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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

O presidente Barack Obama surpreendeu autoridades ao defender, em pronunciamento no último dia 19 de


maio, a criação de um Estado palestino com base nas fronteiras definidas em 1967.

    

Foi a primeira vez que um presidente norte-americano manifestou apoio aos palestinos nesses termos. Há
décadas os árabes lutam por um Estado independente em regiões ocupadas por Israel após a Guerra dos Seis
Dias.

Mas, por que os Estados Unidos aparentemente mudaram o tom nas negociações de paz entre Israel e os
palestinos? Por que as fronteiras pré-1967 causam tanta polêmica?

Primeiro, é preciso entender um pouco a história do conflito no Oriente Médio. Ela se resume a uma disputa
violenta por territórios e recursos naturais.

No século 19, colonos judeus foram incentivados a migrarem da Europa para a Palestina. O objetivo era
constituir o Estado de Israel. Porém, os árabes já habitavam a região há séculos.

Durante a perseguição nazista aos judeus, na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o fluxo migratório se
intensificou.

Em 1947, a ONU (Organização das Nações Unidas) propôs a divisão da Palestina entre árabes e judeus, em
dois Estados independentes. Jerusalém, cidade considerada sagrada por cristãos, judeus e muçulmanos, foi
colocada sob controle internacional, para evitar conflitos. Os árabes não aceitaram o acordo e, no ano seguinte,
Israel se tornou um Estado independente.

A tensão entre Israel e países árabes culminou na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Ao fim dos combates, os
israelenses assumiram o controle da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental, então pertencente à Jordânia, da Faixa
de Gaza e da Península do Sinai, domínios do Egito, e das Colinas de Golã, território da Síria.

Os árabes que viviam nessas terras foram expulsos ou se retiraram para campos de refugiados. Os judeus,
incentivados pelo governo, começaram a criar assentamentos em Gaza e na Cisjordânia.

Nos anos seguintes, ocorreram outras guerras, massacres, atentados terroristas pelo mundo e revoltas nos
territórios ocupados. A Península do Sinai foi finalmente devolvida ao Egito em 1982, e a Faixa de Gaza,
entregue aos árabes em 2005.

  

A proposta de retorno às fronteiras anteriores a 1967 significa que Israel teria que desocupar os assentamentos
da Cisjordânia, onde vivem cerca de 300 mil judeus (e 2,5 milhões de palestinos). E teria também que abrir mão
de Jerusalém Oriental, que os palestinos querem transformar na capital de seu Estado.

Essa reivindicação das nações árabes tem respaldo na Resolução 242 da ONU, de 1967, que determina a
desocupação das áreas palestinas. O documento, contudo, nunca foi seguido por Israel.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, considera que, tanto a remoção dos assentamentos
israelenses da Cisjordânia quanto a devolução de Jerusalém Oriental aos árabes - dividindo novamente a capital
em duas -, colocaria Israel em risco de atentados terroristas.

Seria como alugar um quarto em casa para o pior inimigo. O argumento é de que, quando as tropas israelenses
deixaram Gaza, em 2005, o Hamas passou a atirar mísseis contra o lado israelense da fronteira.

Portanto, o governo dos Estados Unidos, aliado histórico de Israel, sabe que o retorno às fronteiras de 44 anos
atrás é irreal. E nem foi isso que o presidente Obama quis dizer em seu pronunciamento, repudiado pelo premiê
israelense.

Na verdade, Obama defendeu a formação de um Estado palestino com base nas fronteiras acertadas pela ONU,
em 1967, com ajustes à realidade atual de ambos os povos. Ou seja, os colonos judeus não teriam que
efetivamente deixar as regiões ocupadas, apenas o governo teria de negociar a cessão de terras com os
palestinos.

Na prática, nada mudou. A intenção do presidente norte-americano foi mais tática. O objetivo era conter a
iniciativa da Autoridade Nacional Palestina de buscar na Assembleia da ONU, em setembro, o reconhecimento
unilateral para o Estado palestino, isolando Israel. A posição americana visa chamar os árabes de volta à mesa
de negociações com os judeus.

Em discurso no Congresso americano no dia 24 de maio, Netanyahu enfatizou sua posição contrária em relação
às fronteiras de 1967. Ele também disse que Jerusalém não será dividida com os palestinos.

O primeiro-ministro citou ainda que o obstáculo para novos acordos é a aliança da Autoridade Palestina com o
Hamas, grupo considerado terrorista que prega a destruição do Estado israelense.

Os empecilhos, de fato, são mútuos: do lado palestino, o radicalismo do Hamas, e do lado israelense, a
insistência da direita, representada pelo premiê, de não abrir mão da "terra santa".

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× Atlas do Oriente Médio (Publifolha): livro de Dan Smith explica a origem dos conflitos no Oriente
Médio.

× !romessas de um Novo Mundo (2001): documentário mostra as diferenças entre palestinos e israelenses
na visão de crianças que vivem em Jerusalém.

  
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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

O Congresso chegou a um impasse na votação do projeto de lei que altera o Código Florestal brasileiro. Os
ruralistas defendem as alterações propostas pelo governo, que irão beneficiar os pequenos agricultores,
enquanto os ambientalistas temem o risco de prejuízos ao meio ambiente.

    

O Projeto de Lei no 1.876/99, elaborado pelo deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB), tramita há 12 anos na
Câmara dos Deputados, em Brasília. Ele foi aprovado em julho do ano passado por uma comissão especial e
colocado em pauta para ser votado no último dia 12 de maio. Porém, prevendo uma derrota, a bancada
governista retirou o projeto de pauta, que agora não tem prazo definido para voltar ao plenário.

O Código Florestal reúne um conjunto de leis que visam à preservação de florestas, como limites para
exploração da vegetação nativa e a definição da chamada Amazônia Legal (área que compreende nove Estados
brasileiros). O primeiro código data de 1934 e o atual (Lei no 4.771), de 1965.

O documento adquiriu maior importância nos últimos anos por conta das questões ambientais. Ao mesmo
tempo, precisa ser atualizado para se adequar à realidade socioeconômica do Brasil.

Estima-se que 90% dos produtores rurais estejam em situação irregular no país, pois não seguiram as
especificações do código de 1965. Eles plantam e desmatam em locais proibidos pela legislação. É o caso, por
exemplo, de plantações de uvas e café nas encostas de morros e de arroz em várzeas, em diversas regiões do
país.

Para regularizar a condição dessas famílias, o novo Código Florestal propõe, entre outras mudanças, a
flexibilização das regras de plantio à margem de rios e de reflorestamento. Os ambientalistas, no entanto,
contestam o projeto. Segundo eles, haverá incentivo ao desmatamento e impactos no ecossistema.

O desafio será equacionar a necessidade de aumentar a produtividade agrícola no país e, ao mesmo tempo,
garantir a preservação ambiental.

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Entre os principais pontos polêmicos do novo Código Florestal estão os referentes às APPs (Áreas de
Preservação Permanente), à Reserva Legal (RL) e à "anistia" para produtores rurais.

Áreas de Preservação Permanente são aquelas de vegetação nativa que protege rios da erosão, como matas
ciliares e a encosta de morros. O Código Florestal de 1965 determina duas faixas mínimas de 30 metros de
vegetação à margem de rios e córregos de até 10 metros de largura. A reforma estabelece uma faixa menor, de
15 metros, para cursos d'água de 5 metros de largura, e exclui as APPs de morros para alguns cultivos.

Entidades ambientalistas reclamam que a mudança, caso aprovada, aumentará o perigo de assoreamento e
afetará a fauna local (peixes e anfíbios), além de incentivar a ocupação irregular dos morros, inclusive em áreas
urbanas. Já os ruralistas acreditam que a alteração vai ajudar pequenos produtores, que terão mais espaço para a
lavoura.

Um segundo ponto diz respeito à Reserva Legal, que são trechos de mata situados dentro de propriedades rurais
que não podem ser desmatados. Cerca de 83 milhões de hectares estão irregulares no Brasil, segundo a SBPC
(Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).

A lei determina que todo dono de terreno na zona rural deve manter a vegetação nativa em proporções que
variam de acordo com o bioma de cada região. Na Amazônia é de 80%, no cerrado, 35%, e nas demais regiões,
20%.



O projeto exclui a obrigatoriedade para pequenos proprietários (donos de terras com até quatro módulos fiscais,
ou, aproximadamente, de 20 a 400 hectares) de recuperarem áreas que foram desmatadas para plantio ou
criação de gado. Para os médios e grandes proprietários são mantidos os porcentuais, com a diferença de que
eles poderão escolher a área da RL a ser preservada. O dono de uma fazenda em Mato Grosso, por exemplo,
poderia comprar terras com vegetação natural em Minas para atender aos requisitos da lei.

Para a oposição, há pelo menos dois problemas. Fazendeiros podem dividir suas propriedades em lotes
menores, registrados em nome de familiares, para ficarem isentos da obrigação de reflorestamento. E, caso
possam comprar reservas em terrenos sem interesse para a agricultura, poderão criar "bolsões" de terras áridas.
A bancada ruralista, ao contrário, acredita que a medida vai favorecer produtores que não têm condições de
fazer reflorestamento.

O terceiro ponto de discórdia diz respeito à anistia para quem desmatou, tanto em Áreas de Preservação
Permanente quanto em Reserva Legal. O Código Florestal prevê que serão multados proprietários que
desmataram em qualquer época. O texto em debate isenta os produtores de multas aplicadas até 22 de julho de
2008 - data em que entrou em vigor o decreto regulamentando a Lei de Crimes Ambientais. Os contrários à
proposta acham que a anistia criará precedente que irá estimular a exploração predatória das florestas.

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× !rojeto de Lei no 1.876, de 1999: projeto que institui o novo Código Florestal, que será votado na
Câmara dos Deputados.

× A Floresta Amazônica (Publifolha): livro do jornalista Marcelo Leite que explica como a exploração
econômica vem destruindo a maior floresta tropical do mundo.

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Numa decisão histórica no país, os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) reconheceram no dia 5 de
maio a união estável de casais homossexuais, que passam agora a ter os mesmos direitos civis que
heterossexuais.

    

Na prática, casais do mesmo sexo poderão adotar filhos, incluir parceiros como dependentes no plano de saúde,
fazer declaração conjunta do Imposto de Renda, adotar o sobrenome do cônjuge e receber pensão e herança,
entre outros direitos previstos na legislação brasileira. A única restrição continua sendo o casamento civil.

Com essa resolução do Supremo, o Brasil segue uma tendência em voga em outros países democráticos,
inclusive na América Latina, de equiparar os direitos civis de heterossexuais aos de homossexuais.
A mudança atinge pelo menos 60 mil pessoas do mesmo sexo que vivem juntas no país, de acordo com dados
do Censo 2010. O número representa 0,2% do total de cônjuges em toda a nação.

A Igreja Católica reagiu contra a decisão, pois defende a família como uma relação constituída por pessoas de
sexos opostos. Entidades ligadas aos direitos homossexuais comemoraram o resultado como um avanço social e
de cidadania.

A discussão dos ministros se deu em torno da interpretação do artigo 1.723 do Código Civil. O artigo diz que:
"É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência
pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família."

Segundo os magistrados, o Código deve ser interpretado conforme o artigo 3º. , inciso IV, da Constituição
Federal. A Carta afirma que é objetivo da República "promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação".

O que os ministros do STF fizeram foi estender os direitos previstos na legislação para casais gays em uniões
estáveis. Eles devem, a partir de agora, ser reconhecidos como "entidade familiar". A decisão do Supremo foi
unânime.

"Por que o homossexual não pode constituir uma família" Por força de duas questões que são abominadas pela
Constituição: a intolerância e o preconceito?, disse o ministro Carlos Ayres Britto, relator do caso.

O STF foi provocado por duas ações distintas, uma proposta pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e
outra pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB).

 

Antes do pronunciamento do Supremo, homossexuais tinham que entrar com ações na Justiça para terem seus
direitos civis reconhecidos como casais. Ficavam, dessa forma, sujeitos ao entendimento do juiz da comarca.

Hoje, se um casal gay recorrer à Justiça, provavelmente irá ganhar a causa. Isso porque a decisão do Supremo
foi vinculante, o que significa que os juízes de instâncias inferiores deverão seguir o que os ministros
deliberaram sobre o assunto.

No entanto, para que a concessão dos benefícios seja automática, será preciso que o Congresso vote leis
específicas. É o caso da adoção de crianças, por exemplo, que pode ser mais difícil de conseguir, pois não
houve uma definição sobre este tema no julgamento do STF.

O casamento civil será outro desafio: nenhum cartório é obrigado a casar pessoas do mesmo sexo. E, mesmo
que o casal entre com um processo civil, a determinação da Corte pode não se aplicar neste caso. O motivo é
que os magistrados reconheceram a união estável (convivência entre duas pessoas sem registro jurídico), não o
casamento civil.

Na Câmara dos Deputados em Brasília tramitam oito projetos de lei relacionados à união homossexual, entre
eles a regularização do casamento civil. Em geral, esses projetos ficam anos parados, porque o tema é polêmico
e os políticos temem contrariar seu eleitorado. Um exemplo é o Projeto de Lei Complementar (PLC) 122, de
criminalização da homofobia, que tramita há anos no Legislativo.

O julgamento do Supremo, porém, deve abrir caminho para a votação desses projetos de lei, ao mesmo tempo
em que dificultará a aprovação de outros, restritivos aos direitos dos homossexuais. Mesmo que uma lei que
vete a adoção de filhos por gays seja aprovada no Congresso, por exemplo, seria hoje considerada
inconstitucional.

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Em julho do ano passado, a presidente argentina Cristina Kirchner promulgou uma lei que permite o casamento
de homossexuais. A Argentina foi o primeiro país na América Latina (o segundo no continente depois do
Canadá) e o décimo no mundo a legalizar a união entre pessoas do mesmo sexo.

Outros nove países possuem leis específicas sobre casamento homossexual válidas para todo território nacional:
Holanda, Espanha, Bélgica, África do Sul, Canadá, Noruega, Suécia, Portugal e Islândia.

Na América do Sul, países como o Uruguai e Colômbia somente autorizam as uniões civis de casais gays, sem
reconhecer direitos e deveres jurídicos. Nos Estados Unidos, seis estados permitem o casamento homossexual:
Massachusetts, Connecticut, Iowa,Vermont, New Hampshire e Washington. A Cidade do México também
aprovou uma lei semelhante em 2010.

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× ieflexões Sobre a Questão Gay (Companhia de Freud): livro escrito pelo escritor e filósofo francês
Didier Eribon, que trata do preconceito aos homossexuais ao longo da história e dos movimentos gays
modernos.
× Milk - a voz da igualdade (2008): filme dirigido por Gus Van Sant e estrelado por Sean Penn, baseado
na história de Harvey Milk, o primeiro gay assumido a conseguir um cargo público de importância nos
Estados Unidos, em 1977.

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Osama bin Laden, responsável pelo maior ataque terrorista em solo norte-americano, foi morto no último
domingo (1º. de maio) por forças especiais da Marinha dos Estados Unidos. Ele estava escondido em uma
cidade próxima à Islamabad, capital do Paquistão. O saudita, de 54 anos, era o homem mais procurado no
mundo.

    

A morte de Bin Laden foi anunciada pelo presidente norte-americano Barack Obama a poucos meses do
aniversário de dez anos dos atentados de 11 de setembro de 2001.

De acordo com a Casa Branca, o líder da Al-Qaeda resistiu à prisão e foi baleado na cabeça e no peito. O corpo
foi lançado ao mar após um ritual religioso feito conforme a tradição islâmica. O motivo do sepultamento no
oceano seria o fato de que dificilmente algum país aceitaria receber os restos mortais do terrorista para um
funeral.

O anúncio da morte do terrorista foi comemorado em Nova York e em Washington, cidades alvos dos ataques
do 11 de setembro. O governo dos Estados Unidos decretou alerta máximo em bases militares e para viagens
turísticas, em vista de eventuais retaliações de radicais islâmicos.

As consequências da morte de Bin Laden, porém, ainda são incertas. Os seguidores do extremista em todo
mundo poderão se unir em torno de sua figura de mártir, ou então, o fim da caçada ao terrorista poderá abreviar
o término da guerra no Afeganistão, iniciada para promover sua captura e de outros líderes da Al Qaeda.

O que é certo, dizem os analistas, é que o episódio não foi o capítulo final da luta contra o terrorismo
globalizado.

Nos últimos anos, Bin Laden exercia uma influência mais simbólica do que efetiva no comando da Al Qaeda.
Os esforços por sua captura o obrigavam a viver em esconderijos e com poucos contatos. Na prática, o egípcio
Ayman al-Zawahiri, sucessor de Bin Laden, responderia pelo controle da rede terrorista. Al-Zawahiri ocupa o
segundo lugar na lista dos mais procurados do governo norte-americano.

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Bin Laden estava escondido em uma mansão na cidade de Abbottabad, localizada a cerca de 50 km da capital
paquistanesa. A cidade abriga a principal academia militar do país. Ele estaria refugiado no país há pelo menos
cinco anos.

Outras quatro pessoas ? entre elas um dos filhos de Bin Laden ? foram mortas na operação, que contou com 20
militares do Seals (forças especiais da Marinha norte-americana). Os militares invadiram a fortaleza em dois
helicópteros, numa ação que durou cerca de 40 minutos.

Autoridades paquistanesas só ficaram sabendo da operação militar após seu término, numa clara violação da
soberania do país asiático. O atrito diplomático entre as duas nações foi alimentado por desconfianças, por parte
dos americanos, de que o terrorista tenha tido apoio de pessoas ligadas ao governo do Paquistão.

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O plano de Bin Laden era recriar o Império Otomano, a única potência muçulmana a desafiar o Ocidente entre
os séculos 15 e 17. O que ele conseguiu foi redefinir o terrorismo no século 21, que se tornou globalizado, e
entrar para o imaginário dos americanos como a encarnação do mal, do mesmo modo que Hitler no século
passado.

Bin Laden nasceu em Riad, na Arábia Saudita, em 10 de março de 1957. Era um dos 52 filhos de Muhamad Bin
Laden, um camponês que se tornou magnata da construção civil e que usou sua fortuna para financiar uma
"guerra santa" contra as duas superpotências militares do século 20, os Estados Unidos e a antiga União
Soviética.

Após a invasão do Afeganistão por tropas soviéticas em 1979, pai e filho receberam apoio da CIA, o serviço
secreto americano, para combater os comunistas. A Al Qaeda foi fundada por Bin Laden em 1988, um ano
antes da retirada dos soviéticos do território afegão.

Em 1989, o terrorista retornou ao país de origem. Com o início da Guerra do Golfo (Kuwait), em 1991, ele
criticou a monarquia saudita por abrigar soldados americanos no país durante a guerra contra Saddam Hussein.
Ele então fugiu para o país vizinho, o Sudão, onde passou a financiar campos de treinamento de terroristas. A
pressão de Washington o levou a ser expulso do país africano e buscar abrigo no Afeganistão.

Em 7 de agosto de 1998 Bin Laden foi responsabilizado pelo ataque contra embaixadas norte-americanas na
Tanzânia e no Quênia, que deixaram 224 mortos e milhares de feridos. Por conta disso, no ano seguinte ele foi
incluído na lista do FBI das dez pessoas mais procuradas do mundo.

Em 11 de setembro de 2001, terroristas sequestraram quatro aviões americanos de passageiros. Dois deles
foram jogados contra as torres gêmeas do World Trade Center em Nova York, e outro sobre o Pentágono, em
Washington. A quarta aeronave, a United Flight 93, caiu no interior da Pensilvânia depois que os passageiros
reagiram e lutaram contra os agressores. Cerca de 3.000 pessoas morreram nos ataques.

A Al Qaeda foi responsabilizada pelos atentados e Bin Laden se tornou o terrorista mais procurado em todo o
mundo. Outras dezenas de crimes foram reivindicadas pela rede terrorista, entre eles os atentados aos trens de
Madri, em 2004, e ao metrô londrino, em 2005. Desde então, Bin Laden só aparecia em vídeos gravados, em
que fazia ameaça de novos ataques.

No entanto, as revoluções árabes em curso em países como Líbia, Egito, Iêmen e Síria mostraram que o mundo
islâmico vislumbra um futuro mais democrático, onde o extremismo religioso perde força e a herança de Bin
Laden se torna cada vez mais desbotada.

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× ßida e Obra de Osama Bin Laden (2008): documentário produzido pelo The Biography Channel sobre a
vida do terrorista mais procurado no mundo.
× O ßulto das Torres: A Al Qaeda e o caminho até o 11/9 (Companhia das Letras): livro do pesquisador e
jornalista Lawrence Wright que traça um histórico da Al Qaeda e do radicalismo islâmico desde suas
origens nos anos 1950.

 
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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Atualizado em 19/05/2011.

Quase um terço da população mundial - dois bilhões de pessoas - assistiu pela TV ao casamento do Príncipe
William e de Kate Middleton, que aconteceu no dia 29 de abril (sexta) na Abadia de Westminster, em Londres.

    

A monarquia britânica viu no evento uma tentativa de resgatar o luxo e o carisma da Coroa, ofuscados por
escândalos nas últimas três décadas. A união também tem reflexos na sucessão ao trono no Reino Unido.

Príncipe William é o segundo na linha de sucessão atrás de seu pai, o príncipe Charles. De acordo com
pesquisas de opinião pública, é também o favorito dos britânicos para assumir o lugar da rainha Elizabeth 2ª.

O sistema político em vigor no Reino Unido é a monarquia constitucional. A rainha é soberana sobre os quatro
países que compõem o reino - Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales - e 14 territórios
ultramarinos.

Na prática, porém, sua função é restrita a cerimoniais e outras formalidades. O poder político, de fato, é
exercido pelo Parlamento, composto pela Câmara dos Lordes e pela Câmara dos Comuns, e pelo Primeiro-
Ministro e seu gabinete.

A rainha Elizabeth 2ª, 85 anos, é a mais longeva da história da Inglaterra e a monarca há mais tempo no poder
na Europa. Ela foi coroada em 2 de junho de 1953. A monarquia constitucional, aos moldes da britânica, vigora
em outros 28 países, entre eles a Espanha, o Japão e a Suécia.

O casamento de um integrante da família real é sempre um acontecimento histórico e popular. Não somente
pela importância política como também pelo simbolismo e a aura de "conto de fadas".
Parte deste prestígio foi abalado pela separação do príncipe Charles e da princesa Diana, pais do príncipe
William. Charles, herdeiro do trono, foi pressionado para se casar no começo dos anos 1980. Ele e lady Diana
Spencer mal se conheciam quando se casaram em 29 de julho de 1981.

Na época, Charles já mantinha um relacionamento com uma mulher casada, Camilla Parker-Bowles, sua atual
esposa. Diana, por outro lado, era mais popular entre os súditos da Coroa, tanto pela beleza quanto pelo seu
trabalho com caridade.

O casamento terminou em 1992, depois que casos de adultérios foram expostos nos tabloides ingleses. Diana
morreu em um acidente de carro em Paris, em 1997. O episódio desgastou a realeza britânica (ver filme
indicado abaixo).

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Já o casamento de William e Kate destoa da tradição por dois motivos. Primeiro, porque a noiva não pertence à
linhagem real ou aristocrática. Catherine Elizabeth Middleton (nome de batismo de Kate) vem de uma família
de classe média do vilarejo de Bucklebury, situado a 76 quilômetros de Londres. Seus pais são ex-funcionários
do ramo de aviação e, atualmente, donos de uma empresa de venda on-line de acessórios para festas infantis.

A origem "plebeia" é algo muito raro entre pretendentes a rainhas no Reino Unido. Diana, por exemplo, era
filha de um visconde. E, até o século 19, casamentos de príncipes eram arranjados entre famílias reais.

O segundo fato incomum é a publicidade do relacionamento, que foi acompanhado pela imprensa londrina
durante anos. Os noivos se conheceram em 2001, na Universidade de St. Andrews, a mais antiga da Escócia.
Na ocasião, o príncipe Charles fez um acordo com a imprensa para que William tivesse privacidade nos
estudos.

Em 2005, após a formatura dos dois, o namoro se tornou público. Kate passou a ser perseguida pelos paparazzi
(fotojornalistas independentes e especializados em celebridades). A pressão teria provocado uma separação em
2007, que durou alguns meses.

A namorada do príncipe foi apelidada nos jornais londrinos de "Waity Katie" (Katie à espera), por viver a
espera de um pedido oficial de casamento. O anúncio do noivado foi feito em novembro do ano passado.

William Arthur Philip Louis, ao contrário de Kate, foi alvo das atenções dos britânicos desde o nascimento.
Uma das imagens mais marcantes do príncipe, ainda adolescente, é no funeral da mãe ao lado do irmão mais
novo, Harry.

Os irmãos receberam treinamento militar na Real Academia Militar de Sandhurst. William se formou em
setembro do ano passado como piloto de busca de resgate da Força Aérea, função que assumirá pelos próximos
três anos após o casamento.

A Abadia de Westminster, onde será realizada a cerimônia, tem mais de mil anos de história. Ela é palco de
coroações, casamentos e funerais da monarquia britânica. O dia do casamento foi decretado feriado nacional no
Reino Unido.

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Veja errata.

— 

× $illiam & Kate ? Uma história de amor real (Editora Globo): história do casal escrita pelo jornalista
inglês James Clench.

× A iainha (2006): filme baseado na crise da realeza britânica provocada pela morte da princesa Diana
em 1997.

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   + 
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

No aniversário de um ano do acidente que causou o pior vazamento de petróleo da história dos Estados Unidos,
estudos feitos pelo governo norte-americano e por cientistas independentes chegaram a duas conclusões: a
natureza se recuperou mais rápido do que o esperado e, apesar disso, a extensão real dos danos ao meio
ambiente levará anos para ser conhecida.

    

Na noite de 20 de abril de 2010, uma explosão na plataforma Deepwater Horizon, arrendada pela empresa
British Petroleum (BP), matou 11 funcionários. Dois dias depois, a plataforma afundou a aproximadamente 80
quilômetros da costa da Louisiana, sul dos Estados Unidos.

O petróleo começou a vazar da tubulação rompida a 1,5 quilômetros da superfície do mar, formando uma
enorme mancha próximo ao litoral. Durante 86 dias vazaram 4,9 milhões de barris de petróleo cru, além de gás
natural e dispersantes químicos no norte do Golfo do México.

A quantidade é maior que o vazamento do navio petroleiro Exxon Valdez, ocorrido no Alasca em 24 de março
de 1989, até então considerado o mais grave. Na ocasião, foram espalhados entre 250 e 750 mil barris de
petróleo cru no mar, provocando a morte de milhares de animais.

O desastre no Golfo também afetou a economia local, prejudicando a indústria pesqueira, o comércio e o
turismo na região. Estima-se que três mil pessoas perderam o emprego, num cenário já abalado pela crise
financeira de 2008.

Sucessivas falhas nas tentativas de conter o vazamento desgastaram o presidente Barack Obama, que iniciava
seu segundo ano de mandato. O vazamento só foi contido pela BP em 15 de julho, três meses depois do
acidente.

A imagem do pelicano-marrom, ave símbolo do Estado de Louisiana, coberto de óleo, foi uma das mais
representativas da catástrofe ambiental. Milhares de animais, aves, peixes, crustáceos, corais e outras espécies
da fauna marinha morreram nos meses seguintes à tragédia.

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Passado um ano, amostras de água colhidas pelo governo e por cientistas indicam que a maior parte da mancha
negra na superfície foi removida por equipes de limpeza, espalhada pelas marés ou consumida por bactérias
marinhas. A limpeza da costa litorânea, dizem especialistas, aconteceu de um modo muito mais rápido do que o
previsto, contrariando prognósticos mais pessimistas.

Apesar disso, estima-se que entre 11% e 30% do produto ainda esteja presente no ecossistema, parte dele no
fundo do mar e nos pântanos, onde é difícil de ser visualizado.

Também se desconhece o impacto total da contaminação da vida marinha, especialmente de micro-organismos


que estão na base da cadeia alimentar de outras espécies. A contaminação se deve não somente pelos produtos
químicos que vazaram da plataforma, como também pelo dispersante Corexit 950, usado pela empresa para
diluir a mancha de petróleo na superfície do oceano.

Pescadores da região são céticos quanto aos relatórios oficiais. Eles temem que as consequências do vazamento
sobre larvas de camarões e de crustáceos só irão aparecer nas próximas estações de pesca. O que é certo,
entretanto, é que os cientistas terão anos de estudos pela frente.

Na época do acidente, a pesca comercial e recreativa foi proibida. O motivo era proteger a população do
consumo de moluscos contaminados com componentes cancerígenos do petróleo. A pesca em alto mar
começou a ser liberada em agosto do ano passado, um mês depois da contenção do vazamento. A Louisiana é o
maior Estado produtor de camarões nos Estados Unidos.

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Em janeiro deste ano, um relatório da comissão presidencial que investigou o vazamento recomendou ao
Congresso americano que aprove novas regulamentações para o setor de exploração de petróleo em águas
profundas.

De acordo com o relatório, a explosão na plataforma ocorreu, em parte, por causa de falhas na regulamentação
da indústria petrolífera. O documento dizia ainda que, a menos que sejam feitas mudanças, outro acidente
ocorreria.

As companhias contra-argumentaram que a adoção de novas medidas de segurança, além de desnecessária,


aumentaria o custo da produção do minério.
A BP, empresa que administrava a plataforma onde houve a explosão, criou um fundo de US$ 20 bilhões (R$
31,8 bilhões) para pagar indenizações a milhares de famílias e empresários prejudicados pelo acidente que
recorreram à Justiça.

Foram feitas mais de 500 mil reclamações de diversos Estados, sendo que 200 mil pessoas já foram ressarcidas
em sete meses, 135 mil aguardam liberação do dinheiro e o restante foi negado por falta de provas. As
indenizações pagas deixaram alguns empresários e comerciantes milionários, enquanto alguns pescadores ainda
enfrentam dificuldades para sobreviver.

No dia 20 de março deste ano, o governo dos Estados Unidos autorizou a primeira perfuração de um novo poço
de petróleo no Golfo do México. A exploração havia sido suspensa desde o acidente e o fim da moratória só foi
decretado em outubro de 2010 por pressão da indústria e das cidades afetadas, que precisavam se recuperar do
prejuízo econômico.

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× ±mpactos ambientais do refino de petróleo (Interciência): a pesquisadora Jacqueline Barboza Mariano


analisa os danos ao meio ambiente provocado por refinarias de petróleo.

× Sangue Negro (2007): filme premiado retrata a decadência moral de um americano que descobre
petróleo em um vilarejo do Oeste.

 . 
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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Doze adolescentes com idades entre 12 e 15 anos foram mortos na manhã do dia 7 de abril na escola municipal
Tasso da Silveira, no bairro do Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, num ataque sem precedentes no Brasil.

    

O atirador, Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, se matou após ser confrontado por um policial militar.
Outros seis adolescentes, atingidos pelos disparos, de um total de 13 feridos, continuam internados em hospitais
da região.

O crime comoveu o país, que nunca havia sido palco de uma tragédia em proporções semelhantes dentro de
uma escola. Nos últimos dez anos, ataques a escolas e universidades tornaram-se comuns nos Estados Unidos,
com registros também na Europa.

De acordo com o relato de familiares, Wellington sofria de esquizofrenia. Esquizofrenia é um grave distúrbio
mental caracterizado pela perda de contato com a realidade. A psicose provoca isolamento social e, em alguns
casos, delírios e alucinações.

Textos escritos pelo atirador e encontrados pela polícia revelaram fixação por terrorismo e religião. Ele também
teria sido vítima de bullying (abuso emocional e físico) na época em que cursou o ensino fundamental no
mesmo colégio. Em anotações e vídeos encontrados pela polícia, o assassino aponta a humilhação sofrida como
motivo para o massacre.

O rapaz estava armado com dois revólveres calibres 32 e 38, além de farta munição. Ele usava colete à prova de
balas, um cinturão artesanal e uma ferramenta chamada speadloader, que municia a arma com todas as balas de
uma vez.

Por volta das 8h, Wellington chegou à escola e se identificou como ex-aluno. Ele alegou que iria buscar um
histórico escolar. Em seguida, foi até o segundo pavimento, onde entrou em uma das salas, da 8ª. série. Ele
disse que daria uma palestra e, na sequência, sacou as duas armas de dentro de uma mochila e começou a atirar.
O atirador entrou ainda numa outra sala, em frente, e fez mais disparos.

Os alvos preferenciais eram as meninas. Dos 12 estudantes mortos, 10 eram do sexo feminino. E, de um total de
13 feridos, 10 também são meninas. As vítimas tiveram ferimentos em regiões vitais: cabeça e tórax. A matança
durou 15 minutos. Segundo a polícia, o assassino recarregou a arma três vezes e disparou mais de 30 tiros.

Parte dos 400 alunos da escola no período da manhã se refugiou num auditório no terceiro andar do prédio.
Outros se trancaram em salas de aulas com os professores.

Durante o ataque, um aluno, mesmo ferido, conseguiu escapar e avisar uma guarnição da Polícia Militar que
fazia uma blitz no trânsito. O terceiro-sargento, Márcio Alexandre Alves, encontrou o assassino nas escadarias
que dão acesso ao terceiro andar do prédio. De acordo com a polícia, Wellington foi baleado com um tiro de
fuzil e, em seguida, se matou com um tiro na cabeça.

 

Nos Estados Unidos, ataques a instituições de ensino se tornaram comuns. Nos últimos 12 anos ocorreram 36
chacinas em escolas e universidades, resultando em 102 mortos. Todos os crimes aconteceram após o caso mais
famoso, o massacre de Columbine.
Em 20 de abril de 1999, os estudantes Eric Harris, 18 anos, e Dylan Klebold, 17 anos, mataram 12 alunos e uma
professora na escola de ensino médio Columbine, no condado de Jefferson, no estado do Colorado. A dupla
também feriu outros 21 alunos antes de cometer suicídio. O massacre provocou um debate sobre o controle de
armas no país.

Desde então, o massacre de Columbine inspirou outros criminosos. No pior ataque, em 16 de abril de 2007, o
estudante sul-coreano Cho Seung-hui executou 32 pessoas no Instituto Politécnico da Universidade Estadual de
Virgínia.

Países da Europa também tiveram ataques semelhantes a escolas. Em 13 de março de 1996, o vendedor
desempregado Thomas Hamilton, armado com quatro revólveres, matou 16 crianças e uma professora numa
escola em Dunblane, na Escócia.

Na Alemanha, o estudante Robert Steinhäuser, 16 anos, invadiu uma escola em Erfurt em 26 de abril de 2002.
Ele matou 13 professores, dois alunos e um policial. Em outra cidade alemã, Winnenden, nove alunos e três
professores foram assassinados por um ex-aluno em 11 de março de 2009.



O massacre em Realengo reabriu o debate sobre a venda de armas no Brasil. Após o episódio, o Governo
Federal anunciou que anteciparia para maio deste ano a campanha de desarmamento, antes prevista para junho
ou julho.

Por meio da campanha, o governo indenizará donos de armas que as entreguem às autoridades. Nas campanhas
anteriores, eram pagos entre R$ 100 e R$ 300 por armas entregues à Polícia Federal, fossem ou não registradas.

No Congresso, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB- AP) apresentou aos líderes de partidos a proposta
de realização de um novo referendo sobre desarmamento. No primeiro referendo, realizado em 23 de outubro
de 2005, 63,94% dos eleitores votaram contra a proibição do comércio de arma de fogo e munição no país.

A lei do Estatuto do Desarmamento, regulamentada por decreto de 1º. de julho de 2004, tornou mais rigorosos
os critérios para aquisição e porte de arma de fogo no país, além de prever penas específicas e mais severas para
o comércio e porte ilegal.

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× Mentes !erigosas: o psicopata mora ao lado (Fontanar): livro da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva
descreve as dificuldades de se identificar psicopatas e o perigo que eles representam à sociedade.

× Tiros em Columbine (2002): documentário de Michael Moore que mostra como a cultura belicista norte-
americana compôs o contexto para o massacre em Columbine.

 2 
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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Atualizado em 08/04/2011, às 17h39.

Mais de vinte pessoas morreram e 100 ficaram feridas em cinco dias de violentos protestos ocorridos no
Afeganistão. O motivo foi a queima de um exemplar do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, por pastores
da Flórida, nos Estados Unidos.

    

As manifestações começaram em 1º de abril. Sete funcionários da ONU (Organização das Nações Unidas)
morreram durante a invasão de um escritório na cidade de Mazar-i-Sharif. Nos dias seguintes, os distúrbios se
espalharam pelas regiões norte e sul do país.

Também ocorreram protestos em outras nações muçulmanas, mas sem a violência registrada em território
afegão. Isso porque no país, ocupado pelos Estados Unidos, a influência das milícias talebans alimenta o ódio
aos ocidentais.

O Afeganistão é um país pobre, localizado na Ásia central, formado por diferentes tribos e grupos étnicos. O
que une os 32,7 milhões de habitantes é o islamismo (80% sunitas e o restante, xiitas).

Após os ataques do 11 de Setembro, as tropas americanas tomaram a capital Cabul e depuseram o governo
Taleban, que havia chegado ao poder depois de vinte anos de ocupação russa. O objetivo do governo norte-
americano era forçar o Estado afegão a entregar o terrorista Osama Bin Laden, líder da Al Qaeda e responsável
pelos ataques às torres gêmeas.

#3 

A intolerância, desta vez, partiu de um pastor cristão. Em 20 de março, um exemplar do Alcorão (ou Corão) foi
queimado por dois pastores evangélicos em uma igreja americana da Flórida, diante 50 fieis.

Um dos pastores era Terry Jones, um fundamentalista cristão que ficou conhecido ao ameaçar queimar o
Alcorão no ano passado, no aniversário de nove anos do atentado em Nova York.

Na época, a intenção do religioso era protestar contra o projeto de construção de um centro islâmico próximo ao
Marco Zero, local onde era situado o World Trade Center. Ele desistiu depois de ser pressionado por
autoridades políticas e religiosas, entre elas o presidente norte-americano Barack Obama e o Papa Bento 16.

Agora, o pastor queimou o livro sagrado alegando crimes cometidos contra humanidade pela fé islâmica. O ato
foi condenado pelo presidente Obama e outros líderes políticos ocidentais. Mas isso não foi o suficiente para
conter a onda de protestos nos países islâmicos.

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Islã ou civilização islâmica se refere aos povos que seguem a religião do islamismo, cujos fiéis são chamados
muçulmanos ou islamitas. O islamismo foi fundado pelo profeta Maomé no século 7, na Arábia. A religião
possui raízes comuns com outras duas crenças monoteístas, o cristianismo e o judaísmo.

O Alcorão é o livro sagrado dos muçulmanos, como é a Bíblia para os cristãos. Os islamitas consideram que a
obra foi ditada a Maomé pelo arcanjo Gabriel.

A religião islâmica é predominante em mais de 50 países do Oriente Médio, Ásia, África e Europa, além de
comunidades espalhadas pelo mundo todo, inclusive no Brasil.

As diferenças culturais e religiosas entre as civilizações Ocidental e Islâmica se acentuaram no século 20,
quando as potências europeias invadiram países da África e do Oriente Médio. Durante a Guerra Fria, os
Estados Unidos chegaram a financiar grupos radicais para impedir o avanço do comunismo no mundo islâmico.

Uma diferença fundamental entre os povos muçulmanos e as sociedades ocidentais é que o Alcorão serve de
base para a organização política e social. Tal fato acaba confrontando valores ocidentais como a democracia e
os direitos humanos. No entanto, é errado confundir os seguidores da religião com terroristas e grupos
extremistas, como a Al Qaeda, o Hamas e o Hezbollah.

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A tensão entre os Estados capitalistas e as comunidades islâmicas têm se tornado mais comum nos últimos
anos. Em 1989, o Irã decretou uma fatwa (sentença de morte) contra o escritor anglo-indiano Salman Rushdie.
Ele foi acusado de blasfêmia em seu romance "Os Versos Satânicos". Desde então, passou a viver escondido e
sob proteção policial, mesmo após o Irã suspender a condenação em 1998.

Em 30 de setembro de 2005, o jornal Jyllands-Posten, de maior tiragem na Dinamarca, publicou 12 caricaturas


intituladas "As faces de Maomé". As charges provocaram manifestações violentas, incêndio em embaixadas
dinamarquesas e uma crise diplomática com países árabes. O redator-chefe do jornal, que foi ameaçado de
morte, pediu desculpas publicamente.

Mais recentemente, países europeus votaram leis restritivas aos costumes islâmicos, em ações consideradas
hostis pelos 15 milhões de muçulmanos que vivem no continente. Em 29 de novembro de 2009, a Suíça
aprovou, mediante referendo, a proibição da construção de minaretes - torres de mesquita de onde se chamam
os muçulmanos para as orações diárias.

Em 14 de setembro, o Senado francês aprovou uma lei que proíbe o uso de véus islâmicos integrais ± a burka e
o niqab - em espaços públicos do país. Os parlamentares alegaram questões de segurança, além de respeito aos
direitos das mulheres. A lei deve entrar em vigor na próxima semana, o que deve reacender o debate na Europa.

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× O ±slã e o Ocidente: uma nova ordem política e religiosa pós-11 de Setembro (Loyola): livro de Robert
Van de Weyer sobre o contexto político e religioso no mundo depois do atentado terrorista às torres
gêmeas em Nova York.

× Lawrence da Arábia (1962): clássico do cinema baseado na biografia de T.E. Lawrence (1888-1935),
oficial inglês enviado à península arábica durante a Primeira Guerra Mundial.

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Atualizado em 07/04/2011.

O STF (Supremo Tribunal Federal) anulou no dia 23 de março a validade da Lei da Ficha Limpa nas eleições
passadas. Com isso, 149 candidatos impedidos de tomar posse devido a condenações judiciais poderão assumir
os cargos em todo o Brasil.

    
A Lei Ficha Limpa tornou mais rigorosos os critérios que impedem os políticos condenados pela Justiça de se
candidatarem nas eleições. Ela foi aprovada no ano passado e saudada como um mecanismo de combate à
corrupção no país.

Agora, por seis votos a cinco, os ministros do Supremo decidiram que a lei não tem validade para as eleições de
2010 ± quando foram escolhidos presidente, governadores, deputados e senadores ± em razão do princípio de
anualidade.

De acordo com a Constituição Federal, qualquer mudança na legislação eleitoral só é válida se for promulgada
um ano antes das eleições. Ou seja, não se podem mudar as regras do jogo no meio do processo eleitoral.

Como a Ficha Limpa foi sancionada em 4 de junho de 2010 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quatro
meses antes do pleito, ela contraria a Constituição.

Por isso, a lei só será aplicada a partir das eleições municipais de 2012. Mas, até lá, o Supremo irá ainda
analisar recursos que questionam outros aspectos da constitucionalidade da lei.

No ano passado, a votação no Supremo sobre a Ficha Limpa terminou empatada: cinco ministros a favor da
aplicação em 2010 e outros cinco, contra. O desempate foi possível este ano com a posse de um novo ministro,
Luiz Fux, que votou contra a aplicação da lei nas eleições passadas.

 

Com base na Ficha Limpa, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou o registro de candidatura de 149
candidatos nas eleições de 2010. Os candidatos agora poderão ter os votos validados.

A decisão cabe aos magistrados que cuidam de cada processo. Contudo, como o STF é o órgão máximo da
Justiça brasileira, o que ele decide acaba sendo estendido para as demais instâncias.

Entre os políticos beneficiados com a decisão do Supremo estão Jader Barbalho (PMDB-PA), Cássio Cunha
Lima (PSDB-PB), João Capiberibe (PSB-AP) e Marcelo Miranda (PMDB-TO), eleitos para o Senado, e João
Alberto Pizzolatti (PP-SC), Janete Capiberibe (PSB-AP) e Nilson Leitão (PSDB-MT), eleitos para a Câmara
dos Deputados.

As mudanças devem alterar também a composição de Assembleias Legislativas e Câmara dos Deputados
estaduais.

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A proposta chegou ao Congresso por meio do Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLP), que é quando o
projeto tem origem na sociedade civil. Ela entrou na pauta de votações do Congresso por pressão popular.

A Ficha Limpa altera a Lei Complementar nº 64 de 1990. Esta lei estabelece critérios de impedimento para a
candidatura de políticos, de acordo com a Constituição.

A principal mudança com a Ficha Limpa é que ela proíbe que políticos condenados por órgãos colegiados, isto
é, por grupos de juízes, de se candidatem às eleições. Pelas regras anteriores (que vigoraram nas eleições
passadas), o político ficaria impedido de se candidatar somente quando todos os recursos estivessem esgotados,
o que é chamado de decisão transitada em julgado. O trâmite pode demorar até uma década, o que acaba
beneficiando os réus.
Um processo cível ou criminal começa a ser julgado no Fórum da cidade, onde acontece a decisão de primeira
instância, que é a sentença proferida por um juiz. Se houver recurso, o pedido é analisado por juízes do Tribunal
de Justiça dos Estados.

Há ainda a possibilidade de apelar a uma terceira instância, que pode ser tanto o Superior Tribunal de Justiça
(STJ) quanto, em se tratando de artigos da Constituição, o STF.

De acordo com a Lei Complementar nº 64, somente quando esgotados todos esses recursos o político que
responde a processo poderia ser impedido de se candidatar.

A Lei Ficha Limpa, ao contrário, torna inelegível o réu que for condenado por um grupo de juízes que mantiver
a condenação de primeira instância, além daqueles que tiverem sido condenados por decisão transitada em
julgado.

Depois de anularem a validade da lei para as eleições passadas, os ministros do Supremo devem debater se essa
mudança é constitucional ou não. Acontece que o artigo 5º da Constituição afirma que ³ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória´.

Se a Corte Suprema entender que a Ficha Limpa contraria o artigo, condenando o réu antes de esgotadas todas
as possibilidades de recursos, a lei poderá perder sua principal contribuição para a legislação eleitoral brasileira.

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× Corrupção: o 5º !oder ± iepensando a ética (Edipro): livro do advogado Antenor Batista sobre os tipos
de corrupção e como eles afetam a sociedade.

× !olíticos do Brasil (Publifolha): um raio-X do político brasileiro feito pelo jornalista Fernando
Rodrigues, que inclui dados sobre o patrimônio de candidatos.
 
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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Depois de mais de dois anos eleito, o presidente norte-americano Barack Obama fez nesta semana a sua
primeira viagem oficial à América Latina, onde passou por Brasil, Chile e El Salvador. A visita teve como
objetivo uma reaproximação com os governos da região, depois de um período de distanciamento.

    

Os Estados Unidos são a maior potência econômica do planeta desde meados do século 20. A partir dos anos
1960, durante a Guerra Fria, o governo americano apoiou ditaduras militares na América Latina. A intenção era
deter o avanço do comunismo, depois da Revolução em Cuba (1959).

A volta da democracia em países como Brasil, Chile e Argentina inaugurou um período de relações pautadas
mais pelo comércio do que por ideologias. Após o 11 de Setembro, contudo, o foco de atenções dos americanos
passou a ser o mundo mulçumano. Ao mesmo tempo, o avanço da "revolução bolivariana" do presidente
venezuelano Hugo Chávez reacendeu antigas rixas com Washington.

O Brasil também bateu de frente com os Estados Unidos durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-
2011). O propósito do governo brasileiro era marcar uma posição independente e firmar-se como liderança
política na América do Sul.

Duas ocasiões merecem destaque nessa fase. Primeiro, quando o Brasil tentou mediar a crise que sucedeu ao
golpe que depôs o presidente hondurenho Manuel Zelaya, em 2009. E depois, quando o país não acatou as
sanções contra as ao Irã por conta do programa nuclear.

Obama chegou à Casa Branca em 20 de janeiro de 2010 como o primeiro presidente negro da história
americana e uma aprovação recorde. Ele tinha duas prioridades: recuperar o país da maior crise financeira
desde o crack na Bolsa de 1929 e encerrar duas guerras, uma no Iraque e outra no Afeganistão.

No campo diplomático, inaugurou uma nova política de relacionamento com a Europa, a Ásia e o Oriente
Médio que visava substituir o unilateralismo do governo anterior, de George W. Bush. Por isso, a ida à América
Latina ficou para a segunda metade do mandato.

A visita de Obama começou pelo Brasil, em 19 de março. Ele veio acompanhado da primeira dama, Michelle, e
das duas filhas do casal. O presidente norte-americano teve reuniões em Brasília e visitou o Corcovado e a
favela Cidade de Deus no Rio de Janeiro, onde também discursou no Teatro Municipal.

O interesse dos Estados Unidos era reforçar a parceria comercial entre os dois países, sobretudo na área de
energia (petróleo e bicombustível). Foram assinados dez acordos bilaterais, comerciais e em outras áreas, mas
nenhum de grande destaque.

O Brasil adquiriu visibilidade no cenário internacional nos últimos oito anos por conta da estabilidade política e
econômica e, mais recentemente, pela descoberta de petróleo na camada pré-sal e a escolha para a realização da
Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Desde o ao passado, a China assumiu o lugar dos Estados Unidos como maior parceira comercial do Brasil.
Apesar disso, o país tem com os americanos o maior déficit comercial, de US$ 8 bilhões.

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Na esfera política, o governo brasileiro esperava que Obama se comprometesse em apoiar a indicação do Brasil
para uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU. No ano passado, Obama endossou a entrada da
Índia, outro país emergente. Ao final da vista, porém, ele foi comedido e manifestou apenas "apreço" à ambição
brasileira.

O Conselho de Segurança da ONU foi criado para mediar conflitos mundiais, como a recente crise na Líbia. Os
membros permanentes são China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia. A entrada de novos países
depende de uma reforma no estatuto.

Atualmente, o Brasil ocupa uma vaga rotativa no conselho. Para o governo, a participação no órgão iria
consolidar a importância do país na geopolítica mundial. Segundo especialistas, a divergência entre Brasil e
Estados Unidos a respeito do Irã foi o maior empecilho para o apoio do presidente Obama.

O Brasil defende o programa nuclear iraniano para fins pacíficos e tentou intervir, sem sucesso, para uma
solução pacífica. Como a presidente Dilma Rousseff manteve a mesma postura a respeito do Irã, o obstáculo
permanece.

No Chile, Obama fez seu principal discurso sobre as relações entre os Estados Unidos e a América Latina, mas
frustrou quem esperava o anúncio de medidas mais concretas. Ele encerrou a visita de cinco dias em El
Salvador, onde falou sobre narcotráfico e imigração.

A viagem de Obama ficou apagada na imprensa internacional por conta dos ataques das forças de coalizão à
Líbia, que coincidiram com a chegada do democrata ao Brasil, e do terremoto no Japão. Devido à guerra civil
na Líbia, Obama teve que fazer mudanças em sua agenda e antecipar o retorno em um dia.

Mesmo que a visita oficial tenha tido um clima morno, bem diferente do entusiasmo da eleição de Obama há
dois anos, ela cumpriu uma missão importante de reaproximar as Américas.

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× Brasil e Estados Unidos: o que fez a diferença (Civilização Brasileira): Ricardo Lessa analisa e compara
a trajetória histórica dos dois países.

× Missing - desaparecido, um grande mistério (1982): filme sobre a ditadura chilena dirigido por Costa-
Gravas que mostra o envolvimento americano com a ditadura.

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Atualizado em 31/03/11, às 15h28.

Um terremoto de 9 graus na escala Richter, o mais forte já registrado no Japão, causou um tsunami que
devastou a costa nordeste do país no dia 11 de março. Ondas de até 10 metros de altura arrastaram tudo que
encontravam pela frente ± navios, barcos, carros, casas e pessoas.

    

O número de mortos chega a mais de 4 mil, a maioria na província de Miyagi, localizada próximo ao epicentro.
Outras 9.083 continuam desaparecidas. Cidades inteiras foram destruídas. Em outras localidades, faltam água,
luz, alimentos e combustível.

O tsunami também danificou as instalações de usinas nucleares. No complexo de Fukushima Daiichi, uma das
25 maiores usinas do mundo, em quatro dias ocorreram três explosões na estrutura que abriga os reatores.

O acidente elevou uma nuvem radioativa que obrigou a retirada emergencial de 200 mil moradores da região. A
população de Tóquio, capital, está assustada com a possibilidade dos ventos espalharem a radioatividade para o
restante do país. A exposição prolongada à radiação causa mutação celular e câncer.

Cientistas alertaram para o risco de um acidente nuclear como o ocorrido em Tchernobil, na Ucrânia, em 1986.
Na época, a radiação se espalhou pela Europa, matando milhares de pessoas e contaminando o solo. Foi o pior
desastre nuclear da história.

A diferença é que, no caso de Tchernobil, houve explosão no reator nuclear, liberando partículas radioativas na
atmosfera. No Japão, os problemas foram causados pela falha no sistema de resfriamento dos reatores, que
geram energia elétrica a partir do urânio.

Desde então, as equipes tentam impedir o derretimento do núcleo dos reatores, o que causaria uma catástrofe
atômica.

O Japão usa energia nuclear há quatro décadas, sem nunca ter registrado acidentes. São 55 reatores em
operação em 17 usinas que, juntas, são responsáveis pela geração de um terço da energia elétrica consumida no
território japonês.

Em comparação, o Brasil possui duas usinas em funcionamento, Angra 1 e Angra 2, ambas situadas na cidade
de Angra dos Reis, no litoral sul do Rio de Janeiro. O complexo gera apenas 2,5% da eletricidade consumida no
país.

As catástrofes combinadas ± terremoto, tsunami e vazamento radioativo ± formam a pior crise enfrentada pelos
japoneses desde o final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando a população sofreu um bombardeio
atômico.

  

O terremoto no Japão é o quinto mais forte desde 1900, quando começaram os registros mais confiáveis. O pior
aconteceu em 22 de maio de 1960, no Chile, com magnitude de 9,5.

Mais recentemente, em 26 de dezembro de 2004, um terremoto de 9,1 na escala Richter na ilha de Sumatra, na
Indonésia, causou um tsunami que matou 230 mil pessoas em 14 países do sudeste asiático.

Os tremores de terra são provocados pelo movimento de placas tectônicas na superfície terrestre. Quando os
terremotos acontecem no mar, como no caso desse no Japão, o leito do oceano sofre uma elevação, deslocando
um grande volume de água que forma uma série de ondas gigantes.

O Japão está localizado no chamado "anel de fogo do Pacífico", que inclui Filipinas, Indonésia e países
menores. A região concentra as maiores atividades sísmicas do mundo.

Um total de 20% de todos os tremores de magnitude superior a 6 que acontecem no mundo afetam o Japão.
Todos os dias o país é abalado por sismos, a maioria deles imperceptíveis para os habitantes.

Em 1933, um terremoto de 8,1 de magnitude matou 3 mil pessoas de Tóquio e cidades próximas. No mais
mortífero, em 17 de janeiro de 1995, 6.424 pessoas morreram na região de Kobe-Osaka. Os abalos atingiram
7,2 graus na escala Richter.

Por esta razão, todas as construções japonesas são feitas com tecnologia moderna de engenharia civil. A
população também recebe treinamento específico para se proteger em caso de terremotos e tsunamis. Tais
medidas preventivas e alertas de segurança contribuíram para evitar que o número de morte e os prejuízos
fossem maiores neste último tremor de terra.

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Estima-se em bilhões de dólares o montante gasto com a recuperação das cidades. A tragédia pegou os
japoneses em um momento econômico difícil. Depois de três décadas de crescimento, contando a partir dos
anos 1960, há 15 anos a economia japonesa está estagnada.

O país acumula hoje uma dívida líquida que corresponde a 180% do PIB (no Brasil, a porcentagem é de 41%).
No ano passado, o Japão foi ultrapassado pela China como a segunda maior economia mundial, posição que
ocupava desde 1968.

O Brasil e o Japão possuem uma longa história de intercâmbio, com fluxos migratórios de ambos os lados. Os
primeiros imigrantes japoneses chegaram ao país em 1908 no navio Kasato Maru. Desde então, formou-se a
maior comunidade de japoneses e descendentes que vivem fora do país de origem.

No final dos anos 1980, foi a vez de descendentes brasileiros emigrarem para o Japão, em busca de melhores
oportunidades de emprego.
Hoje os dekasseguis (trabalhador imigrante) de origem brasileira compõem o maior contingente no Japão. A
região atingida por terremoto, porém, é o destino menos usual desses trabalhadores. Até agora, não há registro
de brasileiros mortos na tragédia.

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Veja errata.

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× istória do Japão (Edições 70): livro do acadêmico Kenneth Henshall contas origens do país que,
arrasado na Segunda Guerra, se tornou uma potência econômica.
× Tsunami - a fúria do oceano (2009): ficção sobre um tsunami que devasta uma cidade turística de
Haeundae, na Coreia do Sul.

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Pode parecer estranho para as novas gerações o fato de que, no tempo de nossas bisavós, a maioria das
mulheres não trabalhava fora de casa, não tinha acesso a métodos contraceptivos, não podia se divorciar e nem
mesmo votar. Todas estas conquistas são frutos do movimento pelos direitos das mulheres, cujo primeiro Dia
Internacional foi comemorado há 100 anos.

    
No começo do século 20, as transformações sociais que acompanharam o avanço das sociedades
industrializadas deixaram as mulheres em desvantagens em relação aos homens. Elas entravam no mercado de
trabalho, mas não tinham os mesmos direitos trabalhistas.

Nesta época, os primeiros movimentos feministas surgiram em meios aos partidos socialistas e sindicatos, nos
Estados Unidos e no Reino Unido. As reivindicações eram, basicamente, trabalhistas e sociais. Até então, as
mulheres eram tratadas como propriedades de seus maridos.

Havia também as sufragistas, que faziam campanha pelo direito do voto feminino, aprovado pelos
parlamentares ingleses em 1918 e, um ano depois, pelos americanos. No Brasil, as mulheres só tiveram direito
ao voto a partir de 1932.

O Dia Internacional da Mulher foi criado oficialmente em 1910, durante a Segunda Internacional, realizada por
partidos socialistas em Copenhague, Dinamarca. No mesmo congresso foi instituído o 1º de Maio como Dia do
Trabalho.

No ano seguinte, ocorreram as primeiras manifestações na Alemanha, Áustria, Dinamarca e Suíça, em 19 de


março. A partir de 1913, a data oficial passou a ser 8 de março, mantida até hoje.

Em 25 de março de 1911, uma tragédia chamou atenção do mundo para as péssimas condições do trabalho
feminino. Um incêndio numa fábrica de roupas femininas em Nova York matou 146 trabalhadores, sendo 30
homens. As vítimas eram imigrantes e, algumas, de apenas 12 anos de idade.

Nos anos 1960 e 1970, a mudança nos costumes incorporou o movimento feminista ao cotidiano. O foco das
lutas, neste período, era a igualdade de direitos. Ficaram famosos, nos Estados Unidos, os protestos que
terminavam com a queima de sutiãs. Também na década de 1960 foi criada a pílula anticoncepcional, um
avanço importante para a saúde feminina.

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Atualmente, o Dia Internacional da Mulher comemora das conquistas de um século de reivindicações. O voto
feminino é quase universal e as mulheres ocupam cargos antes exclusivos para homens, inclusive de lideranças
políticas. A violência doméstica, que antes era considerada um assunto familiar (³Em briga de marido e mulher,
quem é de fora não mete a colher´, diz o ditado popular), hoje conta com legislação específica em dois terços
dos países.

Apesar disso, as mulheres continuam em desigualdade em relação aos homens. Elas ganham menos fazendo o
mesmo trabalho (até 17%, segundo dados de 2008), têm menos representatividade política (em média, 18,4%
no Legislativo, e apenas 17 cargos máximo do Executivo em 192 países) e menos acesso à educação ± dois
entre cada três analfabetos são do sexo feminino.

A violência contra a mulher ainda é rotineira em países pobres e no mundo mulçumano. De acordo com a ONU
(Organização das Nações Unidas), até seis em cada dez mulheres sofrem violência física e/ou sexual durante a
vida. A iraniana Sakineh Mohammadí Ahstiani se tornou símbolo dos direitos humanos depois de ser
condenada a pena de morte por apedrejamento. A pena foi suspensa, mas ela continua presa.

  

O movimento feminista ganhou força no Brasil nos anos 1970, em plena ditadura militar. Um caso marcante foi
o assassinato da socialite Ângela Diniz pelo namorado, Doca Street, em 30 de dezembro de 1976.
No primeiro julgamento, em 1979, o réu foi inocentado por com a tese de legítima defesa da honra. Mas a
pressão das feministas levou a um novo julgamento, no qual o assassino foi condenado a 15 anos de prisão.

Na segunda metade dos anos 1980 surgiram as delegacias especializadas, as primeiras da América Latina. Em
2006 foi criada a Lei Maria da Penha, que tornou mais rigorosa a punição por crimes de violência doméstica.

Hoje, uma das bandeiras do movimento feminista no Brasil é a descriminalização do aborto. Pelo menos 19
projetos sobre o assunto tramitam no Congresso. Porém, como o tema é polêmico, os parlamentares adiam ao
máximo a discussão.

No campo da política, aliás, a disparidade persiste. A despeito da eleição da primeira presidente na história do
país, a petista Dilma Rousseff, o Brasil ocupa o 108º lugar em relação à presença feminina nos parlamentos,
num ranking de 188 nações feito pela União Interparlamentar.

Cem anos de luta pela emancipação trouxeram muitas conquistas ± direito ao voto, divórcio, acesso à
universidade e ao mercado de trabalho ±, mas a realidade das mulheres, sobretudo em países pobres e
mulçumanos, ainda é de desigualdade e discriminação.

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× Breve istória do Feminismo no Brasil (Brasiliense): a militante feminista Maria Amélia de Almeida
Telles traça neste livro um panorama das lutas pelos direitos das mulheres no país, em especial durante
o regime militar.
× Anjos iebeldes (2004): filme sobre duas americanas que lutam pelo direito ao voto feminino nos
Estados Unidos, no começo do século 20, com Hilary Swank e Anjelica Huston no elenco.

  
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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Qualquer dona-de-casa sabe que os alimentos estão mais caros. Mas o que os gastos do brasileiro no
supermercado têm a ver com protestos no Oriente Médio, a indústria de biocombustível nos Estados Unidos e o
aquecimento global?

    

Todos estes fatores estão ligados à crise dos alimentos, um fenômeno mundial que foi parar no topo da lista de
preocupações dos países desenvolvidos. O motivo é que, neste começo de 2011, o preço dos gêneros
alimentícios atingiu o pico pela segunda vez em menos de quatro anos.

Na outra vez, entre 2007 e 2008, milhares de pessoas atravessaram a linha que separa a pobreza da miséria.
Houve protestos em países da África e da Ásia. As causas foram praticamente as mesmas da crise atual:
aumento do número de consumidores, alta do barril de petróleo, queda do dólar (os alimentos são cotados no
mercado internacional em dólar) e mudanças climáticas.

Na verdade, a crise dos alimentos é fruto do desequilíbrio na relação econômica entre oferta e procura. Há uma
diminuição na oferta de produtos e uma maior procura, o que encarece a mercadoria. Imagine que uma safra de
tomates seja perdida devido a enchentes. E que a demanda pelo produto tenha crescido. Com menos tomates no
mercado e mais gente querendo comprar, os comerciantes irão cobrar mais caro pelos estoques.

Mas quais são as causas desse desequilíbrio na economia mundial dos alimentos?

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Do lado da demanda, há um constante aumento do consumo de alimentos. Isso ocorre por dois fatores
principais.

Primeiro, o crescimento da população mundial, que hoje é de 6,9 bilhões. Apesar do número de habitantes do
planeta ter registrado uma queda de 1,2% no ano passado, ele quase dobrou desde os anos 1970. E, para as
próximas quatro décadas, estima-se 80 milhões de bocas a mais para alimentar a cada ano.

Em segundo lugar, aumentou também o consumo de alimentos ± grãos, carnes, leite e ovos ± em países em
desenvolvimento, como a Índia e o Brasil. Na China, por exemplo, o consumo de carne é quase o dobro dos
Estados Unidos. E, para produzir carne, são necessários grãos (oito quilos de grãos para cada quilo de carne
bovina).

Além disso, a elevação do preço do barril de petróleo estimulou os investimentos em biocombustíveis. Nos
Estados Unidos, da colheita de 416 milhões de toneladas grãos em 2009, 119 milhões de toneladas foram
destinados a destilarias de etanol, para produzir combustível para carros. A quantia seria o suficiente para
alimentar 350 milhões de pessoas durante um ano. No Brasil, o etanol é produzido com cana-de-açúcar.

Com isso, aumentaram os preços do milho e da ração e, consequentemente, dos produtos bovinos e suínos, uma
vez que os animais também comem ração a base de milho. E o efeito dominó atinge outros alimentos, como a
soja, já que os agricultores plantam milho no lugar da soja, para atender as indústrias.

A demanda por combustível alternativo, a base de milho ou vegetais, vem ainda reduzindo ano após ano as
terras destinadas à plantação de alimentos na Europa, além de incentivar a devastação de florestas tropicais na
Ásia.

 

No lado da oferta, há duas razões principais para a crise: os limites dos recursos naturais e as mudanças
climáticas provocadas pelo aquecimento global.

Estima-se que até um terço da área cultivável da Terra esteja sendo perdida pela erosão do solo, que não
consegue se recuperar naturalmente a tempo da próxima colheita. Por isso, países como o Haiti e Coreia do
Norte, com problemas sérios de erosão de solo cultivável, dependem de ajuda externa para alimentar a
população.

Por outro lado, há o esgotamento dos recursos hídricos do planeta. A situação é crítica no Oriente Médio, cuja
escassez de fontes de água deve levar, nos próximos anos, à dependência da importação de grãos em países
como a Arábia Saudita. A água mais escassa e mais cara vai aumentar os custos da produção de alimentos.

Por último, as mudanças no clima no planeta acarretaram ondas de calor, seca e inundações que prejudicaram a
colheita em países como Rússia, Ucrânia, Austrália e Paquistão em 2010. Agora, a seca ameaça destruir a safra
de trigo da China, a maior do mundo.

6  7

As consequências do aumento do preço dos alimentos já são sentidas em todo o mundo. Segundo o Banco
Mundial, no segundo semestre do ano passado 44 milhões de pessoas caíram abaixo do limite da pobreza
(pessoas que vivem com US$ 1,25 dólar por dia).

A crise afeta principalmente países pobres e dependentes da exportação de alimentos. Mas também está por trás
da maior onda de manifestações ocorridas no Oriente Médio, que derrubou ditadores da Tunísia e Egito e que
agora, ameaça o regime na Líbia.

O fim da comida barata vai coincidir com a explosão populacional. Entre 2011 e 2012, a população mundial
deve atingir 7 bilhões. Para 2050, serão 9 bilhões de pessoas na Terra.

Por conta disso, as potências incluíram a alta dos alimentos na lista de suas preocupações, junto com as finanças
mundiais. O assunto foi parar no topo da agenda do G20 (grupo formado pelas 19 maiores economias mais a
União Europeia). Os líderes discutem medidas como pacotes de estímulo à agricultura.

O desafio de alimentar a população nas próximas quatro décadas vai exigir política, tecnologia e, sobretudo,
mudanças de hábitos das sociedades modernas.

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× O Dilema do Onívoro - uma história natural de quatro refeições (Intrínseca): o jornalista americano
Michael Pollan investiga as implicações ecológicas, econômicas e políticas da produção e consumo de
alimentos no mundo industrializado.

× Garapa (2009): documentário dirigido por José Padilha (Tropa de Elite) acompanha o cotidiano de três
famílias do Ceará que saciam a fome dos filhos com uma mistura de água com açúcar, chamada garapa.
.

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Atualizado 02/03/2011, às 8h22

Muammar Gaddafi é considerado o pior ditador no mundo árabe. Ele está há 41 anos no poder ± é o mais
longevo entre os governantes ± e não hesitou em usar as Forças Armadas para reprimir protestos, que são
proibidos na Líbia.

    

Agora, cada vez mais isolado, ele pode ser o próximo líder muçulmano a deixar o cargo por conta das
manifestações pró-democracia que se espalharam pela África do Norte e o Oriente Médio. O movimento já
derrubou dois presidentes, da Tunísia e do Egito, em menos de dois meses.

A queda de ditadores é algo inédito na história da região. Os países árabes são governados por monarquias ou
ditaduras. O aumento no preço dos alimentos, o desemprego e a insatisfação dos jovens deram início às revoltas
por abertura política. Os levantes chegaram a Bahrein, Marrocos, Iêmen, Jordânia, Irã e Arábia Saudita.

Na Líbia, o governo reagiu com violência. Quase 300 pessoas morreram em conflitos com forças de segurança
desde o dia 16 de fevereiro. O ditador líbio chegou a usar aviões e tanques contra as multidões.

Os protestos começaram após a prisão de um advogado ligado à causa dos Direitos Humanos. O maior foco dos
distúrbios é Benghazi, segunda maior cidade, localizada na região leste.

A cada dia a situação fica mais difícil para Gaddafi. Dentro do país, os revoltosos assumiram o controle de
cidades no leste. Na região nordeste, militares aderiram à "revolução do povo". No exterior, a pressão
diplomática é a cada vez maior para que ele deixe o poder.

Em um pronunciamento raivoso na TV, em 21 de fevereiro, o líder líbio, de 68 anos, desafiou os revoltosos e


disse que iria ³morrer como um mártir´. Antes, seu filho Saif al-Islam advertiu para o risco de guerra civil.

No dia 22 de fevereiro, o Conselho de Segurança da ONU condenou o uso da violência contra manifestantes na
Líbia e pediu a responsabilização dos culpados. A decisão deve ser seguida se novos embargos contra o regime.

!! 

A Líbia é um país rico em petróleo. É o quarto maior produtor da África, depois da Nigéria, Argélia e Angola,
com reservas estimadas em 42 bilhões de barris (para efeito de comparação, as reservas brasileiras são de 14
bilhões de barris). A maior parte da produção é exportada para a Europa.

O país, de 6,4 milhões de habitantes (equivalente à população do Rio de Janeiro), tem ainda o maior Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) da África. A riqueza, porém, não é bem distribuída entre a população. A
despeito das melhorias em relação ao período anterior à Gaddafi, um terço vive na pobreza e a taxa de
desemprego é de cerca de 30%. Esse é um dos principais motivos dos protestos.

A Líbia foi província romana, domínio do Império Otomano e colônia italiana. Após a Segunda Guerra
Mundial, o território foi repartido entre a França e o Reino Unido. Em 1º de janeiro de 1952, a ONU aprovou a
independência, reunindo os territórios no Reino Unido da Líbia. O emir Sayyid Idris al-Sanusi foi coroado rei
Idris I, primeiro e único monarca a governar a nação.

Nos anos seguintes, Estados Unidos e Reino Unido instalaram bases militares em solo libanês. Mas a
descoberta de petróleo levou o governo a pedir a retirada das tropas estrangeiras. O minério também mudou o
perfil econômico e social do país, que até então era um dos mais pobres do continente africano.

Um golpe de Estado depôs a monarquia em 1º de setembro de 1969, sem derramamento de sangue. Gaddafi,
com apenas 27 anos, assumiu o comando. Até hoje, a Líbia não tem Constituição ou partidos políticos, e a
oposição é proibida.

Nas décadas seguintes, o ditador se tornou inimigo do Ocidente, comparável ao iraquiano Saddam Hussein. Nos
últimos anos, entretanto, conseguiu se reaproximar das potências ocidentais.

  

Gaddafi ficou conhecido pelo jeito extravagante de se vestir, os discursos incoerentes e a habilidade
diplomática. Nos anos 1980, foi monitorado pelos serviços de inteligência por ligações com grupos terroristas.

O governo da Líbia foi responsabilizado por atentados na Europa e no Oriente Médio. O mais conhecido foi o
ataque à bomba no voo da Pan Am sobre Lockerbie, na Escócia, que matou 270 pessoas em 1988.

Dois anos antes, em 1986, o ex-presidente americano Ronald Reagan (que chamou Gaddafi de "cachorro
louco´) autorizou um ataque aéreo à capital Trípoli. A investida ocorreu em represália a um atentado contra
uma discoteca em Berlim Ocidental, que matou dois militares americanos. Entre os mortos no ataque à Trípoli
estava a filha adotiva de Gaddafi.
Depois do 11 de Setembro, Gaddafi passou a colaborar com os americanos na guerra contra o terrorismo. Em
2003, ele assumiu a autoria do atentado de Lockerbie e pagou uma indenização bilionária às famílias das
vítimas.

A estratégia visava suspender as sanções impostas pela ONU. Deu certo. Nos últimos anos, Trípoli reatou
legações diplomáticas e comerciais com a Europa e dos Estados Unidos, atraindo investidores estrangeiros. A
crise atual mudou o panorama. Os governos ocidentais agora pedem a saída do ditador e fazem a retirada em
massa de estrangeiros.

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× Livro ßerde conhecida obra do ditador líbio Muammar Gaddafi na qual expõe suas ideias políticas, que
mesclam nacionalismo e religião islâmica.

× Syriana - a indústria do petróleo (2005): filme estrelado por George Clooney e Matt Damon que mostra
a relação entre petróleo, política e terrorismo nas nações mulçumanas.

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Depois de 18 dias de manifestações populares, o presidente egípcio Hosni Mubarak renunciou ao cargo no dia
11 de fevereiro de 2011, encerrando três décadas de ditadura. O feito, considerado histórico, foi comemorado
em todo o mundo.

    

O Egito é o mais populoso e influente país árabe. Nunca antes um governante havia sido deposto por força de
um movimento popular. A primeira vez que isso aconteceu no mundo árabe foi na Tunísia, em 14 de janeiro.
Na ocasião, o presidente Zine El Abidine Ben Ali também cedeu aos protestos e renunciou, após 23 anos no
poder.

Rapidamente, a onda de protestos pró-democracia se espalhou por outros países do Norte da África e do Oriente
Médio. Os especialistas, entretanto, eram céticos quando à possibilidade de queda do ditador egípcio. Isso
porque o Egito possui o maior aparato policial da região, financiado pelos Estados Unidos.

Porém, os manifestantes desafiaram o toque de recolher imposto pelas autoridades e transformaram a praça
Tahrir (libertação, em árabe), localizada no centro do Cairo, num monumento de resistência ao regime. No
local, eles confrontaram a polícia e simpatizantes de Mubarak. Mais de 300 pessoas morreram em duas semanas
de distúrbios.

O presidente tentou de todas as formas evitar a renúncia. Ele prometeu que não iria concorrer às próximas
eleições, marcadas para setembro, trocou o ministério e indicou um vice. Menos de 24 horas antes da renúncia,
anunciou na TV que delegaria alguns poderes ao vice-presidente, Omar Suleiman, e faria reformas
constitucionais.

Nada disso adiantou. O último discurso do presidente somente serviu para revoltar mais a população, que exigia
sua saída. Nos bastidores, os Estados Unidos faziam pressão diplomática para que fosse feita a transição de
poder. Sem apoio das Forças Armadas, que sustentou sua ditadura por três décadas, só restou a renúncia, que
foi festejada nas ruas do país.

No lugar de Mubarak assumiu o Conselho Militar do Egito. Os militares dissolveram o Parlamento e o gabinete
ministerial, ambos ligados ao ex-presidente. Em seguida, prometeram revogar a Lei de Emergência ± que há 30
anos restringe as liberdades civis ± e fazer um referendo para mudar a Constituição. A Carta vigente dá plenos
poderes ao presidente.

As Forças Armadas devem permanecer por seis meses no controle, até a formação de um novo governo.

 

Hosni Mubarak chegou à Presidência em 14 de outubro de 1981, oito dias depois do assassinato do presidente
Anwar Al Sadat por extremistas islâmicos. Na época, os radicais estavam descontentes com o acordo de paz
assinado com Israel em 1979.

Nos anos seguintes, com a justificativa de conter o terrorismo, Mubarak adotou medidas cada vez mais
restritivas às liberdades políticas e civis. Ele também foi reeleito sucessivas vezes em eleições fraudulentas e
com apoio das potências ocidentais.

A situação do Egito não é diferente dos demais Estados árabes. Eles são governados por monarquias
absolutistas, ditaduras militares ou teocracias. Por isso, as revoltas atuais são comparadas àquelas que levaram à
queda dos regimes comunistas no Leste Europeu, no final dos anos 1980.

Durante décadas, os árabes toleraram a falta de liberdade em troca de estabilidade econômica. A alta do preço
dos alimentos e o desemprego mudaram este quadro nos últimos meses. Outro fator que originou o movimento
foi o crescimento da população mais jovem e mais instruída, que reivindica abertura democrática. Os jovens
usam a internet e as redes sociais para praticarem ativismo político, o que levou os Estados árabes a
aumentarem a censura à rede.

As lideranças jovens, por outro lado, resistem à alternativa de um Estado mulçumano. Por isso, há chances de
que, após a queda dos ditadores, haja uma inédita transição democrática nestes países, como vem ocorrendo na
Tunísia.

 

A saída de Mubarak não resolveu os problemas no Egito. Os protestos prejudicaram a já debilitada economia,
baseada no petróleo e no turismo. Várias categorias continuam em greve por melhores salários.

Além disso, décadas de ditadura deixaram um vazio político no país, com ausência de lideranças políticas para
disputar eleições livres. Um movimento influente entre as camadas mais pobres é a Irmandade Mulçumana, de
caráter religioso, que representará risco ao Ocidente (sobretudo a Israel) caso conquiste espaço no novo
governo. A irmandade, fundada em 1928, é o grupo fundamentalista islâmico mais antigo.

Outra questão em aberto é o peso que a queda de Mubarak vai provocar nos países vizinhos. Nos últimos dias,
manifestações ganharam força no Iêmen, na Argélia, na Líbia e em Bahrein, no Golfo Pérsico.

No Irã, voltaram a ocorrer protestos, mesmo com a proibição do governo. Em 2009, o regime iraniano reprimiu
com violência protestos contra a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad.

Alguns países anunciaram medidas econômicas, em benefício da população, e de segurança, com o objetivo de
prevenir levantes populares. As revoltas árabes podem ainda alterar a geopolítica da região e a diplomacia com
os Estados Unidos e países europeus, que antes toleravam ditaduras para conter o avanço dos radicais islâmicos.

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× !az e Guerra no Oriente Médio: a queda do ±mpério Otomano e a Criação do Oriente (Contraponto):
livro do historiador David Fromkin que conta a história da formação dos países árabes, essencial para
entender o panorama político atual na região.
× A Batalha de Argel (1965): clássico do diretor Gilles Pontecorvo sobre o processo de independência da
Argélia.

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Parlamentares eleitos em outubro do ano passado tomaram posse no último dia 1º de fevereiro em Brasília,
dando inicio à 54ª legislatura. Entre novos políticos e velhos conhecidos dos brasileiros, o destaque da atual
composição do Senado e da Câmara dos Deputados é a redução do bloco de oposição ao governo.

    

O número de congressistas que pertencem aos partidos que formam a base aliada do governo de Dilma
Rousseff (PT) é maior do que nos dois governos de Luís Inácio Lula da Silva (2003-2011).

Dos 513 deputados federais e 81 senadores que compõem as Casas legislativas, 461 (ou 77,6%) são filiados a
partidos da situação. Nas legislaturas de 2003 e de 2007, o número de aliados era, respectivamente, de 285 e
401.

No primeiro dia de trabalho, foram eleitos os presidentes da Câmara e do Senado. Eles irão comandar o
Congresso Nacional pelos próximos dois anos.

Para o Senado, José Sarney (PMDB-AP) foi eleito para seu quarto e, segundo ele, último mandato como
presidente. Na Câmara, o cargo ficou com o deputado Marco Maia (PT-RS). O PMDB e o PT possuem hoje as
maiores bancadas no Poder Legislativo.

Os parlamentares fazem leis e fiscalizam o Poder Executivo. Nenhuma lei entra em vigor no Brasil sem antes
ser aprovada pela Câmara e pelo Senado. O salário de um parlamentar é de R$ 26,7 mil, fora os benefícios.

Em tese, o maior número de cadeiras no Congresso Nacional garantiria a aprovação de projetos do governo.
Mas, na prática, nem sempre funciona assim. A razão é que os políticos levam mais em conta interesses
particulares, como por exemplo, emendas que destinem verbas para seus Estados.



Na Câmara são 513 deputados federais que cumprem mandato de quatro anos (a atual legislatura vai até 31 de
janeiro de 2015). Eles são eleitos pelo número de votos proporcional à população de cada Estado.

A taxa de renovação da Câmara em Brasília foi de 44,8% nas últimas eleições, contra 47,6 em 2007. Entre os
novos deputados estão o humorista Francisco Everardo Oliveira, o Tiririca (PR-SP), que obteve o maior
número de votos no país, o ex-jogador Romário (PSB-RJ) e o delegado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP).

O PT tem a maior bancada, com 88 deputados. Em segundo lugar está o PMDB, com 78, seguido pelo PSDB,
com 53. O PT foi o partido que mais cresceu, passando de 83 para 88 deputados, passando a frente do PMDB,
que tinha 89 parlamentares na Casa em 2007.

Os partidos que compõem a base aliada do atual governo ± PT, PMDB, PP, PDT, PSC e PMN ± contam com
257 deputados. O DEM e o PSDB, que formam a oposição, têm 96 cadeiras. Entretanto, somando os demais
partidos que deram apoio ao governo Lula (PP, PTB e PV), são 402 aliados contra 111 deputados na oposição.

— 

O Senado Federal é composto por 81 parlamentares com mandato de oito anos. Cada Estado e o Distrito
Federal têm direito a três representantes. Um terço das cadeiras é renovado numa eleição e os outros dois
terços, quatro anos depois.

Em 2006 foram escolhidos 27 senadores e, em 2010, 54 - dois para cada Estado e mais Distrito Federal. Eles
foram escolhidos pelo sistema majoritário, em que vencem os candidatos que obtiverem maior número de votos
(o mesmo sistema válido para presidente e governadores).

O PMDB manteve sua hegemonia na Casa elegendo 20 senadores, mesmo número de quatro anos atrás,
enquanto o PT passou de 11 para 15. O PSDB vem em terceiro lugar, com 10 senadores, seguido pelo DEM,
com 5. A base governista possui 59 senadores (10 a mais do que em 2007) contra 17 na oposição.

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Votação de projetos de lei do Executivo, como o novo salário mínimo, e temas mais polêmicos, como a reforma
política, estão na pauta de atividades do Congresso para este semestre.

A votação do reajuste do salário mínimo já deve acontecer na próxima semana. O governo quer um aumento de
R$ 545 e acredita que tem votos suficientes para aprovar a proposta. Já os sindicalistas querem um mínimo de
R$ 580, enquanto há emendas de parlamentares com valores entre R$ 560 até R$ 600.

Mais difícil será a discussão em torno da reforma política. Ela consiste num conjunto de emendas
constitucionais e alterações na lei eleitoral que visam melhorar o sistema político no país. A dificuldade está no
fato das mudanças dependerem de políticos que se beneficiam com os problemas do sistema vigente.

Um exemplo é a questão do financiamento de campanhas, que hoje é fonte de corrupção na política brasileira.
Outros pontos polêmicos envolvem a fidelidade partidária (o político que se elege por um partido não pode
trocar no meio do mandato) e a farra dos suplentes, que assumem a vaga do parlamentar indicado para cargos
no governo.

O Congresso deve ainda debater projetos que envolvem a criminalização da homofobia e a legalização do
aborto. No último dia 8 de fevereiro, o Senado desarquivou a proposta que torna crime a discriminação de
homossexuais, com penas previstas de até cinco anos de prisão. Ambos os temas encontram resistência das
bancadas religiosas.

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× E Eu Com ±sso? Entenda como a política influencia o seu dia-a-dia (Globo): livro escrito pelo jornalista
Júlio Mosquéra a partir de uma série de reportagens exibidas pelo Fantástico, da TV Globo, a respeito
de como a política afeta o cotidiano das pessoas.

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

A onda de protestos pela democracia que se espalhou pelo mundo árabe assumiu proporções dramáticas no
Egito. Manifestantes ocupam as ruas do Cairo há uma semana para pedir a renúncia do presidente Hosni
Mubarak, há três décadas no poder.

    

A maior mobilização ocorreu na última terça-feira (1º de fevereiro). Quase um milhão de pessoas lotaram a
Praça Tahrir, no centro da capital. Diferente dos primeiros dias, não houve confrontos com a polícia.

Nem mesmo o bloqueio da internet e o toque de recolher impediram os egípcios de promoverem o ato. Antes
disso, Mubarak tentou, sem sucesso, contornar a situação. Ele destituiu todo o alto escalão e nomeou um vice-
presidente, fatos inéditos em seu governo.

Após o megaprotesto, Mubarak anunciou na TV estatal que não concorreria às eleições presidenciais de
setembro, mas que permaneceria no cargo até o fim do mandato. Ele tinha planos de passar o poder ao filho,
numa sucessão dinástica comum em países árabes.

O recuo do presidente teve o peso da influência dos Estados Unidos, que sinalizaram para uma retirada do
apoio ao regime. A oposição, porém, pretende continuar a pressão até a renúncia do ditador egípcio.
O Egito é o país árabe mais populoso, com 80 milhões de habitantes. O território abriga uma antiga civilização
que legou monumentos famosos como as pirâmides de Gizé e a Grande Esfinge. O país é também um
importante aliado do Ocidente no Oriente Médio, uma das regiões mais conflituosas do planeta e rica em
petróleo.

Os recentes protestos começaram com a "revolução do jasmim", que derrubou o presidente Zine El Abidine
Ben Ali, na Tunísia, em 14 de janeiro deste ano. Ben Ali estava há 23 anos na Presidência. Foi a primeira vez
na história que um líder árabe foi deposto por um movimento popular.

Na sequência, as manifestações pró-democracia se disseminaram por outros países da região, como a Argélia e
o Iêmen. Nenhum delas, contudo, teve tanta expressão quanto a que acontece atualmente no Egito.

As revoltas nos países árabes lembram os levantes que provocaram a queda dos regimes comunistas na Europa,
entre o final dos anos 1980 e o começo dos anos 1990. Entretanto, em países como o Egito, a ausência de
tradição democrática torna a situação mais perigosa.

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Sociedades árabes conhecem apenas duas formas de governo: monarquias absolutistas ou ditaduras, sejam elas
militares ou religiosas. Assim, nessas nações não existem partidos que possam disputar eleições após a queda
de um tirano.

O mais comum, nestes casos, é que o Estado secular seja substituído por um sistema fundamentalista. Foi o que
aconteceu em 2007 na faixa de Gaza. Na ocasião, o Hamas, grupo fundamentalista islâmico palestino,
conquistou o poder com a derrota do Fatah. Desde então, vive em conflito com Israel.

No Egito, a crise beneficia a Irmandade Mulçumana, que tem expressão entre as camadas mais populares da
população. Acontece que o país e uma peça-chave no equilíbrio de forças no Oriente Médio. Ele é aliado tanto
dos Estados Unidos quanto de Israel contra governos como o do iraniano Mahmoud Ahmadinejad.

Egito e Israel já travaram guerras. Os dois países assinaram um acordo de paz em 1979. Já o governo norte-
americano fornece quase US$ 2 bilhões por ano de ajuda econômica e militar ao Cairo. Somente o Estado de
Israel recebe maior incentivo da Casa Branca.

Internamente, Mubarak usou a justificativa de combater os radicais islâmicos para se manter no poder e
restringir liberdades. Ele era vice-presente em 1981 quando o presidente Anwar Sadat foi morto por
fundamentalistas durante uma parada militar na capital.

Outro fator que garantiu a permanência de ditaduras por décadas na região foi a estabilidade econômica. Isso
mudou com a crise financeira mundial de 2008 e a recente alta dos preços dos alimentos. A taxa de desemprego
no Egito é de 9% (no Brasil é de 6,7%) e um egípcio em cada dois vive com apenas dois dólares por dia.

Além disso, a população mais jovem - um em cada três egípcios tem menos de 15 anos - e mais bem educada
não tolera mais a repressão dos governos e nem teme a tomada de poder por grupos religiosos. São eles que
estão dando novos rumos ao mundo árabe.

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× O Atlas do Oriente Médio - o mapeamento de todos os conflitos (Publifolha): livro escrito por Dan
Smith que explica as guerras no Oriente Médio desde o Império Otomano até os dias atuais,
contextualizando os confrontos na política internacional.

× Free Zone (2005): filme conta a história de três mulheres de nacionalidades diferentes - uma norte-
americana, uma israelense e uma palestina - que se encontram numa "zona franca" da Jordânia, onde
jordanianos, israelenses, palestinos, egípcios e sírios, povos em constantes conflitos, negociam carros
usados.

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Pela primeira vez na história, um líder árabe foi deposto por força de movimentos populares. Isso aconteceu na
Tunísia, país mulçumano localizado ao norte da África. O presidente Zine Al-Abdine Bem Ali renunciou em 14
de janeiro após um mês de violentos protestos contra o governo. Ele estava há 23 anos no poder.

    

Há décadas que governos árabes resistem a reformas democráticas. Agora, analistas acreditam que a revolta na
Tunísia pode se espalhar por países do Oriente Médio e ao norte da África. O Egito foi o primeiro a enfrentar
manifestações inspiradas pela ³revolução do jasmim´ (flor nacional da Tunísia).

O novo ativismo no mundo árabe é explicado pela instabilidade econômica e pelo surgimento de uma juventude
bem educada e insatisfeita com as restrições à liberdade

Na Tunísia, os protestos começaram depois da morte de um desempregado em 17 de dezembro do ano passado.


Mohamed Bouazizi, 26 anos, ateou fogo ao próprio corpo na cidade de Sidi Bouzid. Ele se autoimolou depois
que a polícia o impediu de vender frutas e vegetais em uma barraca de rua.

O incidente motivou passeatas na região, uma das mais pobres da Tunísia, contra a inflação e o desemprego. A
partir daí, o movimento se espalhou pelo país e passou a reivindicar também mudanças políticas.

O governo foi pego de surpresa e reagiu com violência. Estima-se que mais de 120 pessoas morreram em
confrontos com a polícia. Na capital Tunis foi decretado estado de emergência e toque de recolher. Mesmo
assim, milhares de manifestantes tomaram as ruas.

Ben Ali foi o segundo presidente da Tunísia desde que o país se tornou independente da França, em 1956. Ele
ocupava o cargo desde 1987, quando chegou à presidência por meio de um golpe de Estado. Em 2009, foi
reeleito com quase 90% dos votos válidos para um mandato de mais cinco anos.

Depois de dissolver o Parlamento e o governo, Bem Ali deixou o país junto com a família, rumo à Arábia
Saudita. No seu lugar, assumiu o primeiro-ministro Mohammed Ghannouchi, um aliado político. Por isso, na
prática, o regime foi mantido, e os manifestantes continuam em frente ao Palácio do Governo. Eles exigem a
saída de todos os ministros ligados ao ex-presidente, que ainda ocupam cargos-chave no governo de transição.

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Sob certos aspectos, a Tunísia é o país mais europeu do continente africano, com classe média e liberal, alta
renda per capta e belas praias mediterrâneas. Mas também possui um dos governos mais corruptos e repressivos
de toda a região. A história do país é parecida com as demais nações árabes: foi domínio otomano, colônia
europeia e, depois, ditadura. A falta de liberdades civis em países como a Tunísia sempre foi compensada por
progresso econômico. Crises recentes como a do Irã, desencadeadas por jovens descontentes com os rumos
econômicos e políticos do país, mostram que a população chegou ao seu limite.

Há o risco da revolta se espalhar por países vizinhos como Egito, Líbia, Síria, Iêmen, Omã, Jordânia, Arábia
Saudita e Emirados Árabes Unidos. Na Líbia e em Omã, por exemplo, o ditador Muammar Gaddafi e o sultão
Qaboos bin Said, respectivamente, estão no poder há mais de 40 anos.

Os primeiros protestos inspirados pela Tunísia aconteceram no Egito. Em 25 de janeiro, policiais e


manifestantes entraram em choque nas ruas da capital Cairo. Eles pediam a saída do presidente Hosni Mubarak,
há 30 anos no comando. Pelo menos quatro pessoas morreram.

O movimento, chamado "dia da revolta" foi inspirado pela "revolução do jasmim" e organizado por meio do
Twitter e do Facebook, a exemplo dos protestos iranianos, ocorridos em 2009.

Não se sabe, por enquanto, quais as consequências destes distúrbios em países como o Egito. O impasse
também persiste na Tunísia, onde, até agora, o regime persiste, mesmo com a saída do presidente. A ausência
de lideranças políticas deixa o país sem alternativas para compor um novo governo. Mas pelo menos um tabu
foi quebrado, numa região em que ditadores só eram depostos mediante golpes de Estado ou invasões
estrangeiras.

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× O Oriente Médio e o Mundo Árabe (Brasiliense): livro de Maria Yedda Linhares que conta a história do
Oriente Médio desde a crise do Império Otomano até o período da colonização europeia, analisando as
origens dos conflitos atuais.

× Sherazade, conte-me uma história (2009): filme egípcio sobre as desavenças políticas entre um casal de
jornalistas. A mulher é apresentadora de TV e o marido, editor-chefe de um jornal do governo.

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Chuvas intensas que caíram na região serrana do Rio de Janeiro provocaram o pior deslizamento da história do
Brasil. Até o último dia 18 de janeiro, o número de mortos chegava a 710 em quatro cidades. Outras 7.780
pessoas estão desalojadas ± morando em casa de vizinhos ou familiares ± e 6.050 desabrigadas. Um total de 207
estão desaparecidas.

    

A tragédia foi causada por um fenômeno raro que combina fortes chuvas com condições geológicas específicas
da região. Porém, ela foi agravada pela ocupação irregular do solo e a falta de infraestrutura adequada para
enfrentar o problema, que se repete todos os anos no país.

O número de vítimas superou o registrado em Caraguatatuba, em 1967. Na época, tempestades e deslizamento


de terra mataram 436 pessoas na cidade do litoral norte de São Paulo. Nesse mesmo ano, uma enchente deixou
785 mortos no Rio.

Na madrugada do último dia 12 de janeiro, uma enxurrada de toneladas de lama, pedras, árvores e detritos
desceu a montanha arrastando tudo pelo caminho. Os rios se encheram rapidamente, inundando as cidades.

A destruição foi maior nas cidades Nova Friburgo e Teresópolis, que contabilizam o maior número de mortos.
Essas cidades turísticas recebem visitantes na temporada, que aproveitam o clima ameno da serra.

Ruas foram cobertas por um mar de lama, com corpos espalhados, casas destruídas e carros empilhados. A
queda de pontes em rodovias deixou cidades isoladas, e os moradores ficaram sem luz, água e telefone.

Em Nova Friburgo, o rio subiu mais de cinco metros de altura e a enchente derrubou casas. Em Teresópolis, o
cenário era devastador. Condomínios, chácaras, pousadas e hotéis de luxo foram arrasados pelas avalanches de
terra.

A estrutura de atendimento às vítimas entrou em colapso. O IML (Instituto Médico Legal) e os cemitérios
ficaram lotados. Parentes das vítimas tiveram que fazer enterros às pressas em covas rasas.

Uma das imagens mais impressionantes foi a de uma mulher sendo salva da inundação. Ela foi içada por uma
corda do alto de um prédio, enquanto o cachorro que trazia nos braços era arrastado pela enxurrada.



O ar quente e úmido vindo da Amazônia gerou nuvens carregadas no Sudeste. Na região serrana do Rio, as
montanhas formaram uma espécie de barreira que impediu a passagem de nuvens e concentrou a chuva numa
única área.

Somente em Nova Friburgo, onde a chuva foi mais intensa, em 12 dias o volume foi 84% a mais do que o
previsto para todo mês de janeiro.

A água da chuva foi responsável por dois fenômenos distintos. Primeiro, a cheias nas nascentes dos rios, no alto
das montanhas, que causou as enchentes. O sistema de drenagem dos municípios era obsoleto e não conseguiu
escoar as águas.

E, mais grave, os deslizamentos. O solo das encostas é constituído por uma camada fina de terra e vegetação
sobe a rocha. Quando fica encharcado, se descola da montanha, descendo feito uma avalanche. A grande
inclinação das montanhas fez com que o deslizamento atingisse até 150 quilômetros por hora, aumentando a
potência de destruição.

Boa parte das mortes, contudo, poderia ter sido evitada com políticas públicas. Durante décadas, os governos
foram omissos ± quando não estimularam ± os loteamentos em áreas de risco permanente. Na rota da lama que
desceu das encostas havia dezenas de imóveis, desde favelas até hotéis e casas de alto padrão.

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O aquecimento global está por trás das mudanças climáticas que explicam os contrastes de seca e enchentes em
várias partes do mundo. No Brasil, os prejuízos financeiros e as mortes se acumulam a cada verão.

No ano passado, 283 pessoas morreram no Estado do Rio entre os meses de janeiro e abril. As catástrofes
aconteceram em Angra dos Reis, Niterói (Morro do Bumba), na capital e em outras cidades. Em São Paulo, a
chuva destruiu a cidade histórica de São Luiz do Paraitinga. Em 2008, houve 135 mortes em Santa Catarina.

Compete aos governos municipais regulamentar e fiscalizar o uso do solo. O objetivo é impedir a construção de
moradias nas encostas e zonas de risco. Já os governos estadual e federal precisam investir em programas
preventivos e encontrar soluções menos burocráticas para garantir que os recursos cheguem até as cidades.

Um exemplo foi a liberação imediata de R$ 780 milhões da União para ajudar na reconstrução dos municípios
afetados pelas chuvas deste mês. A verba foi liberada por meio de uma medida provisória assinada pela
presidente Dilma Rousseff. O valor gasto com a recuperação, todavia, é superior ao que seria gasto com
prevenção. Sem falar nas vidas perdidas.

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× Guerras Climáticas ± !or que mataremos e seremos mortos no século 21 (Geração Editorial): Harald
Welzer argumenta que, neste século, as guerras serão fruto dos efeitos das mudanças no clima da Terra,
que tornarão áreas impróprias para a sobrevivência.

× A Era da Estupidez (2009): mistura documentário, drama e animação, filme mostra um sobrevivente
num futuro devastado pelo aquecimento do planeta.

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José Renato Salatiel*

Uma nova nação deve surgir na África nos próximos meses. A população do Sudão iniciou no último dia 9 de
janeiro um referendo que deve aprovar a separação entre as regiões Sul e Norte do país. Divisões étnicas, tribais
e religiosas causam conflitos que duram décadas no território. Agora, a disputa por reservas de petróleo ameaça
dar início a outra guerra.

    

A votação vai até o dia 15 e o resultado será anunciado em 22 de janeiro. É preciso um comparecimento de
60% dos eleitores. Se for aprovado nas urnas ± há estimativa de 90% a favor ±, será criado em julho o 193º país
do mundo.

O novo país pode se chamar Sudão do Sul, Novo Sudão ou Kush, nome de uma das primeiras civilizações que
habitavam a região. A cidade de Juba será a capital.
O Sudão é o maior país do continente africano. A região Norte é de maioria árabe e mulçumana, enquanto no
Sul há predomínio da população negra e cristã. Houve duas guerras pela independência do Sul. A primeira
começou em 1955 e terminou em 1972, após um acordo de paz.

Os conflitos recomeçaram em 1983 e só foram interrompidos com um cessar-fogo em 2005, entre o Exército e
os rebeldes sulistas do SPLA (Exército Popular de Libertação do Sudão). Estima-se que a guerra civil tenha
deixado 2,5 milhões de mortos e 5 milhões de refugiados. Um acordo estabelecido com o último cessar-fogo
conferiu ao Sul autonomia do governo central de Cartum.

Caso se torne um país, o Sudão do Sul será um dos mais pobres do mundo. A região é pouco maior que o
Estado de Minas Gerais e possui 8,5 milhões de habitantes. Segundo dados da ONU, 90% da população vive
abaixo da linha da pobreza. Até 85% da população adulta é analfabeta, metade não tem acesso à água potável e
quase não há estradas ligando o território.

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O Sudão, contudo, é rico em petróleo, o que pode vir a ser a fonte de novos conflitos. As reservas são
conhecidas há três décadas. Recentemente, descobriu-se que são muito maiores, de até 6,7 bilhões de barris (em
comparação, calcula-se que o pré-sal de Tupi, no Brasil, tenha entre 5 e 8 bilhões de barris).

Os termos do acordo de paz, firmado há seis anos, incluíam a divisão igualitária dos rendimentos com a
exportação do minério entre as regiões Norte e Sul, até 2011. A renegociação do acordo após o referendo é um
dos pontos mais delicados no processo de separação.

Apesar de o Sul concentrar 80% das reservas, a exportação do produto depende do acesso ao Mar Vermelho,
que é feito pelo Norte do país. Além disso, o distrito de Abyei, localizada na fronteira, é rico em petróleo. A
população local fará um referendo para saber se junta-se ao Norte ou ao Sul.

Há ainda outro componente delicado na transição: os caprichos de um ditador. O Sudão é governado por Omar
Bashir, acusado de genocídio em Darfur, região oeste do país. Os conflitos étnicos em Darfur começaram em
2003 e deixaram 50 mil mortos. Há uma ordem de prisão do Tribunal Penal Internacional contra Bashir por
crimes de guerra.

O ditador deu indícios de que aceitará o resultado das urnas, mas disse também que o Sul não está preparado
para constituir um Estado independente. Pelo menos 30 pessoas morreram em ataques nos primeiros dias de
votação. Analistas temem que o plebiscito prejudique o cessar-fogo. O país vizinho, Quênia, se prepara para
uma eventual onda de refugiados.

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Outras regiões do mundo, caracterizadas por diferenças étnicas, religiosas e linguísticas, lutam pela
independência. Entre as mais conhecidas estão o País Basco, localizado entre a França e a Espanha; a
Chechênia, que tenta se desligar da Rússia; e o Tibete, que luta contra o domínio chinês. Em 2008, o Kosovo,
na península balcânica, declarou independência da Sérvia. Ele foi reconhecido pelos Estados Unidos e alguns
países da União Europeia.

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× istoria da África - uma introdução (Crisálida): livro de Ana Mônica Lopes e Luiz Arnault traz
introdução à história do continente africano, em temas como religião, economia, imperialismo e lutas
pela independência.
× O Último iei da Escócia (2006): filme sobre o ditador Amin Dada, que governou Uganda de 1971 a
1979, e foi acusado de promover massacres.

× .  
 
×      
 
× José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
× Atualizado em 17/01/11, às 9h05

× Os ataques às torres gêmeas do World Trade Center em Nova York, em 2001, compuseram a imagem
mais emblemática da primeira década do século 21. Os atentados deram início a uma década de guerras
contra o terrorismo. Os primeiros dez anos do século também trouxeram uma das piores crises
econômicas da história, os efeitos do aquecimento global e a expansão do acesso a novas tecnologias.

    

Para o historiador Eric Hobsbawm, dois acontecimentos definiram o começo e o fim do século passado.
O século 20 teria iniciado com a Primeira Guerra Mundial, em 1914, e terminado com a queda dos
regimes comunistas no Leste Europeu.

Poderíamos dizer, do mesmo modo, que o atual foi inaugurado com os ataques aos Estados Unidos em
11 de setembro de 2001. O presidente George W. Bush, recém empossado, respondeu a eles dando
início a duas guerras no Afeganistão e no Iraque.

O Afeganistão foi invadido para obrigar o país muçulmano a entregar Osama Bin Laden, líder da rede
Al Qaeda. Responsabilizado pelos atentados aos Estados Unidos, o terrorista até hoje não foi capturado.
No Iraque, a justificativa para a deposição do ditador Sadam Hussein foi a existência de armas de
destruição em massa, que nunca foram encontradas.
A partir de então, o medo de novos ataques terroristas se espalhou pelo mundo. Em 2004, dois atentados
mataram centenas de pessoas no metrô de Madri, na Espanha, e na cidade de Beslan, na Rússia. Em
julho do ano seguinte, explosões vitimaram 52 pessoas em Londres, no Reino Unido. O pânico levou a
polícia londrina a executar o brasileiro Jean Charles de Meneses, confundido com um terrorista no
metrô.

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× Outro grande acontecimento da década foi a crise econômica internacional, a pior desde 1929. O marco
foi a falência do banco americano Lehman Brothers, em 15 de setembro 2008. Os efeitos da crise
incluíram um longo período de recessão em países europeus e, indiretamente, a eleição de Barack
Obama, o primeiro negro a ocupar o cargo em Washington.

Em meio ao caos no mercado financeiro, a China ultrapassou o Japão e se tornou a segunda maior
potência econômica do planeta. Ao mesmo tempo, o regime comunista de Pequim virou alvo de críticas
por violações dos direitos civis e degradação do meio ambiente.

Junto com a economia, o aquecimento global foi o assunto que mais reuniu líderes mundiais na década.
Em fevereiro de 2007, um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) culpou a ação humana
pelas mudanças climáticas. Os efeitos, porém, já eram sentidos em todo o planeta: ondas de calor na
Europa, enchentes no Sudeste Asiático e furacões na América. Houve ainda outras catástrofes naturais
graves que devem ser mencionadas como os terremotos que devastaram o Chile e o Haiti em 2010.

Os cientistas ainda anunciaram o sequenciamento do genoma humano (2001), abrindo caminho para
cura de doenças, e a primeira pandemia do século (2009), a gripe suína. Na área de tecnologia, o
crescimento da internet, o surgimento das redes sociais e a sofisticação dos aparelhos celulares e
computadores transformaram as relações humanas.

× 
× No Brasil, a década começou com a chegada do primeiro sindicalista à Presidência. Se, como disse
Maquiavel, a manutenção do poder se faz equilibrando virtudes naturais do governante (virtú) e a
própria sorte (fortuna), pode-se dizer que Luiz Inácio Lula da Silva teve ambas.

Eleito em 2002, conseguiu dois feitos notáveis: manteve a economia nos eixos e melhorou a distribuição
de renda. Além disso, o petista sobreviveu a escândalos políticos como o ³mensalão´, em 2005, e tirou
proveito da descoberta de reservas de pré-sal e da escolha do país para sediar a Copa de 2014 e das
Olimpíadas em 2016.

Mesmo assim, o Brasil atravessou a década com problemas antigos, de infraestrutura, saneamento,
educação e saúde. Alguns deles até piores, como a violência urbana. Numa versão nacional do
terrorismo, as duas maiores metrópoles do país foram vítimas de ondas de ataques do crime organizado:
São Paulo, em 2006, e Rio de Janeiro, em 2010.

Pela TV, os brasileiros acompanharam ³novelas reais´ como o sequestro de Sílvio Santos, as mortes do
prefeito de Santo André, Celso Daniel, e do repórter da TV Globo Tim Lopes, e os julgamentos de
Suzane von Richthofen e do casal Nardoni.

Houve também as tragédias aéreas. A colisão de um avião da Gol com um jato da Embraer matou 155
pessoas (2006), e a queda de um Airbus da TAM ao lado do aeroporto de Congonhas, em São Paulo,
deixou 199 mortos (2007).

Os dez primeiros anos do século 21 terminaram no país com a eleição de Dilma Rousseff, a primeira
mulher na Presidência da República.
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Uma mulher na Presidência da República, no Brasil? Barack Obama com problemas de popularidade? Um ex-
hacker desafiando a maior potência econômica e militar do planeta? Mineiros que viram celebridades?

    

O ano de 2010 trouxe algumas novidades surpreendentes, além velhos conhecidos ± tragédias naturais,
aquecimento global, tráfico de drogas e violações dos direitos humanos. O certo é que o modo como a história
foi escrita, neste ano, irá influenciar nossas vidas nos próximos.

No Brasil, a política foi o grande destaque em 2010. Depois de oito anos, a "era Lula" termina com a eleição de
Dilma Rousseff. Inexperiente nas urnas, a ex-ministra da Casa Civil chegou ao Palácio do Planalto amparada
pela popularidade recorde do presidente Lula.

Nem mesmo os sucessivos escândalos de corrupção envolvendo o PT abalaram a confiança dos eleitores. A
vitória da petista foi um reflexo da estabilidade econômica do país e dos avanços na área social. Em 2011, ela
terá que governar com autonomia para resolver problemas deixados pela gestão anterior, sobretudo nas áreas de
educação, saúde e infraestrutura.

Para boa parte dos brasileiros, contudo, o ano será lembrado pelo fiasco da seleção brasileira na Copa do
Mundo na África do Sul. A teimosia do técnico Dunga custou uma derrota nas quartas de final para o futebol
holandês, adiando os sonhos do hexacampeonato para a Copa no Brasil, em 2014.

Fora dos campos, a população teve preocupações bem mais sérias. As chuvas provocaram enchentes e
deslizamentos de terras que mataram dezenas de pessoas no Estado do Rio de Janeiro, nos meses de janeiro e
abril.
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A violência no Rio foi notícia, mais uma vez, na imprensa internacional. Primeiro em julho, com a prisão do
goleiro Bruno, astro do Flamengo envolvido na morte da ex-amante Eliza Samúdio.

Depois, entre os dias 25 e 28 de novembro, com a retomada de áreas controladas por facções criminosas no
Complexo do Alemão. Agora, o governo tem pela frente o desafio de manter a segurança nos morros,
rompendo uma tradição de décadas de descaso político.

A Justiça também foi elogiada pela rápida resposta no caso da morte da menina Isabella Nardoni, 5 anos,
ocorrida em março de 2008. O casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foi condenado em 27 de março
por um júri popular, num dos julgamentos mais esperados de 2010.

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Nos Estados Unidos, este será provavelmente um ano que o presidente Obama gostaria de esquecer. No meio
do mandato, restava pouco da vitória triunfante do primeiro negro na Casa Branca. Os pacotes de estímulo à
economia não surtiram efeito e ele ainda perdeu a maioria democrata na Câmara dos Deputados, nas eleições
legislativas de novembro.

Porém, uma promessa de campanha foi cumprida: os Estados Unidos começaram a retirar as tropas de combate
do Iraque. A guerra, que já dura sete anos, deixou mais de 4 mil soldados mortos e custou bilhões de dólares
aos cofres públicos.

Já no final do ano, o ex-hacker Julian Assange roubou a cena, divulgando em seu site, o Wikileaks, 250 mil
documentos secretos da diplomacia norte-americana e causando a maior ³saia justa´ em Washington.

A China, que neste ano ultrapassou o Japão e se tornou a segunda maior economia mundial, foi outra oponente
de peso ao Império Americano. Os conflitos ocorreram no campo das finanças, com a ³guerra fiscal´, e no
ciberespaço, com o ataque de hackers.

Para Pequim, a posição de destaque no mercado veio acompanhada de cobranças em política, meio ambiente e
direitos humanos. O recado mais contundente foi a indicação do Prêmio Nobel da Paz para o dissidente Liu
Xiaobo. Preso, ele não pode receber a condecoração no dia 10 de dezembro. Foi representado por uma cadeira
vazia.

As críticas também foram duras contra o Irã. O governo de Mahmoud Ahmadinejad teve que voltara trás e adiar
a condenação da iraniana Sakineh Mohammadie Ashtiani, que seria apedrejada até morte por crime de
adultério.

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2010 ainda emocionou o mundo por duas tragédias na América Latina. Em 12 de janeiro, um dos terremotos
mais violentos da história devastou a capital do Haiti, Porto Príncipe, matando 230 mil pessoas. Na sequência,
uma epidemia de cólera se espalhou pelo país mais pobre do continente, que não conseguiu se reerguer dos
escombros.

Já a segunda tragédia deve um final feliz. O resgate de 33 mineiros presos em uma mina no Chile, em 13 de
outubro, foi acompanhado por meios de comunicação de todo o mundo. Eles ficaram 60 dias soterrados a 700
metros de profundidade e se tornaram celebridades internacionais. Para o bem ou para o mal, foi um ano
inesquecível.

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Ao deixar o cargo de presidente no próximo dia 1º de janeiro, Luiz Inácio Lula da Silva terá legado, em oito
anos de governo, avanços nos setores de economia e inclusão social. Índices históricos de crescimento
econômico e redução da pobreza garantiram ao ex-metalúrgico 83% de aprovação popular ± o maior patamar
entre presidentes desde o fim da ditadura ± e a eleição de sua sucessora, Dilma Rousseff, uma estreante nas
urnas.

    

Mas o balanço da ³era Lula´ tem suas tragédias. Escândalos de corrupção abalaram o primeiro mandato (2003-
2006), mancharam a imagem do Partido dos Trabalhadores (PT) e contribuíram para que o Congresso seja hoje
a instituição de menor credibilidade entre os brasileiros.

Na economia, o maior mérito do governo petista foi a manutenção da política dos governos anteriores. Crítico
do Plano Real, Lula, ao chegar ao Planalto, deu continuidade ao programa que controlou a inflação. A medida
assegurou a estabilidade econômica e possibilitou que outras questões importantes, como saúde, educação e
segurança pública, fossem discutidas.

O PIB (Produto Interno Bruto), que representa a soma de todas as riquezas de um país, teve um crescimento
médio anual de 4,0% nos dois mandatos. O índice é quase o dobro do registrado no período de 1981 a 2002
(2,1%). Assim, o Brasil passou de 12º lugar para 8º no ranking das maiores economias do mundo.
Neste contexto, a redistribuição de renda foi o principal destaque. Programas sociais como o Bolsa Família, a
expansão do crédito e o aumento de empregos formais e do salário mínimo (que passou de R$ 200 em 2002
para R$ 510, em 2010) permitiram a ascensão de classes mais pobres.

O efeito também foi sentido no setor empresarial: a maior renda do trabalhador converteu-se em compras. A
alta no consumo, por sua vez, estimulou investimentos no comércio e na indústria, inclusive em contratações,
realimentando o ciclo. O resultado foi a redução em 43% do número de pobres (brasileiros com renda per
capital mensal inferior a R$ 140), que caiu de 50 milhões para 29,9 milhões desde 2003.

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No cenário internacional, o governo petista surpreendeu ± para o bem e para o mal. Quando foi chamado de ³o
cara´ pelo presidente norte-americano Barack Obama, Lula já desfrutava do prestígio de ser uma liderança
internacional. Durante seu governo, o Brasil reforçou laços políticos e comerciais, sobretudo na América do
Sul, África e Ásia.

Na diplomacia, a posição do governo em relação a regimes ditatoriais como Cuba e Irã abalou a imagem do
país no exterior. O próprio Lula contribuiu para isso. Primeiro, ele comparou os protestos no Irã com queixas de
um time derrotado. Depois, em visita a Cuba quando da morte de um preso político em greve de fome,
comparou os dissidentes a presos comuns. Foram também vergonhosas as posturas do Brasil em fóruns
internacionais com respeito a área de direitos humanos, como no caso da iraniana condenada a pena de morte, e
no apoio ao projeto nuclear do Irã.

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O pior aspecto do governo Lula, contudo, foram os sucessivos escândalos políticos. Na oposição, o PT se
mostrava como uma alternativa ao fisiologismo político, o corporativismo e a corrupção que reinava entre os
partidos. Uma vez no poder, aderiu às mesmas práticas. O ³mensalão´, em 2005, foi o divisor de águas na era
Lula. O esquema envolvia o pagamento de propinas a parlamentares em troca de apoio ao governo em votações
no Congresso. Na época, o presidente contava com apenas 31% de aprovação.

As denúncias derrubaram o principal ministro de Lula, José Dirceu (Casa Civil), e toda a cúpula do PT. No
segundo mandato, Lula refez sua base política e ³construiu´ a candidata Dilma Rousseff para sucedê-lo no
cargo. Atualmente, 38 envolvidos no caso respondem a processos por diversos crimes.

Na seqüência, houve a Operação Sanguessuga da Polícia Federal, que expôs políticos que desviavam verbas
públicas destinadas à compra de ambulâncias. Ás vésperas das eleições de 2006, outra ³bomba´: um grupo de
petistas, chamados pelo próprio presidente de ³aloprados´, foi flagrado tentando comprar um falso dossiê
contra o candidato tucano José Serra.

No segundo mandato ocorreram novos escândalos, como o caso dos cartões corporativos ± funcionários do
Planalto que faziam uso irregular de cartões de crédito oficiais ± e um suposto esquema de tráfico de influência
envolvendo a família da ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra.

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Em oito anos no governo, Lula se consolidou como um fenômeno político graças ao seu apelo junto às camadas
mais pobres da população. Porém, sua sucessora na Presidência vai herdar problemas que, se não forem
resolvidos, podem comprometer o progresso do país.
Na Educação, 14 milhões de brasileiros com idade acima de 15 anos são analfabetos. Na Saúde, faltam leitos
hospitalares, médicos e o país enfrenta uma epidemia de dengue que contaminou, somente este ano, quase 1
milhão de pessoas. Em pleno século 21, 56% dos domicílios não possuem rede de esgoto, e a infraestrutura
deficitária (estradas, ferrovias, portos e aeroportos) ainda é um entrave para o desenvolvimento.

Lula também deixou de fazer reformas importantes, como a da previdência, a agrária e a tributária. O legado
contabiliza ainda um Estado mais caro em razão de contratações feitas para atender interesses políticos e
partidários. Em resumo, Lula continuou o projeto de um país socialmente mais justo e de moeda estável. Mas,
ao mesmo tempo, manteve o que há de pior na política brasileira.

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× Os Anos Lula: contribuições para um balanço crítico 2003-2010 (Garamond): coletânea de artigos de
especialistas que analisam os oito anos de governo Lula.
× Lula - o filho do Brasil (2009): filme que conta a trajetória de Lula desde seu nascimento no sertão
pernambucano até a liderança sindical, nos anos 1980.

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Uma cadeira vazia representou o vencedor do prêmio Nobel da Paz na cerimônia realizada em Oslo, na
Noruega. O motivo é que o agraciado deste ano, o dissidente chinês Liu Xiaobo, está preso. Ele foi condenado a
11 anos de prisão por crimes políticos.

    

A China é hoje a segunda economia do mundo e um dos poucos regimes comunistas remanescentes do século
20. Xiaobo é um dos ativistas políticos mais conhecidos do país. Ele enfrenta sua quarta detenção por conta de
manifestações em defesa de liberdades civis. Sua mulher, a também dissidente Liu Xia, cumpre prisão
domiciliar.

Foi a segunda vez na história que nenhum representante de um laureado preso pôde ir à cerimônia. Em 1935, o
prêmio foi entregue ao pacifista alemão Carl von Ossietzky (1889-1938), que estava detido em um campo de
concentração nazista por contrariar Adolf Hitler.

A escolha deste ano enfureceu o governo chinês. O Partido Comunista Chinês, que governa desde o país 1949,
reagiu de duas formas. Externamente, usou a diplomacia para tentar boicotar a cerimônia ± aderiram, entre
outros, Rússia, Cuba e Venezuela. Internamente, bloqueou sites de notícias, interrompeu a transmissão do
evento e reprimiu simpatizantes.

É o segundo ano consecutivo em que o Nobel da Paz gera polêmicas. No ano passado, o laureado foi o
presidente norte-americano Barack Obama, mesmo com os Estados Unidos envolvidos em duas guerras, no
Iraque e no Afeganistão.

A decisão deste ano foi, mais uma vez, política. O objetivo do comitê do Nobel foi sinalizar a China de que a
hegemonia no mercado e nas finanças deve vir acompanhada de avanços na área de direitos humanos. Nada
indica, porém, que os governantes chineses irão libertar os dissidentes.

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O professor de Literatura e escritor Liu Xiaobo, de 54 anos, ficou conhecido quando foi preso pela primeira vez
após os protestos em prol da democracia em 1989. Nessa época, no clima do colapso dos regimes comunistas
no Leste Europeu, estudantes chineses ocuparam a praça da Paz Celestial (Tiananmen). A repressão ao
movimento, em 4 de junho de 1989, deixou mais de 7 mil mortos, segundo fontes extra-oficiais.

Xiaobo ficou quase dois anos na cadeia por aderir à greve estudantil. Foi preso novamente em 1995 e 1996. No
final de 2008, sofreu a quarta detenção. Desta vez, por ser o principal autor da ³Carta 8´, documento que pedia
a democratização e reformas políticas na China. O movimento foi inspirando na ³Carta 77´, emblema do
movimento pela democracia na Tchecoslováquia na década de 1970.

A ³Carta 8´ foi assinada por cerca de 10 mil chineses e publicada por ocasião do 60ª aniversário da Declaração
Universal dos Direitos Humanos.

Por escrever o manifesto, Xiaobo foi condenado em dezembro de 2009. A Justiça chinesa é subordinada ao
Partido Comunista e, por isso, raramente absolvem réus acusados de crimes contra o Estado. A sentença foi
criticada pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por grupos de defesa dos direitos humanos.

Atualmente, o ativista cumpre a pena numa prisão localizada a 500 quilômetros ao norte de Pequim. Somente
sua mulher tem autorização de visitá-lo na cela, mas ela também está detida, em prisão domiciliar. O casal não
se vê desde o dia 7 de setembro.
-  !)

O Prêmio Nobel foi idealizado por Alfred Nobel, industrial sueco que inventou a dinamite. O objetivo era
reconhecer contribuições de valor à humanidade em cinco áreas distintas: física, química, medicina, literatura e
trabalhos pela paz.

A premiação ocorre desde 1901 na cidade de Estocolmo - capital da Suécia e sede da Fundação Nobel-, com
exceção da entrega do Nobel da Paz, que acontece em Oslo, capital da Noruega.

O Nobel da Paz é concedido para pessoas ou organizações cujas ações promoveram a paz entre as nações e
contribuíram para solucionar a conflitos. Entre os mais famosos laureados com o prêmio estão Martin Luther
King (1964), Madre Teresa de Calcutá (1979), Dalai Lama (1989), Mikhail Gorbatchev (1990) e Nelson
Mandela (1993).

Outros dissidentes também foram agraciados com o prêmio, entre eles o físico soviético Andrei Sakharov
(1975), o líder sindical Lech Walesa (1983) e a ativista birmanesa Aung San Suu Kyi (1991).

O governo chinês criticou duramente a escolha do Nobel da Paz deste ano e suspendeu as relações comerciais
com a Noruega. O Ministério de Relações Exteriores da China chamou de "teatro político" a decisão do comitê.

Em resposta, a China criou seu próprio prêmio, o Confúcio da Paz. O nome se refere ao filósofo chinês que
originou a doutrina do confucionismo. A condecoração foi oferecida a Lien Chan, ex-vice-presidente de
Taiwan.

Valendo-se de sua influência comercial e diplomacia, Pequim tentou convencer outros países a boicotarem a
cerimônia de entrega do prêmio. Além da China, não compareceram à solenidade representantes de outros 16
países: Afeganistão, Arábia Saudita, Autoridade Palestina, Iraque, Irã, Cazaquistão, Paquistão, Siri Lanka,
Vietnã, Cuba, Venezuela, Egito, Marrocos, Sudão, Tunísia e Rússia.



Poucos chineses souberam da premiação. O governo chinês censurou a transmissão ao vivo da cerimônia pelos
canais internacionais de notícias, como a BBC e a CNN. A imprensa local, controlada pelo Estado, não fez
nenhuma menção ao evento. Sites da internet também foram bloqueados, impedindo que quase 400 milhões de
internautas chineses (o maior número de usuários da rede no mundo) acessarem conteúdo que fizessem
referência ao Nobel.

Ao mesmo tempo, colaboradores e simpatizantes foram detidos ou impedidos de deixar o país. Deste modo,
nenhum representante de Xiaobo pode ir à Noruega receber a medalha e cheque de US$ 1,5 milhão.

No assento vazio, com a foto de Xiaobo ao fundo, foram deixada a medalha e o diploma. A atriz norueguesa
Liv Ullman leu o discurso que o escritor pronunciou em seu julgamento. Um dos trechos diz: "Eu, cheio de
otimismo, aguardo ansioso pelo advento de uma China livre no futuro. Pois não existe força que possa por fim à
busca humana pela liberdade, e a China, no final das contas, será uma nação regida pela lei, onde os direitos
humanos serão supremos."

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× A China de Deng Xiaoping: o homem que pôs a China na cena do século XX± (Nova Fronteira): análise
do acadêmico Michael E. Marti sobre a história do crescimento econômico chinês nas últimas três
décadas.
× China S.A. (Ediouro): estudo comparativo de Ted C. Fishman que explica porque a China é hoje a
segunda maior economia do planeta.
× Testemunhas da China - vozes de uma geração silenciosa (Companhia das Letras): neste livro, a
escritora chinesa Xinran reúne depoimentos de uma geração de chineses que viveram sob a ditadura de
Mao.
× A istória de Qiu Ju (1992): drama que conta a aventura de uma camponesa grávida que enfrenta
burocracia chinesa em busca de Justiça.
× Adeus, Minha Concubina (1993): filme que trata dos efeitos da Revolução Chinesa sobre atores de uma
ópera de Pequim.
× Balzac e a Costureirinha Chinesa (2002): história de dois adolescentes que presos e levados a um
campo de reeducação, onde descobrem livros proibidos pelo regime maoísta.

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Em uma operação inédita, a polícia com o apoio das Forças Armadas ocupou na manhã do último domingo (28
de novembro) o Complexo do Alemão, um conjunto de favelas controladas por traficantes no Rio de Janeiro.
Durante uma semana, a imprensa internacional acompanhou a ofensiva do Estado para recuperar áreas
dominadas pelo crime organizado na cidade-sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

    
A invasão marcou uma nova estratégia do governo. Ela consiste em reaver os territórios perdidos para as
facções criminosas, depois de três décadas de descaso dos governantes. A intenção, não assumida pelas
autoridades, é deixar a cidade mais segura para receber os megaeventos.

Os traficantes se instalaram há 30 anos nos morros cariocas. A partir dos anos 1960, o crescimento urbano
desordenado gerou condições favoráveis para o narcotráfico. A própria topologia dos morros favorece os
bandidos, pois dificulta acesso da polícia e dá aos traficantes uma visão privilegiada dos principais acessos.

A ofensiva das forças policiais começou após uma série de atentados ocorridos desde 21 de novembro. A
mando dos traficantes, vândalos queimaram 106 veículos em retaliação contra a instalação de UPPs (Unidades
de Polícia Pacificadora) em 13 comunidades. As UPPs foram criadas há dois anos. Elas consistem em postos
permanentes da Polícia Militar em favelas que antes eram domínios do narcotráfico e de milícias.

Na quinta-feira (dia 25), policiais entraram na Vila Cruzeiro, favela vizinha ao Complexo do Alemão, e
expulsaram centenas de homens armados. As imagens dos criminosos correndo por uma estrada de terra foi a
mais emblemática de toda a operação. Foram mobilizados cerca de 2.600 policiais - civis, militares e federais -
e integrantes das Forças Armadas. Entre os 800 soldados do Exército que participaram da manobra, 60%
fizeram parte da missão de paz da ONU (Organização das Nações Unidas) no Haiti.

Também foram usados mais de 15 veículos blindados da Marinha, para vencer barricadas nas ruas feitas pelas
quadrilhas. Ao todo, 50 pessoas morreram em uma semana de ataques de bandidos e investidas policiais.

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As Forças Armadas são usadas em confrontos com criminosos no Rio desde a Conferência Mundial sobre o
Meio Ambiente, a Eco-92. Em 1994, soldados do Exército e fuzileiros navais ocuparam morros e favelas na
Operação Rio. Mas a medida nunca ocorreu na proporção atual e em uma área tão extensa.

O Complexo do Alemão é o quartel-general do Comando Vermelho (CV), uma das organizações criminosas
mais temidas e antigas do país. O complexo reúne 18 favelas e quase 90 mil habitantes espalhados em uma área
de 186 hectares na Serra da Misericórdia, zona norte do Rio. A região concentra 40% dos crimes cometidos na
cidade.

Depois de dar um ultimato para que os traficantes se entregassem, os policiais entraram nas comunidades e
vasculharam casas a procura de drogas, armas e suspeitos. Não houve resistência. Foram apreendidas toneladas
de drogas, mais de cem armas e centenas de motos. Oito pessoas foram presas.

A prisão mais importante foi a do traficante Elizeu Felício de Souza, conhecido como "Zeu", um dos homens
condenados pelo assassinato do jornalista Tim Lopes, da TV Globo. Ele foi denunciado pelos próprios
moradores. Tim Lopes foi sequestrado em 2 de junho de 2002 na Vila Cruzeiro por traficantes da quadrilha de
Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco. O jornalista foi esquartejado e teve o corpo queimado em pneus.

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O Comando Vermelho surgiu durante o regime militar, em 1979, quando presos políticos se misturaram com
presos comuns no presídio Cândido Mendes, na Ilha Grande, aprendendo os métodos de organização dos
grupos de esquerda clandestinos e da guerrilha urbana. De início, o objetivo era organizar a vida nas celas e
impedir roubos e estupros por parte de outros detentos.

Fora das grades, os presos começaram a empregar as mesmas técnicas para promover roubos a bancos e
sequestros. Eles também instituíram uma ³caixinha´ que as quadrilhas eram obrigadas a dar aos líderes, para
financiar fugas e subornar carcereiros. O próximo passo foi assumir o controle da venda de drogas nos morros.
O Comando Vermelho fez acordos com carteis colombianos para distribuir cocaína, acompanhando o aumento
do consumo da droga no país.

Ao mesmo tempo, os lucros provocaram desavenças internas na facção. Entre os anos 1980 e 1990 surgiram
grupos rivais, como o Terceiro Comando e os Amigos dos Amigos (ADA). A disputa pelo negócio de venda de
drogas gerou uma onda de violência que tornou o Rio uma das cidades com os maiores índices de criminalidade
no país. Hoje, a maioria dos líderes do CV está presa ou morta. Entre os líderes mais conhecidos estão
Fernandinho Beira-mar, Marcinho VP e Elias Maluco.

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Após a ocupação do morro, o governador Sérgio Cabral deu um prazo de sete meses para a instalação de uma
UPP e pediu ao Ministério da Defesa que os militares permaneçam no local até outubro de 2011. O presidente
Luis Inácio Lula da Silva garantiu apoio.

O que o episódio deixou claro é que o Estado, apesar de ter deixado a população pobre abandonada por
décadas, pode desarticular o tráfico nos morros. Isso foi feito com a retomada dos territórios, a transferência de
detentos perigosos para presídios federais, a prisão de familiares de traficantes e o bloqueio de suas contas
bancárias.

A operação também contribuiu para mudar a imagem da polícia do Rio, reconhecida como a mais violenta do
mundo. Mesmo com as denúncias de abusos de poder por parte dos policiais, a população aprovou a invasão
das favelas.

O próximo desafio do governo será estender a estratégia para outras comunidades, inclusive aquelas sob o
controle de milícias. As milícias apareceram no final dos anos 1970, quando comerciantes da zona oeste
passaram a pagar proteção a policiais contra traficantes. No começo de 2000, as milícias se tornaram grupos
paramilitares formados por policiais na ativa ou na reserva. Eles expulsaram os traficantes e implantaram um
esquema de cobrança por proteção e serviços clandestinos de luz, gás e TV a cabo.

Hoje, as milícias dominam 41,5% das 1.006 favelas cariocas, contra 55,9% do tráfico e 2,6% das UPPs, de
acordo com levantamento do Nupevi (Núcleo de Pesquisas das Violências) da UERJ (Universidade do Estado
do Rio de Janeiro). Na última semana, o Rio mostrou que é possível mudar esta estatística.

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× iio de Janeiro: violência, jogo do bicho e narcotráfico segundo uma interpretação (Revan): Helio de
Araújo Evangelista estuda a criminalidade no Rio de 1980 a 2000, explicando como o Estado deixou de
exportar tendências para inspirar medo.
× Criminalidade no iio de Janeiro (Revan): pesquisa do jornalista Wilson Couto Borges sobre a mudança
de políticas de segurança, com emprego das Forças Armadas no combate ao tráfico, a partir da
Operação Rio.
× Abusado: o dono do morro Dona Marta (Record): livro-reportagem do jornalista Caco Barcellos que
conta a vida do traficante Marcinho VP, integrante do Comando Vermelho morto em 2003 no presídio.
× Cidade de Deus (2002): filme dirigido por Fernando Meirelles sobre jovens que disputam o controle do
mercado de drogas nos morros do Rio no final dos anos 1970, pouco antes da chegada das facções
criminosas.
× Tropa de Elite 1 e 2 (2007 e 2010): filmes dirigidos por José Padilha que relatam a violência no Rio do
ponto de vista de policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE).

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Há cem anos, em 22 de novembro de 1910, um grupo de marinheiros negros se rebelou contra os castigos
físicos aplicados na Marinha brasileira. Eles assumiram o controle de quatro navios de guerra ancorados na baía
de Guanabara e ameaçaram bombardear o Rio de Janeiro, então capital do país. O motim durou seis dias.

    

A Revolta da Chibata, como ficou conhecida a insurreição, foi liderada por João Cândido Felisberto, um
marinheiro de 30 anos, negro e semianalfabeto. Ele e os demais revoltosos foram perseguidos, presos e, em sua
maioria, mortos nos anos seguintes à tomada dos encouraçados.

Até hoje, o episódio é um dos mais polêmicos da história da República Velha (1889-1930). João Cândido, que
morreu pobre e esquecido em 1969, tornou-se um dos mais importantes heróis negros do Brasil, ao lado de
Zumbi dos Palmares. Mas a legitimidade dos feitos do Almirante Negro foi contestada pela Marinha, e a anistia
póstuma aos integrantes do movimento só foi concedida em 2008.

 

No começo do século 20, o Brasil era um país a caminho da modernidade. A capital, o Rio de Janeiro, tinha 870
mil habitantes e passava por uma reforma urbana promovida pelo prefeito Francisco Pereira Passos (1836-
1913). O sanitarista Oswaldo Cruz (1872-1917) iniciava a vacinação em massa contra a varíola, fato que
desencadeou a Revolta da Vacina, em 1904.
No país, ocorria a transição do regime escravocrata para o capitalismo industrial, e do poder monárquico para a
República. Nas Forças Armadas, depois de um período de decadência que sucedeu a Guerra do Paraguai (1864-
1870), a Marinha decidiu renovar a frota, comprando 14 navios dos mais modernos fabricados à época, na
Inglaterra.

Porém, no Brasil não havia mão de obra qualificada o suficiente para operar as embarcações. E, a bordo dos
navios, imperava ainda o rigoroso código disciplinar da monarquia. Os castigos corporais haviam sido banidos
com a Proclamação da República, em 1889, mas a pressão dos oficiais fez com que fossem reincorporados à
rotina militar no ano seguinte.

Assim, a vida militar reproduzia as tensões da divisão racial da sociedade brasileira: de um lado os marinheiros
negros, mal pagos e sem instrução, e de outro, os oficiais brancos, vindos da elite, com o agravante de os
marujos serem submetidos ao açoite, mesmo tendo a escravidão sido abolida em 1888.

Nessas condições, João Cândido e seus colegas começaram a tramar o motim em 1909, quando estavam na
Inglaterra. Lá, eles acompanharam a construção do encouraçado Minas Gerais - o mais moderno da esquadra
brasileira - num estaleiro britânico. Com isso, aprenderam a manobrá-lo. E também foram influenciados pelos
movimentos europeus de revoltas militares. A mais famosa foi a dos marinheiros russos no encouraçado
Potemkin, em 1905 (ver filme indicado abaixo). O plano era assumir o controle dos navios dez dias depois da
posse do presidente Hermes da Fonseca, em 15 de novembro de 1910. Mas um acontecimento precipitou o
movimento.



Na madrugada de 21 de novembro, o marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes, o "Baiano", foi condenado a


receber 250 chibatadas no Minas Gerais (cem mais do que o normal). O açoite aconteceu em frente à tropa
perfilada, ao som de tambores. A punição foi aplicada porque o marujo havia ferido, com uma navalha, um
cabo que o havia delatado por entrar com dois litros de cachaça a bordo.

No dia 22, indignados com o castigo, 2.379 marinheiros se amotinaram e tomaram os navios Minas Gerais, São
Paulo, Bahia e Deodoro, que estavam ancorados na baía de Guanabara. Seis oficiais foram mortos pela
tripulação, incluindo o comandante do Minas Gerais.

Em seguida, os marujos apontaram 80 canhões para a capital e exigiram melhores condições de trabalho, fim
dos castigos e anistia aos revoltosos. Um dos canhões chegou a disparar e atingir um cortiço, matando duas
crianças.

O clima de guerra deixou a população carioca em pânico. Pressionado pelo povo e por políticos da oposição, o
governo cedeu. No dia 27 de novembro, o presidente Hermes da Fonseca e os parlamentares assinaram a
anistia, pondo fim ao movimento. O governo também prometeu acabar com os açoites.

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Na prática, contudo, a Marinha começou a perseguir todos os envolvidos no levante. Dois dias depois, os
marinheiros começaram a ser expulsos por decreto, sob acusação de indisciplina, ou presos, assim que
desembarcavam. Muitos foram torturados e fuzilados.

Os marujos presos, entre eles João Cândido, foram levados para a Fortaleza de São José da Ilha das Cobras. No
mesmo presídio, em dezembro, houve um levante do Batalhão Naval, rapidamente sufocado pelos militares.
Outros 97 marujos foram levados para trabalhos forçados em seringais na Amazônia. No meio da viagem, sete
deles foram fuzilados, acusados de conspiração.
No presídio naval, João Cândido e outros 17 marinheiros foram encarcerados em uma cela sem ventilação. Na
véspera do Natal de 1910, os carcereiros jogaram cal virgem no calabouço. Um dia depois, 16 haviam morrido
envenenados. Somente o líder da revolta e outro preso sobreviveram.

Em 1911, João Cândido foi internado no Hospital dos Alienados (o hospício da época). No ano seguinte, ele foi
julgado e absolvido pela Justiça. Expulso da Marinha, morreu como vendedor de peixes. Durante o Estado
Novo (1937-1945) e o regime militar (1964-1985), a Revolta da Chibata era considerada assunto proibido pelo
governo. Aos poucos, no entanto, o nome de João Cândido virou símbolo de lutas políticas, inspirando até um
samba-protesto dos anos 1970, "O Mestre-Sala dos Mares", composto por João Bosco e Aldir Blanc (ver link
abaixo).

O Almirante Negro também ganhou estátua na Praça XV, no centro do Rio, e seu nome batizou um petroleiro.
A anistia póstuma aos revoltosos foi assinada em 2008 pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva. A família de
João Cândido luta até hoje por uma indenização do Estado.

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× A ievolta da Chibata (Paz e Terra): clássico do jornalista Edmar Morel, publicado pela primeira vez em
1959.
× A ievolta da Chibata - iio de Janeiro, 1910 (Saraiva): livro de Maria Inês Roland traz contexto
histórico do Rio de Janeiro na época do motim.
× Cisnes Negros - uma história da ievolta da Chibata (Moderna): a história do movimento contada em
forma de reportagem, do ponto de vista dos marinheiros negros, por Mário José Maestri Filho.
× João Cândido - O Almirante Negro (L&PM): biografia do líder da revolta, escrita por Alcy Cheuiche.
× Memórias da Chibata (2005): curta metragem baseado na história de João Cândido, dirigido por Marcos
Manhães Marins.
× O Encouraçado !otemkin (1925): clássico do cinema russo e o filme mais importante do cineasta
Serguei Eisenstein, inspirado na revolta de marinheiros russos em 1905.
× Chibata! João Cândido e a revolta que abalou o Brasil (Conrad): história em quadrinhos com roteiro de
Olinto Gadelha Neto e arte de Hemeterio.
× O Mestre-Sala dos Mares (música de João Bosco e Aldir Blanc cantada por Elis Regina).

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Quase um ano depois de ser arrasado pelo pior terremoto de sua história, o Haiti sofre com uma epidemia de
cólera que matou, até agora, 1.110 pessoas. De acordo com o governo, 18,3 mil haitianos foram hospitalizados
com sintomas da doença desde outubro. O caos na saúde pública provocou protestos que deixaram três mortos
na capital, Porto Príncipe, a poucas semanas das eleições presidenciais e legislativas.

    

O país vizinho, a República Dominicana, e o Estado da Flórida, nos Estados Unidos, constataram os primeiros
casos de contaminação, o que significa que a bactéria está se disseminando.

O Haiti é um dos países mais pobres do mundo, com índices recordes de mortalidade infantil, desnutrição e
contaminação por Aids. Oitenta por cento da população de 9 milhões de habitantes vive abaixo da linha de
pobreza. O país situa-se na Hispaniola, uma das maiores ilhas do Caribe, na América Central.

A precária situação do Haiti é resultado de 200 anos de instabilidade política e catástrofes naturais. A tragédia
mais grave aconteceu em 12 de janeiro, quando um terremoto de grau 7 na escala Richter devastou Porto
Príncipe.

O tremor deixou 250 mil mortos e afetou um terço da população. Nem mesmo o palácio presidencial escapou
da destruição. Desde então, 1,3 milhão de sobreviventes vivem em acampamentos improvisados. Já na época, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu um alerta para risco de epidemias.

Os primeiros casos de cólera foram registrados no começo de outubro na região de Artibonite, onde 595
pessoas morreram. Até então, o surto estava isolado. Em novembro, porém, o furacão Tomás, com chuvas e
ventos de 140 km por hora, trouxe enchentes e deslocou grupos de desabrigados. Isso fez com que a doença se
espalhasse rapidamente pelo restante do país.

Seis das 10 províncias do Haiti já registraram focos da doença. Os hospitais estão superlotados e a Organização
das Nações Unidas (ONU) estima que 270 mil haitianos sejam contaminados pela doença nos próximos anos.
No dia 16 de novembro, o governo da República Dominicana, país vizinho, confirmou o primeiro caso de
cólera desde o início da epidemia.




Cólera é uma infecção diarreica aguda, causada pela exposição ou ingestão de comida e água contaminadas
pela bactéria Vibrio cholerae. A doença provoca febre, diarreia e vômitos, levando o paciente a se desidratar. Se
não for tratada, a vítima morre em poucas horas.
Em 80% dos casos a cólera é tratada com reidratação e antibióticos. Existem também dois tipos de vacinas com
eficácia de até dois anos de imunidade. Com os cuidados necessários, a taxa de mortalidade é inferior a 1%.
Medidas sanitárias e de higiene pessoal - como lavar as mãos e os alimentos antes do consumo - impedem que a
moléstia se alastre.

O problema no Haiti é que, após o terremoto, as pessoas passaram a viver em favelas superlotadas, sem rede de
esgoto, acesso a água potável, limpeza urbana ou condições mínimas de higiene. Além disso, há 40 anos não
havia registro de cólera no país, e a geração atual de haitianos possui baixa imunidade à doença.

Juntos, estes fatores contribuem para a incidência grave em 40% dos casos, bem superior aos 25% em surtos
considerados típicos da enfermidade. Em todo o mundo, estima-se que, por ano, haja de 3 a 5 milhões de
contaminados e de 100 a 120 mil mortes atribuídas à cólera. Os dados são da OMS.

Países pobres e em guerra são focos constantes da doença desde o século 19, quando foram documentados os
primeiros casos no delta do rio Ganges, na Índia. Desde então, ocorreram sete pandemias com milhões de
mortos em todos os continentes. A primeira grande epidemia aconteceu em Bangladesh, em 1816, e se espalhou
pela Índia, China e Mar Cáspio. Somente na Alemanha, em 1832, 8 mil pessoas morreram.

A última epidemia começou na Ásia, em 1961, chegou à África em 1971 e na América em 1991. Entre 2004 e
2008, a OMS registrou aumento em 24% dos casos de cólera, em comparação ao período de 2000 a 2004. O
caso mais grave desse último ciclo epidêmico aconteceu em Zimbábue, na África, em 2008, e ainda não foi
controlado. Até o começo deste ano, havia 99 mil casos confirmados e mais de 4 mil mortes.

Na Nigéria, outras 1.500 pessoas morreram e 40 mil foram infectadas desde janeiro deste ano, na pior epidemia
de cólera no país em duas décadas. Países vizinhos também foram contaminados devido às fortes chuvas e
inundações.

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Desde o dia 15 de novembro, haitianos protestam contra os soldados da Missão das Nações Unidas para a
Estabilização do Haiti (Minustah), que é comandada pelo governo brasileiro. Pelo menos três civis morreram
em confrontos com militares.

Parte da população acredita que soldados da missão de paz seriam responsáveis pela contaminação. Os
haitianos também se queixam da crise da saúde, que dificulta o atendimento aos doentes. Autoridades locais
apontam interesses políticos por trás das manifestações, a poucas semanas das eleições para presidente e
parlamentares. A votação está marcada para dia 28 de novembro.

Os conflitos obrigaram o Exército do Nepal, que tem mil soldados no país, a reforçar a própria segurança. O
motivo foi um boato de que a epidemia teria iniciado em fossas sépticas usadas pelos militares. Contudo,
exames nos soldados descartaram os rumores.

A ONU pediu US$ 164 milhões (R$ 282 mi) para agências humanitárias e doadores. A verba será empregada
em programas do governo para combater a doença, principalmente na adoção de medidas sanitárias e de
higiene.

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× aiti, Depois do ±nferno: memórias de um repórter no maior terremoto do século (Globo): Rodrigo
Alvarez revela bastidores da cobertura jornalística do resgate dos sobreviventes do terremoto e o drama
dos haitianos.
× Brasil- aiti: 101 istórias (Garimpo): coletânea de relatos sobre as duas tragédias que os países
sofreram no começo deste ano: o terremoto no Haiti e as chuvas no Rio de Janeiro.
× O ieino Deste Mundo (Martins Fontes): história do Haiti, de colônia francesa à primeira nação negra
governado pelo primeiro monarca corado na América, escrito por Alejo Carpentier.
× Adeus, aiti (Agir): autobiografia de Edwidge Danticat, uma haitiana radicada nos EUA desde os 12
anos.
× Muito Além das Montanhas (Sextante): Tracy Kidder conta a história do médico americano Paul
Farmer, que na década de 1980 foi para o Haiti tratar de doenças infecciosas.
× O Mapa Fantasma: como a luta de dois homens contra o cólera mudou o destino de nossas metrópoles
(Jorge Zahar): livro de Steven Johnson sobre a descoberta das causas da cólera durante a epidemia em
Londres, em 1854.
× Sobre a Maneira de Transmissão do Cólera (Hucitec): clássico em que o médico John Snow conta
como conseguiu comprovar sua teoria que vinculava a cólera com a água contaminada.
× Os Caminhos da Cólera (Editora Moderna) : Nilton Tornero relata a história da propagação da doença,
da Índia para o resto do mundo, no século 19.
× Os Farsantes (1967): drama estrelado por Richard Burton, Elizabeth Taylor e Alec Guinness, cuja
história se passa durante a ditadura de François Duvalier, o "Papa Doc".
× O Dia em que o Brasil Esteve Aqui (2006): documentário sobre o jogo amistoso da seleção brasileira no
Haiti.
× O Despertar de uma !aixão (2006): drama com Edward Norton e Naomi Watts a respeito de um
médico que, para se vingar da esposa, aceita um emprego para tratar de uma aldeia chinesa acometida
por cólera, em 1920.
× O Amor nos Tempos do Cólera (2009): filme baseado em livro homônimo do escritor colombiano
Gabriel Garcia Márquez, em torno de um triângulo amoroso ambientado numa cidade arrasada pela
cólera.
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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
O G20, grupos das vinte maiores economias do mundo, se reúne esta semana, entre os dias 10 e 12 de
novembro, em Seul, capital da Coreia do Sul. O principal assunto do encontro será a chamada "guerra cambial".
A disputa monetária vem afetando sobretudo países emergentes, como o Brasil.

    

"Guerra cambial" é um conjunto de medidas econômicas adotada por governos para desvalorizar suas moedas.
Os países fazem isso porque, com a moeda nacional "fraca", os produtos para exportação ficam mais baratos no
mercado internacional e, assim, ganham competitividade.

Para entender como isso acontece e como prejudica países como o Brasil, vamos primeiro analisar as
estratégias dos dois maiores protagonistas da "guerra cambial": os Estados Unidos e a China. Não por acaso,
são também, atualmente, as duas maiores potências econômicas mundiais.

Os economistas entendem que a disputa se iniciou quando os Estados Unidos colocaram mais dólares em
circulação no mercado. Somente no dia 3 de novembro, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano),
anunciou a "injeção" de US$ 600 bilhões (R$ 1 trilhão) nos mercados até 2011.

É a mesma coisa, por exemplo, se um país tivesse uma safra muito grande de milho numa determinada estação.
Com mais milho na praça, o produto seria desvalorizado, isto é, seu preço iria cair nas feiras livres e
supermercados. Com a moeda acontece o mesmo. Com mais dólares em circulação, o dinheiro americano se
desvaloriza frente às outras moedas, como o real.

O governo americano adotou essa medida porque precisava exportar mais para recompor sua economia, afetada
pela crise financeira internacional de 2008. Como o mercado interno não dava conta disso, pois as pessoas estão
desempregadas ou poupando mais do que gastando, a solução foi apelar para o mercado externo.

Para isso, é preciso tornar os preços mais competitivos (principalmente em relação aos chineses). Daí as
medidas para "enfraquecer" a moeda.

Desse modo, um brasileiro que pagava três vezes mais por um produto americano, em dólar, hoje, com a moeda
americana a menos de R$ 2, paga, o mesmo produto, bem mais barato, ou seja, este se torna mais atrativo para
o consumidor.



Mas o grande vilão da história, dizem os especialistas, é a China. O país desvalorizou primeiro sua moeda, o
yuan, por meio do câmbio fixo. Câmbio fixo significa que a cotação da moeda local é controlada pelo Estado.
Ou seja, é o governo que determina o quanto vale o dinheiro em relação ao dólar. É o contrário do que acontece
na maioria dos países, onde se adota o chamado câmbio livre, que é quando a cotação é definida pelas
operações no mercado financeiro.

Soma-se a isso o fato da China ser o maior exportador mundial e está criado um problema e tanto. A reação dos
demais países, como os Estados Unidos, foi o que deu início à "guerra cambial".

Recentemente, até o presidente Luis Inácio Lula da Silva reclamou da "guerra cambial" travada entre a China e
os Estados Unidos. E ele não está sozinho nessa queixa. A desvalorização da moeda americana prejudica as
economias de outros países, tanto no mercado externo (pois os produtos ficam mais caros e perdem na
concorrência com os estrangeiros) quanto no interno, pois as importações ficam mais baratas.

Imagine um empresário brasileiro que vende uma câmera digital por R$ 300 no mercado nacional. Aí chega ao
Brasil um produto chinês que custa US$ 90, o que dá pouco mais de R$ 150 - a metade do que custa o mesmo
artigo brasileiro. Mesmo que o empresário reduza os custos de produção para tentar tornar seu eletrônico mais
competitivo com o chinês, ele não irá conseguir. Sua única opção será demitir funcionários. Fazendo isso, ele
cria um "efeito dominó": com mais gente desempregada, cai o consumo e outras empresas também vendem
menos.

Para evitar um estrago maior, alguns governos promoveram intervenções cambiais (isto é, na moeda) e fiscais
(em tributos). O objetivo é frear a queda do dólar e do yuan. Países emergentes, com economias estáveis e, por
isso, atrativas para investidores, ficam mais vulneráveis à "guerra cambial".

O governo brasileiro, entre outras medidas, elevou de 2% para 4% (e depois, para 6%) o Imposto sobre
Operações Financeiras (IOF). Este imposto é cobrado sobre investimentos estrangeiros em rendas fixas, como
títulos do governo. Na prática, o ajuste visa a conter a enxurrada de dólares no país.

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Porém, a solução definitiva, segundo economistas, depende da manutenção do câmbio livre com algumas
medidas de controle por parte dos governos. Isso vai depender de negociações entre os líderes mundiais. A
China, por exemplo, teria que valorizar mais a sua moeda.

Para discutir estas propostas, o G20 reúne, em seu quinto encontro, presidentes e ministros da Fazenda do
mundo todo. Representando o Brasil, estarão presentes, além de Lula, a presidente eleita, Dilma Rousseff e o
ministro da Fazenda Guido Mantega.

O G20 foi criado em 1999 com o objetivo de propor soluções em conjunto para a economia mundial. O
primeiro encontro foi realizado em Berlim, capital da Alemanha. Juntos, os países membros representam 90%
do PIB (Produto Interno Bruto) e 80% do comércio globais, assim como dois terços da população mundial.

A Coreia do Sul é o primeiro país asiático e o único que não faz parte do G8 (grupos das oito maiores
economias do mundo) a sediar a cúpula. Ao final do evento, a presidência do G20 será passada para a França.

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× Mosaico da Economia (Saraiva): livro traz artigos da economista Eliana Cardoso sobre a economia
brasileira e o mercado de câmbio, para o leitor não-especialista.
× Desastre Global (Publifolha): Fernando Canzian, jornalista da Folha de S. Paulo, explica as causas e
consequências da crise financeira de 2008, traçando um panorama da economia globalizada.
× $all Street - o dinheiro nunca dorme (2010): continuação de filme de "Wall Street: poder e cobiça", de
1987, ambos dirigidos por Oliver Stone, que retrata os bastidores do mercado financeiro nos Estados
Unidos.

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Sob a égide do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a economista Dilma Rousseff (PT) se tornou a primeira
mulher eleita presidente na história do Brasil. Ela obteve 56% dos votos válidos no segundo turno, no dia 31 de
outubro, contra 44% do ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Agora, a presidente tem pela frente os
desafios de governar um país emergente, que pode vir a ser uma das cinco maiores economias do mundo, mas
que ainda enfrenta graves distorções sociais e regionais.

    

A vitória da petista se deve, especialmente, à popularidade do presidente que atuou como principal cabo
eleitoral da campanha de Dilma. Ela foi escolhida por Lula como candidata depois que o escândalo do
"mensalão" derrubou a cúpula do partido, em 2006.

O maior mérito da campanha, portanto, é do próprio presidente. Após oito anos de governo, ele não somente
conseguiu eleger sua sucessora no cargo como terminará o mandato como o governante mais bem avaliado
desde a redemocratização do país. Sua gestão foi marcada por avanços sociais inéditos, como a ascensão de 32
milhões de brasileiros à classe média, e por casos de corrupção envolvendo o PT.

A disputa presidencial foi a sexta desde o fim do regime militar (1965-1985) e a primeira sem a participação de
Lula como candidato. A campanha foi pontuada por escândalos, ataques pessoais, boatos na internet, debates
religiosos e a neutralidade da candidata Marina Silva (PV), terceira colocada no primeiro turno.
Um dos episódios mais polêmicos envolveu uma suposta agressão sofrida por José Serra durante uma
caminhada em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. Ele teria sido atingido na cabeça por um rolo de
fita adesiva, em meio a uma briga entre militantes tucanos e petistas. Outros destaques foram as denúncias de
corrupção contra Erenice Guerra, sucessora de Dilma na Casa Civil, e contra Paulo Vieira de Souza, o Paulo
Preto, ligado a José Serra.

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Dilma é uma estreante nas urnas. Antes dela, o único candidato que conseguiu se eleger presidente sem ter
disputado uma única eleição foi o marechal Eurico Dutra, em 1945, com o apoio de Getúlio Vargas.

Conhecida por ser rígida, exigente e dedicada ao trabalho, Dilma, por outro lado, contava com pouco carisma
junto ao eleitorado. Sua candidatura começou a ser construída em 2008 dentro do governo. No Planalto ela
ocupou os cargos de ministra de Minas e Energia (2003-2005) e, após a queda de José Dirceu, de ministra-chefe
da Casa Civil. O carro-chefe da campanha foi o vínculo da candidata com programas do governo, como o
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Luz para Todos. O primeiro, lançado em 2007, é um pacote
de investimentos em infraestrutura que visa melhorar a economia. O segundo, criado em 2003, teve como
objetivo levar luz elétrica à zona rural.



Ao ser eleita presidente, Dilma Rousseff entrou para um grupo seleto de mulheres que ocupam cargos políticos
de liderança no mundo. Hoje, 17 mulheres possuem o título de presidente ou primeira-ministra de um total de
192 nações, segundo o estudo "As Mulheres do Mundo", da Organização das Nações Unidas (ONU)

Entre as principais lideranças femininas está a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e a menos conhecida
Ellen Johnson Sirleaf, presidente da Libéria e a primeira eleita no continente africano. Na história, entre as mais
famosas estavam a primeira ministra britânica Margaret Thatcher, a "dama de ferro" que governou o Reino
Unido de 1979 a 1990, e Indira Gandhi, primeira ministra indiana.

Na América Latina, Dilma será a 11ª mulher a chegar à Presidência. Dos 33 países latino-americanos, nove
tiveram mulheres à frente do Executivo: Argentina, Bolívia, Chile, Costa Rica, Equador, Guiana, Haiti, Panamá
e Nicarágua. Oito delas foram eleitas e três cumpriram o cargo interinamente.

Na Argentina, duas mulheres já foram presidentes. Maria Estela Martinez de Perón, a "Isabelita" Perón, foi a
primeira. Ela assumiu o lugar do marido morto, do qual era vice, em 1974. Já Cristina Kirchner sucedeu o
marido, Nestor Kirchner, e é a atual presidente do país. Outra presidente de destaque na região foi Michelle
Bachelet, no Chile.

A costarriquenha Laura Chinchilla, eleita este ano, é uma das três mulheres (junto com Kirchner e Dilma) que
hoje estão na Presidência da República, na América Latina.

No Brasil, a presença feminina na política aumenta a cada eleição, mas mesmo assim o índice é pouco
expressivo. A eleição presidencial deste ano trouxe, pela primeira vez, duas mulheres entre os candidatos mais
voltados: Dilma Rousseff e Marina Silva. Anteriormente, concorreram ao cargo Lívia Maria Pio de Abreu, em
1989 (17.º lugar), e Heloísa Helena, em 2006 (3.º lugar).

Para o Congresso foram eleitas este ano oito senadoras - aumentando para 12 o total de parlamentares do sexo
feminino no Senado (num total de 81 senadores) - e 43 deputadas federais, sendo que duas candidatas ficaram
entre os cinco parlamentares mais votados no país. O índice, porém, é um dos mais baixos no cenário mundial.

   
A nova presidente terá importantes desafios pela frente para consolidar o Brasil como potência econômica.
Entre eles, manter a estabilidade econômica, herança do Plano Real, e ampliar as conquistas na área social,
legadas pela era Lula.

No caminho da petista há dois megaeventos que exigirão investimentos em infraestrutura: a Copa do Mundo,
em 2014, e as Olimpíadas, em 2016 (que, apesar de ocorrerem em outro governo, irão demandar uma
preparação no mandato de Dilma). Para isso, será preciso ampliar, por exemplo, os aeroportos do país, para
receber atletas e turistas.

Especialistas indicam também a necessidade de se fazerem duas reformas: uma na previdência, ou seja, nas
aposentadorias, e outra no sistema tributário, referente aos impostos. A primeira é necessária para impedir que o
Brasil fique na mesma situação insustentável da Europa, onde o envelhecimento da população vem causando
prejuízos aos cofres públicos. A segunda reforma deve corrigir os altos impostos pagos no país, que dificultam,
por exemplo, o aumento de empregos formais.

No campo político, Dilma terá que fazer um governo independente do presidente Lula, cujo papel, a partir de 1º
de janeiro de 2011, quando passará a faixa presidencial para sua sucessora e herdeira política, ainda é uma
incógnita.

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— 
× Brasil, país do presente (Cultrix): Alexander Busch, jornalista alemão radicado no Brasil, analisa as
perspectivas econômicas e políticas que podem tornar a nação uma potência mundial.
× Brasil: uma história - cinco séculos de um país em construção (Leya): livro de Eduardo Bueno que
conta a história do país desde o descobrimento até o governo Lula.
× A istória do Brasil no Século 20: 1980-2000 (Publifolha): volume da coleção "Folha Explica", escrito
por Oscar Pilagallo, que abrange das campanhas das diretas até a eleição de Lula.
× Mulheres !úblicas - participação política e poder (Letra Capital): obra de Fanny Tabak que discute a
participação política das mulheres no Brasil.
× !olítica - palavra feminina (Mauad): pesquisa de Rachel Paiva sobre a representação de candidaturas
femininas na grande imprensa.
× Evita (1986): drama musical dirigido por Alan Parker e estrelado por Madonna sobre Eva Perón (1919-
1952), líder política e a mais popular primeira dama argentina.
× Luxemburgo (1986): longa metragem dirigido por Margarethe von Trotta que conta a história da líder
revolucionária alemã Rosa Luxemburgo (1871-1919), mulher que mudou o papel feminino na política
europeia.

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Durante quase três décadas, a Alemanha viveu uma condição tão surreal que parecia digna de roteiro dos filmes
alemães dos anos 1920, como O Gabinete do Dr. Caligari ou Nosferatu. Após os nazistas perderem a Segunda
Guerra Mundial (1939-1945), o país foi dividido em dois, com nomes, bandeiras, moedas, hinos, tudo diferente.

    

E, pior, quem estava de um lado da fronteira não podia atravessar para o outro para rever os parentes ou
amigos. Os alemães do lado Leste, o "primo pobre", eram impedidos de sair por um muro de 155 km de
extensão que cortava a capital, Berlim, ao meio.

O lado Oeste, rico e democrático, recuperou-se do fim da guerra, mas no outro, a situação ficou bem diferente.
Faltavam artigos de primeira necessidade e o povo era oprimido por uma das polícias secretas mais eficientes
do mundo, a Stasi.

A queda do Muro de Berlim (construído em 1961 e derrubado em novembro de 1989) foi um dos maiores
eventos do século 20. Em uma noite, os alemães derrubaram o muro que cindia o país em dois, dando fim à
Guerra Fria e início à queda dos regimes comunistas no Leste Europeu e ao mundo globalizado.

Onze meses depois, em 3 de outubro de 1990, ocorreu a reunificação da Alemanha, por meio de acordos. Nesta
data, a antiga República Democrática Alemã (RDA), ou Alemanha Oriental, foi dissolvida e o território
anexado à República Federal da Alemanha (RFA), ou Alemanha Ocidental, pondo fim à divisão do país.

Nascia, ali, a maior potência econômica da Europa, que, apesar disso, ainda luta para se reconciliar com o
passado. Após 20 anos, a Alemanha permanece dividida econômica, social e politicamente. O Leste, da antiga
RDA, continua defasado em relação ao Oeste, o que mostra que o processo de reunificação ainda não terminou.

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A Alemanha não existia antes de 1871. Após a derrota do imperador francês Napoleão Bonaparte , em 1815, o
antigo Sacro Império Romano-Germânico foi dividido pelo Congresso de Viena em 39 Estados soberanos.
Em comum, esses povos compartilhavam a mesma raiz cultural e língua alemã, além da economia
predominantemente agrária e política feudal. Os reinos dominantes eram a Prússia, governada pelos
Hohenzollern, e a Áustria, dos Habsburgos.

A primeira tentativa de unificação dos reinos aconteceu em 1848. Neste ano, ocorreram revoltas populares por
toda a Europa contra as monarquias absolutistas. Contudo, os monarcas da Prússia e da Áustria conseguiram se
manter por mais tempo no poder, adiando a unificação.

Nos anos seguintes, foi o próprio governo da Prússia, mais desenvolvida e industrializada que a Áustria, que
liderou o movimento de unificação. Para isso, foi fundamental o apoio de setores da burguesia.

Quando o rei Guilherme 1º assumiu o trono, em 1862, ele nomeou o primeiro-ministro Otto von Bismarck para
iniciar o processo. Mas foram necessárias três guerras contra a Dinamarca, Áustria e França, ao fim das quais,
em janeiro de 1871, Guilherme I foi coroado primeiro kaiser (imperador) do Império alemão (1871-1918).

O império unificou a Alemanha em um Estado moderno, como exceção da Áustria. Seguiu-se um período de
expansão colonialista e crescimento econômico, que terminou com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Derrotada na guerra, a Alemanha sofreu uma revolução que depôs o imperador Guilherme II e proclamou a
República de Weimar (1919-1933).

Porém, a situação do país era precária no pós-guerra, principalmente pelas condições impostas pelo Tratado de
Versalhes. O ambiente, por outro lado, era propício para inflamar o sentimento nacionalista dos alemães, e,
assim, levar ao poder o partido nazista de Adolf Hitler , que desencadearia a Segunda Guerra Mundial.

  

O fim da segunda guerra, mais uma vez, deixou a Alemanha derrotada e em ruínas. Em 1949, a nação foi
dividida em duas áreas de regimes políticos e econômicos diferentes. O lado ocidental era controlado pelos
Aliados, enquanto o lado oriental ficou com a antiga União Soviética. Berlim, a capital, também tinha seu lado
ocidental e oriental.

Logo as divergências sociais entre as duas Alemanhas se tornaram evidentes. O Oeste capitalista progredia, ao
passo que no Leste havia escassez de produtos e liberdade. Por isso, eram constantes as fugas de alemães para a
parte ocidental.

Para conter as fugas foi construído, em 13 de agosto de 1961, um muro dividindo o país, transformando a RDA
numa prisão para 17 milhões de alemães.

Já ao final dos anos 1980, a situação dos regimes comunistas era insustentável no Leste Europeu. Prevendo
isso, o líder soviético Mikhail Gorbatchev (1985-1991) iniciou duas reformas, uma política (a glasnost), e outra
econômica (a perestroika). As duas juntas levaram à dissolução da União Soviética em 1991.

Sem o apoio militar dos soviéticos para conter as revoluções, os governos comunistas na Europa começaram a
cair um por um. Primeiro a Polônia, por meio de eleições gerais em 1988. No ano seguinte foi a vez da
Hungria, com uma abertura promovida pelo próprio governo.

Com as fronteiras sendo abertas aos poucos, ficou impossível para a Alemanha Oriental sustentar o muro por
mais tempo. Os protestos cresciam por todo país, até que, finalmente na noite de 9 de novembro de 1989, o
muro veio abaixo.

  
No ano seguinte, em 18 de março, foram realizadas as primeiras eleições livres na RDA, com o tema da
reunificação dominando os debates. A essa altura, o país já se esfacelava, o que obrigou o governo a fazer uma
equiparação monetária, tornando o marco a moeda oficial também no Leste.

Foram assinados dois tratados antes da reunificação: um entre as Alemanhas e outro com as potências
estrangeiras de ocupação, o Tratado "2 + 4", que devolvia ao país sua soberania. Em 3 de outubro de 1990, após
votação na Câmara Popular, o governo da RDA reconheceu a dissolução do país e sua integração à República
Federal da Alemanha.

Depois das comemorações, os alemães começaram a enfrentar as dificuldades. Era preciso integrar a população
do lado oriental, que, sem qualificação, não conseguia emprego ou bons salários. Outro problema foi a ascensão
de grupos neonazistas.

Hoje, o lado Leste ainda é mais pobre que o Oeste. De acordo com o governo, a renda anual per capta dos
alemães da antiga RDA é quase 5 mil euros (R$ 11.550) menor. As taxas de desemprego também são maiores e
os indicadores sociais, piores no antigo lado comunista. E mesmo a representação política no Leste, que possui
um quinto da população, é menos expressiva. A sensação é de que a reunificação ainda não se completou.

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× 1989: O ano que mudou o mundo (Zahar): livro do jornalista Michael Meyer que defende a tese de que
a queda do muro foi precipitada mais por agentes individuais, como políticos do próprio Partido
Comunista.
× O Muro de Berlim: um mundo dividido- 1961-1989 (Record): livro do historiador Frederic Taylor sobre
o panorama da política mundial que favoreceu a construção e queda do muro .
× A reunificação da Alemanha (UNESP): análise do cientista político e historiador Luiz Alberto Moniz
Bandeira sobre a queda dos regimes comunistas no Leste Europeu.
× Alemanha: da divisão à reunificação (Ática): obra de Serge Cosseron que compreende a Alemanha
desde o fim da Segunda Guerra Mundial até a reunificação, no início dos anos 1990.
× Um campo vasto (Record): romance de Gunter Grass, escritor alemão, ambientado na Alemanha entre a
queda do Muro de Berlim e a reunificação.
× A ßida dos Outros (2006): ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro, expõe os bastidores do
esquema de vigilância e clima de desconfiança criado pela polícia secreta da RDA.
× O segredo de Berlim (2006): filme estrelado por George Clooney e Cate Blanchett sobre um
correspondente de guerra americano que reencontra a ex-amante em Berlim, logo após o fim da
Segunda Guerra.
× Adeus, Lenin! (2003): longa bem humorado sobre uma alemã que entra em coma antes da queda do
muro de Berlim e, quando acorda, com a Alemanha reunificada, a família tenta impedir que ela
descubra o fim do comunismo.
× Funeral em Berlim (1966): Michael Caine interpreta um agente secreto inglês que vai a Berlim Oriental
ajudar um general a desertar, usando como disfarce um falso funeral.
× Cortina rasgada (1966): filme de Alfred Hitchcock sobre um cientista americano que tenta desertar para
a Alemanha Oriental, em busca de fundos para seu projeto.

   
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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

No dia 5 de agosto, um desmoronamento deixou 33 operários presos na mina de San José, situada no deserto do
Atacama, no Chile . Eles ficaram incomunicáveis, a 700 metros de profundidade, durante 17 dias, até serem
descobertos pelas equipes de sondagem.

    

Começou, então, a ser planejada uma operação de resgate, inédita em tais condições, prevista para durar até
quatro meses. Entre os dias 12 e 13 de outubro, 70 dias após o acidente, todos os mineiros foram resgatados
com vida.

Da galeria onde estavam confinados, os operários enviavam vídeos em que demonstravam otimismo e
organização. Eles cantavam o hino nacional chileno e mandavam mensagens para os familiares, que
aguardavam acampados no terreno da mineradora. O resgate foi transmitido ao vivo pela internet e por canais
de televisões de todo o mundo.

O presidente do Chile, Sebastián Piñera , em meio a uma crise de popularidade, assumiu o compromisso de
salvar todos os trabalhadores presos. Ele acompanhou os trabalhos no local e recebeu os mineiros que, um a
um, eram retirados de dentro de uma cápsula metálica usada para fazer o salvamento.

A eficácia do governo e a lição de solidariedade dos chilenos contribuíram para compor uma imagem positiva
do país. Até então, o Chile era lembrado, principalmente, pela ditadura de Augusto Pinochet , uma das mais
violentas na América Latina.

O acidente na mina de San José também chamou atenção para os riscos da falta de segurança nas mineradoras.
O minério é uma das principais riquezas do Chile. A mineração corresponde a 7% do Produto Interno Bruto
(PIB) e um terço de todo o cobre do mundo é proveniente do país. A tecnologia empregada no salvamento
servirá agora de modelo para futuros resgates.

— 
O período de 17 dias de isolamento foi o mais difícil para os 33 operários presos na mina. Para sobreviver, eles
consumiam apenas duas colheres de atum em lata e meio copo de leite por dia. A água era retirada de máquinas
de refrigeração e eles dormiam espalhados em túneis.

No refúgio de 52 metros quadrados, a temperatura era de 35 graus e a umidade do ar atingia 85%. Havia pouca
ventilação, poeira e ausência de luz solar. Neste ambiente insalubre, eram grandes os riscos dos mineiros
contraírem infecções e doenças respiratórias.

Além disso, não se sabia o que poderia acontecer com um ser humano submetido a um período prolongado de
confinamento em grupo. Eles poderiam sofrer estresse e depressão. Os efeitos só haviam antes sido estudados
em astronautas em missões espaciais. Por isso, o governo chileno contou com apoio de especialistas da Nasa, a
agência espacial americana.

Depois que foram descobertos no abrigo, os trabalhadores receberam alimentos, água e medicamentos por três
sondas de oito centímetros de diâmetro. Eles também podiam se comunicar com familiares e serem avaliados
por equipes de médicos e psicólogos.

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Pela quantidade de pessoas, tempo de clausura e profundidade (comparável à altura de duas torres Eiffel ), o
resgate no Chile foi inédito no mundo. A solução escolhida para salvar os funcionários foi construir cápsulas de
metal, que seriam inseridas na mina através de dutos.

Modelos de cápsulas foram usados em pelo menos duas outras ocasiões, na Alemanha : no salvamento de três
mineiros em 1955, presos a 855 metros de profundidade, e em 1963, quando outros 11 foram resgatados a 58
metros abaixo do solo.

As cápsulas chilenas, porém, eram mais sofisticadas. Elas tinham rádio-comunicador, cinto biométrico (que
monitora as funções vitais) e tubos de oxigênio . Foram construídas três cápsulas de 58 centímetros de
diâmetro, batizadas de Fênix: uma usada para teste, uma reserva e a que fez a retirada dos homens.

O primeiro mineiro a ser retirado, Florencio Ávalos, saiu por volta das 0h10 do dia 13 de outubro. Em 21 horas
e 44 minutos, todos os demais foram salvos. Mesmo os que saíram à noite tiveram que usar óculos escuros para
não causar danos às vistas, privadas de luz por tanto tempo.

A operação foi acompanhada pela TV e pela internet por cerca de um bilhão de pessoas no planeta. Mil e
quinhentos jornalistas de 33 países cobriram o evento. A movimentação aqueceu o mercado na cidade mais
próxima, Copiapó, e a fama está "engordando" as contas bancárias dos familiares dos mineiros.

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Os 33 mineiros se tornaram conhecidos mundialmente e foram considerados heróis no Chile. Eles receberam
prêmios, viagens, ofertas de trabalho e venderam direitos de entrevistas exclusivas e a publicação de suas
histórias em livro. Para isso, fizeram um pacto de não revelar detalhes do confinamento. Dificilmente irão
voltar a exercer a antiga profissão.

A mina San José foi fechada pelo governo e os bens da mineradora foram bloqueados na Justiça. Cerca de 300
funcionários trabalhavam no local. As famílias pedem indenizações de US$ 12 milhões e o governo quer que a
mineradora arque com parte das despesas da operação de resgate, de custo estimado em US$ 20 milhões.

Em 2007, um trabalhador morreu no mesmo local e a mina ficou interditada por um ano. Depois do último
acidente, o governo prometeu aumentar a fiscalização no setor e revisar padrões de segurança na indústria
mineradora do país.

Após o resgate no Chile, ocorreram outros três acidentes em minas na China, Equador e Colômbia. No caso
mais grave, 37 mineiros morreram numa mina de carvão em Yuzhou, na província de Henan, no centro da
China .. A mineração no país é considerada a mais arriscada do mundo, com o registro de 2,6 mil mortes desde
2009.

No Equador, outro desmoronamento matou quatro mineiros a 150 metros de profundidade em Portovelo, na
província de El Oro, próximo à fronteira com o Peru. Na Colômbia, dois operários foram soterrados a 60
metros na mina de carvão La Esperanza, no departamento de Boyacá.

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× A Sociedade da Neve: os dezesseis sobreviventes da tragédia dos Andes contam toda a história pela
primeira vez (Companhia das Letras): livro de Pablo Vierci sobre um dos mais famosos casos de
sobrevivência da história. Em outubro de 1972, um avião caiu nos Andes com 45 pessoas a bordo.
Apenas 16 resistiram ao fim de 72 dias na neve. Para sobreviver, tiveram que se alimentar dos amigos
mortos.
× ±mpensável: como e por que as pessoas sobrevivem a desastres (Globo): reportagem da jornalista
Amanda Ripley a respeito de como as pessoas reagem a situações extremas de estresse, como os
desastre do Katrina e os ataques do 11 de Setembro.
× A montanha dos sete abutres (1951): filme baseado em fatos reais conta a história de um homem preso
em uma mina, cujo resgate é prejudicado pela interferência de veículos de comunicação e exploração
política do fato.
× Germinal (1993): baseado em romance homônimo do escritor francês Émile Zola, filme mostra as
péssimas condições de trabalhadores franceses em minas de carvão no século 19.

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Após mais de sete anos, os Estados Unidos terminaram uma das guerras mais caras e polêmicas de sua história.
No último dia 31 de agosto, cumprindo uma promessa de campanha, o presidente Barack Obama anunciou o
térmico da missão de combate no Iraque. Os iraquianos enfrentam agora o desafio de manter a segurança e
compor um governo em meio a desavenças étnicas que dividem a nação.

    

A Operação Liberdade Iraquiana começou em 20 de março de 2003, durante o governo de George W. Bush
(2001-2009). O motivo alegado para a invasão, a suposta existência de armas de destruição em massa, nunca foi
comprovado. O objetivo era destituir o ditador Saddam Hussein do poder e estabelecer um regime democrático.
Por trás disso, havia o interesse no controle das reservas de petróleo iraquianas e no domínio estratégico na
região.

Na época, Bush tinha apoio da população para promover sua "guerra contra o terror". A campanha foi iniciada
após osataques às torres gêmeas do World Trade Center (Nova York), em 11 de setembro de 2001. Nos anos
seguintes, porém, o país se envolveu em duas guerras, no Afeganistão e no Iraque, e enfrentou a maior crise
econômica desde a Grande Depressão (1929-1933).

Somente a guerra no Iraque custou US$ 744 bilhões (R$ 1,3 trilhão) e matou mais de 4.419 militares (até 3 de
agosto) e 100 mil civis iraquianos. A imagem dos Estados Unidos também foi prejudicada devido a denúncias
de maus tratos a presos iraquianos na prisão de Abu Ghraib e operações violentas nas ruas de Bagdá.

Era, portanto, uma guerra que só acumulava despesas. Os prejuízos eram tanto financeiros quanto políticos. O
desgaste de Bush, agravado pela demora ao socorro às vítimas do furacão Katrina em 29 de agosto de 2005, foi
decisivo para a eleição de Obama no ano passado. Dentre os compromissos do novo presidente estavam retirar
os combatentes do Iraque e concentrar esforços na economia doméstica.

Para completar a retirada, no último dia 1º de setembro o governo americano deu início à Operação Novo
Amanhecer. Um efetivo de 49.700 soldados (dos 64 mil remanescentes) irá permanecer no Iraque para treinar a
polícia e o Exército locais. Obama enfatizou que os soldados deixarão definitivamente o país até o final de
2011. Para isso, pediu pressa na composição de um novo governo no Iraque.

Não será fácil reconstruir o país. O Iraque, assim como a maioria dos países do Oriente Médio , não possui
tradição democrática. Além disso, décadas de guerras destruíram a infraestrutura necessária para o
desenvolvimento. E há disputas entre grupos étnicos que impedem a formação de um Estado. A unificação do
país só foi possível, até hoje, por meio da ditadura.

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O Iraque é um país rico em petróleo, mas pouco desenvolvido devido a séculos de guerra e ocupação
estrangeira. Depois de quatro séculos dominado pelo Império Otomano, passou a ser colônia do Reino Unido
após o término da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Quatro décadas mais tarde, o período de transição da
monarquia foi marcado por sucessivos golpes de Estado.

Os conflitos terminaram com a chegada do partido de Saddam Hussein ao poder, em 1968. O ditador assumiu a
presidência em 1979, iniciando um dos regimes mais violentos do Oriente Médio. Na ocasião, em plena Guerra
Fria (1945-1991), ele tinha apoio dos Estados Unidos. A razão disso era a rivalidade com o Irã, país dos aiatolás
que pregava o fim de Israel e desafiava os americanos.
Durante o governo de Saddam, o Iraque enfrentou três guerras do Golfo Pérsico que devastaram a economia do
país: a primeira contra o Irã (1980-88), a segunda com a invasão do Kuwait (1990-91) e, finalmente, a
ocupação dos Estados Unidos (2003-2010). O ditador iraquiano foi deposto e capturado ao final de 2003. Ele
foi condenado à morte em dezembro de 2006 pelo assassinato de 148 muçulmanos xiitas na vila de Dujail,
ocorrido em 1982.

A sociedade iraquiana é formada por três grupos étnicos e religiosos que brigam entre si há séculos. Os árabes
perfazem entre 75% e 80% da população, de 29 milhões de habitantes. Os curdos estão entre 15 e 20% desse
total. A principal religião é a muçulmana, dividida entre xiitas (60 a 65%) e a minoria sunita (32% a 37%).

Os sunitas governaram o país desde a sua criação, em 1920. Essa situação mudou a partir de outubro de 2005,
quando os iraquianos aprovaram uma Constituição mediante um referendo nacional. Em dezembro foi
composto o Parlamento, no primeiro governo constitucional no país em quase 50 anos, de maioria xiita. As
diferenças étnicas vieram à tona em atentados violentos até 2007.

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Nas eleições parlamentares de 7 de março deste ano , a coalizão xiita do primeiro-ministro Nouri al Maliki, o
Estado de Direito, terminou em segundo lugar, atrás da aliança Iraqiya, do ex-premiê Iyad Allawi (que tem
apoio dos sunitas). A Aliança Nacional Iraquiana, de xiitas radicais, ficou em terceiro lugar na disputa.

Houve denúncias de fraudes e recontagem de votos, mas os números permaneceram inalterados. O resultado
nas urnas obrigou os partidos a negociarem a composição de um novo governo, secular e multiétnico.

No entanto, passados seis meses das eleições, não foi sequer nomeado um novo primeiro ministro. Os três
blocos não se entenderam e não surgiu um outro nome, além de Maliki, para concorrer ao cargo.

Enquanto isso, uma nova onda de violência tomou conta das ruas de Bagdá. A duas semanas da retirada das
tropas, um ataque deixou pelo menos 59 mortos. Outras 12 pessoas morreram em ataques de homens-bomba
contra um complexo militar, depois do fim da missão. Os atentados colocam em dúvida as garantias do governo
iraquiano de que o país tem condições de cuidar da própria segurança.

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× ±raque - plano de guerra (Bertrand Brasil): neste livro, Milan Rai explica as razões do conflito no
Iraque por trás das justificativas oficiais do governo americano.
× ±raque - assalto ao Médio Oriente (Antígona): o linguista e ativista político Noam Chomsky aponta o
interesse dos americanos nas reservas de petróleo iraquiano como causas da guerra.
× O !unho de Deus (Record): romance do escritor inglês Frederick Forsyth baseado em fatos reais e
bastidores políticos da Guerra do Golfo.
× O Atlas do Oriente Médio (Publifolha) - Dan Smith explica as causas históricas e consequências dos
conflitos na região para a política global.
× Três ieis (1999): filme em que soldados americanos procuram um tesouro, enterrado no deserto
iraquiano logo depois do cessar-fogo de 1991.
× Soldado Anônimo (2005): filme mostra a rotina de soldados americanos na Guerra do Golfo.
× No ßale das Sombras (2007) - filme sobre a história de um soldado americano que desaparece depois de
desertar da Guerra do Iraque.
× Guerra ao Terror (2009): ganhador de seis prêmios no Oscar 2010, o filme retrata a guerra do ponto de
vista de soldados que desarmam bombas.
× Os Leões de Bagdá (Panini Comics): nesta HQ, Brian K. Vaughan (roteiro) e Niki Henrichon (arte)
contam a fábula de uma família de leões que escapam do zoológico de Bagdá após bombardeios
americanos.

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Na véspera dos 9 anos dos atentados do 11 de Setembro , a ameaça de um pastor americano de queimar o
Alcorão mobilizou lideranças mundiais para evitar uma crise entre o Ocidente e o Islã. Na Europa, o Senado
francês aprovou uma lei polêmica que proíbe o uso de véu por muçulmanas, seguindo uma tendência
conservadora entre governos europeus.

    

Cada vez mais, o antagonismo entre as modernas nações capitalistas e países islâmicos se torna fonte de
conflitos políticos e religiosos no mundo pós-Guerra Fria .

Terry Jones era um desconhecido pastor de uma igreja na cidade de Gainesville, de 114 mil habitantes, no
Estado da Flórida. Ele chamou a atenção da imprensa internacional ao anunciar que queimaria exemplares do
Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, no aniversário dos ataques de 2001. A intenção do religioso era
protestar contra o projeto de construção de um centro islâmico próximo ao Marco Zero, local onde era situado o
World Trade Center.

Temendo reações de extremistas islâmicos, autoridades como o Papa Bento 16, o presidente Barack Obama e o
secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon , além de chefes de Estado da Europa, pediram que o
religioso desistisse do ato. Ao mesmo tempo, três pessoas morreram em manifestações contrárias ao pastor no
Afeganistão. A pressão, porém, surtiu efeito, e Jones desistiu de queimar o livro sagrado.

Episódios como esse têm se tornado mais comuns nos últimos anos. Em 1989, o escritor anglo-indiano Salman
Rushdie ficou famoso depois do Irã decretar uma fatwa (sentença de morte) contra ele. Rushdie foi acusado de
blasfêmia em seu romance Os Versos Satânicos. Desde então, passou a viver escondido e sob proteção policial,
mesmo após o Irã suspender a condenação em 1998, atendendo aos apelos da comunidade internacional.

Em 30 de setembro de 2005, o jornal Jyllands-Posten, de maior tiragem na Dinamarca, publicou 12 caricaturas


intituladas "As faces de Maomé". As charges provocaram manifestações violentas, incêndios em embaixadas
dinamarquesas e uma crise diplomática com países árabes. O redator-chefe do jornal, que foi ameaçado de
morte, pediu desculpas publicamente, enquanto outros jornais europeus publicaram as caricaturas em defesa da
liberdade de expressão e de imprensa.

Mais recentemente, países europeus votaram leis restritivas aos costumes islâmicos em ações consideradas
hostis pelos 15 milhões de muçulmanos que vivem no continente. Em 29 de novembro de 2009, a Suíça
aprovou, mediante referendo, a construção de minaretes - torres de mesquita de onde se chamam os
muçulmanos para as orações diárias.

No último 14 de setembro, o Senado francês aprovou uma lei que proíbe o uso de véus islâmicos integrais - a
"burka" e o "niqab" - em espaços públicos do país. Os parlamentares alegam questões de segurança, além de
respeito aos direitos das mulheres.

Mas a lei, que deve entrar em vigor no próximo ano, causou controvérsia no país que abriga a maior
comunidade muçulmana da Europa. O islamismo é a segunda maior religião da França, atrás somente do
catolicismo.

A norma prevê multa de 150 euros para quem desacatar a proibição do uso da vestimenta. Estimativas apontam
que cerca de 2 mil mulheres usam o véu no país. Propostas semelhantes foram aprovadas na Bélgica e na
Dinamarca (proibição parcial), e entraram em discussão na Itália, Espanha, Reino Unido, Holanda e Áustria.

.() 

Islã ou civilização islâmica se refere aos povos que seguem a religião do islamismo, cujos fiéis são chamados
muçulmanos ou islamitas. O islamismo foi fundado pelo profeta Maomé no século 7, na Arábia. Ele possui
raízes comuns com outras duas religiões monoteístas, o cristianismo e o judaísmo.

Apesar de essa religião ter surgido entre os árabes, eles representam apenas 15% dos muçulmanos no mundo. O
islamismo é predominante em mais de 50 países do Oriente Médio , Ásia, África e Europa, estando espalhado
em comunidades em todo o mundo, inclusive no Brasil.

O Alcorão (ou Corão) é o livro sagrado dos muçulmanos. Eles consideram que a obra foi ditada a Maomé pelo
arcanjo Gabriel.

Uma das principais diferenças dos países islâmicos em relação ao Ocidente é justamente não separar religião de
Estado. O Alcorão serve de base para organização social, política e jurídica ("sharia"). Por esta razão, enquanto
a maioria dos povos ocidentais adotou a democracia , os povos islâmicos vivem, em sua maior parte, em
teocracias. A Turquia é um dos raros países de maioria muçulmana que também é secular e democrático.

Outro ponto de discórdia diz respeito a liberdades civis e direitos humanos, considerados uma conquista no
mundo moderno. Uma interpretação mais rigorosa do Alcorão acaba confrontando alguns destes valores
ocidentais.

Por conta desse estranhamento, para o Islã a cultura ocidental é materialista, decadente e imoral. Os ocidentais,
por sua vez, costumam associar os muçulmanos a grupos terroristas, como a Al-Qaeda , o Hamas e o Hezbollah
, e à violência contra mulheres e minorias. Ambas as visões, é claro, são equivocadas na maioria das vezes.

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As diferenças religiosas, culturais e políticas entre os povos islâmicos e os ocidentais se acentuaram a partir da
segunda metade do século 20. Dessa forma, os principais conflitos do mundo contemporâneo, como as guerras
do Iraque e do Afeganistão, possuem causas na animosidade entre as duas civilizações. A origem da discórdia,
porém, é bem mais antiga.

Entre os séculos 7 e 8, os árabes dominaram o Oriente Médio, o Norte da África, a Pérsia e a Índia Setentrional.
A reação da Cristandade começou no século 11, com a conquista do Mediterrâneo e o início das Cruzadas
(1095). Por um século e meio, os cristãos resistiram em potentados na Terra Santa, até a invasão dos turcos
otomanos, que retomaram o controle da região dos Bálcãs e do Oriente Médio.

Até então, e durante a maior parte da história da humanidade, o contato entre povos foi escasso e pouco
duradouro. O motivo eram as dificuldades para se transpor as barreiras geográficas. Isso começou a mudar a
partir dos séculos 15 e 16, com a expansão colonial.

As principais nações imperialistas, como Inglaterra, França, Espanha, Alemanha e Estados Unidos, travaram
guerras e promoveram campanhas expansionistas até o século 20. O imperialismo europeu levou seus valores
ocidentais - oriundos de dois importantes movimentos, a Reforma Protestante e o Iluminismo - ao mundo árabe.
Décadas depois, os Estados Unidos fariam o mesmo em guerras no Golfo Pérsico .

Acontece que tais iniciativas, promovidas mediante o poderio bélico, só alimentaram movimentos nacionalistas
e de independência nos países árabes, que passaram a ver o ocidental como inimigo. Um bom exemplo disso é a
Guerra do Iraque, que constituiu uma tentativa, até agora fracassada, de implantar a democracia à força. Como
resultado dessas intervenções, os americanos se tornaram o principal alvo de grupos extremistas como a Al-
Qaeda, suspeita dos atentados de 11 de Setembro.

  

Mas como o Islã ganhou importância no panorama geopolítico do mundo moderno? Até poucas décadas atrás,
durante a Guerra Fria, o mundo era dividido em três blocos econômicos e ideológicos distintos: havia o
Primeiro Mundo, representado pelos Estados Unidos; o bloco socialista, liderado pela antiga União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), e o chamado Terceiro Mundo, formado por países pobres e não
alinhados (entre eles o Brasil).

Neste contexto, o islamismo surgiu em sua versão fundamentalista como movimento religioso e intelectual, nos
anos 1970, e se espalhou rapidamente pelo Oriente Médio, África, Ásia e Europa. Para isso, contou com o
financiamento de potências árabes, ricas em petróleo, e ocidentais, que os viram como alternativa a movimentos
nacionalistas e comunistas.

Com o colapso dos regimes comunistas no final dos anos 1980, os choques culturais com o Islã substituíram a
antiga disputa entre as superpotências.

Isso ocorreu primeiro devido à crescente importância das nações árabes, decorrente da alta do preço do
petróleo, até os anos 1980, e depois em razão do crescimento populacional. O aumento da população de jovens
também alimentou o fundamentalismo. Depois de doutrinados, os jovens se espalharam pelo Ocidente e, com a
maior proximidade entre os povos, foram acentuadas as diferenças religiosas e de valores culturais.

Em segundo lugar, enquanto na maior parte da Europa a queda de ditaduras socialistas deu lugar a regimes
democráticos, em países islâmicos, ausentes de tradição democrática, o fundamentalismo foi adotado. Um
exemplo foi a Revolução Iraniana de 1979, que precedeu o fim do comunismo. Com a esquerda combalida, a
afirmação de identidades regionais em torno do islamismo emergiu como principal resposta ao processo de
globalização .

Os ataques do 11 de Setembro nos Estados Unidos foram o ponto alto desse embate cultural. Desde então, a
tensão entre os povos islâmicos e ocidentais tem ditado manobras diplomáticas e políticas, com um forte - e
perigoso - apelo a radicais de ambos os lados.

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× Ocidente x ±slã: uma história do conflito entre dois mundos( (L&PM): livro de Voltaire Schilling que
investiga as origens históricas das hostilidades entre o Ocidente e os povos islâmicos.
× O Choque de Civilizações (Ponto de Leitura): influente estudo de Samuel Huntington que argumenta
que a maior rivalidade do panorama internacional que emerge após a Guerra Fria se dá em torno de
diferenças culturais.
× O ±slã (Publifolha): livro de Paulo Daniel Farah que explica as origens do islamismo e tem um capítulo
dedicado à comunidade islâmica no Brasil.
× Os Assassinos: os primórdios do terrorismo no ±slã (Jorge Zahar): obra de Bernard T. Lewis sobre os
Assassinos, uma seita de radicais islâmicos surgida no Irã, século 10, conhecidos como os primeiros
terroristas da história.
× Lawrence da Arábia (1962): clássico do cinema baseado na biografia de T.E. Lawrence (1888-1935),
oficial inglês enviado à península arábica durante a Primeira Guerra Mundial.
× Cruzada (2005): filme ambientado no tempo das Cruzadas, no século 12, quando cristãos e muçulmanos
lutavam pelo controle da Terra Santa.
× Shahada (2010): história de três jovens muçulmanos que vivem entre a tradição islâmica e os hábitos
modernos na Alemanha .
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José Renato Salatiel*
Especil para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Atualizado em 25/8/10, às 8h24 Qual seria a relação entre a onda de calor que cobriu Moscou, a capital russa,
com uma espessa neblina de fuligem, e as chuvas que causaram inundações no Paquistão ? Para cientistas que
estudam as mudanças no clima da Terra, ambas as tragédias, ocorridas nos meses de julho e agosto deste ano,
poderiam ser efeitos do aquecimento global.

    

No Paquistão, as piores enchentes em 80 anos deixaram mais de 1.600 mortos e afetaram 20 milhões de pessoas
- aproximadamente 11% da população do país, que possui 177 milhões de habitantes. As inundações destruíram
casas, plantações e danificaram a infraestrutura de cidades.

Seis milhões de paquistaneses que sobreviveram às cheias (incluindo 3,5 milhões crianças) correm o risco de
contraírem doenças, como a cólera, devido à contaminação da água.

Em visita ao país no dia 15 de agosto, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki
Moon , disse que o desastre é o maior que já viu na vida, e autorizou o envio emergencial de US$ 459 milhões
(R$ 811 milhões) para o Paquistão.

Já na Rússia, a maior onda de calor em mil anos causou mortes e prejuízos ao país. Desde o começo da seca,
em maio, 52 pessoas morreram, e a taxa de mortalidade em Moscou dobrou devido ao calor e à fumaça de
incêndios florestais.

A temperatura na capital atingiu o recorde de 39 graus, no dia mais quente já registrado. Os níveis de monóxido
de carbono chegaram ao dobro do aceitável, obrigando os russos a usarem máscaras nas ruas.

Os incêndios ainda destruíram um quarto das terras usadas para o cultivo de cereais (a Rússia é um dos maiores
exportadores mundiais de trigo, centeio e cevada). Para garantir o abastecimento doméstico, o governo
suspendeu as exportações até o final do ano.

Havia também o perigo dos incêndios chegarem à usina de Mayak, nos Montes Urais, e Chernobyl , locais onde
ocorreram desastres nucleares nos anos de 1957 e 1986, respectivamente. O fogo poderia espalhar partículas
radioativas presentes no solo contaminado desses lugares.

O calor também bateu recordes e provocou incêndios em países europeus como Portugal e Grécia, além de
inundações na China . Para especialistas, esses eventos teriam sido parcialmente provocados pelo aquecimento
global, resultado do efeito estufa .

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O efeito estufa ocorre quando a energia do Sol se acumula na atmosfera terrestre, elevando a temperatura do
planeta. Ele é causado pela emissão de seis tipos de gases, como dióxido de carbono (CO2) , metano (CH4) e
óxido nitroso (N2O) . O dióxido de carbono é o mais abundante e duradouro na atmosfera. Ele é liberado pela
queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão natural), que constituem a principal fonte de energia das
economias mundiais.

O efeito estufa é um fenômeno natural e necessário para a vida no planeta, pois permite que a Terra retenha o
calor indispensável para a sobrevivência dos seres vivos. O problema é que, com o aumento da poluição a partir
do século 19, houve um desequilíbrio nesse processo, o que provocou o aquecimento global.

Alertados por cientistas, os governos mundiais começaram a se preocupar com questões ambientais nos anos
1980. O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês),
divulgado em 2007, apontou que a temperatura no mundo subiu 0,74% no período de 1906 a 2005, devido à
atividade humana. E, se nada for feito, haverá um aumento em 4 graus Celsius até 2100.

Se isso acontecer, espécies de animais e vegetais serão extintas, haverá prejuízo para a agricultura, falta de
água, ondas de calor e ocorrência de tufões e furacões . O derretimento das calotas polares elevará o nível dos
oceanos, inundando as regiões costeiras do planeta.

:#  

Segundo a Organização Meteorológica Mundial da ONU, 2010 pode ser o ano mais quente desde o início dos
registros de temperatura em meados do século 19 XIX, ultrapassando o recorde de 1998.

Para os cientistas, o risco de ocorrerem ondas de calor semelhantes às que mataram 35 mil pessoas na Europa
em 2003 é, hoje, duas vezes maior por conta das alterações climáticas no planeta. A comunidade científica
estuda, agora, métodos e tecnologias mais precisas na previsão de catástrofes como as ocorridas no Paquistão e
na Rússia, além de buscar acordos que permitam a redução de poluentes.

A maior dificuldade, no entanto, é contar com o consenso entre as duas maiores potências econômicas do
planeta -Estados Unidos e China -, que são, também, os países mais poluidores do planeta.

Em dezembro do ano passado, foi realizado, em Copenhague, capital da Dinamarca, a Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 15). O objetivo era estabelecer metas internacionais - que irão
substituir o Protocolo de Kyoto após 2012 - de redução da emissão de gases causadores do efeito estufa.

Após duas semanas de negociações, a COP 15 terminou com um acordo tímido entre Estados Unidos, China,
Brasil, África do Sul e Índia. Os participantes concordaram com a necessidade de se limitar o aquecimento
global em 2 graus Celsius. Porém, não houve avanço no que concerne a metas assumidas por governos ou
garantias da assinatura do documento que substituirá o Protocolo de Kyoto.

De concreto, foi criado um fundo anual de 100 bilhões de dólares até 2020 para ajudar os países pobres a
colaborarem com planos de combate ao aquecimento global.

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× O aquecimento global (!ubliFolha): livro escrito pelo jornalista Claudio Angelo, que analisa as causas
do fenômeno, as consequências para a humanidade e as soluções.
× Como combater o aquecimento global (Publifolha): a proposta deste livro de Joanna Yarrow é ser um
manual prático de ações individuais que podem minimizar os impactos no meio ambiente, como
reciclagem, isolamento térmico e irrigação de jardim.
× Seis graus - o aquecimento global e o que você pode fazer para evitar uma catástrofe (Zahar): livro de
Mark Lynasque mostra as previsões de cientistas sobre o aquecimento da Terra e suas consequências.
× O Dia Depois de Amanhã (2004): filme baseado na hipótese de que os efeitos das mudanças no meio
ambiente levariam o mundo a uma nova era glacial.
× Uma ßerdade ±nconveniente (2006): documentário em que o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al
Gore, explica o aquecimento global e as propostas do Protocolo de Kyoto.
× A última hora (2007): documentário narrado e produzido por Leonardo DiCaprio com entrevistas com
diversas autoridades sobre os danos causados ao meio ambiente e discussão de alternativas.

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Eram 8h15 da manhã do dia 6 de agosto de 1945 quando os habitantes da cidade japonesa de Hiroshima viram
um enorme clarão seguido de um colossal estrondo. Pela primeira vez, uma bomba de fissão nuclear era usada
numa guerra contra uma população civil. Isso aconteceria somente mais uma vez na história: três dias depois,
em Nagazaki, atingida por outro artefato desenvolvido pelos norte-americanos.

    

Estima-se que 140 mil pessoas tenham morrido em Hiroshima e outras 70 mil em Nagazaki, sem contar
sobreviventes que morreram nas décadas seguintes em decorrência dos efeitos nocivos da radiação.

Os ataques marcaram o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e deram início à era nuclear e à corrida
armamentista entre dois blocos dominantes e antagônicos, os Estados Unidos e a ex-União Soviética. Foi um
dos períodos mais tensos da história, já que havia o risco do mundo ser devastado por um confronto com armas
atômicas.

Passados 65 anos das explosões em Hiroshima e Nagazaki, a comunidade internacional tenta impedir o
armamento de países como Irã e Coreia do Norte. O perigo, hoje, é que a bomba possa ser usada por
extremistas religiosos ou terroristas.

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O governo dos Estados Unidos financiava pesquisas sobre a fissão nuclear (base das primeiras bombas
atômicas) desde o começo da Segunda Guerra Mundial. Alertado pelo físico Albert Einstein (1879-1955) de
que os alemães poderiam construir a bomba antes dos Aliados, o presidente americano Franklin Delano
Roosevelt (1933 a 1945) inaugurou o Projeto Manhattan em 1942.

O projeto secreto reuniu os maiores cientistas da época - muitos deles europeus que fugiam dos nazistas, como
o próprio Einstein - para produzir e detonar três bombas atômicas. A primeira delas foi testada em 16 de julho
de 1945 no deserto de Alamogordo, próximo da base de Los Alamos, no Estado do Novo México.

Menos de um mês depois, o presidente Harry Truman (1945 a 1953) autorizou o uso das outras duas contra os
japoneses. Na ocasião, os alemães já haviam se rendido aos soviéticos, mas o Império do Japão ainda resistia no
Pacífico. Anos antes, o ataque japonês à base americana de Pearl Harbor, em 7 de dezembro de 1941, foi
responsável pela entrada dos americanos na guerra.

A bomba, que explodiu em Hiroshima, foi apelidada de "Little Boy" e tinha a potência de 20 mil toneladas de
TNT. Ela estava a bordo de um bombardeio B-29 chamado Enola Gay (em homenagem a mãe de um dos quatro
tripulantes), que partiu da ilha Tinian, no Oceano Pacífico, na madrugada do dia 6 de agosto.

A terceira bomba tinha o apelido de "Fat Boy". O alvo inicial era Kokura, mas devido ao céu nublado, que
impediria avaliar visualmente os danos causados, os militares optaram pela cidade de Nagazaki, que reunia a
maior comunidade cristã do Japão.

As cidades destruídas eram importantes portos japoneses e centros industriais. Elas foram escolhidas por terem
sido pouco atingidas pelos bombardeios dos Aliados, o que permitiria verificar melhor o potencial das novas
armas.

Ninguém sabia, até então, o que era aquela bomba. Prova disso é o fato de os jornais japoneses a chamarem,
nos dias seguintes, de "bomba especial" dos americanos. Somente em Hiroshima, um terço da população
morreu e 90% das construções ruíram. Após os ataques, o Imperador Hiroíto aceitou a rendição do Japão,
pondo fim à guerra.

Para os militares americanos, os ataques abreviaram o término da guerra e, assim, pouparam a vida de milhares
de soldados e civis. Historiadores, entretanto, acreditam que a rendição japonesa era iminente e, por isso, a
bomba era desnecessária. A questão, porém, ainda é muito polêmica.

*

A devastação das cidades japonesas mudou o curso da história. Era a primeira vez que o homem possuía
tecnologia de destruição em massa, o que ameaçava a vida no planeta. No período que se seguiu, por quase 50
anos, os Estados Unidos e a União Soviética travaram uma disputa ideológica e estratégica que ficou conhecida
como Guerra Fria.

O auge dos conflitos aconteceu no começo dos anos 1960, quando os russos instalaram ogivas em Cuba, a
poucos quilômetros da costa americana, em represália à presença de mísseis americanos na Turquia. Os Estados
Unidos fizeram uma tentativa frustrada de invasão da ilha, colocando as superpotências nos limites de uma
guerra nuclear.

Apesar disso, os países investiram em arsenais atômicos mais como uma forma de dissuasão do que
propriamente com a intenção de usá-los em guerras. Os Estados Unidos, que até 1949 eram a única nação a
possuir uma bomba atômica, produziram armas ainda mais poderosas. Uma delas foi a bomba-H ou bomba de
hidrogênio (baseada na fusão nuclear), testada em 1952 e cinco mil vezes mais potente do que a usada em
Hiroshima . Mesmo assim, evitou o emprego de armamento nuclear nas guerras da Coreia (1950-1953) e do
Vietnã (1959-1975).

O primeiro Tratado de Não-proliferação de Armas Nucleares (TNP) foi assinado em 1967 pelas cinco potências
nucleares oficiais: Estados Unidos, Rússia, China, Inglaterra e França. Outros acordos bilaterais possibilitaram
a redução do número de ogivas existentes no mundo nos anos 1970, e muitos países abandonaram programas
nucleares com fins militares, incluindo a Argentina e o Brasil.

Além das bombas, havia o perigo da radioatividade. Em 28 de março de 1979, o derretimento parcial de um
reator nuclear na base americana em Three Mile Island, no Estado da Pensilvânia, liberou partículas radioativas
na atmosfera. O pior dos desastres ocorreu em 26 de abril de 1986, na explosão de quatro reatores em
Chernobyl, na Ucrânia, contaminando boa parte da Europa Oriental.

O fim da Guerra Fria, porém, trouxe o risco de programas clandestinos em países politicamente instáveis, como
o Paquistão, ou ameaçados por extremistas religiosos, como o Irã. A Coreia do Norte, que realizou testes
nucleares ano passado, usa as bombas para conseguir dividendos diplomáticos e financeiros.

Hoje, teme-se uma nova corrida armamentista no Oriente Médio, uma das regiões mais conflituosas do mundo.
Por isso, há uma pressão da Organização das Nações Unidas e de países árabes para que o Irã desista de seu
programa nuclear e para que Israel se desfaça de seus arsenais.

De acordo com estimativas do Boletim de Cientistas Atômicos, o mundo possui hoje 23.574 artefatos nucleares,
contra 32.512 em 2000. A Rússia vem em primeiro lugar, com 12.987, seguida dos Estados Unidos (9.552),
França (300), Reino Unido (192) e China (176), incluindo estimativas em Israel (200), Paquistão (90), Índia
(75) e Coreia do Norte (2).

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× iroshima (Companhia das Letras): publicado originalmente na forma de reportagem na revista The
New Yorker pelo jornalista John Hersey, o relato tornou-se um dos testemunhos mais comoventes sobre
a cidade alvo da primeira bomba atômica em agosto de 1946.

× Oppenheimer e a Bomba Atômica Em 90 Minutos (Jorge Zahar): livro de Paul Strathern que conta a
história do "pai" da bomba atômica e os dilemas morais que envolveram o Projeto Manhattan.

× Dr. Fantástico (1964), um clássico do cinema do diretor Stanley Kubrick, conta a história de um general
norte-americano que fica louco e ameaça bombardear a ex-União Soviética, detonando a Terceira
Guerra Mundial.

× K-19 (2002) : filme estrelado por Harisson Ford sobre um acidente com um submarino nuclear soviético
no auge da Guerra Fria.

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José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
A Argentina aprovou, em 16 de julho de 2010, o casamento gay, tornando-se o primeiro país na América Latina
(o segundo no continente, depois do Canadá) e o décimo no mundo a legalizar a união entre pessoas do mesmo
sexo. A lei, que deve ser sancionada pela presidente Cristina Kirchner, é um avanço na defesa dos direitos dos
homossexuais.

    

Depois de passar na Câmara dos Deputados no dia 5 de maio, a lei foi sancionada no Senado por 33 votos a
favor, 3 abstenções e 23 votos contrários. O debate entre os parlamentares durou 14 horas. Fora do Legislativo,
grupos que se opunham à proposta (formados por católicos) e de apoio aos homossexuais fizeram protestos.

Diferentemente de países como Uruguai e Colômbia, que somente autorizam as uniões civis de casais gays, a
nova legislação argentina reconhece também direitos e benefícios jurídicos e sociais. Para isso, ela substituiu,
no Código Civil, os termos "marido e mulher" por "contratantes", igualando os direitos de casais gays e
heterossexuais.

Entre as mudanças, está o recebimento total da herança, no caso de morte de um dos cônjuges, permissão para
adoção de crianças (antes, somente um dos membros da relação podia adotar), uso de sobrenome comum para
crianças adotadas ou para filhos naturais de um dos parceiros, e direito, para o casal, de receber pensão, pagar
impostos e pedir crédito.

A capital Buenos Aires e outras quatro cidades argentinas já permitiam o matrimônio civil entre pessoas do
mesmo sexo.

Outros nove países possuem leis específicas sobre casamento gay, válidas para todo o território nacional:
Holanda, Espanha, Bélgica, África do Sul, Canadá, Noruega, Suécia, Portugal e Islândia. Em Portugal, a lei que
autoriza o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi promulgada no dia 17 de maio de 2010. Na Islândia, a
norma entrou em vigor no dia 27 de junho.

Nos Estados Unidos, seis estados permitem o casamento gay: Massachusetts, Connecticut, Iowa,Vermont, New
Hampshire e Washington, D.C. A Cidade do México também aprovou recentemente uma lei semelhante.

3

No Brasil, casais homossexuais precisam recorrer à Justiça para conseguir os mesmos direitos válidos para
uniões heterossexuais. Com isso, ficam à mercê de decisões pontuais de juízes de comarcas, ou seja, não há
uma padronização quanto às sentenças.

Uma das decisões judiciais mais conhecidas foi a da tutela do filho da cantora Cássia Eller, após a morte da
artista, em 29 de dezembro de 2001. A Justiça do Rio de Janeiro concedeu a guarda provisória da criança para a
parceira da artista, Maria Eugênia Vieira Martins, que viveu com Cássia durante 14 anos.

Existem projetos de leis sobre união estável e direitos civis de homossexuais que tramitam no Congresso
brasileiro desde 1995. O que impede que sejam votados é o lobby de políticos conservadores ou ligados a
setores religiosos, além da rejeição de parcela do eleitorado.

A despeito disso, a Parada do Orgulho Gay de São Paulo é reconhecida como o segundo maior evento
homossexual do mundo, atrás apenas da passeata realizada em Nova York.

 

Até meados do século 20, a homossexualidadeera considerada crime grave em países da Europa, como Reino
Unido e Portugal. Um dos julgamentos mais célebres da história foi o do escritor irlandês Oscar Wilde, autor de
O retrato de Dorian Gray. Ele foi julgado em 1895 por sodomia e comportamento indecente, e condenado a
dois anos de prisão e trabalhos forçados. Os homossexuais também sofreram perseguições na Alemanha nazista
e na Rússia stalinista.

Além de constar dos códigos penais de alguns países, a homossexualidade era vista como uma doença,
reconhecida até recentemente pela Organização Mundial da Saúde. Em 1954, o matemático inglês Alan Turing,
precursor dos computadores, matou-se depois de ser obrigado pela Justiça a fazer um tratamento médico que
envolvia a castração química.

A partir dos anos 1980, os gays foram estigmatizados como disseminadores da Aids, chamada na época de
"peste gay". Com o aumento de casos entre heterossexuais, foi constatado que a doença não estava relacionada
à natureza ou à orientação sexual dos pacientes, mas, sim, a condutas de risco.

Boa parte da mudança de valores e dos avanços sociais para a minoria gay se deve aos movimentos de direitos
civis. O marco dessa luta foram os conflitos de Stonewall, nos Estados Unidos, iniciados em 28 de junho de
1969. Foi a primeira vez que a comunidade gay se uniu contra a perseguição do Estado. Os distúrbios entre
manifestantes e policiais começou em frente ao bar Stonewall Inn, localizado no bairro Greenwich Village.

Hoje, sabe-se que a homossexualidade, como qualquer outro comportamento humano, resulta de uma
combinação de fatores genéticos, sociais e culturais. Com base nisso, a maioria dos países industrializados criou
estatutos legais que garantem a união civil de casais do mesmo sexo e leis que penalizam os crimes contra
homossexuais. Apesar disso, países como Irã, Argélia e Paquistão ainda consideram a homossexualidade crime.

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— 

× Na Trilha do Arco-Íris (Perseu Abramo): livro dos antropólogos Júlio Assis Simões e Regina Facchini
sobre a história do movimento homossexual brasileiro.
× Como o mundo virou gay? Crônicas sobre a nova ordem sexual (Ediouro): coletânea de artigos de
André Fisher a respeito da homossexualidade na cultura moderna.
× Milk - a voz da igualdade (2008): filme dirigido por Gus Van Sant e estrelado por Sean Penn, baseado
na história de Harvey Milk, o primeiro gay assumido a conseguir um cargo público de importância nos
Estados Unidos, em 1977.
× Filadélfia (1993): filme com Tom Hanks e Denzel Washington que conta o caso de um advogado
homossexual que lutou na Justiça contra o preconceito, quando surgiram os primeiros casos de Aids.

Os estudantes que estão se preparando para encarar a maratona de vestibulares sabem que estar por dentro dos
temas atuais é fundamental para se dar bem no vestibular, principalmente na hora de escrever a dissertação. Há
inúmeras formas de ter acesso às informações como pela internet, jornais, rádios, revistas etc. portanto, só não
está bem atualizado quem não quer.

Desde os últimos meses de 2009, muitos fatos polêmicos, envolvendo política, economia e desastres naturais
aconteceram no Brasil e no mundo, então já é bom ir se preparando porque assuntos a serem abordados no
vestibular não vão faltar e pontos de vista para se discutir, muito menos. Avaliando todos os acontecimentos
atuais desde o início de dezembro de 2009 até a última quinta-feira (11) de março deste ano, segue abaixo uma
lista com os fatos mais importantes, e que têm grandes chances de serem abordados ns vestibulares de 2011.
Basta dar uma conferida na lista e correr atrás para se informar melhor sobre todos os acontecimentos.

11/03/2010Eleições no Iraque ± País decide nas urnas futuro sem Estados Unidos

04/03/2010Terremoto no Chile ± Tremor é um dos mais violentos já medidos

26/02/2010Espionagem no Oriente Médio ± Assassinato de líder palestino cria impasse diplomático

19/02/2010Escândalo no Distrito Federal ± Denúncias levam governador à prisão

11/02/2010Mandela: 20 anos de liberdade ± Entenda o que significa esse fato para nossa história recente

05/02/2010Crise na Venezuela ± Problemas políticos, financeiros e energéticos prejudicam Chávez

28/01/2010Eleições no Chile ± Direita volta ao poder

21/01/2010Tragédia no Haiti ± Terremoto arrasa país mais pobre das Américas

14/01/2010Esporte e poder ± Ano do futebol na África começa com violência

31/12/2009Violência no Suriname ± Brasileiros são atacados por grupo étnico

24/12/2009Mídia ± Confecom propõe controle dos meios de comunicação

17/12/2009Internet no Brasil ± Desigualdades sociais dificultam inclusão digital

10/12/2009Eleições na Bolívia ± Estado multicultural é aprovado nas urnas

03/12/2009Copenhague ± COP 15 ± Encontro na Dinamarca discute futuro do planeta

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