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ensino a distância

Curso História e Cultura


Afro-Brasileira e Indígena
Estudo das relações étnico-raciais visando à
construção de uma sociedade mais justa
Sumário
Apresentação 3
Objetivo 4
Conteúdo 5
Metodologia 6
Carga horária 7
Avaliação 8
Expedição de certificado 9
Introdução geral 10

História e cultura afro-brasileira


À guisa de introdução 12
Introdução 13
Construindo uma sociedade mais justa - Carta Magna 14
Princípios e deveres 16
A obrigatoriedade do ensino 18
Diretrizes curriculares 20
A inclusão da expressão “e indígena” 24
Faces da mesma moeda 26
Leituras selecionadas - jornais 27
Expressões básicas e recorrentes na discussão da temática ético-racial 28
Fechamento 29

História e cultura indígena 30


Introdução 31
Protegendo e respeitando 32
Os índios na Constituição Federal 39
Protegendo o meio ambiente, a história e a cultura 43
A auto-sustentação dos povos indígenas 45
Conscientização do povo brasileiro 47
Mais conhecimento 48
Leituras selecionadas - jornais 49
Proposta político-pedagógica do Centro de Educação e Cultura Indígena 50
À guisa de conclusão 52
Fechamento 54

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Apresentação
O Diário Oficial da Cidade publicou, em 01/10/2008, a Homologação do Curso a
Distância da APROFEM – “HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA:
estudo das relações étnico-raciais visando à construção de uma sociedade mais justa”.
Evidentemente, este ato da Secretaria Municipal de Educação (SME) constituiu-se,
para todos nós, em motivo de orgulho e satisfação, não só por vermos concretizada a
possibilidade de oferecimento de mais um serviço aos nossos afiliados, como também
por tratar-se de uma iniciativa pioneira da APROFEM.

Para tanto, além de observar o disposto na legislação referente à obrigatoriedade de


inclusão no currículo oficial da rede de ensino da temática “História e Cultura Afro-
Brasileira e Indígena” e às exigências para a promoção de curso a distância, alguns
pontos foram considerados:

• a responsabilidade dos diferentes segmentos sociais no sentido de contribuir, em


suas respectivas áreas de atuação, para o cumprimento e consecução dos objetivos
expressos nos correspondentes documentos legais;

• a necessidade de se promover a sensibilização dos servidores públicos municipais


de São Paulo para a tarefa de inclusão da temática étnico-racial em projetos
específicos de cada Secretaria, principalmente no âmbito da Secretaria Municipal
de Educação (SME);

• a própria experiência da APROFEM na realização de cursos presen-ciais e a distância,


inclusive com a devida autorização da SME; e

• o alcance de sua iniciativa junto aos servidores públicos municipais, principalmente


junto aos educadores da Rede Municipal de Ensino.

Estes, dentre outros pontos mais específicos, porém não menos relevantes, foram
apresentados à SME como justificativa para homologação do curso.
Ao realizar o presente curso, a APROFEM espera proporcionar aos seus participantes, não
só o acesso a informações relativas à sua temática, mas também – e principalmente –
contribuir para que cada participante, a partir deste acesso, construa um conhecimento
próprio referente à questão ora tratada e promova a educação de cidadãos atuantes
e conscientes no seio de nossa sociedade, multicultural e pluriétnica. Finalmente,
entende e espera que a instituição e implementação de políticas públicas voltadas ao
atendimento das diferentes demandas de origem étnico-raciais constituam-se num

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Objetivo
Gerais:

• direcionar o acesso à legislação e a textos diversos relacionados ao tema em


questão ao maior número possível de educadores da Rede Municipal de Ensino;
• contribuir com o processo de democratização deste necessário debate, ao envolver
segmentos que, por sua natureza, são responsáveis por assegurar uma efetiva
melhoria do processo ensino-aprendizagem;
• promover entre os servidores públicos municipais, principalmente entre os
educadores da Rede Municipal de Ensino de São Paulo, uma profunda discussão
da temática em referência para que os mesmos possam estudar, refletir, avaliar e
viabilizar os caminhos e as mudanças necessárias para a implementação da Lei nº.
11.645/2008.

Específicos:

• potencializar e desencadear, em cada Unidade de trabalho, um processo de


discussão e implementação da citada lei, na expectativa de que este trabalho
resulte na formação de
• valores, hábitos e comportamentos que alterem uma “realidade marcada por
[1] - BRASIL. Ministério da Educação – MEC / Secre-
posturas subjetivas e objetivas de preconceito, racismo e discriminação aos taria Especial de Política de Promoção da Igualdade
Racial. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Edu-
afrodescendentes...”[1];
cação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de
• desencadear ações que auxiliem na implementação de políticas públicas História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília
DF/junho/2005, pág. 7.
governamentais com o propósito de enfrentar as desigualdades étnico-raciais;
• favorecer o desenvolvimento de metodologias que auxiliem o educador a tratar,
em sala de aula, questões referentes às relações étnico-raciais.

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Conteúdo
O curso proposto apresenta as seguintes partes, todas relacionadas ao tema História
e Cultura Afro-Brasileira e Indígena: I - Legislação; II - Textos e artigos diversos; III
- Bibliografia complementar: textos, artigos diversos e outras fontes de consulta
relacionadas ao referido tema.

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Metodologia
O curso, realizado via internet – com exceção da avaliação, que será presencial
– estará disponibilizado no site da APROFEM, sem qualquer custo para os
participantes. A bibliografia básica do curso, cuja leitura / estudo é de caráter
obrigatório aos seus participantes, consta dos itens I e II do Conteúdo. A bibliografia
complementar e o material de apoio citados no item III destinam-se, apenas, à
consulta daqueles participantes que, por razões particulares, quiserem aprofundar
os próprios estudos em torno do tema em questão. Ao longo do período estipulado
e autorizado para a realização do curso, cada participante deverá efetuar, via
[2] - Perguntas fundamentais diretamente relaciona-
internet, estudos da bibliografia básica – direcionados com perguntas indutoras das às partes mais importantes do texto estudado.
[2] – visando a assegurar a própria participação interativa no curso e a realizar,
com sucesso, a avaliação presencial.
Para efetuar sua inscrição, o afiliado deverá acessar o site da APROFEM e preencher os
campos próprios. Ato contínuo, uma senha individual lhe será fornecida para que possa
ter amplo acesso às páginas do curso.
Os acessos feitos pelos participantes serão considerados válidos para efeito de registro
efetivo no sistema do curso, desde que realizados e registrados, em horas cheias (i.e.:
períodos de 60, 120 minutos ou mais). Nestas condições, em local de livre escolha,
cada participante deverá realizar 18 (dezoito) horas de acesso, voltadas à pesquisa
e/ou tutoria que, somadas às 02 (duas) horas de avaliação presencial, totalizarão as 20
(vinte) horas do curso.

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Carga horária
O curso terá duração total de 20 horas, assim distribuídas: 18 (dezoito) horas voltadas
à pesquisa e/ou tutoria e 02 (duas) destinadas à avaliação presencial.

Cronograma (data, local, horário):

• inscrições: 1º/10 a 10/11/2008, via internet;


• realização do curso: 11/11 a 14/12/2008;
• avaliação: 15 a 19/12/2008. Presencial Regionalizada (em função da quantidade e
distribuição geográfica das inscrições).

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Avaliação
A avaliação dar-se-á de forma presencial, em folha específica, com questões
fundamentadas nos textos citados no item “D” desta proposta e em local a ser
previamente divulgado.

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Expedição do certificado
Os certificados serão expedidos a todos os participantes que atenderem as seguintes
condições: ser filiado à APROFEM; ter os respectivos registros de acesso nos termos do
item anterior; ter realizado avaliação presencial, em data e local pré-determinados, e
ter obtido conceito de avaliação satisfatório (S).

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Introdução geral
Considerando as justificativas e os objetivos do presente curso, expressos em
documento enviado à Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME/SP), bem
como algumas razões de ordem prática para sua implementação, cabe-nos, aqui,
apresentar alguns esclarecimentos que julgamos relevantes e pertinentes ao curso.

Não há como tratar de questões relativas à formação da cultura brasileira, ignorando-


se a concorrência das três culturas em que ela se fundamenta – a ameríndia, a européia
e a africana –, sobretudo no que diz respeito ao imbricado processo econômico-
cultural entre tais culturas no período colonial. [1] [1] - A afirmação de Florestan FERNANDES – “o
mecanismo de dinâmica social dá o sentido das
relações sociais” – permite-nos analisar o processo

Por seu turno, essa concorrência não deve ser reduzida e tida, equivocadamente, de imbricamento cultural marcado pelas “relações
entre senhores e escravos na época colonial’, onde ‘a
como um simples somatório de culturas, senão como um processo, ao qual ORTIZ Igreja, o catolicismo, constituía o mecanismo regu-
lador dessas relações.” Apud Dilma de Melo SILVA. A
denominou “transculturação” [2]. Assim, à luz desta transculturalidade, o mito da Transculturação e a Internacionalização da Cultura
democracia racial, por exemplo, cai por terra, já que no processo de transculturação Brasileira. In SILVA, Dilma de Melo (Org.). Brasil: sua
gente e sua cultura. São Paulo: Terceira Margem,
ganham destaque “o conflito e a resistência, em fases diferenciadas e dialéticas: o 2007, p. 219-224.

choque, a adaptação, o estranhamento, a resistência”. [3]


[2] - Fernando ORTIZ. El contrapunteo cubano del
azúcar y del tabaco. Del fenómeno de la “transcultu-
ración” y de su importancia en Cuba. Cuba: Editorial
No Brasil, os colonizadores, apesar de seu projeto de dominação em relação às novas de ciencias sociales, La Habana, 1983. Do fenômeno
social da transculturação e sua importância em
terras descobertas, viram frustradas suas tentativas de escravizar os índios devido
Cuba. Tradução Lívia REIS (UFF). http://www.ufrgs.
à reação destes. Ressalte-se que os chamados “índios” [4] “nunca formaram um br/cdrom/ortiz/.pdf – Acesso: out/2008.

único povo, mas constituíram desde sempre um conjunto de vários povos com usos [3] - Rosângela MALACHIAS. Ação transcultural: a

e costumes próprios”, diversidade esta que esbarrava na concepção etnocêntrica visibilidade da juventude negra nos bailes black de
São Paulo (Brasil) e Havana (Cuba). Dissertação de
européia que se colocava como único modelo de referência para outras culturas. [5] Mestrado, São Paulo, PROLAM / USP - Programa de
Pós-Graduação em Integração da América Latina da
Universidade de São Paulo, Out / 1996.
Sem êxito junto aos indígenas em seus propósitos imperialistas, optaram, então, os
[4] - A respeito do termo índio, ler a respeito em:
colonizadores portugueses por trazer ao Brasil africanos escravizados, através do Paula MORGADO. O Segmento Indígena e a Cultura
Brasileira. In SILVA, Dilma de Melo (Org.). Brasil: sua
tráfico negreiro.
gente e sua cultura. São Paulo: Terceira Margem,
2007, p. 19-37.

Assim como “os índios”, os negros capturados em solo africano e para cá trazidos [5] - IBIDEM.

escravizados pertenciam a diferentes etnias, eram provenientes de diversas partes


[6] - Sandra SANTOS. Panorama das lutas do negro
da África e também lutaram por sua liberdade. Tanto que a organização de fugas e a no Brasil. In SILVA, Dilma de Melo (Org.). Brasil: sua
gente e sua cultura. São Paulo: Terceira Margem,
formação de quilombos constituíram-se na principal forma por eles encontrada para 2007 , p. 39-71.

este fim. “Desde que pisou pela primeira vez o território brasileiro, o negro tem sido
um resistente.” [6]
Também é imperioso trazer para reflexão que a chave para entendermos a hegemonia
de uma classe sobre outra é o poder cultural, uma vez que possibilita a imposição de

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normas ideológicas, legitima a estrutura dominante e, sobretudo, oculta a violência
da integração do indivíduo a uma estrutura social. [7]
Finalmente, gostaríamos de esclarecer que reduzir em um curso de vinte horas,
um tema tão abrangente e polêmico, tratar separadamente história e cultura afro- [7] - IBIDEM.

brasileira e indígena – cujas raízes remontam entrelaçadas ao descobrimento do


Brasil –, sem diminuir-lhe a importância e complexidade, não foi uma tarefa das mais
fáceis. Nem, tampouco, seria isto possível. Não obstante, visando a compensar esta
situação, procuramos enriquecê-lo com notas de rodapé e com uma vasta bibliografia
no item III, Leituras Complementares.

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História e cultura afro-brasileira

À guisa de introdução
“... se no Brasil efetivamente houvesse igualdade de tratamento, de oportunidades,
de respeito, de poder político e econômico; se o encontro entre pessoas de raças
diferentes ocorresse espontâneo e livre da pressão do poder e prestígio sócio-
econômico do branco; se não houvesse outros condicionamentos repressivos de caráter
moral, estético e cultural, a miscigenação seria um acontecimento positivo, capaz de
enriquecer o brasileiro, a sociedade, a cultura e a humanidade das pessoas.”

Abdias Nascimento

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Introdução

Muitas são as leis que regulam as diferentes questões e assuntos afetos à população
negra em nosso país. Destas, reproduzimos algumas – ainda que parcialmente – por
entendê-las suficientes ao escopo deste curso. Vamos lá, leia atentamente ...

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Construindo uma sociedade mais
justa – Carta Magna

Leia os seguintes Artigos selecionados:

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e a suas liturgias;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

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XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e
liberdades fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena
de reclusão, nos termos da lei;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
penal condenatória;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o
saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições
públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII - garantia de padrão de qualidade.

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Princípios e deveres

Leia os seguintes Artigos selecionados:

LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, DE 04 DE ABRIL DE 1990 - (com suas


alterações)

Art. 200 - A educação ministrada com base nos princípios estabelecidos na


Constituição da República, na Constituição Estadual e nesta Lei Orgânica, e inspirada
nos sentimentos de igualdade, liberdade e solidariedade, será responsabilidade do
Município de São Paulo, que a organizará como sistema destinado à universalização
do ensino fundamental e da educação infantil.

§ 3º - O Plano Municipal de Educação previsto no art. 241 da Constituição Estadual


será elaborado pelo Executivo em conjunto com o Conselho Municipal de Educação,
consultados os órgãos descentralizados de gestão do sistema municipal de ensino, a
comunidade educacional do referido sistema, sendo ouvidos os órgãos representativos
da comunidade e consideradas as necessidades das diferentes regiões do Município.

Art. 203 - É dever do Município garantir:

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Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - ensino fundamental gratuito a partir de 7 (sete) anos de idade, ou para os que a
ele não tiveram acesso na idade própria;
II - educação igualitária, desenvolvendo o espírito crítico em relação a estereótipos
sexuais, raciais e sociais das aulas, cursos, livros didáticos, manuais escolares
e literatura;

Art. 204 - O Município garantirá a educação visando o pleno desenvolvimento da


pessoa, preparo para o exercício consciente da cidadania e para o trabalho, sendo-lhe
assegurado:
I - igualdade de condições de acesso e permanência;

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A obrigatoriedade do ensino

Leia os seguintes Artigos selecionados:

Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.


LEI N° 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:


II- liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a
arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
X - valorização da experiência extra-escolar;
XI- vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

Art. 26 - A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e


particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira
(Incluído pela Lei nº 10.639, de 9.1.2003).

§ 1° O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo


da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra
brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição

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do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil
(Incluído pela Lei nº 10.639, de 9.1.2003).
§ 2° Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no
âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de
Literatura e História Brasileiras (Incluído pela Lei nº 10.639, de 9.1.2003).
§ 3° (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.639, de 9.1.2003).

Art. 27 Os conteúdos curriculares da educação básica observarão, ainda, as seguintes


diretrizes:
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos
cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática;
II -consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada estabelecimento;
III - orientação para o trabalho;
IV- promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não-formais.

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Diretrizes curriculares

Leia os seguintes Artigos selecionados:

“Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais


e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”. CNE/CP Resolução
1/2004. Diário Oficial da União, Brasília, 22 de junho de 2004,
Seção 1, p. 11.
RESOLUÇÃO Nº 1, DE 17 DE JUNHO DE 2004 / CNE / CONSELHO PLENO

O Presidente do Conselho Nacional de Educação, tendo em vista o disposto no art.


9º, § 2º, alínea “c”, da Lei nº 9.131, publicada em 25 de novembro de 1995, e com
fundamentação no Parecer CNE/CP 3/2004, de 10 de março de 2004, homologado
pelo Ministro da Educação em 19 de maio de 2004, e que a este se integra, resolve:

Art. 1° A presente Resolução institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação


das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e
Africana, a serem observadas pelas Instituições de ensino, que atuam nos níveis e
modalidades da Educação Brasileira e, em especial, por Instituições que desenvolvem
programas de formação inicial e continuada de professores.

§ 1° As Instituições de Ensino Superior incluirão nos conteúdos de disciplinas e

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atividades curriculares dos cursos que ministram, a Educação das Relações Étnico-
Raciais, bem como o tratamento de questões e temáticas que dizem respeito aos
afrodescendentes, nos termos explicitados no Parecer CNE/CP 3/2004.
§ 2° O cumprimento das referidas Diretrizes Curriculares, por parte das instituições de
ensino, será considerado na avaliação das condições de funcionamento
do estabelecimento.

Art. 2° As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-


Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africanas constituem-
se de orientações, princípios e fundamentos para o planejamento, execução e
avaliação da Educação, e têm por meta, promover a educação de cidadãos atuantes
e conscientes no seio da sociedade multicultural e pluriétnica do Brasil, buscando
relações étnico-sociais positivas, rumo à construção de
nação democrática.

§ 1° A Educação das Relações Étnico-Raciais tem por objetivo a divulgação e produção


de conhecimentos, bem como de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos
quanto à pluralidade étnico-racial, tornando-os capazes de interagir e de negociar
objetivos comuns que garantam, a todos, respeito aos direitos legais e valorização de
identidade, na busca da consolidação da
democracia brasileira.
§ 2º O Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o
reconhecimento e valorização da identidade, história e cultura dos afro-brasileiros,
bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorização das raízes
africanas da nação brasileira, ao lado das indígenas, européias, asiáticas.
§ 3º Caberá aos conselhos de Educação dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios desenvolver as Diretrizes Curriculares Nacionais instituídas por esta
Resolução, dentro do regime de colaboração e da autonomia de entes federativos e
seus respectivos sistemas.

Art. 3° A Educação das Relações Étnico-Raciais e o estudo de História e Cultura Afro-


Brasileira, e História e Cultura Africana será desenvolvida por meio de conteúdos,
competências, atitudes e valores, a serem estabelecidos pelas Instituições de ensino
e seus professores, com o apoio e supervisão dos sistemas de ensino, entidades
mantenedoras e coordenações pedagógicas, atendidas as indicações, recomendações
e diretrizes explicitadas no Parecer CNE/CP 003/2004.

§ 1° Os sistemas de ensino e as entidades mantenedoras incentivarão e criarão


condições materiais e financeiras, assim como proverão as escolas, professores e
alunos, de material bibliográfico e de outros materiais didáticos necessários para a

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educação tratada no “caput” deste artigo.
§ 2° As coordenações pedagógicas promoverão o aprofundamento de estudos,
para que os professores concebam e desenvolvam unidades de estudos, projetos e
programas, abrangendo os diferentes componentes curriculares.
§ 3° O ensino sistemático de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação
Básica, nos termos da Lei 10639/2003, refere-se, em especial, aos componentes
curriculares de Educação Artística, Literatura e História do Brasil.
§ 4° Os sistemas de ensino incentivarão pesquisas sobre processos educativos
orientados por valores, visões de mundo, conhecimentos afro-brasileiros, ao lado de
pesquisas de mesma natureza junto aos povos indígenas, com o objetivo de ampliação
e fortalecimento de bases teóricas para a educação brasileira.

Art. 4° Os sistemas e os estabelecimentos de ensino poderão estabelecer canais de


comunicação com grupos do Movimento Negro, grupos culturais negros, instituições
formadoras de professores, núcleos de estudos e pesquisas, como os Núcleos de
Estudos Afro-Brasileiros, com a finalidade de buscar subsídios e trocar experiências
para planos institucionais, planos pedagógicos e projetos de ensino.

Art. 5º Os sistemas de ensino tomarão providências no sentido de garantir o direito


de alunos afro-descendentes de freqüentarem estabelecimentos de ensino de
qualidade, que contenham instalações e equipamentos sólidos e atualizados, em
cursos ministrados por professores competentes no domínio de conteúdos de ensino
e comprometidos com a educação de negros e não negros, sendo capazes de corrigir
posturas, atitudes, palavras que impliquem desrespeito e discriminação.

Art. 6° Os órgãos colegiados dos estabelecimentos de ensino, em suas finalidades,


responsabilidades e tarefas, incluirão o previsto o exame e encaminhamento de
solução para situações de discriminação, buscando-se criar situações educativas para
o reconhecimento, valorização e respeito da diversidade.

§ Único: Os casos que caracterizem racismo serão tratados como crimes imprescritíveis
e inafiançáveis, conforme prevê o Art. 5º, XLII da Constituição
Federal de 1988.

Art. 7º Os sistemas de ensino orientarão e supervisionarão a elaboração e edição de


livros e outros materiais didáticos, em atendimento ao disposto no Parecer CNE/CP
003/2004.

Art. 8º Os sistemas de ensino promoverão ampla divulgação do Parecer CNE/CP


003/2004 e dessa Resolução, em atividades periódicas, com a participação das redes

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das escolas públicas e privadas, de exposição, avaliação e divulgação dos êxitos e
dificuldades do ensino e aprendizagens de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana
e da Educação das Relações Étnico-Raciais.

§ 1° Os resultados obtidos com as atividades mencionadas no caput deste artigo serão


comunicados de forma detalhada ao Ministério da Educação, à Secretaria Especial de
Promoção da Igualdade Racial, ao Conselho Nacional de Educação e aos respectivos
Conselhos Estaduais e Municipais de Educação, para que encaminhem providências,
que forem requeridas.

Art. 9º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as


disposições em contrário.

Roberto Cláudio Frota Bezerra


Presidente do Conselho Nacional de Educação.

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A inclusão da expressão “e indígena”

Leia os seguintes Artigos selecionados:

“Altera a Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de


9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para
incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática ‘História
e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
LEI Nº 11.645, DE 11 DE MARÇO DE 2008

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu


sanciono a seguinte Lei:

Art. 1° O art. 26-A da Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com
a seguinte redação:

“Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio,


públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira
e indígena.

§ 1° O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos


da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir
desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a
luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e

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o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições
nas áreas social, econômica e política, pertinentes à
história do Brasil.
§ 2° Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas
brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas
áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras.” (NR)

Art. 2° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 10 de março de 2008; 187° da Independência e 120° da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA


Fernando Haddad
Este texto não substitui o publicado no DOU de 11.3.2008.

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Faces da mesma moeda
Vejamos, agora, algumas outras fontes selecionadas para o seu estudo.

Os textos “Mídia, educação e Movimentos Negros” e “Telenovela e a proximidade


do discurso do colonizador europeu” extraídos da “Revista Mídia e Etnia” podem ser
entendidos, aqui, como “faces da mesma moeda”.

Ou seja: enquanto que naquele vemos apontadas diferentes conquistas obtidas pelos
movimentos negros politicamente organizados e atuantes desde o início do século
passado até nossos dias, neste, temos a influência do discurso colonizador europeu
dirigido aos não-brancos visando à manutenção da “imagem do homem branco
europeu como referencial de modelo humano”.

1. Telenovela e a proximidade do discurso do colonizador europeu

2. Mídia, educação e movimentos negros

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 26 |


Leituras selecionadas - jornais
Ao incluirmos, neste curso, alguns artigos de jornais, nosso intuito foi o de mostrar a
diversidade de opiniões, algumas radicais, em torno de um mesmo tema.

3. A Abolição antes da Lei Áurea

4. Além de duas caras. “Ainda temos a corrente presa ao pescoço

5. Discutir e condenar o racismo emergente

6. Cotas estão estimulando o ódio racial

7. Matilde, fale-nos sobre o Quênia

8. Rios que nunca se encontram

9. Consciência negra

10. Ser negro no Brasil hoje

11. Bisneto da Princesa Isabel vê comuistas nos quilombos

12. Painéis resgatam negros ilustres, ‘branqueados’ pela história

13. Conceição de Jesus e o negro na escola

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 27 |


Expressões básicas e recorrentes na
discussão da temática ético-racial
A explicitação de conceitos relativos aos termos “raça, racismo, preconceito racial,
discriminação de cor e etnia” visa a contribuir com a pretendida qualificação da
discussão entre os educadores em suas respectivas Unidades Educacionais ao
operacionalizarem as diretrizes legais referentes às questões étnico-raciais africanas
e indígenas.

14. Texto: “Expressões básicas e recorrentes na discussão da temática étnico-racial:


raça, racismo, preconceito racial, discriminação de cor e etnia.”
Prof. Arnaldo Ribeiro dos Santos.

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 28 |


Fechamento
Muito bem! Você acaba de finalizar a primeira parte do curso.

Antes de começar a segunda parte, veja as leituras complementares que foram


disponibilizadas para melhor entendimento sobre a primeira parte do curso.

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 29 |


História e cultura indígena

“Os americanos levaram para os EUA 15 chefes ianomâmis, tanto brasileiros como
venezuelanos, para lá aprenderem o inglês e serem treinados ‘politicamente’, para
que, ao retornarem, criem um contencioso internacional com o objetivo de fazer com
que a ‘comunidade internacional’ declare a criação de um Estado ‘Índio’, tutelado
pelos EUA, cujo território seria delimitado pelas áreas das atuais reservas ianomâmis
no Brasil e na Venezuela. Vocês pensam que eles fazem isto por amor aos ianomâmis?
Não. É porque em Roraima estão as maiores reservas de urânio do mundo. Eu,
provavelmente, não viverei para ver isto, mas vocês, com
certeza, testemunharão.”
Orlando VILLAS BOAS

Programa “Expedições” – TV Cultura – 15.06.2003.


Trecho da entrevista concedida por Orlando Villas Boas, falecido em dezembro de
2002. Nela, o ilustre sertanista fez esta profecia, considerada ficcional pela sociedade
brasileira, a julgar pela falta de repercussão e imobilidade sócio-institucional em
torno da questão por ele apontada. Hoje, preocupante e complexo cenário acha-se
instalado na região conforme o seu vaticínio. Que Tupã nos poupe de tão lancinante
dor!

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 30 |


Introdução

A necessidade de proteção, inclusive jurídica, às diferentes etnias indígenas radicadas


em solo brasileiro tem seu marco em 1910, quando foi criado o Serviço de Proteção
ao Índio (SPI), cabendo, então, a chefia deste órgão ao Marechal Cândido Mariano
da Silva Rondon. Este órgão, no entanto - já não mais sob a chefia de Rondon, é
bom que se diga - veio a ser extinto em 1967, em razão de inúmeras denúncias de
irregularidades administrativas.

A dinamicidade dos fatos e fenômenos sociais ligados à ampla abrangência da


questão indígena, sobretudo aqueles relacionados às especulações econômicas sobre
a região amazônica, passou a exigir do governo maior comprometimento com a
questão, inclusive por tratar-se da segurança e soberania nacionais. Daí, ao longo das
últimas décadas, criar-se uma espécie de “rede de proteção” sócio-cultural, jurídica
e territorial visando a atender e proteger as diferentes etnias indígenas radicadas em
nosso país.

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 31 |


Protegendo e respeitando

Leia os seguintes Artigos selecionados:

LEI Nº 6.001, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1973

Dos Princípios e Definições


Art.1º Esta Lei regula a situação jurídica dos índios ou silvícolas e das comunidades
indígenas, com o propósito de preservar a sua cultura e integrá-los, progressiva e
harmonicamente, à comunhão nacional.
Parágrafo único. Aos índios e às comunidades indígenas se estende a proteção das leis
do País, nos mesmos termos em que se aplicam aos demais brasileiros, resguardados os
usos, costumes e tradições indígenas, bem como as condições peculiares reconhecidas
nesta Lei.

Art.2º cumpre à União, aos Estados e aos Municípios, bem como aos órgão das
respectivas administrações indiretas, nos limites de sua competência, para a proteção
das comunidades indígenas e a preservação dos seus direitos;
I - estender aos índios os benefícios da legislação comum, sempre que possível a sua
aplicação;
II - prestar assistência aos índios e às comunidades indígenas ainda não integradas à
comunhão nacional;
III - respeitar, ao proporcionar aos índios meio para seu desenvolvimento, as
peculiaridades inerentes à sua condição;
IV - assegurar aos índios a possibilidade de livre escolha dos seus meios de vida

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 32 |


e subsistência;
V - garantir aos índios a permanência voluntária no seu habitat, proporcionando-lhes
ali recursos para seu desenvolvimento e progresso;
VI - respeitar, no processo de integração de índio à comunhão nacional, a coesão das
comunidades indígenas, os seus valores culturais, tradições, usos e costumes;
VII - executar sempre que possível mediante a colaboração dos índios, os programas
e projetos tendentes a beneficiar as comunidades indígenas;
VIII - utilizar a cooperação de iniciativa e as qualidades pessoais do índio, tendo
em vista a melhoria de suas condições de vida e a sua integração no processo de
desenvolvimento;
IX - garantir aos índios e comunidades indígenas, nos termos de Constituição, a
posse permanente das terras que habitam, reconhecendo-lhes o direito ao usufruto
exclusivo das riquezas naturais e de todas as utilidades naquelas terras existentes;
X - garantir aos índios o pleno exercício dos direitos civis e políticos que em fase da
legislação lhes couberem.
Parágrafo único. Vetado.

Art.3º Para os efeitos de lei, ficam estabelecidas as definições a seguir


discriminadas:
I - Índio ou Silvícola - É todo indivíduo de origem e ascendência pré-colombiana que se
identifica e é intensificado como pertencente a um grupo étnico cujas características
culturais o distinguem da sociedade nacional;
II - Comunidade Indígena ou Grupo Tribal - É um conjunto de famílias ou comunidades
índias, quer vivendo em estado de completo isolamento em relação aos outros setores
da comunhão nacional, quer em contatos intermitentes ou permanentes, sem contudo
estarem neles integrados.

Art.4º Os índios são considerados:


I - Isolados- Quando vivem em grupos desconhecidos ou de que se possuem poucos e
vagos informes através de contatos eventuais com elementos da
comunhão nacional;
II - Em vias de integração - Quando, em contato intermitente ou permanente com
grupos estranhos, conservem menor ou maior parte das condições de sua vida nativa,
mas aceitam algumas práticas e modos de existência comuns aos demais setores da
comunhão nacional, da qual vão vez mais para o próprio sustento;
III - Integrados- Quando incorporados à comunhão nacional e reconhecidos no
pleno exercício dos direitos civis, ainda que conservem usos, costumes e tradições
característicos da sua cultura.

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 33 |


TÍTULO I I
Dos Direitos Civis e Políticos
CAPÍTULO I

Dos Princípios
Art.5º Aplicam-se aos índios ou silvícolas as normas dos artigos 145 e 146, da
Constituição Federal, relativas à nacionalidade e à cidadania.
Parágrafo único. O exercício dos direitos civis e políticos pelo índio depende da
verificação das condições especiais estabelecidas nesta Lei e na
legislação pertinente.

Art.6º Serão respeitados os usos, tradições costumes das comunidades indígenas e


seus efeitos, nas relações de família, na ordem de sucessão, no regime de propriedade
nos atos ou negócios realizados entre índios, salvo se optarem pela aplicação do
direito comum.
Parágrafo único. Aplicam-se as normas de direito comum às relações entre índios
não integrados e pessoas estranhas à comunidade indígena, executados os que forem
menos favoráveis a eles e ressalvado o disposto nesta Lei.

TÍTULO V

Da Educação, Cultura e Saúde


Art.47° É assegurado o respeito ao patrimônio cultural das comunidades indígenas,
seus valores artísticos e meios de exploração.

Art.48° Estende-se à população indígena, com as necessárias adaptações, o sistema


de ensino em vigor no País.

Art.49° A alfabetização dos índios far-se-á na língua do grupo a que pertençam, e em


português, salvaguardado o uso da primeira.

Art.50° A educação do índio será orientada para a integração na comunhão nacional


mediante processo de gradativa compreensão dos problemas gerais e valores da
sociedade nacional, bem como do aproveitamento das suas aptidões individuais.

Art.51° A assistência aos menores, para fins educacionais, será prestada, quando
possível, sem afastá-los do convívio familiar ou tribal.

Art.52° Será proporcionada ao índio a formação profissional adequada, de acordo


com seu grau de culturação.

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 34 |


Art.53° O artesanato e as indústrias rurais serão estimulados, no sentido de elevar o
padrão de vida do índio com a conveniente adaptação às condições
técnicas nomeadas.

Art.54° Os índios têm direito aos meios de proteção à saúde facultados à comunhão
nacional.
Parágrafo único. Na infância, na maternidade, na doença e na velhice, deve ser
assegurada ao silvícola especial assistência dos poderes públicos, em estabelecimentos
a esse destinados.

Art.55° O regime geral da previdência social será extensivo aos índios, atendidas as
condições sociais, econômicas e culturais das comunidades beneficiadas.

TÍTULO VI

Art.65° O Poder Executivo fará, no prazo de cinco anos, a demarcação das terras
indígenas, ainda não demarcadas.

Art.66° O órgão de proteção ao silvícola fará divulgar e respeitar as normas da


Convenção 107, promulgada pelo Decreto nº 58.824, de 14 de julho de 1966.

Art.67° É mantida a Lei nº 5.371, de 05 de dezembro de 1967.

Art.68° Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições
em contrário.

Brasília, 19 de dezembro de 1973; 152º da Independência e 85º da República.

EMÍLIO G. MÉDICI
Alfredo Buzaid
Antônio Delfim Netto
José Costa Cavalcanti.

Publicado no Diário Oficial de 21 de dezembro de 1973.


Parágrafo único. Vetado.

Art.3º Para os efeitos de lei, ficam estabelecidas as definições a seguir


discriminadas:
I - Índio ou Silvícola - É todo indivíduo de origem e ascendência pré-colombiana que
se identifica e é intensificado como pertencente a um grupo étnico cujas

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 35 |


características culturais o distinguem da sociedade nacional;
II - Comunidade Indígena ou Grupo Tribal - É um conjunto de famílias ou comunidades
índias, quer vivendo em estado de completo isolamento em relação aos outros setores
da comunhão nacional, quer em contatos intermitentes ou permanentes, sem contudo
estarem neles integrados.

Art.4º Os índios são considerados:


I - Isolados- Quando vivem em grupos desconhecidos ou de que se possuem poucos e
vagos informes através de contatos eventuais com elementos da
comunhão nacional;
II - Em vias de integração - Quando, em contato intermitente ou permanente com
grupos estranhos, conservem menor ou maior parte das condições de sua vida nativa,
mas aceitam algumas práticas e modos de existência comuns aos demais setores da
comunhão nacional, da qual vão vez mais para o próprio sustento;
III - Integrados- Quando incorporados à comunhão nacional e reconhecidos no
pleno exercício dos direitos civis, ainda que conservem usos, costumes e tradições
característicos da sua cultura.

TÍTULO I I
Dos Direitos Civis e Políticos
CAPÍTULO I

Dos Princípios
Art.5º Aplicam-se aos índios ou silvícolas as normas dos artigos 145 e 146, da
Constituição Federal, relativas à nacionalidade e à cidadania.
Parágrafo único. O exercício dos direitos civis e políticos pelo índio depende da
verificação das condições especiais estabelecidas nesta Lei e na
legislação pertinente.

Art.6º Serão respeitados os usos, tradições costumes das comunidades indígenas e


seus efeitos, nas relações de família, na ordem de sucessão, no regime de propriedade
nos atos ou negócios realizados entre índios, salvo se optarem pela aplicação do
direito comum.
Parágrafo único. Aplicam-se as normas de direito comum às relações entre índios
não integrados e pessoas estranhas à comunidade indígena, executados os que forem
menos favoráveis a eles e ressalvado o disposto nesta Lei.

TÍTULO V

Da Educação, Cultura e Saúde

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 36 |


Art.47° É assegurado o respeito ao patrimônio cultural das comunidades indígenas,
seus valores artísticos e meios de exploração.

Art.48° Estende-se à população indígena, com as necessárias adaptações, o sistema


de ensino em vigor no País.

Art.49° A alfabetização dos índios far-se-á na língua do grupo a que pertençam, e em


português, salvaguardado o uso da primeira.

Art.50° A educação do índio será orientada para a integração na comunhão nacional


mediante processo de gradativa compreensão dos problemas gerais e valores da
sociedade nacional, bem como do aproveitamento das suas aptidões individuais.

Art.51° A assistência aos menores, para fins educacionais, será prestada, quando
possível, sem afastá-los do convívio familiar ou tribal.

Art.52° Será proporcionada ao índio a formação profissional adequada, de acordo


com seu grau de culturação.

Art.53° O artesanato e as indústrias rurais serão estimulados, no sentido de elevar o


padrão de vida do índio com a conveniente adaptação às condições
técnicas nomeadas.

Art.54° Os índios têm direito aos meios de proteção à saúde facultados à comunhão
nacional.
Parágrafo único. Na infância, na maternidade, na doença e na velhice, deve ser
assegurada ao silvícola especial assistência dos poderes públicos, em estabelecimentos
a esse destinados.

Art.55° O regime geral da previdência social será extensivo aos índios, atendidas as
condições sociais, econômicas e culturais das comunidades beneficiadas.

TÍTULO VI

Art.65° O Poder Executivo fará, no prazo de cinco anos, a demarcação das terras
indígenas, ainda não demarcadas.

Art.66° O órgão de proteção ao silvícola fará divulgar e respeitar as normas da


Convenção 107, promulgada pelo Decreto nº 58.824, de 14 de julho de 1966.

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 37 |


Art.67° É mantida a Lei nº 5.371, de 05 de dezembro de 1967.

Art.68° Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições
em contrário.

Brasília, 19 de dezembro de 1973; 152º da Independência e 85º da República.

EMÍLIO G. MÉDICI
Alfredo Buzaid
Antônio Delfim Netto
José Costa Cavalcanti.
Publicado no Diário Oficial de 21 de dezembro de 1973

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 38 |


Os índios na Constituição Federal

Leia os seguintes Artigos selecionados:

DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, DE 05.10.1988

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais


pelos seguintes princípios:
III - autodeterminação dos povos;
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica,
política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma
comunidade latino-americana de nações.

Art. 20º São bens da União:


XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

§ 2.º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras
terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa
do território nacional, e sua ocupação e utilização serão
reguladas em lei.

Art. 22º Compete privativamente à União legislar sobre:


XIV - populações indígenas;

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 39 |


Art. 49º É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos
hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;

Art. 109º Aos juízes federais compete processar e julgar:


XI - a disputa sobre direitos indígenas.

Art. 129º São funções institucionais do Ministério Público:


V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;

Art. 176º As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais


de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de
exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a
propriedade do produto da lavra.

§ 1.º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que


se refere o caput deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização
ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa brasileira de
capital nacional, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando
essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou
terras indígenas.

Art. 210º Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira
a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos,
nacionais e regionais.

§ 2.º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada


às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos
próprios de aprendizagem.

Art. 215º O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso
às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das
manifestações culturais.

§ 1.º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-


brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo
civilizatório nacional.

Art. 216º Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material


e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 40 |


identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais;

CAPÍTULO VIII Dos Índios

Art. 231º São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas,
crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente
ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos
os seus bens.

§ 1.º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em
caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis
à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias
a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos,
costumes e tradições.
§ 2.º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse
permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos
lagos nelas existentes.
§ 3.º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a
pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados
com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-
lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.
§ 4.º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos
sobre elas, imprescritíveis.
§ 5.º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, ad referendum
do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua
população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso
Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo
que cesse o risco.
§ 6.º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham
por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo,
ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes,
ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei
complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações
contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 41 |


de boa-fé.
§ 7.º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, §§ 3.º e 4.º.

Art. 232º Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para
ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério
Público em todos os atos do processo. ADCT

Art. 67º A União concluirá a demarcação das terras indígenas no prazo de cinco anos
a partir da promulgação da Constituição.

Brasília, 5 de outubro de 1988.

Ulysses Guimarães, Presidente


Mauro Benevides, 1.º Vice-Presidente

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 42 |


Protegendo o meio ambiente, a
história e a cultura

Leia os seguintes Artigos selecionados:

DECRETO Nº 24, DE 04 DE FEVEREIRO DE 1991

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso
IV, da Constituição, DECRETA:

Art. 1º A proteção do meio ambiente em terras indígenas e seu entorno, de que


tratam as Leis nºs 6.001, de 19 de dezembro de 1973, e 6.938, de 31 de agosto de
1981, constitui encargo da União e será realizada na forma prevista neste Decreto.

Art. 2º Para cumprimento do disposto no artigo anterior serão elaborados projetos


específicos em áreas consideradas prioritárias, definidas pelo órgão federal de
assistência ao índio em comum acordo com a Secretaria do Meio Ambiente da
Presidência da República, objetivando ações de equilíbrio ecológico das terras
indígenas e seu entorno, como condição necessária para a sobrevivência física e
cultural das populações indígenas.
Parágrafo único. Os projetos de que tratam este artigo contemplarão:
a) diagnóstico ambiental, para conhecimento da situação, como base para as
intervenções necessárias;

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 43 |


b) recuperação das áreas que tenham sofrido processo de degradação de seus recursos
naturais;
c) controle ambiental das atividades potencial ou efetivamente modificadoras do
meio ambiente, mesmo daquelas desenvolvidas fora dos limites das
áreas que afetam;
d) educação ambiental, dirigida às populações indígenas e à sociedade envolvente,
visando à participação consciente na proteção ao meio ambiente nas terras
indígenas,
e) identificação e difusão de tecnologias, indígenas e não indígenas, consideradas
apropriadas do ponto de vista ecológico.

Art. 3º A elaboração dos referidos projetos respeitará a organização social e política,


os costumes, as crenças e as tradições das comunidades indígenas.

Art. 4º A coordenação dos projetos mencionados no art 2º caberá à Secretaria do Meio


Ambiente da Presidência da República, e sua elaboração e execução serão realizadas
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e pelo
órgão federal de assistência ao índio.
Parágrafo único. Para os fins previstos neste artigo, serão promovidas articulações com
as áreas governamentais, entidades e associações civis e religiosas, cujo envolvimento
nos projetos se faça necessário, de forma a assegurar o suporte técnico, científico e
operacional indispensável à sua eficácia.

Art. 5° O Ministro de Estado da Justiça e o Secretário do Meio Ambiente da Presidência


da República, em ato conjunto, quando necessário, definirão os mecanismos e
instrumentos para o cumprimento deste Decreto, inclusive quanto ao aporte de
recursos orçamentários e financeiros necessários á execução
do referido programa.

Art. 6° Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 7º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília-DF, 04 de fevereiro de 1991; 170º da Independência e 103º da República.

FERNANDO COLLOR
Jarbas Passarinho.

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 44 |


A auto-sustentação dos
povos indígenas

Leia os seguintes Artigos selecionados:

DECRETO Nº 25, DE 04 DE FEVEREIRO DE 1991

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84,
incisos IV e VI, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 6.001, de 19 de
dezembro de 1973, DECRETA:

Art. 1º A garantia de meios para a auto-sustentação dos povos indígenas constitui


encargo da União e será executada nos termos deste Decreto.

Art. 2º Para o cumprimento do disposto no artigo anterior, serão elaborados programas


e projetos específicos, de caráter estratégico, destinados à auto-sustentação dos
povos indígenas, segundo as peculiaridades próprias de cada comunidade.
Parágrafo único. A interferência no processo produtivo dos povos indígenas dar-se-á
somente quando a sua auto-sustentação estiver comprometida.

Art. 3º Os programas e projetos, fundamentados em diagnósticos agro-ecológicos e


sócio-econômicos, terão os seguintes objetivos:
I - coleta, conservação e uso racional de recursos genéticos da flora e fauna das áreas
indígenas;
II - produção de sementes e mudas de espécies de ocorrência natural e/ou cultivadas,
isentas de pragas e doenças;

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 45 |


III - adaptação, desenvolvimento e difusão de tecnologias apropriadas às características
específicas de cada grupo indígena, evitando o surgimento de dependências culturais,
tecnológicas e econômicas;
IV - realização de atividades de assistência técnica e extensão rural;
V - promoção de atividades associativistas, observado o interesse de cada comunidade
indígena.

Art. 4º A elaboração e a execução dos programas e projetos respeitarão a organização


social e política, os costumes, as crenças e as tradições das diversas comunidades
indígenas, bem como a necessária integração com as demais ações setoriais
desenvolvidas em suas terras.
Parágrafo único. As equipes constituídas para a execução dos projetos, além dos
conhecimentos técnicos indispensáveis, deverão estar preparadas para compreender
a cultura, os usos e os costumes da comunidade na qual irão atuar.

Art. 5º Compete ao Ministério da Agricultura e Reforma Agrária, por intermédio da


Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMBRAPA, e ao Ministério da Justiça,
por intermédio do órgão federal de assistência ao índio, a coordenação das ações
decorrentes deste Decreto.
Parágrafo único. Para a consecução dos objetivos estabelecidos serão utilizados
os recursos humanos e materiais disponíveis na EMBRAPA e no órgão federal de
assistência ao índio.

Art. 6º Os Ministros da Justiça e da Agricultura e Reforma Agrária, em atos conjuntos,


quando necessário, definirão os mecanismos e instrumentos para o cumprimento
deste decreto, inclusive quanto ao aporte de recursos orçamentários e financeiros
necessários à execução dos referidos programas e projetos.
Parágrafo único. Para os fins previstos neste artigo, serão promovidas articulações com
as áreas governamentais, entidades e associações civis e religiosas, cujo envolvimento
nos programas e projetos se faça necessário, de forma a assegurar o suporte técnico,
científico e operacional indispensável a sua eficácia.

Art. 7º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 04 de fevereiro de 1991; 170º da Independência e 103º da República.

FERNANDO COLLOR
Jarbas Passarinho
Antonio Cabrera Mano Filho

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 46 |


Conscientização do povo brasileiro

Leia os seguintes Artigos selecionados:

DECRETO Nº 26, DE 04.02.1991

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 84,


inciso IV, da Constituição, tendo em vista o disposto na Lei nº 6.001, de 19 de dezembro
de 1973 e em cumprimento da Convenção nº 107, da Organização Internacional do
Trabalho, aprovada pelo Decreto nº 58.825, de 14 de julho de 1966, sobre a proteção
da integração das populações indígenas e outras populações tribais e semi-tribais de
países independentes,

DECRETA:

Art. 1º Fica atribuída ao Ministério da Educação a competência para coordenar as


ações referentes à educação indígena, em todos os níveis e modalidades de ensino,
ouvida a Funai.

Art. 2º As ações previstas no Art. 1º serão desenvolvidas pelas Secretarias de Educação


dos Estados e Municípios em consonância com as Secretarias Nacionais de Educação
do Ministério da Educação.

Brasília, 4 de fevereiro de 1991; 170º da Independência e 103º da República.

FERNANDO COLLOR
Jarbas Passarinho
Carlos Chiarelli

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena | 47 |


Mais conhecimento
Muito bem! Acabamos de ver toda a legislação selecionada para esta
parte do curso.

Vejamos algumas outras fontes selecionadas para o seu estudo.

Os textos de apoio para o estudo da história e cultura indígena foram selecionados


entre tantos outros encontrados no site da FUNAI. Procuramos escolher textos de
fácil entendimento e assimilação, sem preciosismos técnicos, mas abordando temas
atuais, consoantes as orientações contidas na legislação citada no item
I deste curso.

15. Texto: FUNAI

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Leituras selecionadas - jornais
Os diferentes grupos indígenas, hoje existentes no Brasil, enfrentam sem sombra
de dúvida, inúmeros problemas. Não só aqueles decorrentes da diversidade cultural
manifestos no convívio com os não-índios, mas principalmente aqueles decorrentes
de especulações econômicas relativamente às áreas que lhes são demarcadas como
“reserva indígena”.

Tão importante quanto os recentes conflitos entre agricultores e indígenas no norte


do país, temos a questão da biodiversidade, tema em que se aborda, entre outros, o
direito de os “povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultores familiares
protegerem seus conhecimentos sobre a biodiversidade, de forma que esse uso possa
gerar [...] benefícios monetários ou não [...].”

Pena que os principais interessados, detentores do conhecimento a ser explorado


foram alijados do processo de consulta pública que esteve disponível apenas para
aqueles que têm acesso à Internet!!!

Destacamos também o recente lançamento do “Dicionário de palavras brasileiras de


origem indígena”, de Clóvis Chiaradia. Ed.Lumiar, 2008.

16. Reinventar relações respeitosas

17. Dicionário decifra palavras indígenas do dia-a-dia

18. Aprendendo a ser índio

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Proposta político-pedagógica
do Centro de Educação e
Cultura Indígena
Em decorrência de pesquisas realizadas, inteiramo-nos da Proposta Político-
Pedagógica do Centro de Educação e Cultura Indígena (CECI) e tivemos acesso ao livro
Nhandereko nhemombe’u tenonderã: histórias para contar e sonhar – Educadores
Guarani (SME-DOT / 2000), fruto do empenho e dedicação de educadores, que atuam
nos Centros de Educação Infantil Indígena (CEII), de educandos e membros das
comunidades indígenas junto a estes Centros.

Pelo trabalho já realizado por SME, pela Equipe Técnica de DOT e por aqueles diretamente
envolvidos no quotidiano do trabalho junto aos CEIIs e CECIs, julgamos bastante
oportuno divulgá-lo neste curso, já que muitas das informações a esse respeito ainda
são desconhecidas de muitos educadores da Rede Municipal de Ensino.

De pronto, inevitável não notar e não fazer alusão do nome CECI (Centro de Educação
e Cultura Indígena) com Ceci, personagem da obra “O guarani”, de José de Alencar...
Como também inevitável deixar de reconhecer que hoje, tal como ontem, estes
“bravos” lutam para preservar seus últimos recursos territoriais, suas tradições, sua
história; tentam “barrar o avanço da devastadora e insensível civilização dos não-
índios, como eles nos denominam”.

Ignorados, hostilizados, chacinados, saqueados que foram pelos colonizadores, hoje


estes “bravos” enfrentam outro tipo de guerra, com diversas frentes e que adquiriu,
ao longo do tempo, diferentes formas, diferentes facetas: seja contra a discriminação
velada ou explícita; seja contra “elites” rurais organizadas que – apesar da lei, sob
diferentes bandeiras – invadem suas terras; seja contra fortíssimos grupos econômicos
– nacionais e estrangeiros – interessados nas riquezas naturais de suas reservas; seja
contra ONGs “de fachada”, que atuam bem na linha do “homo hominis lupus est” (O
homem é lobo do homem); ... Enfim, uma guerra com várias frentes, em que as partes
se regulam por valores culturais e recursos tecnológicos extremamente diferentes,
havendo até espaço para “fogo amigo” contra os indígenas! (Ver texto de Henry
NOVION. Reinventar relações respeitosas. O ESTADO DE SÃO PAULO / Especial / X-7,
07.08.2008).

Que ecoem as palavras de José Fernandes Soares: “Kova’e kuaxia re ma opytarã

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nhande arandua régua. Há’e gui jaexa uka ramo nhandereko imbaraete água, Nhande
ayvuma há’eveve. Há’eva’e rupi ma nhande ayvu naneramoi kuery revê. Nhanhombo’e
a?, nhande reko oi porá vê aguã.”
(Tradução: “Neste livro fica registrada a nossa memória que, agora, ao ser mostrada,
esperamos que nossa cultura ganhe força. Nossa riqueza é nossa língua e é nessa
língua que conversamos com nossos antepassados. Ensinamos no presente como
termos um futuro melhor.”)

19. Texto: Histórico do Projeto CECI

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À guisa de conclusão
Brasil-África: revendo conceitos

No princípio, tanto lá como aqui, a terra não era informe e vazia.


Cultura e a organização social prosperavam em tais sociedades.

No princípio, tanto lá como aqui, integrantes de diferentes etnias foram arrancados


de seus espaços,
do seio de sua sociedade e transpostos escravizados para um outro
ambiente social.

No princípio, tanto lá como aqui, a “escassez socialmente provocada não existia,


pois a terra e seus recursos pertenciam ao grupo que deles se utilizava”.

No princípio, tanto lá como aqui, a relação com a terra, com a natureza, com as
crenças era de respeito.

No princípio, tanto lá como aqui, as esferas da vida em sociedade


encontravam-se integradas.

No princípio, tanto lá como aqui, as sociedades também não eram estáticas.

No princípio, tanto lá como aqui, a riqueza estava na diversidade.

Luta Morte Liberdade

Hoje, aqui, passados mais de cinco séculos,


para alguns a imagem do indígena
é, ainda, aquela do “bom selvagem”, idealizada, ... distante, ... petrificada ...
para outros,
resta melancólica, a imagem de curumins deitados na calçada, no asfalto, ao lado da
mãe a vender artesanato ...
restam dúvidas: São índios mesmo aqueles que ainda resistem em aldeias, na São
Paulo de Anchieta ?... Índios calçados, usando camisa do Ronaldo, “engajados”,
“aculturados” ou vendendo artesanato na Praça da Sé, no Viaduto do Chá, ... são
índios?!...

Mas, ... um “branco que use colares de contas, fure suas orelhas e lábios, more em

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aldeias, não é por isso considerado índio!.”[1] [1] Paula MORGADO. Op. Cit.

[2] A Deputada Federal Raquel Candido (PDT-RO),


em pronunciamento na Câmara Federal, question-
Hoje, aqui, passados mais de cinco séculos, estarrece-nos saber que estão em curso
ando o trabalho de muitas ONGs, apresentou texto
decisões tomadas em instâncias e fóruns internacionais relativamente ao destino da conclusivo de reunião realizada em Genebra, Suíça,
em 1981, contendo deliberações sobre ações a serem
Amazônia [2]. Estarrece-nos, mais ainda, saber que decisões deste tipo são facilitadas implementadas relativamente à Amazônia. A matéria
está registrada no Diário do Congresso Nacional
por lesa-pátrias, estabelecidos e “blindados” em diferentes esferas governamentais.
(Seção 1), do dia 17/02/1989, (Sexta-Feira). O presi-
dente do Congresso deputado Inocêncio de Oliveira.
A tradução, de Walter H.R. Frank, tradutor público,
Hoje, aqui, para muitos, felizmente, restam os ensinamentos, a imagem, o exemplo, está registrada sob nº 4.039 – Livro XVI – fls., 1 em

a lição de vida do pacificador, do brasileiro, do humanista Orlando Villas-Boas, que 22.07.1987). A título de exemplo, este “documento”,
na parte “L. Alínea E”, diz: “ ...incutindo-lhes audácia,
muito lutou pelos índios para que sua cultura fosse preservada “não como animal do valentia e até um pouco de espírito agressivo .... É
preciso que eles (os índios) vejam o homem branco
passado, mas como ser humano...”[3] como um inimigo permanente.”; na parte “L. Alínea
F”, diz: “É preciso infiltrar missionários e contratados,
inclusive não religiosos, em todas as nações indíge-
Hoje, aqui, passados quase cinco séculos da chegada a Salvador, em 1550, da primeira nas; ...” Ver mais a respeito em: http://www.expedi-
caovillasboas.com.br/p/ - Acesso em 11.10.2008.
leva de africanos
escravizados e decorridos cento e vinte anos da abolição da escravatura, a busca por [3] Orlando VILLAS BOAS e seus irmãos, Cláudio e
Leonardo, partiam da máxima segundo a qual o índio
inserção social, direitos e visibilidade da questão étnica ainda está na ordem do dia. só sobrevive na sua própria cultura. Dentre as obras
por ele deixadas, destacam-se: A marcha para o
Oeste. São Paulo: Ed. Globo, 1995 e Histórias e Cau-
Hoje, os “os capitães-do-mato foram substituídos por grileiros, capatazes e advogados sos. São Paulo: FTD, 2005. Nesta, Orlando Villas Boas
faz um registro sistemático de suas lembranças e
de agroindústrias diversas que ainda assolam os territórios dos quilombolas com histórias, amparadas em mais de 40 anos dedicados

ameaças de expulsão, [...] assassinatos...”[4] à causa e à política indigenista no Brasil.

[4] Sandra SANTOS. Op. Cit.

Hoje, aqui, comprovar e acionar alguém por crime de racismo ainda é uma coisa [5] SÃO PAULO (SP). PREFEITURA DA CIDADE DE SÃO
dificílima. A subjetividade, a ação velada mascaram condutas. Expressões correntes, PAULO. SECRETARIA DO TRABALHO. Desigualdade de
Gênero e Raça / Cor no Mercado de Trabalho de São
como “negro de alma branca”, restrições tácitas ou veladas à convivência – lato senso Paulo. Comissão Intersecretarial de Monitoramento e
Gestão da Diversidade CIM- Diversidade- Elaboração
- de brancos com negros, desigualdades no mercado de trabalho em função da etnia
SEADE. 2007.
[5] , entre outros, são fatos em nossa sociedade. A mídia, em seus diferentes setores,
que o diga, principalmente a televisada.

É... Precisamos rever nossos conceitos!

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Fechamento

Muito bem! Você acaba de finalizar o estudo da apostila.

Assim como na primeira parte, veja também as leituras complementares que foram
disponibilizadas para melhor entendimento desta segunda parte do curso.

Após finalizar essas leituras, da primeira e da segunda parte do curso, você estará
apto para realizar o simulado.

Boa sorte!
Equipe APROFEM

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