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Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,

Rezaria seus versos, os mais belos,


desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma


... a um belo poema –ainda que de Deus se aparte –
um belo poema sempre leva a Deus!

Animador: Somos convidadas e convidados a refletir sobre os


ELABORAÇÃO: Renato Souza de Almeida / IPJ – Instituto Paulista de Juventude nossos limites e falhas. Pedimos perdão pelas vezes que não
somos verdadeiros e não estamos por inteiro naquilo que estamos
(Sugere-se que esta celebração seja realizada no período noturno e que as pessoas
possam estar bem à vontade, em postura confortável. Pode ser realizada em volta de
fazendo. Enquanto escutamos as palavras de Fernando Pessoa,
uma fogueira ou em uma sala escura ambientalizada com incenso, velas e outros vamos pedir perdão por todas as vezes que fugimos de nós
símbolos e livros diversos de poesia. Se o grupo dispõe de instrumentos musicais, os mesmos:
tocadores podem acompanhar as declamações com um som baixo apenas
instrumental. No inicio da liturgia pode-se recepcionar os participantes com doces e
chocolates.) Para ser grande, sê inteiro
Nada teu exagera ou exclui
Animadora: Boa noite a todas e todos! Sejam muito, muito, muito Sê todo em cada coisa
bem-vindos a nossa celebração! É com imensa alegria que Põe o quanto és no mínimo que fazes
iniciamos nossa liturgia com as palavras do nosso grande poeta Assim, em cada lago a Lua inteira brilha porque alta vives...
Mario Quintana:
Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado Animadora: E alto vivemos! Viveremos!!! E vamos dar glória a
– muito menos no Anjo Rebelado Deus pela nossa vida! E por todas as vidas! Como Cora Coralina,
e os encantos das suas seduções, por todas as vidas dentro de mim...

não citaria santos e profetas: Vive dentro de mim uma cabocla velha de mau-olhado,
nada das suas celestiais promessas acocorada ao pé do borralho,
ou das suas terríveis maldições... olhando para o fogo.
Benze quebranto. Vive dentro de mim a mulher da vida.
Bota feitiço... Minha irmãzinha...
Ogum. Orixá. Macumba, terreiro. tão desprezada, tão murmurada...
Ogã, pai-de-santo... Fingindo alegre seu triste fardo.
Todas as vidas dentro de mim:
Vive dentro de mim a lavadeira do Rio Vermelho. Na minha vida - a vida mera das obscuras.
Seu cheiro gostoso d'água e sabão. Todas as vidas dentro de mim!!!
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa, pedra de anil. Animador: Os profetas foram exemplos de fidelidade a Deus.
Sua coroa verde de são-caetano. Somos fiéis ao projeto de Deus? Jesus nos ensina que Deus é
Amor. E o Amor é Deus. O poetinha Vinicius nos chama atenção
Vive dentro de mim a mulher cozinheira. à fidelidade ao Amor. Amor amante, amor companheiro, amor
Pimenta e cebola. Quitute bem feito. pulsante.
Panela de barro. Taipa de lenha.
Cozinha antiga toda pretinha. De tudo, ao meu amor serei atento
Bem cacheada de picumã. Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Pedra pontuda. Cumbuco de coco. Que mesmo em face do maior encanto
Pisando alho-sal. Dele se encante mais meu pensamento

Vive dentro de mim a mulher do povo. Quero vivê-lo em cada vão momento
Bem proletária. Bem linguaruda, desabusada, E em seu louvor hei de espalhar meu canto
sem preconceitos, de casca-grossa, E rir meu riso e derramar meu pranto
de chinelalinha,e filharada. Ao seu pesar ou seu contentamento

Vive dentro de mim a mulher roceira E assim quando mais tarde me procure
- Enxerto da terra, meio casmurra. Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Trabalhadeira. Madrugadeira. Analfabeta. Quem sabe a solidão, fim de quem ama
De pé no chão.
Bem parideira Bem criadeira. Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Seus doze filhos, Seus vinte netos. Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
Voar no limite improvável, tocar o inacessível chão
Animadora: A Natureza e o cuidado que temos com ela também
revela quem nós somos. A forma como nos relacionamos com a É minha lei, é minha questão
Natureza é semelhante à forma que nos relacionamos uns com os Virar esse mundo, cravar esse chão
outros. Fernando Pessoa em Alberto Caeiro nos ensina isto em um Não me importa saber se é terrível demais
de seus salmos: Quantas guerras terei que vencer por um pouco de paz

Quem me dera que eu fosse o pó da estrada E amanhã, se esse chão que eu beijei
E que os pés dos pobres me estivessem pisando... For meu leito e perdão
Quem me dera que eu fosse os rios que correm Vou saber que valeu delirar e morrer de paixão
E que as lavadeiras estivessem à minha beira... E assim seja lá como for vai ter fim a infinita aflição
Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio E o mundo vai ver uma flor brotar do impossível chão
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...

Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro Animadora: Neste momento, vamos partilhar a homilia dos
E que ele me batesse e me estimasse... nossos corações. Vamos partilhar a frase, o trecho de música, a
Antes isso que ser o que atravessa a vida poesia que cada um de nós carrega lá dentro do nosso fígado e que
Olhando para trás de si e tendo pena... nos inspira em nossa caminhada.
(Deve-se dar um tempo para que as pessoas partilhem suas inspirações)

Animador: O Evangelho de Jesus Cristo e daqueles que sonham Animador: Em que nós cremos? Em apenas uma palavra, vamos
com um mundo novo é pronunciado por Chico Buarque em mais professar nossa fé. Resumindo em uma palavra, em que eu
um de seus belos poemas...: creio...?
(Alguém coloca no centro da roda um garrafão de vinho e um pão. De preferência,
Sonhar mais um sonho impossível uma broa, um bolo de milho ou outro derivado do milho)
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível Animadora: Das melhores coisas que eu acho que têm dentro de
Negar quando a regra é vender mim, o que eu coloco em oferta a Deus e às pessoas?
(Após os participantes se manifestarem, alguma pessoa segura em suas mãos a broa
Sofrer a tortura implacável, romper a incabível prisão ou outro derivado do milho e após a declamação da “Oração do Milho”, partilha-se o
alimento e o vinho.)
Animador: Peço para que todos fiquemos de pé e possamos e Jesus abençoava os trigais maduros,
novamente ouvir as palavras de Cora Coralina. eu era apenas o bró nativo das tabas ameríndias.
Oração do Milho Fui o angu pesado e constante do escravo na exaustão do
eito.
Senhor, nada valho. Sou a broa grosseira e modesta do pequeno sitiante.
Sou a planta humilde dos quintais pequenos e das lavouras Sou a farinha econômica do proletário.
pobres. Sou a polenta do imigrante e a miga dos que começam a
Meu grão, perdido por acaso, vida em terra estranha.
nasce e cresce na terra descuidada. Alimento de porcos e do triste mu de carga.
Ponho folhas e haste, e se me ajudares, Senhor, O que me planta não levanta comércio, nem avantaja
mesmo planta de acaso, solitária, dinheiro.
dou espigas e devolvo em muitos grãos Sou apenas a fartura generosa e despreocupada dos
o grão perdido inicial, salvo por milagre, paióis.
que a terra fecundou. Sou o cocho abastecido donde rumina o gado.
Sou a planta primária da lavoura. Sou o canto festivo dos galos na glória do dia que
Não me pertence a hierarquia tradicional do trigo amanhece.
E de mim não se faz o pão alvo universal. Sou o cacarejo alegre das poedeiras à volta dos seus
O Justo não me consagrou Pão de Vida, nem lugar me foi ninhos.
dado nos altares. Sou a pobreza vegetal agradecida a Vós, Senhor, que me
Sou apenas o alimento forte e substancial dos que fizestes necessário e humilde.
trabalham a terra, onde não vinga o trigo nobre. Sou o milho.
Sou de origem obscura e de ascendência pobre,
alimento de rústicos e animais do jugo.
Quando os deuses da Hélade corriam pelos bosques, Animadora: Vamos encerrar nossa liturgia com as palavras de
coroados de rosas e de espigas, Edson Marques e Clarisse Lispector que nos desafiam ao
quando os hebreus iam em longas caravanas constante movimento da mudança. E quem quiser continuar a
buscar na terra do Egito o trigo dos faraós, respirar poesias permaneça neste sarau ou crie outros sarais em
quando Rute respigava cantando nas searas de Booz sua vida. Após a poesia, vamos dar um abraço bem gostoso uns
nos outros...
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
MUDE Corrija a postura.
Mas comece devagar, Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes,
porque a direção é mais importante que a velocidade. novos temperos, novas cores, novas delícias.

Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. [...]


Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro,
calmamente, compre novos óculos, escreva outras poesias.
observando com atenção os lugares por onde você passa. Jogue os velhos relógios,
quebre de-li-ca-da-men-te esses horrorosos despertadores.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas. [...]
Dê os teus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias. Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Seja criativo.
Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos. longa, se possível sem destino.
Veja o mundo de outras perspectivas. Experimente coisas novas. Troque novamente.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Mude de novo. Experimente outra vez.

Durma no outro lado da cama... Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas
depois, procure dormir em outras camas. piores do que as já conhecidas,
Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... mas não é isso o que importa.
leia outros livros. Viva outros romances. O mais importante é a mudança, o movimento,
o dinamismo, a energia.
Não faça do hábito um estilo de vida. Só o que está morto não muda!
Ame a novidade.
Durma mais tarde. Durma mais cedo. Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco,
sem o qual a vida não vale a pena (Clarice Lispector).

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