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Abrindo a conversa
Há uma tentativa de tomar a catequese mais celebrativa. Alguns avanços significativos já aconteceram,
principalmente a partir do Concilio Vaticano II e do documento Carequese Renovada. Muitas experiências podem ser
partilhadas. Mas, apesar desta caminhada, ainda prevalecem obstáculos para que a catequese tenha realmente uma
dimensão celebrativa. Há ajuste de momentos de oraçäo, de celebraçäo, mas a dificuldade está na interaçäo fé e vida,
onde justamente acontece a dimensäo celebrativa da catequese.
Estes e outros são questionamentos que inquietam os catequistas, os coordenadores, e que muitas vezes trazem uma
sensaçäo de vazio diante da frieza, da falta de empolgaçäo e do gosto de celebrar. As celebrações säo vistas como
“obrigação, como dever imposto”, mais do que uma descoberta do profundo humano celebrativo, mais do que um
povo que se reúne em torno da Palavra, da eucaristia, da vida, para celebrar o Deus da vida no misterio pascal de Jesus
perpassando a história.
“Nossa comunicaçäo com Deus Pai, pelo Filho, no Espírito Santo, se reveste de dois aspectos principais: bíblico e
litúrgico” (CR n. 106). “A liturgia é fonte inesgotável de catequese. Nela se encontram a ação santificadora de Deus e
a expressão orante da fé da comunidada”. Liturgia pode-se considerar catequese em ato” (CR 89-90). “A liturgia é
ação de Cristo e da Igreja. É o ápice e a fonte da vida da Igreja, um
encontro com Deus e os irmãos. Nela celebramos o mistério da presença operante de Deus em nossa caminhada, a de
Deus em nosso dia-a-dia, o esforço de libertação total. É força em nosso peregrinar para levarmos ao bom termo,
mediante o compromisso transformador da vida, a realização plena do Reino, segundo o plano de Deus (CR 224). “A
ausência de uma catequese litúrgica tem esvaziado a celebração cristã" (P 901). “O homem exprime sua relação
com Deus através de sinais e símbolos (P 920). Encontrar-se um fundamento sólido para a dimensäo celebrativa da
catequese em At 2,42-47:
* Comunidade em escuta da Palavra de Deus;
* Comunidade assidua às orações;
* comunidade que vivia a comunhão entre si e com os irmãos;
* Comunidade celebrativa;
* Comunidade de alegria.
É a dimensão celebrativa que traz presente a memória, a vida, os acontecimentos, o mistério Pascal de Jesus, a
comunhäo eclesial, o sentido de pertença a uma Comunidade, o serviço, as razöes mais profundas da fé, exprime ser
cristäo, fortifica as lutas do povo, dá sentido aos sofrimentos e motiva para celebrar as conquistas...
3. A liturgia na catequese
À medida que a catequese deixa de ser somente instrução, abrem-se as primeiras portas para novos caminhos. Um
deles é a liturgia. Os fatos da vida, lutas, vitórias, dores e sofrimentos, con
frontados com o Evangelho, adquirem uma dimensão nova ao serem celebrados. Por isso, toda- catequese deve ler seu
ponto alto na celebração. É o momento ern que a instrução deixa lugar à celebração. É fé acontecendo. O catequista
que vai além da instrução chegará a uma nova dimensão mais profunda. Celebra o Misterio Pascal de Cristo, educa
para a oração, valoriza o silêncio interior, cria uma espiritualidade. A catequese celebrativa é carregada de momentos
fortes de oração ligada à vida, faz o confronto pessoal, grupal e comunitário com a realidade, da vida com a fé e da fé
com a vida. Isto gera novas atitudes. Leva a crer, viver e celebrar com os irmãos. É na dimensão celebrativa que se
encontram forças para o prosseguimento na caminhada da vida.
4. A Catequese na liturgia
É importante saber organizar as celebrações, näo improvisar, ligar a fé e vida. Encenações, Evangelho dialogado,
símbolos da vida e da cultura do povo, procissões litúrgicas, gestos, partilhas, cantos com mensagens concretas... tudo
isso está se tornando mais freqüente e ajuda o povo a celebrar.
Há momentos de Aquilo que é refletìdo é também rezado? O que se faz? O que falta?
5. Alguns elementos básicos para a catequese
Quando a catequese é celebrativa, toma-se leve, atraente, viva, participativa, o tempo corre. Por isso, torna-se
necessário estar atento para alguns elementos: O nosso corpo é sentimento, emoção, experiência, alegrias, lágimas,
afeto, carinho, acolhida.
O corpo fala mais profundo pela linguagem simbólica do que pela linguagem oral. Expressões, cor, posições, gestos,
caminhadas, música, dança, olhares... tudo expressa algo. A dimensão celebrativa acontece através de palavras,
símbolos, gestos, ritos. O homem é carrega dentro de si emoções, sentimentos, afeto, sonhos, frustrações, ansiedades...
Quando está em atitude celebrativa não é apenas o racional que entra em atividade, mas o humano todo: sentimentos,
emoção, necessidades, expressões corporais, fisionomias, gestos, símbolos, ritos, fatos, experiêncìas, conquistas,
derrotas... Daí a necessidade de a catequese experienciar, fazer acontecer, educar para a dimensäo celebrativa, para os
símbolos, para os ritos, para o envolvente, para o libertador, para o celebrar.
Uma catequese fria, baseada em conceitos, de cobranças, jamais educará para uma pessoa celebrativa, para
uma Comunidade celebrativa e para um povo celebrativo.
Encenações, Evangelho dialogado, Pequenas procissões litúrgicas, Caminhadas, Celebrações preparadas em conjunto,
Uso de símbolos como: luz, trevas, fogo, fumaça, pão, chinelo, cinza, incenso, o ano litúrgico, as cores litúrgicas,
lavar as mãos, caminhar, aspergir, imposição das mãos, cânticos com gestos, cruz erguida, gestos e posições do corpo,
gestos com as mãos, valorização e significação dos gestos (estar de pé, sentado, ajoelhado, andando, inclinado,...). Uso
de símbolos da cultura do povo, o mutirão, e tantos outros gestos e símbolos que cada comunidade vive e expressa na
sua caminhada. (Os símbolos säo símbolos. Falam por si. Expressam sentidos diversos. Näo devemos abafar a
interpretação dando somente a nossa interpretação. Falar muito em torno de um símbolo é matá-lo.)
Ajudar a comunidade a aprender a rezar através das “oficinas de oração”: orações de louvor, agradecimento, súplica,
perdão, adoração, os ritos penitenciais, os salmos. Os catequizandos näo se empolgam apenas
em participar de celebrações, mas serem sujeitos envolvidos no celebrar.
“Uma catequese que não é celebrativa pouco ou quase nada atinge a pessoa e pouco transforma.”
A dimensão celebrativa da catequese é uma exigência para uma nova caminhada da catequese. É na celebração, na
festa, que se identifica como uma comunidade. Sem celebraçäo a catequese se torna fria e estéril.