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A GÊNESE DA LEI CAPIBERIBE:


FRUTO DA TRAJETÓRIA POLÍTICA DE UM CABOCLO PARAENSE

Guilherme Gomes da Silva Júnior1

RESUMO

A Lei Complementar 131/09, Lei Capiberibe ou simplesmente Lei Capi, nasceu da trajetória
pública do caboclo afuaense João Alberto Rodrigues Capiberibe, zootecnista por formação, vivenciou
a época, a má distribuição dos serviços públicos entre as classes sociais do seu município, e, como
consequência, o desequilíbrio socioeconômico, cujos efeitos eram perceptíveis na educação, saúde e
saneamento. Estas percepções provocaram de forma inconsciente e latente questionamentos sobre o
porquê desse desequilíbrio. Seus questionamentos foram responsáveis pelo “insight” que norteou a
sua trajetória na busca de respostas. O pressente artigo se propõem elencar os fatos políticos e
administrativos, ocorridos na sua administração como gestor público no estado do Amapá que
subsidiaram o embrião do que hoje é a norma jurídica de maior relevância no Brasil para a prevenção
e combate a malversação dos recursos públicos, a Lei da Transparência.

PALAVRAS-CHAVE: O Gênesis da Lei Capiberibe.

INTRODUÇÃO

“(...), é o melhor antídoto contra corrupção, dado que ela é mais um


mecanismo indutor de que os gestores públicos ajam com responsabilidade
e permite que a sociedade, com informações, colabore com o controle das
ações de seus governantes, no intuito de checar se os recursos públicos
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estão sendo usados como deveriam.” .

Considerada como um dos primados da democracia brasileira, a Lei


Complementar nº 131, de 27 de maio de 2009, traz na sua essência, o acesso às
contas públicas através de qualquer computador conectado a internet, pela
sociedade civil. Possibilita o acompanhamento e consequentemente, a fiscalização

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Programador - Acadêmico de Direito 1º Semestre - ESMAC - Email:guilherme.gsjr@live.com
2
Portal da Transparência dos Municípios. In: IBDM - Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Municipal. Disponível em: http://www.ibdm.org.br:99/ibdm/servicos/transparencia/transparencia.html.
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em tempo real dos recursos recebidos e aplicados pelas instituições em todas as


esferas. É um instrumento fundamental da sociedade na luta pelo controle e
responsabilidade dos atos dos governos.
O objeto deste estudo é descrever os elementos éticos, políticos e sociais que
possibilitaram o surgimento desta norma à superfície do ordenamento jurídico
brasileiro, com o objetivo de fomentar a discussão sobre a relevante contribuição à
coletividade de um caboclo paraense, natural do município de Afuá, que através da
sua observação, senso crítico e uma ideia fixa; idealizou a princípio de forma
simples, porém transparente os meios necessários para a publicação dos atos de
sua gestão como prefeito de Macapá, fato este que o credenciou ao governo do
Estado do Amapá, e consequentemente ao planalto. Como Senador da República,
junto com sua companheira, a Deputada Federal Janete Capiberibe (CÂMARA DOS
DEPUTADOS, 2011), deram início a mais uma batalha, a de garantir a
constitucionalidade e obrigatoriedade do projeto transparência.

O EMBRIÃO

Nascido de família simples, em 6 de maio de 1947, no município de Afuá,


estado do Pará. João Alberto Rodrigues Capiberibe cresceu às margens do rio
Xarapucu na ilha do Marajó. Aos sete anos mudou-se com a família para a periferia
do Amapá para estudar, ingressando na faculdade de economia de Minas Gerais em
1966, já na companhia de sua esposa Janete Capiberibe. Com a anistia,
estabeleceu-se no município de Cruzeiro do Sul, no estado do Acre, foi
Subsecretário do Desenvolvimento Agrário, no período de 10/01/1984 a 15/05/1985,
posteriormente, já no estado do Amapá respondeu pela Secretaria de Agricultura, no
período de 15/07/1985 a 15/07/1987. Em 1988, candidatou-se ao cargo de prefeito
de Macapá, tendo como linha de campanha apenas a participação da população na
administração municipal. Com isso, o povo o fez prefeito de Macapá, demonstrando
o desejo latente da necessidade da inferência popular na administração pública.
Como ordenador municipal, descobriu que o problema do desequilíbrio no
acesso aos serviços públicos pela população não estava na escassez de recursos,
mas sim, na aplicabilidade de forma irresponsável. Adotou medidas para identificar
de que forma os recursos eram distribuídos, uma delas foi entregar pessoalmente os
contra cheques no primeiro mês de pagamento. Para sua surpresa, restou 440
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contra cheques, fruto do descaso com o erário. Com isso, travou uma luta contra os
interesses de terceiros no orçamento público municipal. Na busca de uma solução
para o orçamento, e no intuito de dividir com a população sua preocupação, teve a
grande ideia. Expor em frente à prefeitura, em um simples quadro negro, as receitas
e despesas mensais para a população. Este ato, apesar de toda a sua simplicidade,
teve o efeito esperado. Aumentou arrecadação, disciplinaram as despesas e claro,
ganhos significativos para a população, sem considerar que foi fator culminante para
sua eleição ao governo do estado do Amapá em 1994.
Como ordenador estadual, descobriu que o problema era o mesmo, porém
num volume financeiro muito maior. Considerando os resultados positivos obtidos
com a transparência municipal, e levando em conta que a estrutura tecnológica a
disposição do estado não eram suficientes para o que se propunha, convidou o
SEPRO para participar do projeto de implantação do Sistema Integrado de
Administração Orçamentário e Financeiro do Estado do Amapá, o qual
disponibilizaria ao governo o acesso a toda movimentação orçamentária e financeira
do estado em tempo real. Com o acesso total aos registros, foi possível avaliar o
desempenho das secretárias, identificando os prestadores de serviços, detectando
os desvios, e as compras muito acima do preço de mercado. De posse dessas
informações, foram tomadas as medidas cabíveis, dentre elas a suspenção de
licitações e o afastamento dos responsáveis. Embora satisfeito com os resultados,
faltava ainda à transparência para a população em tempo real. Para que isso
acontecesse havia a necessidade da disponibilização eletrônica.
De posse do segundo mandato, e obstinado pela transparência, buscou
recursos e tecnologia para implantar um link de internet, que possibilitasse a
disponibilização para a população em tempo real. Isto aconteceu em 2002, tornando
o governo do Amapá pioneiro na disponibilização da transparência dos atos do
governo para os cidadãos em tempo real. Porém não conseguiu transformar esta
prática em lei, o que lhe causou frustação, pela possibilidade da não continuidade do
projeto transparência nos próximos governos.
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O NASCIMENTO

Em abril de 2002, desincompatibilizou-se do cargo de governador, e


juntamente com sua esposa, concorrerão respectivamente aos cargos de Senador e
Deputada Federal, unindo forças a fim de garantir no Senado da República e na
Câmara dos Deputados, empenhos satisfatórios na busca da constitucionalidade e
obrigatoriedade do projeto transparência.
Eleitos e empossados, iniciaram em 14 de abril de 2003, a batalha legislativa,
com a apresentação simultânea no Senado e na Câmara dos Deputados das
preposições. No Senado, João Capiberibe, deu entrada no protocolo da casa, no
projeto de lei complementar sob o número 130/2003. No mesmo dia, às 14h02min,
na Câmara dos Deputados, sua esposa Janete Capiberibe, deu início a preposição
com o mesmo teor, conforme registros da sessão plenária de nº 047.1.52. O. A
aprovação pelo Senado ocorreu em 10 de novembro de 2004, remetido à apreciação
da Câmara dos Deputados em 16 de novembro de 2004. A partir dai, começa um
longo processo de negociação, que envolveram discursos, defesas, inclusive perca
dos mandatos, até que, após uma tramitação que perdurou por sete anos e três
meses, e da luta incansável no plenário da Deputada Janete Capiberibe, com seus
discursos persistentes, a Câmara dos Deputados, ratificou o projeto, aprovando em
12 de maio de 2009, por unanimidade, com 389 votos a favor, nenhum contra e uma
abstenção. A sanção presidencial ocorreu em 28 de maio de 2009, transformando-a
em norma jurídica. Em 30 de julho de 2009, foi arquivada na secretaria do senado,
onde repousa à luz da democracia.

Tabela 1 – Tramitação da Lei Capiberibe no Senado.


DATA MATÉRIA AUTOR EMENTA
14/04/2003 PROJETO DE LEI SENADOR - “Acrescenta dispositivos à Lei
Nº 130, DE 2003. João Complementar nº 101, de 4 de maio de
Capiberibe 2000, [...]”. (SENADO FEDERAL, 2011)
11/08/2004 REQUERIMENTO LIDERES - “Requer, nos termos do inciso II do art.
Nº 1136, DE Líderes 336 do Regimento Interno, urgência
2004. Partidários para o Projeto de Lei do Senado nº 130,
de 2003-Complementar, de autoria do
Senador João Capiberibe [...]” .
(SENADO FEDERAL, 2011)
Fonte: (SENADO FEDERAL, 2011)
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Tabela 2 – Tramitação da Lei Capiberibe na Câmara dos Deputados.


DATA SESSÃO EMENTA
14/04/2003 047.1.52.0 Apresentação de proposta de inserção de dispositivos na Lei
Complementar nº 101, de 2000, para garantia da transparência na
movimentação orçamentária e financeira do Poder Público, por
meio da divulgação de balancetes pela Internet.
04/03/2009 024.3.53.0 Defesa de aprovação do Projeto de Lei Complementar nº 217, de
2004, a respeito da divulgação, por meio da Internet, de gastos
públicos.
09/03/2009 028.3.53.0 Acerto da divulgação dos gastos dos Deputados com a verba
indenizatória. Confiança na aprovação do Projeto de Lei
Complementar n° 217, de 2004, a respeito da transparência na
execução orçamentária e financeira da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios.
12/05/2009 102.3.53.0 Regozijo com a aprovação do projeto de lei complementar, de
autoria do ex-senador João Capiberibe, sobre a publicação de
contas públicas, em tempo real, pela Internet.
Fonte: (CÂMARA DOS DEPUTADOS - JANETE CAPIBERIBE, 2011)

Ao observamos a trajetória percorrida pela norma, que inicia em 1988, com


fato social ocorrido na administração municipal do município de Macapá, com seu
término em 2009, com a sanção presidencial, identificamos aspectos fundamentais
que merecem destaques para que possamos avaliar e compreender os elementos
que permeiam o processo político, ora em voga. Essa compreensão é salutar para
que nós cidadãos, que mantemos a máquina pública, saibamos a real situação do
erário, e no conjunto, façamos uma reflexão no nosso comportamento, como objeto
principal de ação no processo fiscalizatório dos recursos arrecadados e aplicados,
que em tese seriam para benefício de nos mesmos.
Recorrendo a Antropologia, destaco o comportamento da sociedade no trato
da coisa pública, entendo que os motivos são oriundo dos efeitos recorrentes da
colonização. Para tal, tomo como fiador, trechos da leitura do Sermão do Bom
Ladrão, do padre Vieira, de 1655, quando na presença do Vice-Rei de Portugal,
enfatiza que tempos antes, denunciara o seguinte: “Perde-se o Brasil porque alguns
Ministros de Sua Majestade não vem cá buscar nosso bem, vêm buscar nossos
bens”. (Pde. Vieira, 1655).

Ao analisar o comportamento político cultural do Brasil no tempo e espaço,


percebo que é absurdamente comum entre as classes sociais o termo: “rouba mais
faz”, isto descreve um pensamento abastecido pela carência da cidadania e senso
crítico, mantida pela escassez no acesso e na qualidade da educação, que é
oferecida por aqueles que têm o dever constitucional de garantir as condições
necessárias para o desenvolvimento com qualidade.
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Assim com a transparência nos governos é uma realidade hoje, urge a


necessidade de tornar o direito parte do cotidiano da população. A familiarização, o
entendimento dos direitos e deveres da sociedade precisa de mecanismos de
transparência e publicidade, para que os cidadãos possam em um primeiro
momento conhecer, interpretar, para que de posse dessas fundamentações, tomar
um norte que os guiem na busca da cidadania, pela estrada da democracia, sendo
orientados pela luz do direito.

METODOLOGIA

O método utilizado foi o descritivo exploratório, relatando os acontecimentos


no tempo e espaço, com base nas pesquisas bibliográficas e fatos relatados,
fazendo inferências explicativas para relacionar os acontecimentos de acordo com o
objeto deste artigo. Os recursos utilizados foram periódicos, portais do governo,
arquivos da câmara dos deputados federais e sítios específicos dos envolvidos no
artigo.
CONCLUSÃO

Que fique o registro em nossas mentes, que, por traz do direito positivado, da
norma em si, da Lei em vigor, cuja finalidade é dirimir os entraves que possam ser
previstos dentro do nosso ordenamento jurídico, há todo um conjunto de processos,
que me atrevo a dizer, de valor histórico. Dentre eles, o princípio da uma caminhada
que culmina com o bem comum, que por regra geral, não se dar a importância que
de fato lhe é devida. A compreensão desses fatos assim exposto, foram
responsáveis pela escolha do tema deste artigo. Porque estes processos sempre
estão repletos de elementos que envolvem a participação dos cidadãos, que de
forma cívica, reivindicatória ou simplesmente fiscalizadora, contribui para a
manutenção da ordem social. Nessa busca, observamos que há interesses que
sobressaem ao da coletividade, há interesses que turvam o que poderia ser límpido.
Mas, se temos o compromisso com a democracia, se buscamos o bem comum,
vamos encontrar no bojo da sociedade, pessoas e entidades, que não se curvaram
frente aos obstáculos, proporcionando mecanismos de controle e fiscalização para
que haja mais equilíbrio na distribuição dos recursos públicos. E nesse tempo, e
somente nesse, é que vamos perceber quão importante é o estado democrático de
direito.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Senado Federal. Portal Senadores. Disponível em:


<http://www.senado.gov.br/senadores/senLegisAnt.asp?leg=a&tipo=3&nlegis=53&en
d=s&codparl=3394>. Acesso em: 10 mai. 2011.

Conheça os Deputados. Portal da Câmara dos Deputados. Disponível em:


<http://www2.camara.gov.br/deputados/pesquisa/layouts_deputados_biografia?pk=1
08194>. Acesso em: 10 mai. 2011.

Wikipédia. João Capiberibe. Disponível em:


<http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Capiberibe/>. Acesso em: 13 mai. 2011.

Veja nas Eleições. João Capiberibe. Disponível em:


<http://veja.abril.com.br/blog/eleicoes/tag/joao-capiberibe/>. Acesso em: 13 mai.
2011.

Janete Capiberibe | Deputada Federal PSB/AP. Janete Capiberibe. Disponível em:


<http://janete.capiberibe.net>. Acesso em: 10 mai. 2011.

Lei Capiberibe.net. Portal da Lei Capiberibe, a Lei da Transparência. Disponível


em: <http://leicapiberibe.net/2009/07/05/ideia-fixa-cada-um-tem-a-sua-2/>. Acesso
em: 10 mai. 2011.

Lei Complementar 101/2000. Presidência da República, Casa Civil. Disponível


em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp101.htm>. Acesso em: 10
mai. 2011.

Lei Complementar 131/2009. Presidência da República, Casa Civil. Disponível


em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp131.htm>. Acesso em: 10
mai. 2011.

ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO. Procuradoria Fiscaliza Implantação de Portais


de Transparência de Municípios Goianos. Disponível em:
<http://www.agu.gov.br/sistemas/site/TemplateTexto.aspx?idConteudo=155353&id_s
ite=3>. Acesso em: 13 mai. 2011.

PASSARINHO, P. A explicação da Sociologia política. O LIBERAL, Belém


, 15 mai. 2011. Caderno de atualidades, p. 2.

Portal da Transparência dos Municípios. In: IBDM - Instituto Brasileiro de


Desenvolvimento Municipal. Disponível em:
http://www.ibdm.org.br:99/ibdm/servicos/transparencia/transparencia.html.

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