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FUNCIONAMENTO

DO PARLAMENTO
FRANCÊS

LÚCIO REINER
Consultor Legislativo da Área XIX
Ciência Política, Sociologia Política
História, Relações Internacionais

JANEIRO/2000
Lúcio Reiner 2

© 2000 Câmara dos Deputados.


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Câmara dos Deputados


Praça dos 3 Poderes
Consultoria Legislativa
Anexo III - Térreo
Brasília - DF

Funcionamento do Parlamento Francês Nota Técnica

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INTRODUÇÃO

A
presente nota técnica limita o seu escopo a
pontos específicos do regimento interno da
Assembléia Nacional da França, equivalente
a nossa Câmara dos Deputados. O Senado francês não foi incluído
por tratar-se de câmara alta cujos membros são eleitos mediante
sufrágio indireto em colégio eleitoral, o que dificulta a comparação
com o nosso Senado Federal.. A análise tomou por base o
“Règlement de l’Assemblée Nationale” (Regimento Interno da
Assembléia Nacional), 8ª edição, de setembro de 1990.
Cumpre, à guisa de introdução, caracterizar de forma
sucinta o regime político francês. Difere este de forma marcante
do regime político brasileiro, o que limita sobremaneira a tarefa
comparativa. Em primeiro lugar, a organização do estado francês
é centralizada, trata-se de país unitário, ao invés de nação
federativa. A seguir, o regime de governo é semi-presidencialista,
caracterizado por um sistema híbrido, único no mundo, cujas
características são: eleição pelo voto direto do presidente da
república para um mandato de 7 anos, com direito a candidatar-
se à reeleição; em aditamento, conta com um gabinete, presidido
por um Primeiro-Ministro, nomeado pelo Presidente da República
dentre os deputados do partido ou coalizão majoritária. O
presidente ocupa-se da política externa e da defesa nacional e
preside o Conselho de Ministros. O presidente, também, nomeia
e demite os ministros atendendo solicitação do Primeiro-Ministro.
Vamos abordar, a continuação, alguns aspectos
relativos ao funcionamento geral da Assembléia Nacional da
França: sessões legislativas, períodos de recesso, controle da
presença dos parlamentares, remuneração dos parlamentares e
funcionamento durante período eleitoral.
Para maior clareza as menções ao regimento interno
da Assembléia nacional francesa estão em redondo (ex.: 16,1) e
as referências à Constituição francesa em itálico (ex.: 16,3).

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1. SESSÕES LEGISLATIVAS

A Assembléia Nacional, de acordo com o estipulado no art. 60,1, reúne-se anualmente


em dois períodos (art. 60,1). A primeira sessão legislativa tem duração máxima de 80 dias e a segunda
de 90 dias, conforme o art. 28 da constituição. A primeira sessão tem início em 2 de outubro e a
segunda em 2 de abril - ou dia útil imediatamente subseqüente - caso tais datas sejam sábados,
domingos ou feriados. Assim, a Assembléia Nacional da França funciona regularmente 170 dias por
ano, 4 dias por semana.
1.1. Organização da Sessões Legislativas
As sessões legislativas regem-se pelo art. 50 do regimento interno. No inciso (1) consta
que as sessões públicas terão lugar de terça a sexta-feira, no período da tarde. Caso a ordem do dia
assim o exija, poderá haver sessões extraordinárias, salvo nas terças ou quintas pela manhã, quando
se reúnem as comissões (50,2). As sessões extraordinárias poderão ocorrer inclusive nas terças e
quintas pela manhã quando se aplicarem os seguintes dispositivos constitucionais: art. 18 da
constituição (leitura de mensagem do presidente da república); art. 35 (declaração de guerra); art. 36
(estado de sítio por mais de 12 dias) e art. 49 (voto de confiança no governo), conforme explicitado
no art. 50,6 do regimento interno. O art. 50, 7 estipula que as sessões só podem prolongar-se além da
meia-noite por solicitação do governo ou por decisão do plenário.

2. PRESENÇAS DOS PARLAMENTARES

O controle da presença dos parlamentares não está especificado no regimento interno.


Todavia, o art. 61,1 estipula que as votações da ordem do dia terão lugar qualquer que seja o número
de presentes. O líder de um bloco parlamentar ou partido pode requerer verificação de quorum antes
da abertura dos trabalhos. Contudo, caso a sessão seja suspensa por falta de quorum, os trabalhos
recomeçarão, qualquer que seja o número de presentes, uma hora depois da suspensão, podendo
ocorrer votações.
Os deputados podem delegar seu voto (art. 62,2,3 e 4) a outro parlamentar pela duração
que estipularem, tal delegação pode, inclusive, ser feita mediante telegrama.

3. FUNCIONAMENTO DA ASSEMBLÉIA EM PERÍODO ELEITORAL

Considerando o restrito período de funcionamento do Poder Legislativo francês - 170


dias por ano, no máximo - as campanhas eleitorais podem transcorrer sem paralisar os trabalhos
legislativos. Acresce que as campanhas eleitorais na França são de curtíssima duração (3 a 4 semanas)
em função, também da organização eleitoral em pequenos distritos uninominais e das (para nos)
reduzidas dimensões territoriais da França e de sua densa infra-estrutura de comunicações.

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4. REMUNERAÇÃO DOS DEPUTADOS

Inexiste referência à remuneração dos parlamentares tanto na Constituição como no


regimento interno. Com efeito, na França, assim como em outras democracias ocidentais (Grã-
Bretanha, EUA, Alemanha, Espanha), o tema salarial não é considerado assunto que mereça constar
da Lei Maior ou ser especificado no regimento interno do Congresso. Os salários dos membros do
parlamento, assim como os do presidente da república, ministros de estado, juizes e funcionários
públicos em geral regem-se pelo estatuto da função pública ou portarias específicas. A existência de
um plano de cargos e salários estável, transparente e eficiente confere à questão salarial dos servidores
públicos sua real dimensão.
4.1. Vencimentos
Os vencimentos dos Deputados são calculados pela média da menor e da maior
remuneração da categoria dos funcionários públicos dita “fora da escala”.
Recebem, também, ajuda para moradia equivalente a 3% dos vencimentos brutos.
Por fim, contam com adicional de função, equivalente a 25% dos vencimentos mais os
3% da ajuda moradia. Cumpre destacar que este adicional de função é isento de imposto de renda.
Total bruto mensal em 1º de abril de 1999: 42.295,76 FF, aproximadamente equivalentes
a R$ 12.015,00.
4.2. Outras fontes de renda
4.2.1. Acumulação de mandatos. Na França, os Deputados podem acumular diversas
funções (Ministros de Estado, Prefeitos, Vereadores). Boa parte dos Deputados da Assembléia
Nacional francesa possui outros cargos, normalmente em suas bases eleitorais. Contudo, desde 1992,
existe um teto para essa remuneração adicional que é de 16.425,54 FF mensais, aproximadamente
equivalentes a R$ 4.666,00.
4.2.2. Verba de representação. A verba de representação destina-se a “cobrir todas as
despesas, ligadas ao mandato parlamentar, não assumidas ou reembolsadas pela Assembléia Nacional”.
Total mensal: 35.319 FF que correspondem a R$ 10.035,00.
4.2.3. Verba de gabinete. Destina-se a pagar os funcionários contratados pelo Deputado
que podem ser 5, no máximo. Caso o Deputado não utilize o total dessa verba o montante remanescente
pode ser repassado ao partido político correspondente. Total mensal: 42.003 FF, ou aproximadamente
R$ 11.932,00.
4.3. Resumo. Remuneração mensal total: 94.040 FF (aproximadamente. R$ 26.716,00).
Remuneração mensal total mais verbas de gabinete: 136.043 FF (aproximadamente. R$
38.648,00).

CONCLUSÕES

Devido ao fato de a França ter um sistema político híbrido, a atuação do Congresso é


nitidamente diversa da do Parlamento brasileiro. Como o governo representa, obrigatoriamente, a
maioria parlamentar, suas relações com o legislativo são menos tensas do que em regime
presidencialista. Quanto à remuneração dos parlamentares deve-se levar em consideração que muitos

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recebem proventos de outras fontes posto que o exercício da função parlamentar não é exclusivo,
permitindo-lhes continuar a exercer suas profissões. Por fim, o sistema francês confere um papel
menos protagonístico ao Parlamento, o poder sendo exercido pelo Presidente da República e pelo
Primeiro-Ministro. Este, de fato, representa o Poder Legislativo, pois dele emana o governo, que
corresponde ao partido ou coalizão vencedores das eleições. A Assembléia Nacional resta o poder de
questionar o governo e, sobretudo, derrubá-lo. Assim, as funções legislativas na França ( e na maioria
de países que adotam formas de governo de tipo parlamentarista) ficam reduzidas, na prática, ao
poder de derrubar o governo.

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