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Inadimplemento das obrigações (disposições gerais) por aplicação analógica da mora, reconhecer à parte que atuou de forma leal

ao contrato a possibilidade de escolher entre três caminhos:


Menezes de cordeiro:
“inadimplemento é a não realização da prestação devida enquanto devida,
na medida em que essa falta de cumprimento corresponde a violação da a) manter o contrato e exigir indenização por cada violação singular;
norma legal ou convencional imposta pelos usos que era especificamente
dirigida ao devedor como dever de prestar ou ao credor como dever de b) exigir uma indenização geral pelo descumprimento do contrato;
receber”
Em regra, as obrigações são cumpridas voluntariamente, seja pelo devedor
ou por terceiro. Quando a prestação devida não é efetuada, diz-se que houve c) rescindi-lo
o inadimplemento da obrigação.
Quando a inexecução da obrigação advém de culpa latu sensu do devedor,
diz-se que o inadimplemento é culposo, cabendo ao credor o direito de “Os incontáveis casos nos quais alguém descumpre uma relação por meio de
acionar os mecanismos para pleitear o cumprimento forçado. Quando a atuação positiva, nos quais alguém pratica aquilo de que deveria abster-se,
inexecução decorre de evento impossível de evitar ou impedir, o ou efetua a prestação que deveria ser efetuada, mas de forma defeituosa.”
inadimplemento é fortuito. Assim, temos que essas atuações positivas ou o cumprimento defeituoso
Inadimplemento absoluto: causam danos a parte, devido a não observância de um dever lateral de
O inadimplemento é absoluto quando o cumprimento não poderá mais ser conduta, advindo do princípio da boa-fé, principalmente do seu vetor
feito, ou o cumprimento não é mais útil ao credor. A absolutividade é total confiança. O nome de violação positiva do contrato foi bastante criticado,
quando atinge todo o objeto. Absolutividade parcial ocorre quando a mas agora já se encontra consagrado. Entretanto, alguns autores preferem
obrigação abrange vários objetos e somente uma parcela deles é atingida. O utilizar termos como “cumprimento defeituoso” ou “cumprimento
inadimplemento é relativo quando o cumprimento da obrigação é imperfeito, imperfeito”. Assim a violação positiva do contrato agiria de forma
como no caso de mora. subsidiária, abarcando todos os casos que não se enquadrariam no conceito
de impossibilidade e de mora dentro da doutrina alemã.
"Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais
juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente
Podemos destacar três categorias de deveres laterais que podem ensejar a
estabelecidos, e honorários de advogado" (art. 389).
violação positiva do contrato: deveres de proteção, informação e
Responsabilidade contratual e extracontratual:
cooperação. Então, estes deveres alcançam todos os interesses conexos à
execução do contrato. Excluem-se de seu âmbito todos aqueles deveres que
O art. 389 é o fundamento legal da responsabilidade civil contratual. É a
não possam ser relacionados como necessários à realização da prestação.
responsabilidade que deriva do contrato. Há também a responsabilidade que
não deriva do contrato, mas sim do dever legal. É a responsabilidade
extracontratual, aquiliana ou delitual. Em ambas as situações, o O não cumprimento da obrigação, ou seu cumprimento imperfeito gera a
inadimplemento pode gerar a obrigação de restituir perdas e danos. obrigação de indenizar as perdas e danos. O ressarcimento das perdas e
danos tem o objetivo de recompor o patrimônio da parte lesada. Por isso,
Na responsabilidade contratual, o inadimplemento presume-se culposo. Cabe deve ser proporcional ao prejuízo sofrido. A contagem do prejuízo inclui,
ao inadimplente provar a ocorrência de caso fortuito ou força maior para se além, do que se perdeu o que se deixou de lucrar.
eximir da culpabilidade. Por exemplo: O passageiro de um ônibus não
precisa provar a negligência do motorista para exigir indenização caso haja "Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplemento desde o
acidente envolvendo o mesmo. É o motorista que deve alegar motivo maior dia em que executou o ato de que se devia abster" (art. 390). Nas
para se livrar da culpa. Na extracontratual é o lesado que deve provar a obrigações constituídas por uma série de abstenções, o credor pode mover
culpa do causador do dano. Por exemplo: O pedestre que é atropelado deve ação de cunho cominatório para impedir o reiteramento do devedor de uma
provar que o motorista que o atropelou agiu com culpa para exigir dessas abstenções. Se a obrigação for de prestação única, pode o credor,
indenização, não precisando o motorista provar que não. Porém, se a além das perdas e danos, exigir o desfazimento do que foi realizado (art.
obrigação assumida no contrato for de meio, a culpa deve ser provada pelo 251).
lesado mediante ato negligente, imprudente ou imperito, mesmo a Responsabilidade patrimonial:
responsabilidade sendo contratual. Na responsabilidade contratual, não
precisa o contratante provar a culpa do inadimplente, para obter reparação "Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor"
das perdas e danos, basta provar o inadimplemento. O ônus da prova, na (art. 391). Quando as perdas e danos são decretadas e o pagamento não é
responsabilidade contratual, competirá ao devedor, que deverá provar, ante feito, a execução será forçada, sendo que todos os bens do devedor
o inadimplemento, a inexistência de sua culpa ou presença de qualquer respondem pelo inadimplemento, ou seja, uma eventual penhora pode recair
excludente do dever de indenizar sobre qualquer bem do devedor. Contudo, ninguém pode ser preso por
dívida civil, exceto o depositário infiel e o devedor de pensão de direito de
família.
A responsabilidade civil surge em função do descumprimento obrigacional,
Contratos benéficos e onerosos:
pela desobediência de regra contratual – ou por deixar alguém de observar
um preceito normativo que regula a vida.
"Nos contratos benéficos, responde por simples culpa contratante, a quem o
contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos
A responsabilidade contratual tem origem na convenção. Já a onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções
extracontratual tem origem na inobservância do dever genérico de não lesar previstas em lei" (art. 392). Contrato benéfico é o gratuito, ou seja, somente
outrem (neminem laedere). a uma parte este é vantajoso, cabendo a outra apenas os deveres, como a
doação. Aquele que não se aproveita em nada com o contrato não deve ser
Os absolutamente capazes são os únicos que podem ser partes de um penalizado por agir culposamente. Porém, o não cumprimento doloso gera
contrato. Por isso, a responsabilidade contratual só atinge essa figura. Já o indenização, pois ninguém pode descumprir deliberadamente uma obrigação
dever genérico de não lesar a outrem pode ser inobservado tanto por contraída livremente. No contrato oneroso, as duas partes estão em
capazes quanto por incapazes. Sendo assim, a responsabilidade igualdade, com direitos e deveres recíprocos. Sendo assim, ambos
extracontratual também atinge tais figuras. respondem da mesma forma pela culpa e pelo dolo.
A graduação da responsabilidade delitual é muito maior que a contratual, Inadimplemento fortuito da obrigação:
indo a dimensões muito mais amplas. O direito civil, ao identificar um dano
causado a outrem em decorrência de um ato ilícito, procura analisar "O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou
prioritariamente esses aspectos: força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado"
a) Dano existente; (art. 393, caput). As partes podem, porém, estabelecer a responsabilização
b) Nexo causal; do devedor mesmo que o inadimplemento ocorra sem sua culpa (pacta sunt
c) Responsabilidade do agente causou; servanda). As circunstâncias que causaram a impossibilidade de prestação
_O Dano há que se configurar efetivo, necessário é que se comprove a pela parte do devedor podem ser provocadas por ato de terceiro, do credor,
existência de um dano real. Não basta existir um simples constrangimento por caso fortuito ou força maior ou por até mesmo ato do devedor, quando
ou um mero aborrecimento como o pagamento de uma multa devida, tem não houver culpa do mesmo.
que existir um dano a valores morais da sociedade em que o individuo
estiver inserido, ou um dano patrimonial indevido; Em qualquer dos casos, a exoneração da culpa depende de que:
– Há que necessariamente existir uma ligação entre ação ou omissão
estreita entre a causa e o efeito, ou seja, o ato que o agente cometeu tem a) A impossibilidade seja objetiva;
que resultar em um dano sofrido diretamente; b) A impossibilidade seja superveniente e inevitável. Por exemplo: Aquele
– Há que se apurar a responsabilidade do agente no ato, omissão ou fato que celebra uma obrigação de fazer um show em local que está em guerra
que causou o dano. não pode alegar que não cumpriu a obrigação devido aos perigos da
situação do local, pois era ciente das condições do mesmo.
c) A impossibilidade seja irresistível, isto é, fora do alcance do devedor.

Responsabilidade Subjetiva surge com um dano causado em razão de ato Modernamente, tem-se adotado a teoria do exercício da atividade perigosa,
próprio imputado de pessoa, por quem ele responde, ou fato de coisa ou no qual o caso fortuito ligado à coisa ou à pessoa, como a quebra de uma
animal sob sua guarda. A responsabilidade civil surge em face do peça do caminhão que bate, é de responsabilidade do devedor. Somente o
descumprimento obrigacional, pela desobediência de uma regra "fortuito externo", advindo de fenômeno natural, como a chuva, seria
estabelecida em um contrato, ou por deixar, determinada pessoa, de escusável nesse caso.
observar um preceito normativo que regula a vida. Segundo Maria Helena
Diniz, a responsabilidade civil está relacionada com “a aplicação de medidas
que obriguem alguém a reparar dano moral ou patrimonial causado a Mora:
terceiros, em razão de ato próprio imputado, de pessoas por quem ele
responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda (responsabilidade "Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor
subjetiva) ou, ainda, de simples imposição legal (responsabilidade objetiva)” que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção
O inadimplemento mínimo é uma das formas de controle da boa-fé sobre a estabelecer" (art. 394). Embora a mora também se constitua quando o
atuação de direitos subjetivos. Atualmente, é possível questionar a devedor tenta pagar de forma diferente do estipulado, o seu retardamento é
faculdade do exercício do direito potestativo a resolução do contratual pelo o modo mais comum no qual ela se dá. Não é só pelo descumprimento da
credor, em situações caracterizadas pelo cumprimento de substancial convenção que a mora acontece. O cometimento de infração à lei também a
parcela do contrato pelo devedor, mas em que, todavia, não tenha caracteriza.
suportado adimplir uma pequena parte da obrigação.
A súmula 54 do STJ dispõe que "os juros moratórios fluem a partir do evento
danoso, em caso de responsabilidade extracontratual. Na contratual,
Responsabilidade objetiva é a responsabilidade sem culpa. O agente é entretanto "contam-se os juros de mora desde a citação inicial" (art. 405).
responsabilizado por ser previsto legalmente que será responsável, estão Nas obrigações de não fazer, não há o instituto da mora, pois "o devedor é
inseridos nesta categoria os que praticam atividade de “risco”. A teoria do havido por inadimplemento desde o dia em que executou o ato de que se
risco, originária do Direito Francês, determina que certas atividades estão devia abster" (art. 390).
sujeitas a causar danos, portanto, estão inseridas nas atividades de risco
para efeito de indenização. Atinge essa teoria principalmente os que Mora e inadimplemento absoluto:
fomentam atividades coletivas, o Estado que se responsabiliza pelos atos
dos seus agentes e principalmente as atividades que correm o risco de Quando o retardamento da prestação torna a mesma inútil ao credor, não há
danificar o meio ambiente, o ambiente social. mais mora, mas sim o inadimplemento absoluto. Exemplo: de nada adianta
ao credor receber o bolo que encomendou para seu casamento um dia
depois da festa.
A violação positiva do contrato, que com a culpa in contrahendo tem
sido considerada como uma das grandes descobertas doutrinárias após a A prestação que não interessa mais ao credor é tida como impossível. Não
publicação do Código Civil alemão deve a sua paternidade ao berlinense basta que o credor alegue que a prestação não lhe é mais útil, as
H.Staub, em 1902,O BGB, no § 280, regula a obrigação do devedor de circunstâncias devem demonstrar isto.
indenizar o credor quando a prestação se torne impossível, e no § 286, a de
indenizar o credor pelos danos causados pela sua mora, ou seja, no Código Tanto no inadimplemento absoluto quanto na mora, surge a obrigação de
civil alemão, o devedor responde pela não-realização da prestação, em que restituir as perdas e danos quando tais são provocadas pela culpa do
o devedor viola a obrigação através de uma atuação positiva: fazendo o que devedor. Contudo, "não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não
deveria omitir ou efetuando a conduta, mas em termos imperfeitos. É essa incorre este em mora" (art. 396). Se a mora deu-se por caso fortuito ou força
conduta que Staub passou a chamar de violação positiva do contrato, maior, isto é, não havendo culpa do devedor, este não será responsabilizado
afirmando que a lacuna derivada desse silêncio deveria ser integrada pela pelas perdas e danos. Se a obrigação tornar-se impossível sem a culpa do
aplicação analógica do regime da mora. Qualquer violação positiva pode ser devedor, também não haverá responsabilização deste. Todo inadimplemento
sempre equiparada a um não-cumprimento de normas. A solução estaria em, e mora do devedor presumem-se culposos. Porém pode o devedor afastá-la
provando que o infortuito não se originou por culpa sua. Já para o credor, o
mesmo não vale. A mora deste em receber o pagamento, mesmo sem sua A mora simultânea de ambos as partes (nem o devedor comparece ao local
culpa, é sempre de sua responsabilidade. A mora accipiendi não requer a para efetuar o pagamento, nem o credor vai para recebê-lo) faz com que a
noção de culpa porque se o credor pudesse afastar sua responsabilidade, o situação permaneça como se nada tivesse ocorrido. Há o cancelamento
devedor seria obrigado a correr com os riscos de reter o pagamento por fato mútuo das moras. Ninguém pode exigir da outra parte perdas e danos. Se as
que não foi ocasionado por ele. moras são sucessivas (primeiro o credor não quer receber e depois é o
devedor que se rejeita em pagar, ou vice-versa) os prejuízos de cada mora,
Quando o devedor está em mora, ele é notificado pelo credor, para que contabilizados separadamente, serão de responsabilidade das respectivas
esteja ciente da sua situação e possa purgá-la. No inadimplemento absoluto partes. Os danos de cada mora não se cancelam, porém nada impede que
a notificação não é necessária, já que o cumprimento da obrigação é ocorra uma compensação convencional das perdas e danos.
inviável.
Purgação e cessação da mora:

Mora do devedor (solvendi) Purgar ou emendar a mora é neutralizar seus efeitos. Ela só é possível se a
Ocorre quando o devedor retarda culposamente o cumprimento da prestação ainda for proveitosa ao credor, pois se não for, haverá
obrigação. Na hipótese mais comum, o sujeito se obriga a pagar certa inadimplemento absoluto, não tendo o que se falar em mora. A purgação
quantia chegando seu vencimento, simplesmente não paga. produz efeitos futuros que neutraliza os produzidos, mas não os apaga.

Mora ex re: (art. 397, caput, e 398) Segundo o art. 400, "purga-se a mora" nas seguintes hipóteses:

É a declarada pela lei (o credor não precisa fazer nada para caracterizá-la). I - "Por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância
Há três casos nos quais a mora é ex re. Nos demais, ela é ex persona. São dos prejuízos decorrentes do dia da oferta".
elas:
II - "Por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e
a) "O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data".
constitui de pleno direito em mora o devedor" (art. 397, caput). Todavia,
"Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou As partes podem aceitar a oferta sem a incidência dos juros da mora,
extrajudicial" (art. 297, parágrafo único). É caso que se refere o parágrafo renunciando-os. Porém, este ato não significa propriamente a purgação da
único do art. 297 é de mora ex persona, pois depende de providência do mora.
credor.
Entende-se, hoje, que a purgação pode dar-se a qualquer momento da mora,
b) "Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em desde que não tenha causado dano à outra parte. O devedor em mora pode
mora, desde que o praticou" (art. 398). É desnecessária a notificação, pois a até consignar o pagamento, caso o credor não tenha extraído os efeitos
indenização é evidente. A mora é, pois, presumida. jurídicos de tal atraso.

c) Quando o devedor declarar por escrito não pretender cumprir a prestação. A cessação da mora é diferente da purgação. Nela, o efeito não depende
daquele que agiu em mora, mais sim da outra parte. Ela decorre da extinção
Mora ex persona: (art.397, parágrafo único) da obrigação. A cessação produz efeitos pretéritos, pois afasta os já
produzidos.
Não prevê data certa do adimplemento. Quando o credor deve acionar os
dispositivos cabíveis para caracterizá-la. A interpelação ou notificação da
mora nas relações regidas pela lei civil pode ser feita desde a demanda Perdas e danos
judicial até por uma simples carta, tendo apenas que resultar de documento
escrito. Exprime seu exato conceito, nada mais significa do que os prejuízos, os
danos causados ante ao descumprimento obrigacional. É toda a lesão de
O decreto lei n. 58/37, art. 14, protegendo as pessoas que adquirem imóveis qualquer bem jurídico, seja o dano material ou moral. O dano é material
loteados em prestações, dispõe que só incorrerão em mora tais pessoas quando atinge e diminui o patrimônio do lesado. O dano é moral quando
depois de serem notificadas com o prazo de trinta dias, mesmo que a atinge bem jurídico, mas que não tenha repercussão na órbita financeira. A
parcela seja positiva e líquida, com termo certo. É o legislador indenização de dano material mede-se pelo prejuízo ao patrimônio da parte.
transformando uma mora ex re em mora ex persona. Já a de dano moral é arbitrada judicialmente. A apuração do dano, ou
prejuízo, é feita por meio da liquidação determinada na lei processual (art.
O decreto lei n. 745/69 impede a rescisão do compromisso de compra e 946). A finalidade da liquidação é tornar prático e possível a efetiva
venda de imóvel não loteado, mesmo que haja cláusula resolutiva expressa, reparação do prejuízo.
sem a notificação no prazo de 15 dias.
Dano emergente e lucro cessante:
Tanto no caso do decreto n. 58 quanto no n. 745, a notificação deve ser feita
judicialmente ou pelo cartório de registros de imóveis. Nessas hipóteses, a "Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos
simples citação não é suficiente para constituir a mora, é necessária a devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu o que
interpelação judicial. A jurisprudência, no entanto, tem entendido que a razoavelmente deixou de lucrar" (art. 402). Dano emergente é a efetiva
citação feita na própria causa principal produz mesmo efeito. diminuição patrimonial sofrida pela vítima para restaurar o bem ao seu
Mora do devedor: estado anterior, ou seja, o que ele perdeu. A expressão efetiva perda
significa que a mesma não pode ser presumida, devendo ser cumpridamente
São requisitos da mora solvendi: provada. Lucro cessante é a frustração da expectativa de lucro, do que se
esperava ganhar com o bem lesado. A razoabilidade do lucro é o que o bom
a) Exigibilidade da prestação: A dívida deve ser líquida e certa. Além disso, a senso indica que a atividade lucraria. O dano indenizável deve ser certo e
realização tardia deve ainda ser proveitosa ao credor Caso a condição que atual. Pois, Não basta a perda da oportunidade tem que ter a certeza do
sujeitava a obrigação não se verificou, ou não houve a escolha a qual o dano.
pagamento da obrigação dependesse, não haverá mora, pois não se pode Doutrina Brasileira: O dano é subespécie de lucro cessante a perda de uma
afirmar se o devedor efetivamente devia ou o que devia. oportunidade tem que provar por dado histórico.
b) Inexecução culposa por fato imputável ao devedor. Doutrina Italiana: a oportunidade já faz parte do patrimônio.
c) Constituição em mora: Este requisito é somente para os casos de mora
ex persona, que dependem da ação do credor, pois nos casos ex re, a mora "Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só
já é constituída desde o fato. incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e
d) existência de dívida liquida e certa: se a obrigação venceu tornou-se imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual" (art. 403). A teoria dos
exigível, seu retardamento culposo caracteriza a mora. danos diretos e imediatos afasta a possibilidade de se indenizar os
chamados "danos remotos". Aquilo que dependia do bem lesado, mas
Efeitos da mora do devedor: também dependia de uma série de outros fatores não pode ter sua
inexecução atribuída unicamente à lesão do bem em questão. A dificuldade
"Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, jurídica existe na definição precisa do que foi afetado direta e
atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente imediatamente.
estabelecidos, e honorários de advogado" (art. 395). Caso a prestação torne-
se inútil ao credor, ou seja, haja o inadimplemento absoluto, o credor pode Obrigações de pagamento em dinheiro:
exigir a rescisão do contrato, reclamando as perdas e danos.
"O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora "As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas
essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou força maior, se estes com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente
ocorrerem durante o atraso, salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem
sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada" prejuízo da pena convencional" (art. 404, caput). Se o credor teve que
(art. 399). Isto significa que, na mora, o devedor responde por todos os ingressar em juízo, além de pagar à custa do atraso, o devedor deve pagar à
riscos da coisa. A parte do artigo que isenta o devedor caso ele prove não ter custa do processo (art. 20, CPC).
culpa é ilógico, pois se assim provar não haverá mora em si. As perdas e danos têm como objetivo restituir o dano causado pela lesão do
bem, logo, "provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não
Mora do credor (Accipiendi) havendo pena convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização
suplementar" (art. 404, parágrafo único). Quando a responsabilidade é
É quando o credor recusa receber o pagamento no tempo, lugar, modo e contratual, "contam-se os juros de mora desde a citação inicial" (art. 405).
forma convencionados, exigindo-o de forma diferente da estipulada, Juros legais
incorrendo em mora.
Juros são os rendimentos do capital. São os frutos civis da coisa.
Requisitos: Representam o pagamento pela utilização do capital alheio, preço devido
pelo uso do capital é expressão econômica para locação de recursos.
a) Vencimento da obrigação: É somente então que ela é exigível. Washington monteiro: “juro é rendimento do capital ou frutos produzido pelo
dinheiro”
b) Oferta da prestação: É através dela que fica revelada a tentativa do
devedor de satisfazer a obrigação. Deve-se ter claro que o pagamento foi Espécies:
oferecido, mas o credor o recusou ou não prestou a necessária colaboração
para a sua efetivação. A mora accipiendi supõe que o devedor fez o que lhe Os juros são considerados convencionais quando são ajustados pelas partes,
competia. de comum acordo. Quando os juros são previstos ou impostos pela lei, são
chamados de legais.
c) Recusa injustificada em receber: O credor pode se recusar a receber o
pagamento com fundamento legítimo, quando, por exemplo, o devedor Os juros são chamados de compensatórios, remuneratórios ou juros-frutos,
oferece quantia menor que a estipulada. Para haver mora, o motivo para a quando representam a compensação pela utilização de capital alheio.
não aceitação do pagamento deve ser injustificável legitimamente. Devem estar previstos no contrato, não podendo ultrapassar os limites
impostos pela Fazenda Nacional (art. 591). O STJ decidiu que os juros
d) Constituição em mora: Ocorre mediante a consignação em pagamento. remuneratórios praticados nos contratos de mútuo dos agentes financeiros
do Sistema Financeiro Nacional não estão sujeitos à limitação do art. 591. Os
Efeitos: juros compensatórios são, geralmente, convencionais. Nada impede,
contudo, que possam derivar da lei ou da jurisprudência.
"A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela
conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas Quando os juros incidem nos caso de retardamento da restituição ou
em conservá-la, e o sujeita a recebê-la pela estimação mais favorável ao descumprimento de obrigação, eles são denominados moratórios. Os juros
devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e moratórios podem ser tanto convencionais quanto legais. Quando legais, são
o da sua efetivação" (art. 400). A lei exige que o devedor tenha o mínimo de definidos pela Fazenda Nacional. "Quando os juros moratórios não forem
cuidado com a coisa que forçadamente deve reter. Se o devedor agir com convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de
dolo, abandonando a coisa, por exemplo, responderá pela deteriorização determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para
desta. Esta solução é tomada porque o direito que o devedor tem de a mora do pagamento de impostos devidos à Fazendo Nacional" (art. 406).
abandonar a coisa colide com o interesse da comunidade, sendo preferível Quando convencionais, podem assumir qualquer valor, porém, nunca
exigir que este cuide da coisa, mesmo que por motivo alheio à sua vontade. superior ao limite legal.
As despesas que o credor deve ressarcir são somente as necessárias,
previstas no art. 96, § 3°. "Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da mora
que se contarão assim às dívida em dinheiro, como às prestações de outra
Mora de ambos os contratantes: natureza, uma vez que lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença
judicial, arbitramento, ou acordo entre as partes" (art. 407). Os juros
moratórios são incluídos também na liquidação.
não ao total inadimplemento. Por isso a aplicação da multa conjuntamente
Juros simples são os que são sempre calculados sobre o capital inicial. Já os com a exigência da prestação da obrigação não caracteriza enriquecimento
juros compostos são capitalizados anualmente, integrando o capital. É o ilícito do credor. É, na verdade, o modo para ele não sair prejudicado dessa
chamado juros sobre juros. relação obrigacional.
Regulamentação legal:
Sendo assim, uma mesma obrigação pode ter até 3 cláusula penais
Segundo o art. 405, nos casos de responsabilidade contratual, "contam-se os diferentes (1 compensatória e 2 moratórias, uma para o caso de atraso e
juros de mora desde a citação inicial". outra para o caso de cumprimento de forma diversa).

"Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de Quando não há certeza sobre qual é a hipótese estipulada no contrato,
responsabilidade extracontratual" (Súmula 54 do STJ). costuma-se observar o valor da cláusula para relacioná-la à hipótese
provavelmente correspondente.
A Lei de Usura (Dec. n. 22.626/33) limita os juros a 1% ao mês. Essa lei
também proíbe a cobrança dos juros compostos. Porém, o art. 591 do novo Distinção com institutos afins:
CC permite os juros compostos. O art. 406 estipula que a taxa máxima não
mais fixa, mas sim variável, conforme o estabelecido pela Fazenda Nacional. Há certa distinção entre pena convencional (imposta na cláusula penal) e
multa cominatória ou astreinte: Na pena convencional, o juiz condena a
A Fazenda vem adotando a taxa SELIC (taxa referencial do sistema especial parte ao pagamento da multa da cláusula penal observado o limite do art.
de liquidação e custódia para títulos federais) como meio de aferição dos 412 do CC. Já na multa cominatória em obrigação de fazer, decorrente de
juros legais. Contudo, o STJ não aceita a utilização da taxa SELIC não para título judicial para garantir a efetividade do processo, o art. 644 é que a
esse fim, pois ela não é juridicamente segura, já que além de determinar os regula, instituindo que não há limite para o valor da cominação
juros trás embutida a correção monetária. Outra corrente diz que a aplicação
do artigo 161§ 1° do CTN que estabelece os juros à 1% ao mês. O A cláusula penal também se aproxima do instituto de perdas e danos,
entendimento dominante da jurisprudência é de que deve ser imposto o porém, na cláusula penal, o valor a ser pago é estipulado anteriormente e,
determinado na Lei da Usura, juntamente com o estabelecido no Código por isso, às vezes não representa o exato ressarcimento dos prejuízos do
Tributário Nacional, ou seja, 12% ao ano. Entende-se que o novo CC, por ser credor; enquanto que as perdas e danos são decretadas pelo juiz, baseado
lei geral posterior, não revoga a lei especial anterior (Lei da Usura). nos prejuízos alegados e provados. Por isso, representa a exata restituição
dos prejuízos.

Cláusula Penal A diferença entre a cláusula penal e a multa simples é que a cláusula penal é
uma importância a ser paga caso haja uma infração, com o objetivo de
É uma obrigação acessória, na qual se estipula uma pena ou multa com o ressarcir o prejuízo do credor, objetivo este que não é o da multa simples.
objetivo de evitar o inadimplemento da obrigação principal. Representa
reforço ao pacto obrigacional através da ameaça de uma sanção civil, caso a A multa penitencial se aproxima da cláusula penal. Entretanto, a cláusula
obrigação não seja cumprida. Chama-se também de pena convencional ou penal é atribuída em favor do credor. Este escolhe se quer acioná-la ou
multa contratual. "Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, prefere o adimplemento da obrigação, acrescido as perdas e danos (somente
desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em no caso da multa por mora). Já a multa penitencial é estipulada em favor do
mora" (art. 408). Tendo uma pré-fixação dos danos, pois esta não precisa devedor. É quando se permite que ele, ao invés de cumprir a obrigação, irá
provar os danos emergentes e lucros cessantes, pois o credor não precisa pagar tal multa.
prova, já que estas estão pré-fixadas no contrato, uma indenização prévia
para forçar o devedor cumprir sua obrigação. ”não se presume é expressa” Há várias distinções entre cláusula penal e arras penitenciais. A cláusula
Serpa Lopes “Apenas supõe sempre uma prestação em valor acima da penal é uma coerção para se evitar o inadimplemento, enquanto que as
indenização normal dos danos” sendo incompatível com a indenização arras facilitam o descumprimento da avença, pois as partes sabem qual será
verificando às vezes maior que a própria indenização, ou seja, a prova multa a conseqüência do inadimplemento: perda do valor dado, ou sua restituição
independe do prejuízo. em dobro dependendo do caso. A cláusula penal pode ser reduzida pelo juiz
quando em excesso, as arras não. A cláusula penal é exigível apenas no
Natureza jurídica: inadimplemento ou na mora, já as arras são pagas por antecipação. A
cláusula penal existe apenas pela estipulação no instrumento, enquanto que
É um pacto secundário e acessório, pois a sua existência depende da de uma as arras necessitam da entrega de dinheiro ou objeto.
obrigação jurídica. Aplica-se, logo, o princípio de que o acessório segue a
sorte do principal. Isto quer dizer que se a obrigação principal é inválida ou Cláusula penal e pluralidade de devedores:
nula, também será a cláusula penal. Contudo, a recíproca não é verdadeira.
A invalidez da cláusula penal não implica na da obrigação principal. "Sendo indivisível a obrigação, todos os devedores, caindo em falta um
deles, incorrerão na pena; mas esta só poderá demandar integralmente do
Funções da cláusula penal: culpado, respondendo cada um dos outros somente pela sua quota" (art.
414). Todos os devedores, mesmo não sendo culpados, arcam com o valor
A cláusula penal é meio de coerção para que o devedor cumpra a obrigação da multa, divididos na quota de cada um. Caso contrário o credor sairia
É também meio de ressarcimento dos danos causados pelo inadimplemento prejudicado pela infração cometida.
da obrigação. A cláusula penal constitui modo de cobrir os prejuízos que
dificilmente poderiam ser provados, bem como livrar-se de sua liquidação. Entretanto, após pagar o credor, "aos não-culpados fica reservada a ação
regressiva contra aquele que deu causa à aplicação da pena (art. 414,
"Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue parágrafo único). Dessa forma, é somente o devedor culpado que arca com
prejuízo" (art. 416, caput). O caput do artigo 416 mostra porque a cláusula as conseqüências de sua falta.
penal é utilizada. Sem ter o ônus de provar o prejuízo sofrido, o credor
apenas demonstra que houve o inadimplemento da obrigação. O devedor Se a obrigação for divisível, "só incorre na pena o devedor ou o herdeiro do
não pode eximir-se da pena alegando ser ela excessiva, ou desproporcional devedor que a infringiu, e proporcionalmente à sua parte na obrigação" (art.
com o dano causado, pois assim foi fixado o acordo. 415).

"Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o


credor exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o Arras ou sinal
tiver feito, a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor “ A palavra arra,que nos veio do latim arrha,pode ser pesquisada
provar o prejuízo excedente" (art. 416, parágrafo único). O parágrafo único retrospectivamente do grego arrâbon, no hebraico arravom, no persa rabab,
do art. 416 fala dos casos em que a cláusula não é suficiente para cobrir no egípcio aerb, com sentido de penhor garantia.
todos os prejuízos. Nessas hipóteses, cabe ao credor provar o valor das
perdas para ser indenizado. Contudo, essa indenização não é imposta em É a quantia ou coisa entregue por uma parte a outra simbolizando a
conjunto com a cláusula penal. O valor dessa segunda é descontado no da confirmação do acordo entre as partes e, em certos casos, assegurando o
primeira, pois se busca apenas o ressarcimento dos danos, e não um não prejuízo de uma das partes pelo direito de se arrepender que a outra
enriquecimento ilícito do credor. tem. Cabe apenas nos contratos bilaterais. É o pacto acessório, dependendo
da existência de um principal. É impossível imaginar a existência das arras
Redução da cláusula penal: isoladas. Têm caráter real, pois o simples acordo entre as partes não é
suficiente para caracterizá-lo. É necessária a entrega de quantia de dinheiro
"O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da ou objeto.
obrigação principal" (art. 412). Caso haja excesso, o juiz determinará a
redução do valor, não chegando a declarar a ineficácia absoluta da cláusula. Espécies:

"A penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a obrigação As arras são confirmatórias quando sua função é apenas confirmar o
principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for contrato pactuado. Nesses casos, "se a parte que deu as arras não executar
manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for
negócio" (art. 413). Quando a prestação foi cumprida em parte, usa-se o de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por
princípio da eqüidade, reduzindo-se proporcionalmente o valor. A redução do desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização
excesso não possui uma medição fixa. O juízo é de ponderação, observando- monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e
se fatores subjetivos como a natureza e a finalidade do negócio, para se honorários de advogado" (art. 418).
chegar ao valor final. Tal disposição é de ordem pública, podendo a redução
ser determinada de ofício pelo juiz. Caso a parte prejudicada não se contentar com o valor recebido, achando
que não foi totalmente ressarcido, pode "pedir indenização suplementar, se
Há diversas leis que estipulam o valor máximo da cláusula penal em provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima", ou pode ainda
situações específicas. Nesses casos, o juiz observa os limites especiais "exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras
fixados. como o mínimo de indenização" (art. 419). Poderá exigir a execução do
contrato, acrescido das perdas e danos cujo valor mínimo deve corresponder
Espécies: ao das arras.
• O valor da indenização pode superar o equivalente à devolução em dobro
"A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato das arras previstas para a hipótese de arrependimento (art. 420).
posterior, pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma • Havendo cumulação do pedido de execução do contrato com as perdas e
cláusula especial ou simplesmente à mora" (art. 409). danos, devem as arras ser abatidas do valor da indenização.

A cláusula penal pode ser compensatória, quando estipulada na Percebe-se que as arras não têm nenhuma função específica quando
hipótese de inadimplemento da obrigação; ou moratória de forma coercitiva, confirmatória. É apenas uma quantia estipulada inicialmente que ajudará no
quando aplicada nos casos de mora do devedor. A cláusula penal ressarcimento de eventual prejuízo.
compensatória geralmente possui valor elevado, pois representa a
recompensa do grande prejuízo que é o não cumprimento da prestação. As arras são chamadas de penitenciais quando têm por função resguardar o
direito de arrependimento das partes. Pode a parte infratora decidir por
"Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento liberar esse valor à outra ao invés do cumprimento da obrigação. O objetivo
da obrigação, esta se converterá em alternativa a benefício do credor" (art. não é ressarcir os prejuízos da parte afetada, mas sim representar uma
410). O dispositivo da à oportunidade para o credor escolher entre pleitear a pequena punição pelo descumprimento da outra.
pena compensatória, exigir o ressarcimento das perdas e danos ou exigir o
cumprimento da prestação. Tanto a cláusula penal quanto o ressarcimento "Se nos contratos for estipulado o direito de arrependimento para qualquer
das perdas e danos tem como objetivo impedir que o credor saia prejudicado das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste
com o inadimplemento. Em qualquer uma das hipóteses, o credor tem seu caso, quem as deu perdê-las-á" em benefício da outra parte; e quem as
patrimônio preservado. Por isso só é permitido ao credor escolher uma das recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. “Em ambos os casos não haverá
soluções. A escolha de mais de uma representaria um enriquecimento ilícito direito a indenização complementar” (art. 420). A devolução em dobro é
do credor. imposta porque se a devolução fosse simples, estar-se-ia apenas
restabelecendo o statu quo ante, sem nenhuma punição à parte que
Em se tratando de cláusula moratória, "quando se estipular a cláusula penal descumpriu com a obrigação. Como a função das arras penitencial não é de
para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula ressarcir os prejuízos, não é necessário a prova do prejuízo real para que
determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena possam ser exigidos.
cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal” (art. 411).
A mora pode ser tanto o atraso da prestação, como o cumprimento de forma A jurisprudência estabeleceu certas hipóteses nas quais a devolução das
diversa da estipulada. arras é apenas simples, e não dupla, são elas:

Nos casos de cláusulas penais moratórias o valor da multa é a) Quando há acordo nesse sentido;
geralmente pequeno, pois os prejuízos são referentes a um pequeno atraso,
b) Quando a não efetivação do contrato decorre de caso fortuito ou força
maior.
Restituição das arras em caso de cumprimento da obrigação:

"Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma das partes der à outra, a
título de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de
execução, ser restituídas ou computadas na prestação devida, se do mesmo
gênero da principal" (art. 417). Quando a obrigação se dá normalmente, sem
o arrependimento de nenhuma das partes, as arras funcionam como
princípio do pagamento.

Cláusula penal x Arras penitenciais

Ambos os institutos são de natureza acessória e buscam garantir o


adimplemento da obrigação, prefixando valores das perdas e danos.
Entretanto, são diversas as diferenças. A cláusula penal tem finalidade de
coerção para que se evite uma inadimplência futura; ela prevê as
conseqüências de um ato que não satisfaça a obrigação. As arras
penitenciais, no entanto, admitem o arrependimento, perdendo esse caráter
coercitivo. A cláusula penal pode ser sofrer redução quando há cumprimento
parcial da obrigação por parte do juiz - o mesmo não ocorre com as arras
penitenciais. Outro ponto importante é a exigência: a cláusula se torna
exigível se houver necessariamente o inadimplemento da obrigação; no
instituto das arras é exigido o pagamento antecipado

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