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B O L E T I M D E A N Á L I S E D O E S TA D O D A A RT E E M R E L A Ç Õ E S I N T E R N A C I O N A I S
SUMARIO
Já na área de integração, há o estudo da possibilidade de integração entre o MERCOSUL abalado, nos últimos
meses, pela intensificação da crise argentina e a União Européia, que proporcionaria, a ambos os blocos, excelentes
oportunidades de ampliação do desenvolvimento das suas políticas comerciais, ao superar marcos geográficos outrora
impostos como limites. A análise está contida em Direito internacional da cooperação a zona de livre comércio entre o
MERCOSUL e a União Européia.
Em termos de história da política internacional, o volumoso Diplomacia, que traça a evolução da formação do
moderno sistema de Estados, nascido na Europa do século XVII, até o final do século XX, em que houve o predomínio
dos Estados Unidos, que teve, entre seus ministros das Relações Exteriores, o próprio autor, o polêmico Henry Kissinger,
que discute também a intensidade da presença realista e idealista na formulação da política externa de seu país.
Alain Peyrefitte, uma das personagens mais presentes na vida política e intelectual francesa no século passado,
tenta compreender o êxito de alguns países, ao longo da história, por meio da etologia, ou seja, do estudo comparativo
de comportamento. Para ele, além dos fatores materiais, há o fator mental que seria o agente decisivo do desenvolvimento.
Capital e trabalho não seriam suficientes sem o etos da confiança competitiva, ou seja, a disposição para engajar-se em
projetos de modificação do meio em que se vive. Tal é o argumento desenvolvido em Os milagres na economia.
Relativo à política externa brasileira, o atual Ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, em Passado, presente e
futuro procura analisar a inserção do país considerado como uma potência média no cenário globalizado, em que há,
aparentemente, a diluição do interno e do externo, existindo, pois, a influência recíproca de um elemento sobre o
outro.
Finalmente, o presente número se conclui com resenha do livro patrocinado pela Fundação Alexandre de Gusmão,
sob organização do Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, Argentina: visões brasileiras, que é uma exposição brasileira
multifacetada, à proporção que conta com a colaboração tanto da Academia como da Diplomacia, apresentando
profunda visão da história e perspectivas platinas.
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O REL-UnB
Os estudos na área de relações internacionais e política exterior do Brasil fazem parte de uma das mais fortes
tradições da Universidade de Brasília – UnB. A vizinhança dos centros decisórios de poder nacional (Poder Executivo,
Congresso Nacional, Tribunais Superiores) e a presença do corpo diplomático acreditado junto ao governo brasileiro,
permitem uma projeção privilegiada para a reflexão especializada feita na UnB – tanto que o seu Departamento de
Relações Internacionais é o mais antigo e mais importante centro especializado do Brasil e um dos mais tradicionais
da América Latina. Fundado em 1974, o REL mantém um Bacharelado e um programa de pós-graduação em
Relações Internacionais (especialização e mestrado), que já formaram mais de mil profissionais, em sua maior
parte atuando junto às agências do Governo Federal, no Ministério das Relações Exteriores, em organizações
internacionais, empresas públicas e privadas e organizações não-governamentais brasileiras e estrangeiras.
Para conhecer as atividades e detalhes dos programas de capacitação e de pesquisa do Departamento de Relações
Internacionais da Universidade de Brasília, visite a sua homepage em http://www.unb.br/ipr/rel
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* Resenha do livro de CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto, RUIZ DE SANTIAGO, Jaime. La Nueva Dimensión de las Necesidades de Protección del ser Humano
en el Inicio del Siglo XXI. San José, Costa Rica, San José: Alto Comisionado de las Naciones Unidas para los Refugiados, 2001, 421 p.
** Bacharelando em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) e editor assistente de RelNet Site Brasileiro de Referência em Relações
Internacionais.
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O Boletim Via Mundi é uma publicação digital de periodicidade trimestral editada pelo Departamento de Relações
Internacionais da Universidade de Brasília (REL-UnB) e veiculada exclusivamente em RelNet – Site Brasileiro de
Referência em Relações Internacionais, iniciativa conjunta do REL-UnB e da Fundação Alexandre de Gusmão,
vinculada ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil (FUNAG-MRE), com o objetivo de congregar a comunidade
brasileira de relações internacionais em torno da oferta pública e gratuita de serviços de informação e de pesquisa
(disponível em http://www.relnet.com.br).
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*
* Resenha de FERREIRA, Marrielle Maia Alves. Tribunal Penal Internacional: aspectos institucionais, jurisdição e princípio da
complementaridade. Belo Horizonte: Del Rey, 2001, 262p
** Bacharelanda em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB).
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Os arquivos com resenhas simples para o Boletim Via Mundi devem conter em torno de 75 linhas e os com artigos
de resenhas devem conter até 180 linhas (ou 6 páginas) digitadas em Word 2000 (ou compatível), espaço 1,5, tipo
12. A identificação do livro deve conter o nome completo do autor, título e subtítulo, cidade da edição, editora, ano e
número de páginas. As contribuições devem conter a vinculação institucional e a titulação do resenhista. Os arquivos
devem ser enviados para editoria@relnet.com.br, indicando na linha Assunto “Contribuição para Via Mundi”.
7
*
Resenha de Gray, John. O Falso Amanhecer: Os Equívocos do Capitalismo Global. São Paulo: Record, 1999, 333p.
**
Doutorando do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre a América Latina e o Caribe CEPPAC da Universidade de Brasília (UnB).
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* Resenha de PECEQUILO, Cristina Soreanu. Os Estados Unidos: hegemonia e liderança na transição. Petrópolis: Vozes, 2001.
** Professor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), doutorando em história das relações internacionais pela mesma
instituição e editor adjunto de RelNet Site Brasileiro de Referência em Relações Internacionais.
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* Resenha de KINOSHITA, Fernando. Direito internacional da cooperação A zona de livre comércio entre o MERCOSUL e a União Européia. Rio de Janeiro: Papel &
Virtual, 2001, 342p.
* Doutorando em Relaçoes Internacionais da Universidade Complutense de Madrid. Professor visitante de Relações Internacionais no Centro Universitário
Iberoamericano (SP) e pesquisador visitante do Núcleo de Pesquisas em Relaçoes Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), em 2001.
12
Henry Kissinger é, com certeza, Napoleão III e Bismarck, que teriam teria sido apenas o responsável pelo
um dos mais influentes pensadores das sido incapazes de perceber as sutilezas fato do seu colapso ter-se dado da pior
relações internacionais desse século. do sistema de Metternich e, no lugar de maneira possível.
Além de sua atuação direta na formação seu sistema de relacionamento entre Depois, o autor se dedica, com
da política exterior americana, ele tem Estados baseado na fórmula consenso extrema meticulosidade, ao estudo das
produzido uma infinidade de textos mais poder, teria surgido um outro relações internacionais no período da
analisando e opinando sobre o papel da onde apenas o poder bruto e a Guerra Fria. Os pontos altos nessa parte
América no mundo atual. Seu último competição sem limites importavam. do livro são suas análises da política de
trabalho Diplomacia não foge desse Uma derivação desse novo método de contenção americana frente à União
padrão, mas é também um ver as relações internacionais teria sido Soviética e da Guerra do Vietnã, apesar
monumental trabalho de historiador, ao a formação de alianças fixas, as quais do evidente parcialismo de quem esteve
analisar a história das relações seriam a prova final da morte da idéia diretamente envolvido nessas questões.
internacionais dos últimos 350 anos em do equilíbrio de poder e de sua O texto é finalizado com uma análise
mais de mil páginas. flexibilidade. Dada essa situação, com sobre o papel da América na nova
O livro se inicia com a formação os contínuos erros cometidos pelos ordem internacional.
do moderno sistema de Estados no dirigentes ingleses, russos e, É muito difícil não ficar
século XVII e com Richelieu, visto especialmente, alemães, a I Guerra impressionado com a magnitude do
como aquele que ajudou a superar o Mundial foi uma conseqüência lógica. trabalho desenvolvido por Henry
antigo sistema de valores medievais e a Para Kissinger, assim, o abandono da Kissinger. Ele consegue navegar sem
criar a política internacional baseada na política do equilíbrio de poder em favor dificuldade por temas que vão desde a
razão de Estado. Também analisa o da competição total tornou-se a causa política européia do século XVII até as
equilíbrio de poder que fundamentou a central dos massacres da I Guerra. minúcias da competição anglo-alemã
política européia naquele século e nos Nos capítulos seguintes, estuda-se no XIX ou as realidades geopolíticas da
seguintes até chegar ao Congresso de o sistema que criado no Tratado de Ásia oriental contemporânea. Com seu
Viena em 1815. Para Kissinger, a Versalhes, em 1919, e explica-se, de estilo fluente e claro agora,
combinação de um consenso entre as forma bastante lúcida, o porquê de sua adequadamente traduzido na nova
elites européias priorizando a defesa incapacidade de manter a paz na edição , ler seu trabalho constitui-se
da estabilidade e das monarquias, em Europa. Para o autor, o sistema de em tarefa fundamental para qualquer
detrimento das revoluções e da Versalhes não poderia funcionar porque estudioso da história das relações
contestação social com a construção não se buscava a real conciliação com a internacionais.
de um cuidadoso equilíbrio de poder Alemanha, não existiam valores Ainda assim, algumas observações
entre as grandes potências, teria sido a comuns que realmente servissem de e críticas podem e devem ser feitas. A
chave da paz e da prosperidade européia base para um consenso entre as primeira delas se refere ao próprio
por quase um século, a partir do fim das potências, nem disposição para usar a enfoque dado pelo autor. Como o
guerras napoleônicas. força, se necessário, para manter o próprio título sugere, o que realmente
Posto isso, procura demonstrar equilíbrio de poder entre os Estados está em foco não é a história dos povos
como esse sistema começou a entrar em envolvidos. Nesse contexto, a sua envolvidos na disputa internacional,
colapso graças à ação de homens como manutenção era improvável e Hitler mas o ponto de vista dos estadistas e
*
Resenha de KISSINGER, Henry. Diplomacia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1999, 1067 p.
**
Professor-adjunto do Departamento de História da Universidade Estadual de Maringá PR.
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1
A força da tradição: A persistência do Antigo regime, 1848-1914. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
2
Ascensão e queda das grandes potências. Transformação econômica e conflito militar de 1500 a 2000. Rio de Janeiro: Campus, 1989.
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parece ter enveredado pelo caminho os interesses dos EUA e de difundir os e liberais que se refletiram em sua
oposto. Pura questão de ênfase próprios ideais que fariam da América política exterior, sendo Kissinger muito
compreensível dentro das perspectivas uma nação tão especial. As muitas hábil em recuperá-los, gerando
de cada autor, mas que deve ser páginas que ele dedica ao estudo das contradições e problemas que pareciam
recordada para que se possa absorver o políticas externas de Woodrow Wilson e incompreensíveis para observadores
melhor de cada um deles. Theodore Roosevelt com preferência acostumados à política de poder
Na verdade, o livro não objetiva por este, um autêntico cultor do européia. O próprio debate realismo
simplesmente a análise histórica, mas equilíbrio do poder , à evidente versus idealismo, típico da diplomacia e
tem um sentido de política presente satisfação com a política realista que ele da academia do país, é um sinal claro
bem definido. Todo o trabalho de e Nixon implementaram na Casa das especificidades americanas.
Kissinger baseia-se, de fato, no Branca e à admiração por Stalin pelo No entanto, na maior parte da sua
pressuposto de que a América é uma mesmo motivo mesmo sendo o autor história, os Estados Unidos nunca
nação idealista, cujos valores morais um ferrenho anticomunista foram tão idealistas na construção de
devem conduzir as relações demonstram isso. Sua defesa de Ronald sua política exterior como o autor
internacionais. Isso seria positivo, mas Reagan como a perfeita soma do procura demonstrar e sua ardorosa
potencialmente perigoso, pois levaria a realismo com o idealismo americano defesa da maior dose de realismo
América a perder de vista as realidades não convence tanto, mas se encaixa possível para essa política parece ser
do poder e as necessidades de ação nesse esforço. desnecessária. Talvez a própria defesa de
dentro do cenário internacional. A Para Kissinger, assim, o realismo uma política cem por cento realista,
missão de Kissinger, nesse contexto, seria a única maneira de manter o poder para superar os traços idealistas e a
seria recolocar o juízo na cabeça dos e os valores americanos num mundo incoerência da política externa
idealistas americanos e insistir que uma onde a América irá inevitavelmente americana, seja irrealista, ao ignorar as
política de equilíbrio de poder era e é a deixar de ser predominante como é tradições e as disputas políticas no
melhor maneira de garantir a paz hoje, no que se aproxima de outros interior da sociedade e do establishment
mundial, de garantir a sobrevivência e realistas como Brzezinski. governamental americano.
Tais reflexões de Kissinger Posto isso, resta, apesar das
precisam ser vistas com reservas. Em intensas objeções de Kissinger e de
...os Estados Unidos primeiro lugar, parece difícil acreditar outros realistas, uma avaliação moral
que os valores americanos estejam tão sobre essa política externa, que baseada
tiveram forte influência
entranhados na política exterior completamente em ideais e sem
dos ideais democráticos e americana como o autor quer. Às vezes, cuidadosas avaliações geopolíticas de
liberais que se refletiram a defesa desses valores não passava (e interesses e dos equilíbrios de poder
passa) de cobertura para interesses seria irreal e, talvez, perigosa. Não resta
em sua política exterior,
políticos e econômicos dos mais dúvida também de que a política
sendo Kissinger muito clássicos e Kissinger tem enorme realista de Kissinger e Nixon foi bem
hábil em recuperá-los, resistência em identificar isto. sucedida, ao ajudar a isolar a URSS e a
Dizer isto não significa negar as solapar o bloco comunista. No entanto,
gerando contradições e
particularidades da política exterior e da as vítimas do golpe de Pinochet em
problemas que pareciam história dos Estados Unidos, as quais 1973 ou dos bombardeios no Vietnã e
incompreensíveis para levaram, por exemplo, a uma resistência no Camboja poderiam questionar-se se
ao colonialismo direto no século XIX e o realismo precisaria chegar aos limites
observadores
à política de poder vivenciada na da barbárie. Uma questão que
acostumados à política de Europa. Em muitos momentos de sua Metternich talvez não hesitasse em
poder européia. história, os Estados Unidos tiveram responder, mas da qual Kissinger parece
forte influência dos ideais democráticos querer manter distância.
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Os milagres na economia*
Virgílio Caixeta Arraes**
Após o fim da Guerra Fria, em Itálica, aprofundavam o comércio como potência nuclear, e a de Educação,
1991, com a extinção formal da União ultramarino ao longo do Mediterrâneo, tendo renunciado desta em maio de 68,
Soviética, celebrou-se, no lado concomitante ao desenvolvimento das na esteira das manifestações estudantis
ocidental, a vitória dos valores norte- atividades bancárias por toda a Europa, que sobressaltaram a França.
americanos, que se confundiriam com o que levaria inúmeras famílias italianas Colaborador de inúmeras revistas
os valores democráticos liberais. Desde a posições de destaque na história e jornais La revue des deux mondes, Le
o apogeu da Espanha habsburguiana, há européia do período. figaro-magazine, Lexpress, Le monde e Le
várias gerações, país algum alcançou Enquanto aqueles intelectuais figaro no qual, a partir de 1983, seria
tanto poder como os Estados Unidos no acima citados produziram sua visão de presidente do seu conselho editorial e,
momento. No entanto, esse auge norte- mundo por uma lente econômica como ponto máximo, membro da
americano é relativamente recente e basicamente, outro intelectual de porte, Academia Francesa, a partir de 1977,
tornou-se, finalmente, indiscutível após de origem francesa, procurou registar que o premiara por um romance em 49
três conflitos durante o século XX um outro caminho, de forma que e da Academia de Ciências Morais e
incluindo até mesmo a Guerra Fria, um determinadas conformações espirituais Políticas, em 1987.
dos mais longos episódios de tensão da ou mentais também permitissem O autor visitaria o Brasil em duas
história mundial. delinear o desenrolar da supremacia oportunidades: a primeira, em 1978, na
Assim, perante o exercício capitalista com precisão. qualidade de Ministro da Justiça,
atual do poderio múltiplo norte- Alain Peyrefitte (1925-99) foi acompanhando o Presidente Giscard
americano, surge a inquietação de uma das personalidades mais marcantes dEstaing e, em 1987, a convite do
inteirar-se sobre o modelo desenvolvido da história francesa do pós-II Guerra. jornal O Estado de São Paulo. Ligado
pelo país que lhe permitiu alçar a Diplomata de carreira, tendo servido na politicamente ao General Charles de
superioridade mundial. Além do mais, Alemanha e Polônia, atingiria o posto Gaulle, talvez a personagem histórica
há a curiosidade intelectual de se de Ministro Plenipotenciário. Bacharel mais marcante da vida política francesa
conhecer de que forma houve a em antropologia pela École Normale do século XX, Peyrefitte terminaria
transição do poder de um país para o Supérieure e em administração pela sendo, por meio de suas memórias, seu
outro, dado que a supremacia norte- prestigiosa École Nacionale grande cronista, à semelhança de
americana remonta há um século dAdministration (ENA), dedicar-se-ia, Philipe de Commines com Luís XI e do
apenas. além da vida intelectual, à política. Conde de las Cases com Napoleão I.
No estudo desses ciclos No início da V República, na Autor de inúmeros livros,
históricos, vários acadêmicos, dentre os casa dos trinta anos, entraria para a dentre os quais foram publicados em
quais Braudel, Arrighi e Wallerstein, vida parlamentar, que duraria mais de português O Império imóvel, 1998, sobre
lançaram hipóteses e reflexões notáveis, 40 anos (1958-99), sendo Deputado e a China, sua especialidade, A sociedade
ao procurar traçar linhas de Senador, além de Prefeito de Marins por de confiança, 2000, e o presente
continuidade e ruptura da lenta e mais de trinta anos (1965-97). Ocuparia resenhado, cujo objetivo é demonstrar,
inexorável formação do sistema várias pastas ministeriais durante mais por meio da etologia, ou seja, pelo
capitalista e, destarte, chegar ao remoto de uma década, dentre as quais a da estudo comparado do comportamento,
século XIV, onde diversas cidades- Justiça, a de Ciência e Tecnologia, tendo no caso, dos Estados, como uns
Estados, localizadas na península contribuído para o país consolidar-se lideraram o desenvolvimento material
* Resenha de PEYREFITTE, Alain. Os milagres na economia. São Paulo: EDUSC, 2000, 234 p.
**Professor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), doutorando em História das Relações Internacionais do
Departamento de História da mesma instituição e editor adjunto de RelNet Site Brasileiro de Referência em Relações Internacionais
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engajamento pessoal em hostis à inovação intelectual, sempre lucro. Competição e inovação estariam
baseados excessivamente na tradição, sempre unidas. A inovação estimularia
um projeto próprio para não formariam uma rede de o mercado, que estimularia, por sua
transformar o meio... (in)formação, permanecendo vez, a inovação, sem condições para se
obscurantistas, sem iniciativa e com pensar em monopólio. A concorrência
taxas de crescimento demográfico seria vista como a regra do jogo e não
e cultural, ao longo dos últimos superiores às de desenvolvimento, com sentida como uma ameaça. Baseado na
séculos. as mulheres tendo pouca participação abertura do desenvolvimento, a China
Peyrefitte não aceita que fatores na economia. Portanto, não bastaria poderia aparecer como um futuro ator
materiais como as condições apenas o capital e o trabalho, mas um de destaque no cenário internacional.
geográficas, por exemplo, sejam conjunto de disposições mentais, que Dentro da mobilidade mental, os
considerados determinantes do seria, para Peyrefitte, o húmus sobre o japoneses seriam um bom exemplo,
(sub)desenvolvimento de alguns países. qual as plantas (países) cresceriam. porque imitaram bastante, mas
Para ele, sendo apenas 1/6 ou 1/7 do O termo milagre econômico foi seletivamente. Não imitaram jamais
mundo desenvolvido, há a necessidade, empregado, pela primeira vez, na uma instituição, por mais atraente que
então, de considerar que a presença do Alemanha do pós II Guerra para lhes fosse, em vistas de seu
subdesenvolvimento é natural. A designar a ressurreição do país. Aplicar- desempenho. Não escolheram um país
própria França só se libertaria desse se-ia também à Itália e ao Japão. Na paradigmático, mas compuseram o
estágio, na visão do autor, em meados religião, milagre liga-se à fé; na retrato de sua sociedade contemporânea
do século XIX. economia, confiança. Para o autor, as a partir de traços de inúmeras
Desta forma, o desenvolvimento é sociedades avançadas partilhariam sociedades.
um milagre, por ser raro e inimitável, desse milagre. À guisa de conclusão, Peyrefitte
dado que as tentativas de aplicar Peyrefitte coloca que o etos que ele afirmaria que o Sul traria ainda consigo
indistintamente receitas de países chama de confiança competitiva, ou fatores imateriais que não acarretariam
ricos aos pobres resultam em fracasso, seja, a disposição humana de escapar ao desenvolvimento como clientelismo,
porque resistências mentais tornam controle genético próprio da espécie arrogância e desprezo pelas profissões
ineficaz a transferência de técnicas de para substituí-lo pela motivação da comerciais e industriais, ao passo que,
produção e gestão. Um país não se autodeterminada de um engajamento no Norte, haveria a difusão do espírito
altera simplesmente por decreto ou por pessoal em um projeto próprio para de competição, da mobilidade mental
pura cópia. Para os países do Sul, o transformar o meio, estabeleceu novas organizacional e da valorização do
desenvolvimento se lhes assemelha relações entre o poder público e o comércio e da indústria, justificando o
como uma miragem, que se afastaria indivíduo, que implicaram mudança de distanciamento cada vez mais perene
cada vez mais, porque é crescente a atitude com relação a monopólios, entre os dois modelos.
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Um dos grandes estadistas da dentre os incumbidos de explicar o Para o mesmo fim, Lafer, com as
RepúblicaVelha, primeiro embaixador País, o encarregado de identificar as credenciais de homem de Estado e das
do Brasil nos Estados Unidos, Joaquim raízes históricas e conceituais da letras, oferece a convergência de dois
Nabuco, concluíra que (...) o Brasil identidade internacional do Brasil, sua ângulos distintos para construir sua
sempre teve a consciência do seu formulação de política exterior e leitura da identidade internacional do
tamanho e tem sido governado por um atuação internacional, sua interseção Brasil: a do observador estudioso e a do
sentimento profético quanto ao seu com os dados da identidade nacional e, estadista, a do intelectual e a do
futuro(p.7). Espécie de epígrafe do por fim, apresentar os desafios que político, a do leitor e a do atuante. Não
destino manifesto a que o povo permeiam sua inserção internacional obstante, o autor não se furta de, em
brasileiro outorga-se em sua percepção neste debut de siécle. Pois que a obra primeira mão, iluminar o conceito de
ontológica, os dizeres de Nabuco homônima agora editada é não mais do identidade nacional como oriundo do
permanecem fidedignos à realidade com que uma extensão traduzida do esforço sentimento de identificação coletiva
quase um século de duração. Tanto o do intelectual Celso Lafer, por meio da da convergência de um bem ou
imaginário popular quanto os centros qual desfrutou de maior liberdade para interesse comum. Em interessante
pensantes do país parecem conformar- delinear conceitos e aprofundar os passagem em que faz bom uso da
se em conceber o Brasil como o quase- argumentos de sua investigação. dialética entre vida nacional e
eterno País do Futuro. Passado, presente e futuro internacional, o autor pontua que (...)
Com esta tão acalentadora quanto sintetiza as três dimensões (as) identidades nacionais
frustante citação profética, o professor epistemológicas percorridas pelo autor. paradoxalmente se formaram e se
Celso Lafer, atualmente Chanceler, abre Operando uma construção histórica da formam em função da vida
sua presente obra, a qual se originou de formação, consolidação e promoção do internacional, no contato e na
um notável artigo encomendado a ele Estado brasileiro pelo viés exterior, o interação com o Outro(p.16).
pela revista Daedalus a publicação de autor identifica como o país se enxerga Ainda em respeito a tal dialética,
ciências e artes da Academia dos e é enxergado pelo cenário Lafer entende que, gradualmente, há
Estados Unidos que dedicaria ao internacional. Admitindo o status de uma diluição das fronteiras entre o que
Brasil todo seu número da primavera de potência média e periférica no concerto é o interno e o exterior nos cenários
2000, com o sugestivo caput: Brazil: das nações, porém relevante e de nacionais, à luz da globalização e da
burden of the past, promise of the dimensões consideráveis, o autor busca consumação dos processos de
future. Digno de nota é o o paralelo compreender o locus standi do Brasil interdependência, que inserem
entre o título da edição e a atualidade nesse cenário indefinido, que ora se vertentes internacionais em
do pensamento supracitado de Nabuco. conforma. Em seguida, elenca os praticamente todas as questões da vida
Cumpre lembrar também que outros desafios estimulados por este viver interna das nações. Neste sentido, ao
nomes de relevo acadêmico, como José internacional, prescrevendo como valer-se do proposto paradoxo da
Murilo de Carvalho e Leslie Bethell, superá-los de modo que atinja seus formação da identidade internacional
completaram a edição. Fora Lafer, desígnios em um futuro próximo. de um país a partir de sua vivência
*
Resenha de LAFER, Celso A identidade internacional do Brasil e a política externa brasileira: passado, presente e futuro. São Paulo: Perspectivas, 2001, 126 p.
**
Bacharelando em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) e editor-assistente do RelNet Site Brasileiro de Referência em Relações
Internacionais.
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internacional, o autor enseja situar o se destacar o status de monster country prega um receituário de medidas e
Brasil no cenário internacional, por pacífico, extraído da definição de posturas que deveriam ser adotadas
meio de elementos que, ao mesmo George Kennan sobre a sua dimensão pela diplomacia e por outros setores
tempo, caracterizam-se como continental, com a consolidação governamentais brasileiros no presente
eminentemente brasileiros e outros que histórica do território nacional pelos momento. Dentre elas, está o de
são ofertados pelo sistema internacional. navegantes, bandeirantes e provocar a percepção de que o
Quanto ao objeto principal da diplomatas de um espaço conquistado desenvolvimento interno nacional deve
obra, a identidade internacional do em uma América do Sul quase toda dar-se finalmente pelo engajamento
Brasil, sua análise gira basicamente em hispânica. Quanto ao governo, cabe exterior e não pela relativa autonomia
torno de três elementos concomitantes: mencionar o caráter excepcional de interna. No centro dessa normativa,
o eixo mudança/continuidade da uma monarquia lusitana entre está a conciliação prática entre o
política exterior do Brasil, a conformação repúblicas hispânicas quando do nacionalismo e o internacionalismo
histórica do duo território- governo e os Império; as relações tensas com a como posturas de defesa do interesse
estímulos globalizantes que o cenário Argentina; as de interpretação nacional em um contexto internacional
internacional impõe ao país. freqüentemente equívoca vis-à-vis os liberalizante.
Com relação ao eixo mudança/ Estados Unidos; o (latino) Por fim, a obra em questão vem
continuidade da política exterior do americanismo brasileiro e o desígnio em boa hora para intensificar o debate
Brasil e da diplomacia brasileira, cumpre nacional de participar do concerto das sobre o lugar que o Brasil pretende
ressaltar que, a despeito de visões de nações pela via grociana e pelo pleitear no concerto das nações e seus
mundo completamente díspares dos multilateralismo. desdobramentos, à medida que o
homens de Estado que estiveram a Com efeito, o sonoro eixo de sistema internacional mostra-se tão
frente do Brasil, certas linhas de ação e assimetria Norte-Sul das relações complexo quanto imprevisível. Mais do
de postura mantiveram-se internacionais imprime fortemente sua que isso, a obra oferece uma visão
prontamente coerentes e constantes ao marca na atuação internacional do brasileira acerca do Brasil de um ponto
largo do tempo, constituindo o que o Brasil e na recíproca percepção deste de vista exógeno e não endógeno, como
autor chamou a partir de Renouvin e quanto ao mundo, uma vez dados os costumeiramente o faz a
Duroselle de forças profundas do componentes político-econômicos do intelectualidade tupiniquim. Com um
engajamento internacional do Brasil. país que o inserem em uma peculiar texto absolutamente digerível e
Lafer coloca que a leitura histórica da categoria entre os desenvolvidos e os prodigioso, o autor resume, em linhas
postura brasileira perante o cenário subdesenvolvidos, entre os global precisas, o processo histórico em que
internacional deve ser grociana, ou seja, players e os marginalizados. No caso, embarcou o país nas marés
a do jurisdicismo nas relações vale ressaltar o movimento brasileiro internacionais e por que rotas seguras
internacionais, do pacificismo em em prol do Terceiro Mundo, da ele deve prosseguir. Parafraseando o
detrimento da guerra, das relações equidade entre as nações e da defesa de diplomata e intelectual José Guilherme
exteriores idôneas, do comércio e do regimes de desenvolvimento mais Merquior, Lafer propõe aos que se
viver harmoniosamente na comunidade distributivos. perguntam, em que espécie de tipologia
internacional. Mais do que isso, À luz de uma nova ordem sócio-política o Brasil se encaixa, com
sobretudo, um objetivo único internacional que se molda a partir da que espécie de cultura política o país
constituiria o traço comum do país no queda do Muro de Berlim, em 1989, encontra afinidade ou o quão exótico
cenário internacional: o Lafer faz jus a sua condição são seus traços determinantes, que o
desenvolvimento ou a busca de ambivalente de estadista e estudioso, Brasil é um (...) Outro Ocidente, mais
insumos externos para a promoção do uma vez que, ao delinear seu pobre, mais enigmático, mais
desenvolvimento interno. entendimento das relações problemático, mas não menos
Com relação ao território e ao internacionais e dos desafios que o Ocidente (p.40).
espaço nacional que o país ocupa, há de sistema internacional impõe ao país,
20
Apesar dos alvoroços de Buenos Aires tentou mostrar sua também constou como alta prioridade
multilateralidade das reuniões independência a Washington, por meio da pauta argentina.
comerciais e políticas dos diversos de uma integração seletiva com as Geopoliticamente, pensava-se em
fóruns internacionais, o papel dos potências envolvidas no conflito estabelecer uma zona pacífica no Cone
parceiros principais como entidades ideológico Leste-Oeste. Sul, dado o entendimento com o Reino
singulares ainda mostra-se Curiosamente, o debate interno Unido e com os vizinhos, além de uma
fundamental para o entendimento dos argentino oscilava entre os aproximação autoproclamada carnal
processos de arregimentação dos conservadores e as camadas populares e com os EUA, baseada em sua tentativa
sistemas internacionais sua política externa acompanharia isto, de integrar a OTAN, mesmo como
contemporâneos e do desenrolar da ao encontrar em Menem e, em seu membro especial. Por fim, retomar às
política internacional derivativa do pós- gabinete, a antielite sidicaroniana. Esta políticas de prestígio internacional,
Guerra Fria. forma de proceder inauguraria a política onde se pode exemplificar a
Para o Brasil, destacam-se alguns externa argentina na década de 1990 participação assídua de argentinos em
Estados que mantém relações políticas e com Domingos Cavallo à frente da peacekeepers da ONU.
econômicas de front, extremamente Chancelaria demonstrando seu Ao fim do governo Menem, chegou-se a
necessários para a consolidação de uma projeto liberal e antiestatista (o pontos que ajudaram na elaboração do
política comercial superavitária e para a estatismo argentino era forte marco das paradigma argentino de política exterior
estruturação e solidificação de bases políticas populistas anteriores e da da década de 1990: aceitou-se a
políticas necessárias à alguma posição decadência acentuada diretamente decadência nacional geradora da
almejada por nosso país. ligada, segundo o novo governo, ao autocompaixão tão citada por Cervo;
A Argentina é um parceiro período da Terceira Posição original). assumiu-se o realismo periférico e a
importante para a consolidação destas Pragmaticamente, o governo de Menem Argentina abriu mão de alguns pontos
bases, já que integrando o MERCOSUL decidiu deixar de lado o confronto de política interna/externa como o
participa econômica e politicamente ideológico tido como desnecessário e, controle cambial; reconheceu-se que o
dos planos brasileiros. Sua importância ainda mais, prejudicial ao alinhamento ao hegemon traria
para o Estado brasileiro confronta-se, desenvolvimento nacional e à sua benefícios per se ; e relacionou-se a
usualmente, com sentimentos almejada posição ao lado dos países globalização a um fenômeno benigno
nacionalistas que envolveram os dois desenvolvidos. que relegaria a responsabilidade com o
países muitas vezes, atrasando Estes eram o objetivo e o desafio desenvolvimento nacional com fatores
projetos de cooperação e integração de Cavallo e Menem: levar a Argentina exógenos.
desde os primórdios das suas relações ao seleto clube dos países O artigo de Pedro Motta Coelho,
bilaterais. desenvolvidos. Para tanto, abriram mão diplomata, corrobora as palavras de
O artigo do professor Amado de políticas independentistas, Cervo, mas analisa a posição argentina
Cervo traça a história da política reinseriram a economia argentina na frente à ordem internacional iniciada
exterior argentina inflexões, diretrizes, economia (pretensamente) globalizada, em Yalta. Discorre sobre a tentativa de
compatibilidades e desgastes com seus abrindo caminhos de negociação manter-se na neutralidade durante o
parceiros, notadamente o Brasil. Sua especiais para a Comunidade Européia primeiro mandato de Peron e mostra
análise parte da Terceira Posição do e, principalmente, para com os EUA. que este desenvolveu suas políticas em
primeiro período peronista imediato Por outro lado, a integração econômica consonância com os países europeus,
pós- II Guerra , onde o governo de regional e a cooperação com os visinhos que na social-democracia e na
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Resenha de GUIMARÃES, Samuel Pinheiro, org. Argentina: Visões Brasileiras. Brasília: IPRI/CAPES, 2000, 298p.
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Bacharelando em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) e editor-assistente do RelNet Site Brasileiro de Referência em Relações
Internacionais.
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reconstrução estabeleciam as diretrizes notoriamente alinhado com a política mesmo corpo bem introduzido pelo
básicas de governo. O governo americana, chegando até a enviar duas professor Cervo e discorrem sobre os
argentino desta época procurava o belonaves ao bloqueio de Cuba, no mesmos conceitos, sobre óticas
desenvolvimento industrial com ênfase episódio da Crise dos Mísseis. diferentes e complementares. As
no crescimento do mercado interno e Chegando-se ao governo Alfonsín políticas externa e internacional
estabelecia políticas que após a derrota dos militares na Guerra apoiadas na estratégia e nas relações
salvaguardariam uma certa das Malvinas , a Argentina procurou bilaterais , e a econômica baseada em
independência econômica do exterior, alterar sua situação no plano um multilateralismo comedido, porém
com estatização de empresas a custo do internacional. Conseguiu manifestações presente, principalmente nos últimos
ouro dos espólios de guerra. de apoio na América Latina e reiniciou anos possibilitam a formação de uma
O golpe militar de 1955 estabeleceu sua inserção nesta ordem globalizada, visão realista e esclarecedora sobre a
mudanças na política externa consolidada, em um cenário cheio de Argentina e seu papel nas relações com
argentina, ao aproximar o país aos riscos, mas bem controlado por Menem. o Brasil e com os atores mais
EUA, aceitar um multilateralismo antes Sendo, portando, inserida na importantes na visão brasileira.
preterido e a ordem econômica de ordem globalizada, surge a possibilidade Forma-se, então, um arcabouço
Bretton Woods. Por outro lado, de analisar a política externa em seu político-institucional de análise da
estabeleceu continuidade na política seguimento econômico, por Markwald política externa argentina e de sua
estruturalista de Raúl Prebisch, ao e R. Iglesias. Em seu artigo os autores influência para o Brasil tanto
comercializar com países do bloco encaminham aprioristicamente a econômica como política, por causa da
vermelho. A aproximação de Buenos explanação histórica do alinhamento intrínseca ligação entre ambos. Resta
Aires com Moscou deu-se até que o argentino à política dos EUA; parte-se aguardar as medidas do novo Presidente
governo estadunidense acusasse a URSS então para a conceitualização das Eduardo Duhalde, ex-Vice-Presidente na
de tentativa de penetração na América políticas cambial e tarifária a criação gestão de Menem, para vencer a atual
Latina. do MERCOSUL e o atrelamento do crise herdeira das políticas econômicas
Um novo golpe militar, agora em peso ao dólar e, por fim, debatem as adotadas na última década do século
1962, tentou impedir a postura iniciativas de inserção da economia XX , que já derrotou o Presidente
populista do governo justicialista, ao argentina à mundial. anterior, Rodriguez Saá que renunciara
promover um governo ilegítimo e Todas as análises partem de um após nova onda de protestos populares.
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