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O trabalho enobrece o homem?

“O trabalho enobrece o homem”. Este ditado tão enaltecido, esta frase


de efeito repetida orgulhosamente, ressalta a capacidade que tem o
trabalho de engrandecer o indivíduo em muitos de seus mais
pronunciados valores. Então além de prover as condições materiais de
subsistência, o trabalho contemplaria também a dignidade do
trabalhador e

se converteria numa verdadeira e orgulhosa dádiva por ele desfrutada,


uma dádiva que transforma a natureza e gera riquezas – ainda que
estas riquezas sejam por vezes desfrutadas por outrem.

Esta lógica floreada de dignidade do trabalho é, para alguém como


Bertrand Russell, uma mera ilusão convenientemente orquestrada e
empregada para ludibriar os trabalhadores ao longo de várias
gerações. Uma ilusão patrocinada pelas elites, pois estabelecer este
tipo de percepção serviu exatamente para aplacar os pobres, isto é,
foram os ricos quem pregaram o discurso da dignidade do trabalho
para os pobres “enquanto tratavam de se manter indignos a respeito
do mesmo assunto”. O trabalho enobrece, mas os nobres não
trabalham – ou pelo menos não realizam a mesma natureza de
trabalho a qual se dedicam os pobres. Então emerge uma distinção
das atividades desempenhadas pelas classes sociais.

Desde os tempos clássicos do florescimento da cultura ocidental, o


trabalho veio passando por construções e interpretações variáveis. Se
no período pré-socrático (VI a V a.C.) havia uma noção que associava
de maneira harmoniosa técnica e especulação abstrata, esta visão não
durou através dos períodos seguintes. Era comum na Grécia de então
que as classes ligadas à manufatura, ao artesanato e atividades
comerciais tivessem respeito social e até detivessem o poder nas polis.
Sólon, um grande reformador das leis em Atenas, chegou a
estabelecer que nenhum filho teria obrigação de garantir a
subsistência e o amparo a seu pai na velhice se este não houvesse lhe
ensinado um ofício, indício que demonstrava a importância de uma
profissão e do trabalho na sociedade grega naquela época. Um conflito
conceitual em torno do trabalho foi travado ainda na Grécia. De um
lado debatia-se a noção de que o trabalho deveria ser valorizado por
ter relação ao conhecimento, de outro lado, contudo, o trabalho era
desvalorizado como uma atividade inferior relativa à sua prática física
irrefletida e mecanizada e a segunda perspectiva acabou
prevalecendo. A técnica se afastou da abstração, o trabalho físico, em
conseqüência, se divorciou do trabalho intelectual. A escravidão e o
emprego de cativos no desempenho dos trabalhos físicos foi o grande
fator a deteriorar o valor do trabalho para a cultura ocidental. Deste
modo, o trabalho físico passou a ser desempenhado por indivíduos dos
estratos sociais mais pobres e inferiorizados enquanto os trabalhos de
natureza intelectual couberam a quem estava em condições de dirigir
a vida social, política e econômica das sociedades. O que se verificou
em Roma após a consolidação de suas conquistas no século II está
também relacionado a este fato. A noção positiva de “labor” foi
suplantada pela lógica aviltante da noção romana de “trabalho”, termo
que deriva de um instrumento utilizado para dar tração a bois
empregados no transporte de cargas, o “tripalium”. Esta noção
sobreviveu aos tempos e a separação entre os tipos de trabalho
também permaneceu viva.

Há aquelas atividades que possuem um caráter mais operacional e


físico, atividades que o antropólogo e economista Thorstein Veblen
classificou como industriais e que Bertrand Russel considerou como
um tipo de trabalho que “modifica a posição dos corpos na superfície
da Terra ou perto dela”. Estes trabalhos físicos, repetitivos e
corriqueiros, trabalhos que não exprimem proeza ou imponência são
executados pelos pobres, a maioria da massa trabalhadora. O segundo
tipo é “o que manda que outras pessoas façam o primeiro”, trabalhos
que abrangem atividades governamentais, militares, religiosas, de
controle e exploração de propriedades, enfim, atividades que se
destacam e se distinguem dos trabalhos físicos ordinários. O segundo
tipo das atividades é encarado como sendo composto por ofícios
nobres, dignos, escapam à vulgaridade própria das atividades
industriais mesmo com a falaciosa pregação de que “o trabalho
enobrece”. E não é casualidade que o primeiro tipo de trabalho seja
“desagradável e mal pago” enquanto o segundo seja “agradável e
muito bem pago”, como mais uma vez distingue Bertrand Russell. Esta
distinção é muito bem difundida tanto entre a elite quanto entre a
classe trabalhadora.

O camarada russo I. Kudriavtsev achava que a contradição entre


trabalho físico e intelectual era um fenômeno histórico e que ela havia
surgido com a divisão da sociedade em classes, concordando então
com o que já havia sido observado tanto por Engels quanto por Veblen
(que não era comunista). Acrescentou ainda que o desenvolvimento do
capitalismo acentuou esta contradição, considerando que a força de
trabalho, nas condições criadas e impostas pelo capitalismo, passou a
ser a mercadoria mais explorada e usurpada. Kudriavtsev, um
stalinista inveterado, acreditava que o socialismo iria superar a
diferença entre o trabalho físico e o trabalho intelectual e achava que
seu líder Stalin estava dando progressivos passos neste sentido (seu
artigo “Pela supressão da diferença essencial entre o trabalho
intelectual e o trabalho físico” foi publicado em 1955). Argumentou
que a base para a existência desta distinção havia sido combatida, isto
é, a propriedade privada dos meios de produção havia sido seriamente
derrotada na URSS, portanto, impondo uma nova relação de produção
sem que existisse a exploração injusta da força de trabalho. Além do
mais, observou que a educação havia sido democratizada sob o regime
socialista e que os intelectuais da nova ordem soviética integravam
também uma nova camada intelectual proveniente dos meios
operários e camponeses – “intelectuais do povo”. Estes “trabalhadores
intelectuais” não discriminavam nem se opunham aos trabalhadores
manuais, ao contrário, estavam todos unidos pela supressão da noção
de desvalorização do trabalho, que se tornou um “ponto de glória, de
valor e de heroísmo”.

Também sob o socialismo soviético houve a evocação do trabalho


como agente valorizador do homem. O trabalhador virou herói, mas,
apesar do discurso, continuava a haver distinção entre trabalho
intelectual e físico. A forte importância da burocracia do PC soviético
era preponderante e sua composição básica era de intelectuais.
Mesmo considerando a existência das kokhozes e das sovkhozes onde
os trabalhadores atuavam de maneira mais integrada e onde sua força
de trabalho era revertida em benefício coletivo, não se pode negar que
uma elite intelectual continuou a ter mais influência e participação no
comando da URSS, afinal, alguma contradição entre o trabalho físico e
intelectual continuou a existir, ainda que sob novas condições e
orientações políticas. Se a prática soviética não correspondeu à
retórica comunista relativa ao trabalho com exatidão, pelo menos a
exploração foi atenuada (a jornada de trabalho soviética chagou a ser
reduzida para 7 horas diárias).

Das distinções entre as atividades que caracterizam as classes sociais


deriva a noção de que a elite econômica, comparada à classe
trabalhadora, é uma verdadeira classe ociosa. Trata-se de uma classe
que “desfrutava vantagens que não tinham qualquer fundamento na
justiça social, o que tornou essa classe inapelavelmente opressora,
limitou seu sentido de solidariedade e levou-a a inventar teorias para
justificar seus privilégios.

O sentido de contaminação moral do trabalho é retrato evidente da


divisão das classes sociais e do estabelecimento dos padrões de
valorização e dignificação dos indivíduos que orbitam nestas classes.
Mas se há glória no ócio, então o que seria do discurso de que o
trabalho enobrece o homem e de que a ociosidade é mãe de todos os
vícios? A preguiça, afinal, não é um pecado capital? Há possibilidade
de defender o ócio para quem está fora da classe ociosa? Pois, como já
defendeu Bertrand Russel, este tipo de noção que visa ressaltar o
trabalho e denegrir a ociosidade não é sincera já em sua origem, pois
ela parte de quem, na ociosidade, nutre-se do trabalho alheio. Paul
Lafargue e seu posicionamento comunista, independente de sua
condição de genro de ninguém menos que Karl Marx, defendeu os
trabalhadores exatamente do trabalho. Segundo ele, os desvalidos se
encontram atormentados por uma espécie de loucura: “Esta loucura é
o amor pelo trabalho, a paixão moribunda pelo trabalho, levada até o
esgotamento das forças vitais do indivíduo e sua prole. Em vez de
reagir contra essa aberração mental, os padres, economistas,
moralistas, sacrossantificam o trabalho”. Loucura. Eis que mais uma
possibilidade nos surge: o domínio da sanidade dos ociosos prevalece
sobre os loucos trabalhadores? Segundo Lafargue isto é absolutamente
verdadeiro. Sua conclamação pela ociosidade contra a loucura do
trabalho acabou tomando uma dimensão divina, pois ele tomou um
exemplo insuperável: lembrou que o próprio Deus decidiu descansar
eternamente após seis dias de trabalho na criação do mundo, num
supremo exemplo de preguiça.

Bertrand Russell acreditava que o ideal da vida não seria o


desintegrar-se completamente pelo trabalho, mas o desfrutar da
liberdade de momentos nos quais se estaria completamente livre do
trabalho. Defendeu a classe ociosa, apesar de se manifestar contrário
ao sentido de injustiça social que fez “diminuir enormemente sua
excelência”, porque ela contribuiu notavelmente para construir o que
se entende por civilização e mais: “Ela cultivou as artes e descobriu as
ciências, escreveu os livros, inventou as Filosofias, aperfeiçoou as
relações sociais. Mesmo a libertação dos oprimidos foi geralmente
iniciada a partir de cima. Sem a classe ociosa, a humanidade nunca
teria saído da barbárie”. A idealização de uma vida livre e ociosa, sem
a torturante obrigação do trabalho, sempre foi projeto para poucos. O
teatrólogo checo Karel Capek vislumbrou em sua peça Rossum’s
Universal Robots, de 1920 (da peça originou-se o termo “robô”), um
ambiente livre do trabalho, que era realizado por máquinas concebidas
à imagem e semelhança dos homens.

Nada mais agradável que imaginar um mundo sem o trabalho, esta


antítese de liberdade. Contudo, o estágio no qual vivemos, com suas
exigências sobre nossos meios e condições de subsistência, requer que
tenhamos o trabalho como fonte. A tecnologia tem atuado no sentido
de viabilizar mais conforto e melhores condições de vida ao mesmo
tempo em que reduziu postos de trabalho, tendo o desemprego como
um de seus mais notáveis subprodutos. Para um desempregado não
importa se sua força de trabalho será explorada nem se a jornada de
trabalho irá lhe privar de tempo que seria ociosamente desfrutado
para nos livrar da barbárie. A promessa de libertação do trabalho não
deixa de ser contraditória e paradoxal independentemente se proposta
por marxistas ou neo-hedonistas.
Trabalho nos dias de hoje

Entende-se por trabalho a atividade exercida pelo homem no ato


produtivo (bens e serviços) e é importante para todo o ser humano
uma vez que é a sua fonte de rendimento.

Antigamente as pessoas viam o emprego de uma maneira muito


diferente da forma como atualmente nós vemos. Viam-no como um
trabalho para a vida toda, como algo seguro e não como transitório. Os
tempos agora mudaram!

Inicialmente, é preciso referir que existem bastantes transformações


na economia que surtiram efeito no trabalho, isto é, o emprego passou
de estável a precário. Por outro lado a formação alterou-se por
completo, pois antes as pessoas não eram incentivadas a estudar, algo
que mudou totalmente, podendo dar como exemplo a implementação
da escolaridade mínima obrigatória e prémios para os alunos, com
SASE, que tenham bons resultados escolares. Mas é preciso ainda
referir que a formação das pessoas alterou-se, pois a aprendizagem
outrora era adquirida através de um curso específico, e actualmente a
aprendizagem faz-se ao longo da vida.

A nossa economia é baseada no conhecimento uma vez que mais de


70% da população se concentra no sector terciário e existe uma maior
utilização das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).
Houve uma grande evolução, aumentando os trabalhadores mais
qualificados e instruídos. Mas existe um problema na transição das
antigas para as novas estruturas, colocando problemas de índole
social, nomeadamente a exclusão social.

Atualmente, vivemos uma crise económica que veio afetar a nossa


população. Existem cada vez mais empresas a falir e como tal o
numero de desempregos aumenta, mas isto não significa que não
exista oferta de emprego e/ou saídas para quem está desempregado.
Existem pontos importantes que pretendo focar, como a questão da
mudança de mentalidades, a exclusão social e a confiança na
economia.

Como já referi anteriormente, as pessoas tinham a ideia de que iriam


ter um trabalho estável para o resto da vida e essa situação mudou. As
pessoas agora raramente têm apenas um trabalho durante toda a
vida, visto que procuram sempre um que lhes dê melhores condições
de vida e algumas pessoas ficaram paradas no tempo e não
acompanharam a evolução da sociedade. Isto é de certa forma
bastante negativo, pois estas pessoas não se conseguiram adaptar aos
novos requisitos do trabalho. Acabam por não se conseguir integrar
novamente na sociedade que vivemos na maior parte das vezes.

A maioria das mulheres antes do 25 de Abril ocupava-se dos trabalhos


domésticos devido à mentalidade da época (“em casa manda ela, e
nela mando eu”) e quando entraram no mercado de trabalho, a
procura do emprego aumentou bastante.

É importante ainda referir que existe um certo preconceito


relativamente aos trabalhos menos qualificados, ou seja, há pessoas
que se recusam a empregar-se em áreas menos qualificados, como a
construção civil ou em trabalhos domésticos. Existe actualmente uma
grande polémica relativamente a uma afirmação de Manuela Ferreira
Leite quando disse que o TGV apenas iria dar emprego aos imigrantes,
realçando a mentalidade de um dos partidos que é representado por
grande parte do povo português.

Algumas pessoas com de 40/45 anos tiveram bastantes dificuldades a


acompanhar estas mudanças e acabaram por perder o “comboio” da
evolução do trabalho, no que toca essencialmente a trabalhos que
englobam as tecnologias. É difícil para estes entrar no mundo do
trabalho novamente, pois são facilmente ultrapassados pelos jovens
que estão mais habituados a trabalhar com computadores. Isto leva-
nos a que estas pessoas reformem-se mais cedo do que previsto
porque não conseguem arranjar emprego.

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