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Este documento tem a finalidade de mostrar como configurar a rede no Debian e em distribuições
derivadas dele como Ubuntu, Kurumin, Kalango e etc. Ao contrário do que muitos imaginam a
configuração da rede em si em Linux não é complicada, o que ocorre é que muitas vezes as pessoas que
tentam fazer essa configuração em Linux não tem o mínimo de conhecimento de redes e por isso troca a
ordem de fazer as coisas, esquece de algum detalhe ou coisas do gênero. Veremos neste tutorial como
configurar IP, Gateway e DNS, fixo ou dinâmico, veremos também como se conectar na internet usando
conexão PPPOE (ADSL) . Em uma rede típica, tenha em mente que precisamos configurar 3 coisas para
que uma determinada máquina possa se comunicar com a rede interna e externa (internet). Essas três
coisas são: IP, Gateway e DNS. O ideal é que decoremos nesta ordem, pois tem uma certa lógica se
consideramos que ao configurar um IP em nossa máquina já teremos acesso aos outros micros da rede
(mas não à internet). Ao configurarmos o gateway estamos dizendo para a nossa máquina qual o
equipamento que nos fornece conexão com a internet e a partir daí já podemos nos comunicar com a
internet, porém só por endereço de IP como 200.204.0.1, se tentarmos acessar www.guiadohardware.net
já não teremos êxito pois para conseguir acessar sites através de nomes precisamos configurar o DNS,
configurando-o já teremos acesso tanto à rede interna como à internet. Um pré requisito para se trabalhar
com redes em Linux é entender como as placas de redes são representadas no sistema. O nomes das
placas de redes em Linux sempre começam com eth seguido de um número à partir de 0. Normalmente
temos no minimo uma placa de rede que é onboard, neste caso esta seria a primeira placa, portanto seria
representada como eth0. Se tivermos outra placa de rede esta será eth1 e assim sucessivamente. Para
visualizar as configurações atuais das placas usamos o comando ifconfig que veremos à seguir. Isso
tudo no que se refere à rede, para conexão direta à internet via modem ADSL com autenticação PPPoE
utilizaremos um aplicativo chamado pppoeconf, mas isso no final do capítulo.
c { S
Para verificar as placas detectadas e ativas no momento utilize o comando ifconfig sem parâmetro
nenhum:
# ifconfig
Algumas vezes por um motivo ou outro temos placas que foram detectadas pelo sistema mas não estão
ativas, para ter certeza de quais são todas as placas detectadas utilize o parâmetro -a.
# ifconfig -a
Caso exista uma placa que foi reconhecida mas está desativada você pode ativa-la usando o parâmetro
up do ifconfig, mas neste caso você precisa do nome da interface (que o parâmetro -a lhe informará),
considerando que seja eth1 faríamos o seguinte:
# ifconfig eth1 up
E para desativa-la:
Atenção: A partir do momento que você executa um down na placa ela não aparece mais no resultado do
comando ifconfig sozinho, apenas com o parâmetro -a. Nós normalmente desativamos uma interface de
rede quando não vamos utiliza-la para evitar qualquer tipo de problema ou confusão na hora da
configuração. Além de mostrar informações, ativar e desativar interfaces de rede o ifconfig também é
usado para atribuir IP, Máscara de Rede e Endereço de Broadcast, como este documento não tem
como foco a parte teórica sobre redes, vamos apenas aprender a aplicar cada um destes itens sem nos
estendermos sobre a parte teórica de cada um. Repararam que a configuração do gateway e DNS
ficaram de fora? Para esta duas configurações não utilizamos o ifconfig como veremos a seguir. Como
exemplo vamos considerar que estamos na rede 192.168.0 e que a máscara seja 255.255.255.0, diante
deste cenário vamos atribuir o IP 192.168.0.2 para a interface eth0.
Depois de atribuir um número de IP, caso já tenha outro micro na rede (Linux ou não) devidamente
configurado você pode testar a comunicação com ele usando o comando ping:
Se o resultado for algo parecido com o que está acima, ótimo, caso contrário você precisa verificar o que
pode estar errado antes de prosseguir. As hipóteses para não haver comunicação são inúmeras, no
entanto procure verificar se o cabo está conectado exatamente na interface que você configurou; se o
outro micro está ligado; se o Hub ou Switch (caso exista) está funcionando e assim por diante, enfim,
verifique tanto a parte física (hardware) quanto a parte lógica (software). Tendo sucesso na comunicação
com os demais micros da rede podemos seguir e configurar o Gateway, ou seja, dizer para a nossa
máquina qual é o micro ou equipamento na rede que está compartilhando a internet, para isso vamos
utilizar o comando route, consideremos que o roteador (gateway) seja 192.168.0.1:
c gw porque o que estamos adicionando se trata de um roteador (ou um computador fazendo esta função)
# route -n
O número 192.168.0.1 (no nosso caso) tem que estar disponível na lista, caso contrário execute o
comando novamente e verifique mais uma vez. Se tudo estiver Ok você já deve ter acesso à internet,
portanto vamos tentar pingar um número de IP externo para ver se temos resposta:
Funcionou? Provavelmente não, porque nossa máquina ³não sabe´ quem é www.guiadohardware.net
precisamos configurar o servidor de nomes, o famoso DNS, ele é a última coisa que falta para
concluirmos nosso exemplo, para configurar o DNS você precisa editar o arquivo /etc/resolv.conf e
colocar algo como o conteúdo abaixo:
nameserver 200.204.0.10
nameserver 200.204.0.138
Estes servidores DNS são da telefônica, você pode colocar qualquer servidor válido, mas dê preferência
para o servidor que seu provedor te fornecer, assim evita problemas. Perceba que fora o endereço do
servidor (que vão te fornecer) a única regra para o arquivo é a linha começar com a palavra nameserver.
É comum configurarmos dois servidores DNS, pois se um falhar na resolução do nome, ou estiver fora do
ar, o outro assume automaticamente. Agora sim:
c Endereço IP
c Máscara de Sub-rede
c Endereço de Broadcast
c Endereço do Gateway
Como já temos todas as informações em mãos e sabemos que no nosso exemplo a interface a ser
configurada é eth0, ao abrirmos o arquivo vamos remover qualquer linha que faça referência à eth0 e
depois acrescentar o seguinte conteúdo:
auto eth0
iface eth0 inetd static
network 192.168.0.0
address 192.168.0.2
netmask 255.255.255.0
broadcast 192.168.0.255
gateway 192.168.0.1
Pronto, fique atento para não errar nenhuma palavra chaves, qualquer erro neste arquivo fará com que a
rede não funcione. Vamos explicar cada linha:
c Auto eth0: Indica para o sistema que essa interface de rede deve ser configurada no boot
c Iface eth0 inetd static: Indica que a configuração da interface vai ser estática, ou seja, nós vamos definir
as configurações. No lugar da palavra static poderíamos colocar a palavra dhcp, assim a configuração
da rede seria obtida via DHCP caso você tenha um servidor deste tipo na rede, mas isso é outra história.
c Network: É a rede em que você está, no geral é o mesmo número de IP da sua máquina só que no final
# /etc/init.d/networking restart
Ao executar o comando acima o arquivo /etc/network/interfaces que configuramos será lido para que a
configuração de rede entre em vigor, se as informações contidas nele estiverem corretas a rede deve
estar funcionando, vamos testar com o ping:
Caso contrário teremos que abrir o arquivo novamente, descobrir onde está o erro e reiniciar o serviço de
novo para ver se a mudança corrigiu o problema.
c Ë Ë
Hoje em dia é meio raro configurar a rede máquina por máquina para que elas tenham comunicação
como fizemos acima, costuma-se utilizar um servidor DHCP que fornece essas informações
automaticamente para a máquina que solicitar. Esta solicitação costuma ser feita a cada boot, portanto,
não precisamos nos preocupar com quase nada, apenas dizer para o sistema que a configuração deve
ocorrer de forma automática. Tenha em mente que esta parte do capítulo não depende de nenhuma
configuração que fizemos quando definimos um IP fixo, na verdade você terá que optar por IP fixo ou
dinâmico (via DHCP). Atualmente o aplicativo cliente de DHCP, ou seja, o programa que vai solicitar os
dados da rede ao servidor e configurar a rede com estes dados recebidos é o dhclient, que no Debian faz
parte do pacote dhcp3-client. Sua utilização é bem simples, ao chamar o comando sem parâmetro
nenhum, como em:
# dhclient
Ele irá tentar buscar as configurações por DHCP em todas as placas de redes detectadas, se por outro
lado você quiser ser mais específico e forçar o dhclient a buscar as configurações direto usando uma
determinada placa você pode especificar o dispositivo como parâmetro, exemplo:
# dhclient eth0
Caso tenha um servidor DHCP na mesma rede as configurações serão obtidas e você pode testar o
funcionando utilizando o ping em algum site:
Não tem muito o que dar errado ao se utilizar o dhclient, em caso de problema você terá que se certificar
de que o servidor não está off-line e que toda a parte física da rede como cabos, hubs ou switchs estão
operando normalmente, além é claro de verificar com o ifconfig se sua placa de rede foi reconhecida.
Assim como a configuração do IP fixo, você precisa configurar o arquivo /etc/network/interfaces para
que a cada boot ele busque as configurações via dhcp, para isso abra o arquivo, remova qualquer
referência a interface que você deseja configurar (eth0 por exemplo) e deixe as configurações da
interface da seguinte forma:
auto eth0
iface eth0 inted dhcp
Somente isso, nada além. Bem mais simples do que a configuração do IP fixo. Só lembre que eth0 é um
exemplo, no seu caso pode ser eth1, eth2 ou algum outro nome, fique atento.
Abraços...
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