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Porto Velho/RO
2009
LUÍS DA ROCHA BRITO
Porto Velho/RO
2009
O POLICIAL MILITAR ATUANDO COMO PROMOTOR DOS DIREITOS HUMANOS
___________________________________________
FÁBIO JOSÉ DE QUEIROZ MACEDO
PROFESSOR - ESPECIALISTA
____________________________________________
LAÍS TRIFIATES DA SILVA
PROFESSORA - ESPECIALISTA
Porto Velho/RO
2009
DEDICATÓRIA
Josué e Francisca,
Andréia,
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 06
2 HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS ......................................................... 07
2.1 CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS ....................................................... 11
2.2 TRATADOS A QUE O BRASIL É SIGNATÁRIO ......................................... 12
2.2.1 Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e Pacto
Internacional sobre Direitos Econômicos Sociais e Culturais - Nova
York – 1966........................................................................................ 13
2.2.2 Convenção Interamericana Sobre os Direitos Humanos – São José
da Costa Rica – 1969......................................................................... 14
2.2.3 Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis,
desumanos ou degradantes - Nova York - 1984................................. 14
2.2.4 Estatuto de Roma – Roma – 1997...................................................... 14
2.2.5 Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela
aplicação da Lei e Princípios Básicos para Utilização da Força e de
Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação
da Lei – 2002...................................................................................... 14
2.3 PRINCIPAIS VIOLAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS............................. 15
2.3.1 Miséria e Pobreza ............................................................................... 15
2.3.2 Violência Policial ................................................................................. 17
2.3.3 Condições Penitenciárias .................................................................... 18
2.3.4 Preconceito Racial .............................................................................. 19
2.3.5 Trabalho Infantil .................................................................................. 20
2.3.6 Trabalho Escravo ................................................................................ 21
3 SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL .............................................................. 22
3.1 CONCEITO DE POLÍCIA ............................................................................. 23
3.2 ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL ................................. 23
3.2.1 Polícia Federal .................................................................................... 24
3.2.2 Polícia Rodoviária Federal .................................................................. 25
3.2.3 Polícia Ferroviária Federal .................................................................. 25
3.2.4 Polícia Civil .......................................................................................... 26
3.2.5 Polícia Militar ....................................................................................... 26
3.2.6 Corpo de Bombeiro Militar .................................................................. 27
4 O POLICIAL MILITAR COMO PROMOTOR DOS DIRIETOS HUMANOS ...... 28
4.1 A IMPORTÂNCIA DA MATRIZ CURRICULAR NA FORMAÇÃO DO
POLICIAL ................................................................................................... 30
4.2 A CONSCIENTIZAÇÃO POR PARTE DO POLICIAL DA NECESSIDADE
DE SE RESPEITAR E PROMOVER OS DIREITOS INALIENÁVEIS DA
SOCIEDADE ............................................................................................... 33
5 ANÁLISE E TRATAMENTO DOS DADOS ....................................................... 38
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 41
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 44
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1 INTRODUÇÃO
Rotineiramente o tema Direitos Humanos afloram nos meios de comunicação,
onde nas mais diversas partes do planeta divulgam as violações a integridades
físicas e psicológicas da pessoa humana.
No desenvolvimento de suas atividades cotidianas de prestação de serviços
de segurança pública o Policial Militar, investido do Poder de Polícia e representante
legal do Estado deve dispensar aos cidadãos, infratores e/ou vítimas, o tratamento
condizente com a responsabilidade que tem de promover a manutenção da Ordem
Pública.
Para tanto, deve estar bem preparado para não ofender os direitos da pessoa
mesmo diante de situações complexas. Durante o atendimento das ocorrências
policiais, deve-se ter cautela para não se envolver na ocorrência, mantendo-se o
equilíbrio e a mais absoluta imparcialidade. As pessoas merecem o mesmo
tratamento, sem discriminação de qualquer natureza.
Decorre então a necessidade de externar os conhecimentos inerentes à
proteção dos direitos humanos adquiridos nas instruções, quer sejam durante o
curso de formação, quer seja nas instruções rotineiras que fazem parte da vida
militar.
O tema Direitos Humanos, de uma forma geral, é bastante polêmico, gerando
interpretações diversas. Permeiam também as forças policiais, sejam elas civis,
militares ou federais, sendo que alguns policiais
consideram, ainda hoje, os defensores dos direitos humanos como defensores de
bandidos. Não raras vezes, quando ocorrem ataques contra guarnições policiais
surgem manifestações sobre a não visita dos “Direitos Humanos” à família dos
Policiais que tombam em serviço.
Mediante o questionamento: “O Policial Militar já está suficientemente
instruído na doutrina dos Direitos Humanos de modo a praticá-la espontaneamente,
movendo-se do discurso para a prática?”, o presente trabalho tem como objetivo
geral analisar se na prática diária da prestação de serviço de segurança pública pela
Polícia Militar viceja a filosofia de direitos humanos. Para tanto, busca
concomitantemente identificar se há transposição do discurso para a prática dos
policiais militares de que devem ser defensores dos direitos humanos, verificarem
comportamentos que podem auxiliar na formação de profissionais e por derradeiro
analisar se os currículos escolares da academia de polícia propiciam aos Policiais
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Nas palavras de Rezek (1996, p.17): “tratado é todo acordo formal concluído
entre sujeitos de direito internacional público, e destinado a produzir efeitos
jurídicos”. Suas partes são necessariamente pessoas jurídicas de direito
internacional público: os Estados soberanos e as organizações internacionais. O
tratado é ato jurídico que produz norma, desencadeando efeitos de direito, gerando
obrigações e prerrogativas.
No Brasil, os tratados internacionais celebrados pelo presidente, para sua
validação jurídica, dependem obrigatoriamente de referendo do congresso nacional,
conforme preceitua o Art. 49, inciso I da Constituição Federal de 1988. Após a
devida aprovação por votação na câmara e no senado, onde o acordo é
transformado em decreto legislativo e promulgado por seu presidente, é que pode
ser ratificado pelo presidente, passando a ter força de lei a fim de que todos
residentes no Brasil os acate integralmente.
O Brasil historicamente não apresenta rejeição aos tratados internacionais
vigente, que por sua política pacifista destaca-se na América Latina como uma
liderança mundial em intermediar conflitos nos países sul americano, fato este
bastante evidente na pessoa do atual Presidente da República.
Dentre o grande número de acordos internacionais de proteção direitos
humanos reconhecidos e formalizados pelo Brasil, destacam-se alguns
considerados como instrumentos que se referem e regulam diretamente
relacionados à atividade dos funcionários do sistema de segurança pública
brasileira. .
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Promulgação
Título Data
Decreto Data
deve ser visto como uma forma de hospitalização, um período durante o qual o
indivíduo deve ser curado dos seus males, para que ele possa posteriormente
“receber alta” e sair apto a reintegrar-se na sociedade. Espancamentos e torturas
certamente não curam ninguém.
Estão elencados no artigo 144 da Carta Magna seis órgãos responsáveis pela
segurança pública: Policiais Federal, Policia Rodoviária Federal, Policia Ferroviária
Federal, Policiais Civis, Policiais Militares e Corpo de Bombeiros Militares.
Há que se acrescentar à possibilidade do Município criar suas próprias guardas, as
Guardas Municipais, para o auxílio às atividades que visem fortalecer a segurança
pública das regiões.
Os órgãos responsáveis pela segurança pública podem, para efeitos
didáticos, ser agrupados em Policiais da União (Polícia Federal, Polícia Rodoviária
Federal e Polícia Ferroviária Federal), Policiais do Estado (polícia Civil, Polícia Militar
e Corpo de Bombeiros Militar) e Policiais do Município (Guardas Municipais).
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veículos que pelos trilhos transitam, não só de passageiros como tripulação, além de
garantir a não – utilização de tal meio para contrabando, tráfego de bens e pessoas.
pública. Enuncia o seu parágrafo 5º, primeira parte: “Às policias militares cabem a
polícia ostensiva e a preservação da ordem pública”.
A principal missão atribuída a Policia Militar é a de evitar a prática de delitos e
infrações penais. Assim, possui, eminentemente, o caráter ostensivo e preventivo.
Além do dever de preservar a ordem pública, tem também o dever de restaurá-la
quando perturbada. No tocante à preservação da ordem pública, com efeito, às
Polícias Militares não só cabe o exercício da policia ostensiva, cabendo-lhe também
a competência residual de exercício de toda atividade policial de segurança não
atribuída aos demais órgãos.
Existe uma relação direta de complementaridade entre Policia Militar e Policia
Civil, visto que a partir das providencias que representam a repressão imediata da
Policia Militar, a ocorrência criminal será transmitida a Policia Civil, cabendo a esta,
então, a tarefa cartorária de sua formalização legal e investigatória de policia
judiciária, na apuração, ainda administrativa, da infração penal. A polícia militar
executa a captura de infratores e agentes que tenham cometidos delitos e/ou crimes
e os conduzem à presença da autoridade policial – Delegado – para ser
responsabilizados civil e/ou criminalmente conforme o caso.
comunidade. Sua atuação profissional faz com que a lei seja aplicada e os direitos
de todas as pessoas sejam respeitados, independente de cor, raça, sexo, classe
social, enfim, sem qualquer tipo de discriminação.
O bom profissional de Polícia tem todas as suas ações ancoradas na
legalidade, necessidade, proporcionalidade e na ética, seja nas ruas ou dentro das
instalações policiais, no trato com os companheiros de profissão ou com civis, quer
sejam vítimas, testemunhas ou infratores.
Respeitar e fazer respeitar direitos, servindo de exemplo para a comunidade.
Qualquer violação que não deseja para si, também não a comete para com os
outros.
Esses valores devem ser estimulados e desenvolvidos na formação dos
policiais. Sua significação essencial é a proteção dos direitos da pessoa humana e
não do Estado ou de grupos sociais. É preciso viver direitos humanos na família, nas
instalações policiais, nas ruas, no trabalho.
O policial é o primeiro beneficiário dessa cultura e do exercício dos direitos
humanos, que não é apenas para defender “bandidos”, como se apregoa.
Segundo o entendimento da Organizações das Nações Unidas, atentar contra
a vida de um policial é atentar contra a ordem social e isso é gravíssimo. Tal órgão
recomenda ainda que o Estado crie boas condições para a formação e treinamento
do policial, promova ambiente saudável de trabalho, dê suporte material e humano
para que o policial militar desenvolva sua missão atendendo aos princípios de
direitos humanos, começando pela sua valorização como ser humano.
As ações desenvolvidas no policiamento ostensivo, preventivo ou repressivo,
que observam os critérios de segurança para o policial, público e infrator, utilizando
todas as técnicas e táticas aprendidas nos órgãos de ensino da Instituição Policial,
também devem resultar na observância dos direitos humanos.
Portanto, não há incompatibilidade entre técnica policial e direitos humanos,
mas, sim, uma sinergia positiva que resulta em uma prestação de serviço com
qualidade, requisito institucional e exigência social para o policial contemporâneo.
seus interesses. A sociedade passa a exigir do órgão policial uma participação mais
efetiva na vida comunitária como um todo, de forma a apresenta um trabalho mais
eficiente. Há muitas dificuldades para acompanhar e adaptar o desenvolvimento
tecnológico às atividades de Segurança Pública.
É imprescindível que a Polícia se aproxime da comunidade adotando posturas
éticas e profissionais no atendimento a qualquer cidadão, estabelecendo um vínculo
de confiança entre servidor policial e cidadão comum. A polícia tomando a dor
daquele cidadão ou comunidade que foi vítima atroz de violência acaba por fazer a
justiça que o sistema não faz.
Contudo, a própria comunidade que desejou um ato violento da polícia, punirá
o policial pela prática desse ato e, o desequilíbrio psicológico do policial também se
dá diante das pressões cotidianas de erros e acertos.
A construção de uma polícia melhor, que saiba respeitar a integridade física e
os direitos daqueles cidadãos que por ventura necessita restringir a liberdade, exige
uma efetiva participação comunitária. As academias de Polícia precisam entrar com
sua parte, dando condições ao policial de enxergar através da disciplina de direitos
humanos maneiras adequadas para lidar com a comunidade, reeducando e
conscientizando o seu papel.
Os policiais poderão agir como educadores, orientando a comunidade acerca
de seus direitos e deveres. Uma polícia com conhecimento em direitos humanos
precisa ser ética, eficiente e respeitar o cidadão incondicionalmente.
A agente aplicador da lei quando motivado pelo exercício de sua profissão
torna-se um educador em potencial, formando paradigmas positivos de
comportamento. A polícia além de exigir uma participação da sociedade e de
policiais que ajam buscando garantir direitos e comprometendo-se com o trabalho,
se faz imprescindível que valorize o empenho dos bons policiais na qualificação,
modernização, mudanças estruturais, principalmente culturais dentro da Instituição
Policial. Diante do conceito de que todo policial possui autorização legal de prender
e até de matar alguém, deve estar consciente dos conceitos de dever, direito, justiça
e responsabilidade. Para o exercício da função policial está entrelaçada com o uso
de poder.
O policial no exercício de sua profissão desempenha junto à sociedade um
forte papel de agente transformador. Para ser bom policial não basta conhecer as
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Fica patente a adoção acertada, por parte dos órgãos de segurança pública,
de políticas de ensino policial voltadas ao tratamento digno, imparcial e ético ao
cidadão quer seja ele vítima ou infrator, que refletem positivamente na execução dos
serviços de segurança pública.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
dezesseis questões, das quais o candidato necessita ter cincoenta por cento de
acerto. Evidencia a preocupação por parte dos Órgãos de Segurança para que os
futuros profissionais de segurança já tenham conhecimento inicial e prévio sobre
direitos humanos.
No tocante à Polícia Militar de Rondônia, especificamente, observou-se que
todos os cursos desenvolvidos na Academia, seja de formação de novos policiais
militares ou de aperfeiçoamento de Sargentos e Oficiais, constam dos currículos
disciplina de direitos humanos.
Aos Policiais Militares da amostragem do presente estudo foram ministradas
conhecimentos no tocante a promoção e preservação dos direitos humanos, sendo
que àqueles que estão na Corporação a mais tempo (superior a 16 anos) foram
oportunizados cursos e instruções sob o tema; e ao que passaram pela academia
nos últimos anos já foram contemplados pela inclusão da disciplina na grade
curricular.
Os Policiais Militares podem ser considerados suficientemente informados
sobre a necessidade de se aplicar a lei e combater a criminalidade observando o
direito individual de cada pessoa, quer seja vítima ou agente. Embora não raras
vezes, há resistência aos ensinamentos sobre direitos humanos sob o velho chavão:
“direitos humanos é só para bandidos”, ficou patente que tais afirmações são
proferidas por policiais militares com mais tempo de serviço e que não absorveram
integralmente a nova filosofia de policiamento baseada no Policiamento Comunitário
e respeito integral aos direitos das pessoas, que o papel da polícia é promover a
captura de delinquentes e os conduzir à presença da autoridade judiciária ao invés
de “prender e julgar e punir” as pessoas.
Vários fatores podem ser considerados para que os Policiais Militares lotados
no Pelotão de Policiamento Ostensivo de Presidente Médici/RO possam empregar
no cotidiano os conhecimentos assimilados em direitos humanos: população
considerada pequena (possibilita conhecer a maior parte dos moradores),
localização geográfica (afastada de cidades com grande número de habitantes),
pequeno número de policiais (possibilita maior interação entre sí e melhor acesso ao
Comando – facilitanto a assimilação da política interna da Corporação), resultando
em poucos casos de acionamento via Ministério Público e/ou Sindicância
Administrativa por parte de pessoas denunciando abusos cometidos por Policiais
Militares.
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BICUDO, Hélio Pereira. Direitos Humanos e sua proteção. São Paulo: FTD, 1997.
DALLARI, Dalmo de Abreu. O que são Direitos da Pessoa. São Paulo: Brasiliense,
1984.