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CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE

SÃO PAULO
BRUNO MAGALHÃES BONFIM

SITES DE RELACIONAMENTO
INTERNET E A NOVA SOCIABILIDADE
CONTEMPORÂNEA

Projeto de Monografia apresentado a


Banca de Qualificação (8º semestre),
como requisito para realização de
Trabalho de Conclusão de Curso II
(TCC-II) a fim de obtenção de Título
de Bacharel em Comunicação Social
– Radialismo, pelo Centro
Universitário Belas Artes de São
Paulo.

São Paulo, 2009


CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE
SÃO PAULO
BRUNO MAGALHÃES BONFIM

SITES DE RELACIONAMENTO
INTERNET E A NOVA SOCIABILIDADE
CONTEMPORÂNEA

Projeto de Monografia apresentado a


Banca de Qualificação (8º semestre),
como requisito para realização de
Trabalho de Conclusão de Curso II
(TCC-II) a fim de obtenção de Título
de Bacharel em Comunicação Social
– Radialismo, pelo Centro
Universitário Belas Artes de São
Paulo.

Orientador: Prof. Dr.: Oscar de Faria

São Paulo, 2009


Para minha adorada esposa
Natália Ribeiro Bonfim, cujo
amor, apoio e paciência foram
decisivos para a existência deste
trabalho.
Agradecimentos

Ao Professor Doutor Oscar de Faria pela orientação e amadurecimento do meu


intelecto. Colaborando tanto na elaboração quanto no desenvolvimento deste
trabalho.

Á pré-banca examinadora pelos comentários construtivos para o


enriquecimento bibliográfico e de conteúdo do projeto.

Aos professores que ministraram as aulas durante o curso.

Aos amigos importantes que sempre estão comigo.

À minha família que soube compreender os esforços e as horas de ausência,


para poder dedicar-me à elaboração do trabalho e durante todo o curso.

Ao Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, pela bolsa de estudos e


demais apoios concedidos, ao longo do período.

Á todos, o meu muito obrigado.


Sumário

1. Introdução....................................................................................................9
2. Objetivos....................................................................................................10
3. Justificativa ................................................................................................11
4. Metodologia ...............................................................................................12
5. Fundamentos Teóricos ..............................................................................13
5.1. O que a internet mudou em nossas vidas? ............................................13
5.2. O Hoje Tecnológico .............................................................................15
5.3. Tribo Digital..........................................................................................15
5.3.1. A tecnologia é quem manda?........................................................17
5.4. Oralidade, escrita e computador: Três tecnologias da inteligência......18
5.5. Histórico Computacional ......................................................................21
5.5.1. O Groupware.................................................................................22
5.6. Homem – Máquina ..............................................................................23
5.6.1. A consciência da máquina – Simulação e terminais inteligentes ..24
5.7. O On-line .............................................................................................27
5.7.1. As características de um mundo conectado..................................27
5.7.2. Princípio de Metamorfose .............................................................28
5.7.3. Princípio da Heterogeneidade.......................................................28
5.7.4. Princípio de Multiplicidade e de encaixe das escalas....................28
5.7.5. Princípio de Exterioridade .............................................................29
5.7.6. Princípio de Topologia...................................................................29
5.7.7. Princípio de Mobilidade dos centros..............................................30
5.8. As várias faces da Identidade..............................................................31
5.9. Sites de Relacionamento .....................................................................37
5.9.1. Tipos de sites de relacionamento..................................................38
5.9.2. Audiência/Usuário .........................................................................39
5.9.3. O Orkut..........................................................................................40
5.9.4. Todos os usuário são iguais?........................................................41
6. Estatísticas ................................................................................................43
7. Conclusão..................................................................................................45
Referencial Bibliográfico ...................................................................................47
Referencial Complementar ...............................................................................48
Lista de Ilustrações

Figura 1: Percentual das práticas realizadas via internet..................................43


Figura 2: Idade média das pessoas que utilizam a internet ..............................44
Resumo

O site de relacionamento inova a maneira de interagir socialmente. A


comunicação vai além do real, o âmbito virtual, tornou-se palpável e muito
discutido ultimamente. As maneiras de interação mudaram e mudam a cada dia
juntamente com o boom internet, o mundo sem limites de espaço e tempo, o
virtual, o individuo é transformado e transforma-se, recicla-se, evolui, assim
como as estruturas sociais. Identidades, avatares, papéis sociais giram em
torno do “novo” sujeito social, multifacetado e individual.

Palavras Chave: Internet; identidade; site de relacionamento; Orkut; interação;


comunidades virtuais; blog.
Abstract
The relationship site innovates the way to interact socially. The communication
is going besides the Real, the virtual, became tangible and much discussed
recently. The interaction kinds changed and they change every day together
with the internet boom, the world without time and space limits, the virtual, the
individual is transformed and transform, he is recycled, develops, as well as the
social structures. Identities, avatares, social rule turn around the "new" social
subject, mutable and individual.

Keywords: Internet, identity, relationship site, Orkut, interaction, virtual


communities; blog.
1. Introdução

Este trabalho pretende informar o cidadão sobre como as novas tecnologias


influenciam o dia-a-dia e fazem mudar as formas de interagir socialmente.
Mostrar as antigas formas predominantes de informação, oral e a escrita, e sua
grande importância histórica e contemporânea. Propor uma discussão entre a
individualidade e a sociabilidade que os sites de relacionamento nos oferecem,
no qual pode-se escolher novas faces, novos nomes, novos perfis e novas
identidades. Esta pesquisa não tem como meta avaliar se é saudável ou não o
uso da internet, mas sim, tentar entender e descrever os caminhos que o uso
desta nova tecnologia oferece a sociedade. O blog pode ser entendido como
uma nova literatura? É este o tipo de pergunta que as pessoas fazem
atualmente, discussões contemporâneas sobre o tema me fizeram pesquisá-lo
a fundo, a fim de descobrir um pouco mais sobre as direções futuras que as
novas tecnologias oferecerão.

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2. Objetivos

Com a realização deste trabalho de pesquisa tenho por objetivo descrever as


mudanças sociais e culturais apresentadas após o desenvolvimento das mídias
virtuais, os sites de relacionamento, em especifico o site Orkut. Descrever as
características deste meio de comunicação e suas reestruturações. Identificar
os modos de interação pela internet. Analisar as maneiras de interagir mesmo
não estando próximo a ninguém de carne e osso, pesquisar a relação homem x
máquina x homem. Entender o motivo da sede por tecnologia, da vontade de
se individualizar, de ser diferente, mesmo que seja apenas no âmbito virtual.

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3. Justificativa

Este projeto trata do tema “sites de relacionamento” e o que esta nova


ferramenta de comunicação trouxe de novo para o meio social? Segundo o
Ibope/NetRatings, no Brasil, mais de quarenta e um milhões de pessoas
possuem acesso à internet, no mundo este número chega a quase dois
bilhões. É necessário que os novos e antigos usuários da internet saibam como
ocorreram essas mudanças tecnológicas que originaram os sites de
relacionamento. Sites que se tornaram muito populares no Brasil, como por
exemplo: orkut, youtube, twitter e blogs em geral.

Para firmar a importância deste projeto utilizei-me de uma pesquisa ampla


sobre identidade e interação. O filósofo da informação Pierre Lévy em seu livro
A Inteligência Coletiva (1994) e Cibercultura (1999), trata sobre a identidade e
seus aspectos coletivos e enxerga a internet como algo que unirá a sociedade
não apenas socialmente, mas também culturalmente. Manuel Castells em sua
trilogia A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura Vol.1,2 e 3
aborda também a identidade e as maneiras de interação nesta nova sociedade
“Sociedade em Rede”.

Em contra partida o sociólogo Zygmunt Bauman, em Modernidade Líquida


(2001) vê na internet uma forma de individualização do meio social. Os demais
autores e sites serviram-me de diversidade de pensamentos e opiniões a
respeito deste tema tão atual. Utilizei também trabalhos de mestrado e
doutorado com temas parecidos ao meu. Mais uma prova que este tema é de
suma importância para qualquer pessoa interessada em entender as
possibilidades que a tecnologia fornece para a comunicação social.

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4. Metodologia

A monografia está baseada em análise teórico-conceitual de bibliografia


relacionada à área de fundamentos e paradigmas da comunicação digital, bem
como sobre as transformações da sociabilidade contemporânea.

A pesquisa parte de uma atualização bibliografia sobre o assunto e, em


seguida, faz-se uma análise de caso sobre site e comunidade virtual orkut a fim
de traçar um perfil do modelo de comunicação utilizado por esta mídia.

Para analisá-la serão utilizados parâmetros como grau e volume de acessos,


formas de interatividade e perfis de usuários.

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5. Fundamentos Teóricos

5.1. O que a internet mudou em nossas vidas?

“(...) as redes interativas de computadores estão crescendo


exponencialmente, criando novas formas e canais de
comunicação, moldando a vida e, ao mesmo tempo, sendo
moldadas por ela.” (CASTELLS, Manuel. 1999:40).

As famílias que antes se reuniam para assistir TV agora assistem de seus


celulares. Você pode montar sua própria rádio on-line, selecionando o que
deseja ouvir no momento de sua escolha. A leitura do jornal matinal pode ser
feita agora de seu próprio notebook, sem custo adicional de acesso, você tem
informação de qualquer jornal nacional e internacional. A gama de informação
é infinita e podem lhe oferecer um raso panorama de “tudo” que esta
acontecendo no país e no mundo. Para Paul Virilio (2000:p.58) “a Internet,
instrumento da “revolução da informação”, também está a serviço da
desinformação: “Desinforma-se o telespectador afogando-o num mar de
informações, de dados aparentemente contraditórios (...). A partir de agora,
mais é menos! – e às vezes até menos que nada: já não é mais possível
distinguir a manipulação voluntária do acidente involuntário”.

A internet possibilita ampliar nossos parâmetros de relação social, diferentes


dos que antigamente existiam, como por exemplo, o ato de se reunir para
assistir TV, escutar a um programa de rádio em família ou até mesmo de
acordar mais cedo para ler o jornal. As novas tecnologias mudaram e ainda
mudarão muito a maneira de relacionamento social que a sociedade esta
acostumada.

A sociedade rompeu as fronteiras de tempo e espaço. Imagine há vinte anos,


como seria complicado falar e fazer contato com alguém em outro país.
Possível através de telefone ou carta, meios que poderiam ter um delay
(atraso, retardo) que prejudicaria a comunicação. Além do fator de atraso na

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comunicação, existe outra barreira, o alto custo para se falar com um amigo ou
até mesmo com um cliente internacional.

Atualmente, havendo um computador com os periféricos (acessórios)


adequados, acesso a internet e uma pessoa com o mínimo de instrução de
utilização da internet é possível conversar, ouvir e até mesmo ver alguém que
esteja no Japão, França, Canadá, Pólo Norte ou em qualquer outro canto do
mundo. Ainda traz os benefícios, como por exemplo, o imediatismo, ou seja, se
a outra pessoa estiver conectada no mesmo momento nada mais impede a
comunicação e o custo praticamente zero. O custo zero é referente à tarifação
pelo serviço “interurbano”, que na internet não existe, não tem fronteira
geográfica que impeça um usuário de navegar em um site coreano, português
ou indiano. O on-line ampliou as técnicas de comunicação. A comunicação
virtual chegou para ficar, chegou para somar, quiçá multiplicar os caminhos da
informação, não apenas oral e escrita, mais do que nunca, uma comunicação
virtual. Esta é uma das mudanças sociais que o desenvolvimento tecnológico
ocasionou.

O desenvolvimento tecnológico é muito discutido atualmente, pois resulta em


mudanças nos diversos meios sociais. A internet interfere na sociedade, na
economia e até mesmo na cultura. Como exemplo, diversas novas maneiras de
se apresentar seu próprio trabalho, seja ele artístico, performático, visual e
sonoro. Tem-se a opção de não utilizar empresário ou gravadora. Os trabalhos
podem ser expostos em uma das várias comunidades específicas, com seus
públicos também específicos, quase como “tribos urbanas” (MAFFESOLI.
1985), que tem como característica principal estabelecer redes de contatos,
determinadas pela conformidade de pensamento, hábitos, maneiras de
agir/vestir. Tem o exemplo de uma grande comunidade de fotografia, o Flickr
(http://www.flickr.com). Local em que artistas profissionais e amadores expõem e
compartilham as suas fotografias, um exemplo de groupware, discutido por
Pierre Lévy (1998), onde os fotógrafos podem discutir as fotografias, classificá-
las, inserir observações e até mesmo criar um ranking com as fotos mais
visitadas.

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Em razão da grande diversidade de informação a respeito das mudanças que
aconteceram nesta atual Sociedade de Rede, esta pesquisa procura selecionar
apenas fatores relacionados ao âmbito social, ou seja, as mudanças
comportamentais que a internet e os sites de relacionamento podem acarretar
na sociedade brasileira contemporânea.

5.2. O Hoje Tecnológico

Consegue-se pensar hoje na palavra tecnologia, sem citar as palavras


computador ou internet? Não. Justamente porque a sociedade contemporânea
esta entrelaçada com esta técnica.

Para Goldemberg (1978: p.157) tecnologia é o conjunto de conhecimentos de


que uma sociedade dispõe sobre ciências e artes industriais, incluindo os
fenômenos sociais e físicos, e a aplicação destes princípios à produção de
bens e serviços. De forma semelhante Kevin Kelly, criador da revista
estadunidense, que trata sobre tecnologia e tem como “santo-padroeiro”
Marshall McLuhan diz que “Tecnologia é tudo aquilo que criamos: literatura,
pintura, música, bibliotecas, as leis, e assim por diante. Os milhares de letras
de um código de computador e os milhares de letras de uma obra de
Shakespeare são ambas as formas de tecnologia” (Veja On-line Ago/07).
Tecnologia deve gerar oportunidades.

5.3. Tribo Digital

Após estar situada a evolução das técnicas até a atualidade pode-se começar
a tratar do tema propriamente dito, os sites de relacionamento. Liga-se a TV
para assistir um programa jornalístico, tenha certeza que aquela informação já
esta sendo discutida em algum site de relacionamento ou algum fórum de
discussão e até mesmo em chats casuais nas salas de bate papo virtual.
Exemplificando esta afirmação, pesquisei um caso recente que a mídia no
geral tratou de forma excessivamente sensacionalista, o caso Isabella Nardoni.

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No site de relacionamento de mais destaque no Brasil, o orkut (www.orkut.com) já
foi criado mais de mil comunidades a respeito do caso Isabella Nardoni. Na
soma de todos os usuários cadastrados em cada uma das comunidades
existentes, tem-se o montante de aproximadamente duzentas mil pessoas e
outros numerosos setecentos mil tópicos de discussão (posts) sobre este caso.
Este é um exemplo dos vários outros que temos atualmente, outro exemplo
atual, é o caso do Padre que voava com balões, que sumiu e ainda não foi
encontrado. O fator que atrai a atenção é a nova maneira que o usuários/ator
social discute o assunto. Com gostos e pensamentos conflitantes ou não criam
e entram nessas comunidades a fim de discutir, dar opinião, sugerir uma nova
maneira de ver o fato e até mesmo expressar o seu desinteresse pelo assunto.
Outro motivo que faz com que as pessoas criem comunidades, em sites de
relacionamento, são os mesmos gostos para determinados assuntos, que
variam de música, filmes, seriados até mesmo a cores prediletas.
Características de Tribos Urbanas cabem nesta discussão. O sociólogo Michel
Maffesoli caracteriza-as como:

 Cultura Informal: que partilham o agora, o imediatismo.


 Não Ativismo: que não se opõem diretamente ao poder político, não
são passivos, mas evitam a forma institucionalizada de protesto. Sua
resistência é mais “underground”, utilizam como artifício, por exemplo, a
música.
 Fluidez e Estabilidade: são instáveis e abertas. Podem pensar que são
originais, mas ao mesmo tempo uma pessoa que participa dela pode
“evoluir” para uma outra tribo.

Voltando a citar a televisão, outro grande meio de comunicação, pode-se


identificar que a maioria dos novos programas ou programas antigos de grande
audiência já deu conta que a internet é um grande terreno para se plantar
informação e colher expectadores ativos, que são atraídos através da
interação: TV x Internet x Usuário/Telespectador.

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Este entrelaçamento que a tecnologia força acontecer está presente até
mesmo nas empresas mais modernas. Imagine que ao invés de usarem
telefones de ramal as empresas se apropriaram de programas de mensagens
instantâneas para baratear as despesas, na maioria são empresas na área de
comunicação, mais já é um começo, uma mudança muito significativa. A
maneira de se relacionar tanto pessoalmente quanto corporativamente esta em
transição. E este trabalho nos ajudará a entender melhor estas novas
maneiras, direcionados a sites de relacionamento e blogs.

5.3.1. A tecnologia é quem manda?

A tecnologia pode ser estigmatizada como boa ou ruim?

“pharmakon (...) é ao mesmo tempo um veneno para aqueles


que dela não participam (e ninguém pode participar
completamente dela, de tão vasta e multiforme que é) e um
remédio para aqueles que mergulham em seus turbilhões e
conseguem controlar a própria deriva no meio de suas
correntes”. (LEVY, Pierre. 1999:p.40).

Ou seja, o que definirá a tecnologia como boa ou ruim é o uso que faremos
dela. Um computador, por exemplo, é formado por diversos aparatos diferentes
em seu tamanho, cor, função, softwares e etc. A junção ou a inter-relação entre
esses “micro-atores” (referência ao termo micropolítica citado logo abaixo) gera
um resultado, a forma de inter-relação pode ser alterada pelo usuário para ter
um resultante diferenciado do obtido anteriormente, o poder de mudar o
resultado é o usuário que possui. A tecnologia não dita regra. Ela apenas gera
oportunidades de escolhas.

“A tecnologia não determina a sociedade: incorpora-a. Mas a


sociedade também não determina a inovação tecnológica:
utiliza-a.” (CASTELLS, Manuel. 1999:p.62*nota).

A política entre usuário e técnica segundo Pierre Lévy (1998) significa


micropoliticas em atos, ou seja, pequenas sociedades especificas de interação
politicamente ligadas umas as outras, resultando uma ação conjunta. Temos
como exemplo um site de relacionamento, ao clicar na opção de cadastro o
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indivíduo é redirecionado a uma nova página de navegação, precisará nessa
página preencher itens obrigatórios para o seu ingresso neste determinado site,
ou seja, diversas áreas diferentes se interagindo para que determinada ação
seja realizada.

Antes de entrar neste assunto em especifico, vamos entender as tecnologias


da inteligência, nos orientando por cada uma delas até o surgimento do
computador e seu desenvolvimento.

5.4. Oralidade, escrita e computador: Três tecnologias da


inteligência.

“[...] a sucessão da oralidade, da escrita e da informática como


modos fundamentais de gestão social de conhecimento não se
dá por simples substituição, mais antes por complexificação e
de centros de gravidade”. (LÉVY, Pierre. 1998: p.10)

Para Lévy (1998), a sociedade pré-escrita repassava a sua informação (mitos,


ensinamentos e cultura) através da técnica oral, ou seja, a oralidade primária
foi o gênero de conhecimento, especifico de sociedades sem escrita, utilizado
como berço da aprendizagem e tinha como função básica a gestão da memória
social. Para Walter Ong (1998) a oralidade primária refere-se a oralidade de
culturas que nunca tiveram acesso a escrita, ou a impressão e até mesmo
contato com pessoas que dominam a escrita.

Na visão de Lévy (1998), as informações tidas como importantes eram


passadas de geração a geração, através do último ancestral vivo. Por exemplo,
quando o indivíduo manufaturava algum objeto de utilização diária ou especial
ele cristalizava junto ao barro ou ao cobre a forma e uso e a importância social
que este objeto possuía na época de sua construção. Tratava-se por
intermédio da transmissão oral, a construção de um edifício cultural fundado
sobre as lembranças dos indivíduos, o transcendental histórico.

Este exemplo mostra que a partir da criação do objeto o indivíduo “criava”


travas de irreversibilidade, ou seja, obrigando o tempo a passar em apenas um

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sentido. Por exemplo, após a descoberta do fogo, os homens não deixaram de
usá-lo, para cozinhar, para caçar, para cultuar à seus deuses, o fogo marcou a
história daqueles indivíduos, criou-se uma “trava” que impossibilitava que o
tempo voltasse atrás, o homem já possuía o fogo, porque então eles deveriam
voltar a não utilizá-lo? Não há este sentimento nostálgico para com o passado
“sem fogo”, o mesmo acontece com o homem que aprende uma nova técnica
de trabalho, ele não voltará mais a antiga técnica utilizada a menos que algo na
nova técnica se mostre inferior. Este processo de desenvolvimento é uma
maneira de inscrição temporal, ela pode ser escrita, forjada, criada ou
modelada na argila. O objeto conta uma história, a maneira de ele ser criado já
dizia muito da sociedade que tinha produzido, ali estava um pedaço da sua
história, ali estava um passo a mais em seu desenvolvimento.

Assim acontece com boa parte das tecnologias. A cada nova criada, torna-se
impossível viver num mundo sem a ação ou a presença desta. Ela modifica a
forma de pensar e agir no meio social. “A transmissão oral é simultaneamente
uma tradução, uma adaptação e uma traição”. (LÉVY, 1998: p.89)

Na cultura oral, as mensagens passavam pela interpretação e adaptação de


indivíduos de diferentes tempos e lugares, ou seja, sofriam influências em
demasia. Fora do seu contexto e às vezes perdendo seu principal sentido.
Toma-se como exemplo a sociedade oral primitiva, na qual o contador
(indivíduo que reproduzia as histórias) adaptava a sua narrativa segundo seu
enunciado, mas também pensando nos interesses e conhecimentos de sua
audiência. O indivíduo que recebia a informação também filtrava o que acabará
de escutar segundo o seu humor e sua disposição. Sendo assim a transmissão
oral não era e nem conseguiria ser fiel como a escrita.

Por causa das sementes que a escrita foi inventada e reinventada em diversos
lugares. Com a necessidade de contabilizar as transações comerciais e
identificar os bens materiais a agricultura requer uma maneira de se organizar,
tanto o estoque quanto o plantio. Na Antiguidade, os escribas talhavam na
argila, sinais referentes ao estoque do plantio colhido. Por volta de 3000 a.C.

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na Mesopotâmia os Sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme que
necessitava de argila e uma espécie de estilete para gravar traços horizontais,
verticais e oblíquos na argila, e cada um desses traços possuía um valor
simbólico, com um único instrumento o indivíduo poderia talhar uma grande
variedade de signos. Na escrita primitiva, a palavra “página” vem do latim
pagus que significa o campo do agricultor, segundo Pierre Lévy (1998).

A escrita surge em associação com a história. Há possibilidade aos indivíduos


de deixar para a posteridade suas experiências, seus erros e acertos, sua
história de maneira mais pessoal, mais íntima, sem a necessidade de que
alguém conte sua história, sem o descuido de ser interpretado mal por seu
transmissor.

Para W. Ong (1998) a oralidade é natural e a escrita é artificial, pois não existe
maneira de se escrever “naturalmente”. O papiro teria a tarefa de “dizer” ao
mundo, de informar, de armazenar e catalogar. Pierre Lévy (1998) acredita que
a escrita aposta no tempo. O ato de escrever pode significar que o indivíduo
tem vontade de registrar historicamente um determinado fato em sua vida ou
em seu meio social. A vontade de imortalizar aquele momento, ou vacinar o
próximo com o erro que já foi cometido, gabar-se para o futuro dos seus feitos,
sejam eles grandes ou não. Escrever é apostar no tempo literalmente, de outra
forma, por que alguém escreveria um diário se não para registrar seu cotidiano,
para expressar seus sentimentos, desabafar suas aflições. O hoje pode
parecer sem sentido histórico, mais quem sabe daqui a cem anos, este diário
sendo encontrado não se tornará objeto de estudo de uma outra sociedade,
uma sociedade mais moderna, que talvez já tenha evoluído tanto, que se
esqueceu de como eram seus antepassados, ai esta o valor da escrita, o valor
de deixar registrado.

O Estado também se utilizou desta nova técnica, a escrita, para se firmar como
Estado. Além de altos muros e monumentos de mármore e bronze que
marcavam o fim do tempo nômade e a fixação no espaço, às leis e feitos
históricos dos deuses, reis e padres eram escritas reforçando assim a

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mensagem, recapitulando, incansavelmente, o textual inscrito nos
monumentos, reafirmando sua soberania e poder estatal, pois ao comandar os
signos eles comandariam os homens.

Estas redes sociais formadas anteriormente pela oralidade e posteriormente


somadas à escrita são as bases para o que à tecnologia nos traz. A oralidade
mostrou que as tradições sobrevivem através do ato de contar histórias,
mesmo que alteradas de geração a geração, elas sobrevivem em sua
essência, a escrita nos possibilita ter firmamentos, a História propriamente dita.
Com o surgimento da escrita, diminui-se o fator da adaptação oral e dá vazão à
habilidade de interpretação individual, a maneira da qual nós entenderemos um
texto, por exemplo.

O hipertexto (texto não linear, representação do pensamento) pode ser


totalmente diferente entre o escritor e o leitor, formando assim novos
significados, novos ligações informacionais. É certo que a oralidade e a escrita
serviram de berço para um enorme desenvolvimento entre as relações sociais,
e agora a tecnologia traz uma nova técnica de se relacionar, de maneira
alguma esta nova técnica excluirá as suas antecessoras, pelo contrário, ela
aumentará possibilidades de relacionamentos que antes por motivos
geográficos ou culturais não seriam possíveis. O computador e a internet veem
criar novas maneiras de se relacionar socialmente.

5.5. Histórico Computacional

O primeiro computador, o Eniac desenvolvido na década de 40, pesava


toneladas, ocupava um andar inteiro de um grande edifício e era ligado por
terminações via cabo. Nos anos 50, começou a ser programado por códigos
binários e utilizavam-se cartões e fitas perfuradas, os cabos das terminações
tornaram-se internos. Os monitores só generalizaram nos fim dos anos 70.

Não há identidade estável na informática porque computadores são redes de


interfaces abertas a novas conexões, imprevisíveis que podem transformar

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radicalmente seu significado e uso. Esta metamorfose que facilitou o seu
desenvolvimento não apenas para setores administrativos que utilizavam
cálculos diários, mais também a indivíduos comuns, sem nenhuma ligação com
o empresarial.

Codificação digital é um principio de interface, maleável, inquebrável, móvel,


leve. O digital é uma matéria que pode sofrer qualquer tipo de alteração e
deformação. Pierre Lévy (1998) projeta que com a computação, o digital pode e
vai ser tornar tão comum quanto à escrita, mas que cada uma manterá seu
valor na sociedade, assim como a oralidade que mesmo após o
desenvolvimento da escrita, se mantém entre nós.

Um novo paradigma tecnológico, baseado na tecnologia da informação, tem


inicio nos anos 70 (CASTELLS, 1999). O computador a partir de 1979 se
popularizou, e começou a ser utilizado em empresas, residências, escolas e
universidades. Os Estados Unidos são pioneiros nesta área tecnológica. A
criação e expansão de redes entre esses computadores facilitaram diversas
outras áreas. Utilizaremos como exemplo os grupos de estudos entre
professores e alunos, groupware, que foram de grande utilidade para o
dinamismo na aprendizagem e no desenvolvimento de diversos projetos
universitários.

5.5.1. O Groupware

O groupware foi criado como um grande mural de informação, um imenso


hipertexto, que era de fácil alteração e tinha uma interface muito simples e
direta. Uma nova forma de comunicação em rede e uma outra maneira de
interagir.

Por exemplo, um aluno consegue a solução de uma parte do problema que o


professor passou na última aula, ele se loga (ato de logar-se, identificar-se) no
sistema interno da faculdade e atualiza as informações que ele conseguiu
desenvolver. Caso o professor esteja logado e veja que o trabalho que ele

22
passou esta sendo solucionado ou ao contrário, se os alunos estão com
dificuldade em desenvolvê-lo, o professor pode dar uma orientação on-line.
Facilitando assim o desenvolvimento do exercício. Este hipertexto é uma
grande teia que apenas espera para ser preenchida com informação dos mais
diversos temas, uma maneira de interagir coletivamente. Acima eu utilizei um
exemplo acadêmico, mas podemos exemplificar de diversas maneiras a
utilização do groupware, que também pode ser chamado de software
colaborativo. Alguns termos serão novamente abordados mais a frente deste
trabalho.

5.6. Homem – Máquina

“Não sou “eu” que sou inteligente, mas eu com o grupo


humano do qual sou membro [...]” (LÉVY. 1998: p.135).

O período de incorporação do computador na sociedade trouxe um novo


panorama tecnológico para a o coletivo social e também para o indivíduo, o
consumidor e, por que não, dizer o trabalhador. Empresas que se utilizava de
mão-de-obra humana, agora tem a possibilidade de informatizar a sua
fabricação e assim enxugar o orçamento há médio/longo prazo e arcar apenas
com a manutenção das máquinas e o treinamento de funcionários
especializados nas determinadas máquinas, fragmentar especialidades. Uma
troca justa no sentido econômico, menos preocupação do empresário e uma
maior preocupação dos desenvolvedores tecnológicos, pois quanto mais
procura de tecnologia, mais trabalho a ser feito pelas empresas de tecnologia,
seja para aumentar o conforto, a segurança e etc., na visão do empregador.

A tecnologia instiga a segmentação profissional. Existem profissionais


metalúrgicos, por exemplo, que são especializados em determinadas
máquinas, não apenas em manuseá-las, pois isso é feito digitalmente pelo
computador, ou apenas apertando botões de comando, mas também em sua
manutenção e atualização.

23
Porque mesmo sendo digitais e fazendo o trabalho praticamente sozinho, a
máquina ainda necessita de um operador, seja ele humano ou um computador
que tenha sido alimentado com inteligência artificial humana. O profissional
pós-moderno deve se reciclar e se auto-atualizar a cada nova tecnologia, para
que ele não se “torne obsoleto”. Creio que obsoleto seja um adjetivo muito
pejorativo para ser usado para tratar do ser humano, porém é assim que os
seres humanos estão sendo tratados, como homens-máquinas, dispostos a se
enquadrar na tecnologia para que tenha ainda valor de mercado, verdadeiros
homens-coisas, homens-objetos. Uma coletividade pensante, segundo Pierre
Lévy (1998). O “eu” já não se destaca sem estar ligado socialmente e incluído
tecnologicamente.

5.6.1. A consciência da máquina – Simulação e terminais inteligentes

Ação mútua e simultânea entre usuário e sistema caracteriza-se como pólos de


diálogo. Tendências de segmentação de público, personalizados, individuais.
Lévy (1998) sugere que se devem instruir as máquinas a agir de forma mais
organizada, a ponto de não saber ao certo se estaria dialogando com um ser
humano ou com a própria máquina. No âmbito da computação, é possível que
entidades lógicas ajudarem umas as outras, ou aconselhá-las sem “saber” se
estão se dirigindo à homens ou programas, iniciando um processo social
autônomo no meio de uma ecologia cognitiva composta, ou seja, uma nova
dinâmica de se interagir entre indivíduo, objeto e meio-ambiente que resultarão
em outras formas de perceber e entender os processos de construção do
conhecimento.

Para que este pensamento de Pierre Lévy se realize de forma massificada no


mundo atual, os desenvolvedores de tecnologia devem primeiro tratar de
padronizar e criar compatibilidade entre essas máquinas. Imagine se você
fosse buscar algo especifico na internet, no site Google, por exemplo. Ele é um
imenso hipertexto, ele cria ligações racionais (o mais parecido possível com o
pensamento humano) para facilitar a busca de determinadas informações. Se
não existisse a compatibilidade por razão da padronização não teríamos

24
acesso completo a todos os resultados de sua busca. Um site não poderia
abrir, pois faltaria um determinado dispositivo, outro não poderia ser visitado
por excesso de nova tecnologia, e assim por diante, o desenvolvimento
tecnológico esta ligada a padronização e compatibilidade dos softwares
(estrutura desenvolvida para ser utilizada para desempenhar determinada
função. Um editor gráfico, um editor sonoro, um editor de texto e etc.) e
interfaces (o “rosto” do software, a maneira mais didática de utilização, a
plataforma que deve ser feita para que um usuário comum tenha acesso à
informação desejada) entre si e entre outras tecnologias.

Uma rede de informação alimentada por indivíduos singulares de diferentes


países, com diferentes culturas e religiões, “nada” é deixado de fora, “tudo” é
incluso nessa grande teia informatizada. Podemos criar ligações diversas e que
para muitos pode parecer irracional, porém os pensamentos não são
catalogados e organizados assim como nós organizamos uma prateleira de
livros, ou um dicionário. O hipertexto cognitivo (as ligações que envolvem a
memória, a inteligência, o ato de aprender e esquecer, desde os sonhos até os
fatos no cérebro humano) não possui um organograma de idéias fixas e
moldadas. A internet dá vazão ao pensamento em seu modo mais primitivo,
desorganizado, se chega à razão através da procura de fatos e memórias
particulares e também das experiências dos nossos antepassados, memórias
transferidas de geração para geração, experiências de membros de uma
determinada coletividade, do transcendental histórico.

Não é mais preciso aprender com os erros, se podemos fazer apenas o


correto. Parece meio estranho falar dessa maneira, mais o que fazemos hoje,
graças à tecnologia computacional, é uma verdade. A NASA (National
Aeronautics and Space Administration) não pode perder um foguete espacial a
cada tentativa de lançamento, eles são grandes usuários das novas
tecnologias e muita das vezes são eles que desenvolvem determinados
modelos de softwares para solucionar problemas internos. Todo o cálculo,
projeto, ensaios de lançamentos e simulações de problemas são testados

25
ainda no solo, sem prejudicar ou comprometer o foguete espacial. É um
exemplo digno da tecnologia que temos atualmente.

Ao sair de casa temos contato com um mundo individual e tecnológico, com


produtos feitos sob medida para determinado consumidor, caixas eletrônicos,
catracas eletrônicas, câmeras de monitoramento, bibliotecas digitalizadas,
documentos raros ao alcance de um clique.

O homem e a tecnologia se confundem, não conseguimos explicar o homem


sem entender as técnicas que o cercam, porque o homem é relacionado à
tecnologia. A partir do momento que o homem cria uma técnica, ele já começa
a pensar numa forma de aperfeiçoá-la e encorajar a inovação das antigas
técnicas, que de alguma forma já estão pré-fabricadas. Quando o primeiro site
de relacionamento foi desenvolvido ele trouxe uma maneira nova de se
relacionar, porém para que este site fosse desenvolvido foi necessário que
alguma outra técnica fosse desenvolvida anteriormente, como um processo de
evolução natural, porém guiada pela necessidade individual de se relacionar.

Ao longo dos tempos, houve sempre uma técnica mediando às relações entre
os homens e, atualmente, não é diferente, apenas o tipo da técnica mudou não
mais apenas a oralidade e a escrita servem de guia para o relacionamento
social. Os sites de relacionamento e blogs que ajudam na interação de
diferentes indivíduos, não importando sua raça, classe social, Q.I., escolaridade
e etc. regem esta nova modalidade de se relacionar, sem barreiras geográficas
e culturais.

26
5.7. O On-line

O on-line anuncia um ritmo novo que não mais o da história, não tem mais
tempo de virar história de livro, é imediato, aconteceu agora em cinco minutos
já se tornou história, já virou notícia, não há vestígios de surgimento, pois é
imediato, é on-line.
“Uma cultura digital, capacidade de relação dos indivíduos com
os inúmeros ambientes de informação que os cercam.”
(COSTA, Rogério da. 2002: p.13).

Mesmo com este avanço tecnológico, a velocidade (informática e redes) as


outras técnicas (escrita e oralidade) não serão esquecidas, os livros
continuarão sendo lidos, a história continuará sendo passada à frente por meio
de livros históricos, a oralidade continua sendo utilizada nas famílias, igrejas,
trabalho e etc..

A rede informacional não veio para acabar com os outros meios de


comunicação, pelo contrário, ela chegou para somar e ajudar a propagar a
informação de forma mais completa, inserindo, produzindo e compartilhando
áudio e imagem em adição ao texto.

5.7.1. As características de um mundo conectado

“A cultura da atualidade está intimamente ligada à idéia de


interatividade, de interconexão, de inter-relação entre homens,
informações e imagens dos mais variados gêneros. Essa
interconexão diversa e crescente é devida, sobretudo, a
enorme expansão das tecnologias digitais.”
(COSTA, Rogério da. 2002: p.8)

Se compararmos as idéias de cultura digital de Rogério da Costa (2002) com


as características do hipertexto de Pierre Lévy (1998) teremos um panorama
interessante sobre as características de um mundo hipertextual digital e
interconectado como um novelo de lã.

27
Pierre Lévy (1998) cita seis princípios interessantes que podemos utilizar como
base de análise e misturar com o pensamento de cultura digital de Rogério da
Costa.

5.7.2. Princípio de Metamorfose

Usaremos como exemplo a internet, que interconecta o “mundo inteiro”. A cada


dia várias páginas de internet são atualizadas, criadas, deletadas e
interconectadas. Se fizermos uma comparação grosseira com o corpo humano,
acontece como nas nossas células, elas morrem, nascem se multiplicam e
sofrem mutações. A rede funciona da mesma forma, como se fosse um líquido
ela se transforma conforme a necessidade do usuário. É um novo campo fértil,
pronto para ser plantado com novas idéias, e que a cada dia recebe mais
usuários a procura de serviços, informações, interatividade e diversas outras
coisas que apenas a internet, por ser tão metamórfica, pode oferecer.

5.7.3. Princípio da Heterogeneidade

As possibilidades individuais de informação são quase infinitas na internet,


como, por exemplo, em nossa memória podem ser encontrados lembranças,
imagens, sons, palavras, conversas antigas, sensações e etc. Na internet
podemos encontrar também diversos tipos de conexões, lógicas, afetivas,
analógicas, digitais e essas conexões associadas podem nos levar a um
processo de singularidade se nos basearmos em experiências pessoais,
colocando em jogo pessoas, grupos, artefatos etc. Mesmo com muita
informação, se utilizarmos um mediador de busca de qualidade pode-se chegar
a resultados singulares, mesmo tendo acesso à mesma informação que
diferentes indivíduos.

5.7.4. Princípio de Multiplicidade e de encaixe das escalas

“Fractal” (nó ou conexão) assim é organizado a internet. Por exemplo, uma


vírgula pode afetar um texto na internet e/ou um tratado internacional, gerando

28
uma enorme repercussão na vida de milhares de pessoas. Nos dois casos o
erro seria o mesmo, a vírgula, mais qual geraria mais repercussão? Com
certeza o caso do Tratado Internacional, o que nos explica que as escalas de
impacto são diferenciadas, mesmo que causadas pelo mesmo erro. Assim
também funciona a internet, mesmo pensando que ninguém esta lendo o que
esta sendo escrito em um blog ou site de relacionamento qualquer, a partir do
momento que postamos esta informação on-line deve-se ter o mínimo de
consciência ética com o assunto abordado, pois pode repercutir muito além do
esperado.

5.7.5. Princípio de Exterioridade

A rede depende do exterior (algo de fora) para aumentar, pois não tem motor
interno. Por exemplo, se você lê uma notícia em determinado site, significa que
alguém foi responsável por postar (adicionar) esta notícia neste site, ou seja, é
necessário um fator externo. A rede trabalha por acumulação de informações,
se ninguém adicionar informação não haverá informação, por isso existe essa
necessidade de um fator externo. Um exemplo clássico deste princípio são os
portais de informação (Uol, Aol, Yahoo e etc.) que possuem um acumulo de
informação de vários nichos de interesses diferentes, e se o usuário tem a
atenção captada de alguma forma, tem grande possibilidade de que o seu
acesso naquele portal se mantenha por vários minutos. Portais de informação
são muito focados em desenvolver hipertextos, por exemplo, ao final de uma
informação há outras opções de assuntos relacionados que possibilitam o
aprofundamento em determinado tema ou até mesmo o desdobramento de
temas diferentes.

5.7.6. Princípio de Topologia

Tudo por proximidade, por vizinhança, uma questão de caminhos, escolhas,


opções. A rede não está no espaço ela é o espaço. A internet é um ”caos
organizado”. É possível encontrar tudo e ao mesmo tempo não encontrar nada,
depende de como o assunto é procurado pelo usuário. O excesso pode ser um

29
problema de pesquisa, por isso devem-se fazer procuras refinadas, com
detalhamento de informação e precisão na hora da busca.

5.7.7. Princípio de Mobilidade dos centros

A internet não tem centro de informação, ou melhor, possui diversos centros


que estão em constante movimento, saltando de nó em nó trazendo mais
infinitas raízes, gerando mais uma infinidade de caminhos. Segundo Rogério
da Costa (2002), pequenas janelas digitais que dividem nossa atenção.
Múltiplas opções resultam em infinitos resultados, quando cito que a internet
tem vários centros remeto-me à grandeza de informação que ela possui, e na
medida em que essas informações vão sendo procuradas elas deixam de ser
uma opção e se tornam uma escolha. Para cada momento, usuário,
dificuldade, pesquisas diferentes a internet oferece centros distintos de
informação, centros alternativos que são prioridade ou não prioridade para
determinadas necessidades.

Esses princípios caracterizam também as formas de sociabilidade da cultura na


era da informática, do virtual. Esses indivíduos conectados são de diferentes
raças, idades, culturas, países, gerações, pensamentos e o que faz com que
eles se relacionem, mesmo sendo tão diferentes são as oportunidades que a
internet, mais especificamente os sites de relacionamento lhes oferecem, a
singularidade, a opção de escolha.

“A individualização reformula e renegocia diariamente as redes


de entrelaçamentos (sociedade), ou seja, as ações individuais
cíclicas fazem com que a sociedade de individualização se
mantenha, porém com mudanças freqüentes, pois são fluidos,
que se transformam a sua forma por serem liquidas.”
(BAUMAN, Zygmunt. Rio de Janeiro. 2001).

O que eles procuram? A sociabilidade que há tempos lhes foi tirada, por uma
sociedade cada vez com menos tempo de se relacionar, cada vez mais
individual. Procuram desesperadamente se encontrar, após a desintegração
das instituições que lhes dava segurança, seguindo o pensamento de Bauman
(2001).

30
5.8. As várias faces da Identidade

Para analisar o tema identidade, que esta no coração desta pesquisa, fui desde
a mais primária fonte de pesquisa, o dicionário, até a comparação de autores
que tratam deste assunto, Pierre Lévy, Manuel Castells e Stuart Hall.
Lévy e Castells têm por semelhança o otimismo com que tratam os avanços
tecnológicos. Nenhum deles demoniza o desenvolvimento caótico da
tecnologia. Eles escrevem sobre a identidade e os possíveis caminhos que a
internet pode seguir, caminhos estes, que serão determinados pelos usuários,
atores sociais e a sociedade.

Mais a questão do trabalho “Internet e a Nova Sociabilidade contemporânea”,


onde se encaixa nesta discussão? O que tem haver interação com identidade?
O que é identidade? Nos parágrafos a seguir descreverei a relação entre os
fatores: Interação, Internet, Sites de relacionamento e Identidade.

A identidade possui uma enorme diversidade de conceitos, tudo depende da


área de análise. Como por exemplo, identidade para a sociologia significa o
compartilhar de várias idéias e ideais de um determinado grupo; já para a
Antropologia identidade é a soma nunca concluída de signos, influências e
referências. O restante da discussão será tratada em diferentes quadros de
análise, aprofundando o tema identidade (em co-relação com interatividade) e
suas várias faces. Através do dicionário on-line e coletivo Wikipédia, a palavra
identidade é definida como sendo um “conjunto de caracteres próprios e
exclusivos com os quais se podem diferenciar pessoas, animais, plantas e
objetos inanimados uns dos outros, quer diante do conjunto das diversidades,
quer ante seus semelhantes”.

31
Na visão de Stuart Hall (1992), a identidade distingue três concepções muito
diferentes:

 Sujeito Iluminista: Juntamente com os valores Iluministas o homem tem


sua identidade definida por sua essência, única e que crescia
juntamente com sua razão. Centrado, unificado e considerado o “centro”
de seu núcleo interior o Sujeito Iluminista possuía uma concepção
individualista de identidade.

 Sujeito Sociológico: Com o passar do tempo e a chegada do mundo


moderno, o Sujeito conscientizou-se de que seu núcleo interior não era
auto suficiente e nem autônomo, mas sim formado na relação social,
que orientava seu sentido de valores, significados e símbolos. Uma
visão interativa da identidade, onde o sujeito interage com a sociedade e
forma sua identidade. Hall fala a respeito o “mundo pessoal” e o “mundo
público”, um início de variação de identidade. “[...]A identidade costura o
sujeito à estrutura”.(HALL, Stuart. 1992:12)

 O Sujeito Pós-Moderno surge com as mudanças e fragmentações da


sociedade, das Instituições e do Eu. O que era estável e unificado
começa a ruir e novos paradigmas surgem nas palavras de Bauman “O
que se separou não voltará a se juntar, essa é a verdade da modernidade
fluida” (BAUMAN, Zygmunt. 2001:29). A interação das várias identidades,
às vezes até mesmo contraditórias faz com que o Sujeito Pós Moderno
não possua uma identidade fixa, essencial, mas identidades provisórias
e variáveis.

Para Castells “no que diz respeito a atores sociais, entendo por identidade o
processo de construção de significado com base em um atributo cultural, ou
ainda um conjunto de atributos culturais inter-relacionados, o(s) qual (ais)
prevalece(m) sobre outras fontes de significado” (1999). Ele também acredita
que o ator coletivo pode possuir múltiplas identidades, mas esta pluralidade
tem como fonte a tensão e a contradição do ato de auto representar-se e na
32
forma de interação social. Por este motivo os indivíduos usam como artifício os
Papéis. Um indivíduo pode desempenhar diversos papéis sociais (por exemplo,
ser pai, vizinho, fumante, sindicalista, jogador de futebol e militante político, ao
mesmo tempo). Estes papéis nas palavras de Castells “são definidos por
normas estruturadas pelas instituições e organizações da sociedade”.
(CASTELLS, Manuel. 1999: p.23).

Os papéis têm uma importância relativa no ato de influenciar o comportamento


das pessoas, tudo depende dos acordos entre as instituições e organizações e
os indivíduos nelas inseridas. Diferentemente da Identidade, que constitui fonte
de significado (identificação simbólica, alguma coisa que representa algo para
alguém) e experiência de um povo, para os próprios atores, por eles originadas
e construídas por meio de um processo de individualização. Resumidamente
para Castells, papéis significam funções sociais e identidade é o processo de
construção de significado com base em um atributo cultural, ou ainda um
conjunto de atributos culturais inter-relacionados, o qual prevalece sobre outras
fontes de significado. (CASTELLS, Manuel. 1999: p.22). Cada sociedade
processa e reorganiza sua cultura com base em sua matéria prima proveniente
da própria cultura, diferenciando assim a maneira de distribuição e origem da
construção de identidades:

 Identidade Legitimadora: introduzida pelas instituições dominantes a fim


de expandir e racionalizar seu domínio em relação aos atores sociais;

 Identidade de Resistência: (formação de comunidades) criada por atores


sociais que se encontram em posição desvalorizada e/ou estigmatizada
pela lógica da dominação.

 Identidade de Projeto: quando o ator social utiliza-se de qualquer tipo de


material cultural ao seu alcance, constroem uma nova identidade capaz
de redefinir sua posição na sociedade e, ao fazê-lo, de buscar a
transformação de toda a estrutura social. Ex. feminismo

33
É uma espécie de ciclo, pois a identidade de resistência pode acabar tornando-
se uma de Projeto, ou até mesmo tornando-se dominantes nas instituições da
sociedade, transformando-se assim em identidades legitimadoras para
racionalizar sua dominação (1999). Manuel Castells trabalha em cima dessas
três formas de identidade e suas variações e transformações. Ele crê que
“cada tipo de processo de identidade leva a um resultado distinto no que tange
à constituição da sociedade” (1999).

Manuel Castells afirma que a “Identidade Legitimadora dá origem a sociedade


Civil, ou seja, um conjunto de organizações e instituições, bem como uma série
de atores sociais estruturados e organizados, que, embora às vezes de modo
conflitante, reproduzem a identidade que racionaliza as fontes de dominação
estrutural” (CASTELLS, Manuel. 1999: p.24). O grande destaque da Era da
Informação não continuou sendo a Legitimadora, como ocorria na Era
Industrial, pois ocorreu um enfraquecimento das instituições e uma
reestruturação do capitalismo moderno. A individualização ganha espaço e
com ela a Identidade de Resistência. Pelo motivo de ser individual à
determinadas minorias não foram muito bem aceitas, ai que entra a Identidade
de Projeto, que constitui um valor crescente, de um individuo oprimido até a
transformação social. Em outras palavras, deixara de ser o excluído para ser o
excludente. Assim completando o ciclo e racionalizando seu domínio e
transformando-se em Identidade em uma nova Identidade Legitimadora.

Perguntei a Pierre Lévy o que era Identidade em sua opinião, 20 minutos


depois ele me respondeu no Twitter (micro blog), que para ele Identidade era
molecular e quântica e me indicou um de seus livros, um dos livros que já
estava na referência bibliográfica por sinal, A Inteligência Coletiva (1994).

Caso a internet não existisse, ou se eu ainda não possuísse acesso a esta


tecnologia, eu também conseguiria interagir com o Pierre Lévy? Sim, poderia
ser por carta, telefone, e até mesmo pessoalmente, agora imagine quanto
tempo qualquer uma dessas opções poderia consumir em minha pesquisa e
quanto dinheiro isso poderia exigir do meu orçamento universitário. As novas

34
tecnologias fazem as maneiras de interação social mudarem. É este tipo de
interação que esta em jogo atualmente, o on-line é realidade. Para tentar
entender a definição de Lévy, decidi reler o livro e me deparei com a seguinte
questão: A interação social muda conforme a identidade? Com certeza sim,
pode-se re-utilizar os exemplos de análise de Stuart Hall, o Sujeito Iluminista,
Sociológico e Pós Moderno, três diferentes maneiras de interagir interna e
externamente, catalogadas por suas diferentes concepções de identidade.

Para Pierre Lévy, cada Espaço do Saber corresponde a um tipo de identidade.


O que se pode entender por Espaço do Saber? Pierre Lévy caracteriza-o como
espaço antropológico, onde exista relação entre seres humanos que cause a
produção, transformação e administração constante nos espaços heterogêneos
e entrelaçados nascidos das interações humanas (LEVY, 1998: p.125). Não
habitamos apenas espaços físicos e geométricos, vivemos também,
simultaneamente, em espaços afetivos, estéticos, sociais e históricos, espaços
de significação em geral (LEVY, 1998: p.126). Quatro espaços se destacam em
sua análise, a Terra, o Território, o Capital (mercadorias) e o Espaço Virtual do
Saber.

As identidades variam à medida que os espaços mudam. Não há uma receita


para cada identidade. Lévy exemplifica imaginando que cada espaço, acima
citado, fosse uma folha de calendário, que juntas fossem amassadas e
rasgadas até transformar-se em uma bola e papel. Com uma agulha
atravessará a bola de papel em certa ordem e local, cada um dos “espaços”
podem ser furados em maior número de locais. Cada nova agulha espetada
estabelecerá relações diferentes com os quatro espaços, singularizando a
relação identidade x espaço (LEVY, 1998: p.130).

35
 No espaço Terra, o nome marca a identidade juntamente com outros
signos (tatuagens, brasões, totens ou máscaras).

“O ser é constituído por uma rede de relações cósmicas que o


definem e designam seu lugar. E a exterioridade transforma-se
em interioridade: situado no universo. O individuo humano é,
ele próprio, um microcosmo, um eco, um reflexo de
tudo”.(LEVY, 1998: p.131).

 O espaço territorial, propriedade fundiária, define o lugar do individuo na


sociedade, sua identidade. Esta identidade constrói-se em torno da
casa, do domínio, da cidade, do país. Não apenas geograficamente esta
identidade se define, mas também na posição do individuo nas
instituições, castas, hierarquias, tudo que organiza um espaço por meio
de fronteiras, escalas e níveis (LEVY, 1998: p.132).

 No espaço das mercadorias o homem deixa de ser humano e


transforma-se em quantidade, renda, salário, conta bancária e etc. Os
indivíduos são redefinidos por seu papel na fabricação, na circulação e
no consumo de bens, informações e imagens.

 O espaço do saber habita os outros três espaços citados, não é apenas


o saber no sentido científico, mas do que qualifica a espécie humana.

“Cada vez que um ser humano organiza ou reorganiza sua


relação consigo mesmo, com seus semelhantes, com as
coisas, com os signos, com o cosmo, ele se envolve em uma
atividade de conhecimento, de aprendizado”.
(LEVY, 1998: p.121).

No Espaço do Saber é a competência e o conhecimento que determinam a


identidade. Cada indivíduo possui a sua identidade relacionada a este espaço e
interage com outros espaços de saberes de outros indivíduos, numa
reconfiguração dinâmica do saber coletivo.

36
5.9. Sites de Relacionamento

“[...] conclui-se que blogs são dispositivos que, embora


funcionalmente assumam, para seus usuários, o papel de
banco de dados, são, antes, bancos de afetos, por meio dos
quais o indivíduo estabelece e expande ligações na rede”.
(SLADE, Francisco. Dissertação de Mestrado: Blogs e a
validação do discurso do autor. Rio de Janeiro. 2007. Nº da
pág. 57).

Antes de começar a tratar sobre o tema em si é necessário definir o que é um


site de relacionamento. Quando pesquisado as palavras-chave “site de
relacionamento” na internet, mais especificamente no site Google, nas
primeiras quatro páginas da pesquisa encontra-se apenas sites relacionados a
namoro virtual e sites de encontros para solteiros.

A palavra relacionamento vai muito além do óbvio relacionamento entre homem


e mulher. No site americano Wikipédia (groupware, enciclopédia colaborativa
on-line), a definição da palavra relacionamento é “O relacionamento entre
pessoas é a forma como eles se tratam e se comunicam”. No dicionário
Aurélio, a palavra relação definiu-se por: “ato de relatar, lista, relato,
semelhança, vinculação, relação e fazer adquirir amizade”. Como pode ser
entendida através das definições, a palavra relacionamento tem um amplo
significado, pode-se ainda adicionar mais um exemplo para a definição, no site
O Globo, em Maio de 2009, foi postado uma notícia sobre determinada
empresa que faz recrutamento on-line e analisa currículos virtuais para outras
empresas interessadas em contratar funcionários. Os sites de relacionamento
também podem ser usados como ferramenta de divulgação de oportunidade de
emprego.

Com base nas definições acima, pode-se afirmar que site de relacionamento
engloba uma enorme área na internet. O blog também esta incluído neste
significado. Blogs são indicados por Francisco Slade (2007) como bancos de
afeto. Ele defende que a cada clique, a cada passagem por um determinado
blog, para ler e opinar sobre os assuntos ali tratados, não é mais do que a

37
identificação com aquele personagem que está no blog, narrando sua vida, ou
até mesmo narrando um fato qualquer do dia-a-dia.

Sites de relacionamento têm por natureza localizar e agrupar diferentes


pessoas com interesses em comum. Faz com que um universitário, um
advogado, uma adolescente e uma dona de casa se relacionem, imagine que
estes indivíduos gostem de tocar piano e procurarem sobre este assunto na
web (World Wide Web, rede de alcance mundial) é bem capaz que eles se
encontrem em determinada comunidade. A probabilidade é pequena por ser
tratar de uma escala mundial, porém quanto mais especifica a pesquisa, maior
é a chance de estas relações acontecerem. Um grande leque de opções
caracteriza as redes sociais, pesquisar informações sobre determinados temas,
encontrar e fazer amigos, virtuais ou não, procurar emprego, procurar
empregados e etc.

5.9.1. Tipos de sites de relacionamento

Citarei exemplos de três tipos de sites de relacionamento, alguns desses sites


acabam entrando em várias categorias por serem amplamente diversificados.
Começaremos por sites que estimulam a curiosidade, o “voyerismo virtual”,
chama-se twitter e tem como slogan “O que você esta fazendo agora?”,
resume-se em atualizar em um site as suas atividades cotidianas, é tachado
como um microblog, mas o site se defende e diz que é uma espécie de Bar On
line, ou seja, num bar você decide onde sentar, próximo a amigos ou a
desconhecidos, com vontade de conversar ou apenas como apreciador de
conversas e assim por diante.

O orkut é o mais popular site de relacionamento no Brasil, mais de 70% dos


usuários da internet brasileira acessam o orkut. Através desse site você pode
entrar em comunidades de diferentes assuntos, pode ter acesso aos perfis de
seus amigos, saber quem são amigos dos seus amigos, se relacionar através
da inserção de vídeo, áudio e jogos, você cria o seu perfil virtual que pode ou

38
não ser real, o que diferencia cada usuário e cada perfil para o sistema são os
seus logins e senhas diferentes.

“Para convencer e deixar um registro” esta foi à resposta dada para a pergunta
“Por que os blogueiros blogam?”. Quem a respondeu foi Hugh Hewitt (2007),
um especialista em blogs políticos. O blog é o terceiro exemplo de relação que
pode ser citado.

Esta resposta esta parcialmente correta, porém deveria constar também que o
homem bloga (ato de adicionar informação a um blog) para se relacionar.
Muitos usuários dos blogs fazem uma espécie de diário virtual, contam o seu
dia-a-dia, as suas aventuras e desventuras, romances, perdas, vitórias,
testemunham sobre algo ou alguém e expõe as suas opiniões de forma aberta,
sem censura, o que muitas das vezes pode gerar alguns problemas
relacionados à ética, que já invade um outro tema diferente do qual estamos
tratando.

Pessoas buscam, de sabedoria até entretenimento nos blogs, eles dão à


oportunidade de “vender” o seu produto textual, suas opiniões e críticas. O blog
é uma nova literatura, mais maleável, mais líquida. Diversas outras opções
existem para serem discutidas e dadas como exemplo, mais é quase
impossível numerar todas. O blog é algo pessoal e público ao mesmo tempo,
como uma tela em branco, pronta para ser pintada por suas informações e as
informações adicionais de qualquer navegante da grande rede de comunicação
mundial.

5.9.2. Audiência/Usuário

Quem são os usuários que fazem da internet um campo fértil de sociabilidade e


produtora de informação? Segundo um levantamento realizado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Comitê gestor
da Internet no Brasil (CGI. br) apontou que em 2005 32,1 milhões de brasileiros
já acessaram a internet por pelo menos uma vez. Na maior parte eram homens

39
(16,2 milhões), tinha entre 30 a 39 anos (5,8 milhões), 13,9 milhões eram
estudantes, 20 milhões integravam a população ocupada e 4,2 milhões era de
trabalhadores de serviços administrativos.

No último censo da internet, realizado pelo Instituto de Ciência da Informação


da University of Southern Califórnia encontraram mais de 2,8 bilhões de
endereços em toda a rede, ou seja, o Brasil é apenas uma das peças deste
grande quebra-cabeça que é a rede social virtual. O IBGE também informa que
1/3 dos jovens entre 15 e 17 anos de idade são internautas e que 76,2% das
pessoas que acessam a internet possuem 15 anos ou mais de estudo. De onde
este acesso é provido? Mais de 50% dos usuários acessam a internet de seu
domicilio e 39,7% tem acesso à rede do seu local de trabalho, 10% acessam
de centros públicos.

Para aumentar esta última porcentagem o Governo Federal postou em seu site
que já levou acesso para mais de 5 mil municípios em todo o Brasil, também
informam que os Telecentros além do acesso a internet gratuito, também
oferecem atividades sócio-culturais para mobilização social; divulgar o
conhecimento; participar de oficinas de alfabetização digital, entre outras
atividades.

5.9.3. O Orkut

Criado em 24 de Janeiro de 2004 o Orkut denomina-se como “Comunidade On-


line” e “Rede social”. Criados com o intuito de “tornar a sua vida social e a de
seus amigos mais ativa e estimulante”. Com fonte no próprio site, eles
informam que a maioria de seus usuários brasileiros tem idade entre 18-25
anos e o maior interesse deste público é de fazer/manter amigos.

Com características visuais e organizacionais pré-moldadas o orkut possibilita


a “reestruturação parcial” (re-moldura do layout) de sua página, dando a ilusão
de identidade única, mas diferenciando apenas o conteúdo inserido por cada
usuário.

40
“Os programas interativos ainda oferecem ao navegador a
possibilidade de mudar de identidade e de papel numa
multiplicidade de pontos de vista. Os programas são formas de
elaborar pensamentos, e levam o usuário a incorporar
identidades geradas no ciberespaço.”
(SANTAELLA, Lúcia. In: LEÃO, 2003. p.34.)

No desenvolvimento deste trabalho o site orkut sofreu várias mudanças, e até a


conclusão pode-se afirmar que ele continuará em evolução. De forma
“maleável” o Orkut apropria-se de ferramentas de interação entre os usuários
entre outras variedades de atividades on-line. Fotos, vídeos, depoimentos de
amigos, página de recados, jogos interativos, recursos em 3d (3 dimensões:
altura, largura e profundidade), músicas, dispositivos interativos que sugerem
amigos, comunidades variadas e a (ainda pequena) inserção de propaganda.
Todos os itens citados anteriormente fazem do Orkut um grande portal de
relacionamento, que a cada dia, atrai mais jovens de diferentes classes, faixa
etária, raça e opção sexual, a navegar juntos por este meio de comunicação.

O novo Orkut, diferentemente do anterior, utiliza-se de invitations (convites)


para a participação da rede social. Sem duvida uma maneira de excluir o outro.
Em coletiva realizada em Junho de 2007 Manuel Castells disse:

“[...] Um ‘excluído digital’ tem três grandes formas de ser


excluído. Primeiro: não tem acesso à rede de computadores.
Segundo: tem acesso ao sistema de comunicação, mas com
uma capacidade técnica muito baixa. Terceiro, (para mim é a
mais importante forma de ser excluído e da que menos se fala)
é estar conectado à rede e não saber qual o acesso que deve
usar, qual a informação que deve pesquisar, como combinar
uma informação com outra e como a utilizar para a vida. Esta é
a mais grave porque amplia, aprofunda a exclusão mais séria
de toda a História; é a exclusão da educação e da cultura
porque o mundo digital se incrementa
extraordinariamente”.(Trechos de coletiva apresentada no
Fórum Social Mundial em Porto Alegre. 2007)

5.9.4. Todos os usuários são iguais?

Existe diferença entre usuários ou é apenas uma massa homogênea, assim


como eram vistos os telespectadores pela Escola de Frankfurt? Sim, cada
usuário é um indivíduo único, com vontades e peculiaridades distintas, podem
ser parecer em alguns aspectos e ter motivações e interesses em comum, mas
41
não são idênticos em tudo. Existem itens obrigatórios que possibilitam que
cada indivíduo seja tratado de forma personalizada nos diferentes sites de
relacionamento. Estes itens obrigatórios variam de site para site, no Orkut, por
exemplo, são: nome e sobrenome, e-mail, login e senha (password). A partir
desses quesitos já se pode identificar o que a sociedade on-line acredita ser
indispensável para a inserção digital no meio virtual. Analisando os itens
podem-se indicar várias informações pertinentes ao tema central do trabalho:

 nome e sobrenome: este site ou blog tem por necessidade “conhecer” o


indivíduo que ali se cadastra, apenas por medida de segurança, pois a
maioria das informações descritas no cadastro dizem ser confidenciais;

 e-mail: este item diz respeito a sua vida virtual, creio que este seja o
primeiro fator de interação com o virtual que um indivíduo possa ter, e-
mail seria um endereço eletrônico, lugar que o indivíduo terá acesso a
informações individuais e particulares, local onde você acessa as suas
correspondências de maneira imediata, interativa e personalizada.

 Login e senha: login será o seu “novo” nome, no mundo virtual, muito
mais importante do que o seu próprio nome de batismo. Se o usuário
perder a memória e se lembrar apenas de seu login e senha ele terá
acesso ao conteúdo total de sua vida on-line. Mas, se ele apenas não
lembrar de seu login e senha ele perderá sua identidade virtual e se
desejar novamente seu acesso on-line será obrigado a começar outra do
início.

Após este cadastro o usuário terá de acessar o seu e-mail para validar a sua
existência virtual, o site envia um e-mail de confirmação que quando recebido e
respondido dará acesso a um micro mundo virtual, mais especificamente dará
acesso ao site e seu conteúdo.

Essas micropolíticas se interagem para permitir que o usuário tenha uma base
de dados de cadastro para começar a utilizar o conteúdo virtual do site. O ato

42
de se cadastrar em algo já induz o usuário a ceder informações pessoais ou
não pessoais para um estranho. Por detrás daquele site existe uma outra
micropolitica, outros indivíduos que também se utilizam de outros sites e
programas específicos e técnicos para gerir o serviço oferecido para o usuário
que acabou de se cadastrar. Pode-se identificar que existe uma gestão
individual e impessoal, sem provas de veracidade reais, tudo depende de um
login e uma senha, informação virtual que qualquer usuário com o mínimo de
treinamento é capaz de obter.

6. Estatísticas

O gráfico abaixo informa o que os usuários praticam na internet:

Figura 1: Percentual das práticas realizadas via internet


Fonte: IBGE, 2005

Como se pode notar no gráfico, o maior percentual destina-se à Educação e


aprendizado, querente no sentido de inteligência coletiva (LEVY, 1999).

43
As práticas de uso na internet são realizadas por usuários de diferentes idades,
o gráfico abaixo informa as diversas atividades em relação à idade média dos
indivíduos:

Figura 2: Idade média das pessoas que utilizam a internet


Fonte: IBGE, 2005

Como descrito no gráfico acima, existe uma concentração entre os usuários de


23 à 36 anos de idade, reafirmando a “exclusão digital” já citada anteriormente
por Manuel Castells.

44
7. Conclusão

Este trabalho de conclusão de curso foi apenas a base sobre este assunto tão
atual e interessante, que envolve questões amplas de discussão, como
identidade, interatividade e sociedade. No percurso do trabalho, vários
especialistas foram estudados, com o objetivo de localizar um vínculo, um sinal
de igualdade ou diferenciação quanto ao tema estudado. Por se tratar de um
tema, não muito decorrente no meio acadêmico, houve o cuidado de analisar e
descrever a opinião desses especialistas, Pierre Lévy, Manuel Castells,
Zygmunt Bauman, Stuart Hall, entre outros.

Conclui-se que há semelhança nos pensamentos de Lévy e Castells, as


diretrizes apontadas por eles, tratando de identidade e sociabilidade seguem o
mesmo parâmetro positivista. Castells mais voltado à política e Lévy
direcionado a internet e a inteligência coletiva. Os demais autores serviram de
base para alicerçar a pesquisa e completar os pensamentos de Castells e
Lévy.

Mesmo com parte da população mundial exclusa da Era da Informação digital,


dos sites de relacionamento, excluída da sociabilidade virtual, por motivos
socioeconômicos, políticos e culturais, baseado nas conclusões de Lévy e
Castells pode-se afirmar que existe um diálogo entre avanço tecnológico
(informática e internet) e sociedade. Tudo depende da forma de se utilizar a
tecnologia para agregar informação, interagir socialmente, quebrar fronteiras de
espaço, tempo e cultura. Não se pode afirmar que a internet modificou toda a
maneira de interagir e socializar, o meio foi transformado em nova ferramenta
para a comunicação, uma comunicação que já existia.

A maneira de criação da identidade varia para cada autor estudado. Lévy


acredita que a identidade deve ser entendida de maneira quântica, tratada a
maneira de sincronismo independente, ou seja, a identidade criada num evento
único comporta-se sincronicamente: Tudo é interligado. Comparando com a

45
Física quântica, pode-se utilizar o conceito de “complementaridade”,
resumidamente:
“Uma partícula pode, ao mesmo tempo, ser partícula e ser
onda eletromagnética. A complementaridade quântica matou o
conceito de exclusão mútua e nos faz buscar sempre a
Unidade na diversidade. Melhora-se o conceito de unidade
(união de coisas diferentes), passando-se a falar em unicidade
(união de coisas que no seu âmago são a mesma coisa). O
conceito de complementaridade e unicidade nos fazem pensar
em harmonia das coisas: integração.”
(ROBERTO, Cláudio – Site: Infobase)

Para Castells a identidade é construída por posições culturais, como um ciclo


que varia entre aspectos: cultura dominante, resistência dos excluídos e
estigmatizados, até projetos de reorganização cultural, tornando-se assim
cultura dominante, algo embutido na estrutura social.

Segundo Stuart Hall, a identidade é analisada em três diferentes tempos,


sendo o último o Sujeito Pós-Moderno, que tem surgimento em nossa
sociedade fragmentada. O sujeito passa a possuir diversas faces, sem
nenhuma identidade fixa ou essencial, mas provisórias e metamórficas.

O que pode ser afirmado é que o meio social já foi tocado por sites de
relacionamentos e blogs, e atualmente fazem parte do cotidiano de milhões de
pessoas, pessoas conectadas numa grande teia informacional, interagindo em
escala mundial, expressando-se, socializando-se e ao mesmo tempo excluindo
os analfabetos digitais. Assunto este que pretendo aprofundar futuramente em
outra pesquisa.

Grande parte das inovações tecnológicas foram impulsionadas pela


reestruturação da economia mundial. A reestruturação capitalista: mais flexível,
interligada e fortalecida no capital de trabalho. Portanto, conclui-se que como
ferramenta de inserção e estudo sobre o tema Sites de Relacionamento –
Internet e a Nova sociabilidade Contemporânea, o objetivo do trabalho foi
satisfatório. Finalizo este trabalho com as palavras de Manuel Castells (1999:
p.6), “A tecnologia não determina a sociedade: incorpora-a. Mas a sociedade
também não determina a inovação tecnológica: utiliza-a”.

46
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