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Público 7-5-09

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Lobby travou controlo das instituições de crédito nos EUA


07.05.2009, Ana Rita Faria
Para evitar uma regulação mais forte do sector, as 25 maiores instituições de crédito
de alto risco gastaram 277 milhões de euros com os políticos
Não é novidade nenhuma que os bancos e outras instituições de crédito estão por detrás da crise
económica actual, mas o que não se sabia é que a sua culpa, ou pelo menos responsabilidade, não
morre sozinha. Na última década, as 25 maiores instituições que "venderam" crédito de alto risco
(subprime) nos Estados Unidos gastaram quase 370 milhões de dólares (cerca de 277 milhões de
euros) em operações de lobby e donativos para as campanhas de políticos norte-americanos.
De acordo com um estudo divulgado ontem pelo Center for Public Integrity (CPI), uma
organização sem fins lucrativos constituída por jornalistas, o objectivo destas acções era evitar a
adopção de regras mais restritivas para o sector financeiro, que pudessem comprometer os altos
rendimentos obtidos com os produtos de alto risco.
"As suas contribuições políticas desenfreadas e o lobbying maciço criaram a falta de regulação e
vigilância que conduziu à crise", diz Bill Buzenberg, que conduziu a investigação do CPI. "Apesar
dos sinais, o Congresso, a Casa Branca e a Reserva Federal vacilaram, enquanto o desastre do
subprime se espalhava", conclui.
Estas revelações irão certamente incendiar o debate em torno da necessidade de endurecer a
regulação do sistema financeiro nos Estados Unidos. O assunto deverá saltar para primeiro plano
já hoje, visto que deverão ser divulgados os resultados dos testes de stress que o Governo norte-
americano está a aplicar os principais bancos do país.
Entre os maiores receptores de apoios das instituições financeiras entre 1994 e 2008 estiveram o
Democratic Senatorial Committee (que elege democratas para o Senado), o Democratic National
Committe (que governa o Partido dos Democratas), o Republican National Committee (que
governa o Partido dos Republicanos), o Democratic Congressional Campaign Committee (que
elege democratas para o Congresso) e a candidatura de Barack Obama a senador do Illinois.
No topo da lista de doadores está a Countrywide Financial. A instituição, hoje detida pelo Bank of
America, não só é responsável por empréstimos de risco no valor de 97 mil milhões de dólares
entre 2005 e 2007, como terá gasto 11 milhões de dólares em doações para campanhas políticas
em Washington entre 1999 e 2008.
Ligação aos bancos
De acordo com a investigação do CPI, a maioria das 25 instituições que concederam crédito de alto
risco está actualmente falida e era detida (ou fortemente financiada) pelos maiores bancos norte-
americanos, como o Citigroup, Goldman Sachs, Wells Fargo, JP Morgan e Bank of America. Além
disso, oito em cada dez das principais fontes de subprime tinham por detrás bancos que receberam
as ajudas de emergência do Governo norte-americano.
Em conjunto, as 25 maiores instituições responsáveis pela crise de subprime chegaram a gerir
activos de alto risco que totalizavam um milhão de milhão de dólares (750 mil milhões de euros)
entre 2005 e 2007 - quase três quartos do valor da indústria. Nove destas grandes instituições
actuavam na Califórnia. Este foi um dos estados mais afectado pelo colapso do sector imobiliário
que se seguiu à crise do subprime, em Setembro e Outubro de 2008, altura em que o Lehman
Brothers declarou insolvência.
A investigação conduzida pela CPI mostrou também que, entre 1994 e 2007, os norte-americanos
se foram afundando cada vez mais em dívidas, devido ao desenvolvimento do apetecível mercado
do crédito de alto risco.
Analisando mais de 350 milhões de créditos, o CPI concluiu que, em 1994, o valor médio de um
empréstimo (depois do ajustamento da inflação) era 120 mil dólares (90 mil euros) e que o
rendimento médio de quem contraía o crédito era 73 mil dólares. Isso mostrava que as pessoas
pediam empréstimos que chegavam a 165 por cento do seu salário.
A partir de 2000, estes números começaram a disparar. Em 2005, no pico da explosão do
subprime, o empréstimo médio tinha subido para 183 mil dólares, mas o rendimento tinha-se
mantido praticamente inalterado, ou seja, as pessoas endividavam-se até 246 por cento do que
ganhavam.
72%
As 25 maiores instituições que "venderam" empréstimos de alto risco representam cerca de 72 por
cento - ou um milhão de milhão de dólares - do total de créditos realizados entre 2005 e 2007.

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