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t e n t a bi l i d a d e
Sus ção
aliza
caminho para univers biental
do saneamento am
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Fone / Fax: 11 3871 3626 - fenasan@acquacon.com.br
Fenasan: 13h às 20h
Encontro Técnico AESABESP: 9h às 17h
AESABESP
Associação dos Engenheiros da Sabesp
APoio
DIRETORIA EXECUTIVA
Presidente - Luiz Yukishigue Narimatsu
Vice-Presidente - Pérsio Faulim de Menezes
1º Secretário - Nizar Qbar
2º Secretário - Ivo Nicolielo Antunes Junior
1º Tesoureiro - Luciomar Santos Werneck
2º Tesoureiro - Nélson Luiz Stábile
DIRETORIA ADJUNTA
Diretor de Marketing - Carlos Alberto de Carvalho
Diretor Cultural - Olavo Alberto Prates Sachs
Diretor de Esportes - Gilberto Margarido Bonifácio
Diretor de Pólos - José Carlos Vilela
Diretora Social - Cecília Takahashi Votta
08 Lodos de
Diretor Técnico - Choji Ohara
ETEs eETAs
Sachs, Ovanir Marchenta Filho, Sérgio Eduardo Nadur e Valter Katsume
Hiraichi
CONSELHO FISCAL
José Marcio Carioca, Gilberto Alves Martins e Paulo
Eugênio de Carvalho Corrêa
industriais, de custo elevado, e seu emprego deve ser Eu diria que para uma Região Metropolitana tão
feito após criterioso estudo econômico. Existem ainda grande como é o caso de São Paulo, todas as possibi-
vários outros processos em pesquisa ou estudo para lidades devem ser avaliadas, inclusive as tecnologias
atender de forma adequada esta importante questão emergentes que dentro de alguns anos estarão sendo
da redução de volume e destino final do lodo. plenamente aplicadas e poderão vir a ser de interesse
para nossa economia de escala.
Saneas: Quais as soluções que o senhor sugere
para os lodos de ETEs e ETAs gerados na Região Saneas: Há uma tendência internacional à redução
Metropolitana de São Paulo? da geração e ao uso benéfico de lodos. No Brasil,
Eduardo Pacheco Jordão: É difícil sugerir sem ter quais são os obstáculos a este uso benéfico?
dados reais do volume produzido, locais de disposi- Eduardo Pacheco Jordão: Não diria que há uma
ção final e possibilidades de uso benéfico, como em tendência internacional à redução da geração de lo-
agricultura, na construção civil como agregados le- dos, mas um receio muito grande em relação ao seu
ves de concreto, aproveitamento em áreas de reflo- aproveitamento em agricultura. No Brasil, como ainda
restamento, etc. Há cerca de 30 anos atrás a própria fazemos muito pouco aproveitamento agrícola, não
Sabesp realizou um importante estudo de produção creio que exista este receio. Mas já é tempo de se
de agregado leve para construção civil, construindo e mostrar à populaçao que podemos aproveitar o lodo
operando uma unidade piloto de demonstração, que como um rico biosólido, transformando um resíduo
na época mostrou-se de custo muito elevado. Talvez do tratamento em matéria que irá trazer benefícios e
hoje esta situação tenha se modificado. redução de custos, além dos ganhos ambientais. Nes-
O lodo gerado na RMSP deverá certamente ter seu se sentido é necessário uma campanha na mídia sobre
volume reduzido para economia de transporte, e as os benefícios desse aproveitamento de biosólidos.
possibilidades de aproveitamento ou de simples lan-
çamento final deverão ser estudadas sob uma ótica de Saneas: Qual é o destino comum do lodos de ETAs
melhor rendimento econômico e proteção ambiental. e ETEs no território brasileiro?
Há muitas vezes possibilidades de destino final que Eduardo Pacheco Jordão: Tipicamente os lodos de
vem a ser simples, e por isto mesmo deixam de ser ETAS vinham sendo devolvidos aos rios, e em muitos
estudadas com maior aprofundamento: seria o caso casos ainda tem sido prática. Os lodos de ETEs são em
de se verificar a possibilidade de recuperação de áreas maior parte lançados em aterros sanitários, o que é
degradadas, o uso em áreas florestais onde o manejo uma pena, pois podem ser aproveitados com vanta-
econômico se mostra importante, etc. gem como biosólidos.
Lodo
um ponto de
alerta no universo
do saneamento.
Para entender a importância da destinação do Temos a maior reserva de água doce da Terra, equiva-
lodo, vamos partir para uma visão bem ampla: a do lente a 12% do total mundial. Porém, principalmente
Planeta Terra. Segundo dados da ONU (Organização nas regiões mais pobres, os recursos hídricos são li-
das Nações Unidas), sua área total é de aproximada- mitados e explorados de forma predatória, gerando
mente 510 milhões de quilômetros quadrados, sendo despejo da alta carga de poluentes.
que 149 milhões de km2 são de terra e 361 milhões de A degradação dos rios que atravessam as grandes
km2 são de água. cidades do País é apontada como um dos maiores
Desse total de água, apenas 2,5% é doce. Os rios, problemas ambientais brasileiros. Tanto que soluções
lagos e reservatórios de onde a humanidade retira o para recuperação de leitos, que obtiveram êxitos em
que consome só correspondem a 0,26% desse per- outros países, ganham cada vez mais espaço na mídia,
centual. De acordo com as estimativas mundiais, 10% como apresentação de alternativas para a minimiza-
da utilização da água vão para o abastecimento pú- ção dessa problemática. Mas para se conseguir solu-
blico, 23% para a indústria e 67% para a agricultura. ções de recuperação, o procedimento mais indicado
No Brasil, de acordo com a divisão adotada pela é a coleta e tratamento de esgotos, que geralmente
Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio são lançados in natura nos rios. Tal procedimento
Ambiente, são oito as suas grandes bacias hidrográ- ameniza a deterioração dos mananciais, posto que
ficas: a do rio Amazonas, a do rio Tocantins, as do reduz a sua carga de poluentes e gera, como pro-
Atlântico Sul, trechos Norte e Nordeste, a do rio São duto final, um resíduo rico em matéria orgânica e
Francisco, as do Atlântico Sul, tre- nutrientes, denominado lodo, mas
cho Leste, a do rio Paraná, que também necessita de
a do rio Paraguai, e tratamento uma
as do Atlântico adequada dis-
Sul, trecho posição fi-
Sudeste. nal.
De acordo com Lake (1987), “quando o teor de um de nº 375, de 29 de agosto de 2006, a qual dispõe
determinado metal num resíduo é menor ou igual ao de parâmetros para a utilização do lodo de esgoto.
teor do mesmo metal no solo, pode-se inferir que o Para a caracterização do lodo e monitoramento de
resíduo não apresente potencial de contaminação. sua qualidade durante a aplicação agrícola, devem ser
Entretanto, o autor ressalta que, quando se trata de determinados parâmetros agronômicos, inorgânicos
resíduos orgânicos, a mineralização da matéria orgâ- e orgânicos, além da deteminação da concentração
nica, que poderá ocorrer após a disposição no solo, de patógenos, sendo estes últimos importantes para
tenderá a aumentar os riscos de contaminação”. classificação do lodo em A ou B.
Dessa forma, constatada a presença de nutrientes e A partir da data que essa Resolução foi institu-
metais pesados na composição do lodo de esgoto, o ída, as estações de tratamento têm um prazo de 5
seu emprego como condicionador de solo pode trazer anos, portanto até 29 de agosto de 2011, para de-
vantagens, por promover a reciclagem de nutrientes e monstrar que o lodo classe B pode ser utilizado para a
melhoria da fertilidade do solo; mas também pode se agricultura. Caso contrário, deverão cumprir todas as
traduzir em prejuízos, se houver formação de nitratos exigências para a classe A, o que será bastante difícil
e acúmulo de metais pesados em plantas. para pequenas ETEs, pois exigirão a instalação equi-
Outra questão peculiar no tratamento de lodo é a pamentos tais como secadores térmicos, pasteuriza-
presença de patógenos, cuja origem geralmente se dá dores, etc para atender a norma. Mas, de qualquer
em razão do material fecal contido no esgoto. Portan- forma, uma análise séria e compatível com os nossos
to, as características epidemiológicas da população recursos é um instrumento constantemente necessá-
local e dos efluentes lançados na rede coletora defi- rio à disposição final do lodo, para que este resíduo
nem os tipos de vírus, fungos, bactérias e parasitas. seja mais do que uma preocupação ou um alerta: uma
O Governo Federal, por meio do Conama - Con- solução e uma alternativa de otimização dos recursos
selho Nacional do Meio Ambiente - criou a resolução ambientais.
até 2010. Desse montante, até julho de 2008 foram A busca de alternativas para viabilizar a disposição
contratados R$ 19 bilhões para iniciativas nas moda- final dos lodos gerados em estações de tratamento
lidades abastecimento de água, esgotamento sanitá- de água - ETAs e estações de tratamento de esgotos
rio, saneamento integrado, manejo de águas pluviais, - ETEs, tem sido foco de inúmeras pesquisas desen-
manejo de resíduos sólidos, dentre outros³. O Ministé- volvidas das mais variadas formas: em bancadas, em
rio das Cidades declarou que o déficit de saneamento pilotos e em escala real.
no País necessita de investimentos de R$ 9 bilhões Esses resíduos são produzidos em grande volume,
anuais, em 20 anos, para que a universalização dos e ainda assim, a maioria das plantas de tratamento
serviços seja concluída4. em operação no país não contempla adequadamente
Temos um longo caminho a percorrer. Não é acei- o destino final do lodo. A disposição final desses resí-
tável que haja morte por diarréia no País nos níveis duos requer cuidados específicos de modo a garantir
hoje verificados. Segundo a Organização Mundial da a proteção ao meio ambiente e à saúde pública.
Saúde, 6% de todas as doenças são causadas por con- Devolver aos mananciais o lodo resultante do tra-
sumo de água inadequada, falta de coleta de esgoto tamento de água é procedimento inadequado do pon-
e de higiene5. De acordo com dados do IBGE, 2006, to de vista ambiental, operacional e legal. Da mesma
a taxa nacional de mortalidade infantil sofreu uma forma, o lodo das estações de tratamento de esgotos
queda de 44,9% em 16 anos. O Caderno Brasil 2008 não pode ser disposto no ambiente sem a realização
da UNICEF “Situação Mundial da Infância” atribui esse de estudos prévios, buscando a destinação final mais
fator a uma série de melhorias nas condições de vida e apropriada, reduzindo os possíveis impactos ambien-
na atenção à saúde da criança, em relação a questões tais decorrentes de uma disposição final inadequada.
como segurança alimentar e nutricional, saneamento O que não falta ao homem é criatividade e ca-
básico, vacinação e outros6. pacidade para o desenvolvimento de tecnologias. As
Esses dados são alguns indicadores da real ne- possibilidades para a destinação de lodos são muitas.
cessidade de se investir em saneamento, tendo como E todas elas devem ser avaliadas e consideradas.
foco a universalização do atendimento. Essas múltiplas alternativas para destinação final
A prestação dos serviços de saneamento requer de lodo são justificadas pelo fato de que é necessário
uma progressividade, conceito já consagrado, deri- evitar situações de dependência tecnológica, estra-
vado de uma tendência observada nos países desen- tégica ou logística, fator de alto risco em qualquer
volvidos, que considera necessário ter-se sempre em atividade, especialmente na prestação de serviços
conta uma escala de prioridades. públicos de saneamento, onde a geração de lodo é
Fornecer água, a prioridade zero. Depois coletar diária e elevada. Deste modo, a operação segura dos
os esgotos, ação sanitária de âmbito local, com com- sistemas de abastecimento de água e de esgotamen-
provada eficácia em termos de melhoria da saúde pú- to sanitário requer alternativas múltiplas disponíveis
blica. Só então, tratar e dispor os esgotos, uma ação para a destinação dos lodos gerados. A dependência
ambiental, de âmbito regional. de um único setor ou de uma única alternativa é um
Ainda que a universalização do atendimento obe- risco indesejável.
deça a uma escala de prioridades, não é possível isolar Para ilustrar essa afirmação pode-se fazer um pa-
a questão da destinação dos lodos gerados. Tratar a ralelo com situação ocorrida em relação à adição de
água e os esgotos e dispor o lodo gerado adequada- fluor nas águas de abastecimento público. Estudos
mente são parte integrante desse processo. desenvolvidos apontaram que o ácido fluossilícico,
A universalização trará ao Brasil problemas ainda um subproduto resultante do processo de fabricação
mais representativos quanto à destinação final dos de ácido fluorídrico (usado na produção de sais fluo-
lodos, se não forem buscadas soluções adequadas. rados, gases refrigerantes, defensivos agrícolas, deter-
gentes, teflon, etc), era uma substância que atendia às
Múltiplas soluções para necessidades para o processo de fluoretação da água.
disposição final do lodo: Não foi preciso muito tempo para que a indústria mu-
questão de segurança dasse de postura, passando a considerar esse “rejeito”
operacional e tecnológica como “produto”, aumentando os preços, gerando inú-
meras inseguranças quanto ao seu fornecimento para então estará em equacionamento a questão da dispo-
o saneamento. sição final desses resíduos.
A tendência atual aponta para os chamados “usos Ainda em relação ao lodo de ETA, o seu tratamen-
benéficos do lodo”. A própria denominação já é por si to em ETEs é assunto que gera polêmica. Discute-se
um atrativo. Nada pode ser melhor do que possibilitar que as novas ETAs devam possuir unidades específicas
o uso benéfico de um resíduo, seja ele qual for. Não para o processamento do lodo. Por se tratar de um
resta dúvida. Mas não é admissível deixar que essa material predominantemente inorgânico, não é de-
destinação de resíduos se torne um monopólio, espe- gradado na ETE, o que confere a esse procedimento
cialmente nos casos em que prioritariamente o obje- a característica de transferência e não de disposição
tivo é o de gerar lucro financeiro. final do resíduo. Questiona-se o fato de que o lodo é
concentrado na ETA, diluído no sistema de coleta e in-
Disposição final do lodo de ETA terceptação e novamente concentrado na ETE7. É fato.
Estudos recentemente desenvolvidos apontam Mas num cenário como o da Região Metropolitana de
que no Estado de São Paulo o processamento dos lo- São Paulo – RMSP e nos grandes centros, ainda que
dos de estações de tratamento de água na indústria com os possíveis inconvenientes mencionados, essa
cerâmica consiste num cenário promissor para a sua prática pode ser a melhor alternativa apresentada. A
destinação, seja pela viabilidade técnica e ambiental, condição teórica ideal seria o lançamento direto na
seja pela capacidade de absorção do lodo gerado pe- fase sólida das ETEs, mas não há estrutura disponi-
las cerâmicas. Merece atenção. Não é alternativa a ser bilizada para o transporte exclusivo do lodo até esse
desprezada, mas não pode ser considerada como a ponto (lododuto). A execução de obras desse porte
única opção para esta disposição final. também pode causar impactos ambientais de grandes
Outras destinações de lodo de ETA estão em estu- proporções.
do e algumas têm se mostrado igualmente adequa- Caso típico de grande parte das ETAs em opera-
das, como o seu emprego para fechamento de valas ção em áreas fortemente urbanizadas é a limitação
e para a recuperação de áreas degradadas. Quando para a realização do tratamento do lodo na própria
resolvidas e implantadas essas múltiplas alternativas, planta, em função da ausência de espaço físico e de
sua localização geográfica, muitas vezes desfavorável com a Prefeitura Municipal de São Paulo, a possibi-
à circulação de caminhões para transporte de lodo no lidade de mistura do lodo de ETA com resíduo sólido
entorno da estação. inerte, oriundo da construção civil, para recuperação
Ressalta-se também que o recebimento de lodo de de áreas degradadas, erosões e cavas de mineração.
ETA em ETE é comumente realizado em todo o mun-
do, principalmente nos Estados Unidos e na Europa Disposição final do lodo de ETE
(Tsutiya, 2001)8, com resultados bastante satisfató- Um dos grandes problemas ambientais verificado
rios e promissores. nos grandes centros e em cidades de médio porte se
Vários estudos realizados pela Sabesp também refere à disposição final do lodo gerado pelos sistemas
apontam que o recebimento de lodo de ETA em ETE, de tratamento de esgotos. Seja qual for a alternativa
do ponto de vista técnico e operacional, é plenamente adotada para o tratamento, todos os processos co-
viável, configurando-se numa boa opção a ser consi- nhecidos geram lodo, seja em regime constante, seja
derada para a disposição desses lodos. em batelada, ainda que se trate de uma “batelada de
A comunidade técnico-científica recomenda a 20 anos”, como é o caso do tratamento por lagoas
avaliação dessa prática, de maneira isolada e crite- de estabilização, tecnologia que digere e armazena o
riosa, caso-a-caso, ressaltando que para o processo lodo por períodos de aproximadamente 20 anos, mas
de lodos ativados, a principal limitação se refere à di- que também demanda destinação final.
gestão do lodo. Quanto maior o sistema de tratamento, maior é
Ensaios de bancada desenvolvidos na RMSP para a dificuldade para dispor o lodo gerado. A disposição
avaliar a atividade metanogênica do lodo, simulando dos resíduos em aterros é uma solução que pode se
o recebimento de lodo de ETA em digestores de ETE, esgotar em função do tempo, do porte da ETE e das
mostraram que não houve indícios de inibição dos características locais.
processos anaeróbios para as condições avaliadas. A co-disposição de lodos em aterros, também é al-
Outros experimentos já apontaram para um efe- ternativa frágil. Recentemente foi noticiado que 1 em
tivo aumento na eficiência de remoção de Fósforo cada 3 aterros sanitários de cidades do Estado de São
Total, o que pode representar um ganho ambiental Paulo com mais de 100 mil habitantes está com a vida
significativo, em decorrência dessa prática. útil “esgotada”. (Jornal O Estado de São Paulo, 2009)10
Outros aspectos favoráveis a se considerar nos Várias alternativas de disposição estão em estudo
processos de disposição do lodo de ETA em ETE se re- e em operação. Dentre elas podemos mencionar:
ferem à possibilidade de: ■■ Disposição de lodo no solo para fins agrícolas
■■ Redução de consumo de materiais de tratamento ■■ Compostagem
para o desaguamento do lodo ■■ Condicionadores de solo
■■ Aumento na remoção de matéria orgânica no de- ■■ Co-incineração com resíduos sólidos domésticos
cantador primário, aumentando a capacidade da ■■ Co-processamento em indústria de cimento
ETE na fase secundária ■■ Aterros exclusivos
■■ Minimização de investimentos e custos operacionais Legislação e normatização para a
■■ Aproveitamento da mão de obra especializada da utilização agrícola do lodo de ETE
operação da ETE. O lodo de ETE é bastante indicado para disposi-
Ressalta-se que a Lei Estadual nº 12.3009 de 16 ção no solo, sendo uma substância rica em matéria
de março de 2006 em seu Artigo 6º, inciso II, classifica orgânica e nitrogênio, além de outros elementos que
os lodos gerados em ETEs e ETAs como resíduos sóli- podem ser considerados micro-nutrientes para as
dos, não permitindo o seu lançamento em “sistemas plantas, como é o caso de alguns metais.
de redes de drenagem de águas pluviais, de esgotos, A disposição do lodo no solo tem sido objeto de
de eletricidade, de telecomunicações e assemelhados” vários estudos. Acumulamos também alguma expe-
(Artigo 14, inciso V). O texto da lei pode gerar inter- riência em escala real, e o lodo gerado em sistemas
pretações diversas. de tratamento de esgotos sanitários já foi classificado
A Sabesp também está estudando em conjunto como produto e obteve a certificação do Ministério
da Agricultura, possibilitando sua utilização agrícola alternativa remota de disposição final. É preciso tra-
como condicionador de solo. balhar no sentido de viabilizar o aproveitamento dos
A legislação específica, no entanto, é bastante res- benefícios advindos dessa prática, largamente uti-
tritiva. A Resolução Conama 375/0611 define critérios lizada desde tempos remotos, e que nos dias atuais
e procedimentos para o uso do lodo na agricultura. A é sustentada por estudos e critérios que introduzem
referida Resolução estabelece que para essa prática, é segurança a esse procedimento.
imprescindível o processamento do lodo em Unidades
de Gerenciamento de Lodo - UGLs, que deverão re- Gestão pública integrada dos
ceber, processar, caracterizar, transportar, destinar e resíduos
monitorar os efeitos ambientais, agronômicos e sani- A disposição do lodo em aterros sanitários é alter-
tários de sua aplicação em área agrícola. nativa que também gera inúmeras discussões. Para as
Atualmente, no âmbito estadual, encontra-se em prestadoras de serviços de saneamento, ter dentre as
fase de discussão junto ao órgão ambiental, o proce- opções de destinação final do lodo um aterro sanitá-
dimento para a obtenção do licenciamento de UGLs. rio em condições de recebimento, confere segurança
Esse processo de licenciamento não poderá se tornar ao processo operacional, uma vez que esses aterros
outro agente limitante da disposição do lodo na agri- são unidades projetadas para minimizar os impactos
cultura, que já é pouco utilizada em virtude das eleva- ambientais, utilizando os princípios da engenharia em
das exigências de qualidade requeridas, ressaltando- sua concepção.
se que a própria UGL já é por si mesma, uma exigência A redução da utilização de aterros para destinação
bastante restritiva. de resíduos e a busca por alternativas ambientalmen-
Não é aceitável que, sob a ótica do controle da te adequadas e sustentáveis para o seu tratamento e
poluição, a utilização agrícola do lodo se torne uma destinação final, configuram-se como uma tendên-
Fenasan e
Neopix Design
juntos novamente
Pelo terceiro ano consecutivo, a Neopix Design foi a agência escolhida para planejar e executar a
estratégia de comunicação visual da Fenasan e Encontro Técnico AESABESP. Com planejamento,
metodologia própria e muita criatividade, os materiais de divulgação criados por nós certamente
contribuirão para o sucesso do evento.
Curioso em saber como o nosso envolvimento e paixão pelo o que fazemos pode contribuir para o
sucesso do seu negócio? Entre em contato.
cia mundial. Porém, existe um importante fator a ser chorume que pode ser tolerada numa ETE sem causar
considerado no caso do saneamento, que se refere à a deterioração da qualidade do efluente da ETE.
produção de chorume pelos aterros e de lodo pelas Em vista disso, considera-se recomendável a re-
ETEs, e à necessidade de se dar o tratamento adequa- alização de estudos de viabilidade de “troca de cho-
do a esses resíduos. rume por lodo”, considerando as cargas provenientes
Uma alternativa oportuna é a modalidade de troca do chorume nos projetos de estações de tratamento
de “chorume por lodo” entre as estações de tratamen- de esgotos e contemplando o recebimento dos lodos
to de esgotos e os aterros sanitários. Essa prática pode das ETEs na concepção dos aterros. Esta também deve
representar ganhos operacionais, ambientais, econômi- ser uma das múltiplas soluções a serem consideradas.
cos e operacionais significativos, desde que praticados Esses estudos irão possibilitar que se tenha uma
a partir de critérios técnicos e legais específicos. visão abrangente e integrada do saneamento, trans-
A co-disposição de lodo com o lixo urbano é atual- formando efetivamente o chamado “ciclo do sanea-
mente a principal destinação dada ao lodo gerado na mento” em um “ciclo virtuoso”.
Região Metropolitana de São Paulo. O chorume gerado
nos aterros é encaminhado para as estações da Sabesp. Evolução tecnológica, política
O sistema público de tratamento possui uma boa ambiental e planejamento
flexibilidade no tratamento em virtude da grande urbano
diluição do chorume pelos esgotos sanitários. Desta Para o equacionamento da disposição final de lo-
forma, há um grau para o qual o chorume afluente dos ainda temos muito a aprender. As universidades
pode ser admitido sem perturbar o processo de tra- e institutos de pesquisa precisam desenvolver estu-
tamento de esgotos em andamento. Vários autores dos de bancada, buscando a evolução tecnológica.
têm determinado experimentalmente a proporção de Também precisam estimular as operadoras e agências
Filtro Prensa
ambientais à pesquisa operacional, voltada para a Visão Geral da Prestação de Serviços. Brasília, 2009.
adoção de tecnologias diversificadas e adequadas aos 3. BRASIL. PNUD. Entrevista. “Falta de regras prejudica
diversos ambientes que compõem o estado e o país. o Brasil”. Disponível em <http://www.pnud.org.br>.
Não existe solução única para o destino final dos Acesso em 2009, abr.
lodos de ETAs e ETEs, já é uma lição aprendida! O que 4. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Wiki. Comitê de Organi-
se deve buscar, sem dúvida alguma, são soluções múl- zação da Informação. Disponível em: <http://wikicoi.
tiplas que suportem em conjunto e com longevida- planalto.gov.br/coi/Acesso_Direto/EmDestaque/Te-
de a destinação final e os usos benéficos dos lodos. mas/Saneamento_set08.pdf>. Acesso em: abr, 2009.
Trata-se de mudança de postura e de posicionamento 5. Um planeta em busca de água potável. O Estado de
técnico e até jurídico-legal. São Paulo. São Paulo, 2008 mar 20. Caderno Espe-
Ainda que os aterros sanitários se configurem cial, p. H1.
numa alternativa de disposição final ambientalmen- 6. BRASIL UNICEF. Fundo das Nações Unidas para a In-
te segura, é ilusão acreditar que eles sejam a solução fância. Situação Mundial da Infância 2008. Caderno
única e definitiva para o problema. Brasil. Brasil (DF), janeiro de 2008. Disponível em
As soluções diversificadas e múltiplas nos levarão <http://www.unicef.org/brazil/pt/cadernobrasil2008.
a condições de independência tecnológica e princi- pdf>. Acesso em: abr, 2009.
palmente de versatilidade e flexibilidade operacional. 7. INSTITUTO DE ENGENHARIA. Relatório de conclusões.
Uma lição antiga que já deveríamos ter aprendido Lodos de estações de tratamento de água. Morita,
com o dito popular: ”não se deve carregar todos os D.M. (red.). São Paulo, 2008
ovos em um único cesto”! 8. TSUTIYA,M.T. Seminário sobre disposição de lodos.
A Política de Meio Ambiente vigente na Sabesp Transporte de Lodo de ETA em Coletores de Esgo-
está voltada para direcionar a atuação da Empresa to de Franca. Sabesp, dezembro, 2006. [Documento
considerando o meio ambiente de forma sistêmica, Interno].
a partir da adoção de uma série de novas condutas, 9. SÃO PAULO (Estado). Lei Estadual nº 12.300 de 16 de
visando a utilização sustentável dos insumos naturais março de 2006 Institui a Política Estadual de Resíduos
e energéticos. Sólidos e define princípios e diretrizes. Diário Oficial
Porém, não é o bastante. O encaminhamento da do Estado de São Paulo, São Paulo, 17.mar.06.
questão ambiental só irá atingir patamares mais ele- 10. TOMAZELA. J.M. 1 em cada 3 aterros sanitários do inte-
vados a partir da articulação entre os vários setores de rior de São Paulo está esgotado. O Estado de São Paulo.
desenvolvimento urbano, e a destinação dos resíduos São Paulo, 2009 mar 15. Cidades – Metrópole, p. C4.
gerados pela atividade humana é um fator chave para 11. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CO-
o planejamento ambiental e a gestão das cidades. NAMA nº375 de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a
Essa integração é fundamental para a promoção classificação dos corpos de água e diretrizes ambien-
gradativa de melhorias ambientais, de saúde e de quali- tais para o seu enquadramento, bem como estabelece
dade de vida, contribuindo também para a responsável, as condições e padrões de lançamento de efluentes, e
eficiente e eficaz prestação de serviços públicos. dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasí-
lia, DF, 18 mar. 2005.
Referências consultadas
1. BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
– IBGE. Síntese de Indicadores Sociais. Uma Análise
das Condições de Vida da População Brasileira. Rio
de Janeiro, 2008.[Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios 2007].
2. BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional
de Saneamento AMBIENTAL. Programa de Moderni-
zação do Setor Saneamento – PMSS. Diagnóstico dos
Serviços de Água e Esgotos – 2007. Parte 1. Texto.
Celso Schneider
é Diretor Técnico
Produtos biológicos em tratamentos
da SuperBac, com
atuação nos setores de efluentes: solução econômica e
amiga do ambiente
de desenvolvimen-
to dos produtos e
novas aplicações
e de análise dos
tratamentos. Há
Indústrias de vários segmentos podem se beneficiar de produtos
mais de 16 anos na de qualidade, aplicados de maneira correta e customizada
área, já atuou como
consultor de trata-
mentos de efluente
na America do Sul, Os produtos biológicos para tratamento A confiabilidade na aplicação aumenta por-
America Central e de efluentes representam uma grande evolu- que avança a previsibilidade de crescimento dos
Ásia. E-mail: ção para a indústria e saneamento básico. Eles microorganismos puros, assim como a atuação
celso@super-
evoluíram e a forma de aplicá-los também. Nos dos mesmos, o que eleva a eficiência e reduz
bac.com.br
últimos cinco anos, houve avanços expressivos custos das estações de tratamento. Os produtos,
na concentração de microorganismos existen- com atuação pontual e contínua, possibilitam
tes nestes produtos - nos melhores do mercado, reduções significativas do lodo descartado pelas
a concentração é superior a 3 bilhões de UFCs ETEs. A quantidade de lodo pode cair em 50%,
por grama. É relevante também a quantidade reduzindo os custos de descarte do lodo. A apli-
de microorganismos que entra em atividade cação dos produtos, também chamados de re-
com o desenvolvimento dos micronutrientes - mediadores, aumenta a capacidade de operação
praticamente a totalidade da concentração de em cerca de 30%, pelo crescimento da atividade
bactérias fica ativa, garantindo uma ação mais biológica proporcionada pela melhor qualidade
eficaz nos sistemas. da biota. Além destas vantagens, o uso dos pro-
Mara Eliza
Pereira Salvador é
gerente ambiental
da Lequip, bióloga
especialista em
Poluição Ambien-
tal, pela Universi-
dade de São Paulo
(USP). Atuou por
20 anos na Cetesb,
onde “desenvolveu
e implementou
ferramentas para
avaliação da quali-
dade das águas
do Estado de São
Paulo, tornando-se
uma das autoras
do Índice de Pre-
servação da Vida
Aquática (IVA)”. E-
mail: mara.eliza@
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dutos biológicos pode ainda reduzir a necessidade de A questão do custo deve ser objeto de atenção: se
energia elétrica, eliminar camadas de gorduras e óleos o produto não funcionar de maneira otimizada e ade-
e melhorar atividade e queimas de gás em bioreatores, quada, ele já terá custado caro. A solução do produto
solucionando diversos problemas das plantas de tra- biológico é vantajosa desde que resolva efetivamente
tamento ou efluentes de difícil degradação. o problema. Desta forma, então, a questão não é com-
O aumento na eficiência de redução de carga or- parar o custo por quilo, mas considerar o aumento de
gânica está sempre presente, porém em ETEs que já competitividade que os produtos gerarão no processo
tenham uma grande eficiência neste item o uso dos como um todo. Outro fator fundamental é que os pro-
produtos tem maior vantagem na redução de outros dutos específicos, produzidos para cada tipo de efluente
parâmetros e custos. e solução, conferem períodos mais curtos de adaptação
O cuidado na escolha, porém, é fundamental, uma aos sistemas, assim como menores tempos de resposta
vez que nem todos os produtos existentes no mercado às necessidades e alterações das condições.
têm qualidade. É preciso ter laudos comprobatórios Pode-se concluir que os produtos biológicos
de concentrações de microorganismos, de ausência alcançaram um estágio de muita importância nos
de patogenias e toxicidade, além do suporte técnico sistemas de tratamentos de efluentes, possibilitan-
oferecido pela empresa fornecedora, aliás a aplicação do correções, reduções de parâmetros e economia.
correta é uma das chaves do sucesso na aplicação dos Porém é preciso ter cuidado na escolha e utilização,
remediadores biológicos, e somente técnicos capaci- para que a tecnologia traga apenas vantagens aos
tados podem prover a melhor maneira de utilização tratamentos e ao meio ambiente.
destes produtos. Produtos e profissionais confiáveis
produzem resultados esperados e positivos.
O presente trabalho é um resumo da disserta- mus, sendo as evoluções dos ensaios acompanhadas
ção de mestrado apresentada por mim no curso de ao longo de um determinado tempo por intermédio
Tecnologia Ambiental do IPT cujo tema foi “Uso de de medidas e pesagens executadas nas plantas, além
biossólidos na produção de Cytharexyllum myrian- de análises de parâmetros físico-químicos dos solos,
thum Cham. (pau-viola) e foi formulado a partir da húmus e biossólidos que forneceram subsídios para
necessidade de elaboração de estudos no Brasil com analisar os resultados.
alto grau de confiabilidade, que apresentem soluções Os otimos resultados obtidos com o uso de biossó-
para a utilização de lodo provenientes de Estações de lido para esta espécie de planta, nas concentrações de
Tratamento de Esgoto - ETE. (25%,50% e 75%), levam a acreditar que esta é uma
Por intermédio de consultas a revisões bibliográ- alternativa viável a disposição final de lodos, desde
ficas, foram pesquisados artigos sobre a utilização do que sejam tomadas as medidas legais exigidas.
biossólido como substrato ou condicionador de solo
para as mais variadas culturas. Vale ressaltar que para 1. Uso Agrícola do Biossólido
realização deste trabalho foi imprescindível a cola- Como todo assunto polêmico, a seguir, o estudo
boração do biólogo Mauricio Alexandre Mennella da apresentará sínteses de artigos a favor e contra a prá-
MA, responsável pelo viveiro de mudas utilizado, da tica do uso agrícola do lodo de esgoto ou biossólido
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São como alternativa de disposição final deste resíduo
Paulo – SABESP, localizado na Reserva Florestal (RF) desde que tomados seus devidos cuidados, em subs-
do Morro Grande, pertencente ao município de Cotia, tituição aos aterros sanitários, que está se tornando
na Região Metropolitana de São Paulo – RMSP, onde um assunto que tem gerado inúmeros experimentos,
foram feitos estudos dos efeitos do uso de biossólidos e estes alimentados vários livros, teses, dissertações,
na cultura de Cytharexyllum myrianthum ou pau- artigos em sites, revistas técnicas que serão sintetiza-
viola, com 252 amostras distribuídas em 6 tratamen- dos neste item.
tos com diferentes porcentagens de biossólido (0%, “A disposição do biossólido em aterros sanitários,
25%, 50% e 75%), na composição volumétrica do de forma contínua e em grande quantidade, diminuiu
solo utilizado, mais tratamentos com nutrientes e hú- rapidamente a vida útil destes locais... atualmente
existe uma tendência mundial em se priorizar alter- comercial de grande expressão no Espírito Santo, e
nativas que promovam a reciclagem do lodo” (RO- que esta sendo cultivada em solos de tabuleiros que
CHA, GONÇALVES, MOURA, 2004, p.624). são, em sua maioria, arenosos, com baixos teores de
Exemplos em São Paulo e no Paraná apontam para matéria orgânica e pobres em nutrientes. A diferença
a viabilidade do uso agrícola do biossólido, como con- visual na coloração das folhas (mais verdes), devido
dicionador físico e químico de solos usados em culti- ao nitrogênio presente no lodo de esgoto, e o cresci-
vos agrícolas e florestais. mento das plantas em relação às outras testemunhas
“O biossólido é usado em cultivos florestais em que não receberam concentrações variáveis de bios-
vários países, principalmente em regiões temperadas. sólidos foi significativo.
Em países tropicais, seu uso ainda é restrito e pouco Berton et al. (2005) elaborou projetos do uso de
estudado. No Estado de São Paulo, vastas áreas desti- biossólido em bananicultura no Vale do Ribeira e em
nadas às florestas poderiam absorver grande parte do plantações de pupunha no litoral norte do Estado de
biossólodo produzido nas ETE’s.” (ROCHA, GONÇAL- São Paulo no período de 2001 a 2004 e para ambas as
VES, MOURA, 2004, p.624). culturas mesmo com doses elevadas de biossólido, não
Poggiani (2003) coordena estudos junto a Escola foram observados fatores negativos nem na qualidade
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ – nem no crescimento e desenvolvimento das plantas.
USP, que utilizaram lodos de ETE na forma de torta Bettiol (2002) afirma que o lodo de esgoto é utili-
proveniente da ETE – Barueri (BAR) e pellets da ETE zado como fertilizante em culturas de cana de açúcar,
– São Miguel (SM) que estão sendo testados na Esta- milho, feijão, sorgo, soja, arroz, girassol e eucalipto. Por
ção Experimental de Itatinga – SP, em plantações de ser rico em matéria orgânica, reduz a quantidade de
Pinus e Eucalyptus, com ótimos resultados. fungos causadores de pragas. Porém, o lodo não deve
Bettiol (2000) comenta que o biossólido de esgoto ser usado em hortaliças e tubérculos, pois as culturas
é um resíduo obtido na estação de tratamento de esgo- teriam contato direto com o material aplicado.
to e devido a isto devemos tomar um cuidado especial Comparini (2005), apresentou o “case” do biossó-
com o uso indiscriminado deste lodo como adubo para lido chamado SABESFERTIL, produzido na ETE – Franca
a lavoura, pois como o próprio autor comentou no Se- e que obteve registro no Ministério da Agricultura e
minário Gestão, Impacto e Usos de Resíduos no CREA- do Abastecimento sob o nº SP – 09599 00001 – 0, em
SP (2003), “a agricultura não é a latrina do mundo”. 29 de outubro de 1999, como condicionador de solo.
Melo et al. (2005) fez estudos em culturas de café Toda a atual produção do SABESFERTIL é utilizada
e milho utilizando biossólido oriundo da ETE – Barueri, em culturas de café (92%), milho e citrus nas cidades
mais Latossolo Vermelho-Escuro e Latossolo Roxo, du- de Franca, Pedregulho, Ribeirão Corrente, Patrocínio
rante o período de 1997 a 2004, obtendo resultados pro- Paulista, Restinga, Cristais Paulista, Jeriquara, Itirapuã
missores mesmo em solos mais pobres em nutrientes. e São João da Boa Vista.
Também segundo Marchioni Junior (1998), as do- Também temos informações de que o lodo de-
ses de lodo de esgoto proporcionaram aumento na sidratado na ETE de Jundiaí esta sendo utilizado em
produção de colmos de cana-de-açucar e a produção plantações de cana de açúcar na região de Capivari/
mais alta foi observada quando se aplicou 160 Mg ha- SP, com muito sucesso, pois como sabemos o mesmo
1
. A redução da adubação mineral em 50% provocou é rico em nitrogênio e fósforo, elementos essências
aumento de produção de colmos, em relação à adu- para um bom desenvolvimento das plantações.
bação mineral completa. Já a aplicação de 80 Mg ha-1 McCann (2002) revela que outros países além dos
de lodo de esgoto teve efeito semelhante à adubação Estados Unidos e Europa estão preocupados com o
mineral completa. que eles chamam de “Sludge: a global concern”, ou
A pesquisa com a utilização de lodo de ETEs, se- seja, lodo de esgoto uma preocupação global, visando
gundo Costa (2001), em mamoeiro é uma abordagem sua utilização, relegando a um segundo plano os de-
inédita, principalmente por se tratar de uma cultura vidos cuidados legais na utilização dos mesmos.
O artigo apresenta exemplos bem sucedidos no Bra- benácea, que é uma espécie pioneira de pleno sol e
sil, Egito, Yemen, Taiwan e Turquia, no que diz respeito à crescimento rápido, que possibilitou um ensaio em
utilização deste produto em culturas agrícolas, mas aler- curto espaço de tempo.
ta para a necessidade do controle dos metais pesados. A Cytharexyllum myrianthum, também conhecida,
Análises das amostras devem ser constantemen- segundo Lorenzi (2002), como pau-viola, tucaneiro
te coletadas para determinarmos macronutrientes e (SC), pau-de-viola (SP), tucaneira, jacareúba, baga-
principalmente evitar que metais pesados como Arsê- de-tucano, pombeiro, tarumã e tarumã-branco.
nio, Cádmio, Chumbo, Mercúrio, Níquel, Selênio, Cro-
mo e Zinco, tenham parâmetros superiores aos limites 3. Desenvolvimento do ensaio e
de concentração de lodo permitidos para aplicação seus substratos
por mg/kg segundo a Standars for the Use and Dispo-
sal of Sewage Sludge e NSSS – Pesquisa Nacional de 3.1. Biossólidos
Lodos de ETE nos EUA. A proposta deste projeto baseia-se em um sub-
O CONAMA através de suas resoluções 380 de 31 produto do lodo obtido por intermédio de um proces-
de outubro de 2006 que retifica a resolução CONAMA so de secagem térmica, produzido no secador térmico
nº375/06 – Define critérios e procedimentos para o existente dentro da Estação de Tratamento de Esgoto
uso agrícola de lodos de esgoto gerados em estações de São Miguel - SM que transforma a torta de lodo
de tratamento de esgoto sanitário e seus produtos proveniente da Estação de Tratamento de Esgoto de
derivados, e da outras providências. Barueri – BAR, com aproximadamente 30% de mate-
rial sólido (MS), em pellets, (Foto 2) com circunferên-
2. Escolha das mudas cia média de 4 a 6 mm e MS em torno de 95%.
Entre as espécies de mudas florestais nativas A capacidade atual de produção de pellets da ETE-
existentes no viveiro, foi escolhida a de pau-viola ou SM é da ordem de 20 t/dia.
Cytharexyllum myrianthum (Foto 1), da família ver-
Foto 1 -Mudas de Cytharexyllum myrianthum ( pau-viola). Foto 2 - Detalhe dos pellets de biossólido com diâmetro de 4 a 6
Fonte: Próprio autor, (2004). mm. Fonte: Próprio autor, (2005).
3.2 Terra de subsolo localizada no bairro Água Funda na zona sul de São
Terra de subsolo também chamada de terra de bar- Paulo, ponto este o mais próximo do local do ensaio
ranco, muito utilizada nos viveiros de mudas da compa- em situado em Cotia.
nhia, proveniente da região de Atibaia/SP cujas análises
das características físicas e químicas foram executadas 3.5 Tratos culturais das mudas
As mudas foram dispostas aleatoriamente nos
3.3 Húmus de minhoca canteiros a pleno sol e irrigadas através de micro-
Húmus de minhoca, rico em micronutrientes é aspersores diariamente, até atingir a capacidade de
conhecido como um dos mais antigos adubos de campo. As plantas daninhas foram eliminadas manu-
origem orgânica, utilizado na agricultura para me- almente, através da monda e eliminação das folhas
lhorar as características do solo para o desenvolvi- basais senescentes (toalete) a cada 2 meses. As pra-
mento das plantas. gas foram controladas através da aplicação em pul-
verização de defensivos agrícolas. Para evitar danos
3.4 Dados meteorológicos às mudas numa eventual geada, tomou-se o cuida-
Segundo Minami (1995) as condições ambien- dos de cobrir os canteiros com filmes transparentes
tais afetam as funções fisiológicas até a formação de polietileno, nas noites de maior probabilidade de
folhas e podem inibir ou reduzir o pleno funciona- ocorrência do fenômeno.
mento das mesmas.
Dados levantados das médias mensais das tem- 3.6 Composição dos substratos
peraturas do ar, referentes ao ano de 2004, período Foram formulados seis substratos considerando
do experimento, foram obtidos junto a Estação Me- o uso do biossólido, terra de subsolo – TS e húmus
teorológica da Universidade de São Paulo, no Ins- de minhoca, sendo, que se constituíram nos seguin-
tituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmos- tes tratamentos:
féricas, Seção Técnica de Serviços Meteorológicos, Tratamento 1 (T1) composto por 97,5% de terra
Figura 4.
Médias observadas em função do tempo para as variáveis (comprimento raiz, diâmetro caule, altura da planta, massa seca da raiz, massa
seca da folha, massa seca do caule, massa seca da parte aérea da planta e massa seca total), para cada tratamento, na espécie Cythare-
xyllum myrianthum, IPT, São Paulo, SP.
Sendo:
T1- composto por 97,5% de terra de subsolo (TS), 2,5% de húmus de minhoca, correção do pH e adubação.
T2 -, 25% de biossólido – BIO, (em forma de pellets, a 95% de material sólido – MS) e 75% de TS;
T3 -, 50% de BIO e 50% de TS;
T4 - 75% de BIO e 25% de TS;
T5 – terra de subsolo (TS); e
T6 - 50% de húmus e 50% TS.
de subsolo (TS), 2,5% de húmus de minhoca, corre- Tratamento 3 (T3), 50% de BIO e 50% de TS;
ção do pH e adubação. Tratamento 4 (T4), 75% de BIO e 25% de TS;
Obs: Segundo a formulação de Raij et al. (1997), Tratamento 5 (T5), só utilizando TS; e
fez-se a correção de pH do substrato do T1 com apli- Tratamento 6 – T6, 50% de húmus e 50% TS.
cação de 110 g de calcário dolomítico com PRNT de Em cada tratamento foram utilizadas mudas de
100% e incorporação de 35 g de cloreto de potás- pau-viola, provenientes da estufa nº 1, existente no
sio e 77 g de superfosfato simples para cada 0,2 m3 viveiro, onde foram semeadas em bandejas de polies-
terra de subsolo. tireno com 128 células piramidais, contento o subs-
Tratamento 2 (T2), 25% de biossólido – BIO, (em trato comercial marca Plantmax Florestal.
forma de pellets, a 95% de material sólido – MS) e O experimento teve início em 14/05/2003, com
75% de TS; mudas de aproximadamente 5 meses de idade. Foram
transplantadas em saquinhos plásticos de polietileno Segundo Mantovi, Baldoni e Toberi (2004), os efei-
de cor preta com dimensões de 20 cm de altura e 12 tos dos usos de esgoto a longo prazo em comparação
cm de diâmetro e capacidade de 1 L. com o fertilizante mineral, comprova que o biossólio-
Estes recipientes foram distribuídos em um can- do traz maiores benefícios mas pode causar efeitos
teiro, composto de 40 mudas de pau-vióla, Cythare- negativos na qualidade da água devido as grandes
xyllum myrianthum. quantidades de P e na constituição do solo com a
A seguir as plantas foram separadas em 6 tra- acumulação de Zn.
tamentos enfileirados com os seguintes cuidados Por sua vez o trabalho de Oliver; McLaughin e Mer-
quanto à manutenção: rington (2004), trazem os estudos comparativos dos
■■ canteiros posicionados a pleno sol; elementos presentes nos biossólidos utilizados ao re-
■■ irrigação diária; dor das grandes cidades australianas, durante dezoito
■■ controle manual de plantas daninhas (monda); anos de 1983 a 2001, que apresentaram melhoras sig-
■■ aplicação de defensivos adequados para controle nificativas nas concentrações de metais pesados, com
de pragas; reduções de até 60% devido a melhora na qualidade
■■ dança das plantas e “toalete” a cada 2 meses; e dos efluentes das industrias, graças a uma política de
■■ quando necessário, cobertura das plantas com te- indústrias mais limpas que poluem menos.
lado para prevenir danos contra geada.
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
4.Discussões finais De acordo com as observações experimentais e as
Embora neste trabalho não tenha sido executado análises dos resultados obtidos, podem ser apresenta-
um ensaio da viabilidade econômica do produto, Tri- das as seguintes conclusões e recomendações:
gueiro e Guerrini (2003), no seu estudo comentam que ■■ O lodo de esgoto ou biossólido (BIO), de acordo com
quando comparando as quantidades de adubo utiliza- os resultados de campo e laboratoriais, finalizados
das nos tratamentos com biossólidos e com o substra- com os ensaios de massa seca, dos tratamentos T3
to comercial Multiplant para a produção das mudas, (50% BIO + 50% TS) e T4 (75% BIO + 25% TS), que
obteve-se uma economia de fertilizantes da ordem de mostrou um potencial positivo e promissor como
64% para o eucalipto e 12,5% para o pinus quando a melhor alternativa a substituição dos fertilizan-
as mudas foram produzidas com biossolidos. Sugere-se tes comerciais, agrícolas/florestais para a espécie
maiores estudos sobre a disponibilização dos nutrientes Cytharexyllum myrianthum.
contidos no biossólido, de forma a se atender as reais ■■ O uso de biossólido em viveiros de mudas e áreas
necessidades das plantas durante sua fase de viveiro, de reflorestamento é uma alternativa viável a dis-
para que, assim, possam ser estabelecidos índices ainda posição final de lodos, desde que sejam tomadas
maiores de economia de fertilizantes. Este, talvez, seja todas as medidas legais exigidas.
o maior atrativo ao usar biossólido como componente ■■ São recomendáveis a elaboração de novos estudos,
em substratos para produção de mudas, sem considerar com outras espécies de plantas nativas, para confir-
o enorme benefício ambiental. mar a total eficácia do substrato em questão. Além
Segundo Dias (1998), o uso de biossólido na agri- de uma ampla divulgação dos seus resultados peran-
cultura brasileira requer uma regulamentação para te a sociedade científica, governo e a comunidade,
seu uso, de maneira similar como é feito, nos Estados disseminando o uso do biossólido, um resíduo sólido
Unidos e Comunidade Européia. Como esses produtos que se tornou uma matéria prima de alta qualidade,
são fertilizantes orgânicos excelentes, a regulamenta- um fertilizante ecologicamente correto.
ção visando proteção ambiental, não precisa abordar ■■ Os substratos com as menores produções em todas
os biossólidos sob esse prisma, visto que tais produ- as variáveis consideradas foram aqueles formula-
tos, submetem a legislação específica do Ministério da dos somente com subsolo (T5) e subsolo com cor-
Agricultura. Por outro lado resta a questão dos metais reção e adubação (T1).
pesados, patógenos, transporte e outras questões es- ■■ Os substratos que apresentaram os melhores resul-
pecífica ao assunto. A melhor alternativa parece ser a tados, foram aqueles formulados com biossólidos
consulta a modelos de regulamentação adotada em nas proporções de 25% de biossólido com 75% de
países desenvolvidos, que tem décadas de experiência, terra de subsolo, 50% de biossólido com 50% de
complementada pela experiência brasileira. terra de subsolo e o com 75% de biossólido com
25% de terra de subsolo.
Endereço(1): Av. do Estado, nº 561, Unidade ROA, Prédio 3 - Bairro Bom Retiro - São Paulo - SP - CEP: 01107-
900 - Brasil - Tel: +55 (11) 3388-7497 - Fax: +55 (11) 3388-7477 - e-mail: mmiki@sabesp.com.br
entanto, que muitos municípios do Estado de São Paulo cagem, ser utilizado como condicionador de solo, ou
não possuem aterros sanitários, o que inviabilizaria esta como substrato de planta.
alternativa. Caberia desta maneira a adoção de aterros
exclusivos para resolver a solução do problema de lodos Tabela 3.1: Vantagens e desvantagens do processo de com-
postagem em relação a outros tratamentos de lodo
na fase inicial de operação da ETE. Em segunda etapa,
Vantagens Desvantagens
buscar-se-iam soluções que privilegiassem a reutiliza-
Produto final estocável Necessita de um teor de sólidos do
ção, como por exemplo, o uso agrícola.
lodo entre 18 a 30%
Para o problema de lodo da ETE Limoeiro, a etapa
Produto final com potencial Necessita agentes estruturantes
de curto prazo escolhida foi a implantação do aterro para venda
exclusivo de lodo. Em paralelo, estuda-se a viabilidade Pode ser combinado com Pode necessitar de grandes áreas
técnica e econômica de utilização agrícola do lodo. outros processos
Para realizar este uso agrícola, o lodo deve sofrer um Baixos custos comparados Altos custos em comparação com a
processo de tratamento, que pode ser tanto a com- com a incineração aplicação direta no solo
postagem como a estabilização química com cal. Potencial geração de bioaerosóis
Tanto um tipo de tratamento como outro depen- Potencial geração de maus odores
dem ainda de estudos mais aprofundados para torná-
lo operacional. Cabe em primeiro lugar definir certos conceitos
Este estudo procurou aprofundar mais especifi- utilizados na agronomia, de modo possibilitar uma
camente a compostagem como alternativa de trata- visão mais clara do processo aos profissionais perten-
mento do lodo para a ETE Limoeiro. centes a engenharia sanitária.
Os produtos derivados de lodo de ETE (como por
3.1 GENERALIDADES SOBRE exemplo, lodo compostado e lodo estabilizado com
A COMPOSTAGEM cal) são categorizados como fertilizantes, de acordo
De acordo com GOLUEKE (1977) apud SPINOSA; VE- com a Instrução Normativa/IN nº 23, 31/08/2005,
SILIND (2001) a compostagem é um método controlado publicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
de decomposição biológica dos componentes orgânicos Abastecimento – MAPA.
do lodo em determinadas condições e cujo produto No artigo 1º, do Anexo I, da IN 23, tem-se a se-
final pode ser manipulado, estocado e/ou aplicado ao guinte definição:
solo sem afetar de forma adversa o meio ambiente. ■■ fertilizante orgânico: produto de natureza funda-
De acordo com WEF (1996), os principais objetivos mentalmente orgânica, obtido por processo físico,
da compostagem são: químico, físico-químico ou bioquímico, natural ou
■■ Conversão biológica da matéria orgânica putrescí- controlado, a partir de matérias-primas de ori-
vel numa forma estabilizada; gem industrial, urbana ou rural, vegetal ou ani-
■■ Destruição de patógenos. O calor gerado durante mal, enriquecido ou não de nutrientes minerais;
a compostagem resulta numa desinfecção (e não E mais adiante no inciso d:
esterilização) do produto final. ■■ lodo de esgoto: fertilizante orgânico composto,
■■ Redução da massa total de lodo através da remo- proveniente do sistema de tratamento de esgotos
ção de água e sólidos voláteis (embora a introdu- sanitários, que resulte em produto de utilização
ção de um agente estruturante feita para facilitar segura na agricultura, atendendo aos limites esta-
o processo de compostagem possa resultar num belecidos para contaminantes;
volume maior que o original de lodo); No artigo 2º, do Anexo I, da IN 23, cita-se que os
■■ Produção de produto final utilizável. fertilizantes orgânicos são classificados de acordo com
KROGMANN (2001), autor do capítulo de compos- as matérias primas utilizadas. E no inciso IV temos:
tagem de SPINOSA; VESILIND (2001), cita as vanta- ■■ Classe “D”: fertilizante orgânico que, em sua produção,
gens e desvantagens deste processo, conforme tabela utiliza qualquer quantidade de matéria-prima oriun-
3.1. A maior vantagem da compostagem é a obtenção da do tratamento de despejos sanitários, resultando
de um produto final de uso imediato, ou, após esto- em produto de utilização segura na agricultura.
Antes destas definições, o lodo de esgoto recaía na De acordo com METCALF & EDDY (2003), aproxi-
definição de corretivo, como foi o caso do registro do madamente 20 a 30% dos sólidos voláteis são con-
biossólido de Franca, realizado em 1999 e documenta- vertidos em dióxido de carbono e água. À medida que
do em TSUTIYA (2001). A definição atual de fertilizante a matéria orgânica no lodo se decompõe, o composto
pode dar a falsa idéia de que o lodo de esgoto possui atinge temperaturas na faixa de pasteurização (50
todos os nutrientes necessários para o desenvolvimen- a 70ºC) e conseqüentemente destruindo os organis-
to das plantas, erro este que não ocorria quando o lodo mos patogênicos. Na compostagem, a destruição de
era categorizado como condicionador de solo. matéria orgânica em conjunto com a produção de
Ainda segundo KROGMANN (2001), os custos de ácido húmico produz o composto final estabilizado.
investimento e de operação podem ser maiores ou Os microorganismos envolvidos recaem em três cate-
menores que outras formas de tratamento e disposi- gorias: bactérias, actinomicetos (particular grupo de
ção final. As maiores desvantagens da compostagem bactérias) e fungos. Embora a inter-relação destas po-
de lodo são o possível aumento de volume devido pulações microbiológicas não seja totalmente enten-
ao acréscimo de agentes estruturantes e emissões dida, a atividade bacteriana aparenta ser responsável
de maus odores e bioaerosóis (partículas com bac- pela decomposição de proteínas, lipídios e gorduras
térias, fungos ou vírus). Devido à adição de agentes a temperaturas termofílicas, assim como também
estruturantes, o volume do composto final pode ser pela maior parte do calor gerado. Os fungos e acti-
o mesmo ou mesmo maior que o volume original de nomicetos estão também presentes nas fases meso-
lodo. Agentes estruturantes, como o cavaco de ma- fílica (abaixo de 40ºC) e termofílica (acima de 40ºC)
deira, são misturados com o lodo de forma a ajustar da compostagem e aparentemente são responsáveis
as propriedades da mistura. A adição de um agente pela destruição de compostos orgânicos complexos e
estruturante pode ser cara caso não haja outros resí- a celulose fornecida na forma de agente estruturante.
duos disponíveis, como por exemplo, podas de árvore. Durante o processo de compostagem, são observados
Outra desvantagem da compostagem é a necessidade 3 estágios de atividade a associado à temperatura:
de grandes áreas para a sua implantação. mesofílica, termofílica e maturação conforme ilus-
trado na figura 3.1. No estágio inicial mesofílico, a
3.2 PROCESSO DE COMPOSTAGEM temperatura na pilha de compostagem sobe da tem-
Na compostagem, adiciona-se ao lodo um mate- peratura ambiente a aproximadamente 40ºC com o
rial, conhecido com o nome de agente estruturante. surgimento de fungos e bactérias produtoras de áci-
Na realidade este termo não exprime completamente dos. A medida que a temperatura da massa de com-
a sua função, pois além de proporcionar uma estrutu- posto sobe para a região termofílica de 40 a 70 ºC,
ra à mistura com o lodo, este material tem a função estes microrganismos dão lugar às bactérias termofí-
de adicionar carbono para ajustar o balanço de ener- licas, actinomicetos e fungos termofílicos. É na faixa
gia e a relação carbono/nitrogênio (C/N). termofílica de temperatura que ocorre a máxima de-
De acordo com KROGMANN (2001), a composta- gradação e estabilização de matéria orgânica. A fase
gem pode processar todos os tipos de lodo. No en- de maturação caracteriza-se pela redução da ativida-
tanto, a compostagem de um lodo não digerido tem de microbiana e a troca dos organismos termofílicos
maiores chances de desprender maus odores do que pelos fungos e bactérias mesofílicas. Durante a fase
a compostagem de um lodo digerido e aproximada- de maturação, ocorrerá uma evaporação adicional de
mente 40% a mais de área de pátio de processo. Por água do composto, assim como o pH se estabilizará e
outro lado, um lodo não digerido irá produzir muito se completará a formação de ácido húmico.
mais calor e conseqüentemente um teor de sólidos A descrição do processo de compostagem a seguir
final mais alto. Durante o processo de compostagem, também foi retirada de METCALF & EDDY (2003).
os microorganismos degradam a matéria orgânica do A maior parte das operações de compostagem se-
lodo e, numa menor proporção, do agente estrutu- gue as seguintes etapas: 1) pré-processamento através
rante. Os produtos finais da degradação aeróbica são da mistura do lodo desidratado com agente estrutu-
em sua maioria água, dióxido de carbono, biomassa rante; 2) decomposição a alta taxa através da aeração
(microrganismos) e o composto estabilizado. da pilha de composto tanto por adição de ar como por
Figura 3.1: Fases durante a compostagem relatadas em função da respiração de dióxido de carbono e temperatura
revolvimento mecânico; 3) recuperação de agente es- um produto uniforme. No método estático, o material a
truturante (no final da decomposição de alta taxa ou ser compostado permanece parado e o ar é succionado
na fase de maturação, se praticável); 4) maturação e através dele. A leira revolvida é o método mais comum
estocagem, que permite uma maior estabilização e do tipo agitado, enquanto a pilha estática é o método
uma diminuição da temperatura do composto; 5) pós- mais comum do tipo estático. Também há compostagem
processamento através de gradeamento para remoção em reatores fechados com registro de propriedade.
de material não degradável como metais e plásticos ou De acordo com VESILIND (2003), o termo matu-
ainda trituração para redução de tamanho e 6) disposi- ração refere-se à conversão dos componentes rapi-
ção final. Algumas vezes, uma porção do produto final damente biodegradáveis do lodo e do agente estru-
retorna para a etapa de pré-processamento para con- turante em substâncias similares ao húmus do solo
dicionar a mistura do composto. que se decompõe de forma devagar. Um composto
O estágio de decomposição a alta taxa vêm so- sem a adequada maturação irá se reaquecer e gerar
frendo melhorias de engenharia e de controle de odores na estocagem sob nova adição de água. Tam-
processo devido à necessidade de redução de odores, bém pode inibir a germinação de sementes através da
suprimento de maiores taxas de aeração e manuten- geração de ácidos orgânicos e inibir o crescimento de
ção de controle de processo. O processo de maturação plantas através da remoção de nitrogênio a medida
sofre menor atenção da engenharia, menor controle e que se decompõe.
também pequena consideração nos projetos. De acor- De acordo com PEREIRA NETO (2000), cita que a
do com HAUG (1993) apud METCALF & EDDY (2003), a prática do uso de composto não maturado a partir de
maturação é parte integrante de um projeto de com- lixo doméstico tem levado a compostagem a gran-
postagem e da operação, e a produção de um com- de descrédito, pois acreditam, erroneamente, ser este
posto bem maturado depende destas considerações. um problema associado ao uso de composto orgâ-
Os principais métodos de compostagem nos EUA nico proveniente da fração orgânica do lixo urbano.
são classificados como agitado ou estático. No método Na verdade, qualquer composto não maturado leva à
agitado, o material a ser compostado é agitado perio- produção de toxinas no solo, o que inibe a germinação
dicamente para a introdução de oxigênio, para o con- de sementes e atrofia as plântulas, leva à liberação de
trole de temperatura e para misturar o material e obter amônia (que é tóxica aos vegetais) e pode provocar
Teor de sólidos do lodo Teor de sólidos do Agente Proporção Volumétrica de agente estru-
desidratado (%) estruturante (%) turante / lodo desidratado
Função do Teor de Sólidos do lodo desidratado
16 55 3,3
18 55 3,02
20 55 2,75
22 55 2,47
24 55 2,2
26 55 1,92
Função do Teor de Sólidos do agente estruturante
20 45 8,33
20 50 4,17
20 55 2,75
20 60 2,08
Tabela 3.2: Características de alguns resíduos vegetais utilizados como agentes estruturantes na compostagem do lodo
Fonte: PROSAB (1999) apud Silva et Fernandes, 1998; Fernandes et Soares, 1992; Fernandes et al, 1988
Tabela 3.3: Comparação entre dimensões das leiras e áreas necessárias para a compostagem, pelo sistema de leira reviradas
Fonte: PROSAB (1999) apud Hay et al, 1985.
enxofre, fósforo, potássio, magnésio, cálcio, e micro- neste ano de 2008. Foi adotado como regime opera-
nutrientes para manter o processo de compostagem. cional a idade de lodo de 12 dias.
No começo do processo de compostagem a relação de Adotando-se um teor de sólidos da torta de 16%
C/N deve se situar entre 20:1 a 30:1. Muitas vezes a e massa específica de 1,1 t/m3, teremos uma produção
relação C/N é negligenciada. Uma relação C/N muito de lodo de 57,5 t/dia ou 52,3 m3/dia.
alta diminui a velocidade de degradação microbiana
e uma relação C/N muito baixa resulta no despren- 4.2 BAGAÇO DE CANA
dimento de amônia. O método mais importante de O bagaço de cana utilizado possuía as seguintes
controle desta relação é através da variação da com- características:
posição de agente estruturante e lodo. Massa específica: 0,2 t/m3
Teor de sólidos: 70%;
4 ENSAIOS UTILIZADOS
Para checar os valores citados na literatura, foi 4.3 TESTE PILOTO EM JUNDIAÍ DE
realizado um teste piloto de forma a obter dados SISTEMA DE LEIRAS REVOLVIDAS
operacionais e assim confrontá-los com os de lite- A metodologia operacional adotada para a reali-
ratura de forma a poder se estabelecer parâmetros zação do teste de compostagem foi a seguinte.
específicos de projeto para o caso da ETE Limoeiro Estabeleceu-se uma proporção inicial de volumétri-
de Presidente Prudente. ca de bagaço/lodo. A proporção inicial adota foi próxi-
ma de 1:1, o que levou a anaerobiose após 2 horas.
4.1 LODO A segunda proporção volumétrica estabelecida foi de
O lodo utilizado foi gerado na ETE Limoeiro do mu- 2:1 e iniciou-se o acompanhamento e monitoramento.
nicípio de Presidente Prudente e cujo fluxograma está No dia da mistura de lodo com bagaço de cana,
apresentado na figura 4.1. O lodo é do tipo secundário, foi revolvida a pilha duas vezes por período (manhã
gerado no tanque de aeração de um sistema de lodos e tarde).
ativados. No sistema existente não há decantador pri- No 2º dia, a mistura foi revolvida por duas vezes,
mário e nem digestor anaeróbio de lodo. De forma a uma de manhã e outra no período final da tarde.
tornar o lodo menos agressivo, a ETE está operando Do 3º dia até o 5º dia o composto foi revolvido
com uma idade de lodo mais alta que a proposta origi- apenas uma vez ao dia.
nalmente em projeto, em torno de 18 dias. A partir do 6º dia até o 11º dia, o revolvimento foi
Para efeitos de dimensionamento, a produção de feito uma vez por dia em dias alternados.
lodo adotada será de 9,2 t em base seca por dia. Este A partir do 12º dia em seguida, o revolvimento
horizonte refere-se à ampliação de recebimento de ocorreu uma vez por semana para deixar maturar.
vazão da ETE Limoeiro de 478 L/s prevista para chegar
b) Lodo
■■ massa inicial: 15,5 t;
■■ volume inicial: 14,1 m3
■■ teor de sólidos: 16%; Figura 4.2: Seção da leira inicial formada
- Volume da Leira de Composto (Lodo + Bagaço)
■■ SF/ST: 34,2%;
(3,0 + 0,8) x (1,10/2) x 16 = 33,4 m3
■■ massa específica: 1,1 kg/L; - Cálculo da massa específica resultante da mistura inicial de lodo
■■ massa seca inicial: 2,5 t; mais bagaço:
c) Bagaço de Cana Massa total: 15,5 + 5,2 = 20,7 t
Massa específica da mistura inicial: 20,7/33,4 = 0,6 t / m3
Características:
■■ massa específica: 0,2 kg/L;
■■ teor de sólidos: 70%
Para proporção aproximada de 1:1
■■ massa total: 3,2 t;
■■ volume: 16 m3;
Item Massa espe- Teor de Volume Massa Massa 4.3.3 DADOS DE MONITORAMENTO DE
cífica (t/m3) Sólidos (m3) (t)
seca (t) TEMPERATURA
(%)
O monitoramento da temperatura da leira foi feito
Lodo 1,1 16% 14,1 15,5 2,5
em três seções e em cada seção em três pontos. Os
origi-
nal dados monitorados estão apresentados na Tabela 4.3.
Baga- 0,2 70% 26 5,2 3,6
ço 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS
d e
cana 5.1 ATENDIMENTO AOS CRITÉRIOS
C o m - 0,6 30% 33,4 20,7 6,1 DE REDUÇÃO DE ATRATIVIDADE DE
posto VETORES E REDUÇÃO ADICIONAL DE
inicial
PATÓGENOS
C o m - 0,5 70% 13,2 6,6 4,6
A Resolução CONAMA nº 375 (29/08/2006) e sua
posto
final respectiva alteração, CONAMA nº 380 (31/10/2006)
estabelecem as condições aceitas de redução adicio-
nal de patógenos (necessários para a obtenção de lo-
Tabela 4.2: Quadro resumo de massas e volumes envolvidos
dos de esgoto ou produto derivado tipo A) e redução
na compostagem
da atratividade de vetores.
teor de sólidos do lodo: 16% Cabe observar que este balanço de massa foi es-
massa de bagaço: 3,2 t pecífico para o lodo da ETE Limoeiro, que é um lodo
massa seca de bagaço: 2,2 t do tipo secundário e digerido de forma precária. Este
teor de sólidos do bagaço: 70% tipo de lodo é um dos mais difíceis de manipulação
massa total de lodo e bagaço: 18,7 t de processo. A alta proporção de SV/ST do lodo da
massa seca de lodo e bagaço: 4,7 t ETE Limoeiro de 65,8% tem como conseqüência uma
teor de sólidos da mistura de lodo e bagaço: 4,7/18,7 desidratação de lodo menos eficiente devido a alta
= 25% proporção de água intra-celular. Esta estabilização
Não atendeu ao critério de teor de sólidos entre 45 a 40. deficiente também gera problemas de alta atração de
b) proporção volumétrica aproximada de 1: 2 vetores e odores, levando à necessidade de uma esta-
massa inicial de lodo: 15,5 t bilização deste lodo.
massa seca de lodo: 2,5 t Por outro lado esta mesma deficiência de estabi-
teor de sólidos do lodo: 16% lização favoreceu a alta reatividade do lodo com o
massa de bagaço: 5,2 t bagaço de cana, levando-se a atingir altas temperatu-
massa seca de bagaço: 3,6 t ras num curto espaço de tempo, significativa perda de
teor de sólidos do bagaço: 70% massa em base seca e grande perda de umidade.
massa total de lodo e bagaço: 15,5 + 5,2 = 20,7 t
massa seca de lodo e bagaço: 2,5 + 3,6 = 6,1 t 6 AVALIAÇÃO DE CUSTOS
teor de sólidos da mistura de lodo e bagaço: 6,1/20,7 OPERACIONAIS E DE INVESTIMENTO
= 29% Neste item iremos avaliar os custos operacionais e
De acordo com o critério de umidade, o teor de de investimento para a alternativa de compostagem e
sólidos da mistura de 29% não atendeu a faixa re- de estabilização com cal.
comendada de teor de sólidos entre 45 a 40%. No
entanto, este teor de sólidos baixo não prejudicou o 6.1 INVESTIMENTOS NECESSÁRIOS
processo de compostagem e possibilitou uma estru- PARA COMPOSTAGEM
tura na pilha com a criação de poros suficientes para Para a leira inicial admitiremos as mesmas dimen-
permitir a aeração. Isto foi devido ao tipo de agente sões obtidas no teste piloto, ou seja, altura de 1,10 m,
estruturante utilizado (bagaço de cana), bem como do base de 3,0 m e topo com largura de 0,8 m. Admitire-
adequado ajuste da máquina de revolvimento de leira mos que cada leira terá 200 m.
e sua adequada operação. - Comprimento da leira: 200 m;
Podemos considerar, para este caso, que a relação - Volume total de 1 leira: (3,0 + 0,8)/2 * 1,10 * 200 =
C/N seria o fator mais limitante que a o teor de sólidos 418 m3 por leira;
da mistura inicial resultante. - áreas de borda: 10 m cabeceira;
- teor de sólidos do lodo: 16%;
5.4 AUMENTO OU DIMINUIÇÃO - produção de lodo: 57,5 t/dia ou 52,3 m3/dia;
DO VOLUME E DA MASSA NA - Proporção volumétrica de bagaço de cana por lodo
COMPOSTAGEM desidratado: 2;
Desconsiderando a ocorrência de mudanças sig- - teor de umidade do bagaço de cana: 30% (ou 70%
nificativas de massa e volume na fase de maturação, de teor de sólidos);
podemos analisar os dados somente nesta fase de hi- - massa específica do bagaço de cana: 200 kg/m3;
gienização a favor da segurança. - tempo de compostagem/higienização: 28 dias;
O processo de compostagem apesar de incorpo- - Bagaço de cana: C = 45,30%; N = 0,30%;
rar uma significativa parcela de sólidos secos ao lodo, - Lodo: C = 38,60%; N = 4,85%;
não leva necessariamente a um aumento de volume - tempo de maturação: 28 dias;
ou de massa no produto final. Durante o processo de - Produção semanal de lodo: 7 x 52,3 m3/dia = 366,1
compostagem, ocorrem simultaneamente a perda de m3/semana x 1,1 t/m3 = 402,71 t/semana;
água (ou umidade) e de sólidos através da digestão da - Necessidade semanal de bagaço de cana: 2 x 366,1
matéria orgânica com geração de gás carbônico. m3 = 732,2 m3/semana;
- Massa semanal de bagaço: 732,2 m3 x 0,2 t/m3 = - volume final do composto calculado de 1278 m3;
146,4 t/semana; - como há um volume sobrando devido a incorporação
- Adotando-se a massa específica da mistura inicial de mais 1 módulo, podemos utilizar esta área excedente
igual a 0,6 t/m3, tem-se: para aumentar o período de maturação ou ainda utilizar
Massa total inicial de lodo e bagaço por semana: esta área para estocar agente estruturante.
402,71 + 146,4 = 549,11 t por semana Para 4 módulos a largura total é de:
Volume total inicial de lodo mais bagaço por semana: L = 12,8m x 4 unidades = 51,2 m;
549,11/ 0,6 = 915,18 m3 L1 = largura necessária para higienização = 8 x 3 + 7
915,18/418 = 2,2 leiras por semana ou aproximada- x 0,5 = 27,5 m;
mente 2 leiras por semana L2 = largura necessária para maturação = 12 m;
Área Coberta para etapa de higienização da Espaço entre L1 e L2 = 0,5 m;
compostagem Borda Lateral = 51,2 -27,5 – 12 – 0,5 = 11,2 m ou
Comprimento: 200 m; 5,6m de cada lado;
Largura: 8*3,0m + 7*0,5 = 27,5 m Cobertura do pátio de compostagem: R$ 67 / m2
Área total: 200 x 27,5 = 5500 m2; Área útil de m2 = 200 x 4 x 12,8 = 10.240 m2
Como as coberturas são modulares, escolheremos Custo de cobertura: 10.240 m2 x R$67/m2 = R$
um tipo de módulo de forma a determinar a quanti- 686.080
dade de módulos. Para a operação das máquinas e dos caminhões,
Módulo (200 m) necessita-se uma borda lateral. Para as extremidades
Módulos de: 12,8 m de largura x 5,2 m altura livre e superior e inferior, recomenda-se uma borda de 10,0
200 m de comprimento; m e para as faixas laterais uma borda de 7,0 m.
Para a compostagem adotaremos inicialmente 4 mó- Também se necessita prever uma área de estoca-
dulos de 200 m de comprimento. gem para o bagaço de cana, o que pode ser uma faixa
Módulos de: 12,8 m de largura x 5,2 m altura livre e lateral de 200 m por 15 m, totalizando 2500 mm2.
200 m de comprimento;
Largura total do pátio: 4 x 12,8 m = 51,2 m 6.2 CUSTOS DE AGENTE ESTRUTURANTE
Largura necessária para etapa de higienização: 8 pi- E DE TRANSPORTE FINAL PARA
lhas x 3,0 m por pilha + 7 entre pilhas x 0,5 m entre COMPOSTAGEM
pilhas = 27,5 m Produção diária de lodo: 57,5 t/dia ou 52,3 m3/dia;
Durante o processo de compostagem ao longo de Necessidade diária de bagaço de cana: 2 x 52,3 =
28 dias, irá ocorrer a transformação da matéria orgâ- 104,6 m3/dia ou 21 t/dia;
nica do lodo em gás carbônico e água. Assumindo que Adotando-se uma redução aproximada de 15% em
ocorrerá uma redução de volume igual ao que ocor- relação ao volume original de lodo temos:
reu no experimento piloto, teremos um novo volume Volume de composto: 0,85 x 52,3 = 44,5 m3/dia x 30
final para maturação: = 1335 m3/mês
- Volume inicial de lodo + bagaço de cana por sema- Massa específica do composto = 0,5 t/m3;
na: 798,7 m3 Massa de composto: 667,5 t/mês
- Redução de 40% em volume; Conforme levantamentos preliminares na região de
- Volume final de lodo + bagaço de cana por semana: Presidente Prudente, o preço do bagaço de cana é de
319,5 m3 R$ 15/m3.
- Volume final de lodo + bagaço de cana em 4 sema- O custo diário de bagaço de cana será de:
nas: 1278 m3 Custo diário de bagaço de cana: 104,6 m3 x R$ 15/m3
Considerando uma pilha de maturação com base = R$ 1569/dia
de 12m, base menor de 3,2 m, altura de 4,4 m e 200 Custo mensal de bagaço de cana =R$ 47.070/mês
m de comprimento teremos: Foi feito um levantamento do custo de transporte
- volume da pilha de maturação: (12+3,2) x (4,4/2) x do composto para uma propriedade localizada a 60
200 = 6688 m3; km da ETE. O preço de mercado para o transporte de
composto com uma massa específica de 0,5 t/m3 é de Uma possível explicação para a ocorrência deste
R$ 0,20/km.m3. Para uma distância de 60 km resulta lodo extremamente fluido pode ser dada à reação de
em R$ 12/m3 de composto. um material extremamente úmido com uma grande
O custo diário de transporte de composto será de: quantidade de cal, o que poderia levar à incorporação
Custo diário de transporte de composto: 1335 m3/ de uma grande quantidade de gases devido a reação
mês x R$12/ m3 = R$ 16.020/mês. exotérmica. Ou seja, a fluidez do lodo calado seria ini-
cialmente devido a quantidade de gases dissolvidos
6.3 CUSTO DE DOSAGEM E na massa de lodo mais cal.
TRANSPORTE FINAL DA Esta fluidez excessiva dificulta a manipulação deste
ESTABILIZAÇÃO COM CAL lodo da ETE Limoeiro. Há a necessidade de se pesquisar
Produção diária de lodo: 57,5 t/dia ou 52,3 m3/dia; novas formas de tornar este lodo mais manipulável.
Produção diária de lodo em massa seca: 16% x 57,5 t/ Uma alternativa de curto prazo para o pós-tra-
dia = 9,2 t/dia tamento do lodo com cal é a disposição temporária
Dosagem de 40% de cal; no aterro exclusivo de resíduos da ETE Limoeiro (em
Pureza da cal: 90% forma de lagoas), de forma a permitir a um aumento
Preço da cal: R$ 0,37/kg no teor de sólidos e torná-lo mais manipulável.
Teor de sólidos final após 60 dias: 50% Apesar de, na prática, não se conseguir realizar
Massa específica após 60 dias: 1,2 t/m3 este revolvimento com o equipamento enleirador, ire-
Massa diária de cal utilizada: 9,2 t x 40% = 3,7 t de mos adotar uma espessura de lodo no pátio de 30 cm
cal pura = 4,1 t de cal/dia para efeitos comparativos. O tempo de detenção a ser
Massa seca total inicial: 9,2 t + 4,1 t = 13,3 t/dia adotado será de 60 dias.
Custo diário da cal: 4,1 t/dia x R$370/t = R$ 1517 por De acordo com o IAP a área necessária para esto-
dia = R$ 45.510 por mês cagem de lodo deve ser dimensionada em função da
Transporte diário de lodo + cal capacidade de empilhamento do material. Podem ser
Massa final após 60 dias a 20%, conforme PEGORINI utilizados como parâmetros de projeto:
ET AL( 2006): 13,3/0,20 = 66,5 toneladas por dia ou ■■ Para biossólidos que tenham “comportamento se-
1995 t/mês ou 1813 m3/mês melhante ao de sólidos” (teor de ST igual ou supe-
O custo de transporte de lodo até uma proprie- rior a 40%): 1,50 a 0,80 m3 de biossólidos/m2 de
dade agrícola é de R$ 0,42/m3 km, conforme último área de armazenagem;
contrato estabelecido na ETE Limoeiro. Para uma pro- ■■ Para biossólidos na forma pastosa (teor de ST su-
priedade localizada a uma distância de 60 km, tere- perior a 10% e inferior a 30%) recomenda-se 0,80
mos um preço de R$ 25,20/m3. a 0,40 m3 de biossólidos / m2 de pátio;
Custo do transporte por mês: ■■ Para os “biossólidos mais líquidos” (teor de ST <
= 1813 m3/mês x R$25,20/m3 = R$ 45.687,60 10%) o projeto deverá definir especificamente a
por mês forma de armazenagem a ser adotada.
Desta forma a área necessária será de:
6.4 INVESTIMENTO PARA - teor de sólidos inicial da mistura lodo + cal: = (13,3)/
REVOLVIMENTO DO LODO COM CAL (57,5+4,1) = 21,5%;
Para tornar o lodo manipulável necessita-se dis- - Massa inicial de lodo + cal: (57,5 + 4,1) = 61,6 t/dia;
por este lodo em estufa e provocar periodicamente - Volume inicial de lodo + cal: (61,6/1,1) = 56 m3/dia;
um revolvimento. - área necessária: (56 m3/dia) x 60 dias/0,30 m = 11.200
Foi feito uma tentativa de revolver o lodo com m2;
cal através do equipamento enleirador. Ao se dispor Custo estimativo do pátio de calagem:. 11.200 m2
o lodo no pátio, o lodo apresentou uma consistên- x R$ 67 / m2 = R$750.400;
cia muito fluida e com extrema dificuldade de formar
pilhas. A lâmina de lodo formada foi extremamente
baixa, demandando muita área para manipulação.
de um projeto com dados mais próximos da realidade nados principalmente devido a falhas operacionais.
e evitará potenciais ociosidades ou limitações. PEREIRA NETO (2000), relatou que um dos principais
Deve-se observar que na fase de maturação al- entraves na operação de usinas de compostagem de
guns aspectos levam a um dimensionamento do pátio lixo no país é a falta de mão de obra capacitada e
diferente na fase de higienização, dos quais podemos raramente encontra-se coordenando uma usina de
citar: menor volume de composto nesta fase devido compostagem, pessoas especializadas ou treinadas
à conversão da matéria orgânica em gás carbônico e para tal função. Recomenda-se que a operação de
água; teor de sólidos do composto mais alto devido ao compostagem seja devidamente coordenada por um
aumento da temperatura no interior da pilhar; alturas profissional treinado e capacitado, caso este tipo de
maiores da pilha de maturação devido às proprieda- tratamento seja o escolhido para a ETE Limoeiro.
des do composto mais seco. Optou-se por incluir ex- O agente estruturante escolhido para a compos-
plicitamente a fase de maturação de forma a garantir tagem do lodo da ETE Limoeiro foi o bagaço de cana.
a viabilidade até a disposição final no solo propria- Este material ainda é considerado resíduo em muitas
mente dita. Caso o dimensionamento do processo regiões, no entanto, há indícios de que algumas usinas
de compostagem se limitasse tão somente ao aten- vêm desenvolvendo tecnologias de reaproveitamento
dimento da legislação, a fase de maturação poderia deste bagaço de cana para geração de energia elétrica.
ser descartada, pois a ênfase presente na lei refere-se Recomenda-se sempre a busca permanente de outros
à higienização do composto. Cabe recomendar ainda agentes estruturantes de forma a tornar a solução de-
qual seria o tempo mínimo de maturação adequado pendente de uma única matéria prima. Pode-se reco-
de forma a não prejudicar o solo devido a liberação de mendar, por exemplo, a utilização de podas de árvores
substâncias deletérias e conseqüentemente diminuir oriundas do trabalho das prefeituras municipais como
o tamanho do galpão e custos operacionais. agente estruturante. Para isto tornar-se operacional,
A montagem inicial da leira mostrou-se crítica no deve-se disponibilizar uma máquina trituradora para
processo, pois a partir daí que se criam condições para tornar as podas de árvores em agente estruturante.
o desenvolvimento dos microrganismos responsáveis Os agentes estruturantes utilizados em composta-
pela degradação da matéria orgânica. Para que isto gem são gerados de forma sazonal. Por outro lado a
ocorra é necessário que se criem condições de porosi- produção de lodo é contínua e dificilmente pode ser
dade suficiente na leira de modo a torná-la predomi- acumulada por muitos meses. É muito difícil estimar
nantemente aeróbia. Uma umidade excessiva da mis- a compatibilização entre a demanda e a oferta, devido
tura de lodo e agente estruturante pode inviabilizar a esta sazonalidade e também devido a possibilidade
estas condições aeróbias. Outros fatores operacionais de se trabalhar com diferentes agentes estruturantes.
que influenciam este desenvolvimento aeróbio inicial Esta sazonalidade pode levar a custos operacionais
são referentes ao equipamento enleirador. Para o caso flutuantes. A prática desta compostagem poderá for-
do teste piloto realizado, o equipamento enleirador necer subsídios locais para checar se esta viabilidade
utilizado foi objeto de vários ajustes e possibilitou a econômica se sustentará.
execução de uma leira adequada. Outra consideração As características do lodo da ETE Limoeiro de alta
importante nesta fase inicial refere-se a um maior umidade e de alta proporção de SV/ST tornaram a
número de revolvimentos do equipamento enleirador compostagem uma alternativa interessante de trata-
na mistura inicial, propiciando uma estrutura devida- mento do lodo. Uma recomendação que pode ser de-
mente porosa que permitiu a sua aeração. rivada das observações deste trabalho é checar num
O processo de compostagem apesar de incorpo- sistema de lodos ativados convencional (decantador
rar uma significativa parcela de sólidos secos ao lodo, primário, tanque de aeração, decantador secundário
não leva necessariamente a um aumento de volume e digestor anaeróbio de lodo), a influência de “by-
ou de massa no produto final. Para o estudo realizado pass” do lodo secundário nos digestores. Este lodo
houve uma redução de 58% de massa em relação a secundário seria então misturado ao lodo primário
quantidade original de lodo. (que permaneceria um tempo maior de degradação
Uma das maiores críticas em relação à compos- no digestor anaeróbio de lodo) e seguiria daí para a
tagem refere-se à geração de maus odores, ocasio- desidratação. Acredita-se que estes sólidos voláteis do
lodo secundário favoreceriam o desenvolvimento de tir a um aumento no teor de sólidos e torná-lo mais
bactérias termofílicas na compostagem e conseqüen- manipulável. Recomenda-se realizar este tipo de pós-
temente favorecendo a destruição de organismos pa- tratamento de lodo com cal e checar as condições de
togênicos. No entanto, deveria se fazer a checagem secagem adicional, bem como estudar formas de se
das dosagens de agente estruturante em função do retirar o lodo destas lagoas de forma a não compro-
teor de sólidos da torta resultante da mistura de um meter a integridade física das lagoas, principalmente
lodo secundário com o lodo primário digerido. E partir o fundo com impermeabilização. Desta forma haveria
daí fazer o balanço econômico de uma possível van- uma flexibilidade operacional de se trabalhar com um
tagem econômica. material ou outro, e não se criar uma dependência
Independente de a solução ser de estabilização para uma única solução.
com cal ou compostagem é necessário a instalação A solução de tratamento de lodo através da com-
de um galpão de processamento de lodo. Para o caso postagem possui o atrativo ambiental de se dar um
da ETE Limoeiro, o galpão de compostagem resultou destino adequado para 2 tipos de resíduos (lodo e
numa menor área, sendo a opção adotada para o agente estruturante). Já a estabilização de lodo com cal,
tratamento do lodo. utiliza-se um material nobre para realizar o tratamento
Apesar da compostagem para ETE Limoeiro ser do resíduo/lodo. Deste ponto de vista, a estabilização
mais atraente, recomenda-se um desenvolvimento com cal é menos atrativa do que a compostagem. Na
técnico em escala real para tornar o lodo estabilizado compostagem, o processo de mistura de 2 resíduos leva
com cal mais manipulável. Uma alternativa de curto necessariamente a uma diminuição na massa final. Já
prazo para o pós-tratamento do lodo com cal é a dis- na estabilização com cal, o que ocorre de fato é um
posição temporária no aterro exclusivo de resíduos da aumento na massa final de resíduos.
ETE Limoeiro (em forma de lagoas), de forma a permi-
AESABESP
Associação dos Engenheiros da Sabesp
conheça o novo
aesabesp.com.br
A AESABESP - Associação dos Engenheiros da Sabesp mais uma vez buscando o compromisso com a integração
dos seus associados apresenta seu portal na internet. Com projeto da Neopix Design, empresa especializada em design
estratégico, o portal tem o objetivo de ser um amplo canal de comunicação e interação entre os associados e a associação.
Notícias, calendário de cursos e palestras com vantagens para os associados, área do associado com benefícios e descontos,
publicações online são algumas das atrações.
futuros, de forma que esse subproduto das ETAs entre realizadas análises para a determinação dos seguintes
na ETE no fim do processo secundário, como insumo parâmetros: DBO, fósforo total e solúvel, cádmio, chum-
para remoção de fósforo do efluente final, em conso- bo, cobre, cromo, ferro total e solúvel, manganês total,
nância com os conceitos de produção mais limpa. mercúrio, zinco, série nitrogenada, sulfato e sulfeto.
As amostras foram compostas de 24 horas e co-
2 – OBJETIVOS letadas com amostrador automático, preservadas
A presente pesquisa foi desenvolvida tendo por e analisadas seguindo os procedimentos do APHA;
objetivo avaliar a possibilidade de remoção de fósforo AWWA; WEF (2002). Após a caracterização do lodo
do efluente de um sistema de tratamento biológico e do efluente, foram realizados testes de jarros para
de esgotos convencional por lodos ativados pelo lodo avaliação da remoção de fósforo. Para estes ensaios,
de uma estação de tratamento de água, que utiliza foram adicionadas dosagens variadas de lodo nos jar-
sulfato de alumínio como coagulante; ros de dois litros de volume útil (figura 2), ajustados
os valores de pH, misturados os conteúdos a 40 s-1
3 – MATERIAIS E MÉTODOS de gradiente durante diferentes tempos de mistura e
Para o desenvolvimento prático da pesquisa, em- deixados em repouso para sedimentação. Decorridos
pregou-se o lodo da Estação de Tratamento Conven- os tempos pré-estabelecidos de sedimentação, foram
cional de Água do Alto Cotia, que utiliza sulfato de coletadas amostras dos sobrenadantes e determi-
alumínio como coagulante, e o efluente da ETE Ba- nadas as concentrações de fósforo solúvel, através
rueri, sistema convencional de lodos ativados, ambas do método do ácido ascórbico, constante no APHA;
localizadas na Região Metropolitana de São Paulo AWWA; WEF (2002)
(RMSP), Brasil. As condições operacionais avaliadas foram:
O lodo da ETA foi caracterizado segundo os se-
guintes parâmetros: pH, fósforo solúvel e total, sólidos
totais, alumínio, cádmio, chumbo, cobre, mercúrio e
zinco. A coleta com amostrador de fundo, a preserva-
ção das amostras e as técnicas analíticas empregadas
foram as preconizadas no APHA; AWWA; WEF (2002).
Além das análises físico-químicas, foram realizados
ensaios de difratometria e fluorescência de raios-X
no Laboratório de Caracterização Mineralógica do
Departamento de Engenharia de Minas e Petróleo da
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
No primeiro ensaio, a amostra de lodo, seca a 103
± 2oC até peso constante, foi quarteada para obten-
ção de uma fração de aproximadamente 20 g. Em se-
guida, foi reduzida granulometricamente para aproxi-
madamente mesh 200 (74 m) e uma alíquota entre 1
a 3 g foi compactada em uma cavidade de 27 mm de
diâmetro por 2,5 mm de profundidade de um suporte
metálico. Posteriormente, foi introduzida no difratô- Figura 2 – Fotografia do equipamento do jar test utilizado nos
metro marca Philips, modelo MPD 1.880. A identifica- ensaios de remoção de fósforo com lodo de ETA
ção das fases cristalinas foi feita por comparação do
difratograma da amostra com o banco de dados do
ICDD – International Centre for Diffraction Data. · Dosagens de lodo: 27, 29, 37, 39, 40, 52, 63, 65,
A metodologia do ensaio de fluorescência de 73, 80, 91, 100, 103, 109, 180, 213 mg/L;
raios-X incluiu as etapas de secagem e quarteamento · pH: 4,0 a 7,0;
da amostra para obtenção de uma fração de aproxi- · tempo de permanência do lodo no decantador
madamente 50 g; redução granulométrica para apro- da ETA: 7, 14, 21, 30, 40, 44, 80, 94 dias;
ximadamente mesh 400 (37 m); compactação do pó · tempo de mistura: 15, 30, 240 minutos;
em prensa de 20 t e introdução da amostra compac- · tempo de sedimentação: 15, 30, 60, 240 minutos.
tada no equipamento de fluorescência de raios-X. · Gradiente de velocidade: a 40 s-1
Para a caracterização do efluente da ETE, foram Os testes foram feitos com lodo com e sem polímero.
Tabela 4-1
Características físico-químicas do lodo da ETA Alto Cotia e
comparação com os valores encontrados na revisão bibliográfica.
27 40 15 30 SIM 5,0 17
29 94 30 30 SIM 6,0; 7,0 21
37 80 15 15 NÃO 4,5; 5,0; 5,5 99
5. CONCLUSÕES
As conclusões obtidas nesta pesquisa, para as con-
dições operacionais estudadas, foram:
4.3 – REMOÇÃO DE FÓSFORO DO 1. No descarte de lodo de estações de tratamento
EFLUENTE DA ETE PELO LODO DA ETA de água – ETAs, que utilizam sulfato de alumínio, são
Foram realizados 180 testes, visando otimizar as desprezadas toneladas de produtos químicos, que po-
condições operacionais de forma a se obter as melho- deriam ser recicladas e utilizadas como insumo para
res eficiências de remoção de fósforo. Na Tabela 4-3 são remoção de fósforo de efluentes de estações de trata-
mostrados os resultados obtidos nos vários ensaios. mento de esgotos (ETEs);
A tabela 4-3 indica que o lodo da ETA Alto Cotia 2. Entre as 180 diferentes condições operacionais
remove fósforo do efluente da ETE Barueri. Mostra, estudadas na presente pesquisa, a melhor eficiência
ainda, que a máxima remoção foi obtida com 37 mg/L de remoção de fósforo do efluente da ETE Barueri foi
de lodo, 15 minutos de mistura, pH de 4,5 a 6,5, tem- de 100% (concentração de fósforo inicial de 2,9 mg/L),
po de sedimentação de 30 minutos, a 40 s-1 de gra- com tempo de permanência do lodo no decantador
diente, lodo sem polímero e tempo de permanência da ETA do Alto Cotia de 80 dias, valores de pH entre
do lodo no decantador de 80 dias. Esta alta remoção 4,5 a 6,5, tempo de mistura de 15 minutos, tempo de
se justifica pelo fato do fósforo estar predominante- sedimentação de 30 minutos a 40 s-1 de gradiente e
mente na forma solúvel no efluente da ETE. sem a utilização de polímero na coagulação/flocula-
Os resultados obtidos no presente trabalho corro- ção da água bruta.
boram com os encontrados pelos seguintes autores:
Promovidos há 20 anos pela Associação dos Enge- do milênio e do consumo de água”; “ A Parceria Públi-
nheiros da Sabesp, o XX Encontro Técnico AESabesp e ca Privada (PPP) como alternativa para a universali-
Fenasan 2009 (Feira Nacional de Saneamento e Meio zação do saneamento básico no Brasil - apresentação
Ambiente), considerada a maior exposição técnica- de cases” e “Regulação do setor de saneamento na
mercadológica do setor na América Latina, serão rea- atualidade”.
lizados em 12, 13 e 14 de agosto. Estima-se a presença de 13.000 visitantes na Feira,
O espaço de exposição do amplo Pavilhão Amarelo cuja entrada é gratuita, e 3.000 participantes no En-
do Expo Center Norte, em São Paulo – SP, está pratica- contro Técnico, cujos valores para a freqüência são:
mente lotado, com um grande número de expositores,
geralmente empresas fabricantes de equipamentos para
Valores de inscrição do XX Encontro Técnico
o setor, criadoras de programas de desenvolvimento da
área, prestadoras de serviços e de demais segmentos A partir de
Categoria Até 30/06
complementares à esfera do saneamento. 01/07
O clima é de otimismo, apesar do quadro econô- Associados e autores
mico recessivo, uma vez que o saneamento é um setor 95,00 110,00
de trabalho
que resiste à crise e conta com altos investimentos para
atender a demanda de mercado: um aporte de R$ 7 Congressistas 300,00 350,00
bilhões, até 2010, para se manter a universalização no
fornecimento de água tratada e chegar a 84% na coleta Estudantes 150,00 170,00
e esgoto, nos 367 municípios atendidos pela Sabesp.
Além da área da Feira, os Auditórios do Pavilhão Obs.: associado AESABESP autor de trabalho é isento.
serão permanentemente ocupados pela realização Limitado a uma isenção por trabalho inscrito.
do XX Encontro Técnico da AESabesp, que já conta
com mais de 100 trabalhos inscritos, de autorias de
docentes de universidades, de técnicos de Compa- O XX Encontro Técnico AESabesp e Fenasan 2009
nhias de Saneamento de todo o País e de empresas ainda contam com os apoios institucionais das res-
fornecedores de peças, equipamentos e serviços de pectivas entidades integradas ao setor: AAPS, ABAR,
saneamento e meio ambiente, que abordarão como ABAS, ABES, ABESCO, ABEE, ABETRE, ABCON, ABGE,
principais assuntos: regulação do setor, eficiência ABIMAQ, ABIQUIM, ABMACO, ABNT, ABPE, ABRAMPA,
operacional, recuperação de áreas degradadas e no- ABRATT, AECESP, AIDIS, AEAARP,ANA, ASEC, CREA,
vas tecnologias. CRQ-IV, FIESP, SINAENCO, SEESP e Saneamento Bá-
Ainda estão previstas palestras institucionais e sico, o Site.
cinco mesas redondas, com abordagem sobre os te-
mas: “Equilíbrio entre o capitalismo e sustentabilida-
de numa empresa - cases bem sucedidos”; “Sustenta- Informações
bilidade nas contratações de projetos, equipamentos
e obras”; “Estratégias para implementação das metas www.fenasan.com.br
e n t a b i l i d a d e
Sust
m inho para universalização
ca
ntal
do saneamento ambie
Janeiro / fevereiro / Março | 2009 Saneas 51
8m m²
120 ²
110 Ru 110
16m 3 18m 8 a1 7
² 120 ²
111 100
m² 18m²
16m
²
5 3m
0
Telefones H 18m
16m 120
Presenças confirmadas
HIDRANTE
H ²
² 7 1 111
WC. Fem. WC. Masc. WC 120 8m² 2
9 111
na Fenasan 2009
. Fe Tele 16m 3m
m. fone ²
s Ru 16m 121 18m²
Saí a1 ² 1
WC em da 200 1
Ma
• Sabesp – Companhia de Saneamento Básico do Estado de ao Paulo
.
sc. • erg de
Higra Industrial 121 8m
• Abimaq – Associação Brasileira de Indústria de Máquinas e Huesker ênci 16m 3
•
a 120 ²
Equipamento, com a Ilha Sindesan (Sindicado Nacional das Indústrias • Imbil - Indústria e Manutenção
2
12mde Bombas ITA
de Equipamentos para Saneamento Básico), formada por um “pool”
o pavilhão (colunas,etc.).
• Imefer Industrial e Mercantil de Ferragens
² 120
de empresas que atendem o setor de saneamento. • Imperveg Poliuretano Vegetal 12m 4
120
3m
• ABS Indústria de Bombas Centrífugas • ²
Interativa Indústria, Comércio e Representações
• Acquasan Equipamentos para Tratamento de Água e Efluentes • Interlab Distribuidora de Produtos Científicos 12m 6
• Aerzen do Brasil • Invel Comércio Indústria e Participações ² 2m
• Ag Solve Monitoramento Ambiental • ITT Brasil Equipamentos para Bombeamento e Tratamento de Água e
• Albrecht Equipamentos Industriais Efluentes
• Organização
Allonda Comercial de Geossintéticos Ambientais • Kaeser Compressores do Brasil
• Amanco Brasil • Kanaflex Indústria de Plásticos
• Amitech Brasil Tubos • Kemwater Brasil
• Aquamec Equipamentos • KSB Bombas Hidráulicas
• Aquablue Produtos para Tratamento de Águas • Krieger Metalúrgica Ind. e Comércio 74m
• Acquasan Equipamentos para Tratamento de Água e Efluentes • Lamon Produtos ²
• AVK Válvulas do Brasil • Máquinas Agrícolas Jacto
• BBL Engenharia Construção e Comércio Ltda. • Mark Grundfos
• B&F Dias Indústria e Comércio • Marte Balanças e Aparelhos de Precisão
• Bermad Brasil Importação e Exportação • Masterserv - Controle de Erosão e Comércio
• Bombas Leão • Mission Ruber do Brasil
• Brasbom Comercial Importação e Exportação • Multi Conexões Indústria e Comércio
• Bugatti Brasil Válvulas • N. Mello Comércio de Máquinas Hidráulicas
• Caravela Ambiental Comércio de Equipamentos • Netzsch do Brasil Indústria e Comércio
• Centroprojekt do Brasil • Niagara Comercial
• CMR4 Engenharia e Comércio Ltda. - Caetano Tubos • Nivetec Instrumentação e Controle
• Coester Automação • Nunes Oliveira Máquinas e Ferramentas
14/11/08
• Comercial Marwil • Parkson do Brasil
• Conexões Especiais do Brasil • Planthae Consultoria em Normas Técnicas
• Continuum Chemical Latin América • Perenne Equipamentos e Sistemas de Água
• C.R.I. Bombas Hidráulicas • Tentcamom do Brasil
• Danfoss do Brasil Indústria e Comércio • Pieralisi do Brasil
• De Nora do Brasil • Plastimax Indústria e Comércio
• Degrémont Tratamento de Águas • Planthae Consultoria em Normas Técnicas
• Digitrol Indústria e Comércio • Poly Easy do Brasil Indústria e Comércio
• Dinatécnica Indústria e Comércio • Proacqua Processos de Saneamento de Efluentes e Comércio
• Dositec Bombas Equipamentos e Acessórios • Prominas Brasil Equipamentos
• Ebara Indústrias e Comércio • Restor Comércio e Manutenção de Equipamentos Eletromecânicos
• Ebro Stafsjö do Brasil Importação e Exportação de Válvulas • Robuschi Pumps and Blowers
• Ecosan Equipamentos para Saneamento • Saint - Gobain Canalização
• Edra Saneamento Básico Indústria e Comércio • Sampla do Brasil Indústria e Comércio de Correias
• Eletrônica Santerno Indústria e Comércio • Sanemais Ind. e Com. de Tubos e Conexões
• Emec Brasil Sist. Tratamento de Água • Schneider Eletric Brasil
• Emicol Eletro Eletrônica • Sondamar Poços Artesianos
• Enmac Engenharia de Materiais Compostos • Stocktotal Telecomunicações
• Environquip Engenharia de Sistemas Ambientais Ltda. • SMV Válvulas Industriais
• ESA Eletrotécnica Santo Amaro • Sondamar Poços Artesianos
• Exatta Precisão em Dosagem • Sondeq Indústria de Sondas e Equipamentos
• Famac Indústria de Máquinas • Soft Brasil Automação
• Fernco do Brasil • Sparsol Indústria e Comércio de Equipamentos Industriais
• FGS Brasil Indústria e Comércio • SVS Selos Mecânicos
• Fluid Feeder Indústria e Comércio • Tecniplás Tubos e Conexões
• GE Fanuc do Brasil • Tecnomedição Sistemas de Medição
• GEA Sistemas de Resfriamento • Tigre Tubos e Conexões
• Getesi Indústria de Equipamentos Eletrônicos e Sistemas • Uziseal Comércio Reparos de Peças Industriais
• Glass Ind. e Com. de Bombas Centrífugas e Equipamentos • Vibropac Indústria e Comércio de Equipamentos
• Gratt Indústria de Máquinas • Vika Controls Comércio de Instrumentos e Sistemas
• Guarujá Equipamentos para Saneamento • Wam do Brasil Equipamentos Industriais
• Helmut Mauell do Brasil • Wasserlink Comercial
• Hidroductil Tubos e Conexões • Wastec Brasil Comércio de Produtos Químicos
• Hidrosul -Máquinas Hidráulicas Hidrosul • Weatherford Indústria e Comércio
• Hidro Solo Indústria e Comércio • Weir do Brasil
anunCie na
revista saneas
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