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ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL NA SUA VERTENTE

SOCIOEDUCATIVA- ANIMAÇÃO INFANTIL -


Carla Cristina Portugal do Canto
Mestranda Ciências da Educação
Especialização em Animação Sociocultural
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro – Pólo de Chaves

SÍNTESE

Este artigo pretende consciencializar-nos de que a Educação é permanente,


comunitária, intergeracional e interespacial.
Dado que Educar é Animar e Animar é Educar, torna-se imprescindível a existência
de uma relação indissociável.
A Animação Sociocultural estende-se a diferentes âmbitos que emergem da relação
de determinadas áreas assentes em técnicas que devem possuir um núcleo base de
dimensão social, cultural, educativa.
Tanto no trabalho social como na prática educativa, tem-se recorrido à Animação
como motivação.
Assim, torna-se essencial abordar a Animação Socioeducativa numa das suas
principais formas de actuação – A Animação Infantil.
A acção da Animação na Infância traduz-se na execução de actividades lúdicas,
destinadas a crianças entre os oito e os treze anos de idade, que se podem
desenvolver independentemente, ou em articulação, com a Educação Formal.
A Animação Infantil existe na tríade educacional Formal – Não Formal – Informal,
porque constante e inconscientemente estamos sempre a aprender. Esta é,
essencialmente, Educar através de actividades lúdicas, recorrendo à criatividade,
participação, envolvência e satisfação da criança.

ABSTRACT

This article intends to make us aware of the fact that Education is permanent,
communitarian, inter generative and inter spatial. Since to educate is to animate and
to animate is to educate, the existence of an inseparable connection becomes
indispensable.
The social and cultural animation extends to different ambits that emerge from the
relation between certain areas established on techniques which should have a
nucleus as the basis of the social, cultural and educational extent. Not only in social
work but also in the educational practise we have chosen Animation as motivation.
Thus, it is essential to regard social and educational animation in one of its main
ways of actuation - the juvenile animation.The action of animation in childhood is
expressed by the performance of fun activities aimed to be performed by children
from eight to thirteen years old. These activities can be developed independently or
linked to formal education.

The juvenile animation can be found on the educational triad: formal – non-formal –
informal, because in a permanent and unconscious way we are always learning. So,
this is, mainly, to educate through activities intended to be fun, where a child’s
creativity, participation, involvement and satisfaction are essential.
1- INTRODUÇÃO

Vivemos numa sociedade que continua a transformar-se com uma profundidade e a


um ritmo nunca visto, graças a acções realizadas por vários agentes (sociais,
económicos, políticos, culturais…).

Esta dinâmica social de constante mudança impulsiona-nos para uma nova era,
onde diariamente somos confrontados com acontecimentos sobre as relações cada
vez mais complexas que se criam e desenvolvem entre o ser humano e a sociedade.

Vivemos num mundo globalizante, onde os problemas passam a ter que ser
encarados e resolvidos à escala planetária. O ritmo das mudanças não pára de
crescer, diminuindo de forma drástica os tempos úteis de resposta.
Vivemos em plena era de grandes possibilidades, mas também de grandes riscos,
pois surgem constantes fenómenos sociais paralelos.

Os empregos são muito mais absorventes, visto que existe uma maior
competitividade bem como um alargamento da carga horária, o que origina uma
redução do tempo passado em família e, por consequência, um afastamento das
crianças do seio familiar desde uma idade muito precoce.

As crianças da actualidade nascem em hospitais (instituição). Ainda na idade


latente, vão para o infantário (instituição), na infância continuam a frequentar o
infantário e o ensino básico (instituições).
Podemos concluir que, na sociedade actual, as crianças tem uma vivência em
permanente afastamento de laços e afectos e, desde muito cedo, passam a ser
lançadas em sistemas agressivos de grande competitividade, tendo que provar que
são detentoras de diversas competências, pois, socialmente, são-lhe impostas
exigências.

Vivemos, ainda, numa sociedade sustentada pelas novas tecnologias da informação


e da comunicação que, inequivocamente, rivalizam com o convívio de “qualidade”
em família, ao mesmo tempo que inibem o desenvolvimento da criatividade, uma vez
que são um mundo já feito.

Neste contexto torna-se premente não só encarar a educação como algo mais que
um meio de proporcionar/transmitir conhecimentos, mas também e acima de tudo
como um meio de ligação do indivíduo à comunidade, um meio para comunicar, para
promover a expressividade, a criatividade e a confiança.
A concepção de educação limitada no tempo está condenada, pois na realidade o
ser humano está em constante aprendizagem, tal como é referido por Lopes (2008:
p. 411) ao parafrasear Cardeira: “ Ninguém é suficientemente culto que não tenha
nada para aprender, por outro lado, ninguém é tão ignorante que não tenha nada
para ensinar”.

O mesmo se verifica com a concepção da educação fechada no espaço, uma vez


que esta é permanente e comunitária. Segundo Lopes (2008: p 396), não podemos
confundir educação com escolaridade. A educação é anterior à escola, antes de
existirem escolas já existiam práticas educativas. Com base nesta evidência, o

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sistema educativo actual deve tornar possível a coabitação da educação formal, da
não formal e da informal.
Recentemente, notáveis pedagogos têm-nos demonstrado que existe educação fora
dos muros da escola, nomeadamente, Quintana (1992), Ander-Egg (1995), Caride
(2000) e outros.

A educação deve estar vinculada à vida e comprometida com o desenvolvimento


global do ser humano, tal como é referido por Lopes (2008: p. 398) ao parafrasear
Faure: “ Propomos a educação permanente como ideia mestra das políticas
educativas para os anos vindouros. Esta torna-se a expressão de uma relação
compreendendo todas as formas, expressões e momentos do acto educativo”.

Assim, baseando-me numa concepção de educação entendida como um processo


permanente e comunitário que decorre ao longo da vida em todos os contextos em
que o indivíduo vive, convive e age, com este trabalho, procurarei compreender de
que forma a Animação Sociocultural contribui para o desenvolvimento infantil.

2- Animação Sociocultural – Conceitos

Na actual sociedade, onde a educação deve ser permanente e comunitária, o


processo educativo rejeita o modelo de escola/armazém, valorizando-se na partilha
de saberes entre os diferentes contextos de aprendizagem, assim como na
interacção com o meio envolvente (Lopes 2008).

Segundo o mesmo autor, deve existir uma íntima relação entre o plano educativo e o
plano social, uma vez que e educação é condicionada e condiciona a sociedade. É
nesta interacção entre sociedade e educação que o acto de animar deve assumir um
papel de participação/acção, o que vai também ao encontro do defendido por Ander-
Egg (2000), que afirma que a educação permanente, para construir uma acção
válida, deve ser complementada por acções de animação.

Com base no exposto importa encontrar uma definição de Animação Sociocultural.

As definições de Lopes (2008: p. 95) e Ander-Egg (2000) colidem com a


apresentada pela UNESCO (1997), segundo a qual:

“ A Animação Sociocultural é um conjunto de práticas sociais que têm como


finalidade estimular a iniciativa, bem como a participação das comunidades no
processo do seu próprio desenvolvimento e na dinâmica global da vida sociopolítica
em que estão integrados”.

Para José Herrerias (2002), como referido em Lopes (2008):


“ A Animação sociocultural é uma metodologia para desenvolver a educação.
Metodologia essa que assenta nas palavras que a descrevem: animar, potenciar,
desenvolver a sociocultura como meio de optimizar o potencial das pessoas”.

Henrique Gomes Araújo, como referido em Lopes (2008: p. 141), é da opinião que:
“ (…) a Animação sociocultural não é manipulação, é um trabalho directo com as
pessoas a partir da acção e não de discursos em abstracto.

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A Animação Sociocultural é um acto na liberdade que leva as pessoas a fazerem
uma caminhada para poderem evoluir de uma forma mais acelerada”.

Segundo Américo Nunes Peres (2004) como citado em Lopes (2008: p. 149):
“ Assumimos a animação sociocultural como uma estratégia política, educativa e
cultural de emancipação individual e colectiva, assente num conjunto de práticas de
investigação social, participação e acção comprometida. Um processo
fundamentalmente centrado na promoção de participação consciente e crítica de
pessoas e grupos na vida sociopolítica e cultural em que estão inseridos, criando
espaços para a comunicação interpessoal”.

Segundo Peres Cardoso e Lopes (2002) a Animação Sociocultural é uma


metodologia de intervenção, assente num conjunto de práticas sociais que visão
gerar processos de participação com o fim de promover o desenvolvimento pessoal,
social, cultural e educativo do ser humano.

Este processo parte das pessoas, dos grupos, ou de uma comunidade delineada
territorialmente, tendo como elemento chave a participação comprometida com um
processo de desenvolvimento.
Promover a Animação Sociocultural é levar e elevar o ser humano à autonomia e à
emancipação, anulando a passividade, a resignação e o fatalismo.
Partilha da mesma opinião Ander-Egg (2000), tal como é referido por Lopes (2008:
p. 403): “ (…) a Animação Sociocultural trata de superar e vencer atitudes de apatia
e fatalismo em relação ao esforço por «aprender durante toda a vida» que é o
substancial da educação permanente”.

Assim, e de acordo com Sanchéz (1997) a Animação Sociocultural apresenta-se


como um movimento de Educação Social que, tomando como finalidade a
dinamização social, persegue a consciencialização (promovendo actividades para os
grupos) e a participação (desenvolvendo actividades com os grupos), gerando ou
estruturando processos/iniciativas estáveis e autónomas onde a comunidade esteja
amplamente envolvida.

Peres et tal (2002) defendem que Animar é intervir e intervir é participar e participar
é não delegar – Animar é agir. Deste modo, a Animação pressupõe três princípios
básicos:
- Fé na pessoa (acreditar que qualquer pessoa é capaz de decidir o que lhe
convém, capaz de reflectir, capaz de pensar e de tomar decisões);
- Fé no grupo (acreditar que as relações interpessoais nos enriquecem e nos
potenciam como pessoas);
- Fé na acção (acreditar na acção cultural/social/educativa para promover o
encontro, a participação, o convívio, o diálogo e uma democracia participativa).

3- Animação Sociocultural e Animação Socioeducativa

Segundo Lopes (2008: p. 311) a Animação Sociocultural não pode ser encarada
num carácter unívoco, mas sim plural e extensivo a diferentes âmbitos que emergem
da evolução histórica da vida.

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O autor referido, assim como Quintas (1998) defendem que quando se fala em
âmbitos da Animação Sociocultural, se está a falar, sobretudo, na relação de
determinadas áreas assentes em técnicas que têm de possuir uma dimensão social,
cultural, educativa e política. Contudo, existe um núcleo base que gira à volta dos
âmbitos: cultural, social e educativo.

ÂMBITOS
CULTURAL SOCIAL

EDUCATIVO

Segundo Pereira, Vieits e Lopes (2008) a Animação Sociocultural transformou-se


num sopro de ar fresco e renovador que penetrou, e em alguns casos impregnou a
praxis social e a praxis educativa. Defendem, ainda, que tanto no trabalho social
como na prática educativa, tem-se recorrido à Animação como forma de estímulo e
motivação nestes campos de acção socioeducativa.

Neste contexto torna-se essencial abordar a Animação socioeducativa, enquanto


modalidade da Animação sociocultural uma vez que apresentam uma relação
indissociável.

A animação através da sua acção educativa pretende promover, encorajar,


despertar inquietações, motivar para a acção, desabrochar potencialidades lactentes
nos indivíduos, grupos e comunidades.

Segundo Pereira et al (2008) a Animação socioeducativa assenta a sua estratégia


na promoção de uma educação em contexto não formal e tende a uma educação
global e permanente de carácter lúdica, criativo e participativo.

Em Lopes (2008: p. 385) através da Intervenção – Revista de Animação


Sociocultural nº9 de 1978 – é apresentada a seguinte definição de Animação
Socioeducativa: “Entendemos a Animação Socioeducativa como um trabalho
específico, fora do contexto escolar (institucional) com crianças e pré adolescentes
(dos 7 aos 13 anos) contribuindo para o seu desenvolvimento bio-psico-sicial através
de actividades em que seja feito apelo à criatividade, afirmação pessoal e inserção
na realidade próxima”.

Presentemente, abrem-se novos espaços e hipóteses de trabalho na área da


Animação Socioeducativa que têm como principal objectivo a ligação desta a uma
inovadora tecnologia educativa que articula, cruza e partilha saberes relativos aos
diferentes espaços educativos: Formal, Não Formal e Informal, através de variadas
técnicas como sendo: teatro, expressão dramática, expressão plástica, expressão
musical, jogo …

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Espaços Educativos/Tríade Educacional

Formal Não Formal Informal

Convergem num sistema unitário para os ideais educativos

Articulação/Cruzamento/Partilha

É na diversidade e na pluralidade que está a riqueza e o ser humano se


completa

Fonte: elaboração própria


Lopes (2008: pp. 395-396) refere que:” (…) não podemos confundir educação

com escolaridade. A educação é anterior à escola, isto é, antes de existir escola já


existiam práticas educativas e é por isso que, com base nesta evidência, realçamos
a concepção triádica do sistema educativo.”

Relativamente a esta tríade educacional gostaria de partilhar um pensamento de


Carlos Reis, na Conferência Internacional sobre o Ensino do Português em Lisboa
no ano de 2007:” Em casa e na rua, nas conversas de café, nos jornais e nos livros
que lemos…Até mesmo quando falamos para dentro de nós e descobrimos a cor de
uma palavra ou o tempero de uma frase, constante e inconscientemente estamos a
aprender.”

Para Pereira et al (2008: p. 172) a Animação Socioeducativa, não é um território


profissional exclusivo de um único profissional. Pelo contrário, o Socioeducativo
implica uma complexidade tão ampla que requer, habitualmente, uma acção
interdisciplinar com distintos modelos de compreensão e estratégias
complementares.

Segundo Trilla (1998) “ Nas instituições escolares, apesar de, de uma maneira geral,
acontecerem processos de Educação Formal, incluem sempre processos também
Informais (as relações entre iguais, talvez o chamado currículo oculto, ou pelo
menos parte dele…) e actividades Não Formais (geralmente as organizadas pelas
associações de pais…)”.

4- Animação na Infância

Segundo Lopes (2008: p. 315) o desenvolvimento da Animação infantil surgiu com o


Portugal democrático, ganhando expressão como forma de Animação
socioeducativa. Teve como objectivo central complementar as funções atribuídas
tradicionalmente à escola, pela via da Educação Não Formal.

A acção da Animação na Infância foi traduzida na execução de actividades de


carácter lúdico, destinadas a crianças entre os 8 e os 13 anos de idade, as quais se
podem desenvolver independentemente ou em articulação com a Educação Formal.

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Num primeiro momento (anos 70), a Animação Infantil era encarada como um
conjunto de actividades que aconteciam no espaço exterior á escola – Educação
Não Formal. Estas actividades consistiam em: colónias de férias, passeios e visitas
de estudo, permitindo às crianças visitarem e conhecerem lugares e regiões
diferentes dos seus locais de residência. Deste tipo de actividades resultavam a
partilha e a interacção das crianças entre si e com os seus monitores, criando-se
assim uma dimensão intergeracional.

Em concordância com esta opinião está Jaume Trilla (1998) quando refere que a
Animação Infantil tem como primeiro objectivo permitir à criança que possa brincar,
mas sobretudo que o faça em condições que lhe permitam o seu desenvolvimento
pessoal e em grupo.

Actualmente, não são unicamente agentes educativos a escola, pois, também se


educa a partir de muitas outras instituições, meios e âmbitos nem sempre
reconhecidos como especificamente educativos. Desta foram, a Animação Infantil é
vista não só como um conjunto de actividades escolares (Educação Formal), como
também um conjunto de actividades que se podem desenvolver independentemente
ou em articulação com a escola (Educação Informal e Educação Não Formal).

Para Lopes (2008) estas últimas actividades consistem na realização de acções de:
expressão dramática, plástica, musical, jogo dramático e jogo simbólico.

Anos 70 Actualidade

Actividades exteriores à Actividades escolares:


escola:
 Interdisciplinaridade;

 Actividades extracurriculares
 Colónias de férias; (Clubes);

 Passeios;  Biblioteca.

 Visitas de estudo. Actividades que se podem desenvolver


independentemente ou em articulação
com as escolas recorrendo a variadas
técnicas:
Expressão dramática
Expressão plástica;
Expressão musical;
Educação Não Formal
Jogo dramático;
Jogo simbólico.

Educação Formal + Não Formal


Fonte: elaboração própria

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De salientar que em todo este processo está presente a Educação Informal no seu
carácter não organizacional/institucional e Permanente.

Importa salientar que é na interacção desta variedade de técnicas que a Animação


Socioeducativa pode contribuir para o sucesso da educação formal, pois é nesta
pluralidade/diversidade que encontra espaços de acção, participação, motivação e
envolvência para o estudo de matérias consideradas pouco atractivas pois, são
óptimos recursos e técnicas de incentivo.

Relativamente ao papel da Biblioteca como actividade escolar, gostaria de partilhar


um pensamento de uma criança que frequenta o quinto ano de escolaridade: “A
Biblioteca é um sítio mágico porque se pode viajar por todo o mundo e pode-se
pensar e chegar até às nuvens.”

Quanto à importância do Jogo como técnica de aprendizagem, Jean Chateau refere


que:”Uma criança que não sabe jogar, é um adulto que não sabe pensar”.

Já para Jaume Trilla (1998) as transformações sociais e estrutura familiar a que


assistimos nos nossos dias levaram a que algumas das actividades que
anteriormente eram assumidas pela família (Educação Informal) passem a ser
assumidas como recursos e actividades da Educação Não Formal, dirigidas
especificamente ao público infantil, nomeadamente:

a) Actividades Extracurriculares;
b) Actividades de recursos de carácter cultural;
c) Actividades e recursos recreativos;
d) Instituições Educativas.

Importa salientar que as Instituições Educativas podem ser laicas, geridas pela
Administração Pública, ou ser entidades de voluntariado. Contudo, todas têm a
mesma é muito vasto e sem fins lucrativos, apontando essencialmente para:

 Uma educação que parte das crianças, em que se coloca a ênfase dos
valores educativos no Jogo e na vida quotidiana;
 Fomentar a vida em grupo e o envolvimento pessoal;
 Defender a presença e intervenção de um grupo de educadores.

Segundo Pere Soler (2008) posemos definir uma tríade de programas e serviços de
Animação Sociocultural na Infância, no âmbito da Educação Não Formal

1- Desenvolvimento Social: essencialmente através do associativismo Infantil.


Fomenta o carácter transversal e intergeracional.
2- Desenvolvimento cultural: nomeadamente através de museus, teatros,
bibliotecas, centros culturais e programas de desenvolvimento artístico e
cultural. Fomenta potencialidades educativas, terapêuticas e variados desafios.
3- Trabalho Socioeducativo: nomeadamente ludotecas, programas extra-
escolares, casas de colónias, programas de tempo livre e ócio.
Importa referir que os trabalhos socioeducativos são aqueles que de uma forma
mais explícita atendem o colectivo infantil.

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Ainda relativamente à Educação Não Formal, Lopes (2008) e Soler (2008) estão em
concordância na importância dos seus serviços para o sector infantil, não só pela
quantidade de ofertas que representa, como também pela qualidade e riqueza de
muitas das experiências que se desenvolvem neste contexto. Ambos são unânimes
em concordar que estas actividades podem ser utilizadas como práticas ou recursos
educativos no marco da escola tradicional, funcionando como técnicas de incentivo à
Educação Formal.

Lopes (2008), defende que qualquer acção a levar a cabo no domínio da Animação
Infantil deve obedecer a princípios que contemplem:

 A criatividade (envolvimento em áreas expressivas, que considerem formas


inovadoras e processos de aprendizagem estimulando a improvisação e a
espontaneidade);
 A componente lúdica (prazer na acção, alegria na participação num clima de
confiança);
 A actividade (geradora de dinâmica, fruto de uma interacção resultante da
acção);
 A socialização (envolvência com os outros);
 A liberdade (fruto de acções sem constrangimento e repressões na procura
permanente da liberdade);
 A participação (todos são actores protagonistas de papéis principais).

Jaume Trilla (1998) é da opinião que seria um erro pensar que a Animação
Sociocultural no meio Infantil tenta dar resposta unicamente ao reconhecimento
alargado do tempo livre Infantil com o espaço educativo, apesar de a maior parte
das actividades desenvolvidas serem de carácter educativo possuindo um leque de
acções muito distintas.

Segundo o mesmo autor, quando se fala em actividades do tempo livre Infantil é


mais correcto falar-se de Ócio Infantil, que é entendido como uma forma de usar o
tempo livre e promover o bem-estar da criança enquanto realiza uma actividade.
Deste modo, o ócio não está na actividade em si, mas na atitude da criança quando
a realiza. Assim sendo, a animação Infantil aproveita o potencial educativo do ócio
para gerar processos de desenvolvimento pessoal e social, prestando especial
atenção à actividade lúdica.

Estabelece-se, então, uma relação intrínseca entre a Pedagogia do Ócio e a


Animação Sociocultural originando uma interacção entre ambas, na qual
encontramos a Animação Sociocultural Infantil.

Pedagogia
ASC
do Òcio

Animação Sociocultural na Infância


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É muito importante reflectir nesta interacção entre a Pedagogia do ócio e a
Animação Sociocultural na Infância, pois torna-se fundamental que aconteça de
forma consciente e estruturada para que a autonomia, a liberdade, a criatividade e o
desenvolvimento pessoal, amplamente defendidos pela Animação Sociocultural na
Infância, não sejam substituídos por actividades de “ócio” que têm apenas o
objectivo de passar o tempo – “matar” o tempo.

A Animação Sociocultural na Infância não pode obviar o potencial da indústria do


ócio, uma vez que apesar de terem os mesmos objectivos e intenções, os objectivos
do ócio não são necessariamente educativos, pois dão prioridade ao consumo de
um produto com a intenção de obter rentabilidade económica. Neste contexto, e
segundo Peres e Lopes (2007) a Animação Sociocultural deve encontrar nos tempos
do ócio um âmbito e um objectivo para a Animação.

Lopes (2008: p .454) ao parafrasear Cuenca (1997) defende que: “ (…) a Animação
Sociocultural sempre se preocupou com o correcto uso do tempo de ócio e,
tradicionalmente, tem mantido um diálogo enriquecedor com a denominada
pedagogia do tempo livre (…)”.

Em suma, a animação sociocultural nesta faixa etária deve assumir um carácter


lúdico, tendo como objectivos principais:

1) Dar prazer/satisfação à criança;


2) Dar espaço à imaginação;
3) Dar espaço à criatividade;
4) Estimular a participação efectiva e real;
5) Promover a sociabilização;
6) Fomentar a dimensão intergeracional;
7) Valorizar a educação nos seus três âmbitos (Formal, Não Formal e Informal).

5- Instituições de Animação Sociocultural para a Infância

IAC – Instituto de Apoio à Criança –


Instituição privada de solidariedade social que surgiu nos anos 80 composta por um
conjunto de técnicos de diferentes áreas profissionais. È uma Associação sem fins
lucrativos, que tem como objectivo principal contribuir para o desenvolvimento
integral da criança, na defesa e promoção dos seus direitos em conformidade com o
conceito humanista de criança, que a toma como um sujeito de direito, tais como:
direito à saúde, direito à educação, direito à segurança social e direito aos tempos
livres.

Esta instituição trabalha em diferentes âmbitos, nomeadamente:

 Programas de informação e sensibilização, dando apoio a experiências


inovadoras que visem o desenvolvimento global da crianças e a sua
interacção com o meio envolvente;
 Estudos, seminários, colóquios e outras iniciativas que permitam o debate e a
reflexão sobre os problemas da infância na sociedade actual;
 Trabalho de voluntariado nos hospitais;

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 Linha de SOS para dar voz às crianças e jovens;
 Realiza rondas nocturnas para evitar a marginalidade infantil;
 Trabalhos de rua com crianças de risco através de animadores de rua que
recorrem ao afecto e ao companheirismo;
 Contribuem para que todas as crianças possam exercer o seu direito de
brincar.

6- Perfil do Animador Sociocultural Infantil

Em Portugal, os animadores distribuem-se por uma tipologia muito diversificada e o


seu perfil é difícil de definir, visto tratar-se de uma figura abrangente e ambígua.
Deste modo, existem diferentes perfis de Animadores Socioculturais, dependendo
dos vários âmbitos de intervenção de cada Animador (teatro, música, cinema,
actividades interculturais, …).

Podemos, no entanto, afirmar que um animador é um Educador Social que trabalha


nos campos: Social, Cultural e Educativo. Este, deve centrar-se não no produto mas
sim no processo, que passa pela envolvência no sentido de levar as pessoas a:
participar, interagir, sociabilizar, vencer medos e inibições, de forma a estimular as
pessoas para o SER e não para o TER. Como referido em Lopes (2008) “ (…) Que
se projecte um sistema educativo de acordo com os quatro pilares da educação
criados e defendidos pela UNESCO no séc. XX que preconizam para o séc. XXI o
Ser, o Sabre Fazer e o Aprender a viver juntos (…) Queremos uma animação (…)
que valorize o Ser pessoa e que o Ser seja sempre mais importante que o ter (…).”

O trabalho do animador sociocultural visa a animação dos tempos livres – ATL – e


não a ocupação dos tempos livres – OTL-. Podemos assim dizer que o Animador
não faz “Para”, mas sim “Com”.

Lopes (2008) refere que em 1979 – Ano Internacional da Criança – a Revista


“Intervenção nº9” demonstra preocupações constantes sobre o rumo a dar à
preparação de Animadores para intervirem junto da Infância. O referido documento
manifesta, ainda, que nos processos de aprendizagem e de formação dos
Animadores Infantis se deve ter presente a especificidade deste escalão etário.
Considerava-se que esta formação deveria incidir no apelo constante à criatividade,
à imaginação e à capacidade expressiva dos animadores.

Nesta faixa etária o animador deve ter uma formação voltada para o âmbito
socioeducativo, em que utiliza como meios para a sua actuação suportes de índole
recreativo e cultural voltados, fundamentalmente, para o estímulo da criatividade.

Os seus objectivos devem estar direccionados para o desenvolvimento integral da


personalidade, da capacidade expressiva e da vivência colectiva.

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7- CONCLUSÃO

É importante tomar consciência de que a Educação é permanente, comunitária,


intergeracional e interespacial. Quero com isto dizer, que esta se desenvolve ao
longo dos tempos, em comunidade e em diferentes âmbitos, nomeadamente:
Formal, Não Formal e Informal.

Uma vez que Educar é Animar e por sua vez, Animar é Educar torna-se fundamental
que a Animação decorra nos mesmos princípios básicos que a Educação.

Animação Infantil é, essencialmente, Educar através de actividades lúdicas tendo


sempre em conta a criatividade, participação, espontaneidade e satisfação da
criança.

BIBLIOGRAFIA
ANDER-EGG, Ezequiel. 2000. Metodologias y Práticas de la animación
sociocultural. Madrid: Editorial CCS.
LOPES, Marcelino. 2008. Animação sociocultural em Portugal (2ª edição). Amarante:
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edição). Lisboa: Moraes Editores.
MELLO, A. Sampaio & CARVALHO, Alexandre A. Pires de e outros 2001. Diciopédia
2002 Cd – 1.Porto: Porto Editora.
PEREIRA, José, VIEITS, Manuel & LOPES, Marcelino.2008. A Animação
Sociocultural e os desafios do Século XXI. Portugal: Intervenção.
PEREZ, Américo & LOPES, Marcelino. 2007. Animação Sociocultural Novos
Desafios. Amarante: Editora Associação Portuguesa de Animação e Pedagogia
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PIAGET, Jean. 1978. Seis estudos de Psicologia (8ª edição). Lisboa: Publicações
Dom Quixote.
SPRINTHALL, Norman, A. & SPRINTHALL, Richard C. 1993. Psicologia
Educacional – Uma abordagem desenvolvimentista. MCGraw – Hill.
TRILLA, Jaume. 1998. Animação Sociocultural Teorias, Programas e Âmbitos.
Editorial Ariel.

REFERÊNCIAS

Carla Cristina Portugal do Canto, Licenciada em Professores do Ensino Básico na


Variante de Educação Musical pela Escola Superior de Educação de Leiria. Exerce
profissionalmente no Ensino Básico a disciplina de Educação Musical de 2º e 3º
Ciclos à 10 anos.
carlacanto@sapo.pt

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