Sei sulla pagina 1di 2

Disciplina:FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL

Profª. : Anádia Mª. C.Alves Salles


Curso: Serviço Social

O BRASIL DE FINS DO SÉCULO XIX E A QUESTÃO DOS ESCRAVOS

TEXTO 1: Escravidão e libertação dos escravos

“ Poucos temas da história brasileira têm sido tão discutidos e investigados como a escravidão.
As apaixonadas controvérsias sobre os índices de mortalidade de escravos na travessia do Atlântico, sobre
as possibilidades de estabelecimento da família escrava , sobre o significado das alforrias , ou seja, a
libertação de cativos anterior a 1888, sobre a chamada brecha camponesa , sobre a condição do escravo e
as diversas situações do trabalho e etc.
A controvérsia permitiu dar maior substância à constatação de que o sistema escravista não se
sustentou apenas pela violência aberta , embora esta fosse fundamental . Ela teve uma longa vida também
por sua abrangência, pela diferenciação entre escravos , pelas expectativas reais ou imaginárias de
alcançar a liberdade . Dois temas , a esse respeito ganham destaque : o da chamada brecha camponesa e o
das alforrias.
A existência de uma brecha camponesa é sustentada pelo autor , Ciro Cardoso, onde destaca a
importância do setor dedicado ao mercado interno na economia brasileira colonial e do século XIX. A
tese parte da constatação de que nas fazendas de cana e sobretudo de café , os escravos tiveram permissão
de trabalhar em quintais próximos a suas cabanas ou em pequenos lotes de terra , produzindo gêneros
alimentícios para seus sustento e para venda no mercado. Essa permissão se teria generalizado no
mercado , o escravo se tornou também um camponês , abrindo um brecha no sistema escravista. Essa
constatação aponta ainda para o fato de que , embora o escravo fosse juridicamente uma coisa , acabava
na prática das relações sociais por ter certos direitos derivados do costume .
O problema da alforria é suscitado pela existência de um grande número de escravos libertos nas
colônias espanholas e no Brasil , em comparação com as possessões inglesas e francesas. (...) De Fato ,
apesar da precariedade dos números , constatamos que , no fim do período colonial , os libertos ou livres ,
representavam 42% da população de origem africana ( negros e mulatos ) e 28% do total da população
brasileira enquanto os escravos correspondiam a 38% desse total. Segundo os dados do recenseamento de
1872, libertos ou livres eram 73 da população de origem africana e 43% do total da população brasileira,
sendo escravos 15% desse total.
As alforrias ocorriam quando o escravo ou um terceiro comprava sua liberdade, ou quando o
senhor decidia libertá-lo. O fato de que o maior número de alforrias mediante o pagamento tenha ocorrido
nas cidades , indica que nelas existia maior possibilidade de o escravo juntar economias.
Uma explicação fácil para os atos de libertação por iniciativa dos senhores , seria que eram
libertados apenas velhos e doentes por razões econômicas . Entretanto , alguns estudos põem em dúvida
essa hipótese. Por exemplo, uma pesquisa abrangendo 7 mil libertos em Salvador entre o final do século
XVII e o XVIII , revelou que a idade média dos beneficiados era de apenas 15 anos.
Isso não quer dizer que se devam eliminar as considerações econômicas entra as causas do
grande número de alforrias . Os estudos existentes sugerem que , na comparação entre zonas de
economia, expansão e zonas de decadência , havia mais alforria nestas primeiras . Mas as razões afetivas
podem ter pesado fortemente nos atos de libertação, pois na divisão entre sexos contata-se uma nítida
predominância de mulheres . Assim na cidade do Rio de Janeiro , entre 1807 e 1831, as mulheres
constituíam 64% dos alforriados. Essa população é bastante alta se considerarmos que a proporção de
homens na população escrava era bem superior à de mulheres.
Por último , lembremos que os libertos não tinham condição idêntica à da população livre. Até
1865, a alforria mediante pagamento ou gratuita podia ser revogada pelo antigo senhor, alegando
simplesmente ingratidão. Além disso , no papel ou na prática , a libertação , em muitos casos , era
acompanhada de uma série de restrições , especialmente a de prestar serviços ao dono . A legislação
posterior a 1870 incorporou aliás esse costume , ao determinar a liberdade de crianças e velhos sob
condição.
Embora encontremos libertos em ações rebeldes da população negra, essa categoria ficou em
uma posição intermediária entre livres e escravos , aproximando-se socialmente dos brancos pobres. As
alforrias suavizavam assim o choque racial direto. Além disso , em certas condições de forte presença da
população negra, os alforriados tiveram um papel importante de preservação comunitária . O caso mais
típico é o da Bahia , onde os libertos do século XIX, asseguravam a existência de uma comunidade que
combinou culturas africanas e européias .” ( FAUSTO, 2002:P.125-126)
TEXTO 2: Trabalho braçal e preconceito: as dificuldade das camadas médias com
a nova ordem.
“ A mentalidade escravista que caracterizava a sociedade brasileira até o Segundo Reinado ,
criou sérias dificuldades para a implantação da indústria e do trabalho assalariado no país . Havia um
profundo preconceito contra qualquer tipo de atividade braçal. Só os negros podiam fazer força.
Muitos estrangeiros escreveram sobre esse modo de pensar e agir da elite branca e sobre os
preconceitos que se espalhavam entre a população livre e pobre. Assim , nenhum homem com certo
prestígio social saía , por exemplo , às ruas carregando um pacote pesado. Nenhum profissional com
reputação executava seu serviço sem a ajuda de um escravo para carregar suas ferramentas , ainda que
fosse um único martelo.
A grande ambição da família livre e pobre era conseguir , par seus membros, um trabalho que
‘não sujasse as mãos’, por exemplo, o serviço em algum escritório liberal ou a nomeação para um cargo
público.
Para os políticos , indicar e proteger conhecidos e familiares tornou-se um grande negócio:
garantiam aliados e eleitores constantes, sem gastar um tostão do seu bolso.”(COTRIM, 1996:P.204-205)

TEXTO 3: O negro, verdadeiramente livre?


“ Os negros tornaram-se realmente livres depois de 1888? Não . Depois de quase quatro séculos
de escravidão , não tinham recursos para trabalhar por conta própria , não tinham educação para buscar
uma boa posição na sociedade m nem contavam com qualquer tipo de ajuda do governo.
Diante de tantos obstáculos , a maioria dos negros continuou desempenhando o mesmo papel de
antes. Os antigos proprietários de escravos os tratavam praticamente da mesma maneira cruel e
desumana. Grande parte da sociedade dos brancos tinha para com eles uma atitude de desdém , fruto de
um intenso preconceito racial.
As estatísticas mostram os graves problemas sofridos pelo negro ainda hoje na sociedade
brasileira. São eles os mais atingidos pela miséria , fome, falta de moradia , falta de assistência à saúde e à
educação. São eles os que trabalham nas profissões mais humildes e ganham os piores salários. (...)
O preconceito contra o negro ainda existe e pode ser verificado nas piadas racistas , nos papéis
que lhes reservam certos programas de televisão e filmes.(...)
Por tudo isso , a verdadeira libertação do negro é tarefa gigantesca que permanece inacabada.”
(COTRIM, 1996:P.215-216)

QUESTÕES ( Responder em uma folha separada)


1. De acordo com Boris Fausto , autor do texto 1, quais seriam as duas discussões mais importantes
levantadas por historiadores para entender a questão da escravidão no Brasil ?
2. Como Fausto explica a questão da “brecha camponesa”?
3. Segundo Cotrim , autor do texto 2 , qual seria o grande problema que acabou se perpetuando na
mentalidade brasileira devido a utilização em longo tempo da escravidão no Brasil ?
4. “ Os negros tornaram-se realmente livres depois de 1888? Não.” Por que Cotrim faz esta
afirmativa em seu texto? Que atitudes ( que não sejam as que foram citadas) podemos observar
atualmente , que demonstram o quanto a “libertação do negro permanece inacabada”?

Potrebbero piacerti anche