Sei sulla pagina 1di 18

1

HERMÉTICOS: CULTOS E OCULTOS

Maria de Fátima dos Santos Chianca 10.11.99

1.Introdução

Curiosamente, com o avanço das Ciências Humanas se tem


vislumbrado cada vez mais um retorno às tradições. E ao que tudo indica, a
astrologia tem sido a porta de acesso mais palpável para que se possa realizar
este resgate. Isto se deve principalmente à sua posição, considerada como
uma “arte régia”, pela sua grandiosa abrangência e pela sua poderosa síntese
metafísica, fazendo com que seu sistema de relações tenha servido como
código homo-analógico aos outros conhecimentos, encontrando-se a sua
contribuição na alquimia, medicina e nas artes divinatórias, como magia,
quiromancia, cartomancia, etc.
Este movimento de avanço associado ao de retorno é comum a todas as
formas de existência, como foi aprofundado pelo sociólogo Jacques Attali, em
La pensée Labirinte. Por sua vez, René Guénon (1) foi bem mais além, ao
escrever sobre a crise do mundo moderno aos olhos da tradição; ele mostrou
como a idéia de desenvolvimento na tradição, difere dessa idéia simplista, em
linha reta e sentido único. A tradição encara em todas as coisas, duas
tendências opostas e complementares, uma descendente e outra ascendente,
uma centrífuga e outra centrípeta. São fases da manifestação, uma de
afastamento do princípio, outra de retorno ao princípio, simbolicamente
comparadas aos movimentos do coração ou às duas fases da respiração. Essas
duas tendências agem simultaneamente mas em proporções diversas. Muitas
vezes em momentos extremamente críticos, quando a tendência descendente
está a ponto de se tornar definitiva, surge então uma ação especial no sentido
contrário, fazendo com que temporariamente se neutralize a situação.
No estudo etimológico da palavra “crise”, Antônio Carlos de Carvalho
(2) a identifica como parcialmente similar à palavra “julgamento”. Assim, a
fase que pode ser chamada verdadeiramente crítica, é aquela que conduz
imediatamente a uma solução, conseqüentemente é aquela que torna possível
emitir um juízo sobre os resultados obtidos.
Assim, tomando uma posição crítica sobre a produção da astrologia,
tentaremos nos aproximar deste diálogo ou confronto entre os dois
movimentos do trabalho evolutivo. Pois bem, diante da atual revolução
científica, a astrologia concorre com um dos seus maiores trunfos, ou seja, o
reconhecimento da existência de uma unidade absoluta no mundo e no
homem. Este aspecto tem ofuscado uma boa parte da mentalidade científica
nestes dois últimos séculos.
2

2. A unidade transhistórica e transcultural da astrologia


O patrono da astrologia, o deus Urano, a divindade fundadora do
Panteon, expressa, na mitologia, a atitude mais “ilógica”: estando apenas
preocupado com a geração, jogava seus filhos no abismo. Urano com Gaia (a
Terra) gerou Saturno, na primeira fase do Olimpo. Saturno, por sua vez,
castrou Urano e passou a governar, sendo em seguida deposto por Zeus, que
permaneceu no poder. Como a era de aquário, que estamos adentrando, tem
Urano em proeminência, espera-se uma revolução no plano das idéias e dos
ideais para este novo milênio. Mas, a partir de uma leitura do mito de Urano,
percebe-se que o criador, o revolucionário, é a própria fonte ou origem. Este
símbolo tem mantido viva a expectativa do aspirante em “beber na fonte“,
como necessidade de percurso para todo invento. Sob o ponto de vista da
observação do movimento celeste, a “precessão dos equinócios”, responsável
pela passagem das eras, ocorre em processo de retrogradação, ou seja, passa
do signo de peixes, para o seu anterior, o signo de aquário. Neste sentido
também repete-se a orientação do retorno às origens. Isto naturalmente indica
um papel que a astrologia pode exercer, contribuindo para o avanço filosófico
das ciências. No mínimo, a astrologia poderia restituir a perdida visão do unus
mundus, como pensou Gilbert Durand (3)

3. A ruptura da episteme no século XVII


O pensador Michel Foucault (4), em sua investigação arqueológica das
ciências humanas, mostrou como no início da idade clássica, por volta de
meados do século XVII, neste período chamado barroco, houve uma grande
descontinuidade na epistémê da cultura ocidental. A similitude deixa de ser
uma forma do saber para ser ocasião do erro. O princípio da semelhança
conduzia a exegese e a interpretação dos textos, a pintura imitava o espaço, e
a representação se dava como repetição. A partir de então é tecida toda crítica
possível sobre os parentescos ilusórios do barroco, “o tempo privilegiado do
trompe l’oeil”, o tempo em que as metáforas, as alegorias definem o espaço
poético da linguagem.
Com a crítica cartesiana, a semelhança é excluída como experiência
fundamental e forma primeira do saber. A partir de então, tudo deve ser
analisado em termos de identidade e de diferença, de medida e de ordem.
Descartes não exclui do pensamento racional o ato da comparação, mas ao
contrário, universaliza-o. A partir de então a ordenação do mundo, antes
revelada através da comparação, se fará de acordo com a ordem do
pensamento, indo do mais simples ao complexo. “Daí toda a epistémê da
cultura ocidental se acha modificada em suas disposições fundamentais, e em
particular o domínio empírico, onde o homem do século XVI via ainda
estabelecerem-se os parentescos, as semelhanças e as afinidades; onde se
entrecruzavam sem fim a linguagem e as coisas; todo esse campo imenso vai
assumir uma configuração nova. Podemos... designá-lo pelo nome de
3

racionalismo; podemos, se não tivermos na cabeça senão conceitos prontos,


dizer que o século XVII marca o desaparecimento das velhas crenças
supersticiosas ou mágicas e a entrada, enfim, da natureza na ordem científica”
(p. 69,70)

4. Declínio da razão intuitiva no pensamento intelectual


René Guénon, grande conhecedor da metafísica, afirma que após o
declínio da intuição intelectual e a eleição da razão como a faculdade humana
privilegiada na parte superior da inteligência se inicia um movimento onde a
razão seria cada vez mais reduzida a um papel meramente prático. E ainda
segundo Guénon, seriam estas aplicações práticas o que mais interessava ao
próprio Descartes. Com a negação do intelectual, faculdade essencialmente
supra-individual, e da Metafísica, que constitui o domínio próprio desta
intuição, tudo recai ao “físico”, à natureza, consequentemente, ao
“naturalismo”. Seguindo este filão de pensamento, tudo o que está para além
da natureza, está fora do alcance do indivíduo, levando por fim ao
individualismo, e com ele ao “relativismo” de toda sorte, seja o “criticismo”
de Kant, ou o “positivismo” de Auguste Comte. (p. 98). Na verdade, Guénon
atribui a grande influência do cartesianismo ao fato de ter sido a consciência
mais clara de um espírito moderno, o produto resultante de todo um trabalho
latente e difuso, cujas raízes remontam a muito mais longe. A Renascença e a
Reforma são mais a conclusão da ruptura com a Tradição que a provocação
dos tempos modernos. (p.100)(5)

5. A documentação astrológica e as concepções do mundo


Eugénio Garin (6), por sua vez, encontra na astrologia a documentação
exemplar para compreender este momento de ruptura, ao analisar a polêmica
sobre a astrologia do século XIV ao século XVI. Naquele momento de crise
de antigas concepções de mundo, a astrologia era uma concepção global do
todo, o debate sobre os seus temas conseguiu cobrir toda a atividade humana,
tratando-se portanto de um ensaio histórico excepcional. Sendo assim, esta
discussão contribui para focalizar a recíproca função das visões do mundo e
das pesquisas específicas e concretas, e a complexa e ambígua natureza das
próprias posições astrológicas.
No próprio tema RENASCER, Garin, identifica raízes astrológicas,
“...quer olhemos para as idéias-força que agiram desde as origens deste
movimento de cultura que aparece sob o nome de Renascimento, quer
reflitamos sobre a tomada de consciência, que houve muito cedo da parte dos
humanistas, das características da sua época (“a consciência do
renascimento”), encontramos constantemente perante motivos e concepções
astrológicas”. “Revoluções” ,“renascimentos”, são conceitos de carácter
cíclico, da alternância de períodos recorrentes nas mutações astrais,
extensivos ao mundo humano, às culturas e às civilizações, aos ritmos e às
4

religiões...( 7). Concorria para a expectativa, no Ocidente, de acontecimentos


decisivos, ao lado dos fatos históricos críticos que alimentavam medos,
esperanças, profecias, a famosa e sempre presente Teoria das grandes
conjunções. Esta teoria atribui uma estreita ligação entre alguns fenômenos
celestes e grandes mutações na história da humanidade. Desde o Timeu, de
Platão, encontra-se alusões a este tipo de sinalização celeste. Afirma-se que
esta doutrina foi sistematizada por Alkindi (De magnis coniunctionibus) e
exposta sobretudo por Albumasar (falecido em 886), astrólogo árabe, nascido
em Bagda, onde realizou importantes observações celestes. Seu livro, "As
Flores da Astrologia" consiste numa das primeiras obras impressas, sendo um
dos maiores responsáveis pela expansão da astrologia no Ocidente. Na
verdade o "tema das grandes conjunções" tem sido o maior responsável pelas
polêmicas e perseguições da astrologia, pois vai de encontro à relação de
liberdade e fatalidade, aos princípios religiosos, e tem dado margem a erros
em muitas aplicações. Como por exemplo, o célebre “pânico do ano mil”, as
previsões de João de Toledo, em 1179.
Neste ano de passagem de milênio esta teoria astrológica voltou a ser
objeto para noticiários, movimentando seitas alarmistas, e por fim
comprovando para muitos sua ilegitimidade científica. Desta vez, foram os
casos do costureiro e vidente Paco Rabane e a também da astróloga, ex- miss
França e manequim, Elizabeth Tessier, os maiores responsáveis pelas
sensacionais previsões, de que uma Estação Espacial, iria desabar sobre o céu
de Paris, justamente durante o momento do eclipse solar de 11 de agosto. A
imprensa francesa atribuiu aos impostores o interesse pelos lucros das vendas
dos livros que ambos lançaram, mas seria este o motivo, ou apenas a firme
convicção de ambos em teorias mal elaboradas ?

Contudo, E. Garin procura demonstrar que não é verdadeiro o consenso


dos historiadores de que o Renascimento tenha operado dentro da astrologia a
separação entre o divinatório religioso e o crítico-científico. Ptolomeu, (no
século I) ao introduzir o Tetrabiblos, já dividia a astrologia em duas partes: a
primeira que estuda a configuração e o movimento dos planetas, luminares e a
segunda que procura conjecturar os acontecimentos do mundo físico com base
nas qualidades das configurações. Considera Ptolomeu que a primeira é
autônoma enquanto que a segunda é dependente da primeira, remetendo
inclusive a Almagesto por este ter sistematizado a astrologia matemática. E.
Garin, repele a idéia de uma ruptura precisa no Renascimento, entre a
moderna astronomia e a astrologia medieval. Ele considera necessário ter em
conta a “larguíssima dimensão, nas origens da cultura moderna, dos temas
astrológicos, mágicos e herméticos, e da sua duração nas formas mais
variadas, ...da arte, ... da nova ciência.” (8), como prelúdio para uma
investigação mais adequada, cita uma correspondência, em 1642, de
Bonaventura Cavalieri, a Evangelista Torricelli, discípulos de Galileu, onde o
5

primeiro em tom melancólico desabafa sobre o descaso do público pelas


ciências físico-matemáticas, e do seu pouco êxito no campo prático. “Os
pobres matemáticos e maiores da geometria... nem sequer sonham com a
gloriosa fama dos técnicos da adivinhação estelar.” Sendo a ciência
matemática “estéril de aplicações práticas aos casos da vida, não tem qualquer
ressonância. Convém então,..., adaptar-se à opinião e aos pedidos da maioria,
e fazer horóscopos e vaticínios, conservando para si, pelo próprio fim, e para
aqueles que amam mais o saber que o parecer, a ciência rigorosa.
... Lendo, enfim, esta resignada, e desconsolada capitulação dos
cientistas de tão grande relevo do século XVII, tem-se a impressão de que,
pelo menos no plano da opinião pública e do costume, e talvez ainda no das
aplicações práticas, das crenças e da vida moral, acabou numa derrota a
polêmica anti-astrológica sobre a qual, cerca de três séculos antes, se tinha
aberto o humanismo nascente...” (9). Este dado indica que não foi através de
mudança radical que venceu a ciência moderna. As obras de humanistas e
astrólogos, como Pietro d‟Abano e Pomponazzi, Ibn Ezra e Galileu
mostraram-lhe que “muitas vezes, na mesma página, refinadas teorias e
ousadas experimentações se apoiam, e se combinam, com evidentes instâncias
religiosas, e com ecos de crenças primitivas, enquanto a oração se conjuga
com a experiência. Assim, o poeta e o escultor, o pintor e o arquiteto,
transfiguram involuntariamente fragmentos de remotas visões do universo”.
(p.32)
Michel Foucault, também confirma que o projeto das “Magias
naturais”,( por exemplo, Le grand Kalendrier et compost des Bergiers avec
leur Astrologie et plusieurs aultres choses - de 1493 a 1510, foi reeditado dez
vezes ) que ocupa um amplo lugar no final do século XVI e se alonga até
plenos meados do século XVII, foi ressuscitado (como diz Campanella)-
porque a configuração do saber remetia às similitudes e a forma mágica era
inerente à maneira de conhecer..., porém em paralelo havia o projeto
enciclopédico, surgido no fim do século XVI ou nos primeiros anos do século
seguinte, cuja finalidade não foi refletir o que se sabe no elemento neutro da
linguagem mas de reconstituir, pelo encadeamento das palavras e por sua
disposição no espaço, a ordem mesma do mundo...p.54

6. Moderno-pós-Moderno

Depois que Descartes dissociou o sujeito enviando-o à metafísica e o


objeto relevado ao único conhecimento científico, após 300 anos com a regra
da objetividade, foi adotada neste século que toda experimentação comporta
uma interferência do sujeito e do objeto do conhecimento. O retorno do
sujeito, para retomar uma expressão de Edgar Morin. Uma relação entre o
sujeito e os objetos, como a verdadeiro conhecimento, é como chama Jean
Piaget. A afirmação das diferenças que se assiste hoje em dia. A segunda
6

consequência é o egocentrismo do sujeito, a necessidade da ciência de tomar


em conta a existência de uma natureza legítima de uma visão de mundo
antropocêntrica e subjetiva. Com as ciências tradicionais a astrologia restitui à
realidade sua dupla visão visível e fenomênica.

Com a advento da etnologia e a antropologia, numerosas sociedades


fundadas sobre tradições, com conceitos de mundo coerentes e seculares,
revelaram uma estrutura mental diferente e isto tem balançado o
eurocentrismo. A emergência das civilizações tradicionais, se apresenta como
uma descolonização do espírito, com ela uma queda de identidade, se
manifestando no “terceiro mundo” com a reivindicação de mentalidades e
valores específicos. Por outro lado, a busca do passado e das tradições, com
seus conceitos de mundo, traz a chave e convida o ocidental a tomar conta das
suas diferenças, despertando a atenção à sabedoria proveniente dessas
tradições, principalmente aquelas chamadas “ocultas”, cujos estudiosos vêm
trabalhando à sombra, principalmente à partir do século XIX, para restaurar a
sua dignidade de Ciência Tradicional.
Diante das verdades absolutas, a teoria da relatividade de Einstein
introduziu o senso de relatividade de todo conhecimento e a idéia das ciência
diante desse fato, se transformou. Evolui se tornando “biodegradável”, como
diz Edgar Morin. É então o fim da verdade absoluta.

A crise da unidade
Sobre a crise de unidade que a ciência atravessa e a sua busca neste
sentido, Jean Piaget mostrou que paralelamente a este processo de inevitável
esfacelamento do conhecimento em disciplinas cada vez mais especializadas,
se desenvolveu um outro movimento em sentido contrário, a partir das
ciências exatas, por duplas, como física - matemática, fisico - química e
depois nas ciências humanas, a bio-psicologia, ou a socio-linguística. Há um
movimento que pouco a pouco, tem descoberto a unicidade de seu objeto - a
natureza, o homem, a sociedade. A própria necessidade do trabalho
interdisciplinar, tem levado à busca de um modelo transdisciplinar. A
tendência lógico matemática buscou elaborar uma linguagem que fosse
comum a todas as ciências, fundando um conjunto de estruturas e de sistemas.
Os animadores do Circulo de Viena emigrados aos Estados Unidos, criaram a
Harvard, um Instituto para a Unidade da Ciência, que criou a Encyclopedia of
United Science; o biologista Lugwig von Bertalaffy elaborou uma Teoria
Geral dos Sistemas, terminando por chegar aio conceito de
transdiciplinaridade que designa esta nova fase da revolução científica
contemporânea.
A história da ciência é atravessada por grandes unificações
transdisciplinares onde se destacam Newton, Maxwell, Einstein, Copernico,
Kepler. Emerge então um outro paradigma, aquele da complexidade,
7

desenvolvida por Edgard Morin, na obra grandiosa O Método se opondo à


tendência redutora e simplificadora dos sistemas anteriores.
A procura dos neopositivistas e estruturalistas da unidade da ciência,
reporta à unidade perdida da Idade Média, onde o conhecimento era uno e as
disciplinas, eram como ramos de um mesmo tronco, com sua concepção de
um mundo teocêntrico, totalizante e onde as disciplinas como astrologia,
alquimia, maçonaria eram complementares e indissociadas. Só que “o
estruturalismo, o funcionalismo, a dialética, o enfoque sistêmico e quantos
mais modelos explicativos as ciências humanas têm proposto nos últimos
decênios não são mais do que aplicações parciais, fragmentárias e
mutuamente isoladas, de possibilidades intelectivas que, no corpo simbólico
da astrologia, são oferecidas todas de uma vez e organicamente integradas”,
(..) . A redução de todas as metodologias esparsas da ciência humana atual à
unidade da síntese tradicional é proposta pelo grande antropólogo Gilbert
Durand como saída para a atual “crise das ciências humanas” ( p.86 Astros e
simb.)

Assim, os movimentos que surgem, como o estruturalismo francês o da


análise sistemática, nos EEUU, mantêm um mesmo sentido. A idéia de
estrutura, que se define como constituída de relações que unem entre si
diferentes elementos de um conjunto. O conceito de sistema na sua acepção
atual acrescenta a idéia de movimento, dinâmica. Vê- se que estas duas idëias
já foram veiculadas nas mais antigas tradições, com uma terminologia
diferente estavam ocupados a estudar as relações entre si de diversos
elementos do cosmos e mostrando suas interações tanto na natureza
(macrocosmo) quanto no homem (microcosmo) consideradas como
totalidade. Essa idéia também foi partilhada pelo neoplatônico Jamblique. “O
mundo é um animal vivo, onde todas as partes, não importa a distância, são
ligadas entre si de uma maneira necessária”. Na tradição o modelo do sistema
é o próprio sistema solar, composto por um conjunto de elementos variáveis
em integração entre si segundo a lei gravitacional e a estrutura, o Zodíaco,
formado por um conjunto de elementos invariáveis, ao menos na escala da
observação humana. Ambos são fundados em dados perfeitamente objetivos,
fornecidos pela ciência exata, a astronomia, que determina o movimento e a
posição dos diversos elementos com precisão matemática. Considerando que
o que constitue como objeto mesmo e a finalidade de seus progressos para a
astronomia, não é para o astrólogo que um instrumento formal. Há a tendência
de privilegiar a sincronia desprezando a diacronia, para o astrólogo um é
inseparável do outro e os modelos pelos quais eles trabalham são modelos
dinâmicos, ou seja com verdadeiros sistemas transformacionais. (cf.
Astrologie et Sciences Humaines. “p. 222).

O problema da analogia, ciências da natureza e ciências humanas


8

A idéia de analogia de estrutura entre os diversos domínios da


realidade, mesmo que muito afastados no plano físico foi uma idéia imposta
pelas ciências da natureza ao longo da primeira metade do século, ganhando
rapidamente as ciências humanas. Sobre ela se funda a cibernética, que faz da
analogia uma "lógica da invenção”, e que aplica pela analogia o fundamento
de uma máquina àquele de uma empresa. No seio do MIT (Massachussets
Institut Technologic, EEUU) vão se desenvolver a análise sistêmica e a
dinâmica dos sistemas. Forrester estenderá tal análise ao mundo industrial, ao
desenvolvimento das cidades e enfim, à sociedade mundial. A analogia
conduzida pelo antropólogo Claude Lévi-Strauss, a partir de uma comparação
entre as estruturas de parentesco, da linguagem e de mitos, e referindo-se
também à cibernética, escreveu em 1962, que a análise estrutural e comparada
deve permitir compreender certas analogias fundamentais entre a
manifestação da vida em sociedades muito afastadas em aparência, umas das
outras, tais como linguagem, arte, direito, religião.
Uma das mais importantes revoluções no contexto do conhecimento
científico foi o desenvolvimento da semiologia (ciência dos signos ou das
significações), como consequência do lugar concedido em nossa época à
linguagem e à comunicação. Com Roland Barthes a disciplina ampliou a
preocupação apenas em classificar os sistemas e sinais de códigos,
procurando estabelecer as correlações entre fenômenos bem diversos como
modos de culinária, de vestimentas, ou ainda, mitos contemporâneos, e doutra
parte, os comportamentos psico-sociológicos. O estudo dos mitos conduz a
introduzir uma distinção tornada ocorrente entre denotação e conotação: há
uma relação plurivoca ou seja que cada significante sugere vários
significados, a idéia de simples relação deve ser substituida pela de complexo
sistema de significações. É bem neste segundo aspecto que versa a semiologia
que deve situar a astrologia.
A distinção introduzida por G-G. Granger entre a cibernética no nível
energético e no nível informacional, escrevendo a propósito da caracterologia,
“Ela deve considerar a personalidade menos como um sistema de forças e
segundo um modelo energético, assim como a tendência de fazer que como
um sistema de signos, segundo um modelo informacional. Se pode atribuir
esta remarca profunda à astrologia.
Astrologia e simbolismo, a análise dos astros é análoga à linguagem
poética, “lingua plurial” segundo Barthes. O astrólogo deve unir rigor do
sábio, à intuição do artista. E este conhecimento do mundo dos símbolos que
se encontra com o senso das analogias e correspondências em todos os
grandes poetas, de Dante a Goethe e aos romanticos alemãs, Hugo a
Boudelaire e aos simbolistas.
O modelo é de profunda originalidade pois é o único que oferece às
ciências humanas o princípio organizador de uma abordagem em tres níveis:
sistêmico, semiótico e simbólico.
9

O pensamento tradicional sempre associou estreitamente as duas idéias


de analogia e correspondências. Uma estrutura se define como um, conjunto
de relações entre os elementos que a compõem, a comparação entre duas ou
várias estruturas análogas encaminha à idéia de que existe entre elas
correspondências ou para melhor dizer, correlações. É um postulado de tais
correlações que se pode desenvolver. Assim como a cibernética e a análise
sistêmica ou antropológica .estrutural.

O modelo astrólogico traz também os estudos da personalidade. A


estrutura da personalidade tal como é vista no modelo, astrológico se
apresenta como um sistema aberto sobre o contexto. Os procedimentos que
conduzem o estudo de um tema são comparáveis a certos observação das
análises sistêmicas, que como se procede diretamente da cibernética.

E a terceira consequencia é que o mundo, ou mesmo o homem e a


sociedade não podem ter significação na medida onde eles são percebidos por
um sujeito, segundo um ato de conhecimento que estabelece uma relação
entre sujeito e seu objeto. Ora, a astrologia se situa exatamente na relação
entre homens e o conjunto de corpos celestes.

Astrologia: unidade na diversidade ou diversidade na unidade?

A erudição foi o tesouro que nos transmitiu a Antiguidade, a linguagem


vale como signo das coisas....P. 49
Uma observação da tradição, René Guénon, distinguir analogia e
correspondência. Analogias são verticais e correspondências são horizontais.

A questão do sistema das ciências, da organização do saber, interessa


diretamente à constituição científica da astrologia, que dela depende para
poder delimitar suas próprias subdivisões internas. Astrologia e epistemologia
aqui se confundem. Não é à toa que o modelo astrológico das esferas
planetárias e dos signos serviu de padrão para a estruturação do sistema das
ciências, como ocorreu com o sistema planetário das Artes Liberais ( uma
exposição sumária se encontra na obra de Dante Alighieri, O Convívio ), ou
das ciências religiosas no sufismo de Mohieddin Ibn‟Arabi (na Alquimia da
Felicidade Perfeita). Correspondências que ultrapassam a esfera de simples
analogia e penetra no campo das homologias estruturais rigorosas entre a
esquemática cognitiva humana e a “forma do céu”. Platão chegava a dizer que
os movimentos dos astros no céu são padrão por excelência parta organização
da inteligência, que por eles deve regrar-se. Este é um dos aspectos mais
elevados e difíceis da questão astrológica
10

A cosmovisão mítica antecedeu a interpretação astrológica. A cosmovisão


astrobiológica surge com a dissolução dos universos míticos de muitas tribos
primitivas, da África e da Ásia, com as suas integrações aos grandes impérios
da antiguidade( Egito, Babilônia).
Caracteres da cosmovisão mítica:
a) Integração entre a alma individual e a natureza circundante. Portanto
epifanias terrestres.
b) A individualidade difusa, fungível no ambiente, nos seres da natureza.
c) Espaço sacro. Tempo cíclico.
d) Coerência analógica como princípio explicativo universal.
e) Pensamento coletivista, autoritário e tribal.
Caracteres da cosmovisão astrobiológica:
a) Epifania astral.
b) Teoria.
c) Legalidade cósmica objetiva e universal.
d) Ciclos abertos.
e) Emergência da racionalidade individual.

A astrobiologia é a mãe da noção de lei, que funda o projeto de uma ciência


objetiva. O homem se liberta de uma autoridade mágica do grupo, e ao
mesmo tempo, é enquadrado na estrutura legal e administrativa do Império.
Uma coisa é a concepção de que os astros- deuses astrais- governam a vida na
Terra de um modo geral e como um todo; e outra coisa é o projeto de uma
ciência capaz de distinguir e individualizar as ações de vários astros sobre a
espécie e os individuos tomados isoladamente, e mais ainda de identificar o
lugar e o momento preciso em que esssas ações se desencadearão. Este
projeto é o que se chama, a astrologia propriamente dita. Exige que o conceito
genérico de influência astral se diferencie em gêneros, espécies, modos graus
e fases, para que se possa individualizar as ações dos corpos celestes.

O princípio que sustenta o edifício da astrologia, se baseia no


enunciado contido na Táboa de Esmeralda, atribuído a Hermes Trimegisto,
que afirma: “Assim como é em cima, é em baixo”. Ele recebe o nome de
princípio de correspondência, ou lei de analogia. Esta é a lei pela qual a
tradição montou um diálogo entre os dois planos da existência: o macrocosmo
e o microcosmo, o universo e o homem, o céu estrelado e a alma.
Provem do astrólogo e filósofo, Olavo de Carvalho(1), as seguintes reflexões:
Como conseqüência inexorável do princípio de Hermes, temos primeiramente
que considerar que a via para se conhecer o cosmos é a mesma via que se
realiza para se conhecer o homem e vice-versa, o caminho para se conhecer o
homem é o mesmo pelo qual se conhece o cosmos. Ou seja, o mundo do
homem, que envolve alma, cognição, sentimento, razão, palavra, reflete o
11

espetáculo celeste e é por sua vez, espelhado por ele. Existe portanto uma
relação proporcional entre o conhecimento do mundo exterior e do mundo
interior. Consequentemente, qualquer avanço em um dos sentidos sem levar
em consideração o outro, pode levar a perigosas distorções. Este princípio é
reconhecido na cosmologia mais avançada como princípio antrópico,
significando que o conhecimento do cosmos é o conhecimento tal como se
apresenta ao homem. Mais claramente falando, a nossa cosmografia imita a
nossa psiqué, e é por ela imitada. Este dado pode explicar como os místicos,
profundos conhecedores da alma, puderam intuir certas estruturas do universo
físico - seja do seu corpo ou de estrelas distantes - sem recorrer aos
telescópios, microscópios ou bisturis. Assim, o célebre conceito socrático
“Conhece-te a ti mesmo”, toma um alcance técnico e metodológico. Exigindo
um acerto no foco do observador, entre o processo interno a sua psiqué e a
imagem da realidade externa, devendo coincidir o centro de construção da
imagem com o centro do sujeito conhecedor. Este desacerto leva a uma
perspectiva falsa sobre fatos verídicos. Esta questão, chamada
antropomorfismo, foi criticada no século XIX, mas levando em conta que
qualquer modêlo adotado será inspirado em algo existente e percebido pelo
próprio homem, podemos afirmar que ou o conhecimento é antropomórfico
ou é falso.
Uma outra conseqüência fundamental ao princípio de correspondência é a
transcendência do ser. Pois, para que só é possível as duas imagens se
refletirem se existir algo comum que possa abranger a ambas. “Este ponto
comum, este eixo que articula a dupla imagem é dado na fórmula de Hermes,
pela palavra é . O ser é a instância superior “que origina, estatui, abarca e
governa o espelhismo da alma e do cosmos... Ser significa verdade, significa
realidade, significa também inteligibilidade. Pois se o Ser não fossa inteligível
a si mesmo lhe faltaria a plenitude da existência, ele estaria privado de uma
possibilidade, que é possibilidade de se conhecer. E se esta possibilidade não
se realizasse, haveria no ser uma possibilidade irreal, e o ser não seria ser.”
Assim, o autor conclui que se a inteligência humana reflete a alma e o cosmos
ao mesmo tempo, é porque ela não está limitada a nenhum deles, pois se
assim o tivesse não seria capaz de ver o outro. Assim, a inteligência humana
reflete o Ser. Tem a vocação de verdade, mesmo que não se realize sempre,
nem da mesma maneira, para todos os homens. “Mas ela só é plenamente
inteligência quando realiza essa vocação, quando transcende os domínios da
alma e do cosmos, do psíquico e do físico”.
12

O fato astrológico se define através da existência comprovada de uma


correlação qualquer entre uma configuração celeste determinada e um evento
terrestre - ou conjuntos de eventos- determinado. Como exemplos de fatos
astrológicos podemos citar:
a) A correlação entre configurações astrais e nascimento dos indivíduos e a
sua escolha de profissão; esta correlação foi estabelecida estatísticamente
por Michel Gauquelin.
b) A correlação entre configurações celestes ( particularmente conjunções
planetárias) e o comportamento químico de metais em estado coloidal;
estabelecida por Kolisko.
A comprovação de sua existência, estabelece o objeto material que justifica
reivindicação de uma ciência para estudá-lo, esta ciência é a astrologia. O
objeto material comprovado justifica a legitimidade de uma ciência mas não
ainda os seus métodos nem seus resultados.
Como conseqüência da definição de astrologia, verifica-se que ela parte de
dados astronômicos (configuração celeste) e os compara com eventos
terrestres. É portanto uma ciência comparativa. Nesta comprovação, um dos
elementos permanece constante, enquanto o outro- os eventos terrestres- são
uma multidão indefinida, o que exige uma seleção em cada caso. A astrologia
é sempre astronomia comparada com alguma coisa. O objeto da astrologia
não é um dado, mas um constructo lógico. Para cada zona de fenômenos
terrestres considerada, é preciso especificar esse objeto num novo constructo.
A consisiteência ontológica da zona considerada delimita o campo da
astrologia que será estudada. Assim, haverá vários objetos formauis da
astrologia em suas diferentes especialidades.
Como os eventos terrestres são em multidão indefinida, sua divisão
corresponderá à divisão do saber, isto é com o sistema das ciências. A
astrologia compara configurações celestes a fatos terrestres já distintos,
formalizados e organizados por alguma ciência. Como por exemplo a relação
entre astros e caráter humano é astronomia comparada à psicologia. Entre os
astros e os eventos políticos é uam comparação entre astronomia e história, ou
ciência política, ou sociologia, dependendo de esquema se conceitos já
prontos nestas ci6encias. É portanto uma ciência da ciência, dosde resulta a
necessidade de delimitar artificialmente ( logicamente) o seu objeto e campo.
Há portanto uma extensão necessária de métodos e objetos, segundo o
enfoque de cada ciência.

A perspectiva universitária

Em torno do ano 1000, as tribos resolveram unificar o saber,


Os centros do saber antigo: escolas de filosofia na Grécia, medicina na India,
literatura e arte na China. A Universidade tal como se apresenta hoje,
conferindo grau, com pelo menos uma escola profissional anexa, surgiu em
13

Bolonha, Itália, em 1088. Primeiro o Direito Romano, em seguida a


universidade de Paris, e a de Oxford.
O estudante medieval necessariamente passava por quatro fases,
respectivamente: fase de cópia; fase de compilação ou informação, fase de
exposição ou resumo; e fase exposição das idéias próprias. A primeira fase
passava de 6 a 10 anos e permitia ao aluno de aprofundar nas grandes áreas
filosóficas como Platão e Aristóteles. Na segunda fase o aluno já estava
preparado para compilar ou informar. Em seguida vinha a fase de resumo e
exposição de algum tema que o obrigava a reunir várias obras paras uma
exposição suficiente. Finalmente a quarta fase onde o aluno estava apto a
expor a suas idéias de forma coerente, profunda e original.
No ápice das Universidades medievais, a vida cultural coincidia
plenamente com a vida na Universidade. A Escolástica significa filosofia da
escola. Duas características davam à camada intelectual uma unidade
imbatível, consequentemente uma unidade de Doutrinas filosóficas, além da
proximidade entre os integrantes, e uma comunicabilidade fértil. Havia um
mesmo contexto psíquico e semântico. Outro fator responsável pela coesão
intelectual é a formação comum pelas Artes Liberais - o Trivium e
Quadrivium - obrigatória para a cultura letrada. O Currículo do estudante
medieval começava com o aprendizado das Artes Liberais. Esta chave de toda
cultura durava seis anos. Todos estudantes portanto dominavam um vocábulo
comum.
O Trívium é o estudo da linguagem, ou „estudo das vozes”, compreende tres
ciências: Gramática, Retórica e lógica. Equivalendo analogicamente ao corpo,
alma e espírito (inteligência ). O Trivium permitia o domínio material do
discurso, a consciência do interlocutor e o sentido de responsabilidade pela
sequência dos juízos ( das causas às consequências) . O Trivium ensinava
basicamente a arte da interpretação. Após o Trivium o aluno entra no
Quadrivium, constituido das ciências de Aritmética, Geometria, Música e
Astrologia. O quadrivium estuda as “coisas”, os números.

Muitos sábios e filósofos, em várias épocas da história do ocidente, tiveram


sua atenção atraída ao fenômeno das influências astrais. Dentre estas teorias
clássicas destacamos as de Platão, Plotino, Jacob Boehme e Sto. Tomás de
Aquino, a mais completa e sistemática. Aborda a natureza das influências
astrais; sua ação sobre as várias faculdades orgânicas e psíquicas do homem:
seu alcance, a distinção entre elas e outros fatores determinantes no destino
humano.
Tomás de Aquino na Suma contra os Gentios, cap. LXXXII, diz: Deus
governa os corpos inferiores mediante os corpos celestes. No Cap. LXXXIV,
que Os corpos celestes não influem nos nossos entendimentos (intelecção).
No entanto, embora não sejam causas dos nossos entendimentos, os corpos
celestes podem influencia-los indiretamente.( através da imaginação).
14

LXXXV - Os corpos celestes não são causas de nossas volições e escolhas ,


que estão submetidas à apreensão inteligível. A influência dos corpos celestes
nos inferiores é de ordem natural, material. As virtudes e os vícios, que são
princípios de escolhas, não procedem da natureza, mas do costume. ( Arist.
Ética, Liv. II), no entanto podem ser causa ocasional, mudanças exteriores,
podem influir em nossas decisões. Podem ser causa de certos atos nos quais
não intervenham o intelecto e a vontade, como a loucura.
Embora a ciência divina (teologia), seja a primeira de todas as ciências, na
ordem natural, as ciências são anteriores, no que diz respeito a nós. Como diz
Avicena, Metafísica, a ordem própria desta ciência é que ela seja estudada
depois das ciências naturais, nas quais se explicam muitas coisas que se
manejam nesta ciência, como a geração, a corrupção, o movimento, e coisas
similares. A ciência divina deve ser estudada após a matemática, para que
adquira o conhecimento das substâncias separadas(os anjos).Ela necessita ter
o número e as classes das esferas celestes, o que não é possível sem a
astrologia, a qual por sua vez pressupõe toda a matemática.
Comentário de Sto. Tomás de Aquino sobre o livro da Trindade de A M. S.
Boécio,
é preciso instruir o homem no modo de pensar filosófico através da ciências
lógicas, nos capacitando a pensar silogisticamente, para numa discussão
sabermos distinguir o provável, do que é aceito como ceito por todos, do geral
ao particular. Não é fácil alcan sar uma ciência com o seu método próprio,
descuidando do método comum ou geral,. E, ..., conhecido o método comum,
se saiba discernir o modo próprio de cada matéria, já que é de sábios tratar
obter de cada coisa a certeza que ela consente.
A prova científica de que há realmente uma correlação entre os astros do céu
e os seres da terra, foi obtida curiosamente quando o Diretor do Observatório
de Paris querendo provar a ineficácia da astrologia, contratou um estatístico,
chamado Michel Gauquelin. Pesquisando 50 mil mapas de cartas natais,
objetivou verificar se o fato astrológico realmente existe, se o, indivíduo se
enfluencia diante de determinadas posições planetárias no dia do nascimento,
teria que ser comprovada estatísticamente. Ele selecionou tres profissões,
militar, ator e cientista representadas pelos planetas, marte, lua e saturno
respectivamente, na casa X, relativa à profissão.. A possibilidade negativa foi
de 1 para 8 milhões. Comprovando-se que o fenômeno da astrologia existe.

Gustav Jung foi o reintrodutor da astrologia na vida acadêmica.


A Suíça na década de 40 teve um ambiente propício por estar instalada
no ambiente cultural e científico a busca das ciências herméticas. Max Pfister
pesquisando sobre as pirâmides coloridas, Freud foi precursor na introdução
do método analógico e na admiração pelas mandalas. Pulver com os estudos
de grafologia. Fliess, precursos da Biorritmia moderna, O curso de astrologia
15

na Universidade e no Instituto de psicologia, de Zurique, proferidos pelo


astrólogo Fankhauser, transcorreram durante o ano de 1945 ao ano de 1955.
Discretamente, abriram bréchas para os cursos que sucessivamente foram
reintegrando a astrologia à Universidade, na Alemanha, holandesa, inglesa. A
francesa, a mais conservadora, permaneceu fiel ao decreto de Colbert,
ministro da educação de Luiz XIV e presidente da academia francesa, que em
17... solicitou o afastamento da astrologia das Universidades. Em 1974, sob a
influência do etnólogo Robert Jaulin, foi aberto um local para a astrologia na
Universidade francesa, no quadro de ciências humanas.
No Brasil, o psicólogo Juan Alfredo César Muller, ex-aluno de
Fankhauser em Zurique, é responsável pelo,curso de astrologia clínica
proferido na PUC. Foi por uma recomendação do próprio Jung que passou a
frequentar o curso de Fankhauser.
O astrólogo Olavo de Carvalho tem proferido cursos sobre as Artes
Liberais do Trivium e Quadrivium, através do Instituto de Artes Liberais, em
S.Paulo e Rio de Janeiro, e no Curso de Filosofia da Universidade do Rio.
São fundadas as academias de astrologia no país, à partir da década de
80, em Recife, a Academia Castor & Pólux, em ....., dirigida e administrada
pelo astrólogo Eduardo Maia, em salvador,.........No Rio, a Astrociência
Um movimento paralelo tem ocorrido com a expansão da literatura
sobre os assuntos esotéricos, cursos completos são editados e divulgados
através de Institutos ou diretamente do autor para a mídia. Programas na
Internete e TV a cabo, tem sido enfim aberto um campo propício para o
estudo e aprofundamento das ciências tradicionais, sem a participação da
instituição que autorga a oficialidade do saber, que é a Universidade.
Este percurso liberal que tomou o estudo e a pesquisa das artes
tradicionais tem levado a algumas preocupações dentro do âmbito dos
astrólogos. No II Congresso Internacional de Astrologia, no Rio uma das
temáticas foi a questão da oficialização da profissão do astrólogo. E para que
possa haver um documento de oficialidade é necessário ter o corpo das
disciplinas para a formação do astrólogo. No enquanto pela pluralidade das
aplicações e linhas de abordagens hoje em prática, se torna uma tarefa a se
fazer. Processo que dependerá do nível de organização da classe de
profissionais. Em Recife, o Sindicato dos Astrólogos..........., no Rio a sede da
SARJ- Sociedade dos Astrólogos do Rio de Janeiro.

Perspectiva espiritualista

em todas as tradições religiosas e nele uma promessa divina solene para se


conceder a graça, ou a permissão, de se ter acesso à verdade, de se religar. (
Fronteiras da Tradição, pag. 21 a 24).
A noção de religare está intrinsecamente ligada à de religião e a dessa última
à de revelação. O “momento culminante” da revelação, o instante em que se
16

“rasga o véu” e em que o segredo último se torna evidente é antecedido de de


grandes trabalhos, ou angustias, que irão provocar a purificação necessária e
seguido de eventos miraculosos, de beleza deslumbrasnte confirmando a
excepcionalidade do evento. ( como na tradição judaica o exílio do povo
judeu, antecedendo a revelação no monte Sinai ou as peregrinações de Buda
antes da Iluminação). Em seguida a verdade revelada se cobre novamente de
formas, (lingüísticas, artísticas, simbólicas...) que como um cofre que
conservará aquele instante privilegiado, “fora do tempo”. Este cofre é
religião. E a aspiração de todo religioso, particularmente místico, é reabrir
esse estojo para reviver o instante supra-temporal da revelação, sendo
arrebatado para fora do tempo, da mutação, extinguindo-se o sofrimento por
aquela verdade salvadora. Há portanto um movimento contrário do sentido
dos acontecimentos entre a Revelação fundadora e a realização mística
individual, a primeira a verdade se mostra a nós, na segunda nós é que somos
mostrados à verdade.
Voltando à idéia do estojo, a revelação é por natureza expansiva e este
corpo de manifestações sacrais que se alastra no tempo e no espaço, precisa
manter sua unidade, que é assegurada pelo caráter ininterrupto da transmissão
do ensino e da autoridade, de homem a homem, de gerasção a geração, de
nação a nação. É O fato das ciências tradicionais, como a astrologia, só nos
ter chegado de forma fragmentária, não reside na falta de informação, pois os
elementos que nos chegaram da astrologia helênica, babilônica, chinesa, e
inclusive egípcia, são mais do que suficientes para podermos reconstituir na
sua quase totalidade o corpo dessa ci6encia tal como era conhecida e
praticada na antigüidade. Com relação ao conhecimento tradicional, não se
pode falar em extinção, inclusive porque no Oriente, pois na Índia e os países
islâmicos, ela continua a ser praticada ininterruptamente em moldes
rigorosamente tradicionais e seus textos têm sido publicados no ocidente. O
que nos falta na astrologia não é a informação, á uma compreensão verdadeira
do intuito e do lugar dessa ciência. Sabemos muito sobre sua consistência
interna, mas ignoramos o seu lugar no sistema das ciências espirituais
tradicionais, pois não possuindo mais uma tradição viva e completa,
desconhecemos totalmente a existência - quanto mais a consistência - deste
sistema.
Se as ciências atuais organizam-se segundo as conveniências de uma técnica
destinada ao domínio material do mundo (inclusive na psicologia), o sistema
tradicional das ciências tem seu topo, o conceito e a meta de realização
espiritual. Diferenciando uma das outras, a maneira diferente de enfocar o
problema da realização espiritual, e sua disposição hierárquica corresponde á
maior ou menor proximidade dessa meta. O superior quer dizer mais direto o
conhecimento de Deus que ela oferece, e inferior na medida em que este
conhecimento é mais indireto, simbólico e alusivo. A ciência do rito é
superior à ciência natural, pois esta ultima se realiza através do simbolismo,
17

de maneira teórica e virtual.. Por outro lado, a astrologia, puramente


intelectual e teórica da natureza, é superior à ciência prática e operativa como
a arquitetura e a arte da guerra, pois a primeira permite uma atitude de
compreensão contemplativa, mais aparentada do conhecimento de Deus na
mística. Dentro deste sentido a única prática que interessa é a prática
espiritual que conduza ao pleno conhecimento da verdade e à realização
efetiva do dever inerente ao estado humano.
Falta então à astrologia o conhecimento de suas relações com a mística, isto é
com as técnicas de realização espiritual. Pois a aplicação prática da astrologia,
no campo da pura utilidade material (tanto as psicológicas, terapêuticas,
quanto as econômicas e sociais), lhes fornece uma índole teórica que não se
justifica em si mesma e sim nas suas aplicações e extensões que possam
permitir no campo das realizações espirituais.
Um exemplo aplicativo dessas posições está na correspondência tradicional
entre planetas, funções cognitivas e planos de realidade. Em vários autores
tradicionais, como Ibn Arabi, cada planeta representa uma função cognitiva -
em termos escolásticos, uma faculdade da alma - e um plano ou nível do
cosmos. A cosmologia tradicional, da qual a astrologia é um resumo
simbólico, enxerga o cosmos como um sistema de planos, ou de esferas
concêntricas, cuja correta percepção só possível num domínio puramente
intelectual, percepção interior, dependerá do grau de concentração, santidade,
penetração intelectual de cada um, como uma graça alcançada. Existindo a
grosso modo, três planos principais: o do espírito, da alma e da corporalidade.
O primeiro contém o seguinte e este o terceiro dentro da seguinte relação: o
espírito é o principal, a mente obedece e o corpo acompanha. A alma humana
é também composta de esferas ( alma intelectiva, volitiva, etc...) abarcadas
umas pelas outras.A cada uma dessas esferas, simultaneamente do
macrocosmos e microcosmos corresponde uma esfera ou órbita planetária. No
esquema planetário, o sol, corresponde no microcosmo humano à faculdade
de intuição ou inteligência e no macrocosmo representa o Logos, ou
Inteligência Divina. Os demais astros representam no homem faculdades
subsidiárias que dependem da inteligência e a veiculam ou expressam.
As viagens celestes na simbologia tradicional, como vemos em Dante
Alighieri, na Divina Comédia, significa realizações espirituais, e a travessia
de cada esfera planetária simboliza, de um lado a ascensão a um nível
cósmico de maior universalidade, e de outro, a absorção de uma faculdade
cognitiva na intuição ou inteligência. A identificação com a inteligência que é
sua raiz e fonte permite que se passe a veicular a verdade de maneira mais fiel
e direta - este é o processo do religare. Se a compreensão do simbolismo de
cada esfera planetária só é possível dentro do processo de realização espiritual
de cada qual, e na medida dessa realização, tudo dependerá de nossa
possibilidade - ou vocação - de realização espiritual. O estudo da astrologia
ficará truncado ou insatisfatório, se não for cumprida essa parte, pelo menos
18

em certa medida mínima. E neste sentido, a astrologia é uma ciência dita


esotérica, na medida em que implica em realização espiritual.
Os ritos exotéricos são parte integrante desse processo de realização
espiritual, são parte indispensável na totalidade dos casos, estando o veículo
da prece presente a transmissão que se denomina tradição. , do verbo latino,
tradere, “trazer”, designando o que foi trazido por Deus e que continua sendo
trazido de homem a homem. A “misericórdia” é responsável pelo seu
alastramento e o rigor ( transmissão direta da autoridade, e inflexibilidade da
doutrina conservada ) assegura a fidelidade aos princípios originais. Para que
isto aconteça é também necessário o concurso de fatores “acidentais”, que são
de um lado a comunidade efetiva dos fiéis e de outro a estrutura de poderio
social gerada pela cultura sacra para prover as necessidades materiais da
coletividade e finalmente, os hábitos de culto e obediência por parte dos fiéis.
Tradição difere de seita na medida em que a atitude subjetiva de obediência e
devoção, viabilizada por uma estrutura de poderio ou influência social, não
tem a contrapartida objetiva de uma revelação cristalizada num corpo de
cultura sacra (dogmas, leis, comentários, obras de arte sacra, panteão de vida
de homens santos). Como um corpo de gordura e pele sem vida nem sangue.

Encaixando as peças ...

No Renascimento nascem as ciências experimentais, com o espírito de


livre exame, que se fundaram a partir da observação e experimentação das
práticas tradicionais. Assim a química e a alquimia, para um Paracelso,
astronomia e astrologia para um Kepler, não são que duas faces de um mesmo
conhecimento de mundo, uma se voltando para a exploração da natureza e a
outra em direção ao aperfeiçoamento do homem.
Porque um livro absolutamente pessimista chamado “Partículas
elementares” de um escritor francês Michel Houellebecq, conhecido como
maldito, “virou de cabeça para baixo o panorama literário francês” no ano
passado e se tornou a mais importante obra literária lançada na França desde a
eclosão do Novo Romance, sendo traduzido em 12 línguas e vendido mais de
300 mil exemplares ? no entanto, algumas utopias modernas como feminismo,
amor-livre e sociedades alternativas sofreram um ataque devastador. Para o
autor tudo vai mal neste final do milênio pela inaceitação da morte. Religião é
mais importante que política, ele elogiou Comte.

Potrebbero piacerti anche