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ISSN 1982-3541

Belo Horizonte-MG
2008, Vol. X, nº 1, 51-66

Análise de um procedimento de comunicação funcional


alternativa (picture exchange communication system)

Analysis of an alternative functional


communication´s procedure (picture exchange communication system)

Adriana Piñeiro Fidalgo


Juliana Palma de Godoi
Paula Suzana Gioia
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP

Resumo

Indivíduos com desenvolvimento atípico apresentam, freqüentemente, atraso de desenvolvimento da fala,


precisando, muitas vezes, de procedimentos de comunicação alternativa com estímulos visuais, como
o PECS (Picture Exchange Communication System). Este trabalho apresenta resultados de duas pesquisas
independentes, que investigaram a eficácia do PECS em ensinar a comunicação por troca de figuras e
seus efeitos colaterais sobre a freqüência de verbalizações e de outros comportamentos específicos (manter
contato visual e ficar sentado para P1; subir e descer escadas para P2). P1, 11 anos, foi diagnosticado com
Síndrome do X-Frágil com características autísticas; e P2, 23 anos, é portadora de Síndrome de Down. Os
dados mostraram que P2 aprendeu a fase 1 do PECS mais rapidamente do que P1. Houve aumento na
freqüência de verbalizações de ambos participantes e as características estruturadas e concretas do treino
contribuíram para o aumento da freqüência dos comportamentos específicos.

Palavras-chave: Síndrome do X-frágil, Síndrome de Down, Comportamento Verbal, PECS

Abstract

Individuals with developmental disabilities usually show delay in their speech development, so they use
alternative communication procedures with visual stimulus like PECS (Picture Exchange Communication
System). This study shows the results from two independent researches that investigated the efficacy of
PECS and its collateral effects over verbalization frequency and over other specific behaviors (keeping
eye contact and sit down during activities for P1; and go up and down stairs for P2). P1, 11 years old, was
diagnosed with Fragile X Syndrome with autistic characteristics; and P2, 23 years old, has Down Syndrome.
Data showed that P2 learned the first phase of PECS faster than P1. Verbalization frequency was increased
and concrete and structured characteristics of the training contributed to increase the frequency of other
behaviors.

Keywords: Down Syndrome, Fragile X Syndrome, Verbal Behavior, PECS.

 Aluna do quinto ano da graduação da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
E-mail: drifidalgo@hotmail.com
 Mestranda do Programa de Pós Graduação em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo. E-mail: jugodoi@hotmail.com
 Professora Doutora da Faculdade de Psicologia e do Programa de Pós Graduação em Psicologia Experimental: Análise do Compor-
tamento da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. E-mail: gioia@terra.com.br

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Adriana Piñeiro Fidalgo - Juliana Palma de Godoi - Paula Suzana Gioia

A linguagem e a comunicação entre os trário, tais respostas não seriam efetivas em


seres humanos têm sido foco de investigação, produzir as conseqüências últimas no mundo
estudo e pesquisa de grande parte das áreas e, portanto, não seriam mantidas.
do saber, tais como Psicologia, Filosofia, Ar- A definição de comportamento ver-
tes, História, Medicina, entre outras. Porém, bal skinneriana contém, então, dois postula-
segundo Skinner (1957/1992) as formulações dos fundamentais que podem ser resumidos
tradicionais acerca do que tem sido chamado da seguinte maneira: comportamento verbal
de linguagem não têm sido eficazes em iden- é um comportamento operante reforçado pela
tificar claramente seu objeto de estudo e nem mediação de uma outra pessoa, o ouvinte, desde
dispõem de métodos apropriados para o es- que este tenha passado por um treino especial
tudo dos processos envolvidos no uso da lin- que lhe permita responder diferencialmente
guagem. ao comportamento do falante.
Uma das críticas feitas pelo autor aos A partir deste enfoque funcional Skin-
lingüistas se refere ao fato de esses darem ner classificou o comportamento verbal em
mais importância às comparações entre dife- seis operantes verbais principais: mando, tac-
rentes línguas e à reconstrução das mudanças to, ecóico, intraverbal, textual e transcrição. Essa
históricas sofridas pelas línguas, do que ao classificação baseia-se nas variáveis antece-
estudo do falante individual. Esta limitação dentes e conseqüentes do comportamento
tem impedido avanços no pensamento do verbal, isto é, em que circunstâncias o operan-
homem acerca da linguagem, ou seja, estas te verbal tem maior probabilidade de ocorrer
abordagens não desenvolveram as técnicas e que tipo de conseqüências produz.
necessárias para uma análise causal desta. Em relação à variável antecedente, es-
Com uma proposta inovadora para tes operantes se dividem em dois grupos: 1) a
analisar e descrever a linguagem, em 1957 variável antecedente é uma operação estabe-
Skinner publicou o Verbal Behavior, que apre- lecedora ou um estado de estimulação aver-
senta uma abordagem funcional dos compor- siva, neste caso a conseqüência produzida é
tamentos e processos envolvidos na lingua- específica e depende de um estado de priva-
gem. Skinner defende que tais comportamen- ção específico ou da presença de um estímu-
tos e processos tipicamente humanos são sele- lo aversivo específico. Os comportamentos
cionados e mantidos por suas conseqüências. classificados neste grupo recebem o nome de
Uma resposta vocal pode agir sobre o mundo mando. Esse é então, uma resposta verbal sob
modificando-o, isto é, produzindo conseqü- controle de condições relevantes de privação
ências que retroagem sobre a resposta e, por ou de estimulação aversiva, cuja topografia
sua vez, a alteram. A partir desta abordagem, especifica a sua conseqüência e que, conse-
Skinner afirma que a linguagem é um com- qüentemente, opera em benefício do falante.
portamento operante como outro qualquer, O mando é comumente chamado de ordem,
sendo assim, sugere o uso do termo compor- pedido, desejo, conselho, etc. 2) a variável ante-
tamento verbal. cedente é um estímulo discriminativo, isto é,
A particularidade do comportamento quando existe uma história de reforçamento
verbal está no tipo de conseqüência produzi- diferencial, na qual, frente a um determinado
da, ou seja, o comportamento verbal não age estímulo, a resposta é reforçada e frente a ou-
diretamente sobre o mundo do qual partem tros estímulos o reforço não ocorre. As conse-
suas conseqüências últimas, mas apenas por qüências produzidas por estes comportamen-
meio da mediação de uma outra pessoa, o ou- tos são estímulos reforçadores condicionados
vinte. Este, necessariamente, deve ser alguém generalizados. Estão nesse grupo todos os
especialmente preparado para responder di- demais operantes verbais: tacto, ecóico, intra-
ferencialmente aos padrões de energia gera- verbal, textual e transcrição.
dos pelas respostas verbais do falante, ao con- O segundo grupo de operantes, cujas

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variáveis antecedentes são estímulos discri- escrita.


minativos, por sua vez, se subdivide em dois Sendo um comportamento operante,
grupos: 2a) aquele cujos estímulos discrimi- isto é, selecionado e mantido por suas conse-
nativos são estímulos não verbais, tais como qüências e passível de controle por variáveis
objetos e eventos do mundo físico ou proprie- antecedentes, o comportamento verbal é ad-
dades destes objetos ou eventos. Nesse grupo quirido durante as experiências individuais
está o operante tacto, que é descrito no senso de cada ser humano, particularmente por
comum como nomeação ou descrição. 2b) No meio de suas interações sociais. Indivíduos
segundo subgrupo estão os operantes ecóico, com autismo ou com outros tipos de desen-
intraverbal, textual e transcrição, que estão sob volvimento atípico freqüentemente possuem
controle de estímulos antecedentes verbais, grandes dificuldades em estabelecer e man-
isto é, respostas de outras pessoas. ter interações sociais, pois além de terem dé-
O grupo 2b, respostas verbais sob con- ficits de comportamentos sociais específicos,
trole de estímulos verbais, pode ser dividido tais como estabelecer e manter contato visual,
em dois grupos: 2b1) quando não há corres- emoção compartilhada e seguimento de ins-
pondência ponto à ponto (conteúdos diferen- truções, essas pessoas, na maioria das vezes,
tes) entre o estímulo e a resposta. Esse ope- não buscam a aproximação com outros seres
rante é o intraverbal, que ocorre nas respostas humanos espontaneamente. Assim, os proces-
a perguntas, nos diálogos, nas frases deco- sos comportamentais que levam à aquisição
radas, etc. Nesse operante tanto o estímulo da comunicação funcional ficam prejudica-
antecedente quanto a resposta podem ser dos, pois estes dependem fundamentalmente
verbais ou escritos, ou seja, podem ou não ter da interação entre um falante e um ouvinte.
correspondência formal (topográfica). 2b2) O Sistema de Comunicação por Troca
quando há correspondência ponto à ponto de Figuras (Picture Exchange Communica-
entre o estímulo e a resposta, ou seja, ambos tion System - PECS), desenvolvido por Bondy
têm o mesmo conteúdo. Nesse grupo estão os e Frost (1994), consiste em uma forma alter-
operantes ecóico, textual e transcrição. nativa de comunicação por meio da troca de
O ecóico é um operante que possui estí- estímulos visuais por objetos ou atividades
mulo antecedente vocal e resposta vocal, isto de interesse. O objetivo do PECS é ensinar
é, estímulo e resposta têm a mesma topogra- indivíduos com déficit no repertório verbal
fia (correspondência formal). Este operante a se comunicarem funcionalmente, isto é, a
ocorre quando uma pessoa repete exatamen- emitir comportamentos sob controle de estí-
te o que a outra disse. O textual consiste no mulos antecedentes verbais ou não verbais
que é comumente chamado de leitura, nesse e que produzam conseqüências mediadas
caso o estímulo antecedente é escrito (visual) por um ouvinte especialmente treinado para
e a resposta é vocal, logo, não há correspon- responder a estes comportamentos. Assim,
dência formal (topográfica) entre estímulo e esses comportamentos não precisam neces-
resposta. sariamente ser vocais, desde que sejam sele-
Finalmente, os operantes verbais, clas- cionados e mantidos por esse tipo particular
sificados por Skinner como transcrição, podem de conseqüência (mediada). Segundo Skinner
ou não ter correspondência formal. Quando (1957/1992) o comportamento vocal é apenas
há correspondência formal, isto é, estímulo e a forma mais comum de comportamento ver-
resposta estão na mesma dimensão, chama-se bal, ou seja, é a forma mais identificada como
a resposta de cópia (estímulo escrito e respos- verbal, por exercer pouco efeito sobre o mun-
ta escrita). Quando não há essa correspon- do físico. Além disso, a comunicação vocal
dência, estando o estímulo e a resposta em atinge o ouvinte de uma forma mais eficaz,
dimensões diferentes, dá-se o nome de ditado, ou seja, este não precisa necessariamente es-
nesse caso o estímulo é vocal e a resposta é tar perto do falante e nem olhando para ele

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para ser afetado por seu comportamento. Al- o indivíduo a pedir por algo que lhe interes-
gumas outras formas de comunicação, como se, pode ser um objeto ou até mesmo uma si-
a linguagem de sinais e a linguagem escrita, tuação (um intervalo, ir ao banheiro, ir para
têm alcances mais restritos. casa, etc.). O sujeito aprende a dar uma figura
Com o PECS, o indivíduo adqui- (representação de um objeto ou de uma situ-
re o comportamento verbal não vocal, isto ação) para outra pessoa, que por sua vez lhe
é, aprende a se comunicar funcionalmente entregará o que foi pedido. Indivíduos nessa
(emitir respostas sob controle de conseqüên- fase do treino aprendem rapidamente novos
cias mediadas por outra pessoa) por meio de comportamentos, pois são imediatamente re-
figuras, fazendo a troca de imagens (repre- forçados pelas conseqüências de suas respos-
sentações visuais) pelos objetos de interesse tas.
(conseqüências específicas produzidas pelo Nesse caso, o operante verbal ensi-
operante mando) ou por algum outro refor- nado é o mando, afinal o indivíduo emite a
çador generalizado (produzido pelos demais resposta sob controle de um estado de priva-
operantes verbais). ção específico (privação de alimento g pede
A rápida aprendizagem das habili- comida) ou da presença de uma estimulação
dades envolvidas no PECS ocorre devido ao aversiva (demanda g intervalo). Além disso,
contexto estruturado e concreto desse treino a conseqüência que mantém essa resposta é
que facilita a compreensão da comunicação específica, isto é, o próprio estímulo descrito
funcional pelos indivíduos com autismo. pela resposta verbal do indivíduo.
Muitos estudos (Finkel & Williams, 2001; Bondy e Frost (1994) relatam que um
Shabani, Katz, Wilder & Beauchamp, 2002; possível efeito colateral positivo do PECS se-
Krantz & McClannahan, 1998) mostram que ria a emergência da fala. De acordo com os
quanto mais concreta (com mais característi- autores, um grande número de crianças de-
cas físicas), estruturada e específica for o tipo senvolveu a fala a partir de um ou dois anos
de dica, melhor e mais rápido é o aprendizado após o início do treino. Eles ainda apontam
de habilidades verbais de crianças autistas, se que existem poucos estudos empíricos refe-
comparado com as dicas auditivas. rentes aos possíveis ganhos secundários do
Os autores do PECS afirmam que as PECS relacionados à emergência e aumento
outras formas de comunicação funcional da fala.
existentes, como por exemplo, a linguagem Charlop-Christy, Carpenter, Le, Le-
de sinais, não são tão eficientes como o PECS, Blanc e Kellet (2002) realizaram uma pesquisa
pois exigem que o interlocutor tenha conheci- com o objetivo de avaliar a eficácia do PECS
mento prévio dos sinais utilizados. Já os estí- em termos da quantidade de treino necessá-
mulos visuais usados no treino do PECS são ria para o aprendizado das habilidades pro-
facilmente reconhecidos por todas as pessoas, postas e envolvidas nesse treino. Para isso,
pois além de apresentarem uma foto da situ- utilizaram um delineamento de linha de base
ação ou do objeto em questão, também apre- múltipla e investigaram qual o tempo de trei-
sentam os nomes destes logo abaixo da figura. no necessário para que os participantes atin-
Esse procedimento, como um todo, também gissem o critério de aprendizagem de cada
tem se diferenciado dos demais treinos de fase do PECS, critérios esses que variavam
comunicação alternativa por não exigir uma de acordo com as etapas do treino, e que são
intervenção muito complexa, por não neces- especificados do Manual do PECS (Bondy &
sitar de equipamentos caros e por poder ser Frost, 1994).
realizado em diferentes ambientes (em casa, Os autores também avaliaram os ga-
na escola, na clínica, etc.), pois o material uti- nhos secundários decorrentes ao treino rela-
lizado é portátil. cionados à emergência da fala (respostas ver-
O treino do PECS inicialmente ensina bais espontâneas ou imitativas emitidas pelos

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participantes), comunicação social (iniciar um as figuras em locais mais afastados para então
diálogo, manter contato visual) e comporta- entregá-las ao experimentador; c) discrimina-
mentos-problema (jogar ou chutar objetos no ção de figuras – na qual o participante deve-
chão, levantar da cadeira durante a realização ria aprender a escolher, entre duas figuras,
de alguma tarefa, entre outros). Os compor- aquela que correspondesse ao objeto deseja-
tamentos-problema avaliados variavam de do; d) estruturação de sentenças usando car-
acordo com os participantes, e ocorriam tipi- tões escritos e figuras – em que o participante
camente em situações em que estes não con- deveria montar frases utilizando cartões com
seguiam obter algo que desejavam, ou quan- palavras escritas “Eu quero”, seguidas da fi-
do tarefas indesejadas eram propostas (frente gura de um objeto de interesse; e) treino de
a demandas). respostas às perguntas – em que, após o expe-
Além das sessões de treino do PECS, rimentador perguntar ao participante “O que
também foram realizadas sessões de brinca- você quer?”, este, por sua vez, deveria montar
deira livre e sessões acadêmicas. Nas sessões a frase citada no tópico anterior; f) descrição
de brincadeira livre, que ocorriam uma vez ou comentários sobre objetos – nesta fase de-
por semana, os participantes permaneciam veriam ser treinadas respostas com a função
uma hora em uma sala com brinquedos e po- de tacto, ou seja, o participante deveria apren-
diam se movimentar livremente pelo espaço. der a, assim que visse um objeto, relatar o que
Já nas sessões acadêmicas os participantes de- viu pegando a figura correspondente e a en-
veriam realizar tarefas tais como colorir uma tregando ao experimentador. Também foram
figura, identificar cores, copiar palavras, en- realizadas sessões pós-treino e houve acom-
tre outras. Em ambas as sessões (livre e aca- panhamento em longo prazo (10 meses após
dêmica), os pesquisadores, baseando-se nas o estudo) de um dos participantes. Além do
sessões de linha de base realizadas anterior- treino do PECS, também foi utilizado o proce-
mente, procuravam identificar mudanças re- dimento de reforçamento diferencial, no qual
lativas aos comportamentos-problema e aos as verbalizações e respostas de interação so-
repertórios de comunicação social dos parti- cial adequadas (manter contato visual, iniciar
cipantes. um diálogo) eram reforçadas positivamente,
Os participantes da pesquisa foram e as respostas inadequadas (chutar ou jogar
três meninos autistas, todos com grave déficit objetos no chão, entre outras) não eram con-
de comunicação. As sessões foram realizadas seqüenciadas.
em diferentes locais (na escola, em uma sala Os resultados da pesquisa mostraram
especial e nas casas dos participantes) para que todas as crianças alcançaram, de forma
facilitar uma possível generalização. Os ma- relativamente rápida, os critérios de aprendi-
teriais utilizados foram cartões com fotos em zagem propostos em cada fase do treino (por
preto e branco dos itens de preferência de exemplo, entregar a figura na mão do pesqui-
cada participante, cartões com as palavras es- sador na fase 1, e entregar a figura na mão do
critas “eu quero”, “eu vejo”, “sim” e “não”, pesquisador estando este agora mais afasta-
além de uma prancha com velcros onde as fi- do do participante, na fase 2) e que tanto as
guras eram coladas. verbalizações quanto as respostas de comu-
Foram realizadas as seis fases do nicação social aumentaram de freqüência. Já
PECS: a) troca física da figura pelo objeto cor- a freqüência dos comportamentos-problema
respondente – na qual o participante deveria diminuiu. Os resultados também indicaram
aprender a pegar a figura e a entrega-lá ao ex- que o aumento das habilidades de comuni-
perimentador, para que este, imediatamente, cação ocorreu juntamente com a diminuição
fornecesse o objeto correspondente ao parti- dos comportamentos-problema. De acordo
cipante; b) aumento da espontaneidade – em com os pesquisadores, quando os participan-
que o participante deveria aprender a pegar tes encontraram uma forma mais adequada

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de se expressar, os comportamentos inade- cado com Síndrome do X-Frágil com caracte-


quados relacionados à linguagem perderam a rísticas autísticas. Segundo a Fundação Brasi-
função e, portanto, não foram mais emitidos. leira da Síndrome do X-Frágil, esta deficiência
Para os autores, a emergência da fala é causada por um gene defeituoso localizado
foi o achado mais importante da pesquisa, no cromossomo X, sendo seus principais sin-
pois demonstra a eficácia do PECS relacio- tomas a dificuldade de aprendizagem e o re-
nada ao aumento das verbalizações. Eles tardo mental em diferentes graus.
acreditam que, possivelmente, o que causou Ainda de acordo com a Fundação Brasi-
a emergência da fala foi o procedimento de leira da Síndrome do X-Frágil, também são
atraso de dicas no momento da troca da figura freqüentes as seguintes características: hi-
pelo item de interesse. Seguindo este procedi- peratividade, impulsividade, concentração
mento, o pesquisador recebia do participan- rebaixada, ansiedade social, dificuldade em
te, por exemplo, a foto de uma bola, então ele lidar com estímulos sensoriais, imitação, de-
fornecia o modelo ecóico do nome do objeto sagrado quando a rotina é alterada, compor-
(“bola”), após algumas tentativas pronuncia- tamentos repetitivos, irritação e “explosões
va apenas metade do nome do objeto (“bo”), emocionais”, traços “autísticos” como este-
até o momento em que o participante verba- reotipias motoras, evitar contato tátil e evitar
lizava o nome do objeto de forma indepen- contato visual.
dente. Toda vez que o participante repetia ou P1 não se comunicava por meio da
completava a fala do pesquisador, era imedia- fala, apenas fisicamente, ou seja, levava o
tamente reforçado com elogios e com a entre- adulto até o objeto desejado. Este, ainda apre-
ga do item de interesse no caso, a bola. Esse sentava alguns comportamentos inadequa-
procedimento possibilitou a transferência do dos como agressões e birras, quando frustra-
controle de estímulos das verbalizações emiti- do ou frente a uma demanda. Além disso, P1
das pelo pesquisador para as figuras do PECS emitia uma série de comportamentos estereo-
e, em seguida, para a presença do objeto real. tipados (repetitivos) como pegar um livro ou
Seguindo a proposta de Charlop- caderno grosso e ir soltando as páginas deva-
Christy et al. (2002) e tendo em vista a necessi- gar, olhando o movimento das folhas; bater o
dade de mais estudos na área de comunicação dedo em um saco plástico com alguma coisa
funcional serem realizados, especialmente dentro, andando e ouvindo o barulho do saco;
com participantes brasileiros, o objetivo dos sons repetitivos sem função de comunicação;
dois estudos aqui apresentados foi investigar cantar partes de músicas repetitivas de forma
a eficácia do PECS em termos da quantida- ininteligível, sempre no mesmo ritmo, com a
de de treino necessária para a aquisição das boca torta e o “olhar para o nada” (sem um foco
habilidades envolvidas na comunicação fun- claro).
cional por meio da troca da figura pelo item, P1. nunca foi submetido a qualquer
e seus efeitos colaterais, isto é, a interferência atendimento profissional devido às precárias
do treino sobre a freqüência de verbalizações condições financeiras da família. Dessa for-
adequadas e sobre a aprendizagem de outros ma, a família nunca foi orientada a respeito
comportamentos específicos de cada partici- de como motivá-lo a aprender, nem acerca de
pante. como fazer isto.

Método Local
O Treino do PECS para P1 foi reali-
Estudo 1 zado em uma clínica particular de interven-
ção comportamental. A sala de atendimento
Participante era composta por uma mesa pequena, uma
P1, de 10 anos de idade, foi diagnosti- cadeira de tamanho normal e duas cadeiras

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pequenas. Além disso, a sala ainda continha c)Treino adicional para outros comportamentos
um armário alto, fora do alcance de P1, onde Paralelamente ao treino do PECS hou-
ficavam algumas caixas de brinquedos. Nas ve um treino adicional para os comportamen-
sessões de P1 estavam presentes dois experi- tos de sentar, manter contato visual e seguir
mentadores e, eventualmente, a mãe do par- instruções verbais (comportamentos necessá-
ticipante. rios para o andamento das sessões de treino
na clínica onde P1 era atendido). Esse treino
Material envolveu procedimentos de reforçamento di-
Foram utilizadas folhas de registro ferencial e fading out da dica (retirada gradual
desenvolvidas especialmente para a coleta de da ajuda, isto é, inicialmente a pesquisadora
dados do treino do PECS, e folhas em branco dava ajuda física para P1 emitir tais compor-
para fazer o registro cursivo das outras obser- tamentos, aos poucos essa ajuda foi sendo
vações. Os materiais necessários para a apli- gradualmente reduzida).
cação do PECS foram: os itens de interesse de
P1 (salgadinho, música/aparelho de som, pa- Estudo 2
nela, pastel, livro e bola); fotos impressas dos
respectivos itens. Participante
P2, de 23 anos de idade, foi diagnosti-
Procedimentos específicos cada como portadora de Síndrome de Down.
a) Teste de preferência de estímulos: A participante, além de possuir um repertó-
Para P1 os itens de interesse foram se- rio de comunicação social pobre (pouca ocor-
lecionados a partir de observações diretas rência de falas, uso de frases curtas ou mo-
numa área de brincadeira livre, isto é, foram nossilábicas, dicção de difícil compreensão,
observados objetos dos quais P1 se aproxima- falta de iniciativa para iniciar ou manter um
va e atividades que iniciava. Também foram diálogo), necessitava da ajuda de outras pes-
coletados dados de itens de preferência a par- soas para realizar determinadas tarefas, tais
tir de entrevistas com a mãe. como subir e descer escadas, carregar a pró-
A partir dessas informações foi planejado pria mochila, abrir e fechar a mochila, retirar
e aplicado um Teste de Preferência de Estí- e guardar o material escolar da mochila, entre
mulos (Guilhardi, 2003), com itens comestí- outras. Assim, grande parte de seus compor-
veis e brinquedos, apresentados de dois em tamentos dependiam da presença de outras
dois, de modo que todos os itens fossem com- pessoas para ocorrer.
binados com todas as outras possibilidades. A partir das entrevistas iniciais cons-
Foram selecionados nesse teste três itens pre- tatou-se que a mãe da participante não exigia
feridos, sendo eles: salgadinho; música e bola comportamentos de independência (amarrar
de borracha. os sapatos, escovar os dentes, trocar de rou-
pa e outras tarefas de cuidado pessoal) e nem
b) Linha de base respostas verbais de P2. Supõe-se assim que
As observações de P1 foram feitas em o déficit no repertório de comunicação social
sua casa e permitiram fazer uma avaliação da participante e a grande dependência de
do repertório inicial (freqüência e função das outros se deve a sua história de vida, que não
verbalizações; comportamentos adequados estimulou o treino destas habilidades.
como sentar, manter contato visual e seguir
instruções verbais; comportamentos inade- Local
quados como birras e agressões). Foram fei- O treino de P2 ocorreu em uma escola
tas cinco sessões de observação direta de uma pública de São Paulo, sempre em alguma de
hora cada, em média. suas salas, que variavam de acordo com a dis-
ponibilidade das mesmas. As instalações da

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escola mais utilizadas para o treino do PECS (toda vez que P2 subia e descia as escadas
foram as salas de aula, porém, ocasionalmen- sem pedir por ajuda ou de forma autônoma
te, também utilizava-se a biblioteca e a sala era reforçada com elogios e brincadeiras) e fa-
de computação. As salas precisavam ter uma ding out de dicas (inicialmente a pesquisadora
mesa de tamanho médio, duas cadeiras, e segurava o braço de P2 enquanto esta descia
uma entrada para tomada. ou subia as escadas, após algumas tentativas
apenas segurava a sua mão e por fim deixou
Material de dar apoio para a participante ao longo do
Foi utilizado o mesmo material do es- trajeto).
tudo 1, sendo os itens de interesse de P2 um
aparelho de som, uma cola de bastão, diver- Procedimento Geral
sos lápis de cor, cinco livros infantis e CDs
que a própria participante trazia. Treino da comunicação pelo PECS
O treino do PECS em ambos os estudos
Procedimentos específicos foi realizado de acordo com o proposto pelos
a)Teste de preferência de estímulos: autores que o desenvolveram (Bondy & Frost,
Para P2 os itens de interesse foram sele- 1994). Foram utilizados os procedimentos de
cionados a partir de entrevista com a mãe. fading de dicas e de reforçamento diferencial.
O Treino de PECS proposto por Bon-
b) Linha de base dy e Frost (1994) consiste em 6 fases (1) Troca
A avaliação do repertório inicial de P2 Física; 2) Aumento da Espontaneidade; 3) Discri-
foi feita por meio de observações semanais de minação de Figuras; 4)  Estruturação de Senten-
aproximadamente três horas, sempre no am- ças; 5) Responder à pergunta “O que você quer?”;
biente escolar. Foram registradas freqüência e 6) Fazer Comentários). Porém, ambos os par-
e função das verbalizações e as respostas de ticipantes concluíram apenas a Fase 1 desse
subir e descer escada de forma independente. treino, que será melhor explicada a seguir.
Para a obtenção de mais dados também foi re- Para uma descrição mais detalhada das ou-
alizada a leitura da ficha de P2 na secretaria, tras fases do procedimento de treino do PECS
que continha o diagnóstico médico da parti- ver Bondy e Frost (1994). Deve-se ressaltar
cipante e observações gerais a respeito de seu que a principal fase deste procedimento é a
desempenho nas atividades escolares; uma fase 1, em que o participante aprende as prin-
entrevista inicial com a mãe da participan- cipais habilidades envolvidas nessa forma de
te; e entrevistas informais com funcionários comunicação alternativa. Na outras fases, tais
e professores da escola, que foram realizadas habilidades são apenas refinadas.
durante os intervalos das aulas. Na fase 1, o experimentador (A) per-
manecia sentado na frente do participante
c) Treinos adicionais para outros comportamen- e outro experimentador (B) ao seu lado. Os
tos participantes tinham a sua frente, em cima de
Para P2 foram treinados e registrados, uma mesa, a foto do item de interesse (apa-
paralelamente ao treino do PECS, os com- relho de som, salgadinho, etc). Quando o ex-
portamentos de subir e descer escadas, esses perimentador (A) perguntava: “O que você
só ocorriam com a ajuda de outras pessoas e quer?”, o experimentador (B) fornecia ajuda
eram comportamentos relevantes para a auto- física ao participante, segurando a sua mão,
nomia da participante no ambiente escolar e fazendo-o pegar a figura e colocá-la na mão
para a realização do treino do PECS, uma vez do experimentador (A). Este imediatamente
que as sessões de treino ocorriam em salas no consequenciava o participante com elogios e
segundo andar da escola. Esse treino utilizou fornecia-lhe o item requisitado.
procedimentos de reforçamento diferencial Ao longo do procedimento o experi-

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mentador (B) gradualmente deixou de dar Também serão apresentados dados de freqü-
ajuda física ao participante. As dicas foram ência de verbalização (respostas vocais) tanto
mais discretas (apenas tocava a mão do par- durante a troca da figura pelo item quanto em
ticipante, ou apontava com o dedo para a fi- outros momentos das sessões experimentais e
gura). A partir do momento em que P1 e P2 dados acerca de possíveis ganhos adicionais
não precisaram mais de ajuda alguma para relacionados às necessidades específicas de
realizar a tarefa proposta, registrou-se que a cada participante (manter contato visual e fi-
tarefa foi feita de forma independente. A fase car sentado para P1 e subir escadas para P2).
1 do PECS terminou quando os participantes P1 realizou nove sessões de treino
passaram a fazer a troca física da figura pelo de, aproximadamente, uma hora cada. Após
objeto correspondente de forma independen- a coleta de dados para este estudo P1 conti-
te (sem ajuda do experimentador B). nuou recebendo tratamento comportamental
Durante todo o treino, quando o expe- na mesma clínica onde ocorreram as coletas.
rimentador recebia a figura do PECS da mão Já P2 realizou 12 sessões de aproximadamen-
do participante, ele pronunciava o nome do te 50 minutos, e o seu treino foi encerrado de-
item pedido, dando assim, a oportunidade vido ao término do ano letivo na escola onde
de o participante emitir uma resposta verbal as sessões eram realizadas. Em ambos os es-
ecóica (repetir o nome do item). Em seguida, tudos foi realizada uma sessão por dia.
o pesquisador dava o objeto correspondente
ao participante. Sendo assim, esperava-se que Aquisição das respostas da Fase de troca da
as respostas verbais passassem a ser contro- figura pelo item
ladas por situações antecedentes de privação De acordo com os autores (Bondy &
relacionadas com esta conseqüência específi- Frost, 1994), as respostas da cadeia considera-
ca, tornando-se assim respostas de mando. das relevantes para a troca das fotos do PECS
Com esse procedimento, em ambos por um item são: olhar para a foto; pegar a
os estudos, foi registrada a freqüência de res- foto (ou descolá-la do velcro); entregar a foto
postas vocais espontâneas de: tactos; ecóicos; ao experimentador que possuía o item pedido
mandos e intraverbais. Cada resposta vocal em mãos; e consumir o item pedido (se a foto
foi registrada como sendo uma verbalização, representasse um objeto, por exemplo, uma
o que originou os dados de freqüência de ver- bola, consumir o item pedido corresponderia
balizações. a brincar com a bola; se a foto representasse
As mães dos participantes foram in- uma situação, por exemplo, ir ao toalete, cor-
formadas sobre os objetivos e procedimentos responderia à realização da determinada ati-
das pesquisas e permitiram a participação de vidade).
seus filhos nas mesmas. Os dados apresentados nas Figuras 1
e 2, referentes aos participantes 1 e 2 respecti-
Resultados vamente, referem-se apenas a essas respostas
da cadeia que foram emitidas de forma inde-
Os resultados serão apresentados de pendente, ou seja, sem ajuda física ou gestu-
acordo com os objetivos do procedimento, tal al.
qual sugeridos por seus criadores no Manual Na Figura 1, estão apresentados os
do PECS (Bondy & Frost, 1994): a) aquisição dados referentes às nove sessões de treino da
das respostas envolvidas no treino do PECS; fase de troca de figura pelo objeto correspon-
e b) a relação entre o uso do PECS e o desen- dente realizadas com P1. Em cada curva da
volvimento da fala. figura pode-se observar as respostas acumu-
Os dados referem-se à aquisição das ladas de P1 em cada uma destas tarefas.
respostas da fase de troca da figura pelo item, Na primeira sessão de treino, P1 pre-
o que corresponde à fase 1 do treino do PECS. cisou de muita ajuda física para emitir as res-

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postas exigidas, ou seja, P1 não olhava a foto, Na Figura 2, estão apresentados os da-
não a pegava, nem a entregava ao experimen- dos referentes às 12 sessões de treino da fase
tador sem uma dica intrusiva (experimenta- de troca de figura pelo objeto correspondente
dor inicialmente tinha que segurar a mão de realizadas com P2.
P1, a levar até foto, e em seguida abri-la para Nas duas primeiras sessões de treino,
que foto fosse apanhada). Como apresentado as respostas de “pegar a foto”, não foram exi-
na Figura 1, apenas a resposta de “consumir”, gidas. Após a 3ª sessão e até o fim do treino,
independentemente do item pedido, aconte- a participante emitiu todas as respostas exigi-
ceu em todas as tentativas. No entanto, a par- das de “pegar a foto” de forma independente.
tir da segunda sessão (04/jul.), foram emiti- Em relação às respostas de entregar a foto ao
das algumas respostas independentes (olhar terapeuta, a participante na maioria das ten-
para a foto, pegar a foto, entregar a foto ao tativas respondeu de forma independente,
terapeuta). A freqüência de respostas corretas não precisando da ajuda da experimentadora
continua a aumentar no decorrer das sessões. a partir da 1ª sessão.
Já a resposta de pegar a foto demora mais Assim como ocorreu com P1, a res-
para se tornar independente, apenas na séti- posta de “consumir” o item de interesse foi
ma sessão (05/set.) essa independência pôde a mais acentuada para todos os itens. Afinal,
ser obtida. todos os comportamentos envolvidos no con-

300

Olhar para a foto Pegar a foto


250 Entregar a foto ao terapeuta Consumir
Respostas Acumuladas

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150

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50

0
27/jun 4/jul 18/jul 1/ago 8/ago 12/ago 5/set 12/set 26/set
Sessões

Figura 1: Freqüência acumulada das respostas da cadeia envolvida na Fase 1 do treino do PECS ,
emitidas de forma independente por P1.

300
pegar a foto
Respostas Acumuladas

250 entregar foto ao terapeuta


consumir
200

150

100

50

0
l

t
l

t
go

go

go

go

ov

ov
v
/ju

/ju
ju

se

ou

no
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/n
/a

/a

/a

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21

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2/

6/
10

15

18

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13

24

Sessões
Figura 2: Freqüência acumulada das respostas da cadeia envolvida na Fase 1
do treino do PECS, emitidas de forma independente por P2.

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Análise de um procedimento de comunicação funcional alternativa
(picture exchange communication system)

sumo dos itens de interesse, com exceção do meavam o que estava sendo “pedido” (Por
colar, já faziam parte do interesse cotidiano exemplo: “Música”). Se P1 e P2 repetissem
da participante. Quando a tarefa de colagem esta palavra ou, emitissem alguma outra res-
foi introduzida na 11ª sessão, P2 necessitou posta vocal com a função de pedir o item (dá,
de ajuda todas as vezes em que foi realizá-la. qué, esse), a fala era registrada. Estas respos-
Isso pode ser observado na Figura 2 pelo leve tas, no entanto, não eram exigidas para que
declínio que a curva sofre nas sessões 10, 11 e os participantes tivessem acesso ao item de
12 (06/nov., 13/nov. e 24/nov.). interesse, este era disponibilizado sempre que
os participantes entregassem a foto aos expe-
Aumento da verbalização durante a troca da rimentadores, mesmo que não repetissem o
figura pelo item nome do item. É necessário ressaltar que no
Os dados apresentados nas figuras 3 manual do PECS não há a exigência de que o
e 4 referem-se à freqüência de verbalizações participante repita o nome do item para que
ocorridas (respostas vocais) no momento da tenha acesso a ele.
troca da foto pelo item de interesse durante o Na Figura 3, pode-se observar que a
treino da fase 1 do PECS. É importante ressal- freqüência de falas de P1 aumentou pouco
tar que as figuras estão em escalas diferentes durante todo o treino, variando de uma a três
devido à enorme diferença entre a freqüência verbalizações por sessão. Nas sessões dos dias
de respostas emitidas pelos participantes. 1, 8 e 12 de agosto, não houve resposta algu-
Quando os experimentadores pega- ma. Isso se deve a um desempenho comum de
vam a foto das mãos dos participantes, no- P1 observado durante o treino, que consistia
10

8
Respostas Acumuladas

0
27/jun 4/jul 18/jul 1/ago 8/ago 12/ago 5/set 12/set 26/set

Sessões

Figura 3: Frequência acumulada de respostas independentes de mando, referentes ao item de


interesse, emitidas por P1 nas sessões de treino do PECS .

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Respostas Acumuladas

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Sessões
Figura 4: Frequência acumulada de respostas independentes de
mando, referentes ao item de interesse, emitidas por P2 nas
sessões de treino do PECS.

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em uma sistemática fuga de demanda. Como escalas diferentes devido à enorme diferença
a verbalização era uma demanda, ou seja, o entre a freqüência de respostas emitidas pe-
experimentador, ao receber a figura, dava o los participantes.
modelo e esperava que P1 repetisse a palavra, Os dados apresentados na Figura 5
o mesmo emitiu poucas respostas. Isto pode permitem dizer que nas primeiras sessões de
ser constatado nos dados de verbalizações linha de base (21 de abril a 27 de junho de
gerais (apresentados na Figura 5), estas não 2006) a freqüência de mandos era alta. Estas
ocorreram somente frente à demanda. respostas consistiam, em sua maioria, em pe-
Na Figura 4, pode-se observar que a daços de músicas. Esses pedaços de música
freqüência das respostas vocais de “pedir” cantados por P1 tinham, no início, função
independentes, isto é, sem o modelo vocal do de mando (pedir para que a experimentado-
experimentador (dica ecóica) e sem que o ex- ra cantasse a música), mas logo que a expe-
perimentador iniciasse a palavra para que a rimentadora começava a cantar P1 iniciava
participante a completasse (dica intraverbal) uma estereotipia verbal. Por isso, essas verba-
aumentaram rapidamente ao longo do treino, lizações não foram consideradas adequadas e
especialmente após a 6ª sessão. A partir des- não foram reforçadas com atenção das expe-
se momento, todas as oportunidades de troca rimentadoras, estas imediatamente redirecio-
da figura pelo item foram acompanhadas de navam a atenção de P1 para outra atividade.
falas correspondentes da participante sem a Na Figura 5, estão apresentadas apenas as
apresentação do modelo auditivo pelo expe- respostas vocais que tinham função de man-
rimentador. do, ou seja, antes dessas verbalizações adqui-
rirem características de auto-estimulação.
Aumento da verbalização em outros mo- Com o início do treino do PECS (a
mentos das sessões experimentais partir da sessão do dia 27 de junho) e, con-
Nas figuras (5 e 6), referentes aos estu- seqüentemente, de um contexto estruturado
dos 1 e 2 respectivamente, são apresentadas de demanda de respostas específicas, vemos
as freqüências de respostas vocais de P1 e P2 que estas verbalizações estereotipadas dimi-
durante as sessões de avaliação de repertório nuíram à medida que aumentaram as respos-
inicial e durante as sessões de treino da fase tas de ecóicos, intraverbais e mandos emiti-
de troca da figura pelo item correspondente. das frente à demanda da experimentadora
Essas respostas não estavam sob demanda, e relacionados ao item de troca, como “Dá”
foram emitidas espontaneamente no decorrer ou “Este”. As respostas de tato, por sua vez,
das sessões e registradas pelas experimen- permaneceram muito baixas durante todo o
tadoras. Novamente, essas figuras estão em treino.

50 Ecóico Mando
Intraverbal Tato
45

40 Início do Treino da Fase 1 do PECS


Respostas Acumuladas

35
Linha de base
30

25

20

15

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0
21/abr 6/mai 27/mai 3/jun 6/jun 27/jun 4/jul 18/jul 1/ago 8/ago 12/ago 5/set 12/set 26/set
Sessões

Figura 5: Freqüência acumulada das verbalizações espontâneas emitidas por P1 durante as


sessões de linha de base e de treino da Fase 1 do PECS.

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Análise de um procedimento de comunicação funcional alternativa
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120
Ecóico Tato
Intraverbal Mando
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Respostas Acumuladas
80 Linha de base
Início do Treino da Fase 1 do PECS

60

40

20

ai

ai
ai

l
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05
3/

14
26

19

26

9/
10

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22

17

24

28
Sessões
Figura 6: Freqüência acumulada das verbalizações espontâneas emitidas
por P2 durante as sessões de linha de base e de treino da Fase 1 do PECS.

A partir da leitura da Figura 6, pode- çamento diferencial) das respostas de subir e


se observar que a participante P2 quase não descer escadas, pois por meio das observações
emitiu repostas verbais ao longo das obser- feitas na linha de base, foi constatado que a
vações feitas no primeiro semestre. As curvas participante não conseguia realizar essas ta-
mostram que as respostas verbais emitidas refas de forma independente, ou seja, sem a
com maior freqüência nesse período foram as ajuda de outra pessoa. A emissão dessas res-
de tato (descrições de objetos) e que nenhuma postas, no entanto, era necessária quando as
resposta de mando (pedidos) foi emitida. sessões de treino do PECS eram realizadas no
Após o início do treino do PECS, hou- andar superior da escola.
ve um aumento na freqüência de todas as res- Antes do início do treino, a partici-
postas verbais. O aumento mais importante pante não emitia as respostas de subir e des-
foi referente às respostas ecóicas e o menor cer as escadas de forma independente. Na 5ª
aumento na freqüência ocorreu com as res- sessão, pela primeira vez P2 desceu e subiu a
postas intraverbais (responder perguntas). escada sem ajuda alguma e a partir desse mo-
mento, com exceção da 10ª sessão, em que um
Ganhos Adicionais relacionados às necessi- colega de classe desceu as escadas a levando
dades específicas de cada participante pelas mãos, a participante se comportou de
P1 estava iniciando uma intervenção forma independente em todas as ocasiões ob-
comportamental em uma clínica particular e servadas.
não possuía os pré-requisitos básicos de ses-
são: sentar, manter contato visual e seguir Discussão
instruções. A aquisição dessas habilidades
era necessária para que o PECS fosse aplica- A análise das figuras 1 e 2 permite
do. Um treino direto dessas respostas, utili- a afirmação de que o PECS foi um procedi-
zando reforçamento diferencial, foi realizado mento eficaz no ensino da cadeia de respos-
paralelamente ao treino do PECS. tas envolvidas na troca da foto pelo item de
Antes da introdução do treino da fase interesse. Esses dados estão de acordo com o
de troca da foto pelo item de interesse, o com- que foi apontado pelas pesquisas citadas na
portamento de sentar já vinha aumentando área (Finkel & Williams, 2001; Shabani et al.,
em freqüência. Este aumento continuou após 2002; Krantz & McClannahan, 1998; Bondy,
a intervenção. Já os demais comportamentos 2001; Cummings & Williams, 2000; Charlop-
(contato visual e seguir instruções) apresenta- Christy et al., 2002), que também indicam que
ram poucas mudanças. a dica física (visual) tem-se mostrado mais
Paralelamente ao treino do PECS, foi eficiente no ensino de crianças com desenvol-
realizado com P2 um treino adicional (refor- vimento atípico. Esses estudos mostram que

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quanto mais concreta, estruturada e especí- so de dicas, que faz parte do protocolo do PECS,
fica for o tipo de dica, mais rapidamente se provavelmente contribui para o desenvolvimento
dá o aprendizado, se comparado ao uso das da fala” (p. 228). Os autores afirmam que em
dicas auditivas (verbais), táteis e textuais (vi- sua pesquisa “todas as crianças apresentaram
suais) utilizadas em outros procedimentos de mais ganhos na fala à medida que o procedimento
comunicação alternativa, como a linguagem de atraso de dicas foi sendo incorporado ao treino”
de sinais e apontar um estímulo desejado. (p. 228).
Quanto ao tempo de treino necessário Por meio da análise das figuras 5 e
para a aquisição das respostas envolvidas na 6 pode-se constatar que houve aumento no
troca da figura pelo item de interesse, ao se número total das verbalizações emitidas por
compararem os desempenhos de P1 e P2, re- sessão, especialmente nas respostas verbais
presentados nas Figuras 1 e 2, pode-se afirmar de pedir adequadamente para P1 e nas verba-
que: P2 aprendeu a cadeia de respostas exigi- lizações ecóicas para P2. Esses dados são se-
das na fase 1 do PECS em menos tempo que melhantes aos encontrados por Bondy e Frost
P1, afinal na 3ª sessão P2 já estava emitindo (1994) e Charlop-Christy et al. (2002), nos
as três respostas de forma independente, en- quais o treino do PECS favorece a emergência
quanto a independência total da cadeia com- da fala. Os autores apontam que “o aumento
pleta só foi apresentada por P1 na 7ª sessão. da fala provavelmente foi o achado mais importan-
Essa diferença na velocidade de apren- te da pesquisa” por eles realizada (p. 227). Es-
dizagem entre os participantes pode ser atri- tes também afirmam que o procedimento de
buída a características específicas do reper- treino do PECS contribui para a emergência
tório inicial de cada um. P1, diferentemente de vocalizações e de habilidades relaciona-
de P2, não possuía alguns dos pré-requisitos das à comunicação social. Ambos os estudos
exigidos para este trabalho individual, como: trazem dados que continuam reafirmando os
permanecer sentado, manter contato visual achados destes autores, P1 e P2 apresenta-
com o experimentador e olhar para a foto, o ram ganhos na freqüência de respostas vocais
que exigiu um treino adicional desses com- após o início do treino da Fase 1 do PECS.
portamentos no decorrer do treino de troca Também se pode afirmar que, após a
de figuras pelo objeto correspondente, por- realização dos treinos adicionais para os com-
tanto este treino demandou mais tempo para portamentos específicos de cada participante,
ser realizado. Já P2 apresentava todos estes houveram ganhos relacionados às suas ne-
pré-requisitos desde o início do treino. Esses cessidades particulares. Como as habilidades
resultados permitem-nos considerar que o treinadas em cada participante eram pré-re-
PECS é um material eficaz para o ensino de quisitos para que o treino do PECS ocorresse
respostas envolvidas no comportamento de e necessariamente estavam envolvidas neste
comunicação funcional, porém a velocidade procedimento, pode-se supor que o aprendi-
de ensino depende do repertório de entrada zado destas foi facilitado pelo fato do treino
da criança/adolescente, visto que o procedi- do PECS se iniciar com o ensino de mandos.
mento exige que alguns pré-requisitos com- Devido às características específicas das vari-
portamentais já tenham sido instalados. áveis reforçadoras presentes nesse operante,
A partir dos dados representados nas não só o treino se torna uma atividade moti-
figuras 3 e 4, pode-se dizer que a freqüência vadora por si só, pois o indivíduo sempre tem
de verbalizações referentes ao item de inte- acesso aos seus itens de interesse, como os
resse aumentou para ambos os participantes comportamentos pré-correntes ou envolvidos
e que o procedimento de treino utilizado se nesse treino. Essa é uma vantagem do treino
mostrou eficaz na emergência de respostas do PECS, já apontada pelos estudos aqui ci-
vocais. Charlop-Christy et al. (2002), indica- tados (Bondy, 2001; Cummings & Williams,
ram que “a utilização do procedimento de atra- 2000; Charlop-Christy et al., 2002). Esses es-

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Análise de um procedimento de comunicação funcional alternativa
(picture exchange communication system)

tudos enfatizam a importância de se iniciar funcional, contribui para o desenvolvimento


o treino do PECS com o ensino de mandos, de outros comportamentos adequados.
visando manter a motivação da criança. A relevância dos dados deste estudo
Sendo assim, pode-se afirmar que o consiste no fato de que, na maioria das vezes,
PECS é um procedimento eficaz para a inter- a possibilidade de aplicação de novos instru-
venção com crianças e adolescentes com de- mentos depende de estudos empíricos siste-
senvolvimento atípico, pois além de ensinar máticos que comprovem sua eficiência.
as habilidades envolvidas na comunicação

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Adriana Piñeiro Fidalgo - Juliana Palma de Godoi - Paula Suzana Gioia

Recebido em: 06/11/2007


Primeira decisão editorial em: 14/11/2007
Versão final em: 30/04/2008
Aceito para publicação em: 31/03/2008

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