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EXTENSÃO - FURNE
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA
A SEXUALIDADE NA ESCOLA:
CAMPINA GRANDE - PB
MAIO - 2010
DJANIRA RODRIGUES TAVARES
A SEXUALIDADE NA ESCOLA:
CAMPINA GRANDE – PB
MAIO - 2010
DJANIRA RODRIGUES TAVARES
A SEXUALIDADE NA ESCOLA:
Nota: ____________
BANCA EXAMINADORA
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À Deus por ter me dado forças pra nunca desistir dos meus sonhos e objetivos.
This research, titled Sexuality in Schools: Conception and Practices, has as main
objective to capture the teacher look on Sexual Orientation. This research was carried a
private institution of Campina Grande-PB, in downtown. The sample data consisted of a
group of four teachers of both sexes, all graduate in Pedagogy. The study was
conducted by questionnaire and data analysis occurred for purposes of investigating
how the masters deal the question in the classroom. In The observation by these data,
the teacher also relates to the issue of sexuality procreation and sex, who have little
foundation and knowledge about Sexual Orientation; knowing the importance of the
subject, there is that it is not discussed or studied in school, given the educators receive
no training or preparation for working with children about sexuality. We know that this
theme in society is often treated as a forbidden subject and embarrassing. However,
today, has been present in almost all places where passed. Although we are in the
century of information, globalization, disputed the need for educators working with
children, helping them and allowing them to develop their sexuality in order
healthy and pleasant.
SUMÁRIO
INTRODUÇÂO................................................................................................ 9
.
1. SEXO: PERCURSO HISTÓRICO E 1
CULTURAL.......................................... 1
1.1 Mulher: A Deusa e Diabólica............................................................................ 1
1
1.2 Um caminho a seguir: o casamento................................................................... 1
3
1.3 Sexo: Atributos Para Homens e Mulheres......................................................... 1
4
2. CONSTRUÇÃO DA SEXUALIDADE NA PERCEPÇÃO DE 1
GÊNERO...... 6
2.1 Erotização Infantil.............................................................................................. 1
6
2.2 Relações de Gênero........................................................................................... 2
0
3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS 2
DADOS............................................... 8
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 3
5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 3
7
APÊNDICE........................................................................................................
9
INTRODUÇÃO
Cada vez mais cedo, as crianças recebem doses altas de erotização, dos mais
variados meios. Como conseqüência, mais cedo ou mais tarde, as crianças começam a
nos fazer perguntas sobre o sexo. Essa situação é inevitável.
Muita gente cresceu aprendendo que sexo era uma coisa feia e suja. Por essa
razão, o melhor era não falar a respeito ou, caso alguma pergunta surgisse, dizer que
esse assunto não era para criança.
Tentar desvelar um pouco deste fenômeno, neste trabalho, foi, para nós, um
desafio. Desafio este enfrentado, cotidianamente, nas leituras, na prática, nos
depoimentos, enfim, em vários momentos desta pesquisa.
O interesse em investigar, precisamente, a questão da sexualidade na escola foi à
falta de conhecimento, o constrangimento e a má ou nenhuma preparação dos
educadores nesse sentido. Contrário a esta proposta, temos profissionais ao se deparar
com as necessárias duvidas dos educadores, logo buscam negar um acompanhamento e
orientação, justamente por conseguir tratar com “normalidade” as questões referentes ao
sexo, ao prazer. Questões estas que como sabemos foi sempre reservado ao lugar do
feio, do pecado.
A escola deve propor atividades que visem atender à curiosidade natural dos
alunos e, ainda, ajudá-los no desenvolvimento de uma sexualidade saudável. Afinal de
contas, o sexo faz parte da vida de todo mundo, é fonte de prazer, saúde e é muito
importante para a felicidade de muitos. Além do mais, o aprendizado de valores, como
respeito, o companheirismo e a solidariedade, começam na infância.
Diante disso, os educadores precisam estar devidamente preparados e bem
resolvidos sexualmente para lidar com questões relativas a esse assunto e, ao mesmo
tempo, incluir a questão na proposta curricular e desenvolver atividades adequadas com
seus alunos, para que os mesmos tenham um bom desenvolvimento nos aspectos
referentes à sexualidade.
Tendo em vista a necessidade de repensar a questão da sexualidade,
especificamente no ambiente escolar, nos propõem a captar o olhar do professor sobre a
Orientação Sexual na escola.
Ademais, a Orientação Sexual constitui-se numa das prioridades do processo
educativo, tendo em vista o desenvolvimento técnico-cientifico e as mudanças sócio-
culturais da sociedade contemporânea.
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Desde a antiguidade a Mulher era considerada uma Deusa, devido á relação que
ela tinha com a Terra; Terra esta que produzia vida, nascimento, morte e acolhimento. A
semelhança entre a Terra e a Mulher estava relacionada com a questão da fertilidade e
fecundidade que ambas possuíam. Barros (2001, p.20) afirmava que “existia uma
analogia entre a terra e a mulher. Ambas foram vistas como um ventre capaz de gerar a
vida”.
A figura feminina era considerada guerreira, caçadora que tinha o controle e o
poder sobre os homens e a natureza. Na religião, a Mulher foi considerada a primeira
divindade a ser cultuada pelos povos antigos. Nesse período, também foram criadas as
primeiras estátuas femininas para celebrar a fecundidade e o reinado da Deusa/Mulher,
como nos diz Barros (2001) predominava neste período “a Religião da Mãe”.
No período Mesolítico o homem passa a considerar a idéia de fixar lugar, de usar
a força animal em beneficio próprio, para isso, era necessário domesticá-los. Nessa
ocasião, o homem assumiu seu sedentarismo e cultivo da terra. Nesse contexto, surge a
organização das tribos, das comunidades, das famílias, pois até então, o homem era
nômade. De certa maneira começaria o homem a ganhar espaço, mas o culto a Deusa
Mãe continuaria inabalável, pois, o homem venerava a Mulher como sendo única,
sublime, soberana.
O reinado da Deusa/Mulher começaria a ruir quando o homem percebe a sua
contribuição no ato da procriação, pois até o momento, ele considerava um mistério a
geração da vida, da gestação e do nascimento. Surgi á descoberta mediante o contato
com os animais, onde ele percebe que a fêmea só gerava suas crias com a participação
do macho, portanto, não seria diferente entre o homem e a mulher. Diante disso, o
homem começa a demarcar o seu poder e dominação entre os animais e principalmente
com as mulheres. Acerca da referida participação relata Barros (2001, P.25):
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Fica evidente que a Igreja procurava controlar os desejos e impulsos sexuais dos
seus fieis e da sociedade de um modo geral, mas isso não impedia que os atos
libidinosos acontecessem de um modo reprimido, escondido entre homens e mulheres.
No próprio ato sexual ele era supostamente ativo, portanto superior à mulher,
que, supunha-se, devia se submeter aos seus assaltos com passividade [...] A
união sexual só era legítima, dentro do próprio casamento, se fosse realizada
para uma boa finalidade, isto é, para gerar filhos, ou para dar ao cônjuge o
que lhe havíamos prometido no contrato do casamento.
Neste entendimento o sexo aos moldes tradicionais permitia sua prática para as
mulheres alicerçada à disciplina, a obrigação, ao medo e desamor. Estando
determinando para os homens uma sexualidade alicerçada em privilégios e liberdade.
Neste percurso acerca do sexo e da sua permissão para homens e mulheres
buscamos demonstrar a construção e o estabelecimento da imagem de sexo como
demoníaco e merecedor de negação, especialmente para o gênero feminino. Assim
como oportunizou a necessária reflexão acerca da força do feminino e busca de
alternativas que apontem para um despertar profundo no ser mulher, na sua sexualidade
e nas riquezas que emanam deste ser provido de dom da vida, da proteção e do prazer.
Neste sentido “Urge que cai por terra idéias retrógadas de superioridade masculina
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O corpo está presente desde que iniciamos nossa história de vida, ainda dentro
do útero materno. Esse corpo se constrói a partir das relações que estabelecemos com as
pessoas mais íntimas e próximas a nós. Aprendemos a amar e a ser amada, a tocar e a
ser tocada. O corpo cresce, vai se desenvolvendo e atravessa uma série de
transformações. Às vezes nos assusta, nos surpreende, abre novos horizontes e
transgride regras. O corpo é sinônimo de prazer, desejos, sonhos e experiências.
Segundo Neckel (2003, p. 62), “o corpo e a sexualidade fazem parte do processo
de erotização.” E nesse processo de erotização é preciso cuidar do corpo, para que o
mesmo seja um lugar gostoso e limpo. Pois são os pequenos atos de higiene corporal
que garantem esse bem-estar com o próprio corpo. Por isso, o trabalho de erotização
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com crianças não se instala apenas através do agir, mas também do sentir. O objetivo
principal é dar à criança o poder de seu próprio desenvolvimento.
Assim sendo, é mister confirmar que:
“cada um traz escrito, em seu corpo, uma memória de vida, uma história, um
contexto familiar; saber olhar esses corpos com a pecualiaridade de cada um
é o fundamento de uma didática cuidadosa, que valoriza a subjetividade e
estimula as potencialidades” (GARCIA, 2002, p.24).
1) Fase Oral – obtenção de prazer pela boca, pela sucção do seio materno,
chupeta e o ato de levar objetos á boca;
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que a escola e as relações de gênero caminham juntas, pois o nosso cotidiano está
repleto de exemplos práticos (modelos) de como essas relações acontecem. Não é de
hoje que os padrões de comportamento são diferenciados para homens e mulheres e, ao
mesmo tempo, vêm sendo transmitidos para nossas crianças e jovens.
Na sociedade, o sexo masculino sempre teve o poder da dominação das relações
entre homens e mulheres. E as crianças observam esses modelos de dominação e
submissão diariamente em suas casas, comunidades e na própria escola. Basta
observarmos, por exemplo, o modo como se dá a divisão e o desempenho das atividades
domésticas na família: as funções de lavar, passar, cozinhar, limpar a casa, cuidar dos
filhos etc, como os meios de comunicação retratam homens e mulheres e vendem uma
imagem pré-fabricada da sexualidade masculina e feminina.
Infelizmente o mundo não vive apenas do capitalismo, mas também do
patriarcado, que estabelece as desigualdades e diferenças entre os homens e mulheres,
diferenças essas refletidas na educação e nos currículos.
É dessa forma que as crianças aprendem e reproduzem como devem
desempenhar o papel sexual que lhes é atribuído, consolidando, assim, os modelos
discriminatórios de masculino e feminino que já conhecemos. Devemos recuar um
pouco mais no tempo, para entendermos melhor isso, pois as atividades domésticas
sempre estiveram relacionadas a funções servis e de subserviência, geralmente
executados por escravos, ou por pessoas com pouca ou sem nenhuma instrução. Elas
sequer eram entendidas como fonte de trabalho quando muito, entendidas como
obrigações das mulheres para com a família e o marido, como ainda acontece em muitas
sociedades modernas. As profissões e certas carreiras eram consideradas territórios
masculinos, e por isso a mulher era estritamente excluída de determinados trabalhos.
Podemos observar esse preconceito na fala do autor quando diz:
na maioria das vezes os papéis são invertidos, diante das circunstâncias e necessidades
da vida. Com isso o patriarcado perde seu reinado de provedor da família. E na maioria
dos casos o homem passa a educar os filhos, a cuidar das tarefas domésticas, enquanto a
mulher trabalha fora para ganhar o sustento da casa.
Mas para isso acontecer é preciso trabalhar desde cedo os modelos que
estimulam as desigualdades sociais. Os educadores devem aproveitar as brincadeiras
infantis como, por exemplo, a casinha de boneca, ou as brincadeiras de bonecas,
consideradas como território feminino, para desenvolver atividades relacionadas com as
relações de gênero. De acordo com Rosa (2003, p.19), “a brincadeira de boneca pode
ser utilizada para exercitar ludicamente, não só o papel da maternidade junto ás
meninas, mas em especial, para oportunizar aos meninos o exercício da paternidade.”
Segundo Ribeiro (2001, p.49), “meninos brincam de boneca e muitas vezes
sabem ninar ou trocar a fralda, bem melhor que as meninas”. E nem por isso deixam de
ser meninos/homens, só por executarem tarefas femininas. É preciso repensar o
machismo, isso também é um problema da mulher, pois hoje em dia a mãe continua
ensinando aos filhos papéis masculinos e femininos. Ribeiro ressalva que o mais
importante é quando as crianças podem brincar de “diferentes tipos de brincadeiras”,
prevalecendo o gosto de cada um, sem ter que discriminar se a brincadeira ou atividade
é de menino ou menina.
Os professores precisam reconhecer a importância das questões de gênero e
trabalhar essas questões em sala de aula, pois só assim conseguiremos mudar essa
sociedade desigual e injusta, principalmente em se tratando das relações entre
meninos/meninas e entre homens/mulheres. Pois ainda é muito forte o entendimento de
que a educação dos filhos é de competência e responsabilidade das mulheres, inclusive
a educação sexual. Isso fica bem claro nas reuniões de pais promovidas pelas escolas,
nas quais a maior proporção de participantes é, na realidade, de mães.
O modo como a escola é organizada, as atividades de limpeza, cozinha e
educação que são realizadas por mulheres, as brincadeiras infantis e as atividades
pedagógicas que separam meninos e meninas ou que valorizam determinadas
características como sendo femininas ou masculinas, os livros didáticos e as histórias de
príncipes encantados (contadas nas séries iniciais com a idéia de uma princesa indefesa
que será salva por um cavalheiro valente), e as demais situações do cotidiano escolar,
contribuem para as crianças formarem um perfil estereotipado de masculino e feminino,
e o acompanhará por toda vida escolar e adulta.
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...a escolha dos materiais e livros didáticos sobre o assunto precisa passar
por uma análise criteriosa, pois muitos deles apresentam uma argumentação
cristalizada e essencialista em relação à sexualidade, principalmente no que
se refere às relações de gênero, contribuindo assim para a manutenção das
desigualdades entre homens e mulheres, bem como entre os diferentes
grupos sociais.
Acredita-se que o maior desafio do professor é fazer com que os alunos, não só
reconheçam as desigualdades que caracterizam as relações sexuais, sociais, afetivas e de
trabalho entre homens e mulheres, mas também reconheçam e reflitam sobre as relações
intrínsecas de poder/dominação e submissão que estão por trás dessas desigualdades,
com suas idéias e valores.
Ademais, se faz necessário reforçar a importância que a compreensão dos
professores tem para o trabalho de Orientação Sexual, porque grande parte do nosso
aprendizado ocorre através de inter-relações humanas.
Os PCN’s destacam que, na discussão sobre as relações de gênero, deve-se
“combater relações autoritárias, questionar a rigidez dos padrões de conduta
estabelecidos para homens e mulheres a apontar para a sua transformação”. (Brasil,
1997, p.144). Sendo assim, as relações de gênero são construídas socialmente, com
conseqüências passiveis de transformações e mudanças, cabendo a nós, adultos e,
principalmente aos educadores, ajudar as crianças a desenvolverem uma percepção mais
saudável da sexualidade e a se relacionarem da forma mais equilibrada possível. Isso
implica romper com a reprodução desse modelo de poder-submissão, da supremacia de
um sexo sobre o outro, implícita nos papéis sexuais, iniciando a mudança por nós
mesmos.
Acredita-se que ser homem, ser mulher ou simplesmente, ser diferente desse
padrão estabelecido pela sociedade, não significa ser melhor ou pior do que ninguém,
mas ter capacidades e características próprias que nos fazem seres únicos e especiais.
Sabe-se que a família é o primeiro educador da criança, é através dos pais que
elas têm contato com o mundo, e cabe aos pais transmitir as primeiras noções de
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A orientação sexual deveria ser transmitida pela escola de uma maneira formal e
sistematizada, desde a inclusão da criança (educação infantil) na escola. O ideal seria a
família e a instituição escolar trabalharem em conjunto para transmitir e desenvolver
uma sexualidade sadia.
Diante disso, os PCN’s compreendem que a ação da escola é o complemento à
educação dada pela família. Havendo essa junção entre a escola e a família, a sociedade
é a única beneficiada, pois todos nós somos encarregados, querendo ou não, de tratar da
educação da sexualidade de nossos alunos/as e de nossos filhos/as.
Considerando que somos todos arrastados nesse processo, é possível concluir
que, para se exercer a função de educador ou orientador sexual, não é necessário ter o
diploma de professor, ou ter o conhecimento profissional da área de saúde e ciências
biológicas. “O preparo para tratar das questões relacionadas à sexualidade tem pouco a
ver com a formação acadêmica do educador e muito a ver com a postura frente à
sexualidade” (Oliveira, 1998, p.101).
Além do mais, é preciso lembrar que os pais são os principais educadores
sexuais das crianças e, que o professor não pode julgar como certa ou errada a educação
que cada família oferece, mas sim, complementá-la. Nesse sentido, deveria existir uma
parceria entre a escola e os pais, ou seja, estes devem ser informados sobre o projeto e
objetivos do trabalho de orientação sexual e que enfatiza não somente a dimensão
biológica, mas psíquica e sócio-cultural.
De acordo com os PCN’s, as escolas que trabalham com Orientação Sexual
tiveram resultados satisfatórios com relação ao aumento do rendimento escolar, pois
diminuiu a preocupação e tensão com questões ligadas a sexualidade e,
conseqüentemente aumentou a solidariedade e o respeito entre os alunos e professores.
Já para as crianças (educação infantil) relatem as informações corretas ajudam a
diminuir a angústia e agitação sem sala de aula (apud. Sampaio, 2005, p.14).
A escola que pretende incluir a orientação sexual nos seus currículos deve
analisar de forma crítica a sua visão em relação à sexualidade. Pois ainda hoje, os
conteúdos escolares retratam o sexo como sendo apenas um componente biológico-
reprodutor. Esses conceitos estão claramente expostos nos currículos, livros didáticos e
muitas vezes nas falas dos professores. Isso devido ao pouco conhecimento que o
professor tem de educação infantil tem sobre a sexualidade e gênero.
Oliveira diz que a sexualidade deve ser vista de uma forma “pluridimensional”,
porque ela é construída em diversos contextos: “o biológico, o familiar e o social”
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(1998, p.103). Ademais, se faz necessário que a escola compreenda que a questão da
sexualidade, no cotidiano escolar, é muito mais ampla, pois também envolve a formação
de identidades sexuais e gênero.
Diante disso Louro (1997, p. 49) ressalta que:
Trabalhar com o tema Sexualidade não é fácil, nossa sociedade, existem muitos
preconceitos em diferentes aspectos culturais, nos quais temos que levar em conta, não
podemos simplesmente impor conceitos repletos de modernismo sem que nos
preocupemos com os efeitos que causarão à criança.
O educador pode tratar questões de sexualidade com os alunos de forma simples
e natural, mas, para isso acontecer, os educadores precisam está devidamente
preparados e, ao mesmo tempo, incluir a questão na proposta curricular, desenvolvendo
atividades adequadas com a faixa etária dos alunos.
Diante disso Meyer (2004, p.39) destaca que:
As crianças por volta dos quatros anos estão na fase das perguntas, dos porquês e
o educador como os pais precisam ter paciência, para lidar com isso. De acordo com
Belini (2003), as perguntas das crianças devem ser respondidas na medida em que
surgem, dizendo sempre a verdade e esclarecendo somente o que foi perguntado. Em
sala de aula, as crianças que já manifestaram curiosidade pela questão sexual escutarão
com mais atenção do que as outras. As que não se interessaram pela atividade não
deverão ser forçadas a ouvir.
Se o educador não souber a resposta ou achar que precisa de um tempo para isso,
deve dizer francamente que vai procurar saber a resposta e depois volta a falar com eles
(crianças), fazer isso é melhor do que enrolá-las.
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livros com ensinamentos sobre o corpo humano também poderão auxiliar na construção
da identidade sexual da criança.
Já no relacionamento da sexualidade e identidade pessoal da criança é preciso
explicar para eles que, antes mesmo de nascerem, os meninos e meninas têm
semelhanças e diferenças físicas. O nosso corpo é um indicador do sexo a que
pertencemos, isto é, se somos mulher ou homem. É preciso respeitar as diferenças
físicas que existem entre homens e mulheres, mas os direitos e deveres são iguais para
ambos.
A sexualidade é um dos aspectos da identidade pessoal e social de cada um, isso
construirá a personalidade do indivíduo e essa identidade será construída á partir do
meio social em que a criança está inserida.
(S1) – Sim
(S2, S3, S4) - Não
Nas falas dos entrevistados fica evidente que não existe o trabalho de Orientação
Sexual na escola pesquisada. Apesar da sexualidade está presente na vida de todos nós,
entretanto, nas escolas ainda nega-se, omite-se essa questão tão importante e natural que
merece ser refletida pelos professores, pois ainda hoje perdura a desinformação, e o
conhecimento dos tempos antigos que o sexo, a sexualidade não era coisa de criança.
Concordo com Oliveira (1998), quando ele propõe a realização sistemática de
reuniões entre professores para refletir, discutir as situações de sala de aula, que
envolvem os conteúdos referentes à sexualidade das crianças.
Sendo assim, acredito que essa temática deveria ser tratada no curriculo como
disciplina obrigatória e não como: Tema Transversal!.
(S3) Todo ser humano tem o livre acesso a escolha, mas que seja
de forma preventiva.
Fica evidente nas falas dos entrevistados que eles respeitam a escolha sexual de
cada um, mas na escola é preciso ensinar valores, conceitos, respeito por si mesmo e ao
próximo,independente de sua opção sexual. Pois a identidade sexual é muito mais além
do que ser menin/homem ou menina/mulher.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista o objetivo proposto para esta pesquisa, após a análise dos dados,
observamos que as respostas decorrem, em parte, da falta de conhecimento dos
educadores em relação à sexualidade infantil. È demosntrando o grande indice de
desinformação e despreparo dos professores na abordagem do assunto, manifestando
dúvidas e tabus.
A noção de que a sexualidade é algo inerente a vida, deve ser compreendida
pelos educadores e que as crianças também fazem parte desse processo da construção da
sexualidade. È importante perceber que a sexualidade é diferente em cada etapa do
desenvolvimento humano e que cada um reagi de maneira diferente em relação a essas
descobertas do corpo. As crinças, os adolescentes, os adultos e os idosos são seres
sexuados e, a cada fase da vida, possuem interesses sexuais diferentes e exprimem em
comportamentos a própria sexualidade.
Para que possamos estimular em nossas crianças uma sexualidade mais bem
resolvida e com menos tabus, devemos num primeiro buscar informações que possam
nos orientar para lidarmos bem com o assunto, e depois, falar com os pequenos de
forma aberta e descomplicada, deixando a criança à vontade quando a curiosidade
surgir.
No decorrer da análise percebemos que a Orientação Sexual não é discutida e
nem estudada pela escola, haja visto que os educadores não recebem nenhuma
preparação para trabalhar com as crianças sobre a sexualidade.
Tentando amenizar a falta de informação de grande parte dos educadores,
propõe-se que a escola inclua em seu curriculo a referida temática e ofereça cursos de
formação ao seu corpo docente, capacitando-o para que possa desenvolver em sala de
aula, um trabalho de Orientação Sexual, de forma segura e eficiente.
Ademais, fica evidente que não existe regras pra trabalhar a questão da
sexualidade infantil, tudo vai aconteçendo no dia a dia em sala de aula, na convivência,
na descoberta e curiosidades dos alunos.
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Muitos de nós viemos de uma educação repressora, em que tudo era proibido,
feio, sujo, pecado, sei que não é fácil mudar, trabalhar valores, conceitos que não
estamos acostumados, mas é necessário a mudança, para construir uma sociedade de
cidadões conscientes com sua sexualidade e com a do próximo, além das questões de
valores, respeito, solidariedade.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELINI, Márcia Regina Seneme. Criança pergunta cada coisa: Como o educador pode
tratar questões de sexualidade com os alunos. Revista do Professor. Porto Alegre, nº 19
out.dez. 2003.
DELUMEAU, Jean. História do medo no ocidente. São Paulo: Companhia das Letras,
1989.
FREUD, Sigmund (1905) Três Ensaios sobre a teoria da sexualidade. In: Obras
psicológicas completas: Rio de Janeiro: Ed. Standard Brasileira, vol. VII: Imago, 1996.
MACEDO, José Rivair. A mulher na Idade Média. São Paulo: Contexto, 1992.
MALDONADO, Maria Tereza. Erotismo na Infância. Rio de Janeiro: Ed. Rosa dos
Tempos, 1993.
RIBEIRO, Marcos. Menino brinca de boneca. Segunda edição. Rio de Janeiro: Ed.
Salamandra, 2001.
SAMPAIO, Simaia. Educação Sexual: Para além dos tabus. ABC Educatio, 2005.