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Deus e com homens, e venceste” (v. 29). “Jacó” era um nome que
recordava a origem problemática do patriarca; em hebraico, de fato,
recorda o termo “calcanhar” e remete o leitor ao momento do
nascimento de Jacó, quando, saindo do ventre materno, agarra o
calcanhar do seu irmão gêmeo (Gn 25, 26), quase pressagiando o
dano que realiza ao seu irmão na idade adulta. Mas o nome de
Jacó recorda também o verbo “enganar, suplantar”. E agora, na
luta, o patriarca revela ao seu oponente, em um gesto de rendição e
doação, sua própria realidade de quem engana, quem suplanta;
mas o outro, que é Deus, transforma esta realidade negativa em
positiva: Jacó, o defraudador, se converte em Israel; é-lhe dado um
nome novo que lhe confere uma nova identidade. Mas também aqui
o relato mantém sua duplicidade, porque o significado mais
provável de Israel é “Deus forte, Deus vence”.
Portanto, Jacó prevaleceu, venceu – é o próprio adversário quem
afirma isso -, mas sua nova identidade, recebida do próprio
adversário, afirma e testemunha a vitória de Deus. E quando Jacó
pergunta, por sua vez, o nome do seu oponente, este não quer
dizer-lhe, mas o revela em um gesto inequívoco, dando-lhe sua
bênção. Esta bênção que o patriarca havia lhe pedido no começo
da luta lhe é concedida agora. E não é uma bênção obtida mediante
engano, mas gratuitamente concedida por Deus, que Jacó pode
receber porque está sozinho, sem proteção, sem astúcias nem
enganos; entrega-se indefeso, aceita a rendição e confessa a
verdade sobre si mesmo. Por isso, no final da luta, recebida a
bênção, o patriarca pode finalmente reconhecer o outro, o Deus da
bênção: “Vi Deus face a face e minha vida foi poupada” (v. 31);
agora pode atravessar o vau, carregando um nome novo, mas
“vencido” por Deus e marcado para sempre, mancando devido ao
ferimento recebido.
As explicações que a exegese bíblica oferece com relação a este
fragmento são muitas; em particular, os estudiosos reconhecem
aqui tentativas e componentes literários de vários tipos, como
também referências a algum conto popular. Mas quando estes
elementos são assumidos pelos autores sagrados e englobados no
relato bíblico, mudam de significado e o texto se abre a dimensões
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