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BUSCAA PEL
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BUSCA
BUSCA PEL
PELA
AA
PELA
EQÜIDADE
EQÜID ADE SOCIAL
EQÜIDADE SOCIAL
UM BAL ANÇO D
BALANÇO DAA
RMSP EM 2000
NEGROS E MULHERES
E MENORES GANHOS
O EMPREGO FEMININO
COM C AR
CAR TEIRA
ARTEIRA
1
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Secretaria de Economia e Planejamento
SEADE
Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados
Entidades participantes
Departamento
Intersindical de
Estatísticas e Secretaria do Emprego e
Estudos Relações do Trabalho do
Sócio-Econômicos Estado de São Paulo – Sert
Apoio
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SUMÁRIO
1
Governador do Estado
Mário Covas
Vice-Governador
Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho
2
APRESENTAÇÃO
Três Estudos
3
sociais. No caso, os dados chamam a atenção para o claro processo discriminatório
que sofrem mulheres e negros no mercado de trabalho. De fato, em 2000, o rendi-
mento anual médio dos ocupados da região metropolitana manteve-se em declínio
pelo terceiro ano consecutivo. As perdas salariais, porém, não ocorreram de forma
igualitária. Entre as mulheres, cujo rendimento corresponde a apenas 62,0% dos
homens, a queda foi de 8,8%, enquanto para o segmento masculino a redução foi
de 5,6%.
Quando ao recorte de gênero se acrescenta o de raça, os resultados são no
mínimo desanimadores. Os negros, independentemente do sexo, recebem, em mé-
dia, 50% menos que os não-negros. O dado mais inquietante, entretanto, é que esta
situação tende a se agravar, uma vez que, quando há ganhos de rendimento, estes
são menores entre os negros e, quando há perdas, estas são maiores. Está portanto
colocado um forte fator gerador das crescentes desigualdades sociais detectadas na
Região Metropolitana de São Paulo. Assim, para enfrentar a perversa distribuição
de renda, é preciso aprender a lidar também com a discriminação que sofrem as
mulheres e os negros de ambos os sexos na sociedade, em geral, e no mercado de
trabalho, em especial.
Finalmente, o estudo do emprego celetista em 2000 é importante porque dis-
crimina os setores e as regiões do Estado onde ocorreram os ganhos do emprego
formal, o que se constitui numa grata e importante novidade deste ano. Vale acres-
centar que o crescimento das contratações femininas nas diversas regiões adminis-
trativas foi muito diferenciado, em resposta provavelmente à ampliação de ocupa-
ções mais ou menos identificadas como “típicas” femininas. Assim, na região de
Franca, provavelmente a recuperação da indústria calçadista foi a responsável pelo
bom desempenho das contratações femininas. É possível que, no caso de Barretos,
o aumento de postos de trabalho decorrente do crescimento nos serviços deva-se à
Festa do Peão de Boiadeiro. De qualquer forma, fica o recado de que, se quisermos
ampliar a participação da mulher, é fundamental romper os guetos “típicos” de
trabalho feminino.
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O Mercado de Trabalho Feminino
na Região Metropolitana de São Paulo em 2000
5
MERCADO DE TRABALHO
6
MERCADO DE TRABALHO
superior incompleto foi registrado aumen- Variação das Taxas de Participação, por Sexo,
to deste indicador (0,8%), verificando-se segundo Posição no Domicílio
Região Metropolitana de São Paulo
declínio para os demais segmentos.
2000/1999
Com isto ampliou-se a proporção de
pessoas com escolaridade igual ou supe-
rior ao ensino médio na População em
Idade Ativa (PIA) da Região Metropoli-
tana de São Paulo: entre as mulheres, de
28,1% para 29,5%, e, entre os homens,
de 27,7% para 28,5%. A proporção de
homens e mulheres que não haviam con-
cluído o ensino fundamental manteve sua
trajetória de declínio, embora ainda re-
presentasse 51,3% das mulheres e 51,1% Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desem-
dos homens. prego – PED.
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OCUPAÇÃO
Entre 1999 e 2000, houve cresci- contingente neste setor. Houve aumen-
mento da ocupação para ambos os se- to de mulheres nos ramos de Alimenta-
xos. Entre as mulheres, tal como no ano ção (8,7%), Gráfica e Papel (7,7%) e
anterior, houve ampliação de 3,3% de Têxtil e Vestuário (7,3%).
seu nível de ocupação. No entanto, este Destaque-se que, embora no setor
desempenho positivo foi superado pelo industrial tenha ocorrido aumento de as-
observado entre os homens, cujo nível salariados com carteira de trabalho as-
de ocupação cresceu 4,4%, depois de sinada para ambos os sexos, este movi-
dois anos consecutivos de decréscimo. mento foi um pouco mais intenso para
Em 2000, o nível ocupacional das as mulheres (6,9%) do que para os ho-
mulheres na Indústria aumentou 5,7%, mens (4,1%). No entanto, decresceu o
pouco mais do que o observado para os contingente de trabalhadoras autônomas
homens (5,4%). No entanto, devido à sua (3,1%) e aumentou o de trabalhadores
predominância, foram os homens que autônomos (10,2%) neste setor.
ampliaram mais significativamente seu A ocupação no Comércio foi mais
favorável para os homens, entre os quais
Índices do Nível de Ocupação, por Sexo registrou-se elevação de 1,6%, enquan-
Região Metropolitana de São Paulo to para as mulheres houve pequena va-
1989-2000 riação positiva de 0,4%, interrompendo
comportamento negativo observado nos
três anos anteriores. Além disso, o con-
tingente feminino no Comércio mostrou
crescimento mais intenso para as traba-
lhadoras autônomas (4,7%) e para as
assalariadas sem carteira de trabalho
assinada (3,2%). Entre os homens, o
aumento da ocupação nesse setor decor-
reu exclusivamente da contratação de
Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desem-
assalariados sem carteira de trabalho
prego – PED. assinada no setor privado.
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OCUPAÇÃO
OCUPAÇÃO
Nos Serviços, o resultado foi bas- todas as formas de inserção nos Servi-
tante semelhante para mulheres e ho- ços, destacando-se aquelas mais frágeis:
mens: crescimento de 4,4% e 4,5%, res- assalariamento sem carteira assinada no
pectivamente, com ampliação dos con- setor privado (15,1%) e trabalho autô-
tingentes de praticamente todos os ra- nomo (12,3%). Entre os homens, a am-
mos desse setor. Entre as mulheres, os pliação do assalariamento sem carteira
maiores aumentos ocorreram nos servi- assinada e do trabalho autônomo foi
ços de Transportes (6,7%) e de Alimen- menor (13,6% e 4,4%, respectivamen-
tação (6,6%) e, para os homens, nos ser- te), mas verificou-se expansão maior dos
viços de Educação (18,3%) e Transpor- assalariados com carteira assinada no
tes (11,9%). setor privado e de empregados no setor
Segundo posição na ocupação, re- público.
gistrou-se, para as mulheres, aumento em Nos Serviços Domésticos, seguin-
do a tendência observada na década de
Índices do Nível de Ocupação, por Sexo, 90, o nível ocupacional das mulheres
segundo Setor de Atividade
cresceu 0,8%, entre 1999 e 2000, devi-
Região Metropolitana de São Paulo
1989-2000
do ao desempenho das domésticas
mensalistas (2,9%), que são maioria no
Mulheres setor, uma vez que entre as diaristas
houve decréscimo de 6,5%. Já os ho-
mens registraram diminuição de 6,0%
nos Serviços Domésticos, no mesmo
período.
No crescimento da ocupação femi-
nina predominou o aumento das ocupa-
ções menos protegidas. O assalariamen-
to total entre as mulheres cresceu 3,9%,
determinado pela ampliação da entrada
Homens
de mulheres sem carteira de trabalho
assinada no setor privado (14,2%) e,
com menor intensidade, daquelas com
carteira assinada (1,7%). O emprego no
setor público apresentou pequena vari-
ação positiva de 0,7%. As trabalhado-
ras autônomas registraram aumento de
7,5% em seu nível ocupacional, devido
à forte elevação entre aquelas que tra-
Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desem-
prego – PED.
balham para o público em geral. Já o
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OCUPAÇÃO
OCUPAÇÃO
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DESEMPREGO
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DESEMPREGO
Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desem- Fonte: SEP. Convênio Seade – Dieese. Pesquisa de Emprego e Desem-
prego – PED. prego – PED.
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DESEMPREGO
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RENDIMENTO
Mulheres e Negros:
como se comportaram seus rendimentos
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RENDIMENTO
RENDIMENTO
Rendimento Médio Real Anual (1), Horas Semanais Trabalhadas (2) e Rendimento Médio Real
Anual por Hora dos Ocupados no Trabalho Principal, por Sexo, segundo Raça
Região Metropolitana de São Paulo
1996-2000
Variações
Homens Mulheres
Raça 2000/1999 (%)
1996 1999 2000 1996 1999 2000 Homens Mulheres
Rendimento Médio
Real Anual (1) 1.233 1.113 1.051 722 715 652 -5,6 -8,8
Negros 741 709 639 439 454 412 -9,9 -9,3
Não-Negros 1.466 1.289 1.236 867 840 765 -4,1 -8,9
Horas Semanais
Trabalhadas (2) 46 46 47 39 39 39 2,2 0,0
Negros 47 46 47 39 40 40 2,2 0,0
Não-Negros 46 46 47 39 39 39 2,2 0,0
Rendimento Médio Real Anual (2)
por Hora 6,26 5,65 5,22 4,33 4,28 3,91 -7,6 -8,8
Negros 3,68 3,60 3,18 2,63 2,65 2,41 -11,8 -9,3
Não-Negros 7,45 6,55 6,14 5,19 5,03 4,58 -6,2 -8,9
Fonte: SEP. Convênio Seade-Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego - PED.
(1) Inflator utilizado - ICV do Dieese. Valores em reais de novembro de 2000.
Exclusive os assalariados e empregados domésticos assalariados que não tiveram remuneração no mês, os trabalhadores familares sem remuneração
salarial e os trabalhadores que ganharam exclusivamente em espécie ou benefício.
(2) Exclusive os que não trabalharam na semana.
Nota: Pesquisa realizada entre dezembro de 1995 e novembro de 2000.
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RENDIMENTO
RENDIMENTO
Rendimento Médio Anual por Hora dos Homens Rendimento Médio Anual por Hora das Mulheres
Região Metropolitana de São Paulo Região Metropolitana de São Paulo
1996-2000 1996-2000
Fonte: SEP. Convênio Seade-Dieese.Pesquisa de Emprego e Desem- Fonte: SEP. Convênio Seade-Dieese.Pesquisa de Emprego e Desem-
prego – PED. prego – PED.
Nota: Pesquisa realizada entre dezembro de 1995 e novembro de 2000. Nota: Pesquisa realizada entre dezembro de 1995 e novembro de 2000.
- o rendimento anual médio por hora mulheres negros (19,2% e 11,1%, res-
dos assalariados sem carteira de tra- pectivamente), do que para homens e
balho assinada apresentou pequena mulheres não-negros (9,1% e 6,0%,
redução (3,4%) no período analisado. respectivamente);
No entanto, a desagregação desse seg- - decréscimos generalizados também
mento de ocupados mostra expressi- foram verificados para os assalariados
vos decréscimos para as mulheres não- com carteira de trabalho assinada, sen-
negras (7,6%), as mulheres negras do de 7,4% para mulheres negras,
(19,5%) e os homens negros (14,1%). 8,5% para mulheres não-negras, 7,3%
Apenas para os homens não-negros para homens não-negros e 11,9% para
houve aumento do rendimento médio homens negros.
por hora (de R$ 3,99 para R$ 4,15); Destaque-se que, em 2000, os ho-
- entre os autônomos ocorreu situação mens não-negros (segmento menos pe-
similar, verificando-se reduções de nalizado no que diz respeito ao decrés-
10,5% para mulheres não-negras, de cimo de seus rendimentos médios por
14,5% para mulheres negras e de hora) representavam 40,4% dos ocupa-
5,8% para homens negros. Para os dos da RMSP, enquanto mulheres não-
homens não-negros, ao contrário, negras e negras correspondiam a, res-
houve pequeno aumento do rendimen- pectivamente, 29,5% e 13,0%, forman-
to médio por hora (de R$ 4,51 para do grupo de peso similar ao dos homens
R$ 4,54); não-negros quando agregadas.
- para os empregados do setor público, Entre as mulheres, independente-
constataram-se decréscimos para to- mente de sua origem racial, havia sub-
dos os grupos populacionais analisa- representação das que tinham vínculo
dos, sendo maiores para homens e assalariado ou eram trabalhadoras au-
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RENDIMENTO
RENDIMENTO
tônomas, mantendo-se elevada sua pro- sinada (72,5% para negras e 73,8% para
porção no emprego doméstico. Desta- não-negras) e autônomas (63,1% e 65,4%,
que-se que esta situação é mais intensa- respectivamente), possivelmente devido
mente observada entre as mulheres de ao tipo de ocupações e de atividade em
origem negra (30,8%) do que entre as que cada grupo populacional atuava.
não-negras (14,0%). Como esperado, as menores diferenças de
Além disso, os diferenciais de rendi- rendimeno ocorreram para os emprega-
mento médio por hora entre homens e dos do setor público, em que a média, para
mulheres tenderam a se mostrar semelhan- mulheres negras, equivale a 96,5% daque-
tes para os ocupados de origem negra e la encontrada para homens negros e, para
não-negra, correspondendo o rendimen- não-negras, a 87,1% da observada para
to médio por hora das mulheres a 75,8% homens não-negros.
e 74,6% daqueles verificados para os ho- Entre os aspectos que provavel-
mens negros e não-negros, respectivamen- mente explicam a redução dos valo-
te. No entanto, essa situação encobre di- res médios dos rendimentos, destaca-
ferenças maiores quando as mulheres são se o decréscimo desses valores rece-
assalariadas sem carteira de trabalho as- bidos pelos assalariados segundo tem-
Rendimento Médio Real Anual por Hora dos Ocupados no Trabalho Principal,
por Sexo e Raça, segundo Posição na Ocupação
Região Metropolitana de São Paulo
2000
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RENDIMENTO
RENDIMENTO
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RENDIMENTO
RENDIMENTO
Rendimento Médio Real Anual por Hora dos Assalariados no Trabalho Principal,
por Sexo, segundo Raça e Tempo de Emprego
Região Metropolitana de São Paulo
1999-2000
(6,1%) e mulheres não-negras (6,6%). dor entre os de origem negra foi simi-
Note-se que o rendimento das mulhe- lar ao das mulheres (11,4%).
res negras equivale a 59% das não- Vale observar que há presença mais
negras deste setor e o dos homens ne- acentuada de mulheres não-negras nos
gros a 64% dos não-negros; Serviços e no Comércio e de mulheres
- Serviços: os maiores decréscimos negras nos Serviços e nos Serviços Do-
ocorreram para as mulheres (11,5% mésticos. Já para homens negros, estes
para as não-negras e 12,5% para as têm participação similar ao dos homens
negras). Já entre os homens, os não- não-negros nos principais setores de ati-
negros tiveram a menor redução vidade, sendo um pouco superior na
(4,1%) e o decréscimo desse indica- Construção Civil.
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RENDIMENTO
RENDIMENTO
Distribuição de Ocupados, por Setor de Atividade, 10,2%, para os ocupados nos dois pri-
segundo Sexo e Raça
meiros grupos, e registrando aumento de
Região Metropolitana de São Paulo
2000 0,9%, para o último.
Quando a evolução do rendimento
médio anual por hora foi combinada ao
nível de escolaridade de homens e mu-
lheres negros e não-negros, verificou-
se que, em 2000, houve decréscimo ge-
neralizado dos valores médios. Segun-
do nível de instrução, as reduções do
rendimento médio anual por hora ob-
servadas entre homens não-negros sem-
Fonte: SEP. Convênio Seade-Dieese. Pesquisa de Emprego e Desempre-
go - PED. pre são as menores, com exceção da-
queles que haviam concluído o ensino
médio ou tinham superior incompleto.
Considerado o tipo de função Neste caso, os menores decréscimos
exercida pelas mulheres, houve redução ocorreram para as mulheres não-negras
mais intensa do rendimento anual mé- (9,7%) e homens negros (10,0%), gru-
dio entre as que atuavam em tarefas de pos que têm buscado suprimir, através
apoio (12,2%), enquanto nas atividades da escolaridade mais elevada, aspectos
de planejamento, gerência e direção o que possam ser prejudiciais à sua ab-
declínio foi de 1,4%. Note-se que o va- sorção no mercado de trabalho. Para
lor médio recebido por hora no segun- mulheres negras o decréscimo corres-
do grupo (R$ 10,71) era três vezes maior pondeu a 17,5%.
que o do primeiro (R$ 3,52). Quanto à apropriação da renda do
As mulheres assalariadas no setor trabalho principal, para os grupos po-
privado apresentaram redução mais in- pulacionais estudados, houve relativa es-
tensa em seus rendimentos médios anu- tabilidade em relação aos anos anterio-
ais por hora nas empresas que tinham res: em 2000, os 50% dos ocupados com
no máximo cinco empregados (13,6%), menores rendimentos apropriaram-se de
naquelas com 6 a 49 empregados 16,3% do total da massa de rendimen-
(11,6%) e nas com 100 a 499 emprega- tos do trabalho, enquanto a parcela da
dos (12,1%), enquanto para os homens renda apropriada pelos 10% com maio-
em empresas desse tamanho o declínio res rendimentos foi de 42,6%. Por ou-
foi menor correspondendo a 7,4% e tro lado, observa-se maior concentração
20
RENDIMENTO
RENDIMENTO
de renda entre os 10% dos não-negros os 50% com menores rendimentos, sua
com rendimentos mais elevados (41,9% participação mantém-se relativamente
para os homens e 40,6% para as mulhe- estável em cerca de 23% para os negros,
res deste grupo) do que entre os negros enquanto entre os não-negros não ultra-
(32,1% e 31,6%, respectivamente). Para passa 16,5%.
Rendimento Médio Real Anual (1) por Hora dos Ocupados no Trabalho Principal,
por Sexo, segundo Raça e Nível de Instrução
Região Metropolitana de São Paulo
1999-2000
Analfabeto e Ensino Fundamental Incompleto 3,00 2,83 2,06 1,91 68,7 67,4
Ensino Fundamental Completo e Médio Incompleto 3,91 3,62 2,74 2,39 70,1 66,2
Ensino Médio Completo e Superior Incompleto 6,67 5,93 4,52 3,94 67,8 66,5
Analfabeto e Ensino Fundamental Incompleto 2,79 2,52 1,97 1,83 70,6 72,7
Ensino Fundamental Completo e Médio Incompleto 3,37 3,13 2,36 2,11 70,1 67,6
Ensino Médio Completo e Superior Incompleto 5,13 4,62 3,54 2,92 69,0 63,2
Analfabeto e Ensino Fundamental Incompleto 3,18 3,05 2,10 1,92 66,0 62,8
Ensino Fundamental Completo e Médio Incompleto 4,06 3,78 2,94 2,55 72,4 67,6
Ensino Médio Completo e Superior Incompleto 7,10 6,29 4,82 4,35 67,8 69,1
21
O Emprego Celetista Feminino no
Estado de São Paulo em 20002
Este estudo pretende abordar a questão do trabalho feminino, em 2000, através
do chamado emprego formal, ocupado por mulheres no Estado de São Paulo. Fo-
ram utilizadas informações dos registos administrativos do Ministério do Trabalho
e Emprego, da Relação Anual de Informações Sociais – Rais de 1999 e do Cadas-
tro de Empregados e Desempregados – Caged, de 20003.
Um dos principais resultados observado foi o rompimento da forte tendência
de retração do assalariamento com carteira assinada, já que se registrou crescimen-
to de 5,4% neste segmento entre as mulheres. Foram criados 120 mil novos postos
de trabalho, mais da metade no setor de Serviços (52,7%). Com relação à escolari-
dade, destaca-se a predominância da abertura de empregos para mulheres que pos-
suíam o ensino médio completo, com 58,7% do total. As mulheres mais jovens – de
18 a 24 anos – apropriaram-se de 62,1% das novas vagas.
O aumento do emprego não foi acompanhado pelos salários. As mulheres ocu-
padas com carteira assinada tiveram um decréscimo de 1,5% em seus rendimentos
iniciais, diminuindo o salário de R$ 543, em 1999, para R$ 535, em 2000. O salá-
rio dos homens também registrou retração (4,5%), passando a corresponder a R$
588 em 2000.
22
sigual do ano anterior, entre os sexos, ram gerados 63.367 empregos celetistas
na distribuição desses empregos. ocupados por mulheres, entre 1999 e
Do total de postos de trabalho, ape- 2000. Para os homens, o aumento foi de
nas 34,5% estavam ocupados por mu- 63.043 postos de trabalho.
lheres, indicando a forte predominância Na Indústria, o número de mulhe-
masculina no segmento formal do mer- res admitidas superou em aproximada-
cado de trabalho estadual. Segundo a mente 27 mil o de desligadas, elevando
Pesquisa Nacional por Amostra de Do- para 493.768 o total de ocupadas, o que
micílios – PNAD, de 1999, o segmento corresponde a 21,2% do emprego esta-
feminino representava 40,0% do total de dual feminino, diante dos 32,1% do to-
ocupados no Estado. Para que a propor- tal de empregos ocupados por homens.
ção de mulheres assalariadas com car- O Comércio foi o único setor em que
teira assinada no total de ocupadas seja o emprego feminino cresceu em inten-
a mesma que a dos homens, o assalaria- sidade inferior ao dos homens (3,9% e
mento com carteira feminino deveria ser 4,7%, respectivamente), diminuindo de
15,6% maior. Esses dados são 20,4% para 20,1% sua participação no
indicativos de que, para as mulheres, total do emprego das mulheres com con-
mais do que para os homens, ainda pre- trato regido pela CLT, em 2000.
valecem oportunidades de trabalho mais No entanto, o Terciário continua
vulneráveis ou desprotegidas. respondendo por 75% do total de assa-
Considerada essa estrutura, obser- lariamento com carteira assinada das
vou-se que, por setor de atividade eco- mulheres no Estado de São Paulo, con-
nômica, o nível de emprego feminino tra 55% dos homens, indicando que a
cresceu em todos os segmentos, destacan- consolidação da entrada das mulheres no
do-se que, na Indústria e nos Serviços, um mercado de trabalho está intrinsecamen-
maior número relativo das vagas ofereci- te associada à expansão dessas ativida-
das foram ocupadas por mulheres (cu- des, entre outros fatores.
jos aumentos foram de 5,8% e 5,2%, Com relação à escolaridade, o de-
respectivamente), já que os incremen- sempenho do emprego feminino, em
tos registrados entre os homens foram 2000, acompanhou o movimento geral
de 4,2% na Indústria e 4,0% nos Servi- do mercado de trabalho, que tem se tor-
ços. É importante ressaltar que o desem- nado mais exigente quanto aos requisi-
penho industrial interrompe a tendência tos para se preencher uma vaga, entre
registrada em vários anos da década de eles o de maior escolaridade. O único
90, quando o setor de Serviços criava segmento em que houve decréscimo do
empregos e a Indústria eliminava. emprego celetista feminino, no Estado
Nos Serviços, onde estão concen- de São Paulo, foi o de mulheres analfa-
trados 55% do emprego feminino, fo- betas (2,5%). Entre os homens nessa
23
Movimentação do Emprego Celetista, segundo Setor de Atividade e Sexo
Estado de São Paulo
1999-2000
24
mesma condição, verificou-se variação ço sua participação no total desses em-
positiva de 0,9%. pregos. Nesse grupo etário, para as jo-
Para as mulheres que ampliaram vens com 18 a 24 anos, o aumento em
suas oportunidades ocupacionais com valores absolutos foi o mais representa-
maior intensidade, destacam-se as que tivo (74.614 postos). Movimento idên-
possuíam o ensino médio completo tico foi captado entre os homens.
(10,1%), seguidas por aquelas com en- No período analisado, apenas os
sino superior completo (6,2%). É impor- postos de trabalho ocupados pelas mu-
tante mencionar que, devido a esse de- lheres com mais idade (50 anos e mais)
sempenho, quase metade (46,7%) das tiveram redução (4,2%, ou 6.130 novos
mulheres que eram empregadas postos). Já entre os homens, agregando-
celetistas no Estado de São Paulo, em se aqueles de 40 a 49 anos àquela faixa
2000, possuía pelo menos 11 anos de etária, verifica-se a eliminação de 16.735
estudo, condição bem mais favorável empregos (1,4%).
que a dos homens, cuja proporção com Segundo as regiões administrativas
esse tempo de estudo era de apenas do Estado de São Paulo, o crescimento
28,2%. do emprego feminino foi generalizado,
Observando apenas os empregos assinalando que a recuperação na gera-
com maior escolaridade – ensino supe- ção de novos empregos não foi um fe-
rior completo – nota-se uma clara van- nômeno localizado, embora as intensi-
tagem para o segmento feminino, pois dades sejam variadas: 14,6% na RA de
13,7% das mulheres inseridas no mer- Barretos; 14,4% na RA de Franca; 0,7%
cado de trabalho através de um contrato na RA de Santos; e 4,3% na RMSP, por
de trabalho celetista haviam concluído exemplo. Em termos absolutos, quase a
esse nível de ensino, quando para os metade dos novos postos foi gerada na
homens este valor correspondia a 7,9%. Região Metropolitana de São Paulo
Essa vantagem, como será visto adian- (45,5%), seguida pelas RAs de Campi-
te, não é revertida, na mesma propor- nas (17,8%), Sorocaba (6,9%), São José
ção, em equivalência salarial. dos Campos (5,6%) e Araçatuba (3,5%).
Quando se analisa a evolução do O emprego masculino, nas regiões
emprego celetista feminino segundo fai- administrativas, só não cresceu na RA
xa etária, verifica-se que, entre 1999 e de Registro, que apresentou redução de
2000, ao contrário da tendência de anos 1,1%, e na de Santos, que permaneceu
anteriores, em que houve retração de em- estável. Assim como entre as mulheres,
prego para as mais jovens, as mulheres as RAs de Barretos (29,6%) e de Fran-
com 10 a 24 anos foram as que mais se ca (22,3%) lideraram a expansão relati-
apropriaram dos novos postos criados va dos novos empregos masculinos no
(76% do total), ampliando para um ter- Estado de São Paulo. Em números ab-
25
solutos, predominaram a RMSP e a RA Variação do Emprego Celetista, por Sexo
de Campinas, que foram responsáveis Regiões Administrativas do Estado de São Paulo
2000/1999
por, respectivamente, 34,3% e 18,6% do
total dos novos empregos.
Quando se associam espaço geográ-
fico e setor de atividade econômica, ve-
rifica-se, com relação ao emprego fe-
minino, que:
- as expansões relativas mais expressi-
vas das RAs de Barretos e Franca es-
tão associadas a diferentes fatores. A
liderança da RA de Barretos deve-se,
provavelmente, à ampliação do assa- Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Rais-99, Caged - Módulos I e II.
Elaborado pela Fundação Seade.
lariamento feminino com carteira de
trabalho assinada na Agropecuária, pois
não foram registrados aumentos impor- nimes para homens e mulheres, o que não
tantes nos principais setores de ativi- altera a desigualdade existente na distri-
dade que justificassem seu desempe- buição de postos de trabalho protegidos.
nho. Já o comportamento positivo na O fato de a ampliação do emprego
RA de Franca deve-se, principalmen- feminino na Indústria ter sido maior do
te, ao crescimento do emprego asso- que a masculina pode ser reflexo do pe-
ciado às manufaturas (31,8%) predo- ríodo de recuperação da produção indus-
minantemente produtoras de calçados, trial que o país está atravessando, pois,
que pagam os menores salários de con- conforme constatou Bruschini,5 no perío-
tratação no segmento industrial, segun- do de queda do nível do emprego indus-
do dados complementares; trial, na década de 90, “os efeitos perver-
- no ano 2000, apenas a RA de Santos sos parecem ter incidido particularmente
apresentou saldo negativo na Indústria sobre as mulheres”. Desse modo, o bom
(1,0%) e no Comércio (0,3%). Todas desempenho da economia atuaria como
as demais RAs expandiram seus con- um elemento importante para diminuir a
tingentes de mulheres ocupadas nos três discriminação entre os sexos, ao menos,
setores analisados; no que tange à ocupação de postos de tra-
- o maior crescimento de empregos em balho no mercado formal.
números absolutos registrado na RMSP
e em Campinas ocorreu nos Serviços.
Através dessas informações, pode-
se afirmar que, proporcionalmente, as 5. BRUSCHINI, Cristina. Gênero e Trabalho no Brasil. Trabalho e
Gênero – Mudanças, Permanências e Desafios. Organizado por
oportunidades profissionais foram equâ- Maria Isabel Baltar da Rocha. Editora 34, pág. 25.
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Salário de Contratação 6 Segundo os setores de atividade
analisados, a diminuição do salário das
Mesmo com a consolidação da parti- mulheres foi determinada pela redução
cipação feminina no mercado de traba- na Indústria (3,4%) e na Agropecuária
lho, dada principalmente pela elevação (3,1%), que não foi compensada pela
permanente de sua taxa de participação e ampliação dos salários das mulheres que
que em algumas regiões do Estado de São trabalhavam na Construção Civil (2,5%)
Paulo se aproxima à de países com um e no Comércio (1,5%). Nos Serviços
grau de desenvolvimento mais adiantado, houve relativa estabilidade (-0,2%).
ainda persiste a discriminação do traba- Entre os principais setores, o de
lho da mulher, que pode ser medida pela Serviços registrou a maior remuneração
remuneração inferior à dos homens ocu- (R$ 628) na contratação das mulheres e
pados. Essa relação ocorre independen- a menor diferença entre os salários de
temente do nível de escolaridade mais mulheres e homens. Em 2000, elas re-
elevado das mulheres. ceberam 89,1% do salário dos homens.
Em 2000, o salário inicial recebido Para os homens, o salário médio de
pelos trabalhadores com carteira de tra- contratação diminuiu em praticamente
balho assinada, no Estado de São Paulo, todos os setores, com exceção dos Ser-
teve um decréscimo real de 3,8%, quan- viços, que apresentaram aumento de
do comparado ao mesmo período de 1999, 1,1%. Na Indústria, o decréscimo foi de
diminuindo para R$ 571 sua remunera- 5,4% e, no Comércio, de 3,1%.
ção. Esse resultado decorreu, principal- Com relação ao nível de instrução,
mente, da redução nos salários recebidos constatou-se diminuição generalizada
pelos homens (4,5%), visto que as mu- dos salários, tanto para mulheres como
lheres tiveram queda inferior (1,5%). para homens, com exceção daqueles que
Tal comportamento reduziu os sa- completaram o nível superior, cujo ren-
lários de contratação de mulheres e ho- dimento manteve-se praticamente está-
mens para R$ 535 e R$ 588, respectiva- vel (0,2%). Vale mencionar que a retra-
mente, mantendo a desigualdade perma- ção dos rendimentos nos demais níveis
nente de pagamento de salários mais de escolaridade foi mais acentuada para
baixos para as trabalhadoras, o que ten- os homens do que para as mulheres.
de a se manter ao longo da carreira. No Entre as mulheres, os decréscimos
ano anterior, o salário médio inicial das ocorreram com as seguintes intensida-
mulheres equivalia a 88,2% do que re- des: 6,5% para aquelas com ensino mé-
cebiam os homens, passando para dio completo; 5,9% com ensino funda-
90,9%, em 2000. mental completo; 4,1% com ensino fun-
6. Refere-se ao salário médio de contratação do período de janei- damental incompleto; e 2,5% com ensi-
ro a outubro de 2000. Valores em reais de novembro de 2000.
Inflator utilizado: ICV do Dieese.
no superior completo.
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Apesar de o segmento feminino ter Através da associação entre escola-
apresentado menor redução em seu sa- ridade das mulheres e seus respectivos
lário médio, a defasagem da remunera- rendimentos, observou-se que, quanto
ção entre homens e mulheres continua menos instrução, menor o salário inici-
bastante alta em todos os níveis de es- al. As mulheres com ensino médio com-
colaridade, principalmente no ensino pleto foram contratadas com um salário
superior completo, em que as mulheres médio de R$ 522, o que equivalia, em
ganhavam o equivalente a 60,6% do sa- 2000, a 34,2% do que receberam aque-
lário masculino, em 2000. Essa diferen- las com o ensino superior completo (R$
ça pode ser explicada, em parte, pelo fato 1.526). Essa proporção diminui para
de os homens com essa escolaridade 23,3% e 19,9%, para aquelas com ensi-
ocuparem, em maior proporção, cargos no fundamental completo e ensino fun-
de chefia, que apresentam as maiores damental incompleto, respectivamente,
remunerações, aumentando, portanto, a em relação àquelas com nível de ensino
média dos salários iniciais dos homens. mais elevado.
Salário (1) de Contratação do Emprego Celetista, por Setor de Atividade, segundo Sexo
Estado de São Paulo
1999-2000
Em reais de novembro de 2000
Construção
Sexo Total Indústria Comércio Serviços Agropecuária
Civil
Total
2000 570,6 605,5 500,3 467,8 673,1 269,9
1999 593,3 637,6 512,6 477,8 670,4 286,9
Variação (%) -3,8 -5,0 -2,4 -2,1 0,4 -5,9
Mulheres
2000 534,9 500,6 501,4 423,8 627,5 258,7
1999 543,3 518,4 489,0 417,5 629,1 267,0
Variação (%) -1,5 -3,4 2,5 1,5 -0,2 -3,1
Homens
2000 588,3 648,7 500,5 495,2 704,4 273,0
1999 616,3 685,7 514,9 511,1 696,4 290,9
Variação (%) -4,5 -5,4 -2,8 -3,1 1,1 -6,2
Proporção Mulher/Homem (%)
2000 90,9 77,2 100,2 85,6 89,1 94,8
1999 88,2 75,6 95,0 81,7 90,3 91,8
Fonte: Ministério do Trabalho. Caged, Módulo II. Elaborado pela Fundação Seade.
(1) Refere-se à média de contratação do período de janeiro a outubro de 2000. Inflator utilizado: ICV do Dieese.
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