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Um olhar sobre o documentário “MENINAS”

(A look at the documentary "GIRLS")

Daniela Fontana Almenara1, Zilda Muniz de Oliveira2


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E.E.E.F.M. Cel Aluízio Pinheiro Ferreira
2
Núcleo de Tecnologia Educacional
dfalmenara@gmail.com, zildamuniz@gmail.com

Abstract: This article is a reading of the documentary Girls by Sandra Werneck, from a
pedagogical view, showing its ideological subjectivity, and communication resources used on
the documentary for the construction of visual language of film.

Keywords: Documentary, Teen Pregnancy, subjectivity, ideology.

Resumo: O presente artigo, busca fazer uma leitura do documentário Meninas, de Sandra Werneck, a
partir de uma visão pedagógica, evidenciando sua subjetividade ideológica, e os recursos de comunicação
utilizados pela documentarista na construção da linguagem audiovisual do filme.

Palavras-chave: Documentário, Gravidez Precoce, subjetividade, ideologia.

Introdução

O documentário é um gênero cinematográfico que tem como principal


característica o compromisso com a exploração da realidade, no entanto não se faz um
documentário apenas de registros de documentos históricos – fragmentos da realidade –,
é necessário uma narrativa capaz de dar unidade ao que se quer contar (Melo, 2001).
Fazer um documentário é um exercício de construção de uma narrativa em torno
de uma temática social que envolve personagens espaço e tempo numa seqüência de
ações capaz de prender a atenção do espectador e levá-lo a reflexão do assunto
abordado. Entretanto, deve-se ter cuidado para não deduzir que o mesmo represente a
realidade de fato, uma vez que é uma representação parcial e subjetiva da realidade,
que apresenta em muitos casos a visão do documentarista sobre o fato real.
Sobre os aspectos do registro da realidade no documentário, Manuela Penafria,
reforça que o filme do documentário é aquele que, pelo registro do que é e acontece,
constitui uma fonte de informação para o historiador e para todos os que pretendem
saber como foi e como aconteceu (PENA, 1999,p.20)
Dessa forma é comum associar o documentário a algo totalmente verossímel,
uma vez que o mesmo é elaborado a partir de documentos, pesquisas, dados estátisticos
etc. Essa crença não é totalmente equivocada, mas não se pode esquecer que um
documentário é antes de mais nada uma representação do mundo a partir do olhar do
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cienasta que define o enredo ser apresentado, seleciona os depoimentos, imagens, trilha
sonora que mais se adequa a sua forma de pensar e a impressão que quer causar aos
espectadores.
Assim, um tema social abordado num documentário, pode oferecer uma nova
visão sobre o assunto, evidenciar aspectos ainda não observados e oportunizar ao
público interpretações também variadas de uma mesma realidade. O que nos faz
lembrar a máxima de que “cada indivíduo vê o mundo segundo suas lentes”, portanto
conclui-se que a partir de uma realidade é possível criar muitas outras realidades
considerando a subjetividades de cada indivíduo. Partindo dessa perspectiva, busca-se
lançar um olhar sobre a linguagem cinematográfica e a temática social abordada no
documentário Meninas da cineasta Sandra Werneck.
Para examinar essa questão utilizou-se como recurso metodológico a pesquisa
bibliográfica, leitura do documentário e entrevistas da documentarista publicadas na
internet. Não se pretende com esse artigo esgotar todas as possibilidades de análise dos
recursos utilizados no referido documentário nem tão pouco oferecer um estudo de
cunho científico a crítica literária. O que se pretende nesse caso, é fazer uma leitura do
documentário Meninas a partir de uma visão pedagógica com o objetivo de
compreender a visão ideológica da autora, bem como os recursos visuais, sonoros e
textuais presentes na constituição do filme.

Alguns aspectos da linguagem áudio visual


O documentário Meninas apresenta as histórias de vida de quatro jovens de três
favelas do Rio de Janeiro: Evelin, 13 anos, moradora da Rocinha, Luana 15 anos,
moradora de Morro dos Macacos, Edilene, 14 anos e Joice 15 anos moradoras de
Engenheiro Pedreira. Essas quatro meninas são escolhidas por Werneck para abordar a
temática social da gravidez na adolescência. A proposta da cineasta é, a partir do
cotidiano das meninas, entender a constituição da menina-mãe e a sua relação com os
pais e namorados.
Para construir uma narrativa envolvente e instigante, a cineasta acompanha e
registra ao longo de um ano, o drama vivenciado pelas quatro meninas e seus familiares
diante de uma gravidez inesperada. Dessa forma o filme se constitui em torno de cenas
do cotidiano das personagens, explicitando o comportamento, a forma de pensar e se
relacionar com a problemática em questão.
Diferente de muitos documentários em que a presença do narrador é marcante,
conduzindo o espectador a uma visão unilateral do assunto, Sandra Werneck opta por
uma narrativa pautada no diálogo das personagens, onde a realidade é apresentada a
partir da perspectiva desses personagens, sem nenhum julgamento explícito do que é
certo ou errado por parte da documentarista.
Independentemente da classe social, o documentário fala da adolescência, como
ressalta a própria autora:

o público pode se identificar com essa questão, porque tudo está na voz das meninas.
Não existe nenhum especialista, nenhum médico falando sobre isso ou aquilo. É mais
fácil para uma menina de 13 ou 14 anos ver o filme e se sentir motivada a pensar no
assunto do que se fosse um tratado sobre gravidez precoce. (Werneck, 2006)
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As perguntas da documentarista na entrevista com as meninas não aparecem e


sua voz nunca é escutada sozinha, sempre aparece por cima da fala da entrevistada,
como uma sujeira que não foi possível limpar. Todos os entrevistados são identificados
através de subtítulos e a maior parte das tomadas é de lado.
O resultado, ao contrário, é um documentário que não esconde a proximidade
com suas personagens e que vai alinhavando, aos poucos, um contato entre estas e o
espectador. Tudo num cenário em que crianças vão se preparando para ser mães de
outras crianças. Até outro dia ela ainda chupava dedo vendo televisão, é um dos
comentários que se ouve do pai de uma das entrevistadas.
A trilha sonora em determinado momento pincela: jeito de menina, corpo de
mulher. Enquanto isso, uma das protagonistas sonha em "crescer junto" com o bebê que
está gerando: A gente vai poder ir junto para os bailes.
A espera das meninas impôs a linguagem do filme, e a câmera fez parte do
cotidiano delas, sem invadir, mas documentando aquilo que aparentemente, nem
sempre, teria importância. O filme se desenhou através de um diálogo permanente com
o tempo e a sucessão dos fatos da vida das jovens. No entanto a cineasta selecionou
alguns momentos fundamentais que direcionam o foco do filme como: o pré-natal, o
primeiro ultra-som, a descoberta do sexo do bebê, o parto, etc.
A história das 4 meninas não se apresenta linearmente, é contada de forma
entrelaçada de modo que a história de cada uma se apresenta e se desenrola no seu
contexto familiar com toda a força de expressão dos sentimentos de dor alegria
satisfação, decepção e esperança, demonstrando que mesmo envolvendo personagens
diferentes ambas fazem parte de uma mesma realidade
Apesar do filme apresentar como cenário as três favelas, as imagens captadas
pela câmera descrevem o ambiente com sutiliza e muita arte, não esconde a realidade
mas a exibe em sua naturalidade, com suas escadarias e corredores que se parecem
muito mais com labirintos, o que se assemelha com a vida das meninas que diante de
uma gravidez ainda na adolescência se veem também num labirinto entre os desejos da
infância e a necessidade de uma vida adulta imposta pela maternidade.
As imagens se encarregam de construir paulatinamente o ambiente dos
personagens e suas relações nesses espaços, porém estas, não se apresentam em um
ritmo frenético, mais como se fosse o nosso olhar sobre o fato, nos revelando em cada
cena um pouco mais da história das meninas.

A abordagem sócio ideológica

Movida por mudanças políticas no cenário nacional, com a eleição de Lula,


Sandra Werneck, reconhecida cineasta brasileira, após o sucesso da cinebiografia de
“Cazuza – O Tempo não Para”, visto por três milhões de pessoa, mergulha fundo na
construção do filme Meninas, um documentário que vai muito além da investigação
sobre a gravidez precoce, é uma denúncia social que traz a tona o debate sobre esse
problema crucial no Brasil, onde uma em cada cinco gestantes é adolescente.
Utilizando da linguagem cinematográfica e de muita criatividade, Werneck
deixa transparecer no documentário Meninas, sua ideologia, sua visão de mundo sobre
as mazelas sociais no Brasil. Apesar de sua presença não aparecer no documentário de
forma explícita, ela não deixa de mostrar implicitamente, por meio das imagens e
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entrevista com os envolvidos o que pensa sobre o assunto e como este problema está
posto para a sociedade brasileira.
Por meio de um olhar mais atento, observa-se que a denúncia que permeia o
documentário é marcada pela ausência do Estado na proposição de políticas públicas de
educação, saúde e profissionalização das famílias carentes, o que gera um ciclo vicioso
de pobreza que se eterniza de pai para filhos, onde os jovens sem perspectivas de vida
acabam se envolvendo com o mundo do crime e vivendo na marginalidade.
Esse tipo de denúncia não é novidade para ninguém, uma vez que é tema
recorrente na voz dos sociólogos estampados em jornais, livros e programas que tratam
de questões sociais, porém o que valoriza o filme e o credencia para um documentário
de boa qualidade é a forma artística e envolvente que a cineasta encontra para falar das
questões sociais que nos afligem sem ser pedante. Por meio de uma narrativa que cativa
o espectador, a documentarista vai tecendo uma trama em que é abordada a gravidez na
adolescência, a pobreza, a criminalidade, o tráfico , a violência, a falta de escolaridade,
de profissionalização e a cultura gerada nesse meio, como se pode comprovar a partir
das situações apresentadas no filme.
No documentário fica claro que as meninas engravidam, não por falta de
informação, o que se observa é que as jovens sabiam dos riscos que corriam ao transar
sem proteção, mas por falta de um projeto de vida que as coloque na condição de
romper com a realidade em que vivem. Sem sonhos e sem esperança de concretizar uma
vida diferente da de seus pais, preferem correr o risco de uma gravidez não planejada,
até porque veem na maternidade uma forma de autoafirmação perante a comunidade, já
que esta autoafirmação não vem por meio da escolaridade e de um bom emprego. É
possível observar esse desejo no depoimento de Evelin, 13 anos, grávida do namorado
que está tentando deixar o tráfico:

Na primeira vez eu só usei preservativo, (...) só no começo mesmo, ele não gostava
muito, a gente começamos a usar depois ele não quis mais, eu não sei que milagre é
esse, ele sempre gozou dentro e nunca aconteceu nada, só agora mesmo, mais é melhor
assim, porque ele vai crescendo junto comigo, a gente pode sair junto, ir pros bailes
comigo também, tipo assim curtindo.

E também na fala de Luana, 15 anos, grávida de Juninho 18 anos:

A gente não se preveniu mesmo com preservativo porque eu pego preservativo no


hospital que é gratuito, mas nem sempre tinha, aí nem sempre a gente usava, eu ficava
falando na cabeça dele que queria ter filho, ele falava que era maluquice minha e tal que
não era pra mim pensar nisso nem eu nem ele que não tava no tempo certo aí quando
aconteceu, aconteceu sem nenhum dos dois esperar.

O núcleo familiar, o tempo livre dentro e fora de casa, e os prejuízos para a vida
escolar estão entre os pontos sublinhados pela autora. A ausência do pai é outro tema
que permeia o filme. A ausência prenunciada dos futuros pais pode ser lida no
comportamento de um deles, que tem duas ex-namoradas grávidas ao mesmo tempo. E
a ausência passada dos pais das próprias meninas, que são figuras ausentes no contexto
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familiar. Uma forma de comportamento que faz parte da cultura das periferias há anos,
observa Sandra Werneck.
A mistura de sonho e ingenuidade esconde, em algum lugar, a tragédia em cada
uma delas. As meninas trazem no solo uma delicadeza, mas o subsolo é trágico, conclui
Sandra Werneck. São meninas ávidas apenas por um mínimo de atenção e em busca de
algum papel a ser desempenhado dentro da sociedade. Um papel que a sociedade, até
aquele momento, insiste em lhes negar.
A influência e a fascinação que o poder paralelo do mundo do crime exerce
nessas comunidades e principalmente nos jovens fica evidenciado na fala da adolescente
Evelin, 13 anos grávida de um traficante:

Eu conheci ele no Baile, aqui da rua um e como ele mora aqui em cima a gente
começou a se ver, se falar ele me chamou pra sair (...). A maioria das meninas gostam
só porque é bandido tem arma, anda de arma, tem dinheiro, mais eu não, eu gostei dele
assim, foi amor a primeira vista, bateu um negócio tem que ficar com ele, ele é muito
bonitinho, foi isso(...).

Nesse caso o filme nos passa a mensagem de que nas comunidades em que não
existe a presença do poder público, ou que existe de forma muito apagada, os valores
sociais desaparecem e o poder, o estátus, e o dinheiro é representado pelos bandidos.
Assim os mesmos se constituem em modelos a ser seguidos pelos jovens que
vislumbram no mundo do tráfico uma possibilidade de se autoafirmar e consquistar o
respeito perante a comunidade em que vivem.
Estudar não se configura algo importante na vida das meninas e nem tão pouco
na de seus pais, o que se vê através das entrevistas, é a baixa escolaridade dos mesmos
que sobrevivem do trabalho informal. Os filhos deixam de estudar porque não estão
com vontade de estudar, ou seja, estudar não faz parte da formação dos jovens como
acontece com a maioria dos jovens de classe média, mais simplesmente como algo sem
importância em que as crianças e jovens tem o direito de optar por estudar ou não.
Situação essa expressa na fala de Rosi, mãe de Evelin.

Eu ainda não estou acreditando que ela está gravida, eu não queria que tivesse
acontecido isso, porque eu pensava num futuro melhor para minha filha, dela terminar
os estudos arrumar um trabalho decente, fazer um curso, uma faculdade mais tarde, só
que ela parou de estudar, tá sem vontade nenhuma de estudar.

O sonho da mãe em querer que a vida de sua filha fosse diferente não é
suficiente para que a menina fizesse dos sonhos da mãe também um sonho e projeto
para sua própria vida. A influência do meio e as condiçãoes de vida normalmente não
permitem aos jovens acreditarem na sua capacidade e lutar por uma vida diferente.
A mãe de Evelin também fala de suas frustaçãoes de não conseguir realizar seus
sonhos.

Eu tenho um grande sonho dentro de mim, que eu acho que um dia ainda vou realizar
esse sonho, antes de eu morrer ainda vou realizar esse sonho, eu queria ser atriz, ou
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fazer comédia na televisão, aí eu fiz essas fotos achando que eu ia conseguir alguma
coisa mais é muito difícil né?, as pessoas falam que eu pareço com a Cláudia Raia, com
a Maria Zilda.

Maria José, grávida de seu ex-marido e mãe de Edilene, 14 anos, grávida de


Alex, 21 anos, também sonhava com uma vida diferente.

Eu sonhava assim de ter uma vida melhor mais não consegui, pensei que não pegava
mais filho, aí o pai da minha filha sempre ele vinha aqui, aí nois transou, aí fiquei
grávida, só que ele disse que não ia assumir não, ele fala que é porque eu quero, mais
não foi porque eu quiz, eu fiz de tudo para tirar mas não consegui, ele mandou eu
tomar chá mais eu não consegui tirar aí eu deixei vim.

Ao selecionar esse depoimento com imagem da mãe e da filha grávida ao


mesmo tempo, a documentarista mostra que apesar dos protagonistas sonharem com
uma vida melhor, as condição em que vivem não permite romper com o ciclo vicioso
que perpetua geração após geração.
A sexualidade ainda na infância é denunciada pela documentarista na fala de
Evelin, ao relatar que sua primeira relação aconteceu aos 11 anos e que o pai do seu
bebê não foi a primeira pessoa com quem se relacionou. Ele não foi o primeiro cara, pô,
falando a verdade eu tinha 11 anos, eu ficava curiosa para saber como era as coisas.
Pesquisas realizadas pelo Ministério da Saúde comprovam que:

a experiência sexual está articulada com as condições sociais, visto que os resultados de
sua pesquisa realizada com uma amostra representativa de mulheres jovens de três
capitais brasileiras revelaram que o nível de instrução materna e o nível de renda
familiar têm forte impacto na idade de iniciação sexual, ou seja, as mulheres de grupos
sociais mais empobrecidos iniciam a vida sexual mais cedo.(BORGES, 2007)

Os projetos de vida, tais como os estudos, os novos horizontes vislumbrados


pelas adolescentes, as novas perspectivas de vida ficam em segundo plano, em razão das
preocupações recaírem sobre o processo da gravidez. Muitas vezes, o adiamento de
planos futuros perdura por anos, isso se tiverem novas oportunidades, pois são muitas as
que abandonam definitivamente a luta por um futuro melhor.
Apesar do foco do filme não ser o tráfico, Sandra Werneck não deixa de abordar
essa problemática ao trazer para o documentário a história de Evelin que aos 13 anos
encontra-se grávida de um traficante. Como pode se observar através das cenas do
filme, o conflito em que vive tanto o traficante, que aparece nas imagens sempre de
costas, com medo de sofrer represálias por parte dos seus comparsas, quanto na fala do
pai de Evelin:

Eu falava para ele se você quer minha filha, você tem que sair dessa vida, porque você
ta botando a vida dela em jogo, a da família dela, isso não é bom, de repente pode
acontecer o pior você ta aqui dentro, os caras vão te procurar, vem aqui te fuzila, fuzila
eu, fuzila meus filhos, você vai acabar com a minha família, então pensa muito bem o
que você ta fazendo
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Ao mesmo tempo as dificuldades de vida somadas à precariedade para ampliar e


concretizar um projeto de futuro se apresentam como difíceis saídas para esse jovem.
Afinal como se sustentar fora do tráfico que é uma verdadeira economia paralela ao
poder público? Que alternativas se apresentam para esse jovem, numa vida que se
anuncia curta, uma vez que a possibilidade de morrer em um confronto com a polícia ou
mesmo com traficantes rivais se faz constante? Essas são algumas questões colocadas
nas entrelinhas do documentário com objetivo de levar o espectador a uma reflexão.
É claro que o envolvimento com o mundo do crime e a gravidez precoce pode
ocorrer nos diferentes segmentos sociais, no entanto os adolescentes menos favorecidos
estão muito mais vulneráveis pela ausência do Estado, uma vez que só pode contar com
os escassos recursos de apoio familiar que como bem retrata o filme, possuem nível de
escolaridade elementar e vivem de subempregos.
Percebe-se que ausência de políticas públicas e a falta de garantia dos direitos
sociais mais básicos propicia a produção de novas desigualdades, que somadas à
realizade dos jovens traduz o lugar social que ocupam. (CORDEIRO, 2007, p. 87).
O documentário Meninas traz um fechamento que reflete o resultado da
problemática social que permeia toda a construção do filme, ao apresentar como
desfecho, a morte do parceiro de Evelin num confronto com policiais, deixando Evelin
viúva aos 13 anos e sua filha de 4 meses órfã de pai.

Considerações finais

A partir da análise do documentário Meninas, pode se afirmar que a cineasta


Sandra Werneck optou por uma forma singular de construir a narrativa. Utilizando-se de
muitas imagens do cotidiano e de uma série de entrevistas com as protagonistas do
filme, Werneck apresenta um encadeamento de idéias, que mesmo sem a presença de
um narrador em off para fazer o contraponto entre os depoimentos das meninas,
consegue uma unidade interessante na narrativa, capaz de cativar o público e mantê-lo
atento ao longo do filme.
O documentário Meninas não é um tratado sobre a gravidez na adolescência. A
diretora optou por dar voz a quatro jovens grávidas, entre 13 e 15 anos, a fim de que
elas próprias guiassem os espectadores pelos sentimentos e pensamentos de alguém que
tem a infância roubada diante de uma maternidade precoce. Ao construir toda a trama
narrativa do filme a partir do olhar dessas protagonistas, a cineasta dá vida ao filme e
imprime no espectador maior credibilidade, pois os mesmos são colocados na posição
de testemunhas dos fatos ao assistirem ao filme.
No filme a documentarista faz uma denuncia social por meio das falas dos
personagens. Apresenta nas entrelinhas sua avaliação sobre o assunto. Em cada imagem
exibida, em cada depoimento dos protagonistas está presente também a tese da autora.
De cena em cena alinhava junto com a história dos personagens sua ideologia e seu
modo de ser e sentir o mundo que o cerca.
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Referências Bibliográficas

BORGES, Ana Luiza Vilela. Relações de gênero e iniciação sexual de mulheres


adolescentes. São Paulo, 2007. Artigo Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342007000400009
Acesso em: 19/10/2007

CORDEIRO, Denise e COSTA, Eduardo Antônio de Pontes. “MENINAS”: Vidas em


Devir nos Circuitos de Vulnerabilidade Social. 2007. Artigo Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/fractal/v20n1/a11v20n1.pdf Acesso em: 14/10/2009.

DOCUMENTÁRIO REVELA UNIVERSO CRUEL DE ADOLESCENTES


BRASILEIRAS. Entrevista com Sandra Wernec e Gisela Câmara, disponível na
internet: http://www.dw-world.de/dw/article/0,,1905159_page_1,00.html Acesso em:
15/10/2009.

O GLOBO. Em documentário brasileiro, a história de quatro meninas grávidas.


Matéria publicada em 10/10/2006. Disponível na internet em:
http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2006/10/10/286046942.asp Acesso em:
14/10/2009.

PENAFRIA, Manuela. (1999) Perspectivas de desenvolvimento para o


documentarismo. Capturado em 15 ago 2002. Online. Disponível na Internet:
http://www.bocc.ubi.pt/pag/_texto.php3?html2=penafria-
perspectivasdocumentarismo.html

WERNECK, Sandra. Documentário Meninas. Rio de Janeiro: Cineluz, 2005.

MENINAS. Pressbook do documentário. Disponível na internet:


http://www.cineluz.com.br/meninas/pt/arquivos/pressbook_pt.pdf Acesso em:
13/10/2009

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