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Em alguns países do mundo, o termo ³raça´ é evitado, em diálogos cotidianos, por conta das

ideologias repressivas a que remete. No entanto, há quem defenda o uso da palavra justamente para

demonstrar quem foi, de fato, vítima da discriminação e para que se possa construir uma nova

ideologia em relação a esse determinado grupo.

O conceito de raça servia para designar, primeiramente, espécies de seres humanos

diferentes fisicamente e também em termos de capacidade mental. Depois de sofrer diversas

mutações, o conceito de raça passou a ser visto como algo limitado para classificar os seres

humanos e que se refere, de fato, a ³um grupo cujos membros casam-se mais freqüentemente entre

si do que com pessoas de fora do grupo e, desse modo, apresentam um leque decaracterísticas

genéticas limitado.´ Além disso, a diversidade genética entre membros de um grupo racial e de outros

seres humanos é praticamente nula, ou seja, nenhum padrão de traços humanos pode ser atribuído a

diferenças biológicas.

Porém, há quem acredite que determinado grupo racial possui todas as suas características

humanas (físicas e psicológicas) codificadas em uma base genética (ou em alguma outra base

determinante), tal pensamento se caracteriza por uma ideologia racista, onde se assume que um

indivíduo pertencente a determinado grupo racial possui, impreterivelmente, traços humanos e

comportamento únicos e vice-versa, sendo que tais características são determinadas e imutáveis.

Em contrapartida, as diferenças intelectuais, fenotípicas, morais e culturais entre indivíduos

são fruto, não de diferenças biológicas, mas de significados construídos culturalmente pela sociedade

em que estão inseridos e que se mantém por causa dela, graças ao sentido social que a sociedade

da a elas informalmente e, em alguns casos formalmente, como é o caso da lei britânica que define

³raça´ como ³um grupo de pessoas definidos com referencia a cor, raça, nacionalidade, origens

étnicas ou nacionais´.






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O 16º presidente dos Estados Unidos da América foi fundamental na defesa dos direitos dos

cidadãos com a emancipação dos escravos. Não obstante, Abraham Lincoln foi capaz de manter a

unicidade dos estados Americanos durante todo o processo de democratização do país. Segundo

Karl Marx, 1864, Lincoln foi µ¶filho honesto da classe operária ao guiar o seu país na luta incomparável

pela salvação de uma raça agrilhoada e pela reconstrução de um mundo social¶¶. Essa visão mostra

que os ideais de Lincoln não foram apenas utilizados e admirados nos Estados Unidos, mas também

em países da Europa que lutavam contra a µ¶escravidão voluntária¶¶ - ou seja, os operários que eram

explorados em seus trabalhos por seus µ¶amos escolhidos¶¶. Diversos países do mundo utilizaram os

ideais libertários e democráticos de Abraham Lincoln como modelo em revoluções e decisões

políticas, principalmente àquelas ligadas a classe operária europeia.

Sua citação no filme é inserida em um contexto onde há o confronto entre brancos e negros

Americanos. Esse confronto não possui nenhuma razão ou motive crível para ocorrer, uma vez que a

emancipação dos escravos e democratização do país ocorreu há mais de um século. No entanto, o

preconceito ainda existe devido a motivos passionais, movidos por conceitos errôneos e equivocados

± como citado por Vinyard: µ¶anteriormente aos negros nesse bairro não havia violência, roubos e

desemprego¶¶. Os estados sulistas, principalmente, ainda carregam uma forte carga de preconceito

que foi construída ao longo da história ± as pessoas não sabem o porquê de não gostarem dos

negros, apenas o fazem devido a sua criação (alienação) e/ou eventos externos negativos onde havia

negros envolvidos como motivos (no filme, é o caso da morte do pai de Daniel, por exemplo).

A problemática do preconceito racial, entretanto, não é problema exclusivo dos Estados

Unidos da América. O mesmo fenômeno ocorre em diferentes países, não só com negros, mas com

imigrantes e minorias étnicas. Devido à necessidade humana intrínseca de associar-se a um grupo,

pode-se dizer que a origem das características físicas e culturais torna-se um fator importante no

agrupamento de indivíduos. Com isso, grupos baseados em características sociais, culturais e

fenotípicas são criados instintivamente. Após serem formados, esses grupos irão sempre procurar

zelar por sua proteção, segurança e benefício mútuo, mesmo que para isso criem teorias e noções
irreais aparentemente lógicas ± como é o caso do racismo. Portanto, Abraham Lincoln com sua frase,

destaca os efeitos passionais e históricos (sócio culturais) como as principais razões para o

preconceito racial: µ¶thoughpassionmayhavestained¶¶ e em seguida, mostra que esses efeitos não

devem ser levados em consideração, uma vez que quebram nossos µ¶bondsofaffection¶¶.

Em outras palavras, Lincoln quis dizer que todos os seres humanos são iguais, independente

de suas origens fenotípicas ou culturais. Todos pertencem a uma mesma espécie biológica, portanto,

o amor e a amizade devem existir dentro da sociedade como um todo: µ¶We are notenemies,

butfriends¶¶. A lógica da igualdade biológica é também uma das bases para a democracia, uma vez

que todos são iguais perante a lei, independente de sua cor, credo, cultura ou grupo social. Esse

conceito fica claro quando Derek cria um laço de amizade com um colega prisioneiro negro que foi o

µ¶wakeupcall¶¶ no que tange a quebra de seu paradigma preconceituoso.

Por fim, Abraham Lincoln diz que os preconceitos impregnados na história e na cultura

arcaica serão µ¶touchedbythebetterangelsofournature.¶¶. Ou seja, a parte boa da natureza humana (o

amor, o afeto, a amizade), irá prevalecer diante do preconceito racial. Ele considera essa boa

natureza como os µ¶betterangels¶¶, enquanto provavelmente os µ¶badangels¶¶ são os principais fatores

que instigam o preconceito, dentre eles, a alienação histórica e falta de amor ao próximo.


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O filme intitulado µ¶A Outra História Americana ± American History X¶¶ pode ser considerado

segundo uma análise alternativa de características presentes na sociedade americana. A história

largamente ensinada a partir de livros e conceitos históricos e culturais mostram que os Estados

Unidos da América é um país inovador nos mais amplos sentidos: a emancipação dos escravos e o

pioneirismo na criação da ideologia de uma república democrática. Além disso, os EUA formularam a

Declaração de Independência que pode ser considera uma das primeiras Declarações dos Direitos do

Homem (MARX,1864). Nela foram formulados os seguintes ideais: liberdade individual, equidade na

aplicação de leis e soberania nacional.

Entretanto, a história norte-americana não possuiu apenas um lado inovador e libertário ±

desde a construção de seu Estado, a população dos EUA digladiou com relação aos mesmos

conceitos democráticos ± um exemplo disso, foi a Guerra Civil Americana. Apesar da vitória dos

países do norte, o país ainda é afetado por resquícios do preconceito racial e social da época. Nesse

ponto, o filme µ¶A Outra História Americana¶¶ tenta mostrar em um contexto contemporâneo uma

realidade alternativa em detrimento à idealização da história dos Estados Unidos.

Um dos principais pontos abordados no filme são a intolerância e extremismo da sociedade

americana, com destaque para os estados sulistas que foram mais afetados durante o processo de

emancipação dos escravos. Mesmo considerando épocas mais recentes, os mesmos paradigmas de

preconceito racial continuam perpetuados na sociedade norte-americana, promovendo principalmente

a segregação velada (explícita, no caso do filme) entre negros e brancos. O filme mostra uma ênfase

nesse ponto, refletindo um caso extremo (grupo de skinheads) de maneira gritante para chamar a

atenção dos espectadores para a µ¶real história americana¶¶.

Pode-se dizer que a intolerância e a arrogância de determinados grupos sociais presentes

nesse país ainda prevalecem e, portanto, mostram que os EUA não são tão perfeitos como a

idealização comum e histórica reflete. Uma família ordeira americana, como a família de Derek, está

suscetível a mudanças radicais devido ao racismo presente nesses grupos. Paralelamente ao

problema com relação aos negros há a discussão atu al relativa a imigração no país: a presença de

grupos contrários é larga ± os argumentos como altas taxas de desemprego, pobreza e crise
econômica instigam a população a lutar em prol do seu µ¶grupo¶¶ (no caso americanos brancos

comuns).

Todavia, pode-se dizer que o filme µ¶A Outra História Americana¶¶ também mostra que não só

a sociedade americana, como sociedades humanas em geral, demonstram forte preconceito racial

em períodos adversos. Isso é evidenciado na história do Nazismo, no qual as pessoas foram

instigadas a acreditaram em falsas verdades devido as dificuldade pelas quais a Alemanha passava ±

as pessoas precisam se segurar e vincular a algo em momentos ruins. No caso de Derek, isso ocorre

quando seu pai é morto por consequência de ações de pessoas negras. Sua reação é a

generalização de todas as pessoas pertencentes a uma µ¶raça¶¶ diferente e proteção de seu µ¶grupo

racial¶¶ e instigado por Cameron, Derek torna-se um líder neonazista.

Além disso, podemos considerar o título original como uma história americana de conflitos

que se estendem até os dias de hoje. O significado simbólico da letra X remete a disputas, como por

exemplo, nos esportes: Time I X Time II. No caso, essas disputas são evidenciadas durante o filme,

em especial na cena da competição racial para o uso da quadra de basquete.

Em um significado mais profundo da natureza humana e espiritual, o filme evidencia as

consequências dos atos e ações que guiam a vida das pessoas. Ao criar toda a concepção racista

decorrente da morte de seu pai, Derek não admite perdoar a pessoa que ocasionou essa morte. Com

isso, começa a criar um ciclo de ódio que consome sua capacidade lógica e emocional. Em resultado

às suas atitudes neonazistas e preconceituosas, Derek perde seu irmão após perceber que estava

fazendo coisas erradas. No entanto, o ódio que Derek havia semeado nas pessoas, retornou de

maneira arrebatadora quando seu irmão foi assassinado por uma pessoa negra na escola. O ódio

entre brancos e negros era recíproco, demonstrando que violência gera mais violência. Em outras

palavras, ocorreu o conceito de ação e reação que pode ser aplicado não só nas ciências extadas

como também nas ciências sociais.

No geral, portanto, podemos dizer que o filme nos mostra três argumentações principais: a

quebra da idealização da história americana, mostrando os reais fatos sociais e antropológicos que

levam à intolerância e o extremismo nos EUA ± diferentemente do ideal de democracia e igualdade

racial amplamente vinculado ao país; um paralelo com a história da Segunda Guerra Mundial,

tomando como exemplo evidências históricas da Alemanha nazista que adotou falsas verdades para

a defesa de um grupo majoritário em temos de crise; o fato de que o único resultado do ódio e do
racismo é a geração de mais ódio e racismo em proporções maiores, em uma análise de que toda

ação social resulta em uma reação.

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Por aproximadamente três séculos, negros africanos foram capturados e escravizados no

continente Americano. Tratados como mercadorias, eram subjugados em trabalhos massivos e sem

remuneração, bem como a coesão física como resposta a atitudes consideradas indevidas pelos

senhores de engenho. Mesmo aqueles que eram destinados ao trabalho nas cidades detinham o

fardo de sua cor como razão determinante para sua escravização ± sem acesso à escrita, muito

menos à educação, os negros eram discriminados e considerados como uma µ¶raça¶¶ inferior. Mesmo

após mais de um século de sua libertação, a realidade de discriminação dos negros ainda é uma

máxima na sociedade brasileira como se ainda vivêssemos na época colonial.

Devido a injustiças históricas com relação aos negros, surge uma nova possibilidade de

reparação ao que ocorreu no passado: as ações afirmativas. Estas serviriam como uma nova

ferramenta de inclusão social dos negros ± que representam cerca de 70% da população carente do

Brasil, segundo um estudo doInstituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial (BENTO, 2001).

No entanto, há polêmica no que tange as ações afirmativas, com pessoas a favor e contra dos dois

lados (negros e não negros). A principal pergunta é: será que as ações afirmativas realmente

contribuem de forma efetiva na minimização da discriminação e inserção social do negro na

sociedade?

Segundo o geneticista Guido Barbujani, as diferenças no DNA dos seres humanos como um

todo são mínimas. No entanto, a sociedade cria uma falsa verdade que é o conceito de raças

diferentes ± negros, brancos, asiáticos ± para segmentar as pessoas de acordo com a sua aparência

física (cor de pele, por exemplo). Partindo desse princípio, pode-se inferir que todos os seres

humanos, independentemente de suas aparências físicas, pertencem à mesma espécie e

consequentemente todos são geneticamente iguais. Esse argumento corrobora de certa forma com a

Constituição Brasileira que prevê que todos os cidadãos são iguais perante a lei, sem nenhum tipo de

diferenciação.
Dentre a composição de pessoas socialmente excluídas no país, temos como principal

µ¶raça¶¶, os negros, como já citado acima. No entanto, mesmo a proporção de pessoas excluídas

sendo majoritariamente composta por negros, há outros 30% dos socialmente excluídos formados por

não negros. Partindo desse simples pressuposto e alinhando esse fato ao de que somostodos

geneticamente iguais, uma ação afirmativa para negros seria completamente equivocada, uma vez

que uma grande parcela da população carente continuaria excluída. Apesar de todos os preconceitos

atuais e danos históricos aos negros, não é lógico, tampouco justo proporcionar oportunidades

diferenciadas para negros sem considerar a população carente como um todo. Não pode se restringir

o acesso de uma pessoa carente que nasceu como não negro ± a população carente deve ser

tratada com unidade, sem distinções raciais.

Portanto, deve se promover programas de inclusão social considerando a renda e as

condições de vida de populações carentes. Tomando como base o acesso à universidade, pode-se

dizer que o mesmo deveria ser pautado apenas por um modelo inclusão social: uma divisão, por

exemplo, de 50% das vagas para as escolas públicas e 50% das vagas para as escolas particulares.

Analisando a proposta mais profundamente e considerando que os alunos de escolas públicas são

mais numerosos, até mais do que a metade das vagas deveria ser dedicada a esses. Assim,

nenhuma discussão passional a favor ou contra ações afirmativas de negros teria influência nas

decisões de inclusão ± todas as pessoas carentes têm os mesmo direitos a serem zelados.

Mesmo considerando uma realidade em que a totalidade das instituições criasse cotas

afirmativas para negros, a realidade social iria estar longe de ser mudada. A sociedade brasileira,

conflituosa no conceito do moderno versus o arcaico, não iria modificar sua visão com relação aos

negros pelo simples fato destes obterem acesso ao ensino superior. Mesmo os negros que hoje se

encontram inseridos no mercado de trabalho ganham em média 50,6% menos do que não negros na

mesma função (BENTO, 2001). Isso significa que as ações afirmativas devem ser algo que vai além

de apenas proporcionar igualdade de oportunidades para negros, mas sim, realizar uma reeducação

da sociedade brasileira presa em paradigmas arcaicos.

Dentre algumas possibilidades de reparação histórica e social para os negros, o governo

deveria promover programas de educação infantil e jovem que valorizassem a história e a cultura

negra que atualmente são parcamente ensinadas. Além disso, a criação de um órgão regulador para

que a remuneração de pessoas negras não seja brutalmente diferenciada com relação a não negros.
Eventos de conscientização e valorização do negro deveriam ser estimulados com mais vigor e não

apenas dedicar um dia do ano a µ¶consciência negra¶¶. A consciência negra deve estar inserida no dia

a dia da sociedade brasileira, onde a diferença entre cores de pele não deveria existir. Se o

paradigma do µ¶arcaico¶¶ na cultura brasileira for realmente quebrado, ou minimizado, com certeza

chegaremos a um ponto em que não haverá mais discriminação racial e, portanto, discussões sobre

cotas para negros.

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BARBUJANI, G. (2007).  !" #$%&'(#' (Vol. 1). São Paulo, Brasil: Editora Contexto.

BENTO, M. A. (2001). ) 


 
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São Paulo: Casa do Psicólogo.

GUIMARÃES, A. S. (2001). (


 .
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 São Paulo: Editora 34.

KAYE, T. (Diretor). (1998).  0


1 [Filme Cinematográfico]. Estados Unidos da América.

LINCOLN, A. (19 de Novembro de 1863). The Gettysburg Address. Gettysburg, Pennsylvania, EUA.

LUCIO, C. F. (2011/1).  
 
  São Paulo: Escola Superior de Propaganda
e Marketing.

MARX, K. (7 de Janeiro de 1865). Carta endereçada a Abraham Lincoln em 29 de Novembro de


1864. /.0  
, p. Edição 186.

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