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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DA COMARCA DE PICUÍ – PB

Processo nº. 027.2010.001.407-8

"A prisão constitui realidade violenta, expressão de um


sistema de justiça desigual e opressivo, que funciona
como realimentador. Serve apenas para reforçar valores
negativos, proporcionando proteção ilusória. Quanto
mais graves são as penas e as medidas impostas aos
delinqüentes, maior é a probabilidade de reincidência.
“O sistema será, portanto, mais eficiente, se evitar, tanto
quanto possível, mandar os condenados para a prisão nos
crimes pouco graves e se, nos crimes graves, evitar o
encarceramento demasiadamente longo.”

Heleno Cláudio Fragoso, in "Lições de Direito Penal - A


nova parte geral", Rio de Janeiro, Forense, 13 a. ed. 1991,
pág. 288.

  JOSÉ ALISSON DE SOUTO MEDEIROS, já amplamente qualificado


nos autos acima, vem ante a R. presença de V. Exa., com fundamento no artigo
Parágrafo Único do art. 310 do CPP, requerer a presente RECONSIDERAÇÃO DE
DESPACHO, o que faz nos seguintes moldes
MM Juiz, fora requestado à V. Exa. pedido de Liberdade
Provisória em prol do postulante. Tentativa esta frustrada, quiçá, pela ausência de uma
explanação detalhada dos fatos.
Ocorre que o requerente não oferece perigo a sociedade, que
logo ao sair do cárcere onde se encontra, já tem emprego certo, uma vez que
trabalho no sítio Cabeça de Vaca de sua propriedade, conforme se denota no
comprovante de residência anexo, autuado e posteriormente denunciado, por
infração aos arts. 180, 288 e 311 todos do Código Penal, não significa dizer que o
postulante tenha praticado o fato delituoso, uma vez que se encontrava em um bar
após adquirir uma motocicleta supostamente roubada e adulterada, confiante, por
sua vez, de que o objeto tinha procedência lícita, já que conhecia a pessoa que
adquirira, pairando, como é sabido, os princípios da boa-fé e da confiança, típico de
negociações em cidades de menor porte, onde todos se conhecem e depositam
confiança.

Ora, Excelência, basta que se interprete o fato nele mesmo para


que se chegue a simplória conclusão de que o postulante não passa de uma vítima na
fatídica situação instalada, posto que imputaram ao mesmo a receptação pela
compra (de boa-fé, ou seja, sem saber ser o objeto produto de crime) de uma
motocicleta, conforme se denota da denúncia. Entretanto, ficou claro que o
postulante o fez de absoluta boa-fé, descaracterizando o crime em sua essência, já
que faltou o elemento do tipo “coisa que sabe ser produto de crime”, incidindo,
portanto, em erro inevitável sobre o elemento do tipo, tanta prova disso é que o
postulante trafegava em vias federais há todo momento, bem como no centro de sua
cidade e no bar onde fora preso, que, por sinal, fica ao lado da delegacia da cidade.
Sendo, em favor do postulante o entendimento jurisprudencial majoritário:

EMENTA: CRIMES DE RECEPTAÇÃO, ADULTERAÇÃO DE


SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO E PORTE ILEGAL DE
ARMA - IRRESIGNAÇÃO MINISTERIAL COM A ABSOLVIÇÃO
PELO DELITO DO ART. 311 DO CP - INEXISTÊNCIA DE
PROVAS SUFICIENTES PARA A CONDENAÇÃO - PRINCÍPIO
DO "IN DUBIO PRO REO" - SENTENÇA CONFIRMADA -
RECURSO IMPROVIDO. APELAÇÃO CRIMINAL (APELANTE)
Nº 1.0000.00.338530-9/000 - COMARCA DE BELO
HORIZONTE - APELANTE(S): MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADO
MINAS GERAIS, PJ 6 V CR COMARCA DE BELO HORIZONTE
- APELADO(S): RUBER DE OLIVEIRA SANTOS - RELATOR:
EXMO. SR. DES. EDELBERTO SANTIAGO.

Ainda,

Número do processo: 1.0000.00.307261-8/000(1)


Relator: ZULMAN GALDINO
Ementa: Apelação Criminal - Art. 311 do CP -
Materialidade comprovada - Inexistência de prova segura
da autoria - Ônus que compete à acusação - Não-
cumprimento - Dúvida a ser interpretada em favor do réu
- Insuficiência dos elementos apresentados na sentença
condenatória - Conduta que não se amolda ao tipo em
questão - Supressão do sinal identificador através de
raspagem - Ação que não se equipara a adulteração -
Absolvição. Recurso provido. Súmula: DERAM
PROVIMENTO. DECISÃO UNÂNIME.

Quanto à formação de quadrilha, esta não deve prosperar, uma


vez que o mesmo não se reunira ou juntara-se com ninguém para cometer crimes,
quanto a isto não há dúvidas, sendo o mesmo trabalhador, tendo por lazer nos finais
de semana a presença no bar de NEGO.

No tocante ao artigo 311 (Adulteração de Sinal Identificador de


Veículo Automotor), este jamais cometera, uma vez que recebera a motocicleta sob
a alegação de que a mesma já encontrava-se emplacada, preparando-se, entretanto,
para novo emplacamento próximo, sem saber que sob a mesma recaía qualquer tipo
de restrição, legal ou ilegal. É de curial sabença que em cidades de pequeno porte,
como já dito, uns confiam aos outros, depositando entre si confiança indizível.
Ademais, há de se ressaltar a impossibilidade de pesquisas sobre o veículo, uma vez
que é morador rural e de saber e conhecimentos técnicos apoucados, tendo em vista
sua escolaridade baixa, já que direcionara seu foco, quando jovem, ao campo ao
invés da escola.

Em parecer ministerial de cunho denegatório, o Douto


representante do Ministério Público, data vênia, pecou ao alegar que o postulante é
elemento de periculosidade acintosa, o que não tem qualquer procedência, já que o
postulante é PRIMÁRIO (não responde a qualquer procedimento criminal), possuidor
de BONS ANTECEDENTES, de RESIDENCIA FIXA e de TRABALHO CERTO, em outras
palavra, um verdadeiro homem do sítio sem qualquer instrução.

Imperioso frisar a imprescindível ausência do elemento subjetivo


dos tipos imputados ao postulante, qual seja, o DOLO. Não há qualquer animus do
postulante com finalidade específica de cometer os ilícitos que contra ele se
formaliza na denúncia. Não havendo contra ele, portanto, qualquer prova
testemunhal que o desfavoreça. Também não há de se falar em má companhia ou
que o postulante encontrava-se ladeado de delinquentes, levando-se a presunção de
que o mesmo estaria, por isso, envolvido nos ilícitos a eles imputado, ficando claro
que é uma cidade de pequeno porte, onde todos se conhecem e trocam
cumprimentos, não havendo entre eles qualquer envolvimento para o crime. Segue
fundamentação de julgado similar:

Receptação - Falsidade de documento -


adulteração - absolvição
Autos nº 09.735.930-1
II – FUNDAMENTAÇÃO
Dos crimes de falsificação, adulteração de placas e uso de
documento falso(arts. 297, 304 e 311 do Código Penal)

    A materialidade está comprovada pelos laudos de fls.


192/193 e 195/196, pois os Srs. Peritos concluem que as placas
de identificação nº HJU 2290 não são as do veículo, além de
que “o impresso que deu origem ao CRLV nº “7593347583” e
respectivo BILHETE DE SEGURO DPVAT, alvo dos exames, é
FALSO uma vez que não apresentam as características de
segurança, impressão e qualidade do suporte, peculiares aos
similares autênticos.”
A autoria da falsificação e da adulteração, entretanto, não
restou devidamente comprovada nos autos. Os acusados
negam, veementemente. E a testemunha Edmilson Lúcio da
Silva(fls. 179) corrobora suas versões,  uma vez que declara ter
vendido o veículo para o Felipe, entregando-lhe o veículo e  o
respectivo  CRLV, no estado em que foram apreendidos pela
Polícia.
Quanto ao uso de documento falso. Inegável o uso do
documento por CARLOS EDUARDO DE JESUS MENDONÇA, pois,
parado em “blitz” policial, apresentou aos Policiais o CRLV
comprovadamente falso. Todavia, o acusado nega ciência da
falsidade; e não se fez prova contrária à sua versão. Assim,
ausente o elemento subjetivo, o dolo.

    Da receptação

    A denúncia imputa ao acusado FELIPE a aquisição do veículo


VW/GOL, cor preta, placas de identificação HKC 2056, “sabendo
que era produto de crime”.
De outro lado, afirma que o acusado CARLOS EDUARDO, no dia
02 de novembro de 2009, recebeu de FELIPE o veículo e o
conduziu, “sabendo tratar-se de produto de crime”.
Data vênia, a prova produzida não autoriza a condenação dos
acusados pela prática de receptação dolosa. Na verdade, a
prova quanto à ciência ilícita do veículo é frágil ou nenhuma,
pois que não se demonstrou, de maneira clara, segura e
insofismável tivesse o acusado FELIPE ciência de que o veículo
que adquiria era produto de furto.

A vítima ATHENA RODRIGUES VARGAS LEÔNCIO nada esclarece


a respeito. Só esclarece sobre o roubo de que fora vítima.
Nenhuma linha sobre o modo  e as condições como o acusado
FELIPE adquiriu o veículo.
As testemunhas SÉRGIO LOPES DE ANDRADE(fls. 177) e
EDILSON PEREIRA GUEDES(fls. 178), Policiais Militares, só
depuseram sobre os fatos apurados quando da “blitz” ,
apreensão do veículo e documentos, e prisão dos acusados.
A testemunha EDMILSON LÚCIO DA SILVA(fls. 179) favorece a
tese da defesa, no ponto em que esclarece ter vendido o veículo
para o acusado FELIPE, entregando-lhe o veículo e os
documentos, afirmando desconhecimento total  da procedência
ilícita.

Como se vê, não há prova segura sobre a elementar do tipo: 


“coisa que sabe ser produto de crime”.

É bem verdade que V. Exa. ao proferir sua decisão, denegando o


pedido de sua liberdade, o fez em face da garantia da ordem pública, todavia em prol
de crime que não foi cometido pelo postulante como já visto alhures, ressaltando-se
que os crimes a ele atribuídos, mesmo que, porventura julgados procedentes, são
passíveis e admissíveis de serem respondidos em liberdade, até porque os crimes
tipificados na denúncia não são daqueles tidos como hediondos. Levando-se em
conta, também, as circunstâncias e as condições como foi praticado o fato delituoso.
Portanto o mais correto, data vênia, é a concessão da LIBERDADE
PROVISÓRIA ao postulante, uma vez que atende perfeitamente aos termos do
parágrafo único do art. 310, do CPP. Para que solto possa trabalhar, continuar junto a
seus familiares e poder dar uma melhor educação a seu filho, condutas estas que
destoam dos apontamentos de periculosidade feitos pelo Douto Representante do
Órgão Ministerial e que eram rotina na vida do postulante até a constrição contra ele
perpetrada, demonstrando-se, data vênia, em patente constrangimento ilegal.

II – DO PEDIDO

DIANTE do exposto, requer a V.Exa. que RECONSIDERE O


DESPACHO outrora proferido no sentido de conceder ao postulante JOSÉ ALISSON DE
SOUTO MEDEIROS sua LIBERDADE PROVISÓRIA, uma vez que se mostram ausentes
os elementos essenciais para a manutenção de sua prisão, restando comprovados os
pressupostos de admissibilidade do Parágrafo Único do art. 310 do CPP, além da
ausência de violência do crime a ele imputado e ser o mesmo bem relacionado na
comarca onde reside, sendo pessoa pacata e querido por todos. Mais, é primário, de
bons antecedentes, com residência fixa e emprego certo, sem razão lógica, data
vênia, para que o mesmo permaneça enclausurado. Determinando a expedição do
competente e necessário ALVARÁ DE SOLTURA, para que o postulante responda o
restante do processo em liberdade, mesmo porque ainda existe a presunção de
inocência, consoante os ditames normativos insertos no artigo 5º, inciso LVII da
Constituição Federal, “Ninguém será considerado culpado até o transito em julgado
de sentença penal condenatória”.

“LXVI- Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a Lei admitir a
Liberdade Provisória, com ou sem fiança”.

Tudo por ser de Direito e da mais pura JUSTIÇA.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Campina Grande-PB, fevereiro de 2011.

GILDÁSIO ALCÂNTARA MORAIS


A D V O G A D O – OAB-PB 6571

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