer um escudo.

Mas as formações na Cydonia marciana não se


resumem a essa face mais conhecida, toda a região
aparenta ter outras formas piramidais que têm
suscitado diversas suspeitas:

OdeMaia, publicado em 6 de Maio de 2011

http://odemaia.blogspot.com/2011/05/cydonia-sidonia.html Página 48
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Naumaquias
Quando pensamos nos circos romanos, há alguma
tradição em associar os combates de gladiadores,
invocando muitas vezes celebrações de vitórias em
batalhas.

O que talvez não seja tão conhecido é que chegou a


ser popular a evocação de batalhas navais... o que
implicava alguma engenharia surpreendente para a
criação de piscinas internas, onde se simulavam
combates com embarcações. Esses espectáculos
navais eram designados Naumaquias e em Mérida
ainda é possível encontrar o fosso onde se colocaria a
base para a piscina artificial.

Anfiteatro de Mérida, onde eram exibidas Naumaquias.

O mais interessante é o já primitivo conceito


de pavilhão multi-usos... quando vemos hoje em dia
as adaptações que estes pavilhões sofrem para
acomodar as diferentes representações, percebemos
com as naumaquias que o conceito é afinal bem
antigo. A primeira naumaquia registada é de César,
mas usando o Tibre como cenário, o seu uso em
cenário de anfiteatro romano é posterior, iniciado
com Nero.

A alternância entre espectáculo aquático e terrestre


dará uma ideia da sofisticação de engenharia presente
à época romana.
Ao contrário do que é habitual educar-se, não houve
uma lenta evolução do génio humano... houve sim
uma poderosa restrição desse mesmo génio, destinado
a ficar confinado a uma lamparina para que a lâmpada
não fosse revelada.

OdeMaia, publicado em 10 de Maio de 2011

http://odemaia.blogspot.com/2011/05/naumaquias.html Página 49
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Moon Spots
Num texto da Phil. Trans. Royal Soc. London do final do Séc. XVIII, referem-se observações lunares que
reportavam o avistamento, mesmo à vista desarmada, de luzes na zona da sombra da Lua.

Pontos onde foram vistas luzes na sombra da Lua, em 1794.

Se o ponto na primeira imagem já dificilmente poderia


Qualquer explicação luminosa, numa altura em que os
ser entendido como o reflexo de uma montanha ou
primeiros balões de Montgolfier acabavam de levantar
cratera mais alta - que naturalmente faria surgir um
voo, seria na altura levada para eventuais erupções
ponto de luz na zona obscura, é praticamente
vulcânicas... já que na altura se poderiam associar as
impossível que o ponto de luz na segunda imagem
crateras a vulcões, hipótese que foi sendo afastada, até
possa ser explicado dessa forma... está demasiado no
que o assunto deixou de ter referência.
interior!
Só passados mais de 150 anos é que as explorações
Estas observações de 1794 parecem ter sido
espaciais deram os primeiros passos, e levaram às
corroboradas por observadores distintos, e
primeiras explorações astronáuticas da Lua.
mereceram a inclusão na famosa revista científica
A esse propósito é imperdível o fantástico documen-
britânica... iniciada em 1665 (três anos depois do
tário da ARTE France:
casamento de Carlos II e Catarina de Bragança).
É claro que sendo observações casuais, de um
episódio que no primeiro caso durou pouco mais de 5
minutos, segundo o relato, podem-se levantar todo o
tipo de dúvidas...

No entanto, como se afirma na mesma revista, já


anteriormente Cassini e Herschel, em observações
com telescópios, tinham avistado luzes na sombra
lunar. Estas luzes tinham uma magnitude reduzida
comparadas com estas que tinham sido observadas a
olho nu. (dividido em 9 partes, sob o título "Moon Landing A Fake or Fact")

http://odemaia.blogspot.com/2011/05/moon-spots.html Página 50
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

... um "documentário" que relacionaria Kubrick com


as imagens da chegada à Lua!
O documentário explora a ideia de que as imagens da ida à
Lua seriam falsas... apesar da ida à Lua ter sido real. Não se
teriam obtido imagens, e foram usados os estúdios onde Kubrick
teria acabado de fazer o "2001, Odisseia no Espaço".

Os entrevistados são bem conhecidos: Rumsfeld,


Haig, Kissinger, e Walters... e apesar de haver um
suposto tom jocoso, nem há nenhuma revelação no
final, e é dificilmente entendivel o mau gosto de
fazer Vernon Walters morrer entre estas entrevistas
da Arte, de ataque cardíaco.

Porquê?
Porque Vernon Walters morre mesmo em 2002, antes
da estreia do filme, que deveria comemorar o 2001...

A decisão sobre a credulidade, cabe ao crédulo... e


pode optar-se sempre pelos vídeos Mythbusters
(Discovery Channel), que num tom jocoso infantil
mostram como as "teorias da conspiração" não fazem
nenhum sentido, e que tudo o que nos dado a
acreditar é verdadeiro.

OdeMaia, publicado em 11de Maio de 2011

http://odemaia.blogspot.com/2011/05/moon-spots.html Página 51
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

O halo de Ourém
O ano de 1917 ficou particularmente marcado por vários acontecimentos interessantes...
A nível nacional será conhecido pelas "aparições de Fátima", mas a nível internacional é
marcado decisivamente pela Revolução de Outubro, ocorrida em Novembro, na Rússia.
Nesse mesmo mês de Novembro de 1917 é assinada a declaração de Balfour, que define o
contexto de Jerusalém e Palestina, após a tomada britânica que ocorrerá em Dezembro. É
aqui colocada essa carta de Balfour dirigida a Lord Rotschild, da Federação Zionista, sobre o
objectivo de formação do estado judeu.

A região tinha sido denominada Ourém, pois segundo


a lenda local teria havido uma Fátima, jovem árabe,
que se teria casado com um cavaleiro de Cristo, circa
1170. Tendo deixado o nome Fátima, ao tornar-se
cristã pelo casamento, passou a chamar-se Ouriana
(ou Oriana)... de onde teria vindo o nome Ourém
para a vila. Após a morte de Gonçalo Hermiges, seu
esposo, cavaleiro de Cristo, recolheu-se ao Mosteiro
de Alcobaça.
Fátima não existia, nem enquanto aldeia, à época dos
"milagres de 1917"... as terras da zona talvez
mantivessem o nome de Fátima, e Vilhena Barbosa,
no Séc. XIX, refere a existência de uma igreja
paroquial, nas vizinhanças de Ourém:
Nossa Senhora dos Prazeres de Fátima

Portanto, muito antes de 1860 (altura do relato de


Misturamos aqui coisas aparentemente diversas, mas Vilhena Barbosa), já existia uma igreja a Nossa
que estavam de alguma forma previstas nos Senhora de Fátima... o nome "Prazeres" era
denominados Protocolos de Sião, de 1897... bem acrescentado à época.
como alguns dos acontecimentos que se lhe foram Não sei se há outro caso em que um nome
sucedendo ao longo do Século XX. tipicamente relacionado com Maomé é usado no culto
católico, mas como já foi referido no blog
Portugalliae no Canadá haveria várias referências a
As previsões de Fátima, nomeadamente a Fátima, nomeadamente num município das Iles-de-la-
antecipação, por alguns meses, do domínio comunista Madeleine, Québec, do Séc. XVIII...
na Rússia, quase poderiam ser repetidas por alguém A dimensão que este culto atingiu ultrapassou
que tivesse tido acesso a esses protocolos. Assim, o claramente fronteiras, e é bem conhecida a
sucesso dessas previsões acabou por estar importância que o Papa João Paulo II atribuiu a esta
intimamente ligado ao próprio sucesso no questão. A formação do culto com o nome Fátima
cumprimento dos protocolos. não deixa de poder estar ligada a uma presença ibérica
dos Fatimidas, xiitas, na única linha que assegurou a
Algo fascinante na questão de Fátima é a adopção do descendência de Maomé, pelo casamento da filha com
nome árabe, sendo Fátima nome da filha de Maomé! Ali (ver wiki).

http://odemaia.blogspot.com/2011/05/o-halo-de-ourem.html Página 52
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

A utilização deste nome meses antes da tomada de Jerusalém, e da Declaração de Balfour, que levou à formação do
Estado de Israel, e à segregação palestiniana... acontecimento quase simultâneo com a Revolução Bolchevique na
Rússia, contida nas previsões de Fátima, não deixa de ser um marco de intersecção de factos dispersos.
Porém, como bem sabemos, Fátima ficou ainda no imaginário popular, pelo chamado Milagre do Sol, ocorrido em
13 de Outubro de 1917, durante 10 minutos.
O artigo da Wikipedia, a que remeti é bastante detalhado e com boa base bibliográfica - desconheço se há outro
fenómeno da mesma natureza presenciado por quase 100 mil testemunhas...

Mas... é sempre surpreendente ser depois notícia do


dia seguinte o aparecimento de um halo, em Fátima,
nesse dia 13. Não sendo um fenómeno raro, cuja
explicação científica é resultado da refracção
atmosférica local, deverá ter constituído motivo de
espanto, mesmo para os peregrinos! Tivesse ocorrido
no ano anterior, altura da visita papal, e teria um
significado completamente diferente para o
pontificado do sucessor de João Paulo II. Há
coincidências... mas nem sempre favorecem o papado.

Devido a essa tradição de fenómenos solares, e estando a


ler Plínio, pareceu apropriado colocar no dia 13 de Maio,
no blog Alvor-Silves, uma descrição antiga dessas
observações místicas. Tal publicação acabou por ocorrer
mais tarde, devido aos problemas com o Blogger, que
teve os serviços suspensos até à tarde desse dia.

O halo solar em Fátima/Ourém, em 13/05/2011,


no Jornal de Notícias, do dia seguinte

OdeMaia, publicado em 17 de Maio de 2011

http://odemaia.blogspot.com/2011/05/o-halo-de-ourem.html Página 53
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Tiahuanaco liliputiano
Num recente documentário (sugerido no facebook de Maria da Fonte) fui surpreendido pelas dimensões
especialmente reduzidas do que se vê hoje nas portas de Tiahuanaco. Relembrando os desenhos de E. G. Squier

nada fazia suspeitar que as dimensões do monumento sejam afinal estas:

O "great monolithic gate-way" conforme designado por Squier, será agora uma porta de dimensões reduzidas, onde
um turista terá dificuldade em caber.
Na ilustração de Squier houve o cuidado de colocar pessoas para uma comparação das dimensões.
Já tinhamos referido que a porta estava separada, e que teria sido recolocada... porém não suspeitámos que a
recolocação afectasse também as dimensões do monumento! Não são muito comuns as imagens com pessoas
posando na porta do monumento... que parece uma grande porta para liliputianos!

Ou seja, tudo leva a suspeitar que em Tiahuanaco podemos estar em presença de uma réplica de dimensões reduzidas
- o original, esse poderá estar algures nalguma colecção privada, destinada a olhos seleccionados.

OdeMaia, publicado em 22 de Maio de 2011

http://odemaia.blogspot.com/2011/05/tiahuanaco-liliputiano.html Página 54
AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 5.

Ararat e as cavernas do vulcão


Buffon, na sua História da Terra, no Séc. XVIII, fala
das cavernas do Ararat, que seriam de origem
vulcânica, suspeitando assim que o monte Ararat seria
um vulcão extinto.

É especialmente curioso, porque a equipa NAMI, de


Hong-Kong, iniciou há poucos anos uma exploração
no monte Ararat, em colaboração com exploradores
turcos, que levou a essas cavernas de que já falava
Buffon. Não sabemos se já tinham sido feitas
explorações prévias, mas parece certo que Buffon
sabia do que falava... antes de serem comuns as
escaladas e o montanhismo.

A expedição de Hong-Kong escalou, entrou em várias


cavernas, e a mais de 4000m de altura, já tinham sido
encontrados vestígios de construções de madeira, algo
fossilizadas, pela equipa turca.

Parece difícil assumir que há algo de tão fraudulentamente


bem feito, sem uma colaboração institucional importante...
Panda Lee, da equipa chinesa, disse o seguinte: tanto quanto seria do interesse institucional de outros
denunciá-lo como tal!
“In October 2008, I climbed the mountain with the Turkish
Um ponto a priori que parece não preocupar estas
team. At an elevation of more than 4,000 metres, I saw a
investigações no Ararat, é que o facto de serem
structure built with plank-like timber. Each plank was about descobertas construções de madeira no topo do monte
8 inches wide. I could see tenons, proof of ancient construction não implicam directamente qualquer relação directa com a
predating the use of metal nails. We walked about 100 metres Arca de Noé... poderia tratar-se apenas de algum retiro
to another site. I could see broken wood fragments embedded in monástico antigo.
a glacier, and some 20 metres long. I surveyed the landscape
and found that the wooden structure was permanently covered by A esta observação junta-se o relato de Buffon, do final do
ice and volcanic rocks. Prior to my expedition, the Turkish Séc. XVIII, que mostra um conhecimento antigo dessas
cavernas... a equipa de Hong-Kong poderá ter formalizado
team had excavated the site to expose the structure.”
uma redescoberta, mas deparou com a opacidade clássica
do condicionamento direccionado da informação nos
É claro que imediatamente surgiu a controvérsia (ver aqui),
mass-media ocidentais.
directamente assumindo que toda a estrutura tinha sido
inventada, construída num Verão para ser descoberta num
Inverno...
OdeMaia, publicado em 28 de Maio de 2011

http://odemaia.blogspot.com/2011/05/ ararat-e-as-cavernas-do-vulcao.html Página 55


AlvoDeMaia (2011) Volume 2, nº 3.

João de Lisboa, 1514

http://alvor-silves.blogspot.com/

http://odemaia.blogspot.com/

Volume 2 – Número 5
Maio de 2011

Página 56

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