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PEGADINHA GRAMATICAL DO PROFESSOR DÍLSON CATARINO

PEGADINHA GRAMATICAL

DO PROFESSOR DÍLSON CATARINO

O que há de errado nas frases a seguir?


Se você não consegue identificar o erro nos textos abaixo, saiba o que o
professor tem a dizer.

Trata-se de compilação de textos do Prof. Dílson Catarino, e


divulgados pelo seu site. Minha intenção é divulgar essa excelente contribuição
para todos os que pretendem aperfeiçoar seus conhecimentos sobre a Língua
Portuguesa. Ao formatar os textos, guardei a originalidade do conteúdo, mudando
alguns detalhes referentes à forma, para economia de espaço. Espero que o caro
mestre não se importe. Leia mais, e no original, visitando o interessante site no
endereço eletrônico http://www.uol.com.br/vestibuol/pegadinhas. Dílson Catarino
leciona português e redação Sistema Maxi de Ensino, em Londrina (PR). Também
coordena o Departamento de Português e as atividades culturais do colégio. Fale
com o professor: dilster@uol.com.br.

Prof. Antonio Garcia Dias.

 Estou sem dinheiro para pagar o advogado. E  "O chefe do almoxarifado ainda não proviu a
agora? empresa este mês"
 "Os Estados Unidos intermediam negociação  "Esses meninos são tal qual os pais"
entre..."
 "A violência faz com que os cidadãos de bem
 "Entreguei tudo ao despachante que não se enclausurem"
lembro o nome"
 "O consumo moderado de álcool, manter um
 "Traga ele até aqui" peso adequado ..."
 "Ligue, que ganhará de grátis um ingresso..."  "É preciso que seja definido um marco. Isto é
necessário para..."
 "Eu só compito se as regras forem alteradas!"
 "Oi, Osbirvânio. Há mais de dez dias eu estava
 "Quem sabe eu ainda sou uma garotinha.."
à sua procura!"
 "Eu amo mais você do que eu!"
 "Huuum!Está cheirando feijão queimado..."
 "Às 17:30, iniciar-se-á a palestra da psicóloga
 "O jogo será iniciado às quinze para as nove."
Zilah Brandão"
 "Teté tem lindos olhos azuis claros" • Governador chama a atenção de assessor,
pela gafe cometida"

Formatação: Prof. Dr. ANTONIO GARCIA DIAS - Advogado – Administrador – Assistente Social 1
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 "Seleção africana empresta dinheiro para  "Aquela mulher é meia complicada. Ela acha
combustível..." que ..."
 "Dá gosto de ver os pingüins quando chega o  "Gosto dele, porque suas idéais vão de
verão" encontro às minhas."
 "Eu vou estar conversando com o gerente à  "Ele foi o octagésimo colocado no vestibular."
tarde..."
 "Eu estava presente na palestra, mas ..."
 "Que sorte! Ele reaveu tudo o que roubaram!"
 "Candidatos fecham acordo anti-Justiça."
 "O governo nunca ressarce os prejuízos..."
 "Ela pediu para que eu levasse os
 "Os interessados no terreno, devem entrar em documentos..."
contato..."
 "É excelente jogador! Haja visto os gols que
 "Nós já nos dispomos a ajudá-lo, mas ele não marcou..."
aceitou."
 "Gostaria de agradecer vocês por tudo o que
 "Espere um pouco. Vou lavar as mãos e já fizeram por mim!"
volto"
 "Te peguei!!"
 "O goleiro, quando conhece o atacante, se
 "Pronto, chefe. Já entreguei a carta a ele em
precavém"
mãos."
 "A vitória de Guga foi assistida por milhões de
 "Parachoque, para-choque ou pára-choque?"
pessoas"
 "Custei para entender o que ele dizia!"
 "Faz muito tempo que eu queria conversar com
você!"  "Já são uma hora, e ele não chegou ainda?!"
 "Ciro é um dos professores do colégio que  "Assisti um filme maravilhoso ontem!"
mais trabalha ..."  "Se a realidade nos parece pouco bela, não a
 "Você deve conversar conosco mesmos." enfeiemos mais!"
 "Perdi a paciência com você! Cala a boca e vai  "Alguns homens públicos não têem
embora daqui!" escrúpulos!"
 "O bandido e os policiais observavam-se  "Essas dicas são muito fáceis de se
cuidadosos..." entenderem!"
 "Os Silva formam a maior família brasileira"  "Só lhe digo que estou insatisfeito consigo"
 "Posso utilizar de seu telefone por uns  "Ei! Você aí! Me dá um dinheiro, aí!Me dá um
instantes?" dinheiro, aí!..."
 "O fato passou completamente  "Ester, eu lhe amo."
desapercebido..."  "Algumas fotografias não foram inseridas..."
 "Eu já o avisei que não quero isso!"  "Até ontem, a loja não tinha entregue o
 "Metalúrgicos páram por melhores salários" aparelho."
 "É proibida entrada"  "Ao invés de reclamar, trabalhe!"
 "Se eu não chego a tempo, acontecia a maior  "A morte dele foi uma perca..."
confusão"  "Fazem quase três meses que entrei no
 "Eles detém o poder, por isso..." Vestibuol."
 "Antes que tudo exploda"  "Estou de férias!!"
 "O gerente só intermedia quando é necessário"  "Aonde está você?"
 "A gente podia sair, não é mesmo?"  "Minha estadia em Itapoá foi ótima."
 "Esqueci de minha carteira em casa"  "Ela anda meia nervosa?"
 "Qual a leitura dos algarismos? Dez ou  "Era para mim estudar?"
décimo?

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 "Gosto do UOL porque é melhor organizado  "Se o governo manter as medidas...?"
que os outros."
 "Houveram muitos problemas?"
 "Se o presidente intervisse na questão..."
 "Meu pai não deixou eu sair"
 "Se ele propor acordo, aceito."
 "Cheguei tarde em casa"

Na medida em que o tempo passa, o desemprego, a nível de São Paulo, agrava-se mais.

Apresentei duas expressões inadequadas na mesma frase: "Na medida em que" e "a nível de".
Vejamos como usar essas frases:
Não se deve confundir "à medida que" com "na medida em que". Esta indica causa; aquela,
proporção.

"Na medida em que" tem o mesmo significado que "uma vez que, já que, visto que, porque"; "à
medida que" tem o mesmo significado que "à proporção que". Veja estes exemplos:
 "Na medida em que não conseguiu convencer a namorada a mudar de opinião, ficou
extremamente nervoso" = "Já que não conseguiu convencer a namorada a mudar de opinião,
ficou extremamente nervoso".
 "À medida que o tempo passa, ele fica mais ranzinza" = " À proporção que o tempo passa,
ele fica mais ranzinza".
Já a expressão "a nível de" é considerada inadequada sempre, ou seja, não deve ser utilizada
em hipótese alguma, a não ser que se posponha à preposição "a" o artigo "o", apresentando o
significado de "à mesma altura". Por exemplo:
 "Gosto de estar ao nível do mar"; "Ele quer colocar-se ao nível dos diretores".

Qualquer outro significado que se queira dar a ela estará errado. Deve-se substituí-la por "em
termos de, em relação a, em se tratando de, quanto a".
Há gramáticos que também admitem a substituição por "em nível de", porém considero
inadequado esse uso também. A mesma opinião têm os professores João Bosco Medeiros e
Adilson Gobbes em seu livro "Dicionário de Erros Correntes da Língua Portuguesa", publicado
pela editora Atlas.
Já o professor Luiz Antonio Sacconi, em seu livro "Não Erre Mais", publicado pela Atual Editora,
apresenta a expressão "em nível de" certa apenas no sentido de "no mesmo nível"; por
exemplo: "A reunião será em nível de diretoria", ou seja, apenas pessoas que estiverem no
mesmo nível participarão da reunião.
Veja estes exemplos:
 O certo seria dizer "Em relação aos nossos investimentos, conseguimos bons resultados", e
não "A nível de nossos investimentos..."
 O certo seria dizer "Quanto à qualidade dos discos, julgo o de Gilberto Gil melhor que o
deles", e não "A nível de qualidade..."
 O certo seria dizer "Em se tratando de curiosidades, essa é bem interessante" e não "A nível
de curiosidades..."

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A frase apresentada, então, deve ser assim reescrita: À medida que o tempo passa, o
desemprego, em relação a São Paulo, agrava-se mais.

Estou sem dinheiro para pagar o advogado. E agora?


E agora? O mais estranho é você estar comprando o advogado...
Não entendeu nada, não é mesmo? O que ocorre é que o verbo pagar, juntamente com perdoar
e agradecer, é verbo denominado de transitivo direto e indireto, ou seja, possui dois
complementos: o objeto direto, que é usado sem preposição, e o objeto indireto, com a
preposição a. A particularidade deles é que sempre o objeto direto será representado pela
coisa, e, sempre também, o objeto indireto, pela pessoa, seja física ou jurídica. Por exemplo:
 Paguei ao colégio ontem.
 Perdoei os erros cometidos.
 Agradeci o convite a ele.
Outro estudo interessante pertinente a esses três verbos é referente aos pronomes utilizados
com eles: quando substituir o objeto direto, ou seja, a coisa perdoada, paga ou agradecida, os
pronomes utilizados devem ser o, a, os, as; quando substituir o objeto indireto, ou seja, a
pessoa a quem se perdoa, a quem se paga ou a quem se agradece algo, os pronomes
utilizados devem ser lhe, lhes. Por exemplo:
• Não perdoarei ao meu amigo = Não lhe • Paguei ao dentista com cheque = Paguei-lhe
perdoarei. com cheque.
• Não perdoarei seus erros = Não os perdoarei. • Agradeço o convite = Agradeço-o
• Paguei a camisa com cheque = Paguei-a com • Agradeço ao meu amigo = Agradeço-lhe.
cheque.

A frase apresentada deverá ser corrigida desta maneira: Estou sem dinheiro para pagar ao
advogado. E agora?

Os Estados Unidos intermediam negociação entre os dois países


O assunto de hoje é complicado aos brasileiros, principalmente aos que não têm acesso ao
estudo aprofundado da Língua Portuguesa; trata-se da conjugação de alguns verbos. Vamos,
então, a eles:
Antes de estudarmos a conjugação dos verbos, temos que nos ater à definição da palavra
“rizotônico”: rizotônicas são as formas verbais em que o acento tônico recai na raiz; por
exemplo: eu CANto, tu CANtas, ele CANta.
Existem apenas oito formas rizotônicas em cada verbo: eu, tu, ele e eles do presente do
indicativo, tempo caracterizado pela frase “Todos os dias eu...” e eu, tu, ele e eles do presente
do subjuntivo, tempo caracterizado pela frase “Espero que...”. Temos então, em relação ao
verbo “estudar”, por exemplo, as seguintes formas rizotônicas: Todos os dias eu estudo, tu
estudas, ele estuda e eles estudam; Espero que eu estude, que tu estudes, que ele estude e
que eles estudem. Todas as outras formas são denominadas de arrizotônicas.
Sabendo isso, estudemos agora os verbos terminados em “-EAR”: Todos os verbos
terminados em –ear têm o acréscimo da letra “i”, colocada imediatamente antes da terminação
verbal (ar), somente nas formas rizotônicas.
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O verbo passear, então, tem a seguinte conjugação no presente do indicativo: todos os dias eu
passeio, tu passeias, ele passeia, nós passeamos, vós passeais, eles passeiam; no presente
do subjuntivo: espero que eu passeie, que tu passeies, que ele passeie, que nós passeemos,
que vós passeeis, que eles passeiem. Nenhuma outra estrutura verbal de nenhum outro tempo
tem a letra “i”. Todos os verbos terminados em –ear têm a mesma conjugação – atear, cear,
enfear, negacear, recear, etc.
Agora vejamos os verbos terminados em –IAR: os verbos terminados em –iar são regulares, ou
seja, têm conjugação absolutamente normal, sem modificação alguma. Por exemplo o verbo
copiar: eu copio, tu copias, ele copia, nós copiamos, vós copiais, eles copiam; que eu copie, tu
copies, ele copie, nós copiemos, vós copieis, eles copiem.
Há alguns verbos, porém, que se conjugam diferentemente de todos os outros: mediar,
intermediar, ansiar, remediar, incendiar e odiar. Eles têm o acréscimo da letra “e”, colocada
imediatamente antes do “i” dos verbos, somente nas formas rizotônicas, ficando, assim, com
essas formas idênticas às dos verbos terminados em -ear.
O verbo mediar, cujo significado é “intervir”, tem a seguinte conjugação no presente do
indicativo: todos os dias eu medeio, tu medeias, ele medeia, nós mediamos, vós mediais, eles
medeiam; no presente do subjuntivo: que eu medeie, tu medeies, ele medeie, nós mediemos,
vós medieis, eles medeiem. Nenhuma outra estrutura verbal de nenhum outro tempo tem a letra
“e”.
A frase apresentada, então, deve ser assim estruturada: Os Estados Unidos intermedeiam
negociação entre os dois países.

Entreguei o documento ao despachante que eu não lembro o nome dele...


Essa frase faz parte de uma propaganda de rádio na cidade em que moro, Londrina, Pr. A
inadequação apresentada é muito corriqueira; poucos são os que dominam o uso desse
pronome considerado extremamente difícil pelos estudantes do Brasil: trata-se do pronome
relativo.
Há seis pronomes relativos, que recebem esse nome porque relacionam uma oração que eles
introduzem a um substantivo ou equivalente que substituem e que se situam anteriormente a
eles na frase. São os seguintes: que, quem, qual, onde, quanto e cujo. Eles impedem a
repetição de um substantivo, ligando duas orações em um mesmo período. Por exemplo:
 “As crianças foram atacadas por dois cães estranhos; as crianças estavam brincando no
pátio; os cães foram abatidos pelo síndico do prédio”.
Para evitar a repetição dos substantivos “crianças” e “cães”, poderíamos utilizar os pronomes
pessoais “elas” e “eles” respectivamente:
 “As crianças foram atacadas por dois cães estranhos; elas estavam brincando no pátio; eles
foram abatidos pelo síndico do prédio”.
Essa substituição, porém, não impede a formação de frases telegráficas, frases curtas. Para
evitar isso, utiliza-se o pronome relativo que:
 “As crianças que estavam brincando no pátio foram atacadas por dois cães estranhos, que
foram abatidos pelo síndico do prédio”.
O pronome relativo que substitui tanto pessoas quanto qualquer outro elemento, como ocorreu
na frase acima.
O pronome relativo quem substitui apenas pessoas, nunca funciona como sujeito da oração
nem pode ser usado sem preposição. Por exemplo:
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 “Você falou do despachante; não me lembro do despachante” = “Não me lembro do
despachante de quem você falou”.
 “O professor cometeu um equívoco; estudamos com o professor: = “O professor com quem
estudamos cometeu um equívoco”.
 “O professor desculpou-se com os alunos; o professor cometeu um equívoco” = “O professor
que cometeu um equívoco desculpou-se com os alunos”.
Nesse último caso, não se pode usar o pronome quem, pois ele funcionaria como sujeito da
oração.

O pronome relativo qual (o qual, a qual, os quais, as quais) substituem que e quem:
 “As crianças as quais estavam brincando no pátio foram atacadas por dois cães estranhos,
os quais foram abatidos pelo síndico do prédio”.
 “Não me lembro do despachante do qual você falou”.
 “O professor com o qual estudamos cometeu um equívoco”.
 “O professor o qual cometeu um equívoco desculpou-se com os alunos”.
O pronome relativo onde substitui “em que” na indicação de lugar:
 “Essa frase faz parte de uma propaganda de rádio na cidade em que moro” = “Essa frase
faz parte de uma propaganda de rádio na cidade onde moro”.
O pronome relativo cujo indica posse. Somente será usado quando substituir a frase “algo de
alguém”. Com a utilização desse pronome, haverá a frase “alguém cujo algo”:
 “Os cabelos da menina = A menina cujos cabelos”;
 “O livro da professora = A professora cujo livro”;
 “Os pais do menino = O menino cujos pais”.
Não se deve usar artigo (o, a, os, as) após cujo, pois ele está contraído com o próprio pronome:
“cujo + os cabelos = cujos cabelos”.
A razão pela qual a frase apresentada está inadequada aos padrões cultos da Língua
Portuguesa é que há a indicação de posse: “O nome do despachante”; o pronome relativo
usado, então, deve ser “cujo”: “O despachante cujo nome”. Deveria ser assim estruturada:
Entreguei o documento ao despachante cujo nome não lembro...

Traga ele até aqui


Esses dias, eu estava assistindo a um filme legendado em um dos canais de TV a cabo
brasileira. Esse canal não exibe filme dublado, e sim na língua original, com legendas em
Português. A pessoa que elabora o trabalho de tradução tem de conhecer a língua estrangeira
profundamente para não cometer equívocos, não é mesmo? O problema ocorre quando se
conhece mais a língua estrangeira que a usada em seu próprio país; nesses casos surgem
equívocos como o apresentado na frase acima. Qual a inadequação da frase apresentada?
Vamos à explicação:
Existem os pronomes pessoais denominados “retos” e os “oblíquos”; aqueles funcionam apenas
como sujeito (elemento a respeito do qual o verbo anuncia algo), estes jamais funcionam como
sujeito. Os “retos” são eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas; os oblíquos, me, te, se, o, a, lhe, nos,
vos, os, as, lhes (átonos, usados sem preposição) e mim, ti, si, ele, ela, nós vós, eles, elas
(tônicos, usados somente com preposição).
Muito bem. Ao analisarmos a frase apresentada, percebemos que “alguém” trará “ele” até aqui,
portanto o pronome “ele” está usado inadequadamente, já que não é o sujeito (o sujeito é o
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elemento que trará) nem está antecedido de preposição (a, de, em, para, por, com...). Não se
pode, então, usar um pronome “reto”. Usemos, portanto, um pronome oblíquo. Qual deles?
Em relação às 1ª e 2ª pessoas, não há muito problema, pois usaremos me, te, nos, vos, mim, ti,
nós, vós diante de qualquer tipo e verbo (transitivo direto, VTD, aquele que não exige
preposição, e transitivo indireto, VTI, aquele que exige preposição). Por exemplo: Acompanhe-
me. Obedeça-me; Falaram de mim; Gostam de mim; Faço tudo por ti; Trouxe isso para ti. O
grande problema está na terceira pessoa: quando usar o, a, os, as? Quando usar lhe, lhes?
Temos que usar o, a, os, as como complementos de verbos transitivos diretos e lhe, lhes como
complementos de verbos transitivos indiretos que exijam a preposição “a”. Antes de falar ou
escrever uma frase, temos, então, de analisar a predicação verbal: Serão VTD os verbos
semelhantes a “comprar” – quem compra compra algo; serão VTI os verbos semelhantes a
“obedecer” – quem obedece obedece a algo. O verbo “trazer”, na frase apresentada, é VTD,
pois quem traz traz alguém. O pronome que deve ser utilizado, então, é o pronome “o”, e não
“ele”. A frase apresentada deve ser assim reestruturada: Traga-o até aqui.

Ligue, que ganhará de grátis um ingresso...


Essa é uma frase que ouvimos constantemente nas rádios do Brasil. Certamente você já a
ouviu ou até já a usou, não é mesmo? Qual é o problema dela?
A inadequação está no uso do verbo “ganhar” com o adjetivo “grátis”, pois, se vai ganhar algo,
não pagará por isso, então já é grátis.
E mais: a expressão de grátis não existe. O certo é apenas o adjetivo grátis, o advérbio
gratuitamente ou a locução de graça. Então a frase deve ser uma das seguintes:
 Ligue, que ganhará um ingresso...
 Ligue, que terá um ingresso de graça...
 Ligue, que terá grátis um ingresso...
 Ligue, que conseguirá gratuitamente um ingresso...

Eu só compito se as regras forem alteradas!


Que brasileiro, em sã consciência (que coisa mais batida...), diria essa frase sem titubear?
Acredito que poucos, pois a maioria não teria certeza de que forma do verbo competir deveria
utilizar, na primeira pessoa do plural do presente do indicativo, tempo que indica ação cotidiana,
caracterizado pela frase “Todos os dias eu...”.

Pois bem, a frase apresentada está CERTA!

O verbo competir deve ser assim conjugado no presente do indicativo: eu compito, tu competes,
ele compete, nós competimos, vós competis, eles competem.
No presente do subjuntivo, tempo que indica hipótese, desejo, dúvida no momento presente,
caracterizado pela expressão “Espero que eu...”, deve ser assim conjugado: que eu compita,
que tu compitas, que ele compita, que nós compitamos, que vós compitais, que eles compitam.

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Conjugações semelhantes ocorrem com os verbos:


aderir despir inserir repelir
advertir diferir interferir ressentir
aferir digerir investir revestir
aspergir discernir mentir seguir
assentir divergir perseguir sentir
auferir divertir preferir servir
compelir expelir pressentir sugerir
concernir ferir preterir transferir
consentir impelir prosseguir -----
deferir inferir referir -----
desferir ingerir refletir -----

Esses verbos, na primeira pessoa do presente do indicativo, têm as duas últimas sílabas
estruturadas com as vogais “i” e “o”: eu adiro, advirto, afiro, aspirjo, assinto, aufiro, compilo,
concirno, consinto, difiro, desfiro, desminto, dispo, difiro, digiro, discirno, divirjo, divirto, expilo,
firo, impilo, infiro, ingiro, insiro, interfiro, invisto, minto, persigo, prefiro, pressinto, pretiro,
prossigo, refiro, reflito, repilo, ressinto, revisto, sigo, sinto, sirvo, sugiro, transfiro, visto.
No presente do subjuntivo, as duas últimas sílabas serão estruturadas com as vogais “i” e “a”:
que eu adira, advirta, afira, aspirja, assinta, aufira, compila, concirna, consinta, difira, desfira,
desminta, dispa, difira, digira, discirna, divirja, divirta, expila, fira, impila, infira, ingira, insira,
interfira, invista, minta, persiga, prefira, pressinta, pretira, prossiga, refira, reflita, repila, ressinta,
revista, siga, sinta, sirva, sugira, transfira, vista.
Certamente existem alguns livros de gramática que discordarão dessa lista, colocando um ou
outro verbo dela como defectivo, ou seja, como verbo que não aceita tal conjugação. É, a língua
portuguesa tem dessas coisas.

“Quem sabe eu ainda sou uma garotinha...”


Um dos maiores sucessos da atualidade, Cássia Eller, da qual sou fã e tenho todos os discos,
tem talento e todas as justificativas para usar o que bem entender em suas músicas. Aliás,
alguns internautas me perguntam se não é permitido errar em músicas.
A questão não é que seja permitido “errar”; os compositores, poetas, romancistas, contistas, ou
seja, os artistas em geral podem usar inadequações, a que chamamos de “licença poética” que
é a liberdade que toma o poeta, algumas vezes, de transgredir as normas da poética ou da
gramática, em benefício à harmonia e/ou à melodia da composição. Explicações dadas,
voltemos à música de Cássia Eller:
A inadequação da letra da música "Malandragem", composta pelo saudoso Cazuza, está no
uso do verbo “ser” no tempo denominado de “presente do indicativo” quando deveria estar no
“presente do subjuntivo”. Explico: a expressão inicial “Quem sabe...” indica dúvida, hipótese.
Sempre que isso ocorrer, o verbo da frase deverá ser conjugado em um dos tempos do modo
denominado de subjuntivo, que é o modo que indica desejo, hipótese, dúvida.
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No tempo presente, que é o que ocorre com a música : “Quem sabe ainda...”, o verbo “ser”
deve ficar: “que eu seja, que tu sejas, que ele seja, que nós sejamos, que vós sejais, que eles
sejam”. A letra, então, para se adequar aos padrões cultos da língua deveria ficar da seguinte
forma: “Quem sabe eu ainda seja uma garotinha...”
Em outro trecho da música, ela canta “Quem sabe o príncipe virou um sapo...”
Dessa feita a expressão “Quem sabe...” não inicia frase no presente, e sim no passado, como
indica o verbo “virou”. Como é hipótese, novamente não se poderia usar verbo no modo
indicativo. O tempo que indica hipótese atual (sabe) remetendo a ação para o passado é o
denominado pretérito perfeito composto do subjuntivo, que deve ser assim conjugado: “que eu
tenha virado, que tu tenhas virado, que ele tenha virado, que nós tenhamos virado, que vós
tenhais virado, que eles tenham virado”. A frase, então, deve ser assim estruturada: “Quem
sabe o príncipe tenha virado um sapo...”

“Eu amo mais você do que eu!”


Essa frase é muito ouvida nas rádios que tocam músicas destinadas aos jovens brasileiros. É
uma das mais tocadas, pelo menos aqui em Londrina, Pr. Ouvimo-la diariamente, várias vezes.
Qual a inadequação gramatical presente a ela? Vamos à teoria:
Existem pronomes denominados de pessoais, que servem para indicar as pessoas do discurso:
aquela que fala (eu, nós), aquela com quem se fala (tu, vós) e aquela de quem se fala (ele, ela,
eles, elas). Os pronomes pessoais podem exercer diversas funções sintáticas em uma oração:
sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, agente da passiva, adjunto
adverbial e adjunto adnominal. As mais comuns são sujeito, objeto direto e objeto indireto.
O pronome pessoal funcionará como sujeito quando for o elemento sobre o qual o verbo
declara algo, podendo ser agente ou paciente, ou seja, podendo praticar a ação verbal ou sofrê-
la. Por exemplo: “Nós estudamos diariamente”, em que “nós” é o sujeito agente da ação de
“estudar”; “Nós fomos convidados para a festa pelo gerente”, em que “nós” é o sujeito paciente
da ação verbal de “convidar”. Os pronomes pessoais que funcionam como sujeito são eu, tu,
ele, ela, nós, vós, eles, elas.
O pronome pessoal funcionará como objeto direto quando for complemento de verbo transitivo
direto, ou seja, quando sofrer a ação praticada pelo sujeito agente. Por exemplo: “O gerente
convidou-nos para a festa”, em que “nos” sofre a ação praticada pelo sujeito “gerente”; “Ela
encontrou-me por acaso”, em que “me” sofre a ação praticada pelo sujeito “ela”. Os pronomes
pessoais que funcionam como objeto direto são me, te, se, o, a, nos, vos, as. Há também os
objetos diretos preposicionados, que são objetos diretos com a preposição “a”; são eles: mim, ti,
si, ele, ela, nós, vós, eles, elas. Por exemplo: “Ela encontrou a mim por acaso”; “Ele convidou a
nós”; “Amo a ti”.
O pronome pessoal funcionará como objeto indireto quando for complemento de verbo
transitivo indireto, ou seja, quando for o elemento destinatário da ação praticada pelo sujeito
agente. Por exemplo: “O gerente precisa de nós”, em que “nós” é o elemento destinatário do
fato de o gerente precisar de algo; “Acho que ela gosta de mim”, em que “mim” é o elemento
destinatário do fato de ela gostar de algo.
Muito bem. Sabendo isso, podemos discutir a frase apresentada: “Eu amo mais você do que
eu!” Sabe-se que o pronome “eu” exerce a função sintática de sujeito. A primeira ocorrência
dele na frase está, então, certa, pois “Quem é que ama?” Resposta: “eu”, o sujeito agente da
ação de “amar”. A segunda ocorrência, porém, está inadequada aos padrões cultos da língua,
pois, da maneira como está apresentada, tem-se novamente um sujeito, mas não é essa a
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intenção do autor da música. O que ele quis transmitir foi que “ele ama determinada pessoa
mais do ele ama a si mesmo”. Usando a primeira pessoa do singular, teremos: “Eu amo mais
você do que eu me amo” ou “Eu amo mais você do que eu amo a mim mesmo”. Resumindo:
“Eu amo mais você do que me amo!” ou “Eu amo mais você do que a mim!”

Às 17:30, iniciar-se-á a palestra da psicóloga Zilah Brandão.


Na Língua Portuguesa, a representação de horas não é efetivada com a utilização de dois-
pontos nem com vírgula (17,30), e sim com a abreviação da palavra hora, que é h, sem ponto
final (nunca hs nem hrs).
A representação de minutos é realizada com a abreviação da palavra minuto, que é min, sem
ponto final. Portanto abreviam-se as horas desta maneira: 12h, 12h30min, 14h22min.
A abreviação min é dispensável, pois claro está que aquilo que vem após as horas são os
minutos. Poderemos, então, abreviar também assim: 12h30, 14h22.
A frase apresentada deve, então, ser reescrita das seguintes formas: Às 17h30min, iniciar-
se-á a palestra da psicóloga Zilah Brandão.

Teté tem lindos olhos azuis claros


Os olhos de Teté são lindos, sim. Azuis claros, porém, eles não são, pois, quando houver nome
de cores acompanhado de claro ou escuro, ocorrerá a formação de adjetivo composto, que
deve ser escrito com hífen, e somente o último elemento concorda com o substantivo; o
primeiro elemento deverá ficar no masculino, singular.
A frase apresentada deve, então, ser corrigida assim: Teté tem lindos olhos azul-claros
Essa regra serve para todos os adjetivos compostos, ou seja, todos os elementos hifenizados
com duas ou mais palavras que modifiquem um substantivo têm apenas o último elemento
concordando com o substantivo; os demais ficarão na forma masculina, singular.
Por exemplo:
 As competições franco-brasileiras de tênis
 Intervenções médico-cirúrgicas.
 Peças teatrais super-ridículas.
 Camisas amarelo-claras, calças verde-escuras e meias azul-claras.
Casos especiais:
01) Se um dos elementos formadores do adjetivo composto for representado por um
substantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável. Por exemplo: As calças rosa-claro
(“rosa” é um substantivo). As camisas verde-mar (“mar” é um substantivo). Os olhos de Teté
são cinza-claro, e não azul-claros (“cinza” é um substantivo).
02) Os adjetivos compostos azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer adjetivo
composto iniciado por cor-de-... são sempre invariáveis. Por exemplo: As calças azul-
marinho e as camisas azul-celeste. Os raios ultravioleta. Os chapéus cor-de-palha.
03) Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha têm os dois elementos flexionáveis.
Por exemplo: Os garotos surdos-mudos. Os índios peles-vermelhas.

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PEGADINHA GRAMATICAL DO PROFESSOR DÍLSON CATARINO
O chefe do almoxarifado ainda não proviu a empresa este mês.
"Prover", cujo significado é ''abastecer, providenciar", tem a conjugação idêntica à do verbo
"ver" no presente do indicativo - tempo caracterizado pela frase "todos os dias"... - e no
presente do subjuntivo - tempo caracterizado pela frase "espero que".... Nos outros tempos, ele
tem conjugação regular, como qualquer outro verbo terminado em -er; por exemplo, o verbo
"vender".
Teremos, então, no presente do indicativo, a seguinte conjugação:
Todos os dias eu provejo, tu provês, ele provê, nós provemos, vós provedes, eles provêem. No
presente do subjuntivo: Espero que eu proveja, que tu provejas, que ele proveja, que nós
provejamos, que vós provejais, que eles provejam.
No pretérito perfeito do indicativo, o passado: Ontem eu provi, tu proveste, ele proveu, nós
provemos, vós provestes, eles proveram.
No Pretérito imperfeito do subjuntivo, o que indica condição: se eu provesse, tu provesses, ele
provesse, nós provêssemos, vós provêsseis, eles provessem.
A frase apresentada, então, está inadequada gramaticalmente e deve ser assim corrigida: O
chefe do almoxarifado ainda não proveu a empresa este mês

Esses meninos são tal qual os pais


Essa frase soa aos ouvidos de qualquer brasileiro adequadamente, não é mesmo? Ela está,
porém, inadequada aos padrões cultos da língua. Vejamos por quê:
"Tal qual" significa "exatamente igual", "sem diferença". A concordância dessas duas palavras
deve ser feita com muito cuidado, pois a primeira - tal - concorda com o elemento anterior a ela;
a segunda - qual - concorda com o elemento posterior a ela. Então as possíveis concordâncias
são: Esses meninos são tais quais os pais. Esses meninos são tais qual o pai. Esse
menino é tal quais os pais. Esse menino é tal qual o pai.

A violência faz com que os cidadãos de bem se enclausurem.


Frases desse tipo fazem com que eu creia que o cidadão que a escreveu precise aprender as
regras da Língua Portuguesa com urgência, pois a falta de estudo faz com que ocorram muitas
inadequações gramaticais e isso faz com que as pessoas se acostumem a falar erradamente.
E aí, caro internauta, que está achando de meu texto? Maravilhoso, não é mesmo? Não! Está
horrível! Recheado de um dos vícios mais comuns do Brasil: o verbo "fazer".
Nós, brasileiros, o adoramos; usamos fazer para tudo: "fazer café", "fazer a cama", "fazer os
cabelos", "fazer as unhas", "fazer um bolo", "fazer sala", "fazer onda", "fazer neném", "fazer
amor", "fazer um favor", "fazer a promessa", "fazer embaixadinhas", "fazer gol", "fazer
marcação", "fazer as malas". Faça tudo, mas me faça um favor: pare de usar o verbo "fazer"
para tudo!!
Quanto à frase apresentada, é inadequado usar o verbo "fazer" no sentido de "trazer como
conseqüência". O aconselhável é que se use um destes verbos: acarretar, causar, implicar,
levar alguém a fazer algo ou mesmo trazer como conseqüência. O primeiro parágrafo do meu
texto ficaria melhor assim:

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PEGADINHA GRAMATICAL DO PROFESSOR DÍLSON CATARINO
"Frases desse tipo me levam a crer que o cidadão que a escreveu precise aprender as regras
da Língua Portuguesa com urgência, pois a falta de estudo causa a ocorrência de muitas
inadequações gramaticais e isso acarreta às pessoas o costume de falar erradamente."
A frase apresentada também ficaria mais bem estruturada se fosse escrita, por exemplo, desta
maneira: A violência leva os cidadãos de bem a se enclausurarem. A violência acarreta
(implica, causa) o enclausuramento dos cidadãos de bem.

PEGADINHA GRAMATICAL DO PROFESSOR DÍLSON CATARINO


Segundo o Dicionário Aurélio – Século XXI, paralelismo é “a estruturação semelhante de
orações ou sintagmas em seqüência”, e sintagma é “o resultado da combinação de um
determinante e de um determinado numa unidade lingüística hierarquicamente mais alta, que
pode ser uma palavra (p. ex.: vanglória, em que vã é determinante de glória), um constituinte de
oração [p. ex.: As crianças pequenas choram, em que os adjuntos adnominais as e pequenas
são determinantes de crianças), ou uma oração (p. ex.: O aluno aprendeu a lição, em que o
predicado [aprendeu a lição] é determinante do sujeito (O aluno)]”.
Partindo dessas definições, chega-se à conclusão de que as frases de um texto bem
estruturado têm de respeitar o paralelismo, ou seja, têm de ser estruturadas de tal maneira que
as orações e seus termos sejam semelhantes, por isso, ao utilizar-se de elementos
coordenados (elementos que exercem a mesma função sintática), eles devem pertencer à
mesma classe gramatical (substantivo, adjetivo, pronome, numeral, verbo, advérbio,
preposição, conjunção, interjeição e artigo). Vejamos, como exemplo de paralelismo
inadequado, trecho de um artigo jornalístico:
O consumo moderado de álcool, a abstinência de tabaco, a estabilidade de parceiros, o
exercício físico, manter um peso adequado, ter uma atitude positiva diante dos
problemas e atingir um bom nível de estudos são os sete fatores que predizem um
envelhecimento saudável.
Qual o sujeito do verbo ser no texto em vermelho acima? Descobre-se, perguntando: Quais são
os sete fatores que predizem um envelhecimento saudável? Resposta: O consumo moderado
de álcool, a abstinência de tabaco, a estabilidade de parceiros, o exercício físico, manter um
peso adequado, ter uma atitude positiva diante dos problemas e atingir um bom nível de
estudos.
Perceba que os elementos coordenados desse sujeito são quatro substantivos (consumo,
abstinência, estabilidade e exercício) e três verbos (manter, ter e atingir). Essa é a inadequação
da frase. Esses elementos devem pertencer à mesma classe gramatical: todos devem ser
substantivos ou verbos. Adequando o paralelismo da frase, teremos o seguinte:
 O consumo moderado de álcool, a abstinência de tabaco, a estabilidade de parceiros,
o exercício físico, a manutenção de um peso adequado, a posse de uma atitude positiva
diante dos problemas e a obtenção de um bom nível de estudos são os sete fatores que
predizem um envelhecimento saudável.
OU
 Consumir moderadamente álcool, abster-se de tabaco, estabilizar-se com um parceiro,
exercitar-se fisicamente, manter um peso adequado, ter uma atitude positiva diante dos
problemas e atingir um bom nível de estudos são os sete fatores que predizem um
envelhecimento saudável.

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É preciso que seja definido um marco regulatório adequado e transparente.


Isto é necessário para evitar muitos problemas.
Tenho certeza de que o leitor já enfrentou dificuldades ao escrever um texto com o uso dos
pronomes demonstrativos. Deve-se escrever este, esse ou aquele? isto, isso ou aquilo? esta,
essa ou aquela? Ó, dúvida cruel! Que fazer? A solução poderia estar em um bom livro de
gramática, porém poucos possuem um desses em casa, e quem o possui não tem paciência
para realizar a pesquisa. É para isso que estamos aqui. Chega, então, de lengalenga, e vamos
à teoria: (Os exemplos apresentados são baseados no texto Saneamento Prioritário, do editorial
da Folha de São Paulo de 25/05/2001).
Usamos "esse, essa, isso" para referência a elemento, frase ou oração anterior. Por exemplo:
 "O saneamento tem grande efeito sobre o bem-estar da população. Por isso, é inexplicável o
fato de esse setor não se ter tornado prioridade do atual governo."
 "A crise de energia demonstrou que a introdução de um novo modelo nos setores de infra-
estrutura envolve riscos. Isso não significa, porém, que o modelo privado seja inviável."
Usamos este, esta, isto para referência a elemento, frase ou oração posterior. Por exemplo:
 "As principais dúvidas são estas: Como determinar quais empresas serão privatizadas?
Quem deve exercer o poder concedente: Estados ou municípios?"
 "Essas questões não são tão complexas quanto as de outro setores, sendo os mais
importantes estes: o de energia e o de telecomunicações."
Usamos este, esta, isto também para referência a elemento imediatamente anterior. Por
exemplo:
 "Essas questões não são tão complexas quanto as de outro setores, como o de
telecomunicações e o de energia, sendo este o mais importante de todos." (O pronome "este"
refere-se ao elemento imediatamente anterior, ou seja, a "setor de energia")
 "É preciso que o Executivo promova as reformas necessárias no saneamento básico, pois
este é o problema mais grave de hoje." (O pronome "este" refere-se ao elemento
imediatamente anterior, ou seja, a "saneamento básico").

Em uma enumeração de dois elementos, usamos este, esta, isto para referência ao segundo
elemento e aquele, aquela, aquilo para o primeiro. Por exemplo:
 "Essas questões não são tão complexas quanto as de outro setores, como o de energia e o
de telecomunicações, sendo aquele mais importante do que este". (O pronome "aquele"
refere-se ao primeiro elemento da enumeração, ou seja, a "setor de energia"; o pronome
"este" refere-se ao segundo elemento da enumeração, ou seja, a "setor de
telecomunicações").
 "A privatização e a concorrência em substituição a um modelo estatal envolvem riscos, pois
aquelas apresentam a incógnita da futura administração; este, a garantia do envolvimento da
sociedade". (O pronome "aquela" refere-se aos primeiros elementos da enumeração, ou seja,
a "privatização e concorrência"; o pronome "este" refere-se ao segundo elemento da
enumeração, ou seja, a "modelo estatal").
Sabendo isso (e não "isto"), constatamos que a frase apresentada está inadequada
gramaticalmente. Corrigindo-a, teremos: É preciso que seja definido um marco regulatório
adequado e transparente. Isso é necessário para evitar muitos problemas.

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Oi, Osbirvânio. Há mais de dez dias eu estava à sua procura!
Os verbos haver e fazer, na indicação de tempo decorrido deverão ser conjugados no presente
do indicativo (faz e há) quando o segundo verbo do período estiver também no presente (todos
os dias eu quero, eu chego, eu compro...), ou no pretérito perfeito (ontem eu cheguei, eu
comprei, eu dormi...). Por exemplo, Há mais de dez dias eu quero falar com ele, Faz dez
anos que o encontrei lá.
Quando o segundo verbo estiver no pretérito imperfeito do indicativo (naquela época, todos os
dias eu queria, eu comprava, eu dormia...), haver e fazer também deverão ficar nesse mesmo
tempo (havia e fazia). Por exemplo, Havia mais de dez dias eu não encontrava Serderberto,
Eu não dormia fora de casa fazia dois meses.
A frase apresentada, então, deve ser assim reescrita: Oi, Osbirvânio. Havia mais de dez dias
eu estava à sua procura!

Huuum! Está cheirando feijão queimado. Corra até a cozinha logo!


O verbo cheirar possui os seguintes significados e regências:
1) Será verbo transitivo direto, ou seja, será usado sem preposição, quando significar tomar o
cheiro de; aplicar o sentido do olfato; introduzir no nariz, aspirando (rapé, etc.) ou reconhecer
pelo cheiro. Por exemplo: Cheirou a flor antes de entregá-la à namorada. Cheirou o rapé todo
de uma vez. Mal entrou em casa, cheirou o frango que a esposa preparava.

2) Será verbo transitivo indireto, com a preposição a, quando significar exalar determinado
cheiro;ter aparência, viso ou semelhança. Por exemplo: A camisa dele cheirava a suor. Meus
cabelos estão cheirando a cigarro. Isso cheira a malandragem.
A frase apresentada, então, deve ser assim reescrita: Huuum! Está cheirando a feijão
queimado. Corra até a cozinha logo!

O jogo será iniciado às quinze para as nove.


Assim que o locutor anunciou um importante jogo de futebol num canal da televisão brasileira.
Tudo certo, não é mesmo? Não! O problema da frase apresentada é que o jogo começará às
oito e quarenta e cinco; até aqui tudo bem, pois o termo “oito” representa “hora”, palavra
feminina, por isso com o acento indicativo de crase. O autor da frase, porém, inverteu os
elementos e iniciou-a com a palavra “quinze”, que representa “minutos”, palavra masculina,
portanto não se pode usar o acento indicativo de crase, e sim o artigo “os” junto da preposição
“a”. O adequado gramaticalmente, então, seria dizer o seguinte: O jogo será iniciado aos
quinze para as nove.
Em relação ao acento indicativo de crase diante de números representativos de horas ocorre o
seguinte: usa-se tal acento na junção da preposição “a” com o artigo feminino “a” ou “as”,
portanto o que deve ser analisado é a presença desses dois elementos na oração. A maneira
mais fácil de comprovar isso é trocar a hora apresentada por “meio-dia”. Como “meio-dia” é
expressão masculina, se houver a preposição “a” e o artigo, ocorrerá a junção “ao”. Somente
quando isso ocorrer, haverá o acento indicativo de crase diante da hora feminina. Observe as
frases:

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PEGADINHA GRAMATICAL DO PROFESSOR DÍLSON CATARINO
Cheguei às nove horas: com o acento indicativo de crase, pois há a preposição “a” e o artigo
“a”. Trocando por meio-dia, teremos: “Cheguei ao meio-dia”.
O jogo será iniciado aos quinze para as nove: sem o acento, pois não há a preposição “a”, e
sim a prep. “para”: “O jogo será iniciado aos quinze para o meio-dia”.
Estou aqui desde as nove horas: sem o acento, pois não há a preposição “a”, e sim a prep.
“desde”: “Estou aqui desde o meio-dia”.
Chegarei após as nove horas: sem o acento, pois não há a preposição “a”, e sim a prep. “após”:
“Chegarei após o meio-dia”.
Esperarei até as nove ou Esperarei até às nove: o acento indicativo de crase é facultativo, pois
diante da preposição “até” pode-se, ou não, usar a preposição “a”: “Esperarei até o meio-dia” ou
“Esperarei até ao meio-dia”.

Governador chama a atenção de assessor, pela gafe cometida...


“O governador de certo estado brasileiro, insatisfeito com as palavras impensadas de seu
assessor pessoal, repreendeu-o em público, causando mal-estar a todos os que presenciaram
a grotesca cena”. Era mais ou menos isso que comentava o jornalista que assistiu ao esbregue
do governador no pobre coitado do cidadão. O seu texto está todo certo, não há erro gramatical
algum. O problema está no “título” do artigo, pois o governador não “chamou a atenção do
assessor”, já que chamar a atenção de alguém significa “atrair para si, angariar, despertar a
atenção de alguém”. Nós, brasileiros, temos o costume de utilizar tal frase no sentido de
repreender, não é mesmo? Mas, nesse sentido, a expressão certa é “chamar alguém à
atenção”, e não “chamar a atenção de alguém”. Se o governador chamou a atenção do
assessor, quer dizer que aquele, o governador, atraiu a atenção deste, o assessor, devido a
alguma ação praticada por ele. A frase certa seria então a seguinte: Governador chama
assessor à atenção, pela gafe cometida.
No lugar da palavra “atenção”, também há a possibilidade de se construir frase com a palavra
“responsabilidade”, como, por exemplo em “O pai chamou o filho à responsabilidade, pois este
não queria trabalhar”.

Seleção africana empresta dinheiro para combustível do ônibus.


À primeira vista, essa frase, que retirei de um jornal eletrônico, parece absolutamente normal,
não é mesmo? A maioria da população brasileira se comunica dessa maneira, por isso mesmo
se entende perfeitamente. O cidadão interessado em comunicar-se com mais elegância deve,
porém, saber que há uma inadequação na frase apresentada. Para chegarmos ao problema,
vamos ler o artigo que havia no jornal eletrônico:
“A seleção de futebol de Uganda teve que pedir dinheiro emprestado a um gerente de hotel
para comprar combustível do ônibus, a fim de poder disputar um amistoso contra Quênia. A
equipe recebeu a promessa de ajuda de custo para transporte e hospedagem, mas a federação
queniana teria esquecido de encher o tanque do veículo. Devido ao imbróglio, o time chegou
apenas alguns minutos antes da partida, após oito horas de viagem. E perdeu por 1 a 0, gol de
Eric Omondi aos 34min do segundo tempo. O amistoso, que aconteceu no sábado, serviu de
preparação para a fase classificatória para a Copa da África.”

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Percebeu alguma diferença? O jornalista escreveu “emprestou” no título, mas escreveu “teve
que pedir dinheiro emprestado” no artigo. É exatamente esse o problema do texto. Quando digo
“Emprestei dinheiro”, significa que eu tinha o dinheiro e o dei a alguém com a promessa de que
mo devolveria em breve. Se a intenção é dizer que eu não tinha dinheiro, e alguém mo deu com
a promessa de que eu lho devolveria em breve, devo dizer “Tomei dinheiro emprestado” ou
“Peguei dinheiro emprestado”, pois o verbo “emprestar” é um verbo ativo, ou seja, só posso
utilizá-lo com o sujeito praticando a ação verbal. Conclusão: só empresta dinheiro quem o tem.
A frase apresentada como título do artigo deveria, então, ser assim estruturada: Seleção
africana pega dinheiro emprestado para combustível do ônibus.
PS: Na frase “... eu tinha o dinheiro e o dei a alguém com a promessa de que mo devolveria em
breve. Se a intenção é dizer que eu não tinha dinheiro, e alguém mo deu com a promessa de
que eu lho devolveria em breve ...”, “mo” é a junção dos pronomes “me” e “o”; “lho” é a junção
dos pronomes “lhe” e “o”. O pronome “o” substitui o substantivo “dinheiro”. A frase, sem a
junção dos pronomes, ficaria assim: “... eu tinha o dinheiro e o dei a alguém com a promessa de
que me devolveria o dinheiro em breve. Se a intenção é dizer que eu não tinha dinheiro, e
alguém me deu o dinheiro com a promessa de que eu lhe devolveria o dinheiro em breve ...”
Ficaria horrível, não é mesmo? Para evitar a repetição da palavra “dinheiro”, substituímo-la pelo
pronome “o”.

Dá gosto de ver os pingüins quando chega o verão


Todos os brasileiros que assistem à televisão certamente já ouviram essa frase em uma
propaganda de cerveja. Perfeita gramaticalmente, não é mesmo? Ledo engano. Aliás, o autor
da frase deve ter a certeza absoluta de que ela está certa, pois o substantivo “gosto” exige
complemento com a preposição “de”. Veja alguns exemplos:
“Ele tentava despertar em mim o gosto da ciência”; “Daquela experiência, ficou-lhe o gosto da
arte”; “Só o gosto de usar palavras difíceis já o tornava maçante”.
O problema da frase apresentada é que a palavra “gosto” não está exigindo complemento
algum. Isso ocorre em virtude da utilização do verbo “dar” anteriormente ao substantivo em
questão. Ao usar o verbo “dar”, o que o autor da frase conseguiu foi transformar a oração “ver
os pingüins...” em sujeito desse verbo, e sujeito nunca é precedido de preposição. Você
encontra o sujeito de um verbo, perguntando a ele “Que é que...?”. Então, perguntemos:
“Que é que dá gosto?”
Resposta: “Ver os pingüins quando chega o verão”, portanto é inadequado o uso da preposição
antes do verbo “ver”.
Se o autor da frase tivesse usado outro verbo com um sujeito claro, a preposição deveria ser
usada. Por exemplo: “Eu tenho gosto de ver os pingüins quando chega o verão”.
Isso ocorre com outras palavras também, como “prazer”, “difícil”, “fácil”, “necessário”, etc. Veja
alguns exemplos: “Tenho prazer em ver os pingüins...”; “É uma prova difícil de resolver”; “É um
problema fácil de enfrentar”; “Sugeriu medidas necessárias para desenvolver bem o trabalho”.
O verbo posterior a essas palavras pode ser transformado em sujeito, perdendo, assim, a
preposição:
“Dá prazer ver os pingüins” (Que é que dá prazer? Resposta: “ver os pingüins”);
“É difícil resolver essa prova” (Que é que é difícil? Resposta: “resolver essa prova”);
“É fácil enfrentar esse problema” (Que é que é fácil? Resposta: “enfrentar esse problema”);
“É necessário usar essas medidas” (Que é que é necessário? Resposta: “usar essas medidas”).
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A frase apresentada, então, deveria ser assim estruturada: Dá gosto ver os pingüins quando
chega o verão.

Eu vou estar conversando com o gerente à tarde para estar marcando com ele
aquele encontro que nós temos que estar realizando na próxima semana.
Ai ai ai ai ai... Como é difícil ter que estar escutando (he he he) esse mais novo vício lingüístico
brasileiro: a utilização do verbo estar com outro verbo terminado em ndo, o gramaticalmente
conhecido como gerúndio. É um uso inadequado, caro internauta. Evite essas frases. Em vez
delas use o verbo principal, aquele que indica de fato a ação, no tempo desejado. Por exemplo,
a frase apresentada, deveria ser assim estruturada: Eu conversarei com o gerente à tarde
para marcar com ele aquele encontro que queremos realizar (ou teremos de realizar) na
próxima semana.
Há contextos em que poderemos utilizar o verbo estar com gerúndio. Por exemplo, ao indicar
uma ação que ocorra no exato momento da fala: “Eu estou escrevendo a coluna AGORA”;
“Você está lendo estas palavras AGORA”; ou para indicar uma ação ocorrida no passado
concomitantemente com outra: “Quando você me telefonou, eu estava estudando”; “Quando ela
chegou, eu estava dormindo”.

Que sorte! Ele reaveu tudo o que roubaram!


Reaveu?! Não! Essa forma do verbo reaver não existe. É mais um verbo defectivo, ou seja,
mais uma verbo que não tem todas as pessoas. A maneira certa de dizer é Reouve. O verbo
reaver deve ser conjugado da mesma maneira que o verbo haver, só que apenas quando este
possuir a letra v. Então, vejamos:

Haver Reaver Haver Reaver


Haver Reaver
Presente do Presente do Presente do Presente do
Pretérito Perfeito Pretérito Perfeito
Indicativo Indicativo Subjuntivo Subjuntivo

Eu hei Não há Que eu haja Não há Eu houve Eu reouve

Tu hás Não há Que tu hajas Não há Tu houveste Tu reouveste

Ele há Não há Que ele haja Não há Ele houve Ele reouve

Que nós
Nós havemos Nós reavemos Não há Nós houvemos Nós reouvemos
hajamos

Vós haveis Vós reaveis Que vós hajais Não há Vós houvestes Vós reouvestes

Eles hão Não há Que eles hajam Não há Eles houveram Eles reouveram

As formas inexistentes do verbo reaver devem ser substituídas por equivalentes do verbo
recuperar.
Corrigindo, então, a frase apresentada, teremos: Que sorte! Ele reouve tudo o que
roubaram!

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O governo nunca ressarce os prejuízos decorrentes de seus erros.


Essa frase li num artigo sobre determinado governo estadual brasileiro. A intenção do articulista
foi dizer que não há indenização, compensação, reparo. O problema é que o verbo ressarcir é
mais um verbo defectivo, ou seja, mais um que não é conjugado em todos os tempos e
pessoas. Faltam-lhe, no presente do indicativo, as pessoas eu, tu, ele e eles; falta-lhe todo o
presente do subjuntivo e todo o imperativo negativo; faltam-lhe, finalmente, no imperativo
afirmativo, as pessoas tu, você, nós e vocês. Nos outros tempos, ele é conjugado como
qualquer verbo regular terminado em ir.
Antes de continuarmos, temos que identificar os tempos e os modos citados anteriormente: o
presente do indicativo é o tempo que indica a ação cotidiana, do dia-a-dia, caracterizado pela
expressão todos os dias, eu... ; o presente do subjuntivo é o tempo que indica desejo, intenção,
caracterizado pela expressão espero que eu... ; o imperativo é o modo que indica ordem,
pedido, conselho ou apelo, como em Venha até aqui, menino.
O verbo ressarcir deve, então, ser conjugado da seguinte maneira:
Presente do Indicativo: Não há as pessoas eu, tu, ele, eles; nós ressarcimos, vós ressarcis (A
sílaba tônica é cis);.
Presente do Subjuntivo: Não há pessoa alguma.
Imperativo afirmativo: Não há as pessoas tu, você, nós, vocês; ressarci vós (A sílaba tônica é
ci).

Imperativo Negativo: Não há pessoa alguma.


Pretérito Perfeito do indicativo: eu ressarci, tu ressarciste, ele ressarciu, nós ressarcimos, vós
ressarcistes, eles ressarciram.
Todos os outros tempos são regulares, como aconteceu com o pretérito perfeito do indicativo.
Basta conjugar qualquer verbo terminado em ir e seguir sua conjugação.
A frase apresentada deveria, então, ser estruturada por algum verbo sinônimo de ressarcir,
como indenizar, reparar, compensar: O governo nunca compensa os prejuízos decorrentes
de seus erros.

Os interessados no terreno, devem entrar em contato...


Qual o erro da frase acima, caro internauta? Será que é a preposição em? Não, pois quem é
interessado, é interessado em ou por alguma coisa; é a concordância do verbo dever, então?
Também não, pois o sujeito (interessados) está no plural, devendo, então, o verbo ficar
igualmente no plural. Onde está, afinal, o erro? A inadequação dessa frase encontra-se na
pontuação, problema que só surge na escrita. A coluna de hoje, então, é dedicada ao texto
escrito.
Para pontuar adequadamente um texto, não se deve pensar em respiração, e sim devem-se
analisar sintaticamente os períodos. Por isso é tão difícil utilizar a vírgula. Pontua bem um texto
apenas quem tem conhecimento sintático. Não há necessidade de conhecimento aprofundado.
Basta-lhe conhecer alguns termos da oração que já é suficiente para garantir um texto com
pontuação apropriada.

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Os elementos mais importantes para isso são o sujeito, o verbo e o complemento verbal, já que
esses termos não podem ser separados por vírgula; caso haja algum elemento entre eles, ele
deve ser isolado por algum sinal de pontuação.
Para se encontrar o sujeito de um verbo, deve-se perguntar a este o seguinte: Que(m) é que
pratica a ação? ou Que(m) é que sofre a ação? ou ainda Que(m) é que possui tal
qualidade? Na frase apresentada teremos: Quem é que deve entrar em contato? Resposta:
Os interessados no terreno, portanto entre interessados no terreno e devem é inadequado
o uso da vírgula. Se houvesse algum termo entre os dois, ele seria separado por vírgula. Por
exemplo: Os interessados no terreno, a partir de hoje, devem...
Entre o verbo e seu complemento também não pode haver vírgula. Verbo transitivo direto é
aquele que exige um complemento sem uso de preposição; por exemplo, o verbo comprar:
Quem compra, compra algo, como em As pessoas que compraram o terreno..., portanto
entre compraram e terreno não pode haver vírgula.
Se houvesse algum termo entre os dois, ele seria separado por vírgula: As pessoas que
compraram, no mês passado, o terreno.... Verbo transitivo indireto é aquele que exige um
complemento com uso de preposição; por exemplo, o verbo precisar: Quem precisa, precisa
de algo, como em As pessoas que precisaram do terreno..., portanto entre precisaram e
terreno não pode haver vírgula. Se houvesse algum termo entre os dois, ele seria separado por
vírgula: As pessoas que precisaram, no mês passado, do terreno.... Verbo transitivo direto e
indireto é aquele que exige dois complementos: um sem uso de preposição; outro com.
Por exemplo, o verbo mostrar: Quem mostra, mostra algo a alguém, como em Os
corretores que mostraram o terreno aos interessados..., portanto entre mostraram e
terreno e mostraram e interessados não pode haver vírgula. Se houvesse algum termo entre
eles, seria separado por vírgula: Os corretores que mostraram, no mês passado, o terreno
aos interessados... ou Os corretores que mostraram o terreno, no mês passado, aos
interessados....
Há várias outras regras para o uso adequado dos sinais de pontuação, mas as deixaremos para
outra coluna. Por hoje é só.
Corrigindo, então, a frase apresentada, teremos: Os interessados no terreno devem entrar
em contato...

Nós já nos dispomos a ajudá-lo, mas ele não aceitou.


Como todos os verbos terminados em por, dispor é derivado do verbo pôr e como ele deve ser
conjugado. Devemos, então, conjugar o verbo pôr e, posteriormente, acrescentar o prefixo que
forma o outro verbo (dis-, pro-, de-, com-, re-...). Vejamos a conjugação de pôr:
Presente do indicativo: Todos os dias eu ponho Tu pões Ele põe Nós pomos Vós pondes Eles
põem
Se retirarmos a letra o da primeira pessoa do singular (eu) do presente do indicativo (todos os
dias, eu...) e acrescentarmos a letra a, formaremos a base para o presente do subjuntivo
(ponho – o + a = ponha):
Presente do Subjuntivo: Que eu ponha Tu ponhas Ele ponhas Nós ponhamos Vós ponhais
Eles ponham
Pretérito Perfeito: Ontem eu pus Tu puseste Ele pôs Nós pusemos Vós pusestes Eles
puseram

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Se retirarmos a letra m da terceira pessoa do plural (eles) do pretérito perfeito do indicativo
(ontem...), formaremos a base para o pretérito-mais-que perfeito do indicativo:
Pretérito mais-que-perfeito: Ontem, quando você pôs, eu já pusera Tu puseras Ele pusera
Nós puséramos Vós puséreis Eles puseram
Se retirarmos as letras am da terceira pessoa do plural (eles) do pretérito perfeito do indicativo
(ontem...), formaremos a base para o futuro do subjuntivo:
Futuro do Subjuntivo: Quando eu puser Tu puseres Ele puser Nós pusermos Vós puserdes
Eles puserem
Se retirarmos as letras ram da terceira pessoa do plural (eles) do pretérito perfeito do indicativo
(ontem...) e acrescentarmos a desinência sse, formaremos a base para o pretérito imperfeito do
subjuntivo:

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo: Se eu pusesse Tu pusesse Ele pusesse Nós puséssemos


Vós pusésseis Eles pusessem
Futuro do Presente: Amanhã eu porei Tu porás Ele porá Nós poremos Vós poreis Eles porão
Futuro do Pretérito: Se você pusesse, eu também poria Tu porias Ele poria Nós poríamos Vós
poríeis Eles poriam
Pretérito Imperfeito do Indicativo: Naquela época, todos os dias, eu punha Tu punhas Ele
punha Nós púnhamos Vós púnheis Eles punham
Agora basta acrescentar qualquer prefixo formador de verbo derivado de pôr, que a conjugação
estará feita: Ontem eles propuseram o acordo; Se ele depusesse a meu favor...; Quando eu
compuser uma boa canção....
A frase apresentada deve, então, ser assim reescrita: Nós já nos dispusemos a ajudá-lo, mas
ele não aceitou.

Espere um pouco. Vou lavar minhas mãos e já volto.


Quantas vezes, caro interessado pela língua culta, já disse essa frase? E quantas vezes a
ouviu? Dezenas, centenas de vezes, não é mesmo? O problema é que quando digo vou lavar
as mãos, claro está que se trata de minhas mãos, e não as mãos de outrem. Da mesma
maneira, quando digo vá lavar as mãos, claro está que se trata das mãos da pessoa com
quem estou falando, e não de outra qualquer.
O uso dos pronomes possessivos – meu(s), minha(s), teu(s), tua(s), seu(s), sua(s), nosso(s),
nossa(s), vosso(s), vossa(s) tem algumas regras especiais. Dentre elas, destacamos a que se
refere às partes do corpo: se a parte do corpo referida pertencer a outra pessoa, o pronome
possessivo deverá ser empregado; caso se trate de parte do corpo da própria pessoa, não se
deve usar o pronome possessivo.
Por exemplo, ao pedir que a cabeleireira me lave os cabelos, não estou solicitando que uma
pessoa lave os seus próprios cabelos, mas sim de outra pessoa; então devo dizer assim:
Beatriz, por favor, lave os meus cabelos com aquele xampu; ou, quando digo a alguém que
exagera no consumo de álcool ou de cigarros e não pratica exercícios físicos que deve cuidar
melhor da saúde, claro está que me refiro à saúde dela mesma, e não de outra pessoa
qualquer.

Devo, portanto, dizer assim: Coimbra, você deveria cuidar mais da saúde! ; agora, se digo a

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ele que eu estou adoentado e que preciso de sua ajuda, devo dizer assim: Coimbra, você
deveria cuidar mais da minha saúde!
Essa regra vale também para nomes de peças de vestuário ou de faculdades do espírito e
para a palavra casa, na acepção de moradia, lar, residência.
Veja alguns exemplos: Sujei as calças com tinta. Perdi o juízo por causa dela. Vou escovar os
dentes. Cortarei os cabelos amanhã. Venha, que eu mesmo escovarei seus dentes.Quebrei a
perna quando me acidentei. Acabei de chegar de casa.
A frase apresentada, portanto, deve ser assim reescrita: Espere um pouco. Vou lavar as
mãos e já volto.

"O goleiro, quando conhece o atacante, se precavém"


Essa frase foi dita no domingo, dia 17/12/2000, pelo locutor do jogo Grêmio de Porto Alegre e
São Caetano, em que este venceu aquele por 3 x 1, classificando-se para a final do
campeonato brasileiro de futebol. O excelente narrador queria, obviamente, informar que o
goleiro toma cuidados especiais quando sabe que o atacante tem mais qualidades que os
demais jogadores.
O problema é que o verbo precaver, cujo significado é acautelar com antecipação, prevenir,
precatar, e o verbo precaver-se, cujo significado é tomar cuidado, acautelar-se, precatar-se
são defectivos, ou seja, não possuem toda a conjugação. Faltam-lhe, no presente do indicativo,
as pessoas eu, tu, ele e eles; falta-lhe todo o presente do subjuntivo e todo o imperativo
negativo; faltam-lhe, finalmente, no imperativo afirmativo, as pessoas tu, você, nós e vocês.
Nos outros tempos, eles são conjugados como qualquer verbo regular terminado em er, como,
por exemplo, o verbo escrever.
Antes de continuarmos, temos que identificar os tempos e os modos citados anteriormente: o
presente do indicativo é o tempo que indica a ação cotidiana, do dia-a-dia, caracterizado pela
expressão todos os dias, eu... ; o presente do subjuntivo é o tempo que indica desejo,
intenção, caracterizado pela expressão espero que eu... ; o imperativo é o modo que indica
ordem, pedido, conselho ou apelo, como em Venha até aqui, menino.
Os verbos precaver e precaver-se devem ser conjugados, então, da seguinte maneira:
Presente do Indicativo: Não há as pessoas “eu, tu, ele, eles”; nós precavemos, vós precaveis;
nós nos precavemos, vós vos precaveis.
Presente do Subjuntivo: Não há pessoa alguma.
Imperativo afirmativo: Não há as pessoas “tu, você, nós, vocês”; precavei vós; precavei-vos vós.
Imperativo Negativo: Não há pessoa alguma.
Pretérito Perfeito do indicativo: eu precavi, tu precaveste, ele precaveu, nós precavemos, vós
precavestes, eles precaveram; eu me precavi, tu te precaveste; ele se precaveu; nós nos
precavemos, vós vos precavestes, eles se precaveram.
Todos os outros tempos são regulares, como aconteceu com o pretérito perfeito do indicativo.
Basta conjugar qualquer verbo terminado em O goleiro, quando conhece o atacante, se er e
seguir sua conjugação.
A frase dita durante o jogo, então, deveria ser construída por outro verbo, que não precaver-se,
como, por exemplo:"O goleiro, quando conhece o atacante, se acautela"

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A vitória de Guga foi assistida por milhões de pessoas


Que maravilha! Parabéns, Guga, o número 1 do mundo! O Brasil, apesar de quase nada fazer
pelo esporte, pela cultura ou pela educação, está satisfeito por ter um brasileiro como o melhor
tenista do mundo. Não é esse, porém, nosso assunto. O que nos interessa é a Língua
Portuguesa e suas variações. Leia novamente a frase inicial e tente descobrir sua inadequação.
Descobriu? Vamos, então, à explicação:
Quando escrevemos uma frase com o sujeito praticando a ação verbal, dizemos que a oração
está na voz ativa. Por exemplo, a frase Guga venceu o jogo, em que o sujeito (Guga) pratica
a ação verbal (vencer) que é sofrida pelo objeto direto (jogo).
Por outro lado, se o sujeito sofre a ação verbal, dizemos que a oração está na voz passiva. Por
exemplo, a frase O jogo foi vencido por Guga, em que o sujeito (jogo) sofre a ação verbal
(vencer) que é praticada pelo agente da passiva (Guga).
Perceba que, no exemplo apresentado no parágrafo anterior, usamos os mesmos elementos
(Guga – vencer – jogo) tanto na voz ativa quanto na voz passiva. Isso só foi possível porque o
verbo vencer não exige preposição alguma, ou seja, porque ele é verbo transitivo direto, já
que somente os verbos transitivos diretos admitem a transformação da voz ativa para a voz
passiva. Há apenas três verbos não transitivos diretos que admitem a voz passiva: obedecer,
pagar e perdoar. Vejamos alguns exemplos:

Voz ativa Voz passiva

Os técnicos encontraram o problema. O problema foi encontrado pelos técnicos.

O rapaz tinha esquecido os documentos. Os documentos tinham sido esquecidos pelo rapaz.

A escola há de contratar novos professores. Novos professores hão de ser contratados pela escola.

O governo aumentará o preço dos combustíveis. O preço dos combustíveis será aumentado pelo
governo.

O partido defendia ideologias radicais. Ideologias radicais eram defendidas pelo partido.

A seca dizimava grande parte do rebanho. Grande parte do rebanho era dizimada pela seca.

Os cidadãos devem obedecer às leis. As leis devem ser obedecidas pelos cidadãos.

Não pagarei aos credores. Os credores não serão pagos por mim.

Jamais perdoarei a eles. Eles jamais serão perdoados por mim.

Muito bem. Você deve estar-se perguntando: Qual a relação entre tudo isso e a frase
apresentada inicialmente? A relação é que o verbo assistir não é verbo transitivo direto, e sim
transitivo indireto, pois exige a preposição a, portanto não admite construção de frases na voz
passiva.
Nenhum verbo que não seja transitivo direto, com exceção dos três já estudados, admite a
voz passiva. Há alguns verbos que são utilizados inadequadamente nesta voz, como assistir,
aspirar e visar, verbos que exigem a preposição a. O certo é Muitos candidatos aspiram a
uma vaga nessa universidade, e não Uma vaga é aspirada. O certo é Eles visam ao
mesmo cargo, e não O mesmo cargo é visado por eles.

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A frase apresentada inicialmente, então, deve ser reescrita assim: Milhões de pessoas
assistiram à vitória de Guga.

Faz muito tempo que eu queria conversar com você!


No dia-a-dia, ouvimos esse tipo de frase constantemente. Dificilmente alguém julgará estar
inadequado o uso do verbo fazer na expressão apresentada. Você já descobriu a
inadequação? Vejamos o que ocorre:
O verbo fazer será impessoal, devendo ficar obrigatoriamente na terceira pessoa do singular,
quando indicar tempo decorrido e fenômento meteorológico. Por exemplo: Faz dois meses
que não o encontro, e não Fazem dois meses...; Faz dias quentíssimos em Londrina, e não
Fazem dias quentíssimos.... O mesmo ocorre com o verbo haver quando significar existir,
acontecer ou quando indicar tempo decorrido. Por exemplo: Havia muitas pessoas
desonestas naquele país, e não Haviam muitas pessoas...; Houve problemas seriíssimos
na empresa, e não Houveram problemas...; Há dois meses que não o encontro, e não Hão
dois meses...
Esses dois verbos (fazer e haver), na indicação de tempo decorrido, deverão ser conjugados
no presente do indicativo (faz e há) quando o segundo verbo do período estiver também no
presente (todos os dias eu quero, eu chego, eu compro...), ou no pretérito perfeito (ontem eu
cheguei, eu comprei, eu dormi...). Por exemplo, Há mais de dez dias que eu cheguei de
viagem e ainda não o encontrei; Faz dez anos que comprei esse carro.
Quando, porém, o segundo verbo estiver no pretérito imperfeito do indicativo (naquela época,
todos os dias eu queria, eu comprava, eu dormia...), haver e fazer também deverão ficar nesse
mesmo tempo (havia e fazia). Por exemplo, Havia mais de dez dias que eu não encontrava
Serderberto; Eu não dormia fora de casa fazia dois meses.
A frase apresentada, então, deve ser assim reescrita: Fazia muito tempo que eu queria
conversar com você.

Ciro é um dos professores do colégio que mais trabalha ou Ciro é um dos


professores do colégio que mais trabalham?
Há muitos professores, no Brasil, que querem inventar regras em vez de trabalhar como o prof.
Ciro do exemplo. Alguns deles ensinam que, quando o sujeito for a expressão um dos ... que,
o verbo deve ficar obrigatoriamente no plural, mas não é isso que preceitua a norma culta da
Língua Portuguesa: a regra diz que, quando o sujeito for formado pela expressão um dos ...
que, o verbo poderá ficar no singular ou no plural, dependendo do contexto. Para exemplificar,
apresentarei algumas situações, com as respectivas frases:
1) Eu sei que Rodolfo é o único estudante da escola que freqüenta aulas de capoeira, então eu
digo: Rodolfo é um dos alunos da escola que freqüenta as aulas de capoeira. Usei o
verbo no singular porque tenho certeza de que somente ele pratica a ação.
2) Eu sei que, além de Antônio, outros clientes da loja gostam de Jazz, então eu digo: Antônio
é um dos clientes da loja que gostam de Jazz. Usei o verbo no plural porque tenho
certeza de que Antônio não é o único cliente que gosta de Jazz.

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3) Eu não tenho certeza de que Gilberto seja o único jogador do time a ter problemas nos
tendões; pode haver outros jogadores com o mesmo problema, então eu posso dizer:
Gilberto é um dos jogadores do time que apresenta problemas nos tendões ou
Gilberto é um dos jogadores do time que apresentam problemas nos tendões. Usei
tanto o singular quanto o plural porque não tenho certeza de que somente ele pratica a
ação.
Veja outros exemplos:
Foi uma das peças teatrais de Chico Buarque de Holanda que se representou ontem.
Singular, pois, das peças de Chico, somente uma foi representada ontem.
Foi uma de minhas filhas que esteve em sua casa ontem. Singular, pois, das minhas filhas,
somente uma esteve lá.
Roberto foi um dos amigos que mais me consolaram na hora do sofrimento. Plural, pois,
dos amigos, ele não foi o único que me consolou.
O ensino do idioma materno é um dos assuntos que mais gera discussões entre os
profissionais da língua ou O ensino do idioma materno é um dos assuntos que mais
geram discussões entre os profissionais da lingua, pois não é o único assunto que gera
discussão.
Perceba, então, que o estudo da língua é mais complicado do que aparenta, pois, além de já
ser difícil, há professores que, ao invés de ajudar, atrapalham. Por isso nunca acredite em
apenas uma explicação; pesquise mais de um livro, pergunte a mais de um professor, para,
depois, chegar à sua conclusão.

Você deve conversar conosco mesmos.


Essa frase eu li na tradução de um filme estadunidense (para quem não sabe, estadunidense é
o adjetivo pátrio referente aos Estados Unidos; também pode ser norte-americano, americano-
do-norte, americano e ianque). Qual o problema da frase? É que os pronomes pessoais nós e
vós, quando acompanhados da preposição com, podem formar os pronomes conosco e
convosco, ou não, dependendo do que surja à frente deles. Os pronomes nós e vós podem
ficar separados da preposição com. Vejamos o que sucede:
Quando, à frente do pronome, surgir qualquer palavra ou expressão que indique quem somos
nós ou quem sois vós, não poderá haver a contração entre a preposição e o pronome, ou seja,
deveremos escrever separadamente com nós e com vós. As palavras que surgem à frente do
pronome são mesmos, próprios, alguns, todos, quaisquer, um substantivo, um numeral ou
uma frase inteira. Por exemplo: Ele queria conversar com nós dois. Com nós mesmos é feita
a inscrição ao concurso. A garota ficou com nós que estávamos protegidos da chuva.
Quando não houver palavra alguma ou expressão que indique quem somos nós ou quem sois
vós, deveremos usar conosco e convosco. Por exemplo: Ele queria conversar conosco. A
paz esteja convosco.
A frase apresentada, então, deve ser assim reescrita: ou Você deve conversar com nós
mesmos. Ou Você deve conversar conosco.

Perdi a paciência com você! Cala a boca e vai embora daqui!!


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PEGADINHA GRAMATICAL DO PROFESSOR DÍLSON CATARINO
Uau!! Até parece a novela das nove. Como as pessoas se exaltam em novelas, não é mesmo?
Você já prestou atenção aos diálogos das personagens? Ninguém, mas ninguém mesmo, se
comunica daquela maneira. Mas a coluna de hoje nada tem a ver com programas televisivos.
Desta vez também não vou trabalhar com textos jornalísticos. Vou apresentar um problema
extremamente normal ao cidadão comum. Façamos o seguinte: pense em algumas ordens que
você daria, ou alguns conselhos, ou ainda alguns pedidos, usando somente o verbo. Por
exemplo: use os verbos “dormir”, “sair”, “vir” e “andar”. Como você diria? Dorme ou durma?
Saia ou sai? Vem ou venha? Anda ou ande?
Quando houver a ocorrência de ordem, pedido ou conselho, feitos por intermédio de um
verbo, dizemos que este está no modo imperativo.
A conjugação do imperativo afirmativo obedece às seguintes regras:
Os pronomes tu e vós provêm do presente do indicativo, retirando-se a letra s do verbo (Há
apenas uma exceção: o verbo ser, que terá sê tu, sede vós); os pronomes você, nós e vocês
provêm do presente do subjuntivo. Não existe o pronome eu no modo imperativo.
Peguemos como exemplo o verbo estudar: No presente do indicativo, teremos: tu estudas, vós
estudais; retirando-se a letra s: estuda tu, estudai vós. No presente do subjuntivo: que você
estude, que nós estudemos, que vocês estudem: estude você, estudemos nós, estudem vocês.
Portanto o imperativo afirmativo do verbo estudar é conjugado assim: estuda tu, estude você,
estudemos nós, estudai vós, estudem vocês.
Os verbos sugeridos, então, devem ficar assim:
Quem trata o interlocutor de tu deve dizer: dorme; sai; vem; anda.
Quem trata o interlocutor de você deve dizer: durma; saia; venha; ande.
O imperativo negativo provém totalmente do presente do subjuntivo: não estudes tu, não estude
você, não estudemos nós, não estudeis vós, não estudem vocês. Se os verbos sugeridos
estivessem na forma negativa, teríamos: não durmas tu, não durma você; não saias tu, não saia
você; não venhas tu, não venha você; não andes tu, não ande você.
A frase apresentada, então, deve ser assim estruturada: Perdi a paciência com você! Cale a
boca e vá embora daqui!! Ou Perdi a paciência contigo! Cala a boca e vai embora daqui!!

O bandido e os policiais observavam-se cuidadosos: o bandido em seu


esconderijo descoberto; os policiais atrás das viaturas.
Hoje, caro estudante apreciador da Gramática, apresento uma frase com um único defeito: a
repetição dos substantivos bandido e policiais; e lanço um desafio: sem mudar a estrutura da
frase, deixe-a adequada ao padrão culto da língua. Vá lá. Você tem trinta segundos para dar a
resposta. Valendo!
Acabou seu tempo! Então, conseguiu responder? Confira agora a solução:
Para evitar a repetição de dois substantivos relacionados em um mesmo período, devem-se
usar os pronomes demonstrativos este (estes, esta ou estas) e aquele (aqueles, aquela ou
aquelas). Este para substituir o último substantivo da relação; aquele, para o primeiro. A frase
apresentada, então, deve ser assim estruturada: O bandido e os policiais observavam-se
cuidadosos: aquele em seu esconderijo descoberto; estes atrás das viaturas.
Há outras possibilidades de uso dos pronomes demonstrativos em textos:

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Quando o pronome estiver referindo-se a frase ou oração anterior, deve-se usar esse, essa,
isso. Por exemplo: Não se deve andar com os vidros do automóvel abertos nas grandes
cidades brasileiras. Isso representa risco de assalto.
Quando estiver referindo-se a elemento, frase ou oração posterior, deve-se usar este, esta,
isto. Por exemplo: Preste atenção a isto que lhe vou dizer: não ande com os vidros do
automóvel abertos!
Somente mais um comentário, sem ligação alguma com os estudos de hoje: ao escrever um
texto em seu computador, nunca confie no corretor do Word, pois ele apresenta falhas
clamorosas. Por exemplo, peguemos o texto que você acabou de ler, ou seja, a coluna de hoje:
se eu confiasse no corretor do Word, escreveria três frases inadequadamente. Veja só:
Lá no começo da coluna, eu escrevi
caro estudante apreciador da Gramática, apresento uma frase com um único defeito
Pois bem, o Word quer que seja:
caro estudante apreciador da Gramática, apresenta uma frase com um único defeito ou
caro estudante apreciador da Gramática, apresentam uma frase com um único defeito.
Ridículo!
Eis o segundo: onde escrevi
Não se deve andar com os vidros do automóvel abertos nas grandes cidades brasileiras
o sinistro Word diz: Não se deve andar com os vidros do automóvel aberto nas grandes
cidades brasileira ou Não se deve andar com os vidros dos automóveis abertos nas
grandes cidades brasileiros.
Grotesco!
E o terceiro: onde escrevi
ele apresenta falhas clamorosas o funesto Word quer ele apresenta falho clamoroso ou ela
apresenta falha clamorosa ou eles apresentam falhos clamorosos ou ainda elas
apresentam falhas clamorosas.
Que é isso, meu santo protetor dos professores de Português?! Como deixam acontecer isso?
Será que nossa Língua é tão desprezada assim? Será que nenhum dos nossos ilustres imortais
usa computador? Ou será que eles escrevem como o Word quer?

Os Silva formam a maior família brasileira.


Assim começava a reportagem de uma famosa revista sobre os sobrenomes com maior número
de brasileiros. Os Silva, os Souza, os Lima, os Catarino, os Franzon. Todos estavam escritos
assim, no singular. Esse é o problema. Os nomes e os sobrenomes pertencentes à Língua
Portuguesa devem ser pluralizados, como qualquer outro substantivo simples; se o nome for
estrangeiro, apenas se acrescenta a desinência nominal de número. Então, primeiramente,
deve-se saber como pluralizar os substantivos simples para, depois, pluralizar os nomes
próprios. Vamos às regras: Os substantivos simples são pluralizados conforme a terminação:
1) Substantivos terminados em vogal têm o acréscimo da desinência “s”: casas, chapéus,
troféus.
2) Substantivos terminados em “al, el, ol, ul” perdem o “l” e recebem “is”; vogais, pastéis,
anzóis, pauis.

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* cuidado: avais ou avales, males, cais ou cales, reais (moeda), méis ou meles, cônsules.
3) Substantivos terminados em “il” perdem o “l” e recebem “s” se forem oxítonos, e perdem toda
a terminação e recebem “eis” se não forem oxítonos: barris, cantis, fósseis.
4) Substantivos terminados em “m” perdem o “m” e rebem “ns”: homens, nuvens, itens.
5) Substantivos terminados em “n” recebem “s” ou “es”: hifens ou hífenes, polens ou pólenes,
cânones.
6) Substantivos terminados em “r” ou “z” recebem “es”: mares, gizes.
7) Substantivos terminados em “s” recebem “es” se forem monossílabos ou oxítonos, e são
invariáveis se não forem oxítonos. Deuses, ananases, os lápis, os pires.
* Cuidado: cais é invariável.
8) Substantivos terminados em “x” são invariáveis. os tórax, as fênix.
Voltemos, agora, aos nomes próprios: Todos são pluralizáveis, obedecendo às regras acima.
Teremos, então, as Marias, Os Jamis, os Dilsons, as Elens, os Tons, os Eliazares, as Esteres,
as Luanas, as Natálias, os Silvas, os Souzas, os Limas, os Catarinos, os Franzons.
Se o sobrenome já for palavra pluralizada, ficará invariável: os Rodrigues, os Quadros, etc.
Se o nome for composto, apenas o primeiro nome será pluralizável: as Anas Carolina, os Josés
Antônio, os Luíses Henrique, os Joões Guilherme, etc.
Se o nome for composto e trouxer a conjunção “e”, ambos serão pluralizáveis: os Andradas e
Silvas, os Costas e Silvas, etc.
A frase apresentada inicialmente deve ser assim reescrita: Os Silvas formam a maior família
brasileira.

O fato passou completamente desapercebido...


... e eu estava despercebido de dinheiro. Eis duas palavras parecidas que sempre trazem
dificuldades aos indivíduos lusófonos (aqueles que falam a Língua Portuguesa): despercebido e
desapercebido. Os vocábulos parecidos são chamados de parônimos, enquanto que os
vocábulos iguais são chamados de homônimos. São homônimos homófonos os que têm o
mesmo som, mas escritas diferentes (P. ex.: sessão, seção, cessão); homônimos
homógrafos, os que têm a mesma escrita, mas sons diferentes (P. ex.: o almoço, eu almoço);
homônimos perfeitos, os que têm a mesma escrita e o mesmo som (P. ex.: manga). Vejamos
uma lista de palavras:
Arrear = pôr arreios; arriar = abaixar. Caçar = abater o animal; cassar = anular.
Deferir = conceder; diferir = adiar ou ser diferente. Cela = aposento; sela = arreio.
Emigrante = o que sai do país; imigrante = o que entra Censo = recenseamento = senso = juízo.
no país. Cerrar = fechar; serrar = cortar.
Intemerato = puro, íntegro, incorrupto; intimorato = Incerto = duvidoso; inserto = incluso.
destemido, corajoso. Incipiente = iniciante; insipiente = ignorante.
Assoar = limpar o nariz; assuar = vaiar. Cessão = ato de ceder; seção = repartição; sessão =
Comprimento = extensão; cumprimento = saudação ou reunião.
ato de cumprir. Laço = laçada; lasso = frouxo.
Soar = produzir som; suar = transpirar. Coser = costurar; cozer = cozinhar.
Sortir = abastecer; surtir = produzir efeito. Esperto = ativo, inteligente; experto = perito, entendido.
Vultoso = volumoso; vultuoso = inchado. Espiar = olhar sorrateiramente; expiar = sofrer pena ou
Acender = atear fogo; ascender = subir. castigo.
Decente = decoroso; descente = o que desce. Tachar = censurar, notar defeito em; taxar =
Discente = relativo a alunos; docente = relativo a estabelecer o preço.
professores.
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Amoral = indiferente à moral; imoral = contra a moral, Degredado = desterrado, exilado; degradado =
libertino. estragado, rebaixado.
Ao encontro de = estar a favor de; de encontro a = Flagrante = evidente; fragrante = aromático.
estar contra. Infligir = aplicar pena ou castigo; infringir = transgredir,
Ao invés de = indica oposição; em vez de = no lugar violar, desrespeitar.
de. Ratificar = confirmar; retificar = corrigir.
Sustar = suspender; suster = sustentar.

As palavras apresentadas no início da coluna significam o seguinte: Despercebido = sem


atenção; desapercebido = desprevenido, desprovido.
A frase apresentada, então, deve ser assim reescrita: O fato passou completamente
despercebido, e eu estava desapercebido de dinheiro.

Eu já o avisei que não quero isso!!


Quem avisa amigo é. E quem não estuda regência verbal erra frases simples.
Quem descobriu o erro da frase acima?? Poucos conseguiram descobrir certamente. Pense
mais um pouquinho... Qual a regência do verbo avisar?
Chega de lengalenga e vamos à solução: os verbos avisar, advertir, certificar, cientificar,
comunicar, informar, lembrar, noticiar, notificar e prevenir têm duas regências possíveis:
“quem informa, informa algo a alguém” e “quem informa, informa alguém de algo”. Então tanto
se pode dizer “O técnico informou a escalação do time aos jornalistas” como “O técnico
informou os jornalistas da escalação do time”.
O problema maior desses verbos ocorre quando se usa pronome oblíquo como complemento
no lugar da pessoa, pois, quando usar “quem informa, informa algo a alguém”, a pessoa será
substituída pelos pronomes “lhe e lhes”; quando usar “quem informa, informa alguém de algo”,
a pessoa será substituída pelos pronomes “o, a, os e as”.
Então teremos o seguinte:
“O técnico informou a escalação do time aos jornalistas = O técnico informou-lhes a escalação
do time”.
“O técnico informou os jornalistas da escalação do time = O técnico informou-os da escalção do
time”.
A frase apresentada, então, deve ser assim reescrita: Eu já o avisei de que não quero isso!!
Ou Eu já lhe avisei que não quero isso!!

Metalúrgicos páram por melhores salários


Essa frase foi a manchete de um grande jornal brasileiro há algum tempo. Qual a inadequação
contida nela? É a acentuação, não da palavra metalúrgicos, que recebe acento por ser
proparoxítona, nem da palavra salários, que recebe acento por ser paroxítona terminada em
ditongo crescente, mas sim da palavra páram, que não pode receber acento algum. A palavra
que deve receber acento é pára, no singular; acento que diferencia o verbo parar, na terceira
pessoa do singular do presente do indicativo (ele pára) ou na segunda pessoa do singular do
imperativo afirmativo (pára com isso!) da preposição para. Há alguns casos de acentos
diferenciais na Língua Portuguesa além desse. São eles:

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Pôr, verbo no infinitivo, para diferenciar da preposição por: Vou pôr meus sapatos e sair por aí.
Pôde, terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo (ontem ele pôde), para
diferenciar de pode, terceira pessoa do singular do presente do indicativo (agora ele pode).
Pêlo e pêlos, substantivos, e pélo, pélas, péla, conjugação do verbo pelar, para diferenciar de
pelo, pela, pelos e pelas, contração da preposição por com os artigos o, a, os, as: “Eu pélo o
pêlo do porco pelo método mais fácil”.
Pólo e pólos (extremidade), pôlo e pôlos (filhote de gavião e de falcão), póla e pólas (surra),
pôla e pôlas (ramo novo de árvore), todos substantivos.
Pêra, substantivo, tem acento apenas no singular: “Comi uma pêra ontem e duas peras hoje”.
Ás, substantivo.
Côas e côa, conjugação do verbo coar, para diferenciar de aglutinação da preposição com com
os artigos a e as: “Ela côa o café coas meias do marido”.
A frase apresentada, então, deve ser assim reescrita: Metalúrgicos param por melhores
salários.

É proibida entrada
Com certeza, você já deparou frases desse tipo, nos mais variados lugares: no comércio, em
escritórios e até em escolas. O problema da frase é o seguinte: sempre que utilizar verbo de
ligação (ser, estar, parecer, ficar, permanecer, continuar), principalmente o verbo ser, e não
houver elemento modificador do sujeito (artigo, adjetivo, numeral), tanto o verbo quanto o
predicativo do sujeito devem permanecer na forma masculina, singular. Caso contrário, ou seja,
se houver o elemento modificador, ambos - o verbo e o predicativo - concordam com o
modificador.
Portanto a frase apresentada está errada. Corrigindo-a, teremos: É proibido entrada ou É
proibida a entrada.
Outros exemplos:
Pimenta é bom. / Esta pimenta está boa.
É necessário dedicação. / A dedicação é necessária.
Está proibido brincadeiras. / Estão proibidas as brincadeiras.

Se eu não chego a tempo, acontecia a maior confusão


Eis uma frase extremamente comum no dia-a-dia dos brasileiros. É a fluência gostosa da nossa
língua “brasileira”. Brasileira, sim, pois, apesar de ser denominada Língua Portuguesa, tem a
peculiaridade de nossa cultura autóctone (nativa). Em lugar algum do mundo, ocorrem as
expressões idiomáticas existentes em nosso país. Essa é uma frase esplendidamente
brasileira. A inadequação gramatical contida nela é a utilização dos dois verbos conjugados em
tempos estranhos à norma da língua culta.
A gramática padrão exige que, quando se usar a conjunção condicional “se”, o verbo seja
conjugado no tempo denominado futuro do subjuntivo, ou no pretérito imperfeito do subjuntivo.
Este possui a desinência verbal “sse”; aquele caracterizamos com a frase “Amanhã, quando
eu...”. Por exemplo: “Se eu estudasse mais...” – Pretérito imperfeito do subjuntivo; “Se eu

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estudar mais...” – Futuro do subjuntivo; “Se eu pusesse a casa em ordem...” – Pretérito
imperfeito do subjuntivo; “Se eu puser a casa em ordem...” – Futuro do subjuntivo.
A utilização da conjunção condicional exige que outro verbo participe do período; esse verbo,
quando o primeiro estiver no futuro do subjuntivo, deverá ser conjugado no futuro do presente
do indicativo (amanhã certamente eu...), e, quando o primeiro estiver no pretérito imperfeito do
subjuntivo, deverá ser conjugado no futuro do pretérito do indicativo, que possui a desinência
“ria”. Por exemplo: ‘Se eu estudasse mais, seria mais culto”; “Se eu estudar mais, serei mais
culto”; “Se eu pusesse a casa em ordem, seria mais organizado”; “Se eu puser a casa em
ordem, serei mais organizado”. Chega-se à conclusão de que a frase apresentada, analisando
o contexto em que ela estaria inserida, deve ser assim reescrita: Se eu não chegasse a
tempo, aconteceria a maior confusão.

Eles detém o poder, por isso intervém sempre nos negócios da empresa
Se essa coluna acontecesse em uma rádio, nenhum problema haveria, nenhum erro ocorreria,
pois somente a pronúncia apareceria. Porém, na escrita, o erro surge flagrantemente: o acento
gráfico nas formas verbais. Vamos à explicação:
Como já vimos em uma coluna anterior (Alguns homens públicos não têm escrúpulos!), os
verbos ter e vir, na terceira pessoa do plural do presente do indicativo (Todos os dias eles...),
são grafados com um “e” só e com acento circunflexo: Eles têm; eles vêm. Hoje veremos o que
acontece com os verbos derivados de “ter” e ”vir”:
Primeiramente, para saber se um verbo é derivado de outro, há de se conhecer a conjugação
dele. Por exemplo, o verbo “ter” é conjugado “eu tenho”, portanto todos os verbos que forem
terminados em ”...tenho” são derivados de “ter”: eu mantenho, eu detenho, eu retenho, eu
contenho, eu entretenho; o verbo “vir” é conjugado “eu venho”, portanto todos os verbos
terminados em “...venho” são derivados de “vir”: eu provenho, eu intervenho, eu convenho.
Muito bem. Todos os verbos derivados de “ter” e “vir”, no presente do indicativo, terão um “e” só
e acento agudo na terceira pessoa do singular (ele, ela, você), e terão um “e” só e acento
circunflexo na terceira pessoa do plural (eles, elas, vocês). Por exemplo: ele mantém, eles
mantêm; ele detém, eles detêm; ele retém, eles retêm; ele contém, eles contêm; ele entretém,
eles entretêm; ele provém, eles provêm; ele intervém, eles intervêm; ele convém, eles convêm.
Claro está, então que o erro da frase apresentada são os acentos, que deveriam ser circunflexo
em ambos os casos: Eles detêm o poder, por isso intervêm sempre nos negócios da
empresa.

Antes que tudo exploda


Essa foi a manchete de um grande jornal brasileiro para anunciar o filme “A Última Ameaça”,
com John Travolta, Christian Slater e Samantha Mathis, que passaria segunda-feira, 14/08,
numa rede de televisão. O problema da frase apresentada é o verbo explodir, defectivo, que
não possui conjugação completa. É inadequado o uso de “exploda”. Vejamos a teoria:
“Defectivo” é um adjetivo, cujo significado é “a que falta alguma coisa; imperfeito, defeituoso”.
Verbos defectivos são, portanto, aqueles aos quais falta alguma coisa: aos verbos defectivos
faltam algumas pessoas, ou seja, eles não são conjugados em todos os tempos e modos. As
principais defectibilidades verbais existentes na Língua Portuguesa são as seguintes:

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01) Defectivos aos quais faltam a 1ª pessoa do singular do Presente do Indicativo (Todos os
dias eu...) e as formas derivadas dela, que são o Presente do Subjuntivo inteiro (Espero que...),
“você, nós e vocês” do Imperativo Afirmativo e o Imperativo Negativo inteiro. Os verbos
defectivos desse grupo são colorir, abolir, aturdir (atordoar), brandir (acenar, agitar a mão),
banir, carpir, delir (apagar), demolir, exaurir (esgotar, ressecar), explodir, fremir (gemer),
haurir (beber, sorver), delinqüir, extorquir, puir (desgastar, polir), ruir, retorquir (replicar,
contrapor), latir, urgir (ser urgente), tinir (soar) e pascer (pastar). Conjuguemos, como
exemplo, o verbo “explodir”:
Presente do Indicativo: Todos os dias eu (não existe esta pessoa), tu explodes, ele explode,
nós explodimos, vós explodis, eles explodem.
Presente do Subjuntivo: Não existe este tempo.
Imperativo Afirmativo: Explode tu, explodi vós.
Imperativo Negativo: Não existe.
Todos os outros tempos têm conjugação regular, como a de qualquer verbo terminado em –ir.
02) Defectivos aos quais faltam as formas rizotônicas do Presente do Indicativo (eu, tu, ele e
eles) e as formas delas derivadas, que são o Presente do Subjuntivo inteiro, “tu, você, nós e
vocês” do Imperativo Afirmativo e o Imperativo Negativo inteiro. Os verbos defectivos deste
grupo são falir, aguerrir (tornar valoroso), adequar, combalir (tornar debilitado), embair
(enganar), empedernir (petrificar, endurecer), esbaforir-se, espavorir, foragir-se, remir
(adquirir de novo, salvar, reparar, indenizar, recuperar-se de uma falha), renhir (disputar),
transir (trespassar, penetrar), reaver e precaver(-se). Conjuguemos, como exemplo, o verbo
"falir":
Presente do Indicativo: Eu, tu, ele (não existem), nós falimos, vós falis, eles (não existe).
Presente do Subjuntivo: Não existe.
Imperativo Afirmativo: Fali vós
Imperativo Negativo: Não existe.
Todos os outros tempos têm conjugação regular.
A frase apresentada pelo jornal então está errada, pois a forma “exploda” é inadequada aos
padrões cultos da língua. O verbo “explodir” deveria ser substituído por um sinônimo: “estourar”,
por exemplo: Antes que tudo estoure.

O gerente só intermedia quando é necessário


Esse gerente sabe trabalhar coerentemente, mas a pessoa que elaborou essa frase não
conhece a língua padrão, pois o verbo “intermediar” não tem conjugação regular, como ocorre
com a maioria dos verbos terminados em –iar. Vejamos a teoria: Os verbos terminados em –iar
têm conjugação regular, ou seja, seguem a conjugação de qualquer verbo terminado em –ar,
como, por exemplo, o “cantar”. Então, se dizemos “eu canto, tu cantas, ele canta”, também
diremos “eu copio, tu copias, ele copia”. Há alguns verbos terminados em –iar, porém, que não
seguem essa conjugação. É o caso de “mediar”, “ansiar”, “remediar”, incendiar”, “odiar” e todos
os seus derivados. Esses verbos terão o acréscimo da letra “e” antes da terminação –iar, nas
pessoas “eu, tu, ele e eles” do presente do indicativo (todos os dias ...) e do presente do
subjuntivo (espero que ...). A conjugação desses dois tempos ficará desta forma: Todos os dias
eu medeio, tu medeias, ele medeia, nós mediamos, vós mediais, eles medeiam. Que eu
medeie, tu medeies, ele medeie, nós mediemos, vós medieis, eles medeiem. Todos os outros
tempos seguem a conjugação regular, ou seja, terão conjugação igual à de qualquer verbo
terminado em –ar. O verbo “intermediar” é derivado de “mediar”, portanto sua conjugação é
idêntica à deste. A frase apresentada, então, deve ser assim reescrita: O gerente só
intermedeia quando é necessário.
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A gente podia sair, não é mesmo?


Que você acha disso, caro internauta? A gente podia ou não podia sair, hein? Alguns devem
estar pensando: “qual é a ‘pegadinha’ gramatical de hoje?” Pois digo-lhe logo. O que ocorre é
que o verbo “poder”, no caso apresentado, está conjugado no tempo chamado de pretérito
imperfeito do indicativo (eu podia, tu podias, ele podia, nós podíamos, vós podíeis, eles
podiam). Esse tempo, porém, indica ação ocorrida no passado, não totalmente concluída no
momento da fala (Ela, naquele dia, não podia sair de casa), ou ação passada habitual (Ela,
naquela época, não podia sair de casa todos os dias sem se preocupar).
Como você pode perceber, a frase apresentada não tem indicação alguma que possa justificar
o uso do verbo no pretérito imperfeito do indicativo. Então como deveríamos construir a frase?
Ela deveria ser estruturada com o verbo “poder” no futuro do pretérito do indicativo (eu poderia,
tu poderias, ele poderia, nós poderíamos, vós poderíeis, eles poderiam), tempo que
antigamente era chamado de condicional e que é empregado para exprimir uma ação ou um
fato futuro hipotético dependente de algum acontecimento (Se você terminasse a tarefa em
tempo, poderia sair), ou atenuar uma expressão por respeito ou polidez (A senhora poderia dar-
me licença?). Percebe-se que a frase apresentada contém o “futuro hipotético”, portanto tem de
ser construída com o verbo “poder”no futuro do pretérito do indicativo.
Outro detalhe é a palavra “gente”, usada para momentos informais. Não há qualquer problema
usá-la em situações cotidianas entre amigos ou “iguais”, mas, como o nosso interesse é a
língua padrão, o ideal seria elaborar o período com a primeira pessoa do plural, ou seja, “nós”.
A frase, então tem de ser assim reescrita: Nós poderíamos sair, não é mesmo?

Esqueci de minha carteira em casa.


Essa é uma frase muito comum no Brasil. Poucos percebem o erro cometido nela. Será que
você conseguiu identificá-lo? Aqui vai uma dica: Quem esquece, esquece algo. E agora? Está
resolvido? Ainda não? Então mais uma: Quem se esquece, esquece-se de algo. Agora chegou
à solução, não é mesmo? Vamos a ela:
O verbo esquecer pode ser usado com ou sem o pronome “se”, ou seja, existe o verbo
“esquecer” e o verbo “esquecer-se”. Caso ele seja usado sem o pronome, também será usado
sem a preposição “de”; se for usado com o pronome, será usado com a preposição. Teremos,
portanto, frases como “Esqueceram o filho no berçário” e “Esqueceram-se do filho no berçário”.
O mesmo ocorre com o verbo “lembrar”, ou seja, há o verbo “lembrar” e “lembrar-se”, “lembrar
algo” e “lembrar-se de algo”, como “Lembrou o nome do filme?” ou “Lembrou-se do nome do
filme?”. Posto isso, concluímos que a frase apresentada pode ser construída de duas maneiras
diferentes: Esqueci minha carteira em casa. Ou Esqueci-me de minha carteira em
casa.
Outra maneira de usar esses dois verbos é utilizar a “coisa” como sujeito e a pessoa como
objeto indireto, com a preposição “a”. Nesse uso, os significados são “cair no esquecimento”, no
caso de “esquecer”, e “vir à lembrança”, no caso de “lembrar”. Teremos, então, frases como
“Lembraram-me aquelas manhãs de minha infância”, em que “aquelas manhãs de minha
infância” funciona como sujeito, ou seja, é o elemento lembrado. Essa frase tem o mesmo
significado que “Aquelas manhãs de minha infância vieram à minha lembrança”.

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Outros exemplos: “Esqueceram-lhe os desafios do colega”, cujo significado é “Os desafios do
colega caíram no esquecimento”. “Lembrou-me o nome da primeira namorada”, que significa “O
nome da primeira namorada veio-me à lembrança”.

Século X, século XX, século XXI, Papa João XXIII, Papa João Paulo II. XXIII
Festa da Uva. Qual a leitura dos algarismos? Dez ou décimo? Vinte ou
vigésimo?
Os algarismos romanos {I (um), V (cinco), X (dez), C (cem), D (quinhentos), M (mil)} usados
para a indicação de séculos, papas, imperadores, reis, artigos, etc, têm a seguinte leitura:
Quando o algarismo estiver depois do substantivo, de I a X, lê-se como numeral ordinal
(primeiro, segundo, terceiro...); de XI em diante, como numeral cardinal (onze, doze, treze...).
Quando o algarismo estiver antes do substantivo, lê-se sempre como numeral ordinal. A leitura
das palavras apresentadas, então, deve ser assim efetuada: século décimo, século vinte,
século vinte e um, Papa João vinte e três, Papa João Paulo segundo, vigésima terceira Festa
da Uva.
Os algarismos indo-arábicos (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9) sempre terão leitura de numeral cardinal,
a não ser que haja o símbolo (º) ou (ª), transformando em numeral ordinal. Então teremos o
seguinte: Artigo 8 (artigo oito), Casa 2 (casa dois), 8º artigo (oitavo artigo).

"Aquela mulher é meia complicada. Ela acha que há bastante pessoas menas
educadas, pois há senhoras que nunca dizem 'muito obrigado'".
Essa frase ridícula foi produzida com o intuito de registrar o uso de alguns adjetivos, pronomes
adjetivos e advérbios - matéria que chamamos de "concordância nominal". Seguindo a
seqüência, teremos o seguinte:
Meio
·Concordará com o elemento a que se referir, quando significar "metade" de alguma coisa. Por
exemplo: Era meio-dia e meia (hora); Ela tomou meia garrafa de vinho.
·Ficará invariável, quando significar "um pouco", "mais ou menos". Por exemplo: A porta estava
meio aberta; Ela ficou meio zangada comigo.
·Quando formar substantivo composto, ambos os elementos variarão. Por exemplo: Os meios-
fios ficaram altos demais.
Bastante
·Quando modificar substantivo, concordará com ele, por ser pronome indefinido adjetivo. Nesse
caso, poderá ser substituído por "vários, várias, algum, alguns, alguma ou algumas". Por
exemplo: Ele tem bastantes amigos; Bastantes pessoas compareceram ao espetáculo.
·Quando modificar verbo, adjetivo ou outro advérbio ficará invariável, por ser advérbio. Nesse
caso, poderá ser substituído por "bem ou muito". Por exemplo: Elas estavam bastante
zangadas comigo. Eles estudaram bastante.
·Bastante também será adjetivo, quando significar "que basta", "que satisfaz". Por exemplo: Há
provas bastantes de sua culpa.
Menos ·A palavra menos é sempre invariável. Por exemplo: Há menos mulheres aqui. Estudei
menos matérias esse ano.

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Obrigado ·Obrigado significa "agradecido, grato, reconhecido". Concorda com o substantivo ou
com o pronome a que se refere, ou seja, se o substantivo for feminino plural, usa-se
"obrigadas", como usaria "gratas, agradeciedas, reconhecidas". Por exemplo: A garota disse um
muito obrigada emocionado; Todas elas disseram em coro: - Muito obrigadas.
Assim, constatamos que a frase apresentada está errada, devendo ser assim reescrita: Aquela
mulher é meio complicada. Ela acha que há bastantes pessoas menos educadas, pois há
senhoras que nunca dizem "muito obrigadas".

"Gosto de Pedro, porque as idéias dele vão de encontro às minhas"


É muito estranho gostarmos de alguém que pense de maneira diversa à nossa, não é mesmo?
O normal é gostarmos das pessoas que compartilhem nossas idéias, e a frase apresentada
denota exatamente o contrário. Vejamos a explicação: há duas expressões estruturadas com a
palavra "encontro":
1) Ao encontro de, cujos significados são em busca de; em favor de; na direção de. Por
exemplo: "A sua decisão veio ao encontro dos meus anseios". "Caminhou ao encontro do
amigo".
2) De encontro a, cujos significados são no sentido oposto a; em contradição com; contra.
Por exemplo: "A sua decisão veio de encontro aos meus anseios". "O carro foi de encontro
ao poste".
Claro está, então, que a fase apresentada está no mínimo estranha, pois, como vimos
anteriormente, normalmente gosta-se de quem tem idéias semelhantes. A frase ficaria mais
clara, se fosse assim estruturada: Gosto de Pedro, porque as idéias dele vão ao
encontro das minhas.

"Ele foi o octagésimo colocado no vestibular."


O internauta já atinou que a dica desta semana é referente aos numerais ordinais, os que
indicam ordem ou série. É sempre muito difícil a quem não tem contato diário com o estudo da
língua saber o ordinal correspondente a determinado numeral cardinal. Então o ideal seria
memorizá-los. Veja a lista de ordinais:

1º = primeiro 10º = décimo 100º = centésimo

2º = segundo 20º = vigésimo 200º = ducentésimo

3º = terceiro 30º= trigésimo 300º = trecentésimo

4º = quarto 40º = quadragésimo 400º = quadringentésimo

5º = quinto 50º = qüinquagésimo 500º = qüingentésimo

6º = sexto 60º = sexagésimo 600º = seiscentésimo ou sexcentésimo

7º = sétimo 70º = septuagésimo 700º = septingentésimo

8º = oitavo 80º = octogésimo 800º = octingentésimo

9º = nono 90º = nonagésimo 900º = nongentésimo ou noningentésimo

1000º = milésimo

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De 2000º em diante, tanto se pode falar "o dois milésimo" quanto "o segundo milésimo".
Agora é só juntar tudo que se tem a formação de qualquer numeral ordinal. Por exemplo:
862º = octingentésimo sexagésimo segundo;
583º = qüingentésimo octogésimo terceiro;
26.754º = o vinte e seis milésimo septingentésimo qüinquagésimo quarto ou o vigésimo sexto
milésimo septingentésimo qüinquagésimo quarto
A frase apresentada, então, está errada, devendo ser assim corrigida: "Ele foi o octogésimo
colocado no vestibular."

"Eu estava presente na palestra, mas não prestei atenção na apresentação de


slides."
O uso da preposição é bastante complexo na língua portuguesa. Alguns verbos a exigem, mas
a população em geral não a usa, por ignorância, por preguiça ou por alguma conveniência. Um
exemplo disso é o verbo "assistir", que, ao significar "ver", exige a preposição "a", mas nem
alguns jornalistas modernos a utilizam, construindo, assim, uma estrutura sintática inadequada.
Pelos mesmos motivos - ignorância, preguiça ou conveniência - a população utiliza uma
preposição no lugar de outra, construindo novamente a estrutura sintática inadequada. É o que
acontece com as palavras "presente" e "atenção", largamente utilizadas com a preposição "em",
de maneira indevida, pois elas exigem a preposição "a".
A frase apresentada, então, deveria ser assim estruturada: "Eu estava presente à palestra,
mas não prestei atenção à apresentação de slides."
Ocorre o acento indicativo da crase devido à junção da preposição "a" com o artigo feminino
"a", correspondente aos substantivos "palestra" e "apresentação" respectivamente. Só mais
uma pequena observação: o novo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, de 1999,
editado pela Academia Brasileira de Letras, que tem valor de lei, também registra a variante
"slaide", ou seja, tanto se pode escrever "slide" quanto "slaide".

"Candidatos fecham acordo anti-Justiça."


Eis aí uma manchete jornalística que apresenta um acordo completamente inadequado,
segundo as normas padrões da língua portuguesa. A imprensa atual tem utilizado o prefixo
"anti-" de maneira equivocada, pois hifeniza as palavras iniciadas por ele a bel-prazer, ou seja,
de acordo com a sua vontade, sem se preocupar com as prescrições gramaticais.
O prefixo "anti-" só poderá ser grafado com hífen quando anteceder palavras iniciadas por h, r e
s. Por exemplo, anti-hemorrágico, anti-reumático e anti-social. Se a palavra posterior começar
por qualquer outra letra, não há hífen. Por exemplo, anticaspa, antiinfeccioso e antiaéreo.
Outra ocorrência inconveniente é a palavra "Justiça" com letra maiúscula, formando um adjetivo
com o prefixo "anti-". Os adjetivos não podem conter elementos com inicial maiúscula. Somente
os substantivos próprios têm essa peculiaridade. Claro está, então, que não se deve escrever
"anti-Pitta", nem "anti-Lula", nem "anti-Maluf, nem "anti-Justiça". As formas adequadas são
"antipitta", "antilula", "antimaluf" e "antijustiça". Todas as palavras com letras minúsculas, por
mais estranhas que fiquem!
A palavra que significa "personagem que, segundo o Apocalipse, virá antes do fim do mundo,
semear a impiedade até ser afinal vencido por Cristo" escreve-se "anti-Cristo" ou "anticristo"?
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Qualquer dicionário da língua portuguesa traz a palavra "anticristo" como sendo a certa,
portanto não há o que estranhar na grafia "antijustiça". Assim sendo, corrigindo a frase
apresentada, teremos o seguinte: "Candidatos fecham acordo antijustiça."

"Ela pediu para que eu levasse os documentos..."


Essa é simples: o problema da frase apresentada é que o verbo "pedir" é verbo transitivo direto
e indireto, ou seja, possui dois complementos: um sem preposição, outro com. Quem pede,
pede algo a alguém, e não quem pede, pede para alguém praticar alguma ação. A preposição
"a" ou "para" deverá referir-se à pessoa, e não à coisa pedida: "Ela pediu a mim" ou "ela pediu
para mim". O pronome oblíquo átono também poderá ser utilizado: "Ela pediu-me". A frase
apresentada, então, deverá ser corrigida assim: Ela pediu-me que levasse os documentos...
ou Ela pediu a mim que levasse os documentos... ou ainda Ela pediu para mim que
levasse os documentos.

"É excelente jogador! Haja visto os gols que marcou no campeonato."


Será que alguém deu visto nos gols marcados por ele? Oh piadinha infame essa! Desculpe-me
caro internauta. Falemos de gramática, haja vista que essa é a minha função nesta coluna.
Percebeu? Haja VISTA, expressão que significa "que se oferece à vista, aos olhos", tem a
palavra "vista" invariável, não admitindo masculino nem plural.
Quanto à concordância do verbo haver, ocorre o seguinte: se houver a preposição "a" posposta
à expressão, ele (o verbo haver) deverá ficar no singular, esteja o substantivo a que ela ( a
expressão) se refira no singular ou no plural; se não houver a preposição "a", ele ficará no
singular ou concordará com o substantivo a que se refere. Existem, então, estas possibilidades
de uso da referida expressão: Haja vista ao gol marcado por ele; Haja vista o gol marcado
por ele; Haja vista aos gols marcados por ele; Haja vista os gols marcados por ele; Hajam
vista os gols marcados por ele.
Claro está, portanto, que a frase apresentada deverá ser corrigida assim: É excelente jogador!
Haja vista aos gols que marcou no campeonato. Ou assim: É excelente jogador! Haja vista
os gols que marcou no campeonato. Ou ainda assim: É excelente jogador! Hajam vista os
gols que marcou no campeonato.

"Gostaria de agradecer vocês por tudo o que fizeram por mim!"


Quem nunca usou essa frase desconecte-se agora!! Continuam todos aí?! Certamente, pois a
oração apresentada, apesar de estar errada, é extremamente comum a qualquer meio social. O
problema é que o verbo "agradecer" - transitivo direto e indireto - admite como objeto direto
apenas a "coisa" e como objeto indireto, com a preposição "a", a "pessoa". Nunca poderá
acontecer a inversão. Claro está, então, que, ao usar o verbo "agradecer", obrigatoriamente
haverá a preposição "a" diante da pessoa, e não poderá haver preposição alguma diante da
coisa. A frase apresentada deverá ser corrigida, então, assim: Gostaria de agradecer a vocês
tudo o que fizeram por mim!

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"Te peguei!!"
Quem é brasileiro sabe onde essa frase surge todo domingo à noite, não é mesmo? Se não
sabe, "deixe pra lá" e vamos ao que interessa. Há muitas frases como a apresentada no dia-a-
dia: "te telefono", "te amo", "te pego mais tarde", etc, etc, etc. O problema de todas elas é a
colocação pronominal, pois não se pode começar frase com pronome oblíquo átono (me, te, se,
o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes). Devem-se colocar esses pronomes antes do verbo, quando
houver uma palavra atrativa; são elas:
advérbio: Ex. Amanhã lhe telefonarei.

Pronomes indefinidos: Ex. Alguém lhe telefonou.

pronomes relativos: Ex. A garota que me telefonou é prima de Alderberto.

pronomes interrogativos: Ex. Quem me telefonou?

pronomes demonstrativos neutros: Ex. Isso me convém.

conjunções subordinativas: Ex. Embora me tenha telefonado, não a procurarei.

ou ainda nos seguintes casos:


01) Em frases exclamativas e/ou optativas (que exprimem desejo):
Ex. Quantas injúrias se cometeram naquele caso! Deus te abençoe, meu amigo!

02) Em frases com preposição em + verbo no gerúndio:


Ex. Em se tratando de gastronomia, a Itália é ótima. Em se estudando Literatura, não
se esqueça de Carlos Drummond de Andrade.

03) Em frases com preposição + infinitivo flexionado:


Ex. Ao nos posicionarmos a favor dela, ganhamos alguns inimigos. Ao se referirem a
mim, fizeram-no com respeito.

04) Havendo duas palavras atrativas, tanto o pronome poderá ficar após as duas palavras,
quanto entre elas.
Ex. Se me não ama mais, diga-me. Se não me ama mais, diga-me.

Agora você deve estar perguntando-se: Qual deve ser, então, a forma certa de se dizer a frase
apresentada? Respondo-lhe: Peguei-te! Credo! Que coisa horrível!! Realmente fica totalmente
deselegante dizer isso. O ideal seria reestruturar a frase, para evitar essa expressão
desagradável, como, por exemplo: Peguei você!!

"Pronto, chefe. Já entreguei a carta a ele em mãos."


Essa é uma frase cujo erro poucos notarão. Já descobriu qual é ele? É a expressão "em mãos".
As palavras que se escrevem (em geral abreviadamente: E. M.) no sobrescrito de carta cuja
entrega ao respectivo destinatário se confia a um particular, e não ao correio, não são "em
mãos", e sim "em mão", no singular. Também se pode dizer "em mão própria". A frase
apresentada, portanto, deve ser corrigida assim: Pronto, chefe. Já entreguei a carta a ele em
mão.
Veja algumas outras expressões com a palavra "mão":
Abrir mão de: pôr de parte; desistir de; desabrir mão de.
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Agüentar a mão: expressão popular brasileira.
1. Enfrentar ou suportar situação penosa ou trabalhosa; agüentar o repuxo, agüentar a parada,
agüentar as pontas.
2. Esperar ou aguardar pacientemente; agüentar as pontas.
À mão: 1. Com a mão. 2. Ao alcance; pertinho; em posição fácil de pegar.
Assentar a mão: adquirir destreza ou segurança, adestrar-se, aperfeiçoar-se, numa atividade
manual ou noutra qualquer.
Dar de mão a: pôr de lado; abandonar, renunciar; deixar de mão, largar de mão.
De mãos atadas: impossibilitado de agir; maniatado, manietado.
Lançar mão de: servir-se, utilizar-se, valer-se de.

"Parachoque, para-choque ou pára-choque?"


As palavras iniciadas pelo elemento de composição pára-, que significa "aquilo que protege
contra, que apara", devem ser escritas com hífen e com acento agudo no primeiro "a". É o que
ocorre com pára-lama, pára-fogo (Peça móvel que se põe diante do fogo para desviar o calor),
pára-brisa, pára-chuva (o mesmo que guarda-chuva), pára-luz (o mesmo que abajur), pára-
quedas, pára-quedismo, pára-quedista, pára-raios, pára-sol (o mesmo que guarda-sol) e pára-
vento. Claro está, então, que a palavra apresentada se escreve assim: "Pára-choque"

"Custei para entender o que ele dizia!!"


Eis uma frase comum nos mais diversos meios socioeconômicos e socioculturais do país (é
isso mesmo, caro leitor interessado na língua portuguesa: socioeconômico e sociocultural, sem
hífen). Ouvimos diariamente "Eu custei...", "Ele custou..."; será que voltamos à época da
escravidão? Agora o leitor afirma: que pergunta mais tola essa!
Realmente efetuei uma simplória pergunta, mas o que sucede é que o verbo "custar", segundo
a norma culta da língua, só terá como sujeito uma pessoa, quando significar "ter determinado
preço ou valor", portanto só poderemos dizer "Eu custei..." e "Ele custou...", se estivermos
sendo vendidos.
Como, obviamente, a frase apresentada não possui esse significado, ela está errada. O verbo
custar, quando significar "ser difícil ou doloroso", será verbo transitivo indireto, exigindo a
preposição "a"; terá como sujeito "a coisa", "aquilo que é difícil ou doloroso", e terá como objeto
indireto "a pessoa", que tanto poderá ser representada por um substantivo, como pelos
pronomes oblíquos átonos "me, te, lhe, nos, vos, lhes" ou pelos pronomes oblíquos tônicos
"mim, ti, si, ele, ela, nós, vós, eles, elas".
Deveremos dizer "Custou-me..." ou "Custou a mim..."; "Custou-lhe..." ou "Custou a ele...". A
frase apresentada, então, deverá ser corrigida desta maneira: "Custou-me entender o que ele
dizia!!"

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"Já são uma hora, e ele não chegou ainda?!"


O fato de ele estar atrasado não justifica o erro de concordância. O verbo ser, quando indicar
horas concordará com o numeral a que se refere. Claro está, então, que ficará no singular, ao
indicar "uma hora", "meio-dia", meia-noite" ou "zero hora" e no plural nas demais horas do dia.
Por exemplo, deveremos dizer "Já são 19h, mas o professor ainda não enviou o texto" e "Era
meio-dia, quando Abiduílson chegou".
Essa regra também serve para o verbo ser, quando indicar distância: Por exemplo, "É um
quilômetro daqui até a sua casa"; "São mais de quinhentos quilômetros de Londrina a São
Paulo".
Já na indicação de datas, o verbo ser tanto poderá ficar no singular, quanto no plural, a não ser
no primeiro dia do mês; neste caso, o verbo ficará no singular. Por exemplo: "É dezoito de abril"
(= É dia dezoito de abril) ou "São dezoito de abril" (= São dezoito dias de abril); "É primeiro de
maio" (= É dia primeiro de maio ou é o primeiro dia de maio).
A frase apresentada, portanto, está errada. Corrigindo-a, teremos o seguinte: "Já é uma hora,
e ele não chegou ainda?!"

"Assisti um filme maravilhoso ontem!"


Que estranho!! como pode alguém assistir um filme, se ele não é "enfermo" nem "moribundo",
muito menos "parturiente"? O internauta não deve estar entendendo coisa alguma, não é
mesmo? Ocorre que o verbo "assistir" só pode ser usado sem a preposição "a", quando
significar "residir" (neste caso, usa-se a prep. "em", como em "Assisto em Londrina") ou
"acompanhar enfermo, moribundo ou parturiente, para prestar-lhe conforto moral ou material"
(neste caso, não se usa preposição alguma, como em "Ela não assistiu o marido, no momento
da morte"). Com qualquer outro significado, a preposição "a" será obrigatória. Por exemplo, nas
frases: "Assisti ao jogo do Santos"; "Assisti à corrida domingo". Portanto a frase apresentada
deverá ser corrigida assim: "Assisti a um filme maravilhoso ontem!"

"Se a realidade nos parece pouco bela, não a enfeiemos mais!"


Se todos nós pensarmos um pouco mais positivamente e agirmos com um pouco mais de
energia otimista, talvez consigamos melhorar o país. Caso não mudemos o país, talvez
diversifiquemos o nosso próprio ânimo, o que já é excelente. Poderíamos começar pela nossa
cultura e ler mais livros, revistas e jornais, ir mais ao cinema, interessar-nos mais pela evolução
de nossa inteligência, enfim tentar crescer intelectualmente no dia-a-dia, para não nos
estagnarmos no tempo.
Progredindo o intelecto, deixam-se de cometer erros gramaticais crassos e aprende-se sem
muito esforço o que é considerado mais difícil pela população em geral. Por exemplo, a frase
apresentada; qual o erro cometido por mim hoje? Resposta: o verbo "enfear", que significa
"tornar feio, desfigurar".
A conjugação dele é idêntica à de todos os verbos terminados em "-ear". Esses verbos, no
Presente do Indicativo (todos os dias, eu ...) e no Presente do Subjuntivo (Espero que eu ...),
receberão a letra "i" após o "e" somente nas pessoas "eu, tu, ele e eles": todos os dias eu

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enfeio, tu enfeias, ele enfeia e eles enfeiam; que eu enfeie, que tu enfeies, que ele enfeie e que
eles enfeiem.
As outras pessoas desses dois tempos (nós e vós) e todos os outros tempos verbais não têm
essa letra "i', ficando assim: todos os dias nós enfeamos, vós enfeais; que nós enfeemos, que
vós enfeeis; ontem eu enfeei, tu enfeaste, ele enfeou, nós enfeamos, vós enfeastes, eles
enfearam.
O mesmo ocorre com todos os verbos terminados em -ear (passear, frear, refrear, cear,
patentear, franquear, rodear...). A frase apresentada, então, deverá ser modificada assim: "Se a
realidade nos parece pouco bela, não a enfeemos mais!"
Alguns homens públicos não têem escrúpulos!
Isso é uma inverdade!! Você não pode falar dessa maneira!! Como tem coragem de cometer
um erro desses?! Será que não sabe que o verbo ter não admite duplicação do "e"?! É isso aí.
Os únicos verbos que se conjugam com -êem são crer, ler e ver, na terceira pessoa do plural
do presente do indicativo (todos os dias eles crêem, eles lêem, eles vêem) e dar, na terceira
pessoa do plural do presente do subjuntivo (que eles dêem), além de seus derivados (descrer,
reler, antever, desdar...). Os verbos ter e vir, na terceira pessoa do plural do presente do
indicativo são escritos com um "e" só com acento circunflexo: Eles têm dinheiro, por isso vêm
de táxi. Conclui-se, então, que a frase apresentada está errada. Corrigindo-a, teremos: Alguns
homens públicos não têm escrúpulos!

"Estas dicas são muito fáceis de se entenderem." (errado)


Estas dicas são muito fáceis de se entenderem! Não são fáceis de se entenderem, muito
menos são fáceis de entenderem, pois o infinitivo, quando for complemento de adjetivo (fácil,
difícil, bom, ruim, duro, gostoso, agradável...) e regido da preposição de, já tem sentido passivo,
não necessitando do pronome apassivador se, e deve ser impessoal, ou seja, o infintivo não
deve concordar com o elemento a que se refere. Então a frase apresentada está errada.
Corrigindo-a, teremos: Estas dicas são muito fáceis de entender!

Só lhe digo que estou insatisfeito consigo. (errado)


O pronome pessoal "consigo" não pode ser usado para referir-se à pessoa com quem se fala,
pois tem apenas uso reflexivo, ou seja, indica ação do sujeito sobre si mesmo, como nas
seguintes frases: "João trouxe consigo os três irmãos"; "Não deixe de carregar consigo os
documentos"; "Traga consigo o passaporte".
Quando se referir à pessoa com quem se fala, deve-se usar com você ou contigo, dependendo
de como se trata o interlocutor: de você ou de tu respectivamente. Portanto a frase apresentada
deve ser corrigida assim: Só lhe digo que estou insatisfeito com você. Ou Só te digo que
estou insatisfeito contigo.
O mesmo ocorre com o pronome si, ou seja, este pronome não pode ser usado para referir-se à
pessoa com quem se fala, e sim para indicar ação do sujeito sobre si mesmo ou para indicar
reciprocidade, como nas seguintes frases: "João só pensa em si"; "Eles vivem brigando
entre si".
Já a frase "Só lhe digo que farei uma surpresa para si" está errada; deve-se corrigir assim:
"Só lhe digo que farei uma surpresa para você" ou "Só te digo que farei uma surpresa
para ti".

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Ei! Você aí! Me dá um dinheiro, aí! Me dá um dinheiro, aí!... (errado)


Já que o carnaval está chegando, vamo-nos divertir!! Mas, antes, analisemos melhor a frase
apresentada: se o compositor trata o interlocutor de "você", todos os elementos referentes a
este devem concordar com a terceira pessoa, pois "você" é pronome de tratamento e, como tal,
pertence à terceira pessoa do singular.
Muito bem. Quando utilizamos um verbo para dar uma ordem, elaborar um pedido ou
aconselhar alguém, usamos o modo imperativo do verbo, que segue as seguintes regras:
 Tu e vós: Usa-se a mesma forma do presente do indicativo (todos os dias tu...), eliminado-
se a letra "s". Como exemplo, conjuguemos o verbo cantar: Todos os dias tu cantas; todos os
dias vós cantais. Retirando-se a letra "s" dessas formas, teremos: Canta tu; Cantai vós. Esse é
o imperativo afirmativo do verbo cantar para essas duas pessoas.
 Você, nós e vocês: Usa-se a mesma forma do presente do subjuntivo (espero que
você...), sem retirar qualquer letra. Como exemplo, conjuguemos o mesmo verbo cantar:
Espero que você cante; espero que nós cantemos; espero que vocês cantem. O imperativo
afirmativo dessas pessoas será: cante você, cantemos nós, cantem vocês.
Até aqui, tudo entendido? Então, agora, analisemos o imperativo do verbo da música:
dar.
 Tu e vós: todos os dias tu dás; todos os dias vós dais. Retira-se a letra "s": dá tu; dai vós.
 Você, nós e vocês: espero que você dê; espero que nós demos; espero que vocês dêem.
Imperativo: dê você; demos nós; dêem vocês.

Pronto. Agora você percebeu qual o erro da frase apresentada, não é mesmo? É o verbo dar.
"Dá" é referente à segunda pessoa do singular. Já que o compositor usa o pronome de
tratamento "você", o verbo deve ser "dê". Então, corrigindo apenas a parte verbal, sem pensar
no erro de colocação pronominal (não se inicia oração com pronome oblíquo átono), teremos a
frase: Ei! Você aí! Me dê um dinheiro, aí, me dê um dinheiro, aí...
Agora sim, vamos ao carnaval!!
Não vai dar, não vai dar não? Você vai ver a grande confusão! Eu vou beber, beber até cair. Me
dê, me dê, me dê, oi. Me dê um dinheiro aí!!

Ester, eu lhe amo. (errado)


Isso é um erro. Não o fato de amar Ester, pois ela é maravilhosa, mas o uso do pronome lhe,
que só complementa verbo transitivo indireto (VTI) que pede a preposição a.
Amar é verbo transitivo direto (VTD), ou seja, verbo que não admite preposição alguma. Os
pronomes de terceira pessoa que complementam VTD são o, a, os, as. Portanto, antes de usar
lhe ou o, examine se o verbo exige ou não a preposição a.
Por exemplo, o verbo obedecer pede "a", pois "quem obedece, obedece a algo ou a alguém".
Então deveremos dizer: "Às leis de trânsito, obedeço-lhes sempre." e "Aos meus
superiores, obedeço-lhes sempre".
Já os verbos pagar, perdoar e agradecer pedem a preposição "a" somente quando o
complemento for uma pessoa, pois "quem paga, paga algo a alguém", "quem perdoa,
perdoa algo a alguém" e "quem agradece, agradece algo a alguém". Portanto, ao se referir
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a pessoas, deve-se usar o pronome lhe, como em "Aos meus filhos, pago-lhes tudo sem
reclamar." ; "Aos meus amigos, perdôo-lhes os deslizes." e "A Virgílio, agradeci-lhe o
convite ontem".
Porém, se a referência não for a pessoas, deve-se usar o, a, os, as, como em "As dívidas,
paguei-as ontem ao banco." ; "Os deslizes, perdoei-os aos amigos." e "O convite, já o
agradeci a Virgílio".
Claro está agora que a frase apresentada deve ser corrigida desta maneira: Ester, eu a amo.
Outro erro muito comum nesse tipo de frase é a utilização do pronome te, referente à segunda
pessoa do singular, tu.
Como, na maior parte do Brasil, não se usa essa pessoa (tu), é indevido o uso dos pronomes
referentes a ela, como te, a ti, tua, teu, contigo.
No dia-a-dia, o tratamento habitualmente empregado, na maior parte do Brasil, é "você", por
conseguinte todos os elementos relativos a esse pronome devem estar na terceira pessoa (o,
lhe, seu, sua, a você, com você...).
Chega-se à conclusão de que, onde não se usa "tu" costumeiramente, não se deve dizer:
"Ester, eu te amo.", mas sim "Ester, eu amo você." ou "Ester, eu a amo.", como vimos acima.
Porém os brasileiros que se utilizam corretamente da segunda pessoa podem e devem
continuar dizendo "Ester, eu te amo".
Se você não tem certeza de que um verbo requer ou não a preposição "a", consulte um
dicionário. Lá você poderá saber se o verbo é VTI ou VTD.

Algumas fotografias de candidatos a prefeito não foram inseridas na urna


eletrônica.
Mais uma inadequação gramatical retirada de um grande jornal brasileiro. É muito fácil realizar
esta coluna no Vestibuol, caro internauta. Basta-me ler alguns jornais semanalmente que tenho
assunto para o mês todo. Vamos ao assunto de hoje: qual a inadequação cometida pelo
jornalista? É o uso da palavra “inseridas”.
Ocorre que existem alguns verbos na Língua Portuguesa denominados de abundantes. São
verbos que possuem dois particípios: um, mais longo, terminado em –ado ou em –ido, chamado
de particípio regular, que somente deverá ser usado na voz ativa, ou seja, quando o sujeito
praticar a ação verbal; outro, mais curto, com várias terminações, chamado de particípio
irregular, que somente deverá ser usado na voz passiva ou como adjetivo.
Um exemplo fácil de verbo abundante é o verbo “entregar”, já estudado por nós em uma coluna
anterior. Na voz passiva, deveremos usar “entregue”, e na voz ativa “entregado”. Diremos,
então, “ele tem entregado as encomendas” e “as encomendas são entregues por ele”.
Outros verbos abundantes importantes são quitar, anexar e incluir, que terão como particípios
para a voz ativa “quitado, anexado e incluído”, e para a voz passiva, “quite, anexo e incluso”.
Teremos, portanto, frases assim: “Ele tem quitado suas dívidas” e “as dívidas foram quites por
ele”; “Ele tem anexado as fotografias ao processo” e “as fotografias foram anexas ao processo”;
“Ele tem incluído os nomes dos amigos” e “os nomes dos amigos foram inclusos por ele”.
Mais exemplos? Então veja: imprimir: imprimido e impresso. “Ele tem imprimido muitos cartões”;
“os cartões foram impressos por ele”. Eleger: elegido e eleito. “Nós temos elegido muitos
corruptos”; “os corruptos foram eleitos por nós”.

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O verbo da frase inicial – inserir - é abundante, portanto possui dois particípios: inserido e
inserto: “Ele tem inserido os nomes dos amigos”; “os nomes dos amigos foram insertos por ele”.
A frase apresentada deve, então, ser assim reescrita: Algumas fotografias de candidatos a
prefeito não foram insertas na urna eletrônica.

Até ontem, a loja não tinha entregue o aparelho. (errado)


 Entregar é verbo abundante, ou seja, possui dois particípios:

Particípio regular Particípio irregular

Forma locução verbal na voz Forma locução verbal na voz


ativa com o verbo ter ou com passiva com o verbo ser ou com o
o verbo haver; é terminado verbo estar; possui várias
em -ado ou em -ido. terminações: -to, -so, -po...

Portanto, usaremos a palavra entregue somente com ser ou estar. Por exemplo, as frases A
encomenda foi entregue; O aparelho já está entregue. Com ter ou haver, deveremos usar a
palavra entregado. Por exemplo, a frase Ele não tem entregado as encomendas em dia.
Então a frase apresentada está errada. Deveremos corrigir para Até ontem, a loja não tinha
entregado o aparelho.
Veja uma lista de verbos abundantes:

Infinitivo Part. Regular Part. Irregular

Aceitar aceitado Aceito

Acender acendido aceso

contundir contundido contuso

Eleger elegido eleito

Enxugar enxugado enxuto

Expulsar expulsado expulso

imprimir imprimido impresso

Limpar limpado limpo

Murchar murchado murcho

Suspender suspendido suspenso

Pegar pegado pego (ê)

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Ao invés de reclamar, trabalhe! (errado)


Essa é outra expressão que ouvimos diariamente nos mais variados meios sociais. Uns usam
sempre ao invés de; outros, em vez de; outros ainda, as duas indiscriminadamente, sem
perceber que são frases completamente diferentes.
Ao invés significa ao contrário, portanto só deve ser utilizada com a idéia de oposição.
Em vez de significa em lugar de.
Portanto a frase apresentada está errada: Em vez de reclamar, trabalhe!
Outros exemplos: Calava-se diante do namorado, ao invés de falar o que sentia. O elevador,
ao invés de subir, desceu. Estudei química em vez de física.

"A morte dele foi uma perca..." (errado)

NÃO!! "A morte dele foi uma perda."


Que ocorre nessa frase, gramaticalmente?
Ocorre que o substantivo correspondente ao verbo perder é perda, e não perca.
Perca é o Presente do Subjuntivo desse verbo.
Vejamos a teoria:
O Presente do Subjuntivo (que eu...) de qualquer verbo provém da 1ª pessoa do singular (eu)
do Presente do Indicativo (todos os dias eu...), retirando-se a letra o que termina essa pessoa,
acrescentando-se a, para os verbos terminados em er e ir e acrescentando-se e, para os
verbos terminados em ar.
Portanto teremos o seguinte, em relação ao verbo perder: Todos os dias eu perco;
tira-se a letra o e acrescenta-se a letra a:
Que eu perca Que tu percas Que ele perca Que nós percamos Que vós percais Que eles
percam
Porém a frase apresentada não tem verbo, e sim substantivo. Portanto a palavra certa é perda,
que provém do latim "perdita", "perdida", mediante uma forma erudita "perdeda", com
supressão dos fonemas "de", resultando o substantivo "perda".

"Fazem quase três meses que entrei no Vestibuol." (errado)


É extremamente comum se ouvir esse tipo de frase no Brasil. É até capaz de alguns dizerem
que se deve considerá-la certa, pois grande parte dos brasileiros já incorporou essa expressão
em seu linguajar. O meu intuito, porém, é ensinar a língua padrão, e não me resignar às
manifestações lingüísticas populares.
Certo é que futuramente haverá a língua brasileira, estruturada aos moldes plebeus, mas, por
enquanto, temos de respeitar a gramática normativa da língua portuguesa, e ela determina que
o verbo fazer, na indicação de tempo decorrido e de fenômeno da natureza, seja impessoal, ou
seja, nesses casos, o verbo fazer não tem sujeito, por isso não tem com quem concordar,
devendo ficar, obrigatoriamente, na terceira pessoa do singular.
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A frase apresentada, portanto, tem de ser corrigida para: Faz quase três meses que entrei no
Vestibuol.
Se o verbo fazer vier acompanhado de outro verbo, formando, assim, uma locução verbal,
passará a impessoalidade a este verbo (verbo auxiliar), e os dois ficarão no singular.
Outros exemplos: Amanhã fará quinze anos que Zulmira faleceu. Deve fazer oito meses que
ela se foi. Eu não o via fazia três anos.

"Estou de férias!!!" (errado)


É muito bom poder descansar depois de 23 semanas de aulas ininterruptas. É maravilhoso
repor as energias, não é mesmo? Pois é. O único problema é que a frase escrita acima está
errada! O certo é dizer: Estou em férias!!!

"Aonde está você??" (errado)


O cantor Lobão tem uma música maravilhosa em que diz: "Aonde está você? Me telefona. Me
chama, me chama, me chama..."
Harmonicamente perfeita, mas gramaticalmente defeituosa, pois só se deve usar aonde,
quando houver idéia de movimento, de destino, ou seja, só com verbos como ir, vir, voltar,
chegar, cair, comparecer, dirigir-se, que exigem a preposição a. Por exemplo: "Aonde você
irá à noite?" "Aonde chegaremos, com você agindo dessa maneira?" "Aonde caíram as
moedas?"
Não havendo idéia de movimento, mas sim de procedência, deve-se usar donde, ou de onde.
Por exemplo: "Donde você veio?" "De onde você é?"
Não havendo idéia de movimento nem de procedência, usa-se apenas onde. Por exemplo:
"Onde você encontrou isso, menino?" "Onde vocês guardaram minhas roupas?"
O que nunca se pode usar é daonde nem naonde.
Então, corrigindo a frase de Lobão, teremos: Onde está você?
Outro erro cometido por ele é de colocação pronominal. O certo é "Telefone-me. Chame-me,
chame-me, chame-me", mas, convenhamos, fica bem melhor como Lobão cantou, não é
mesmo? E isso é assunto para outra hora. Leia a letra de "Me chama".

"Minha estadia em Itapoá foi ótima." (errado)


Estadia é a permanência de um navio no porto, helicóptero ou avião no aeroporto ou hangar,
automóvel, ônibus, caminhão ou motocicleta na garagem ou no estacionamento.
A permanência de uma pessoa em algum lugar deverá ser caracterizada pela palavra estada.

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Portanto, corrigindo a frase apresentada, teremos: Minha estada em Itapoá foi ótima.

"Ela anda meia nervosa?" (errado)


Não!!! pois a palavra meio, quando intensificar adjetivo (no caso, a palavra "nervosa"), será
advérbio, sendo, conseqüentemente, invariável.
A maneira mais fácil de se observar se meio é advérbio é substituí-lo por outro advérbio de
intensidade qualquer. Por exemplo, coloque a palavra bem no lugar de meio. Se a frase
continuar tendo nexo, este será invariável.
Façamos isso no exemplo apresentado, ou seja, substituamos meio por bem: Ela anda bem
nervosa.
A frase está perfeita, portanto deveremos corrigir a primeira, deixando-a assim: Ela anda meio
nervosa?
Se não for possível substituir meio por bem, então meio pertencerá a outra classe gramatical,
que veremos agora:
* Quando meio modificar substantivo, será adjetivo (com o significado de metade de um todo;
médio, intermediário), por isso concordará com o substantivo.
Por exemplo: Ele bebeu meia garrafa de café. = Ele bebeu metade da garrafa.
* Meio ainda pode ser substantivo, significando ponto médio; centro; o que dá passagem ou
serventia; condição, circunstância; via por onde se chega a um fim, bens de fortuna (neste
último caso, só se usa no plural)...
Outros exemplos:
A situação está meio complicada. = A situação está bem complicada.
Basta-me meia xícara. = Basta-me metade da xícara.
Esse é meu meio de vida. = condição.

"Era para mim estudar?" (errado)


Não. Mim não estuda. Quem estuda sou eu. Que ocorre nessa frase, gramaticalmente?
Ocorre que, como há um verbo (estudar) exigindo sujeito (alguém vai estudar), deveremos
colocar um pronome que funcione como sujeito, um pronome pessoal do caso reto - eu, tu,
ele, ela, nós, vós, eles, elas. Os pronomes oblíquos tônicos - mim, ti, si, ele, ela, nós, vós,
eles, elas (pronomes que só se usam com preposição) - funcionam como complementos.
Então, se não houver verbo à frente, deve-se usar mim ou ti. E se houver verbo exigindo
sujeito, eu ou tu. Portanto a frase apresentada deve ser corrigida: "Era para eu estudar."
Outros exemplos:
• Entre mim e ti tudo se acabou.
• Entre eu sair com você e com ela, prefiro você.
• Este livro é para eu ler.
Mas você deve estar pensando: como vou saber se é sujeito ou não? Então faça o seguinte:
Use eu ou tu sempre, antes de um verbo no infinitivo (verbo terminado em ar, er ou ir).
SEMPRE. Menos quando surgir o seguinte: Verbo de Ligação (ser, estar, parecer, ficar,

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permanecer, continuar), junto de Predicativo do Sujeito, ou os verbos Custar, Bastar, Restar
e Faltar.
Exemplos:
• Foi difícil para mim aceitar a situação.
• Custou para mim entender a matéria.
• Basta para mim estar a seu lado.

"Gosto do UOL, porque é melhor organizado que os outros." (errado)


Nada disso. Completamente errado. O UOL não é melhor organizado que os outros coisa
alguma! Quer saber por quê? Porque os advérbios bem e mal possuem as formas sintéticas de
comparativo melhor e pior, porém, quando forem usados diante de particípios que atuam como
adjetivos, deveremos optar pelas formas analíticas mais bem e mais mal.
Portanto a frase apresentada deverá ser corrigida para: "Gosto do UOL, porque é mais bem
organizado que os outros."
Outros exemplos:
 Ele trabalha melhor sozinho. (Usamos a palavra melhor, porque não há particípio).
 Os alunos de 1999 estão mais bem preparados que os dos anos anteriores.
 Esta é a festa mais mal organizada a que já fui.

"Se o presidente intervisse na questão, os deputados acatavam a decisão."


(errado)
Há dois erros de conjugação verbal nessa frase:
 o primeiro erro é o verbo intervir, pois, quando a oração se iniciar por se ou caso, o verbo
estará no Pretérito Imperfeito do Subjuntivo, e o verbo vir e seus derivados, nesse tempo,
conjugam-se -viesse (se eu proviesse, caso nós interviéssemos), e não -visse;
 e o segundo erro é o verbo acatar, pois, na formação de período composto com Pretérito
Imperfeito do Subjuntivo, deveremos usar o Futuro do Pretérito (acatariam).
Então a frase apresentada deverá ser elaborada desta maneira: "Se o presidente interviesse
na questão, os deputados acatariam a decisão."
Também o Futuro do Subjuntivo - iniciado por se ou quando - do verbo vir e seus derivados é
estruturado ...vier... (se eu provier, caso nós interviermos), e não ...vir.
A maneira de se descobrir se um verbo é derivado de outro é conjugando-o, portanto um verbo
será derivado de vir, quando for conjugado como ele.
Por exemplo:
A primeira pessoa do singular (eu) do Presente do Indicativo (todos os dias...) do verbo vir é
venho (todos os dias eu venho), portanto serão derivados de vir todos os verbos que
apresentarem essa terminação.

Presente do Futuro do Pretérito imperfeito


Por exemplo
indicativo subjuntivo do subjuntivo

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Intervir Todos os dias eu intervenho Se eu intervier Se eu interviesse

Provir Todos os dias eu provenho Se eu provier Se eu proviesse

Advir Todos os dias eu advenho Se eu advier Se eu adviesse

Outros exemplos:
 Se os professores interviessem a nosso favor, conseguiríamos o intento.
 Se ele proviesse do Rio Grande do Sul, não teria esse sotaque de nortista.

"Se ele propor acordo, aceito." (errado)


Há dois erros de conjugação verbal nessa frase:
 o primeiro erro é o verbo propor. Quando a oração se iniciar por se ou quando, o verbo
estará no futuro do subjuntivo, e o verbo pôr e seus derivados, nesse tempo, conjugam-se
-puser (se eu depuser, quando nós compusermos), e não -por;
 o segundo erro é o verbo aceitar, pois, na formação de período composto com futuro do
subjuntivo, deveremos usar o futuro do presente (aceitarei).
Então a frase apresentada deverá ser elaborada desta maneira: Se ele propuser acordo,
aceitarei.
Também o pretérito imperfeito do subjuntivo -iniciado por se ou caso- do verbo pôr e seus
derivados é estruturado ...pusesse... (se eu depusesse, caso nós compuséssemos), e não
...posse.
A maneira de se descobrir se um verbo é derivado de outro é conjugando-o, portanto um verbo
será derivado de pôr, quando for conjugado como ele.
Por exemplo, a primeira pessoa do singular (eu) do presente do indicativo (todos os dias...) do
verbo pôr é ponho (todos os dias eu ponho), portanto serão derivados de pôr todos os verbos
que apresentarem essa terminação. Por exemplo:

Futuro do Pretérito imperfeito do


Por exemplo Presente do indicativo
subjuntivo subjuntivo

propor Todos os dias eu proponho Se eu propuser Se eu propusesse

repor Todos os dias eu reponho Se eu repuser Se eu repusesse

depor Todos os dias eu deponho. Se eu depuser Se eu depusesse

Outros exemplos:
 Quando os músicos compuserem uma boa canção, patrocinarei a banda.
 Se o governador antepusesse sua assinatura, estaria comprometendo-se.
 Se o irmão dela se indispuser contra mim, reclamarei com a coordenadora.

"Se o governo manter as medidas...?" (errado)

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PEGADINHA GRAMATICAL DO PROFESSOR DÍLSON CATARINO
Não!!! Se o governo mantiver as medidas... pois, quando se iniciar oração por se ou
quando, o verbo estará no futuro do subjuntivo, e todos os verbos derivados de ter, nesse
tempo, têm a estrutura ...tiver....
O pretérito imperfeito do subjuntivo (iniciado por se ou caso) desses verbos é estruturado
...tivesse..., e não ...tesse....
A maneira de se descobrir se um verbo é derivado de outro é conjugando-o, portanto um verbo
será derivado de ter, quando for conjugado como ele.
A primeira pessoa do singular (eu) do presente do indicativo (todos os dias) do verbo ter é
tenho (todos os dias eu tenho), portanto serão derivados de ter todos os verbos que
apresentarem essa terminação.

Por exemplo:

Presente do Futuro do Pretérito imperfeito


Por exemplo
indicativo subjuntivo do subjuntivo

manter Eu mantenho Se eu mantiver Se eu mantivesse

entreter Eu entretenho Se eu entretiver Se eu entretivesse

reter Eu retenho Se eu retiver Se eu retivesse

Outros exemplos:
 Quando os alunos se ativerem à aula, entenderão a matéria.
 Se os policiais detivessem todos os automóveis, prenderiam muitos bandidos.
 Se o governo contiver os gastos, economizará milhões de reais.

"Houveram muitos problemas?" (errado)


Não!!! Houve muitos problemas, pois o verbo haver, no sentido de existir ou acontecer,
ou na indicação de tempo decorrido, é impessoal.
Que significa isso? Significa que ele não tem sujeito, conseqüentemente não há com quem ele
concordar, devendo ficar na terceira pessoa do singular, esteja sozinho ou formando locução
verbal com verbo auxiliar, que também deverá ficar na terceira pessoa do singular.
Por exemplo: Poderá haver muitas reclamações, e não "poderão haver".
Outros exemplos: Há duas semanas que não o vejo. Deve haver duzentas pessoas
esperando. Poderá haver complicações legais.

"Meu pai não deixou eu sair." (errado)


Qual o erro da frase acima? O estudante atento deve ter percebido a presença de dois sujeitos,
um para cada verbo apresentado. Quem não deixou? Meu pai. Quem sairá? Eu. Portanto, como
os pronomes pessoais que funcionam como sujeito são eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas,
aparentemente, essa frase está certa.

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PEGADINHA GRAMATICAL DO PROFESSOR DÍLSON CATARINO
No entanto, se observar mais atentamente, constatará que o pronome eu, aparentemente de
novo, funciona como objeto direto do verbo deixar, pois eu fui deixado por meu pai. Aí está
a complicação. Vamos, então, à solução:
O que ocorre é que eu não fui deixado por meu pai, mas sim a ação de sair é que não foi
deixada. Se desenvolvermos a oração, teremos: Meu pai não deixou que eu saísse.
Portanto o objeto direto do verbo deixar é a oração, e não o pronome. Entretanto, ao
reduzirmos a oração, como ocorre na frase apresentada, teremos o pronome de primeira
pessoa ligado ao verbo deixar. Então ele deve ser transformado em pronome oblíquo átono
_me.
Conseqüentemente a frase certa deverá ser: Meu pai não me deixou sair.
Isso ocorre, quando surgirem dois verbos no período: o primeiro, qualquer um dentre estes:
fazer, mandar, ver, deixar, sentir, ouvir; o segundo, qualquer verbo no infinitivo ou no gerúndio.
O sujeito desse segundo verbo não pode ser pronome pessoal do caso reto, e sim pronome
pessoal do caso oblíquo _me, te, se, o, a, nos, vos, os, as.
E, para finalizar, esse sujeito recebe um nome especial: Sujeito acusativo.
Exemplos:
Fizeram-nas falar a verdade e não Fizeram elas falar a verdade.
Deixe-me ler suas poesias e não Deixa eu ler suas poesias.
Eu a vi conversando com Genésio e não Eu vi ela conversando com Genésio.

"Cheguei tarde em casa." (errado)


Ninguém chega tarde em casa, pois o verbo chegar, ao indicar destino, não admite a
preposição em.
Verbos que indicam movimento _ir, vir, voltar, chegar, cair, comparecer, dirigir-se_ admitem três
preposições:
• DE: quando a circunstância apresentada for de procedência: Cheguei de São Paulo
ontem.
• A: quando a circunstância for de destino: Cheguei a Londrina ontem.
• PARA: também quando a circunstância for de destino, porém na indicação de mudança
definitiva. Então, quando digo Irei a São Paulo, significa que irei, mas voltarei em breve.
Mas, quando digo Irei para São Paulo, significa que me mudarei para lá. Portanto a frase
apresentada está errada.
Corrigindo-a, teremos: Cheguei tarde a casa.

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