Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
não citaria santos e profetas: Vive dentro de mim uma cabocla velha de mau-olhado,
nada das suas celestiais promessas acocorada ao pé do borralho,
ou das suas terríveis maldições... olhando para o fogo.
Benze quebranto. Vive dentro de mim a mulher da vida.
Bota feitiço... Minha irmãzinha...
Ogum. Orixá. Macumba, terreiro. tão desprezada, tão murmurada...
Ogã, pai-de-santo... Fingindo alegre seu triste fardo.
Todas as vidas dentro de mim:
Vive dentro de mim a lavadeira do Rio Vermelho. Na minha vida - a vida mera das obscuras.
Seu cheiro gostoso d'água e sabão. Todas as vidas dentro de mim!!!
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa, pedra de anil. Animador: Os profetas foram exemplos de fidelidade a Deus.
Sua coroa verde de são-caetano. Somos fiéis ao projeto de Deus? Jesus nos ensina que Deus é
Amor. E o Amor é Deus. O poetinha Vinicius nos chama atenção
Vive dentro de mim a mulher cozinheira. à fidelidade ao Amor. Amor amante, amor companheiro, amor
Pimenta e cebola. Quitute bem feito. pulsante.
Panela de barro. Taipa de lenha.
Cozinha antiga toda pretinha. De tudo, ao meu amor serei atento
Bem cacheada de picumã. Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Pedra pontuda. Cumbuco de coco. Que mesmo em face do maior encanto
Pisando alho-sal. Dele se encante mais meu pensamento
Vive dentro de mim a mulher do povo. Quero vivê-lo em cada vão momento
Bem proletária. Bem linguaruda, desabusada, E em seu louvor hei de espalhar meu canto
sem preconceitos, de casca-grossa, E rir meu riso e derramar meu pranto
de chinelalinha,e filharada. Ao seu pesar ou seu contentamento
Vive dentro de mim a mulher roceira E assim quando mais tarde me procure
- Enxerto da terra, meio casmurra. Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Trabalhadeira. Madrugadeira. Analfabeta. Quem sabe a solidão, fim de quem ama
De pé no chão.
Bem parideira Bem criadeira. Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Seus doze filhos, Seus vinte netos. Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
Voar no limite improvável, tocar o inacessível chão
Animadora: A Natureza e o cuidado que temos com ela também
revela quem nós somos. A forma como nos relacionamos com a É minha lei, é minha questão
Natureza é semelhante à forma que nos relacionamos uns com os Virar esse mundo, cravar esse chão
outros. Fernando Pessoa em Alberto Caeiro nos ensina isto em um Não me importa saber se é terrível demais
de seus salmos: Quantas guerras terei que vencer por um pouco de paz
Quem me dera que eu fosse o pó da estrada E amanhã, se esse chão que eu beijei
E que os pés dos pobres me estivessem pisando... For meu leito e perdão
Quem me dera que eu fosse os rios que correm Vou saber que valeu delirar e morrer de paixão
E que as lavadeiras estivessem à minha beira... E assim seja lá como for vai ter fim a infinita aflição
Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio E o mundo vai ver uma flor brotar do impossível chão
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...
Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro Animadora: Neste momento, vamos partilhar a homilia dos
E que ele me batesse e me estimasse... nossos corações. Vamos partilhar a frase, o trecho de música, a
Antes isso que ser o que atravessa a vida poesia que cada um de nós carrega lá dentro do nosso fígado e que
Olhando para trás de si e tendo pena... nos inspira em nossa caminhada.
(Deve-se dar um tempo para que as pessoas partilhem suas inspirações)
Animador: O Evangelho de Jesus Cristo e daqueles que sonham Animador: Em que nós cremos? Em apenas uma palavra, vamos
com um mundo novo é pronunciado por Chico Buarque em mais professar nossa fé. Resumindo em uma palavra, em que eu
um de seus belos poemas...: creio...?
(Alguém coloca no centro da roda um garrafão de vinho e um pão. De preferência,
Sonhar mais um sonho impossível uma broa, um bolo de milho ou outro derivado do milho)
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível Animadora: Das melhores coisas que eu acho que têm dentro de
Negar quando a regra é vender mim, o que eu coloco em oferta a Deus e às pessoas?
(Após os participantes se manifestarem, alguma pessoa segura em suas mãos a broa
Sofrer a tortura implacável, romper a incabível prisão ou outro derivado do milho e após a declamação da “Oração do Milho”, partilha-se o
alimento e o vinho.)
Animador: Peço para que todos fiquemos de pé e possamos e Jesus abençoava os trigais maduros,
novamente ouvir as palavras de Cora Coralina. eu era apenas o bró nativo das tabas ameríndias.
Oração do Milho Fui o angu pesado e constante do escravo na exaustão do
eito.
Senhor, nada valho. Sou a broa grosseira e modesta do pequeno sitiante.
Sou a planta humilde dos quintais pequenos e das lavouras Sou a farinha econômica do proletário.
pobres. Sou a polenta do imigrante e a miga dos que começam a
Meu grão, perdido por acaso, vida em terra estranha.
nasce e cresce na terra descuidada. Alimento de porcos e do triste mu de carga.
Ponho folhas e haste, e se me ajudares, Senhor, O que me planta não levanta comércio, nem avantaja
mesmo planta de acaso, solitária, dinheiro.
dou espigas e devolvo em muitos grãos Sou apenas a fartura generosa e despreocupada dos
o grão perdido inicial, salvo por milagre, paióis.
que a terra fecundou. Sou o cocho abastecido donde rumina o gado.
Sou a planta primária da lavoura. Sou o canto festivo dos galos na glória do dia que
Não me pertence a hierarquia tradicional do trigo amanhece.
E de mim não se faz o pão alvo universal. Sou o cacarejo alegre das poedeiras à volta dos seus
O Justo não me consagrou Pão de Vida, nem lugar me foi ninhos.
dado nos altares. Sou a pobreza vegetal agradecida a Vós, Senhor, que me
Sou apenas o alimento forte e substancial dos que fizestes necessário e humilde.
trabalham a terra, onde não vinga o trigo nobre. Sou o milho.
Sou de origem obscura e de ascendência pobre,
alimento de rústicos e animais do jugo.
Quando os deuses da Hélade corriam pelos bosques, Animadora: Vamos encerrar nossa liturgia com as palavras de
coroados de rosas e de espigas, Edson Marques e Clarisse Lispector que nos desafiam ao
quando os hebreus iam em longas caravanas constante movimento da mudança. E quem quiser continuar a
buscar na terra do Egito o trigo dos faraós, respirar poesias permaneça neste sarau ou crie outros sarais em
quando Rute respigava cantando nas searas de Booz sua vida. Após a poesia, vamos dar um abraço bem gostoso uns
nos outros...
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
MUDE Corrija a postura.
Mas comece devagar, Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes,
porque a direção é mais importante que a velocidade. novos temperos, novas cores, novas delícias.
Durma no outro lado da cama... Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas
depois, procure dormir em outras camas. piores do que as já conhecidas,
Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... mas não é isso o que importa.
leia outros livros. Viva outros romances. O mais importante é a mudança, o movimento,
o dinamismo, a energia.
Não faça do hábito um estilo de vida. Só o que está morto não muda!
Ame a novidade.
Durma mais tarde. Durma mais cedo. Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco,
sem o qual a vida não vale a pena (Clarice Lispector).