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ELEMENTOS DE GEOMETRIA

EUCLIDES

PRIMEIRO LIVRO

DEFINIÇÕES
1. Um ponto é o que não tem partes.
2. Uma linha é um omprimento sem largura.
3. As extremidades de uma linha são pontos.
4. Uma linha reta é uma linha que está posta igualmente om os pontos sobre si mesma.
5. Uma superfí ie é o que tem apenas omprimento e largura.
6. As extremidades de uma superfí ie são linhas.
7. Uma superfí ie plana é uma superfí ie que está posta igualmente om as linhas retas sobre si
mesma.
8. Um ângulo plano é a in linação re ípro a de duas linhas que en ontram uma a outra em um
plano e que não estão em uma linha reta.
9. E quando as linhas ompreendendo o ângulo são retas, o ângulo é hamado retilíneo.
10. Quando uma linha reta levantada sobre uma linha reta faz os ângulos adja entes iguais entre
si, ada um dos ângulos iguais é reto e a linha reta levantada sobre a outra é hamada uma
perpendi ular à qual foi levantada.
11. Um ângulo obtuso é um ângulo maior que um ângulo reto.
12. Um ângulo agudo é um ângulo menor que um ângulo reto.
13. Uma fronteira é aquilo que é uma extremidade de alguma oisa.
14. Uma gura é o que está ompreendido por uma ou mais fronteiras.
15. Um ír ulo é uma gura plana ompreendida por uma só linha tal que todas as linhas retas que
aem sobre esta a partir de um ponto existente no meio da gura são iguais entre si.
16. E o ponto é hamado o entro do ír ulo.
17. Um diâmetro do ír ulo é qualquer linha reta traçada através do entro e que termina, em ambas
as direções, na ir unferên ia do ír ulo, e tal linha reta também bisseta o ír ulo.
18. Um semi ír ulo é uma gura ompreendida pelo diâmetro e a ir unferên ia ortada por ele. E
o entro do semi ír ulo é o mesmo que o do ír ulo.
19. Figuras retilíneas são as aquelas ompreendidas por linhas retas, sendo as guras triláteras
aquelas que são ompreendidas por três, quadriláteras aquelas que são ompreendidas por quatro,
e multiláteras aquelas que são ompreendidas por mais de quatro linhas retas.
1 Tradução de partes do livro The Thirteen Books of Eu lid's Elements, translated by Sir Thomas L. Heath para
uso nas dis iplinas Geometria I & II 2011 [15-03-2011℄. Prof. J.M. Mala arne, DMAT-UFES.
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20. Das guras triláteras, um triângulo equilátero é aquela que tem seus três lados iguais, um
triângulo isós eles a que tem somente dois lados iguais, e um triângulo es aleno a que tem os
três lados desiguais.
21. Além disso, das guras triláteras, um triângulo retângulo é a que tem um ângulo reto, um
triângulo obtusângulo é a que tem um ângulo obtuso, e um triângulo a utângulo é a que tem os
seus três ângulos agudos.
22. Das guras quadriláteras, um quadrado é a que é equilátera e retangular; um oblongo é a que
é retangular mas não é equilátera; um rombo é a que é equilátera mas não é retangular; e um
romboide é a que tem os seus lados e ângulos opostos iguais entre si mas não é nem equilátera
e nem retangular. E sejam todas as outras guras quadriláteras hamadas trapézios.
23. Linhas retas paralelas são linhas retas que, estando no mesmo plano e sendo produzidas inde-
nidamente em ambas as direções, não en ontram uma a outra em nenhuma direção.
POSTULADOS
1. Pede-se, omo oisa possível, que se possa traçar uma linha reta de qualquer ponto para qualquer
ponto.
2. E produzir uma linha reta nita ontinuamente numa linha reta.
3. E des rever um ír ulo om qualquer entro e distân ia.
4. E que todos os ângulos retos são iguais entre si.
5. E que, se uma linha reta, aindo sobre duas linhas retas, faz os ângulos internos de um mesmo
lado menores que dois ângulos retos, então as duas retas, se produzidas indenidamente, se
en ontram no lado no qual estão os ângulos menores que dois ângulos retos.
NOÇÕES COMUNS
1. Coisas que são iguais à mesma oisa são também iguais entre si.
2. E, se iguais são somados a iguais, os totais são iguais.
3. E, se iguais são subtraídos de iguais, os restantes são iguais.
4. E, oisas que se ajustam uma à outra são iguais entre si.
5. O todo é maior que a parte.
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LIVRO I. PROPOSIÇÕES

PROPOSIÇ O I.1
Construir um triângulo equilátero sobre uma linha reta nita dada.
Seja AB a linha reta dada. Assim, é requerido onstruir
um triângulo equilátero sobre a linha reta AB .
Com entro A e distân ia AB seja des rito o ír ulo BCD C
[Post.3℄; de novo, om entro B e distân ia BA seja des rito
o ír ulo ACE [Post.3℄; e a partir do ponto C , no qual os
ír ulos ortam um ao outro, sejam traçadas as linhas retas
D A B E
CA e CB até os pontos A e B [Post.1℄.
Agora, omo o ponto A é o entro do ír ulo CDB , então
AC é igual a AB [Def.15℄.
De novo, omo o ponto B é o entro do ír ulo CAE , então
BC é igual a BA [Def.15℄.
Mas foi provado que CA é igual a AB ; portanto ada uma das linhas retas CA, CB é igual a AB .
E oisas que são iguais a uma mesma oisa são também iguais entre si; portanto CA também é
igual a CB [N.C.1℄.
Portanto, as três linhas retas CA, AB , BC são iguais entre si.
Portanto o triângulo ABC é equilátero; e foi onstruído sobre a linha reta nita AB dada.
Sendo isso o que foi requerido fazer. [Quod erat fa iendum.℄
PROPOSIÇ O I.2
Colo ar em um ponto dado ( omo uma extremidade) uma linha reta igual a uma linha reta
dada.
Seja A o ponto dado, e BC a linha reta dada. Assim, é
requerido olo ar no ponto A ( omo uma extremidade) uma
linha reta igual à linha reta BC dada.
K
A partir do ponto A para o ponto B seja traçada a linha reta
AB [Post.1℄; e sobre ela seja onstruído o triângulo equilátero C
DAB [I.1℄. H
Sejam as linhas retas AE , BF produzidas em uma linha
reta om DA, DB [Post.2℄; om entro B e distân ia BC D
B
seja des rito o ír ulo CGH [Post.3℄; e de novo, om entro G
D e distân ia DG seja des rito o ír ulo GKL [Post.3℄. F
A
Em seguida, omo o ponto B é o entro do ír ulo CGH ,
então BC é igual a BG.
De novo, omo o ponto D é o entro do ír ulo GKL, então
DL é igual a DG. L
E nestes, DA é igual a DB ; portanto o restante AL é igual E
ao restante BG [N.C.3℄.
Mas foi também provado que BC é igual a BG; portanto ada uma das linhas retas AL, BC é
igual a BG.
E oisas que são iguais a uma mesma oisa são também entre si [N.C.1℄; portanto AL também é
igual a BC .
Portanto, no ponto A dado a linha reta AL foi olo ada igual à linha reta BC dada.
Sendo isso o que foi requerido fazer.
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PROPOSIÇ O I.3
Dadas duas linhas retas desiguais, obter da linha reta maior uma parte igual à linha reta
menor.
Sejam AB , C as duas linhas retas desiguais dadas, e seja AB a
maior delas. Assim, é requerido ortar da maior AB uma linha reta
C igual à menor C .
No ponto A seja AD posta igual a linha reta C [I.2℄; e om entro
D A e distân ia AD seja des rito o ír ulo DEF [Post.3℄.
Agora, omo o ponto A é o entro do ír ulo DEF , então AE é
E
B
igual a AD [Def.15℄.
A
Mas C também é igual a AD.
Portanto ada uma das linhas retas AE , C é igual a AD, de modo
F que AE também é igual a C [N.C.1℄.
Portanto, dada as duas linhas retas AB , C , a partir da maior AB
foi ortada AE igual à menor C .
Sendo isso o que foi requerido fazer.
PROPOSIÇ O I.4
Se dois triângulos têm dois lados respe tivamente iguais, e se os ângulos ompreendidos
por esses lados forem também iguais, eles também terão as bases iguais, os triângulos serão
iguais, e os ângulos restantes serão respe tivamente iguais, a saber, aqueles que subtendem
os lados iguais.
Sejam ABC , DEF dois triângulos tendo os dois lados AB ,
AC iguais aos dois lados DE , DF respe tivamente, a saber, AB
A D igual a DE e AC a DF , e o ângulo BAC igual ao ângulo EDF ;
digo que a base BC também é igual à base EF , o triângulo
ABC será igual ao triângulo DEF , e os ângulos restantes serão
respe tivamente iguais aos ângulos restantes, a saber, aqueles
que subtendem os lados iguais, isto é, o ângulo ABC será igual
B C E F ao ângulo DEF e o ângulo ACB ao ângulo DF E .
Pois, se o triângulo ABC é posto sobre o triângulo DEF ,
e se o ponto A é posto sobre o ponto D e a linha reta AB sobre a DE , então o ponto B também
oin idirá om E , porque AB é igual a DE .
De novo, oin idindo AB om DE , a linha reta AC também oin idirá om DF , porque o ângulo
BAC é igual ao ângulo EDF ; daí o ponto C também oin idirá om o ponto F , porque AC é
novamente igual a DF .
Mas B também oin ide om E , daí a base BC oin idirá om a base EF [Pois se, quando B
oin ide om E e C om F , e a base BC não oin ide om a base EF , duas linhas retas er am um
espaço: o que é impossível.
Portanto a base BC oin idirá om EF ℄ e serão iguais [N.C.4℄.
Assim, todo o triângulo ABC oin idirá om todo o triângulo DEF , e serão iguais.
E os ângulos restantes também oin idirão om os ângulos restantes e serão iguais, o ângulo ABC
ao ângulo DEF e o ângulo ACB ao ângulo DF E .
Portanto, et .
Sendo isso o que foi requerido provar. [Quod erat demonstrandum.℄
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PROPOSIÇ O I.5
Em triângulos isós eles os ângulos da base são iguais entre si, e, se as linhas retas iguais
forem produzidas, os ângulos sob a base serão iguais entre si.
Seja ABC um triângulo isós eles tendo o lado AB igual ao lado AC ; e sejam
as linhas retas BD, CE produzidas em linha reta om AB , AC [Post.2℄; digo
que o ângulo ABC é igual ao ângulo ACB , e o ângulo CBD ao ângulo BCE . A
Seja F um ponto tomado omo se queira sobre BD; seja ortado da linha
reta maior AE uma parte AG igual à linha reta menor AF [I.3℄; e sejam
traçadas as linhas retas F C e GB [Post.1℄.
Assim, omo AF é igual a AG e AB a AC , então os dois lados F A, AC são B C
iguais aos dois lados GA, AB , respe tivamente; e eles ompreendem um ângulo
omum, o ângulo F AG. F G
Portanto a base F C é igual à base GB , e o triângulo AF C é igual ao triângulo
AGB , e os ângulos restantes serão iguais aos ângulos restantes, respe tivamente, D E
a saber, aqueles que subtendem os lados iguais, isto é, o ângulo ACF é igual ao
ângulo ABG, e o ângulo AF C ao ângulo AGB [I.4℄.
E, omo o total AF é igual ao total AG, e nestes AB é igual a AC , então o restante BF é igual
ao restante CG.
Mas foi provado que F C é igual a GB ; portanto os dois lados BF , F C são iguais aos dois lados
CG, GB respe tivamente; e o ângulo BF C é igual ao ângulo CGB , enquanto a base BC é omum
aos dois; portanto o triângulo BF C também é igual ao triângulo CGB e os ângulos restantes serão
iguais aos ângulos restantes respe tivamente, a saber, os que subtendem os lados iguais; portanto o
ângulo F BC é igual ao ângulo GCB , e o ângulo BCF ao ângulo CBG.
Por onseguinte, desde que foi provado ser o ângulo total ABG igual ao ângulo ACF , e nestes o
ângulo CBG é igual ao ângulo BCF , então o ângulo restante ABC é igual ao ângulo restante ACB ;
e eles estão na base do triângulo ABC .
Mas também foi provado ser o ângulo F BC igual ao ângulo GCB ; e eles estão sob a base. Portanto,
et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O I.6
Se em um triângulo dois ângulos são iguais entre si, os lados subtendidos pelos ângulos
iguais também serão iguais entre si.
Seja ABC um triângulo tendo o ângulo ABC igual ao ângulo ACB ;
digo que o lado AB também é igual ao lado AC .
Pois, se AB é desigual a AC , então um deles é maior. A
Seja AB o maior; e do maior AB seja ortado uma parte DB igual ao
menor AC ; e seja DC traçada . D
Assim, omo DB é igual a AC , e BC é omum, então os dois lados
DB , BC são iguais aos dois lados AC , CB respe tivamente; e o ângulo
DBC é igual ao ângulo ACB ; portanto a base DC é igual à base AB , e
o triângulo DBC será igual ao triângulo ACB , o menor igual ao maior, o
que é absurdo. B C
Assim AB não é desigual a AC ; portanto são iguais. Portanto, et .
[Q.E.D.℄
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PROPOSIÇ O I.7
Dadas duas linhas retas onstruídas sobre uma linha reta (a partir de suas extremidades)
e que se en ontrem num ponto, não podem ser onstruídas sobre a mesma linha reta (a
partir de suas extremidades), e de um mesmo lado dela, outras duas linhas retas que se
en ontrem num outro ponto e que sejam iguais às duas primeiras respe tivamente, a saber,
a ada uma que tem a mesma extremidade que ela.
Pois, se possível, dadas duas linhas retas AC , CB onstruídas sobre a
linha reta AB e que se en ontrem no ponto C , sejam outras duas linhas
C retas AD, DB onstruídas sobre a mesma linha reta AB , no mesmo lado
D desta, e que se en ontrem num outro ponto D e iguais às duas primeiras
linhas retas formadas respe tivamente, a saber, a ada uma que tem a mesma
extremidade que ela, de modo que CA é igual a DA a qual tem a mesma
extremidade em A om ela, e CB a DB a qual tem a mesma extremidade
em B om ela; e seja CD traçada.
Então, omo AC é igual a AD, então o ângulo ACD também é igual ao
B
A ângulo ADC [I.5℄; portanto o ângulo ADC é maior que o ângulo DCB ;
logo o ângulo CDB é muito maior que o ângulo DCB .
De novo, omo CB é igual a DB , então o ângulo CDB também é igual ao ângulo DCB .
Mas também foi provado ser muito maior que ele: o que é impossível. Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O I.8
Se dois triângulos têm dois lados iguais a dois lados respe tivamente, e também a base igual
à base, então também os ângulos ompreendidos pelas linhas retas iguais serão iguais.
Sejam ABC e DEF dois triângulos tendo os dois lados AB ,
AC iguais aos dois lados DE , DF respe tivamente, a saber, AB é
A D G igual a DE , e AC a DF ; e tenham eles também a base BC igual à
base EF ; digo que o ângulo BAC também é igual ao ângulo EDF .
Pois, se o triângulo ABC é posto sobre o triângulo DEF , e se
o ponto B é posto sobre o ponto E e a linha reta BC sobre EF ,
então o ponto C também oin idirá om F , porque BC é igual a
C
EF .
F
B E
Assim, oin idindo BC om EF , então BA, AC também oin-
idirão om ED, DF ; pois, se a base BC oin ide om a base EF ,
e os lados BA, AC não oin idem om ED, DF mas aem ao lado destas tais omo EG, GF , então,
dadas duas linhas retas onstruídas sobre uma linha reta (a partir de suas extremidades) e se en on-
trando em um ponto, terão sido onstruídas na mesma linha reta (a partir de suas extremidades),
e no mesmo lado desta, duas outras linhas retas que se en ontram em outro ponto e iguais às duas
primeiras respe tivamente, a saber, a ada uma que tem a mesma extremidade que ela.
Mas estas não podem ser onstruídas [I.7℄.
Portanto, não é possível que, se a base BC é posta sobre a base EF , os lados BA, AC não
oin idam om ED, DF ; logo, eles oin idem, de modo que o ângulo BAC também oin idirá om o
ângulo EDF , e será igual a ele.
Se portanto, et . [Q.E.D.℄
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PROPOSIÇ O I.9
Bissetar um ângulo retilíneo dado.
Seja BAC o ângulo retilíneo dado. Assim, é requerido bissetá-lo.
Seja D um ponto arbitrário tomado sobre AB ; seja AE ortado a partir
de AC e igual a AD [I.3℄; seja DE traçada, e sobre DE seja onstruído o A
triângulo equilátero DEF ; seja AF traçada.
Digo que o ângulo BAC foi bissetado pela linha reta AF .
Pois, omo AD é igual a AE , e AF é omum, então os dois lados DA, AF
são iguais aos dois lados EA, AF , respe tivamente. D E
E a base DF é igual à base EF ; portanto o ângulo DAF é igual ao ângulo
EAF [I.8℄.
Portanto o ângulo retilíneo BAC dado foi bissetado pela linha reta AF . F
B C
[Q.E.F.℄

PROPOSIÇ O I.10
Bissetar uma linha reta nita dada.
Seja AB uma linha reta nita dada. Assim, é requerido bissetar a linha reta
nita AB .
Seja onstruído o triângulo equilátero ABC sobre ela [I.1℄, e seja o ângulo C
ACB bissetado pela linha reta CD [I.9℄.
Digo que a linha reta AB foi bissetada no ponto D.
Pois, omo CA é igual a CB , e CD é omum, então os dois lados AC , CD
são iguais aos dois lados BC , CD respe tivamente, e o ângulo ACD é igual ao
ângulo BCD; assim a base AD é igual à base BD [I.4℄. A D B
Portanto a dada linha reta AB foi bissetada em D. [Q.E.F.℄
PROPOSIÇ O I.11
Traçar uma linha reta que forme ângulos retos om uma linha reta dada a partir de um
ponto dado sobre ela.
Seja AB a linha reta dada, e C o ponto dado sobre ela. Assim, é
requerido que se tra e do ponto C uma linha reta que forme ângulos
retos om a linha reta AB . F
Seja D um ponto arbitrário tomado sobre AC ; faça CE igual a
CD [I.3℄; sobre DE seja onstruído o triângulo equilátero F DE
[I.1℄, e seja F C traçada.
Digo que a linha reta F C foi traçada formando ângulos retos om
a dada linha reta AB a partir do ponto C dado sobre ela.
Pois, omo DC é igual a CE , e CF é omum, então os dois lados A D C E B
DC , CF são iguais aos dois lados EC , CF respe tivamente; e a base
DF é igual à base F E ; portanto o ângulo DCF é igual ao ângulo ECF [I.8℄; e eles são ângulos
adja entes.
Mas, quando uma linha reta levantada sobre uma outra linha reta faz om que os ângulos adja entes
sejam iguais entre si, ada um dos ângulos é reto [Def.10℄; assim ada um dos ângulos DCF , F CE
é reto.
Portanto, a linha reta CF foi traçada formando ângulos retos om a linha reta AB dada a partir
do ponto C sobre ela. [Q.E.F.℄
8

PROPOSIÇ O I.12
Traçar uma linha reta perpendi ular a uma linha reta innita dada a partir de um ponto
dado que não está sobre esta.
Seja AB a dada linha reta innita, e C o ponto dado
que não está sobre ela; assim é requerido traçar a partir
F do ponto C uma linha reta perpendi ular à linha reta
AB dada.
Pois seja D um ponto arbitrário tomado sobre o outro
lado da linha reta AB , e om entro C e distân ia CD
seja des rito o ír ulo EF G [Post.3℄; seja bissetada a
C
linha reta EG em H [I.10℄, e sejam traçadas as linhas
retas CG, CH , CE [Post.1℄.
Digo que CH foi traçada perpendi ular à linha reta
H E B
A G
innita AB dada a partir do ponto C que não está sobre
ela.
D
Pois, omo GH é igual a HE , e HC é omum, então
os dois lados GH , HC são iguais aos dois lados EH , HC respe tivamente; e a base CG é igual à base
CE ; portanto o ângulo CHG é igual ao ângulo EHC [I.8℄ e estes são ângulos adja entes.
Mas, quando uma linha levantada sobre uma linha reta faz os ângulos adja entes iguais entre si,
ada um dos ângulos iguais é reto e a linha reta levantada sobre a outra é hamada uma perpendi ular
à qual foi levantada [Def.10℄.
Portanto CH foi traçada perpendi ular à linha reta innita AB dada a partir do ponto dado C
que não está sobre esta. [Q.E.F.℄
PROPOSIÇ O I.13
Se uma linha reta levantada sobre outra linha reta zer ângulos, fará ou dois ângulos retos
ou ângulos iguais a dois ângulos retos.
Pois seja qualquer linha reta AB levantada sobre a linha reta CD
fazendo os ângulos CBA, ABD; digo que os ângulos CBA, ABD são
E ou dois ângulos retos ou iguais a dois ângulos retos.
A Agora, se o ângulo CBA é igual ao ângulo ABD, então eles são
dois ângulos retos [Def.10℄.
Mas, se não, seja traçada a linha reta BE perpendi ular a CD a
partir do ponto B [I.11℄; portanto os ângulos CBE , EBD são dois
D B C ângulos retos.
Então, omo o ângulo CBE é igual aos dois ângulos CBA, ABE ,
seja o ângulo EBD somado a ada um; portanto os ângulos CBE , EBD são iguais aos três ângulos
CBA, ABE , EBD [N.C.2℄.
De novo, omo o ângulo DBA é igual aos dois ângulos DBE , EBA, seja o ângulo ABC somado
a ada um; portanto os ângulos DBA, ABC são iguais aos três ângulos DBE , EBA, ABC [N.C.2℄.
Mas também foi provado que os ângulos CBE , EBD são iguais aos mesmos três ângulos; e oisas
que são iguais a uma mesma oisa são também iguais entre si [N.C.1℄; portanto os ângulos CBE ,
EBD são também iguais aos ângulos DBA, ABC .
Mas os ângulos CBE , EBD são dois ângulos retos; portanto os ângulos DBA, ABC são também
iguais a dois ângulos retos.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
9

PROPOSIÇ O I.14
Se num ponto sobre uma linha reta, duas linhas retas que não estão de um mesmo lado
dela fazem om ela ângulos adja entes iguais a dois ângulos retos, as duas linhas retas
estarão em uma linha reta uma om a outra.
Pois em um ponto B sobre a linha reta AB , sejam as duas
linhas retas BC , BD, que não estão do mesmo lado e que fazem
os ângulos adja entes ABC , ABD iguais a dois ângulos retos; A E
digo que BD está em linha reta om CB .
Pois, se BD não está em linha reta om BC , seja BE em
uma linha reta om CB .
Então, omo a linha reta AB está levantada sobre a linha
reta CBE , os ângulos ABC , ABE são iguais a dois ângulos C B D
retos [I.13℄. Mas os ângulos ABC , ABD também são iguais
a dois ângulos retos; portanto os ângulos CBA, ABE são iguais aos ângulos CBA, ABD [Post.4,
N.C.1℄.
Seja o ângulo CBA subtraído de ada um; portanto o ângulo restante ABE é igual ao ângulo
restante ABD [N.C.3℄, o menor é igual ao maior: o que é impossível.
Portanto BE não está em linha reta om CB .
Do mesmo modo podemos provar que nem está om nenhuma outra linha reta, ex eto BD.
Portanto CB está em linha reta om BD.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O I.15
Se duas linhas retas se ortam, elas fazem ângulos verti ais iguais entre si.
Pois sejam AB , CD duas linhas retas que se ortam no ponto E ;
digo que o ângulo AEC é igual ao ângulo DEB , e o ângulo CEB ao
ângulo AED. A
Pois, omo a linha reta AE levanta-se sobre a linha reta CD
fazendo os ângulos CEA, AED, então os ângulos CEA, AED são E
iguais a dois ângulos retos [I.13℄. D C
De novo, omo a linha reta DE levanta-se sobre a linha reta AB
fazendo os ângulos AED, DEB , então os ângulos AED, DEB são
iguais a dois ângulos retos [I.13℄. B
Mas também foi provado que os ângulos CEA, AED são iguais
a dois ângulos retos; portanto os ângulos CEA, AED são iguais aos ângulos AED, DEB [Post.4,
N.C.1℄.
Seja o ângulo AED subtraído de ada um; portanto o ângulo restante CEA é igual ao ângulo
restante BED [N.C.3℄.
Do mesmo modo pode ser provado que os ângulos CEB , DEA também são iguais.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
[COROLÁRIO: A partir disso é manifesto que, se duas linhas retas se ortam, elas farão
os ângulos no ponto de seção iguais a quatro ângulos retos.℄
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PROPOSIÇ O I.16
Em qualquer triângulo, se um dos lados é produzido, o ângulo externo é maior que ada
um dos ângulos internos e opostos.
Seja ABC um triângulo, e seja o seu lado BC pro-
duzido para D; digo que o ângulo externo ACD é maior
A F que qualquer um dos ângulos internos e opostos CBA,
BAC .
Seja AC bissetado em E [I.10℄, e seja BE traçada
E
e produzida numa linha reta para F ; seja EF feita igual
a BE [I.3℄, seja F C traçada [Post.1℄, e seja AC pro-
duzida para G [Post.2℄.
Então, omo AE é igual a EC , e BE a EF , os dois
lados AE , EB são iguais aos dois lados CE , EF , res-
B C D pe tivamente; e o ângulo AEB é igual ao ângulo F EC ,
porque eles são ângulos verti ais [I.15℄.
Portanto a base AB é igual à base F C , e o triângulo
G
ABE é igual ao triângulo CF E , e os ângulos restantes
são iguais aos ângulos restantes, respe tivamente, a saber, aqueles que subtendem os lados iguais
[I.4℄; portanto o ângulo BAE é igual ao ângulo ECF .
Mas o ângulo ECD é maior que o ângulo ECF [N.C.5℄; portanto o ângulo ACD é maior que o
ângulo BAE .
Do mesmo modo, se BC é bissetado, também pode ser provado que o ângulo BCG, isto é, o ângulo
ACD [I.15℄, é maior que o ângulo ABC .
Portanto, et . [Q.E.D.℄

PROPOSIÇ O I.17
Em qualquer triângulo, dois ângulos tomados juntos omo se queira, são menores que dois
ângulos retos.
Seja ABC um triângulo; digo que dois ângulos quaisquer
do triângulo ABC , tomados juntos omo se queira, são me-
A nores que dois ângulos retos.
Pois seja BC produzida para D [Post.2℄.
Então, omo o ângulo ACD é um ângulo externo do tri-
ângulo ABC , ele é maior que o ângulo interno e oposto ABC
[I.16℄.
B C D Seja o ângulo ACB somado a ada um; portanto os ân-
gulos ACD, ACB são maiores que os ângulos ABC , BCA.
Mas os ângulos ACD, ACB são iguais a dois ângulos retos [I.13℄.
Portanto, os ângulos ABC , BCA são menores que dois ângulos retos.
Do mesmo modo pode ser provado que os ângulos BAC , ACB também são menores que dois
ângulos retos, bem omo os ângulos CAB , ABC .
Portanto, et . [Q.E.D.℄
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PROPOSIÇ O I.18
Em qualquer triângulo o maior lado é subtendido pelo maior ângulo.
Pois seja ABC um triângulo tendo o lado AC maior que AB ;
digo que o ângulo ABC também é maior que o ângulo BCA.
Pois, omo AC é maior que AB , faça AD igual a AB [I.3℄, A
e seja BD traçada.
Então, omo ângulo ADB é um ângulo externo do triângulo D
BCD, ele é maior que o ângulo interno e oposto DCB [I.16℄.
Mas o ângulo ADB é igual ao ângulo ABD, pois o lado AB
é igual ao lado AD; portanto o ângulo ABD também é maior B C
que o ângulo ACB ; portanto o ângulo ABC é muito maior que
o ângulo ACB .
Portanto et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O I.19
Em qualquer triângulo o maior ângulo subtende o maior lado.
Seja ABC um triângulo tendo o ângulo ABC maior que o ângulo BCA; digo
que o lado AC também é maior que o lado AB .
Pois, se não, AC é ou igual a AB ou menor. A
Agora, AC não é igual a AB ; porque o ângulo ABC seria também igual ao
ângulo ACB [I.5℄, mas ele não é; portanto AC não é igual a AB .
Nem é AC menor que AB , porque o ângulo ABC seria também menor que o
ângulo ACB [I.18℄, mas ele não é; portanto AC não é menor que AB . B
E foi provado que também não é igual.
Portanto AC é maior que AB .
Portanto, et . [Q.E.D.℄
C
PROPOSIÇ O I.20
Em qualquer triângulo, dois lados tomados juntos omo se queira, são maiores que o
restante.
Pois seja ABC um triângulo; digo que no triângulo ABC dois lados
tomados juntos omo se queira são maiores que o restante, a saber: BA,
AC maior que BC ; AB , BC maior que AC ; BC , CA maior que AB . D
Pois seja BA traçada para o ponto D, e seja DA feita igual a CA, e
seja DC traçada.
Então, omo DA é igual a AC , o ângulo ADC também é igual ao
ângulo ACD [I.5℄; portanto o ângulo BCD é maior que o ângulo ADC A
[N.C.5℄.
E, omo DCB é um triângulo tendo o ângulo BCD maior que o ângulo
BDC , e o maior subtende o maior lado [I.19℄, portanto DB é maior que
C
BC . B
Mas DA é igual AC ; portanto BA, AC são maiores que BC .
Do mesmo modo pode ser provado que AB , BC são também maiores que CA, e BC , CA que AB .
Portanto, et . [Q.E.D.℄
12

PROPOSIÇ O I.21
Se sobre um dos lados de um triângulo, a partir de suas extremidades, forem onstruídas
duas linhas retas que se en ontram dentro do triângulo, as linhas retas assim onstruídas
serão menores que os dois lados restantes do triângulo, mas onterão um ângulo maior.
Sobre BC , um dos lados do triângulo ABC , e a partir de suas
extremidades B , C , sejam as duas linhas retas BD, DC onstruídas
A se en ontrando dentro do triângulo; digo que BD, DC são menores
que os lados restantes do triângulo BA, AC , mas ontém um ângulo
BDC maior que o ângulo BAC .
E Pois seja BD traçada para E .
D Então, omo em qualquer triângulo dois lados são maiores que o
restante [I.20℄, portanto, no triângulo ABE , os dois lados AB , AE
são maiores que BE .
Seja EC somado a ada um; portanto BA, AC são maiores que
B C BE , EC .
De novo, omo no triângulo CED, os dois lados CE , ED são
maiores que CD, seja DB somado a ada um; portanto CE , EB são maiores CD, DB .
Mas foi provado ser BA, AC maior que BE , EC ; portanto BA, AC são muito maiores que BD,
DC .
De novo, omo em qualquer triângulo o ângulo externo é maior que o ângulo interno e oposto
[I.16℄, portanto, no triângulo CDE o ângulo externo BDC é maior que o ângulo CED.
Além disso, pela mesma razão, também no triângulo ABE o ângulo externo CEB é maior que o
ângulo BAC .
Mas foi provado ser o ângulo BDC maior que o ângulo CEB ; portanto o ângulo BDC é muito
maior que o ângulo BAC .
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O I.22
A partir de três linhas retas, as quais são iguais a três linhas retas dadas, onstruir um
triângulo: assim é ne essário que quaisquer duas das linhas retas tomadas juntas omo se
queira deve ser maior a restante.

K
A
D B
F G H E
C
L

Sejam dadas três linhas retas A, B , C , e destas quaisquer duas tomadas juntas omo se queira é
maior que a restante, a saber, A, B maior que C ; A, C maior que B ; B , C maior que A; assim é
requerido onstruir um triângulo a partir de linhas retas iguais a A, B e C .
Seja traçada uma linha reta DE , que termina em D mas de omprimento innito na direção de
E , e seja DF feita igual a A, F G igual a B , e GH igual a C [I.3℄.
13

Com entro F e distân ia F D seja des rito o ír ulo DKL; de novo, om entro G e distân ia GH
seja des rito o ír ulo KLH ; e sejam traçadas KF , KG.
Digo que o triângulo KF G foi onstruído a partir de três linhas retas iguais a A, B , C .
Pois, omo o ponto F é o entro do ír ulo DKL, então F D é igual a F K .
Mas F D é igual a A; portanto KF também é igual a A.
De novo, omo o ponto G é o entro do ír ulo LKH , então GH é igual a GK .
Mas GH é igual a C ; portanto KG também é igual a C .
E F G também é igual a B ; portanto as três linhas retas KF , F G, GK são iguais às três linhas
retas A, B , C .
Portanto, a partir das três linhas retas KF , F G, GK , que são iguais às três linhas retas dadas A,
B , C , o triângulo KF G foi onstruído. [Q.E.F.℄

PROPOSIÇ O I.23
Construir sobre uma linha reta dada e em um ponto sobre ela um ângulo retilíneo igual a
um ângulo retilíneo dado.
Seja AB a linha reta dada, A o ponto sobre ela, e o ângulo
DCE o ângulo retilíneo dado; assim é requerido onstruir so-
bre a linha reta dada AB , e no ponto A sobre ela, um ângulo
retilíneo igual ao ângulo retilíneo dado DCE . D
Sobre as linhas retas CD, CE respe tivamente, sejam to- F
mados omo se queira os pontos D, E ; seja DE traçada, e a
partir de três linhas retas as quais são iguais às linhas retas E
CD, DE , CE seja o triângulo AF G onstruído de modo que
CD é igual a AF , CE igual a AG, e mais, DE igual a F G A G B
[I.22℄. C
Então, omo os dois lados DC , CE são iguais aos dois
lados F A, AG, respe tivamente, e a base DE é igual à base F G, o ângulo DCE é igual ao ângulo
F AG [I.8℄.
Portanto, sobre a linha reta dada AB , e no ponto A sobre ela, o ângulo retilíneo F AG foi onstruído
igual ao ângulo retilíneo dado DCE . [Q.E.F.℄
PROPOSIÇ O I.24
Se dois triângulos têm dois lados iguais a dois lados, respe tivamente, mas tem um dos
ângulos ompreendidos pelas linhas retas iguais maior que o outro, eles também terão a
base maior que a base.
Sejam ABC , DEF dois triângulos tendo os dois lados
AB , AC iguais aos dois lados DE , DF respe tivamente,
a saber AB igual a DE , e AC a DF , e seja o ângulo em A D
A maior que o ângulo em D; digo que a base BC é maior
que a base EF .
Pois, omo o ângulo BAC é maior que o ângulo EDF , B E
seja onstruído sobre a linha reta DE , e no ponto D sobre
ela, o ângulo EDG igual ao ângulo BAC [I.23℄; faça DG
igual à uma das duas linhas retas AC , DF , e sejam EG, C G
F G traçadas. F
Então, omo AB é igual a DE , e AC a DG, os dois
lados BA, AC são iguais aos dois lados ED, DG, respe tivamente; e o ângulo BAC é igual ao ângulo
EDG; portanto a base BC é igual à base EG [I.4℄.
14

De novo, omo DF é igual a DG, o ângulo DGF também é igual ao ângulo DF G [I.5℄; portanto
o ângulo DF G é maior que o ângulo EGF .
Portanto o ângulo EF G é muito maior que o ângulo EGF .
E, omo EF G é um triângulo tendo o ângulo EF G maior que o ângulo EGF , e o maior ângulo é
subtendido pelo maior lado [I.19℄, o lado EG também é maior que EF .
Mas EG é igual a BC .
Portanto BC também é maior que EF .
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O I.25
Se dois triângulos têm dois lados iguais a dois lados respe tivamente, mas tem a base
maior que a base, eles também terão um dos ângulos ompreendidos pelas linhas retas
iguais maior que o outro.
Sejam ABC , DEF dois triângulos tendo os dois lados AB , AC
iguais aos dois lados DE , DF respe tivamente, a saber, AB igual a
A D DE , e AC a DF ; e seja a base BC maior que a base EF ; digo que o
ângulo BAC também é maior que o ângulo EDF .
Pois, se não, ele é ou igual ou é menor.
B Agora, o ângulo BAC não é igual ao ângulo EDF ; pois a base BC
F seria também igual à base EF [I.4℄, mas não é; portanto o ângulo
E
C BAC não é igual ao ângulo EDF .
De novo, nem é ângulo BAC é menor que o ângulo EDF ; pois a
base BC seria também menor que a base EF [I.24℄, mas não é; portanto o ângulo BAC não é menor
que o ângulo EDF .
Mas foi provado que que também não eram iguais; portanto o ângulo BAC é maior que o ângulo
EDF .
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O I.26
Se dois triângulos têm dois ângulos iguais a dois ângulos respe tivamente, e um lado igual
a um lado, a saber, ou o lado adja ente aos ângulos iguais, ou o que é subtendido por um
dos ângulos iguais, então eles também terão os lados restantes iguais aos lados restantes e
o ângulo restante igual ao ângulo restante.
Sejam ABC , DEF dois triângulos tendo os dois ângulos
ABC , BCA iguais aos dois ângulos DEF e EF D respe tiva-
A D mente, a saber, o ângulo ABC igual ao ângulo DEF , e o ân-
gulo BCA igual ao ângulo EF D; e tenham eles também um
G lado igual a um lado, primeiro o que é adja ente aos ângulos
iguais, a saber, BC igual a EF ; digo que eles também terão
os lados restantes iguais aos lados restantes respe tivamente, a
B H C E F saber, AB igual a DE e AC a DF , e o ângulo restante igual ao
ângulo restante, a saber, o ângulo BAC igual ao ângulo EDF .
Pois, se AB é desigual a DE , um deles é maior. Seja AB o maior, e faça BG igual a DE ; e seja
GC traçada.
Então, omo BG é igual a DE , e BC a EF , os dois lados GB , BC são iguais aos dois lados DE ,
EF respe tivamente; e o ângulo GBC é igual ao ângulo DEF ; portanto a base GC é igual à base
DF , e o triângulo GBC é igual ao triângulo DEF , e os ângulos restantes serão iguais aos ângulos
restantes, a saber, aqueles que subtendem os lados iguais [I.4℄; portanto o ângulo GCB é igual ao
ângulo DF E .
15

Mas o ângulo DF E é igual ao ângulo ACB por hipótese; portanto o ângulo BCG é igual ao ângulo
BCA, o menor é igual ao maior: o que é impossível.
Portanto AB não é desigual a DE , e portanto é igual a ele.
Mas BC também é igual a EF ; portanto os dois lados AB , BC são iguais aos dois lados DE , EF
respe tivamente, e o ângulo ABC é igual ao ângulo DEF ; portanto a base AC é igual à base DF , e
o ângulo restante BAC é igual ao ângulo restante EDF [I.4℄.
De novo, sejam iguais os lados subtendidos pelos ângulos iguais, tal que AB seja igual a DE .
Digo de novo que os lados restantes serão iguais aos lados restantes, a saber, AC igual a DF e BC
a EF , e além disso o ângulo restante BAC é igual ao ângulo restante EDF .
Pois, se BC é desigual a EF , um deles é maior.
Seja BC o maior, se possível, e faça BH igual a EF ; seja AH traçada.
Então, omo BH é igual a EF , e AB a DE , os dois lados AB , BH são iguais aos dois lados DE ,
EF respe tivamente, e eles ompreendem ângulos iguais; portanto a base AH é igual à base DF , e o
triângulo ABH é igual ao triângulo DEF , e os ângulos restantes serão iguais aos ângulos restantes,
a saber, aqueles que subtendem os iguais [I.4℄; portanto o ângulo BHA é igual ao ângulo EF D.
Mas o ângulo EF D é igual ao ângulo BCA; portanto, no triângulo AHC , o ângulo externo BHA
é igual ao ângulo interno e oposto BCA: o que é impossível [I.16℄.
Portanto BC não é desigual a EF , e portanto é igual a ele.
Mas AB também é igual a DE ; portanto os dois lados AB , BC são iguais aos dois lados DE ,
EF respe tivamente, e eles ompreendem ângulos iguais; portanto a base AC é igual à base DF , o
triângulo ABC igual ao triângulo DEF , e o ângulo restante BAC é igual ao ângulo restante EDF
[I.4℄.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O I.27
Se uma linha reta ai sobre duas linhas retas e faz ângulos alternados iguais entre si, as
duas linhas retas serão paralelas entre si.
Pois seja EF a linha reta que ai sobre as duas linhas retas AB ,
CD e faz os ângulos alternados AEF , EF D iguais entre si; digo
que AB é paralela a CD. A E B
Pois, se não, AB , CD quando produzidas irão se en ontrar na
direção de B , D ou na direção de A, C . G
Sejam elas produzidas na direção de B , D, e se en ontrando em
G. C F D
Então, no triângulo GEF , o ângulo externo AEF é igual ao
ângulo interno e oposto EF G: o que é impossível [I.16℄.
Portanto AB , CD quando produzidas não se en ontrarão na direção de B , D.
Do mesmo modo pode ser provado que nem elas se en ontram na direção de A, C .
Mas linhas retas que não se en ontram em nenhuma direção são paralelas [Def.23℄; portanto AB
é paralela a CD.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
16

PROPOSIÇ O I.28
Se uma linha reta ai sobre duas linhas retas e faz o ângulo externo igual ao ângulo interno
e oposto do mesmo lado, ou os ângulos internos do mesmo lado igual a dois ângulos retos,
as linhas retas serão paralelas entre si.
Pois seja EF a linha reta que ai sobre as duas linhas retas
AB , CD e faz o ângulo externo EGB igual ao ângulo interno
E e oposto GHD, ou os ângulos internos do mesmo lado, a saber
A
G
B
BGH , GHD, igual a dois ângulos retos; digo que AB é paralela
a CD.
Pois, omo o ângulo EGB é igual ao ângulo GHD, enquanto
H
C D o ângulo EGB é igual ao ângulo AGH [I.15℄, o ângulo AGH
também é igual ao ângulo GHD; e eles são alternados; portanto
F AB é paralela a CD [I.27℄.
De novo, omo os ângulos BGH , GHD são iguais a dois ân-
gulos retos, e os ângulos AGH , BGH também são iguais a dois ângulos retos [I.13℄, os ângulos
AGH , BGH são iguais aos ângulos BGH , GHD.
Seja o ângulo BGH subtraído de ada um; portanto o ângulo restante AGH é igual ao ângulo
restante GHD; e eles são alternados; portanto AB é paralela a CD [I.27℄.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O I.29
Uma linha reta aindo sobre linhas retas paralelas faz os ângulos alternados iguais entre
si, o ângulo externo igual ao ângulo interno e oposto, e os ângulos internos do mesmo lado
igual a dois ângulos retos.
Pois seja EF a linha reta que ai sobre as linhas retas paralelas
AB , CD; digo que ela faz os ângulos alternados AGH , GHD
E iguais, o ângulo externo EGB igual ao ângulo interno e oposto
A
G
B
GHD, e os ângulos internos do mesmo lado, a saber BGH , GHD,
igual a dois ângulos retos.
Pois, se o ângulo AGH é desigual ao ângulo GHD, um deles
H
C D é maior.
Seja o ângulo AGH o maior.
F Seja o ângulo BGH somado a ada um; portanto os ângulos
AGH , BGH são maior que os ângulos BGH , GHD.
Mas os ângulos AGH , BGH são iguais a dois ângulos retos [I.13℄; portanto os ângulos BGH ,
GHD são menores que dois ângulos retos.
Mas linhas retas produzidas indenidamente a partir de ângulos menores que dois ângulos retos
se en ontram [Post.5℄; portanto AB , CD, se produzidas indenidamente, se en ontrarão; mas elas
não se en ontram, porque são, por hipótese, paralelas.
Portanto, o ângulo AGH não é desigual ao ângulo GHD, e é portanto igual a ele.
De novo, o ângulo AGH é igual ao ângulo EGB [I.15℄; portanto o ângulo EGB também é igual
ao ângulo GHD [N.C.1℄.
Seja o ângulo BGH somado a ada um deles; portanto os ângulos EGB , BGH são iguais aos
ângulos BGH , GHD [N.C.2℄.
Mas os ângulos EGB , BGH são iguais a dois ângulos retos [I.13℄; portanto os ângulos BGH ,
GHD são também iguais a dois ângulos retos.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
17

PROPOSIÇ O I.30
Linhas retas paralelas a uma mesma linha reta são também paralelas entre si.
Sejam ada uma das linhas retas AB , CD paralelas a EF ; digo
que AB também é paralela a CD.
Pois seja GK uma linha reta que aia sobre elas. A G B
Então, omo a linha reta GK aiu sobre as linhas retas paralelas
AB , EF , o ângulo AGK é igual ao ângulo GHF [I.29℄.
De novo, omo a linha reta GK aiu sobre as linhas paralelas EF , E H F
CD, o ângulo GHF é igual ao ângulo GKD [I.29℄.
Mas foi provado que o ângulo AGK é igual ao ângulo GHF ; C K D
portanto o ângulo AGK também é igual ao ângulo GKD [N.C.1℄;
e eles são alternados.
Portanto AB é paralela a CD. [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O I.31
Traçar, através de um ponto dado, uma linha reta paralela a uma linha reta dada.
Seja A o ponto dado, e BC a linha reta dada; assim é requerido
que se tra e através do ponto A uma linha reta paralela à linha reta
BC . A
Seja D um ponto tomado omo se queira sobre BC , e seja AD E F
traçada; e no ponto A sobre ela, seja onstruído o ângulo DAE igual
ao ângulo ADC [I.23℄; e seja a linha reta AF produzida em uma
linha reta om EA. B D C
Então, omo a linha reta AD ai sobre as duas linhas retas BC ,
EF e faz os ângulos alternados EAD, ADC iguais entre si, portanto EAF é paralela a BC [I.27℄.
Portanto através do ponto A a linha reta EAF foi traçada paralela à linha reta dada BC . [Q.E.F.℄
PROPOSIÇ O I.32
Em qualquer triângulo, se um dos lados é produzido, o ângulo externo é igual aos dois
ângulos internos e opostos, e os três ângulos internos do triângulo são iguais a dois ângulos
retos.
Seja ABC um triângulo, e seja o seu lado BC produzido para D;
digo que o ângulo externo ACD é igual aos dois ângulos internos e
opostos CAB , ABC , e os três ângulos internos do triângulo ABC , A E
BCA, CAB são iguais a dois ângulos retos.
Pois seja CE traçada através do ponto C paralela à linha reta
AB [I.31℄.
Então, omo AB é paralela a CE , e AC ai em ima delas, os
ângulos alternados BAC , ACE são iguais entre si [I.29℄. B C D
De novo, omo AB é paralela a CE , e a linha reta BD ai em
ima delas, o ângulo externo ECD é igual ao ângulo interno e oposto ABC [I.29℄.
Mas foi provado que o ângulo ACE é igual ao ângulo BAC ; portanto o ângulo total ACD é igual
aos dois ângulos internos e opostos BAC , ABC .
Seja o ângulo ACB somado a ada um; portanto os ângulos ACD, ACB são iguais aos três ângulos
ABC , BCA, CAB .
Mas os ângulos ACD, ACB são iguais a dois ângulos retos [I.13℄; portanto os ângulos ABC ,
BCA, CAB são também iguais a dois ângulos retos.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
18

PROPOSIÇ O I.33
As linhas retas que unem as extremidades de duas linhas retas iguais e paralelas na mesma
direção são elas mesmas também iguais e paralelas.
Sejam AB , CD iguais e paralelas, e sejam as linhas retas AC , BD
que unem as suas extremidades na mesma direção; digo que AC , BD
B A também são iguais e paralelas.
Seja BC traçada.
Então, omo AB é paralela a CD, e BC ai em ima delas, os
ângulos alternados ABC , BCD são iguais entre si [I.29℄.
E, omo AB é igual a CD, e BC é omum, os dois lados AB , BC
D C são iguais aos dois lados DC , CB ; e o ângulo ABC é igual ao ângulo
BCD; portanto a base AC é igual à base BD, e o triângulo ABC é
igual ao triângulo DCB , e os ângulos restantes serão iguais aos ângulos restantes respe tivamente, a
saber, aqueles subtendidos pelos lados iguais [I.4℄; portanto o ângulo ACB é igual ao ângulo CBD.
E, omo a linha reta BC ai sobre as duas linhas retas AC , BD faz os ângulos alternados iguais
entre si, AC é paralela a BD [I.27℄.
E também foi provado que eram iguais.
Portanto et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O I.34
Em áreas paralelogrâmi as, os lados e os ângulos opostos são iguais entre si e o diâmetro
bisseta as áreas.
Seja ACDB uma área paralelogrâmi a, e BC o seu diâmetro;
digo que os lados e os ângulos opostos do paralelogramo ACDB são
A B iguais entre si, e o diâmetro BC bisseta-o.
Pois, omo AB é paralela a CD, e a linha reta BC ai em ima
delas, os ângulos alternados ABC , BCD são iguais entre si [I.29℄.
De novo, omo AC é paralela a BD, e BC ai em ima delas, os
ângulos alternados ACB , CBD são iguais entre si [I.29℄.
C D Portanto ABC , DCB são dois triângulos tendo os dois ângulos
ABC , BCA iguais aos dois ângulos DCB , CBD respe tivamente,
e um lado igual a um lado, a saber, o que é adja ente aos ângulos iguais e omum a ambos, BC ;
portanto eles também terão os lados restantes iguais aos lados restantes respe tivamente, e o ângulo
restante igual ao ângulo restante [I.26℄; portanto o lado AB é igual a CD, e AC a BD, e além disso,
o ângulo BAC é igual ao ângulo CDB .
E, omo o ângulo ABC é igual ao ângulo BCD, e o ângulo CBD é igual ao ângulo ACB , o ângulo
total ABD é igual ao ângulo total ACD [N.C.2℄.
E também foi provado que o ângulo BAC é igual ao ângulo CDB .
Portanto em áreas paralelogrâmi as os lados e os ângulos opostos são iguais entre si.
Em seguida, digo que o diâmetro também bisseta as áreas.
Pois, omo AB é igual a CD, e BC é omum, os dois lados AB , BC são iguais aos dois lados DC ,
CB respe tivamente; e o ângulo ABC é igual ao ângulo BCD; portanto a base AC também é igual
a DB , e o triângulo ABC é igual ao triângulo DCB [I.4℄.
Portanto o diâmetro BC bisseta o paralelogramo ACDB . [Q.E.D.℄
19

PROPOSIÇ O I.35
Paralelogramos que estão sobre a mesma base e nas mesmas paralelas são iguais entre si.
Sejam ABCD, EBCF paralelogramos sobre a mesma base BC
e nas mesmas paralelas AF , BC ; digo que ABCD é igual ao pa-
ralelogramo EBCF . A D E F
Pois, omo ABCD é um paralelogramo, AD é igual a BC
[I.34℄. G
Pela mesma razão também EF é igual a BC , de modo que AD
também é igual a EF [N.C.1℄; e DE é omum; portanto o total
AE é igual ao total DF [N.C.2℄. B C
Mas AB também é igual a DC [I.34℄; portanto os dois lados
EA, AB são iguais aos dois lados F D, DC respe tivamente, e o ângulo F DC é igual ao ângulo EAB ,
o externo é igual ao interno [I.29℄; portanto a base EB é igual à base F C , e o triângulo EAB será
igual ao triângulo F DC [I.4℄.
Seja DGE subtraído de ada um; portanto o trapézio restante, ABGD, é igual ao trapézio restante,
EGCF [N.C.3℄.
Seja o triângulo GBC somado a ada um; portanto o paralelogramo total ABCD é igual ao
paralelogramo total EBCF [N.C.2℄.
Portanto et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O I.36
Paralelogramos que estão sobre bases iguais e nas mesmas paralelas são iguais entre si.
Sejam ABCD, EF GH paralelogramos que estão so-
bre bases iguais BC , F G e nas mesmas paralelas AH ,
BG; digo que o paralelogramo ABCD é igual a EF GH . A D E H
Pois sejam BE , CH traçadas.
Então, omo BC é igual a F G, enquanto F G é igual
a EH , então BC também é igual a EH [N.C.1℄.
Mas elas também são paralelas.
E EB , HC que as unem; mas linhas retas que unem B C F G
as extremidades de linhas retas iguais e paralelas na
mesma direção são elas também iguais e paralelas [I.33℄.
Portanto EBCH é um paralelogramo [I.34℄.
E ele é igual a ABCD; pois tem a mesma base BC que ele, e está nas mesmas paralelas BC , AH
om ele [I.35℄.
Pela mesma razão, também EF GH é igual a EBCH [I.35℄; de modo que o paralelogramo ABCD
também é igual a EF GH [N.C.1℄.
Portanto et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O I.37
Triângulos que estão sobre a mesma base e nas mesmas paralelas são iguais entre si.
Sejam ABC , DBC triângulos sobre a mesma base BC e nas mesmas paralelas AD, BC ; digo que
o triângulo ABC é igual ao triângulo DBC .
20

Pois seja AD produzida em ambas as direções para E , F ; atra-


E
A D
F vés de B seja BE traçada paralela a CA [I.31℄, e através de C
seja CF traçada paralela a BD [I.31℄.
Então ada uma das guras EBCA, DBCF é um paralelo-
gramo; e eles são iguais, pois estão sobre a mesma base BC e nas
B C mesmas paralelas BC , EF [I.35℄.
Além disso, o triângulo ABC é metade do paralelogramo EBCA; pois o diâmetro AB bisseta-o
[I.34℄.
E o triângulo DBC é metade do paralelogramo DBCF ; pois o diâmetro DC bisseta-o [I.34℄.
[Mas as metades de oisas iguais são iguais entre si.℄
Portanto o triângulo ABC é igual ao triângulo DBC .
Portanto et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O I.38
Triângulos que estão sobre bases iguais e nas mesmas paralelas são iguais entre si.
Sejam ABC , DEF triângulos sobre bases iguais BC ,
EF e nas mesmas paralelas BF , AD; digo que o triângulo
G A D H ABC é igual ao triângulo DEF .
Pois seja AD produzida em ambas as direções para G,
H ; através de B seja BG traçada paralela a CA [I.31℄,
e através de F seja F H traçada paralela DE .
B C E F Então ada uma das guras GBCA, DEF H é um
paralelogramo; e GBCA é igual a DEF H ; pois eles estão
sobre bases iguais BC , EF e nas mesmas paralelas BF , GH [I.36℄.
Além disso, o triângulo ABC é metade do paralelogramo GBCA; pois o diâmetro AB bisseta-o
[I.34℄.
E o triângulo F ED é metade do paralelogramo DEF H ; pois o diâmetro DF bisseta-o [I.34℄.
[Mas as metades de oisas iguais são iguais entre si.℄
Portanto o triângulo ABC é igual ao triângulo DEF .
Portanto et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O I.39
Triângulos iguais que estão sobre a mesma base e no mesmo lado também estão nas mesmas
paralelas.
Sejam ABC , DBC triângulos iguais que estão sobre a
mesma base BC e no mesmo lado dela; [digo que eles tam-
A D bém estão nas mesmas paralelas.℄
E [pois℄ seja AD traçada; digo que AD é paralela a BC .
E Pois, se não for, seja AE traçada através do ponto A
paralela à linha reta BC [I.31℄, e seja EC traçada.
Portanto o triângulo ABC é igual ao triângulo EBC ;
pois ele está sobre a mesma base BC que ele e nas mesmas
B C paralelas [I.37℄.
Mas ABC é igual a DBC ; portanto DBC também é
igual a EBC [N.C.1℄, o maior igual ao menor: o que é impossível.
Portanto AE não é paralela a BC .
Do mesmo modo podemos provar que nem é a qualquer outra linha reta, ex eto AD; portanto AD
é paralela a BC .
Portanto et . [Q.E.D.℄
21

PROPOSIÇ O I.40
Triângulos iguais que estão sobre bases iguais e no mesmo lado também estão nas mesmas
paralelas.
Sejam ABC , CDE triângulos iguais sobre bases iguais BC ,
CE e no mesmo lado; digo que eles também estão nas mesmas
paralelas. A D
Pois seja AD traçada; digo que AD é paralela a BE .
Pois, se não for, seja AF traçada através de A paralela a F
BE [I.31℄, e seja F E traçada.
Portanto o triângulo ABC é igual ao triângulo F CE ; pois
eles estão sobre bases iguais BC , CE e nas mesmas paralelas
BE , AF [I.38℄. B C E
Mas o triângulo ABC é igual ao triângulo DCE ; portanto
o triângulo DCE também é igual ao triângulo F CE [N.C.1℄, o maior igual ao menor: o que é
impossível. Portanto AF não é paralela a BE .
Do mesmo modo podemos provar que nem é a qualquer outra linha reta, ex eto AD; portanto AD
é paralela a BE .
Portanto et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O I.41
Se um paralelogramo tem a mesma base om um triângulo e estiverem nas mesmas para-
lelas, o paralelogramo é o dobro do triângulo.
Pois seja ABCD um paralelogramo que tem a mesma base BC
om o triângulo EBC , e estejam eles nas mesmas paralelas BC ,
AE ; digo que o paralelogramo ABCD é o dobro do triângulo BEC . A D E
Pois seja AC traçada.
Então o triângulo ABC é igual ao triângulo EBC ; pois ele está
sobre a mesma base BC om ele e nas mesmas paralelas BC , AE
[I.37℄.
Mas o paralelogramo ABCD é o dobro do triângulo ABC ; pois
o diâmetro AC bisseta-o [I.34℄; de modo que o paralelogramo B C
ABCD também é o dobro do triângulo EBC .
Portanto et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O I.42
Construir um paralelogramo igual a um triângulo dado, e que tenha um ângulo igual a um
ângulo retilíneo dado.
Seja ABC o triângulo dado, e D o ângulo retilíneo dado; assim é requerido onstruir no ângulo
retilíneo D um paralelogramo igual ao triângulo ABC .
Seja BC bissetado em E , e seja AE traçada; sobre a linha reta EC , e no ponto E sobre ela, seja
onstruído o ângulo CEF igual ao ângulo D [I.23℄; através de A seja AG traçada paralela a EC
[I.31℄, e através de C seja CG traçada paralela a EF .
Então F ECG é um paralelogramo.
E, omo BE é igual a EC , o triângulo ABE também é igual ao triângulo AEC , pois eles estão
sobre bases iguais BE , EC e nas mesmas paralelas BC , AG [I.38℄; portanto o triângulo ABC é o
dobro do triângulo AEC .
22

Mas o paralelogramo F ECG também é o dobro do


triângulo AEC , pois ele tem a mesma base om ele e
A F G
D está nas mesmas paralelas que ele [I.41℄, portanto o
paralelogramo F ECG é igual ao triângulo ABC .
E ele tem o ângulo CEF igual ao ângulo dado D.
Portanto o paralelogramo F ECG foi onstruído
igual ao triângulo dado ABC , no ângulo CEF que é
B E C igual a D. [Q.E.F.℄
PROPOSIÇ O I.43
Em qualquer paralelogramo, os omplementos dos paralelogramos em torno do diâmetro
são iguais entre si.
Seja ABCD um paralelogramo, e AC o seu diâmetro;
e em torno de AC sejam EH , F G paralelogramos e BK ,
A H D KD os hamados omplementos; digo que o omplemento
K BK é igual ao omplemento KD.
E F Pois, omo ABCD é um paralelogramo, e AC é o seu
diâmetro, o triângulo ABC é igual ao triângulo ACD
[I.34℄.
De novo, omo EH é um paralelogramo, e AK é o seu
B G C diâmetro, o triângulo AEK é igual ao triângulo AHK .
Pela mesma razão, o triângulo KF C também é igual
a KGC .
Agora, omo o triângulo AEK é igual ao triângulo AHK , e KF C a KGC , o triângulo AEK junto
om KGC é igual ao triângulo AHK junto om KF C [N.C.2℄.
E o triângulo total ABC também é igual ao total ADC ; portanto o omplemento BK , o restante,
é igual ao omplemento KD, o restante [N.C.3℄.
Portanto et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O I.44
Sobre uma linha reta dada onstruir um paralelogramo igual a um triângulo dado, e que
tenha um ângulo igual a um ângulo retilíneo dado.
Seja AB a linha reta dada, C o triângulo
dado e D o ângulo retilíneo dado; assim é re-
querido onstruir um paralelogramo, igual ao
F E K triângulo dado C , na linha reta AB om um
ângulo igual a D.
D Seja o paralelogramo BEF G onstruído
igual ao triângulo C , no ângulo EBG que é
igual a D [I.42℄; e seja ele posto de maneira
B
C G M tal que BE esteja em linha reta om AB ; seja
F G produzida até H , e seja AH traçada atra-
vés de A paralela a BG ou a EF [I.31℄.
H A L
Seja HB traçada.
Então, omo a linha reta HF ai sobre as paralelas AH , EF , então os ângulos AHF , HF E são
iguais a dois ângulos retos [I.29℄.
Portanto os ângulos BHG, GF E são menores que dois ângulos retos; e linhas retas produzidas
indenidamente a partir de ângulos menores que dois ângulos retos en ontram-se [Post.5℄, portanto
HB , F E , quando produzidas, se en ontram.
23

Sejam elas produzidas e se en ontrando em K ; através do ponto K seja KL traçada paralela a


EA ou F H [I.31℄, e sejam HA, GB produzidas para os pontos L, M .
Então HLKF é um paralelogramo, HK é o seu diâmetro, e AG, M E são paralelogramos, e LB ,
BF , os denominados omplementos em torno de HK ; portanto LB é igual a BF [I.43℄.
Mas BF é igual ao triângulo C ; portanto LB também é igual a C [N.C.1℄.
E, omo o ângulo GBE é igual ao ângulo ABM [I.15℄, enquanto o ângulo GBE é igual a D, o
ângulo ABM também é igual ao ângulo D.
Portanto, o paralelogramo LB é igual ao triângulo dado C e foi onstruído na linha reta dada AB
e om um ângulo ABM , que é igual a D. [Q.E.F.℄
PROPOSIÇ O I.45
Construir um paralelogramo igual a uma gura retilínea dada, e om um ângulo igual a
um ângulo retilíneo dado.
Seja ABCD uma dada gura retilínea e E um
dado ângulo retilíneo; assim, é requerido onstruir
um paralelogramo igual à gura ABCD no ângulo D
dado E . E
F G
Seja DB traçada, e seja onstruído o paralelo- L
gramo F H igual ao triângulo ABD no ângulo HKF A
C
que é igual a E [I.42℄; seja o paralelogramo GM
igual ao triângulo DBC apli ado na linha reta GH ,
e no ângulo GHM que é igual a E [I.44℄.
Como o ângulo E é igual a ada um dos ângu- B K H M
los HKF e GHM , então o ângulo HKF também é
igual ao ângulo GHM [N.C.1℄.
Adi ione-se o ângulo KHG a ada um. Então a soma dos ângulos F KH e KHG é igual à soma
dos ângulos KHG e GHM .
Mas a soma dos ângulos F KH e KHG é igual a dois ângulos retos [I.29℄, logo a soma dos
ângulos KHG e GHM também é igual a dois ângulos retos.
Assim, om a linha reta GH , e no ponto H , duas linhas retas KH e HM , que não estão no mesmo
lado, fazem os ângulos adja entes juntos igual a dois ângulos retos, logo KH está numa linha reta
om HM [I.14℄.
Como a linha reta HG orta as paralelas KM e F G, então os ângulos alternados M HG e HGF
são iguais entre si [I.29℄.
Adi ione-se o ângulo HGL a ada um. Então a soma dos ângulos M HG e HGL é igual à soma
dos ângulos HGF e HGL [N.C.2℄.
Mas a soma dos ângulos M HG e HGL é igual a dois ângulos retos [I.29℄, logo a soma dos ângulos
HGF e HGL também é igual a dois ângulos retos [N.C.1℄. Portanto F G está em linha reta om GL
[I.14℄.
Como F K é igual e paralela a HG [I.34℄, e HG também é igual e paralela a M L, então KF tam-
bém é igual e paralela a M L [N.C.1, I.30℄, e as linhas retas KM e F L unem as suas extremidades.
Assim, KM e F L também são iguais e paralelas [I.38℄. Logo KF LM é um paralelogramo.
Como o triângulo ABD é igual ao paralelogramo F H , e DBC é igual a GM , então a gura retilínea
ABCD é igual ao paralelogramo KF LM .
Assim, o paralelogramo KF LM onstruído no ângulo F KM , que é igual ao dado ângulo E , é
igual à gura retilínea dada ABCD. [Q.E.F.℄
24

PROPOSIÇ O I.46
Des rever um quadrado sobre uma linha reta dada.
Seja AB a dada linha reta; assim é requerido des rever um quadrado
sobre a linha reta AB .
C Seja AC a perpendi ular à linha reta AB traçada a partir do ponto A
sobre esta [I.11℄, e seja AD feita igual a AB ; através do ponto D seja DE
D E traçada paralela a AB , e através do ponto B seja BE traçada paralela a AD
[I.31℄.
Portanto ADEB é um paralelogramo; portanto AB é igual a DE , e AD
a BE [I.34℄.
Mas AB é igual a AD; portanto as quatro linhas retas BA, AD, DE ,
EB são iguais entre si; portanto o paralelogramo ADEB é equilátero.
A B
Digo em seguida que ele também é retangular.
Pois, omo a linha reta AD ai sobre as paralelas AB , DE , os ângulos
BAD, ADE são iguais a dois ângulos retos [I.29℄.
Mas o ângulo BAD é reto; portanto o ângulo ADE também é reto.
E em áreas paralelogrâmi as, os lados e ângulos opostos são iguais entre si [I.34℄, portanto ada
um dos ângulos opostos ABE , BED também é reto.
Portanto ADEB é retangular.
E também foi provado que é equilátero.
Portanto ele é um quadrado; e ele foi des rito sobre linha reta AB . [Q.E.F.℄
PROPOSIÇ O I.47
Em triângulos retângulos o quadrado sobre o lado subtendido pelo ângulo reto é igual aos
quadrados sobre os lados ompreendidos pelo ângulo reto.
Seja ABC um triângulo retângulo tendo o ângulo BAC
reto; digo que o quadrado sobre BC é igual aos quadrados
H sobre BA, AC .
Pois seja des rito sobre BC o quadrado BDEC , e so-
G bre BA, AC os quadrados GB , HC [I.46℄; através de A
K seja AL traçada paralela a BD ou CE , e sejam AD , F C
A traçadas.
Então, omo ada um dos ângulos BAC , BAG é reto,
F
segue que om a linha reta BA, e no ponto A sobre ela, as
duas linha retas AC , AG não estando no mesmo lado fazem
B C os ângulos adja entes iguais a dois ângulos retos; portanto
CA está em uma linha reta om AG [I.14℄.
Pela mesma razão, BA também está em uma linha reta
om AH .
E, omo o ângulo DBC é igual ao ângulo F BA: pois ada
um é reto: seja o ângulo ABC somado a ada um; portanto
o ângulo DBA é igual ao ângulo total F BC [N.C.2℄.
D L E E, omo DB é igual a BC , e F B a BA, os dois lados
AB , BD são iguais aos dois lados F B , BC respe tivamente;
e o ângulo ABD é igual ao ângulo F BC ; portanto a base AD é igual à base F C , e o triângulo ABD
é igual ao triângulo F BC [I.4℄.
Agora, o paralelogramo BL é o dobro do triângulo ABD, porque eles têm a mesma base BD e
estão nas mesmas paralelas BD, AL [I.41℄.
25

E o quadrado GB é o dobro do triângulo F BC , pois, de novo, eles têm a mesma base F B e estão
nas mesmas paralelas F B , GC [I.41℄.
[Mas os dobros de iguais são iguais entre si.℄
Portanto o paralelogramo BL também é igual ao quadrado GB .
Do mesmo modo, se AE , BK são traçadas, também pode ser provado que o paralelogramo CL
é igual ao quadrado HC ; portanto o quadrado total BDEC é igual aos dois quadrados GB , HC
[N.C.2℄.
E o quadrado BDEC está des rito sobre BC , e os quadrados GB , HC sobre BA, AC .
Portanto, o quadrado sobre BC é igual aos quadrados sobre os lados BA, AC .
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O I.48
Se em um triângulo o quadrado sobre um dos lados é igual aos quadrados sobre os dois
lados restantes do triângulo, o ângulo ompreendido pelos dois lados restantes do triângulo
é reto.
Pois no triângulo ABC seja o quadrado sobre o lado BC igual aos qua-
drados sobre os lados BA, AC ; digo que o ângulo BAC é reto.
Pois seja AD traçada a partir do ponto A perpendi ular à linha reta AC , C
seja AD feita igual a BA, e seja DC traçada.
Como DA é igual a AB , o quadrado sobre DA também é igual ao qua-
drado sobre AB .
Seja o quadrado sobre AC somado a ada um; portanto os quadrados
sobre DA, AC são iguais aos quadrados sobre BA, AC .
Mas o quadrado sobre DC é igual aos quadrados sobre DA, AC , pois o
ângulo DAC é reto [I.47℄; e o quadrado sobre BC é igual aos quadrados
sobre BA, AC , pois isto é a hipótese; portanto o quadrado sobre DC é igual D A B
ao quadrado sobre BC , de modo que o lado DC também é igual a BC .
E, omo DA é igual a AB , e AC é omum, os dois lados DA, AC são iguais aos dois lados BA,
AC ; e a base DC é igual à base BC ; portanto o ângulo DAC é igual ao ângulo BAC [I.8℄.
Mas o ângulo DAC é reto; portanto o ângulo BAC também é reto.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
26

SEGUNDO LIVRO

DEFINIÇÕES
1. Qualquer paralelogramo retângulo é dito estar ompreendido pelas duas linhas retas que om-
preendem o ângulo reto.
2. E em qualquer área paralelogrâmi a seja hamado gnmon a qualquer um dos paralelogramos
em torno do seu diâmetro om os dois omplementos.

LIVRO II. PROPOSIÇÕES

PROPOSIÇ O II.1
Se houver duas linhas retas, e uma delas for ortada em quantos segmentos que se queira,
o retângulo ompreendido pelas duas linhas retas é igual aos retângulos ompreendidos pela
linha reta não ortada e ada um dos segmentos.
Sejam A, BC duas linhas retas, e seja BC ortada omo se queira
nos pontos D, E ; digo que o retângulo ompreendido por A, BC é igual
ao retângulo ompreendido por A, BD, ao ompreendido por A, DE e A
D E C
ao ompreendido por A, EC . B
Pois seja BF a perpendi ular a BC traçada a partir de B [I.11℄;
e seja BG feita igual a A [I.3℄, de G seja GH traçada paralela a BC
[I.31℄, e através de D, E , C sejam traçadas DK , EL, CH paralelas
a BG. G
K L H
Então BH é igual a BK , DL, EH . F
Agora, BH é o retângulo A, BC , pois está ompreendido por GB ,
BC , e BG é igual a A; BK é o retângulo A, BD, pois está ompreendido por GB , BD, e BG é igual
a A; e DL é o retângulo A, DE , pois DK , isto é BG, é igual a A [I.34℄.
Do mesmo modo também EH é o retângulo A, EC .
Portanto o retângulo A, BC é igual ao retângulo A, BD, ao retângulo A, DE e ao retângulo A,
EC .
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O II.2
Se uma linha reta é ortada omo se queira, os retângulos ompreendidos pelo todo e ada
um dos segmentos são iguais ao quadrado sobre o todo.
Seja a linha reta AB ortada omo se queira no ponto C ; digo que o
retângulo ompreendido por AB , BC junto om o retângulo ompreendido
por BA, AC é igual ao quadrado sobre AB . A C B
Pois seja o quadrado ADEB des rito sobre AB [I.46℄, e pelo ponto C
seja CF traçada paralela a AD ou BE [I.31℄.
Então AE é igual a AF , CE .
Agora, AE é o quadrado sobre AB ; AF é o retângulo ompreendido por
BA, AC , pois é ompreendido por DA, AC , e AD é igual a AB ; e CE é o
retângulo AB , BC , pois BE é igual a AB .
Portanto o retângulo BA, AC junto om o retângulo AB , BC é igual ao D F E
quadrado sobre AB .
Portanto et . [Q.E.D.℄
27

PROPOSIÇ O II.3
Se uma linha reta é ortada omo se queira, o retângulo ompreendido pelo todo e por um
dos segmentos é igual ao retângulo ompreendido pelos segmentos junto om o quadrado
sobre o dito segmento.
Pois seja a linha reta AB ortada omo se queira no ponto C ; digo que
o retângulo ompreendido por AB , BC é igual ao retângulo ompreendido
A C B por AC , CB junto om o quadrado sobre BC .
Pois seja o quadrado CDEB des rito sobre CB [I.46℄, e seja ED pro-
duzida para F , e pelo ponto A tra e AF paralela a CD ou BE [I.31℄.
Então AE é igual a AD, CE .
Agora AE é o retângulo ompreendido por AB , BC , pois é ompreendido
F D E por AB , BE , e BE é igual a BC ; AD é o retângulo AC , CB , pois DC é
igual a CB ; e DB é o quadrado sobre CB .
Portanto, o retângulo ompreendido por AB , BC é igual ao retângulo ompreendido por AC , CB
junto om o quadrado sobre BC .
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O II.4
Se uma linha reta é ortada omo se queira, o quadrado sobre o todo é igual aos quadrados
sobre os segmentos e duas vezes o retângulo ompreendido pelas segmentos.
Pois seja a linha reta AB ortada omo se queira no ponto C ; digo que
o quadrado sobre AB é igual aos quadrados sobre AC , CB e duas vezes o
A C B retângulo ompreendido por AC , CB .
Pois seja o quadrado ADEB des rito sobre AB [I.46℄, e seja BD tra-
çada; e pelo ponto C seja CF traçada paralela a AD ou EB , e pelo ponto
H K
G G seja HK traçada paralela a AB ou DE [I.31℄.
Então, omo CF é paralela a AD, e BD ai sobre elas, o ângulo externo
CGB é igual ao ângulo interno e oposto ADB [I.29℄.
Mas o ângulo ADB é igual ao ângulo ABD, porque o lado BA também é
D F E igual a AD [I.5℄; portanto o ângulo CGB também é igual ao ângulo GBC ,
de modo que o lado BC também é igual ao lado CG [I.6℄.
Mas CB é igual a GK , e CG a KB [I.34℄; portanto GK também é igual a KB ; portanto CGKB
é equilátero.
Digo em seguida que também é retângulo.
Pois, omo CG é paralelo a BK , os ângulos KBC , GCB são iguais a dois ângulos retos [I.29℄.
Mas o ângulo KBC é reto; portanto o ângulo BCG é reto também, deste modo os ângulos opostos
CGK , GKB são retos também [I.34℄
Portanto CGKB é retângulo; e foi provado também que é equilátero; portanto é um quadrado; e
foi des rito sobre CB .
Pela mesma razão HF também é um quadrado; e foi des rito sobre HG, isto é AC [I.34℄.
Portanto os quadrados HF , KC são quadrados sobre AC , CB .
Agora, omo AG é igual a GE , e AG é o retângulo AC , CB , pois GC é igual a CB , portanto GE
também é igual ao retângulo AC , CB .
Portanto AG, GE são iguais a duas vezes o retângulo AC , CB .
Mas os quadrados HF , CK são também os quadrados sobre AC , CB ; portanto as quatro áreas
HF , CK , AG, GE são iguais aos quadrados sobre AC , CB e duas vezes o retângulo ompreendido
por AC , CB .
Mas HF , CK , AG, GE são todo ADEB , o qual é o quadrado sobre AB .
Portanto o quadrado sobre AB é igual aos quadrados sobre AC , CB e duas vezes o retângulo
ompreendido por AC , CB . Portanto, et . [Q.E.D.℄
28

PROPOSIÇ O II.5
Se uma linha reta é ortada em segmentos iguais e em desiguais, o retângulo ompreendido
pelos segmentos desiguais do todo junto om o quadrado sobre a linha reta entre os pontos
de seção é igual ao quadrado sobre a metade.
Pois seja a linha reta AB ortada em segmentos iguais
em C e em segmentos desiguais em D; digo que o retângulo
ompreendido por AD, DB junto om o quadrado sobre CD A C D B
é igual ao quadrado sobre CB .
Pois seja o quadrado CEF B des rito sobre a linha reta
CB [I.46℄, e seja BE traçada; pelo ponto D seja DG tra-
çada paralela a CE ou BF , e, de novo pelo ponto H seja O
KM traçada paralela a AB ou EF , e de novo pelo ponto A H
M
K L N
seja AK traçada paralela a CL ou BM [I.31℄. P
Então, omo o omplemento CH é igual ao omplemento E G F
de HF [I.43℄, seja DM somado a ada um deles; portanto
o total CM é igual ao total DF .
Mas CM é igual a AL, pois AC também é igual a CB [I.36℄; portanto AL também é igual a
DF .
Seja CH somado a ada um deles; portanto o total AH é igual ao gnmon N OP .
Mas AH é o retângulo AD, DB , pois DH é igual a DB , portanto o gnmon N OP também é
igual ao retângulo AD, DB .
Seja LG, a qual é igual ao quadrado sobre CD, somada a ada um deles; portanto o gnmon N OP
e LG são iguais ao retângulo ompreendido por AD, DB e o quadrado sobre CD.
Mas o gnmon N OP e LG são todo o quadrado CEF B , o qual está des rito sobre CB ; portanto
o retângulo ompreendido por AD, DB junto om o quadrado sobre CD é igual ao quadrado sobre
CB .
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O II.6
Se uma linha reta é bissetada e uma linha reta é a ela somada em uma linha reta, o
retângulo ompreendido pelo todo om a linha reta somada e pela linha reta somada junto
om o quadrado sobre a metade, é igual ao quadrado sobre a linha reta formada pela metade
e pela linha reta somada.
Pois seja a linha reta AB bissetada no ponto C , e a linha
reta BD a somada a ela em uma linha reta; digo que o retângulo
ompreendido por AD, DB junto om o quadrado sobre CB é A C B D
igual ao quadrado sobre CD. O
Pois seja o quadrado CEF D des rito sobre CD [I.46℄, e H
M
DE traçada; pelo ponto B seja BG traçada paralela a EC ou K L N
P
DF , e pelo ponto H seja KM traçada paralela a AB ou EF ;
e além disso pelo ponto A seja AK traçada paralela a CL ou
DM [I.31℄.
Então, omo AC é igual a CB , também AL é igual a CH [I.36℄. E G F
Mas CH é igual a HF [I.43℄. Portanto AL também é igual a HF .
Seja CM somada a ada uma delas; portanto o total AM é igual ao gnmon N OP .
Mas AM é o retângulo AD, DB , pois DM é igual a DB ; portanto o gnmon N OP também é
igual ao retângulo AD, DB .
Seja LG, a qual é igual ao quadrado sobre BC , somada a ada uma delas; portanto o retângulo
ompreendido por AD, DB junto om o quadrado sobre CB é igual ao gnmon N OP e LG.
29

Mas o gnmon N OP e LG são todo o quadrado CEF D, o qual está des rito sobre CD; portanto
o retângulo ompreendido por AD, DB junto om o quadrado sobre CB é igual ao quadrado sobre
CD.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O II.7
Se uma linha reta é ortada omo se queira, o quadrado sobre o todo e o quadrado sobre
um dos segmentos, tomados juntos, são iguais a duas vezes o retângulo ompreendido pelo
todo e pelo dito segmento e o quadrado sobre o segmento restante.
Pois seja a linha reta AB ortada omo se queira no ponto C ; digo que os
quadrados sobre AB , BC são iguais a duas vezes o retângulo ompreendido
A C B por AB , BC e o quadrado sobre CA.
L
Pois seja o quadrado ADEB des rito sobre AB [I.46℄, e seja a gura
G
H
K
F traçada.
M Então, omo AG é igual a GE [I.43℄, seja CF somada a ada uma
delas; portanto o todo AF é igual ao todo CE .
Portanto AF , CE são o dobro de AF .
Mas AF , CE são o gnmon KLM e o quadrado sobre CF ; portanto o
D N E
gnmon KLM e o quadrado CF são o dobro de AF .
Mas, duas vezes o retângulo AB , BC também é o dobro de AF ; pois BF é igual a BC ; portanto
o gnmon KLM e o quadrado CF são iguais a duas vezes o retângulo AB , BC .
Seja DG, o qual é o quadrado sobre AC , somada a ada uma delas; portanto o gnmon KLM e
os quadrados BG, GD são iguais a duas vezes o retângulo ompreendido por AB , BC e o quadrado
sobre AC .
Mas o gnmon KLM e os quadrados BG, GD são todo ADEB e CF , os quais são quadrados
des ritos sobre AB , BC ; portanto os quadrados sobre AB , BC são iguais a duas vezes o retângulo
ompreendido por AB , BC junto om o quadrado sobre AC . Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O II.8
Se uma linha reta for ortada omo se queira, o retângulo ompreendido pelo todo e um
dos segmentos, tomado quatro vezes, junto om o quadrado sobre o segmento restante, é
igual ao quadrado des rito sobre o todo e o dito segmento omo sobre uma linha reta.
Pois seja a reta AB ortada omo se queira no ponto C ; digo
que o retângulo ompreendido por AB , BC , tomado quatro vezes,
A C B D junto om o quadrado sobre AC , é igual ao quadrado des rito sobre
T AB , BC omo sobre uma linha reta.
G
M
K
N Pois seja [a linha reta℄ BD produzida em uma linha reta
[ om AB ℄, e seja BD feita igual a CB ; seja o quadrado AEF D
O
S Q R
P des rito sobre AD, e seja a gura traçada em dobro.
U Então, omo CB é igual a BD, enquanto CB é igual a GK , e
BD a KN , portanto GK também é igual a KN .
Pela mesma razão QR também é igual a RP . E, omo BC é
igual a BD, e GK a KN , portanto CK também é igual a KD, e
GR a RN [I.36℄.
Mas CK é igual a RN , pois eles são omplementos do paralelo-
E H L F
gramo CP [I.43℄; portanto KD é igual a GR; portanto as quatro
áreas DK , CK , GR, RN são iguais entre si.
Portanto as quatro são o quádruplo de CK .
30

Novamente, omo CB é igual a BD, enquanto BD é igual a BK , isto é CG, e CB é igual a GK ,


isto é GQ, portanto CG também é igual a GQ.
E, omo CG é igual a GQ, e QR a RP , AG também é igual a M Q, e QL a RF [I.36℄.
Mas M Q é igual a QL, pois eles são omplementos do paralelogramo M L [I.43℄; portanto AG
também é igual a RF ; portanto as quatro áreas AG, M Q, QL, RF são iguais entre si.
Portanto as quatro são o quádruplo de AG. Mas foi provado que as quatro áreas CK , KD, GR,
RN são o quádruplo de CK ; portanto as oito áreas, as quais ompreendem o gnmon ST U , são o
quádruplo de AK .
Agora, omo AK é o retângulo AB , BD, pois BK é igual a BD, portanto quatro vezes o retângulo
AB , BD é o quádruplo de AK .
Mas, foi provado que o gnmon ST U também é o quádruplo de AK ; portanto quatro vezes o
retângulo AB , BD é igual ao gnmon ST U .
Seja OH , a qual é igual ao quadrado sobre AC , somado a ada um deles; portanto quatro vezes o
retângulo AB , BD junto om o quadrado sobre AC é igual ao gnmon ST U e OH .
Mas o gnmon ST U e OH são todo o quadrado AEF D, o qual está des rito sobre AD, portanto
quatro vezes o retângulo AB , BD junto om o quadrado sobre AC é igual ao quadrado sobre AD.
Mas BD é igual a BC ; portanto quatro vezes o retângulo ompreendido por AB , BC , junto om
o quadrado sobre AC é igual ao quadrado sobre AD, isto é, ao quadrado des rito sobre AB e BC
omo sobre uma linha reta.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O II.9
Se uma linha reta é ortada em segmentos iguais e em desiguais, os quadrados sobre os
segmentos desiguais do todo são o dobro do quadrado sobre a metade e o dobro do quadrado
sobre a linha reta entre os pontos de seção.
Pois seja a linha reta AB ortada em segmento iguais em C , e em
segmentos desiguais em D; digo que os quadrados sobre AD, DB são
o dobro dos quadrados sobre AC , CD. E
Pois seja CE traçada a partir de C perpendi ular a AB , e seja ela
feita igual a AC ou CB ; sejam EA, EB traçadas, e pelo ponto D seja G F
DF traçada paralela a EC , e do ponto F seja F G traçada paralela a
AB , e seja AF traçada.
Então, omo AC é igual a CE , o ângulo EAC também é igual ao
A C D B
ângulo AEC .
E, omo o ângulo em C é reto, os ângulos restantes EAC , AEC são iguais a um ângulo reto
[I.32℄. E eles são iguais; portanto ada um dos ângulos CEA, CAE é a metade de um ângulo reto.
Pela mesma razão, ada um dos ângulos CEB , EBC também é a metade de um ângulo reto;
portanto o ângulo total AEB é reto. E, omo o ângulo GEF é a metade de um ângulo reto, e o
ângulo EGF é reto, pois ele é igual ao ângulo interno e oposto ECB [I.29℄, o ângulo restante EF G
é a metade de um ângulo reto [I.32℄; portanto o ângulo GEF é igual ao ângulo EF G, logo o lado
EG também é igual a GF [I.6℄.
De novo, omo o ângulo em B é a metade de um ângulo reto, e o ângulo F DB é reto, pois ele
é, novamente, igual ao ângulo interno e oposto ECB [I.29℄, o ângulo restante BF D é a metade de
um ângulo reto [I.32℄; portanto o ângulo em B é igual ao ângulo DF B , de modo que o lado F D
também é igual ao lado DB [I.6℄.
Agora, omo AC é igual a CE , o quadrado sobre AC também é igual ao quadrado sobre CE ;
portanto os quadrados sobre AC , CE são o dobro do quadrado sobre AC .
Mas o quadrado sobre EA é igual aos quadrados sobre AC , CE , pois o ângulo ACE é reto [I.47℄;
portanto o quadrado sobre EA é o dobro do quadrado sobre AC .
De novo, omo EG é igual a GF , o quadrado sobre EG também é igual ao quadrado sobre GF ;
portanto os quadrados sobre EG, GF são o dobro do quadrado sobre GF .
31

Mas o quadrado sobre EF é igual aos quadrados sobre EG, GF ; portanto o quadrado sobre EF
é o dobro do quadrado sobre GF .
Mas GF é igual a CD [I.34℄, portanto o quadrado sobre EF é o dobro do quadrado sobre CD.
Mas o quadrado sobre EA também é o dobro do quadrado sobre AC ; portanto os quadrados sobre
AE , EF são o dobro dos quadrados sobre AC , CD.
E o quadrado sobre AF é igual aos quadrados sobre AE , EF , pois o ângulo AEF é reto [I.47℄;
portanto o quadrado sobre AF é o dobro dos quadrados sobre AC , CD.
Mas os quadrados sobre AD, DF são iguais ao quadrado sobre AF , pois o ângulo em D é reto
[I.47℄; portanto os quadrados sobre AD, DF são o dobro dos quadrados sobre AC , CD.
E DF é igual a DB ; portanto os quadrados sobre AD, DB são o dobro dos quadrados sobre AC ,
CD.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O II.10
Se uma linha reta é bissetada, e uma linha reta é somada a ela em uma linha reta, o
quadrado sobre o todo om a somada e o quadrado sobre a linha reta somada, juntos, são
o dobro do quadrado sobre a metade e o dobro do quadrado des rito sobre a linha reta
formada pela metade e pela linha reta somada omo sobre uma linha reta.
Pois seja a linha reta AB bissetada em C , e seja a linha reta BD
somada a ela em uma linha reta; digo que os quadrados sobre AD,
E F DB são o dobro dos quadrados sobre AC , CD.
Pois seja CE a perpendi ular a AB traçada a partir de C [I.11℄,
e seja ela feita igual a AC ou CB [I.3℄; sejam EA, EB traçadas;
D do ponto E seja EF traçada paralela a AD, e do ponto D seja F D
A C B
traçada paralela a CE [I.31℄.
Então, omo a linha reta EF ai sobre as linhas retas paralelas EC ,
G F D, os ângulos CEF , EF D são iguais a dois ângulos retos [I.29℄;
portanto os ângulos F EB , EF D são menores que dois ângulos retos.
Mas linhas retas que são produzidas a partir de ângulos menores que dois ângulos retos se en on-
tram [I. Post.5℄; portanto EB , F D, se produzidas na direção B , D, se en ontram.
Sejam elas então produzidas e se en ontrando em G, e seja AG traçada.
Então, omo AC é igual a CE , o ângulo EAC também é igual ao ângulo AEC [I.5℄; e o ângulo
em C é reto; portanto ada um do ângulos EAC , AEC é a metade de um ângulo reto [I.32℄.
Pela mesma razão, ada um dos ângulos CEB , EBC também é a metade de um ângulo reto;
portanto o ângulo AEB é reto.
E, omo o ângulo EBC é a metade de uma ângulo reto, o ângulo DBG também é a metade de
um ângulo reto [I.15℄.
Mas o ângulo BDG também é reto, pois é igual ao ângulo DCE , e eles são alternados [I.29℄;
portanto o ângulo restante DGB é a metade de um ângulo reto [I.32℄; portanto o ângulo DGB é
igual ao ângulo DBG, de modo que o lado BD também é igual ao lado GD [I.6℄.
De novo, omo o ângulo EGF é a metade de um ângulo reto, e o ângulo em F é reto, pois ele é
igual ao ângulo oposto, o ângulo em C [I.34℄, o ângulo restante F EG é a metade de um ângulo reto
[I.32℄; portanto o ângulo EGF é igual ao ângulo F EG, de modo que o lado GF também é igual ao
lado EF [I.6℄.
Agora, omo o quadrado sobre EC é igual ao quadrado sobre CA, os quadrados sobre EC , CA
são o dobro do quadrado sobre CA.
Mas o quadrado sobre EA é igual aos quadrados sobre EC , CA [I.47℄; portanto o quadrado
sobre EA é o dobro do quadrado sobre AC [N.C.1℄.
De novo, omo F G é igual a EF , o quadrado sobre F G também é igual ao quadrado sobre F E ;
portanto os quadrados sobre GF , F E são o dobro do quadrado sobre EF .
32

Mas o quadrado sobre EG é igual aos quadrados sobre GF , F E [I.47℄; portanto o quadrado
sobre EG é o dobro do quadrado sobre EF .
E EF é igual a CD [I.34℄; portanto o quadrado sobre EG é o dobro do quadrado sobre CD.
Mas, também foi provado que o quadrado sobre EA é o dobro do quadrado sobre AC ; portanto
os quadrados sobre AE , EG são o dobro dos quadrados sobre AC , CD.
E o quadrado sobre AG é igual aos quadrados sobre AE , EG [I.47℄; portanto o quadrado sobre
AG é o dobro dos quadrados sobre AC , CD.
Mas os quadrados sobre AD, DG são iguais ao quadrado sobre AG [I.47℄; portanto os quadrados
sobre AD, DG são o dobro dos quadrados sobre AC , CD.
E DG é igual a DB ; portanto os quadrados sobre AD, DB são o dobro dos quadrados sobre AC ,
CD.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O II.11
Cortar uma linha reta de modo que o retângulo ompreendido pelo todo e por um dos
segmentos seja igual ao quadrado sobre o segmento restante.
Seja AB a linha reta dada; assim é requerido ortar AB de modo que
o retângulo ompreendido pelo todo e por um dos segmentos seja igual ao
quadrado sobre o segmento restante. F G
Pois seja o quadrado ABDC des rito sobre AB [I.46℄; seja AC bissetada
no ponto E , e seja BE traçada; seja CA produzida para F , e seja EF feita
igual a BE ; seja o quadrado F H des rito sobre AF , e seja GH produzida
H B
para K . A
Digo que AB foi ortada em H de modo que o retângulo ompreendido
por AB , BH é igual ao quadrado sobre AH .
Pois, omo a linha reta AC foi bissetada em E , e F A está somado a ela, E
o retângulo ompreendido por CF , F A junto om o quadrado sobre AE é
igual ao quadrado sobre EF [II.6℄.
Mas EF é igual a EB ; portanto o retângulo CF , F A junto om o qua- C K D
drado sobre AE é igual ao quadrado sobre EB .
Mas os quadrados sobre BA, AE são iguais ao quadrado sobre EB , pois o ângulo em A é reto
[I.47℄; portanto o retângulo CF , F A junto om o quadrado sobre AE é igual aos quadrados sobre
BA, AE .
Seja o quadrado sobre AE subtraído de ada um deles; portanto o retângulo CF , F A, o que resta,
é igual ao quadrado sobre AB .
Agora, o retângulo CF , F A é F K , pois AF é igual a F G; e o quadrado sobre AB é AD; portanto
F K é igual a AD.
Seja AK subtraído de ada um deles; portanto F H , o que resta, é igual a HD.
E HD é o retângulo AB , BH , pois AB é igual a BD; e F H é o quadrado sobre AH ; portanto o
retângulo ompreendido por AB , BH é igual ao quadrado sobre HA, portanto a linha reta AB dada
foi ortada em H de modo a fazer o retângulo ompreendido por AB , BH igual ao quadrado sobre
HA. [Q.E.F.℄
33

PROPOSIÇ O II.12
Em triângulos obtusângulos, o quadrado sobre o lado subtendido pelo ao ângulo obtuso é
maior que os quadrados sobre os lados ompreendidos pelo ângulo obtuso por duas vezes o
retângulo ompreendido por um dos lados em torno do ângulo obtuso, a saber, aquele sobre
o qual a perpendi ular ai, e a linha reta que é ortada pela perpendi ular e que está na
parte de fora na direção do ângulo obtuso.
Seja ABC um triângulo obtusângulo tendo o ângulo BAC obtuso, e
seja BD traçada a partir do ponto B perpendi ular a CA produzida; digo
B que o quadrado sobre BC é maior que os quadrados sobre BA, AC por
duas vezes o retângulo ompreendido por CA, AD.
Pois, omo a linha reta CD foi ortada omo se queira no ponto A, o
quadrado sobre DC é igual aos quadrados sobre CA, AD e duas vezes o
retângulo ompreendido por CA, AD [II.4℄.
D A C Seja o quadrado sobre DB somado a ada um deles; portanto os qua-
drados sobre CD, DB são iguais aos quadrados sobre CA, AD, DB e
duas vezes o retângulo CA, AD.
Mas o quadrado sobre CB é igual aos quadrados sobre CD, DB , pois o ângulo em D é reto
[I.47℄; e o quadrado sobre AB é igual aos quadrados sobre AD, DB [I.47℄; portanto o quadrado
sobre CB é igual aos quadrados sobre CA, AB e duas vezes o retângulo ompreendido por CA, AD;
de modo que o quadrado sobre CB é maior que os quadrados sobre CA, AB por duas vezes o retângulo
ompreendido por CA, AD.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O II.13
Em triângulos a utângulos, o quadrado do lado subtendido pelo ângulo agudo é menor que
os quadrados sobre os lados ompreendidos pelo ângulo agudo por duas vezes o retângulo
ompreendido por um dos lados em torno do ângulo agudo, a saber, aquele sobre o qual a
perpendi ular ai, e a linha reta que é ortada pela perpendi ular e que está na parte de
dentro na direção do ângulo agudo.
Seja ABC um triângulo a utângulo tendo o ângulo em B agudo, e seja
AD traçada a partir de A perpendi ular a BC .
A Digo que o quadrado sobre AC é menor que os quadrados sobre CB ,
BA por duas vezes o retângulo ompreendido por CB , BD.
Pois, omo a linha reta CB foi ortada omo se queira em D, os qua-
drados sobre CB , BD são iguais a duas vezes o retângulo ompreendido
por CB , BD e o quadrado sobre DC [II.7℄.
B D C Seja o quadrado sobre DA somado a ada um deles; portanto os quadra-
dos sobre CB , BD, DA são iguais a duas vezes o retângulo ompreendido
por CB , BD e os quadrados sobre AD, DC .
Mas o quadrado sobre AB é igual aos quadrados sobre BD, DA, pois o ângulo em D é reto [I.47℄;
e o quadrado sobre AC é igual aos quadrados sobre AD, DC ; portanto os quadrados sobre CB , BA
são iguais ao quadrado sobre AC e duas vezes o retângulo CB , BD, de modo que o quadrado sobre
AC sozinho é menor que os quadrados sobre CB , BA por duas vezes o retângulo ompreendido por
CB , BD.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
34

PROPOSIÇ O II.14
Construir um quadrado igual a uma gura retilínea dada.
Seja A a gura retilínea dada; assim é requerido onstruir um qua-
drado igual à gura retilínea A dada.
Pois seja onstruído o paralelogramo retângulo BD igual à gura re-
tilínea A [I.45℄. A
Então, se BE é igual a ED, estará feito o que se pede; pois um
quadrado BD foi onstruído igual à gura retilínea A.
Mas, se não, uma das linhas retas BE , ED é maior. H
Seja BE a maior, e seja ela produzida para F ; e faça EF igual a ED,
e seja BF bissetada em G.
Com entro G e distân ia uma das linhas retas GB , GF seja des rito
o semi ír ulo BHF ; seja DE produzida para H , e seja GH traçada. B
Então, omo a linha reta BF foi ortada em segmentos iguais em G, G E F
e em segmentos desiguais em E , o retângulo ompreendido por BE , EF
junto om o quadrado sobre EG é igual ao quadrado sobre GF [II.5℄. C D
Mas GF é igual a GH ; portanto o retângulo BE , EF junto om o
quadrado sobre GE é igual ao quadrado sobre GH .
Mas os quadrados sobre HE , EG são iguais ao quadrado sobre GH [I.47℄; portanto o retângulo
BE , EF junto om o quadrado sobre GE é igual aos quadrados sobre HE , EG.
Seja o quadrado sobre GE subtraído de ada um deles; portanto o retângulo ompreendido por
BE , EF , o que resta, é igual ao quadrado sobre EH .
Mas o retângulo BE , EF é BD, pois EF é igual a ED; portanto o paralelogramo BD é igual ao
quadrado sobre HE .
E BD é igual à gura retilínea A.
Portanto, a gura retilínea A também é igual ao quadrado que pode ser des rito sobre EH .
Portanto um quadrado, a saber, aquele que pode ser des rito sobre EH , foi onstruído igual à
gura retilínea A dada. [Q.E.F.℄
35

TERCEIRO LIVRO

DEFINIÇÕES
1. Cír ulos iguais são aqueles ujos diâmetros são iguais, ou ujos raios são iguais.
2. Se diz que to a um ír ulo a linha reta que, en ontrando o ír ulo e sendo produzida, não orta
o ír ulo.
3. Se diz que to am um ao outro os ír ulos que, en ontrando um ao outro, não ortam um ao
outro.
4. Em um ír ulo se diz que linhas retas estão igualmente distantes do entro quando as perpendi-
ulares a elas traçadas a partir do entro são iguais.
5. E a linha reta é dita estar à maior distân ia aquela sobre a qual ai a maior perpendi ular.
6. Um segmento de um ír ulo é a gura ompreendida por uma linha reta e uma ir unferên ia
de um ír ulo.
7. Um ângulo de um segmento é o ompreendido por uma linha reta e uma ir unferên ia de um
ír ulo.
8. Um ângulo em um segmento é o ângulo que, quando um ponto é tomado sobre a ir unferên ia
do segmento e linhas retas são traçadas a partir dele para as extremidades da linha reta que é
a base do segmento, está ompreendido pelas linhas retas assim traçadas.
9. E, quando as linhas retas que ompreendem o ângulo ortam uma ir unferên ia, se diz que o
ângulo está sobre a ir unferên ia.
10. Um setor de um ír ulo é gura que, quando um ângulo é onstruído no entro do ír ulo, está
ompreendida pelas linhas retas que ompreendem o ângulo e a ir unferên ia ortada por eles.
11. Segmentos semelhantes de ír ulos são aqueles que admitem ângulos iguais, ou nos quais os
ângulos são iguais entre si.

LIVRO III. PROPOSIÇÕES

PROPOSIÇ O III.1
En ontrar o entro de um ír ulo dado.
Seja ABC o ír ulo dado; assim é requerido en ontrar o entro do ír ulo
ABC .
Seja AB uma linha reta traçada através dele omo se queira, e seja ela C
bissetada no ponto D; seja DC a perpendi ular a AB traçada a partir de D e
seja ela produzida para E ; seja CE bissetada em F .
Digo que F é o entro do ír ulo ABC . F G
Pois suponha que ele não é, mas, se possível, seja G o entro, e sejam GA,
GD, GB traçadas. A D
B
Então, omo AD é igual a DB , e DG é omum, os dois lados AD, DG são
iguais aos dois lados BD, DG respe tivamente; e a base GA é igual à base GB , E
pois elas são raios; portanto o ângulo ADG é igual ao ângulo GDB [I.8℄.
Mas, quando uma linha reta levantada sobre uma linha reta faz os ângulos adja entes iguais entre
si, ada um dos ângulos iguais é reto [I. Def.10℄; portanto o ângulo GDB é reto.
36

Mas o ângulo F DB também é reto; portanto o ângulo F DB é igual ao ângulo GDB , o maior igual
ao menor: o que é impossível.
Portanto G não é o entro do ír ulo ABC .
Do mesmo modo podemos provar que nenhum outro ponto o é, ex eto F .
Portanto o ponto F é o entro do ír ulo ABC .
COROLÁRIO. A partir disso é manifesto que, se em um ír ulo uma linha reta orta uma
linha reta em duas partes iguais e em ângulos retos, o entro do ír ulo está sobre a linha
reta que orta a outra. [Q.E.F.℄
PROPOSIÇ O III.2
Se sobre a ir unferên ia de um ír ulo dois pontos são tomados omo se queira, a linha
reta que os liga airá dentro do ír ulo.
Seja ABC um ír ulo, e sejam A, B dois pontos tomados omo se queira
sobre sua ir unferên ia; digo que a linha reta traçada de A para B airá
C dentro do ír ulo.
Pois suponha que não, mas, se possível, que aia fora, omo AEB ; tome-
D
se o entro do ír ulo ABC [III.1℄, e seja ele D; sejam DA, DB traçadas,
e seja DF E produzida através deles.
A Então, omo DA é igual a DB , o ângulo DAE também é igual ao ângulo
F DBE [I.5℄. E, omo um lado AEB do triângulo DAE é produzido, o
E B ângulo DEB é maior que o ângulo DAE [I.16℄.
Mas o ângulo DAE é igual ao ângulo DBE ; portanto o ângulo DEB é
maior que o ângulo DBE . E o maior ângulo subtende o maior lado [I.19℄; portanto DB é maior
que DE .
Mas DB é igual a DF ; portanto DF é maior que DE , o menor que o maior: o que é impossível.
Portanto a linha reta traçada de A para B não airá fora do ír ulo.
Do mesmo modo podemos provar que ela mesma também não airá sobre a ir unferên ia; portanto
airá dentro.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.3
Se dentro de um ír ulo uma linha reta que passa pelo entro bissetar uma linha reta que
não passa pelo entro, também a ortará perpendi ularmente; e se a ortar perpendi ular-
mente, também a bissetará.
Seja ABC um ír ulo, e dentro dele seja CD uma linha reta que passa
pelo entro e que bisseta uma linha reta AB que não passa pelo entro
C em um ponto F ; digo que ela também a orta perpendi ularmente.
Pois seja tomado o entro do ír ulo ABC , e seja ele E ; sejam EA,
EB traçadas.
E
Então, omo AF é igual a F B , e F E é omum, dois lados são iguais
a dois lados; e a base EA é igual à base EB ; portanto o ângulo AF E é
A
F
B igual ao ângulo BF E [I.8℄.
Mas, quando uma linha levantada sobre uma linha reta faz ângulos
adja entes iguais entre si, ada um deles é reto [I. Def.10℄; portanto
D
ada um dos ângulos AF E , BF E é reto.
Portanto CD, que passa pelo entro, e bisseta AB que não passa pelo
entro, também a orta perpendi ularmente.
De novo, seja AB ortada perpendi ularmente por CD.
37

Digo que também a bisseta, isto é, que AF é igual a F B .


Pois, om a mesma onstrução, omo EA é igual a EB , o ângulo EAF também é igual ao ângulo
EBF [I.5℄.
Mas o ângulo reto AF E é igual ao ângulo reto BF E , portanto EAF , EBF são dois triângulos
que têm dois ângulos iguais a dois ângulos e um lado igual a um lado, a saber EF , o qual é omum
a ambos, e é subtendido por um dos ângulos iguais; portanto eles também terão os lados restantes
iguais aos lados restantes [I.26℄; portanto AF é igual a F B .
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.4
Se dentro de um ír ulo duas linhas retas se ortam, mas não passam pelo entro, elas não
bissetam uma a outra.
Seja ABCD um ír ulo, e dentro dele sejam AC , BD duas linhas retas,
que não passam pelo entro, e que ortam uma a outra em E ; digo que elas
não bissetam uma a outra.
Pois, se é possível, bissetem elas uma a outra, de modo que AE é igual
a EC , e BE a ED; seja tomado o entro do ír ulo ABC [III.1℄, e seja
D
ele F ; seja F E traçada. F
Então, desde que uma linha reta F E , que passa pelo entro, bisseta a A C
E
linha reta AC , que não passa pelo entro, ela também a orta perpendi u-
larmente [III.3℄; portanto o ângulo F EA é reto.
De novo, omo a linha reta F E bisseta a linha reta BD, também a orta B
perpendi ularmente [III.3℄; portanto o ângulo F EB é reto.
Mas, também foi provado que o ângulo F EA é reto; portanto o ângulo F EA é igual ao ângulo
F EB , o menor igual ao maior: o que é impossível.
Portanto AC , BD não bissetam uma a outra.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.5
Se dois ír ulos ortam um ao outro, eles não terão o mesmo entro.
Pois sejam ABC , CDG ír ulos que ortam um ao outro nos pontos B ,
C ; digo que eles não terão o mesmo entro.
Pois, se possível, seja ele E ; seja EC traçada, e seja EF G traçada omo A C
se queira.
D
Então, omo o ponto E é o entro do ír ulo ABC , então EC é igual a
EF [I. Def.15℄. E
De novo, omo o ponto E é o entro do ír ulo CDG, então EC é igual B F
a EG.
G
Mas, foi também foi provado que EC é igual a EF ; portanto EF também
é igual a EG, o menor igual ao maior: o que é impossível.
Portanto o ponto E não é o entro dos ír ulos ABC , CDG.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
38

PROPOSIÇ O III.6
Se dois ír ulos to am um ao outro, eles não terão o mesmo entro.
Pois sejam ABC , CDE dois ír ulos que to am um ao outro no ponto C ;
digo que eles não terão o mesmo entro.
Pois, se possível, seja ele F ; seja F C traçada, e seja F EB traçada omo
C se queira.
E Então, omo o ponto F é o entro do ír ulo ABC , então F C é igual a
B
F F B.
D
De novo, omo o ponto F é o entro do ír ulo CDE , então F C é igual a
F E.
A Mas, também foi provado que F C é igual a F B ; portanto F E também é
igual a F B , o menor igual ao maior: o que é impossível.
Portanto o ponto F não é o entro dos ír ulos ABC , CDE .
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.7
Se sobre o diâmetro de um ír ulo se tomar um ponto que não seja o entro do ír ulo,
e se a partir desse ponto linhas retas aem sobre o ír ulo, a máxima será aquela sobre a
qual o entro está, a que resta sobre o mesmo diâmetro será a mínima, e das restantes, a
que estiver mais próxima da linha reta que passa pelo entro é sempre maior que a mais
afastada, e somente duas linhas retas iguais a partir do dito ponto aem sobre o ír ulo,
uma em ada lado da linha reta mínima.
Seja ABCD um ír ulo, e seja AD um diâmetro dele; sobre
AD seja tomado um ponto F que não é o entro do ír ulo,
C seja E o entro do ír ulo, e a partir de F sejam F B , F C , F G
linhas retas que aem sobre o ír ulo ABCD.
G Digo que F A é máxima, F D é mínima, e das restantes, F B
B é maior que F C , e F C que F G.
F Pois, sejam BE , CE , GE traçadas.
A
E
D Então, omo em qualquer triângulo dois lados são maiores
que o restante [I.20℄, EB , EF são maiores que BF .
Mas AE é igual a BE ; portanto AF é maior que BF .
H
De novo, omo BE é igual a CE , e F E é omum, os dois
K lados BE , EF são iguais aos dois lados CE , EF .
Mas o ângulo BEF também é maior que o ângulo CEF ;
portanto a base BF é maior que a base CF [I.24℄.
Pela mesma razão CF também é maior que F G.
De novo, omo GF , F E são maiores que EG, e EG é igual a ED, então GF , F E são maiores que
ED.
Seja EF subtraída de ada um deles; portanto o restante GF é maior que o restante F D.
Portanto F A é máxima, F D é mínima, e F B é maior que F C , e F C que F G.
Digo também que a partir do ponto F somente duas linhas retas iguais airão sobre o ír ulo
ABCD, uma em ada lado da mínima F D.
Pois sobre a linha reta EF , e no ponto E sobre ela, seja o ângulo F EH onstruído igual ao ângulo
GEF [I.23℄, e seja F H traçada.
Então, omo GE é igual a EH , e EF é omum, os dois lados GE , EF são iguais aos dois lados
HE , EF ; e o ângulo GEF é igual ao ângulo HEF ; portanto a base F G é igual à base F H [I.4℄.
Digo novamente que outra linha reta igual a F G a partir do ponto F não airá sobre o ír ulo.
Pois, se possível, seja F K aindo deste modo.
39

Então, omo F K é igual a F G, e F H a F G, então F K também é igual a F H , a mais próxima à


linha reta que passa pelo entro sendo então igual à mais remota: o que é impossível.
Portanto outra linha reta igual a GF a partir do ponto F não airá sobre o ír ulo; portanto
apenas uma linha reta airá deste modo.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.8
Se fora de um ír ulo é tomado um ponto e a partir dele linhas retas são traçadas através
do ír ulo, uma das quais passa pelo entro e as outras são traçadas omo se queira, então,
das linhas retas que aem sobre a parte n ava da ir unferên ia, a que passa pelo entro
é a máxima, enquanto das restantes, a mais próxima daquela que passa pelo entro é
sempre maior que a mais remota, mas, das linhas retas que aem sobre a parte onvexa
da ir unferên ia, a que está entre o ponto e o diâmetro é a mínima, enquanto dentre
as restantes, a mais próxima da mínima é sempre menor que a mais remota, e somente
duas linhas retas iguais airão sobre o ír ulo a partir do dito ponto, uma em ada lado
da mínima.
Seja o ír ulo ABC , e fora dele o ponto D; sejam traçadas
as linhas retas DA, DE , DF , DC a partir de D para a
ir unferên ia do ír ulo, e passe DA pelo entro. D
Digo que, dentre as retas que aírem na parte n ava
da ir unferên ia AEF C , a reta DA, que passa pelo entro,
será a máxima; enquanto DE é maior que DF e DF que DC ;
mas, dentre as retas que aírem na parte onvexa HLKG,
a mínima será a linha reta DG entre o ponto e o diâmetro H L K
G
AG; e a mais próxima da mínima DG é sempre menor que B
a mais remota, a saber DK que DL, e DL que DH . N
Seja M o entro do ír ulo ABC [III.1℄, e sejam as
linhas retas M E , M F , M C , M K , M L, M H traçadas.
Então, omo AM é igual a EM , seja M D ajuntada a C
ada uma delas; portanto AD é igual a EM , M D.
Mas EM , M D são maiores que ED; portanto AD tam- M
bém é maior que ED. F
De novo, omo M E é igual a M F , e M D é omum,
portanto EM , M D são iguais a F M , M D; e o ângulo EM D
é maior que o ângulo F M D; portanto a base ED é maior E
que a base F D [I.24℄.
Analogamente nós podemos provar que F D é maior que A
CD; portanto DA é máxima, enquanto DE é maior que DF ,
e DF que DC .
Em seguida, omo M K , KD são maiores que M D, e M G é igual a M K , portanto o restante KD
é maior que o restante GD, de modo que GD é menor que KD.
E, desde que, sobre M D, um dos lados do triângulo M LD, duas linhas retas M K , KD foram
onstruídas se en ontrando dentro do triângulo, portanto M K , KD são menores que M L, LD [I.21℄;
e M K é igual a M L; portanto o restante DK é menor que o restante DL.
Analogamente, nós podemos provar que DL também é menor que DH ; portanto DG é a mínima,
enquanto DK é menor que DL, e DL que DH .
Digo também que somente duas linhas retas iguais airão do ponto D sobre o ír ulo, uma em
ada lado da mínima DG.
Sobre a linha reta M D, e em um ponto M sobre ela, seja o ângulo DM B onstruído igual ao
ângulo KM D, e seja DB traçada.
40

Então, omo M K é igual a M B , e M D é omum, os dois lados KM , M D são iguais aos dois lados
BM , M D respe tivamente; e o ângulo KM D é igual ao ângulo BM D; portanto a base DK é igual
a base DB [I.4℄.
Digo que nenhuma outra linha reta igual à linha reta DK airá sobre o ír ulo a partir do ponto
D. Pois, se possível, seja DN uma tal linha reta.
Então, omo DK é igual a DN , enquanto que DK é igual a DB , DB também é igual a DN , isto
é, a mais próxima à mínima DG igual à mais remota: o que foi provado ser impossível.
Portanto não mais que duas linhas retas iguais airão sobre o ír ulo ABC a partir do ponto D,
uma sobre ada lado da mínima DG.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.9
Se um ponto é tomado dentro de um ír ulo e a partir dele mais que duas linhas retas
iguais aem sobre o ír ulo, o ponto tomado é o entro do ír ulo.
Sejam ABC um ír ulo e D um ponto dentro dele, e a partir
de D sejam mais do que duas linhas retas iguais, a saber DA, DB ,
B L DC , que aem sobre o ír ulo ABC .
F
Digo que o ponto D é o entro do ír ulo ABC .
Pois sejam AB , BC traçadas e bissetadas nos pontos E , F , e
K C sejam ED, F D traçadas e produzidas até os pontos G, K , H , L.
E Então, omo AE é igual a EB , e ED é omum, os dois lados
D
G AE , ED são iguais aos dois lados BE , ED; e a base DA é igual à
base DB ; portanto o ângulo AED é igual ao ângulo BED [I.8℄.
A Portanto, ada um dos ângulos AED, BED é reto [I.
Def.10℄; portanto GK orta AB em duas partes iguais e em ân-
H
gulos retos.
E desde que, se dentro de um ír ulo uma linha reta orta um
linha reta em duas partes iguais e em ângulos retos, o entro do ír ulo está sobre a linha reta ortante
[III.1, Cor.℄, o entro do ír ulo está sobre GK .
Pela mesma razão o entro do ír ulo ABC também está sobre HL.
E as linhas retas GK , HL não têm nenhum outro ponto em omum além do ponto D; portanto o
ponto D é o entro do ír ulo ABC . Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.10
Um ír ulo não orta um ír ulo em mais que dois pontos.
Pois, se possível, seja o ír ulo ABC que orta o ír ulo
DEF em mais do que dois pontos, a saber B , G, F , H ; sejam
A BH , BG traçadas e bissetadas nos pontos K , L, sejam KC ,
D B LM as perpendi ulares a BH , BG traçadas a partir de K ,
H K L e onduzidas até os pontos A, E .
Então, desde que dentro do ír ulo ABC uma linha reta
M
N P L O E AC orta uma linha reta BH em duas partes iguais e per-
pendi ularmente, o entro do ír ulo ABC está sobre AC
F [III.1, Cor.℄.
G De novo, desde que dentro do mesmo ír ulo ABC uma
C linha reta N O orta uma linha reta BG em duas partes
iguais e perpendi ularmente, o entro do ír ulo ABC está sobre N O.
Mas, foi também provado que está sobre AC , e as linhas retas AC , N O não se en ontram, ex eto
em P ; portanto o ponto P é o entro do ír ulo ABC .
41

Do mesmo modo podemos provar que P também é o entro do ír ulo DEF ; portanto os dois
ír ulos ABC , DEF que ortam um ao outro, têm o mesmo entro P : o que é impossível [III.5℄.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.11
Se dois ír ulos to am um ao outro internamente, e os seus entros são tomados, a linha
reta ligando os seus entros, se também é produzida, airá sobre o ponto de ontato dos
ír ulos.
Pois sejam ABC , ADE dois ír ulos que to am um ao outro interna-
mente no ponto A, e sejam tomados F o entro do ír ulo ABC , e G o
entro de ADE . H
Digo que a linha reta traçada de G para F e produzida airá sobre A.
Pois supondo que não seja assim, mas, se possível, aia ela omo F GH , D
A
e sejam AF , AG traçadas. G
Então, omo AG, GF são maiores que F A, isto é, que F H , seja F G
F B
subtraída de ada uma; portanto o restante AG é maior que o restante
GH .
E
Mas AG é igual a GD; portanto GD também é maior que GH , o
menor que o maior: o que é impossível. C
Portanto a linha reta traçada de F para G não airá do lado de fora;
portanto airá em A sobre o ponto de ontato.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.12
Se dois ír ulos to am um ao outro externamente, a linha reta ligando os seus entros
passará pelo ponto de ontato.
Pois sejam ABC , ADE dois ír ulos que to am um ao outro
externamente no ponto A, e sejam tomados F o entro do ír ulo
ABC , e G o entro de ADE . B
Digo que a linha reta traçada de F para G passará pelo ponto
de ontato em A.
Pois supondo que não seja assim, mas, se possível, que ela
passe omo F CDG, e sejam AF , AG traçadas. F A
Então, omo o ponto F é o entro do ír ulo ABC , então F A C
é igual a F C . D
E
De novo, omo o ponto G é o entro do ír ulo ADE , então G
GA é igual a GD.
Mas, também foi provado que F A é igual a F C ; portanto F A,
AG são iguais a F C , GD, de modo que o total F G é maior que F A, AG; mas também é menor [I.20℄:
o que é impossível.
Portanto a linha reta traçada de F para G não deixará de passar pelo ponto de ontato A; portanto
ela passará por ele.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
42

PROPOSIÇ O III.13
Um ír ulo não to a outro ír ulo em mais de um ponto, quer o toque internamente ou
externamente.
Pois, se possível, seja ABDC um ír ulo que to a o ír ulo
EBF D, primeiro internamente, em mais que um ponto, a saber
K D, B .
Sejam tomados G o entro do ír ulo ABDC , e H o entro de
A
EBF D.
Portanto a linha reta traçada de G para H airá sobre B , D
C
[III.11℄.
E Caia ela omo BGHD.
Então, omo o ponto G é o entro do ír ulo ABCD, então BG
é igual a GD; portanto BG é maior que HD; portanto BH é muito
G H maior que HD.
B D De novo, omo o ponto H é o entro do ír ulo EBF D, então
F
BH é igual a HD; mas também foi provado ser muito maior que
ele: o que é impossível.
Portanto um ír ulo não to a um ír ulo internamente em mais do que um ponto.
Digo mais, que nem também se to am eles externamente.
Pois, se possível, seja ACK o ír ulo que to a o ír ulo ABDC em mais pontos do que um, a
saber, A, C , e seja AC traçada.
Então, desde que sobre a ir unferên ia de ada um dos ír ulos ABDC , ACK dois pontos A, C
são tomados omo se queira, a linha reta ligando estes pontos airá dentro de ada ír ulo [III.2℄;
mas ai dentro do ír ulo ABDC e fora de ACK [III. Def.3℄: o que é absurdo.
Portanto um ír ulo não to a um ír ulo externamente em mais pontos do que um.
E foi provado que nem também faz isto se o to a internamente. Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.14
Em um ír ulo linhas retas iguais estão igualmente distantes do entro, e aquelas que estão
igualmente distantes do entro são iguais entre si.
Seja ABDC um ír ulo, e dentro dele sejam AB , CD linhas retas
iguais.
D Digo que AB , CD estão igualmente distantes do entro.
Pois seja tomado o entro do ír ulo ABDC [III.1℄, e seja ele E ;
sejam EF , EG as perpendi ulares a AB traçadas a partir de E , CD, e
B E sejam AE , EC traçadas.
G
Então, omo a linha reta EF passa pelo entro e orta perpendi ular-
F
mente a linha reta AB , que não passa pelo entro, ela também a bisseta
[III.3℄.
C Portanto AF é igual a F B ; portanto AB é o dobro de AF .
A Pela mesma razão, CD também é o dobro de CG; e AB é igual a CD;
portanto AF também é igual a CG.
E, omo AE é igual a EC , o quadrado sobre AE também é igual ao quadrado sobre EC . Mas os
quadrados sobre AF , EF são iguais ao quadrado sobre AE , pois o ângulo em F é reto; e os quadrados
sobre EG, GC são iguais ao quadrado sobre EC , pois o ângulo em G é reto [I.47℄; portanto os
quadrados sobre AF , F E são iguais aos quadrados sobre CG, GE , dos quais o quadrado sobre AF é
igual ao quadrado sobre CG, pois AF é igual a CG; portanto o quadrado sobre F E , o que resta, é
igual ao quadrado sobre EG, portanto EF é igual a EG.
43

Mas linhas retas dentro de um ír ulo são ditas igualmente distantes do entro quando as per-
pendi ulares traçadas a elas a partir do entro são iguais [III. Def.4℄; portanto AB , CD estão
igualmente distantes do entro.
Em seguida, sejam as linhas retas AB , CD igualmente distantes do entro; isto é, seja EF igual
a EG.
Digo que AB também é igual a CD.
Pois, om a mesma onstrução, do mesmo modo podemos provar que AB é o dobro de AF , e CD
de CG.
E, omo AE é igual a CE , o quadrado sobre AE é igual ao quadrado sobre CE .
Mas os quadrados sobre EF , F A são iguais ao quadrado sobre AE , e os quadrados sobre EG, GC
são iguais ao quadrado sobre CE [I.47℄.
Portanto os quadrados sobre EF , F A são iguais aos quadrados sobre EG, GC , dos quais o quadrado
sobre EF é igual ao quadrado sobre EG, pois EF é igual a EG; portanto o quadrado sobre AF , o
que resta, é igual ao quadrado sobre CG; portanto AF é igual a CG.
E AB é o dobro de AF , e CD o dobro de CG; portanto AB é igual a CD. Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.15
De linhas retas dentro de um ír ulo, o diâmetro é a máxima, e dentre as restantes, a mais
próxima do entro é sempre maior que a mais remota.
Seja ABCD um ír ulo, seja AD seu diâmetro e E o entro; e
seja BC a mais próxima do diâmetro AD, e F G a mais remota.
Digo que AD é máxima e BC é maior que F G. A
B
Pois sejam EH , EK as perpendi ulares a BC , F G traçadas a M
partir do entro E .
Então, omo BC é mais próxima ao entro e F G mais remota,
F
EK é maior que EH [III. Def.5℄.
Seja EL feita igual a EH , e seja LM a perpendi ular a EK E
K L H
traçada a partir de L e produzida até N , e sejam M E , EN , F E ,
EG traçadas.
Então, omo EH é igual a EL, então BC também é igual a
M N [III.14℄. G
De novo, omo AE é igual a EM , e ED a EN , então AD é N D C
igual a M E , EN .
Mas M E , EN são maiores que M N [I.20℄, e M N é igual a BC ; portanto AD é maior que BC .
E, omo os dois lados M E , EN são iguais aos dois lados F E , EG, e o ângulo M EN maior que o
ângulo F EG, portanto a base M N é maior que a base F G [I.24℄.
Mas foi provado que M N é igual a BC .
Portanto o diâmetro AD é máximo e BC é maior que F G. Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.16
A linha reta perpendi ular ao diâmetro de um ír ulo traçada a partir de sua extremidade
airá fora do ír ulo, e dentro do espaço entre a linha reta e a ir unferên ia nenhuma
outra linha reta pode ser interposta; além disso, o ângulo do semi ír ulo é maior que
qualquer ângulo retilíneo agudo; e o ângulo restante menor.
Seja ABC um ír ulo tendo D omo entro e AB omo diâmetro.
44

Digo que uma linha reta traçada a partir de A perpendi ular


B a AB a partir de sua extremidade airá fora do ír ulo.
Pois suponha que não, mas, se possível, que ela aia dentro
om CA, e seja DC traçada.
Como DA é igual a DC , o ângulo DAC também é igual ao
D
ângulo ACD [I.5℄.
Mas o ângulo DAC é reto; portanto o ângulo ACD também
C é reto: assim, no triângulo ACD, os dois ângulos DAC , ACD
H são iguais a dois ângulos retos: o que é impossível [I.17℄.
F G Portanto a linha reta traçada a partir do ponto A perpen-
E A di ular a BA não airá dentro do ír ulo.
Do mesmo modo podemos provar que também não airá
sobre a ir unferên ia; portanto airá fora.
Caia ela omo AE .
Digo em seguida que dentro do espaço entre a linha reta AE e a ir unferên ia CHA nenhuma
outra linha reta pode ser interposta.
Pois, se possível, seja outra linha reta interposta, omo F A, e seja DG traçada a partir do ponto
D perpendi ular a F A.
Então, omo o ângulo AGD é reto, e o ângulo DAG é menor que um ângulo reto, AD é maior que
DG [I.19℄.
Mas DA é igual a DH ; portanto DH é maior que DG, o menor que o maior: o que é impossível.
Portanto nenhuma outra linha reta pode ser interposta dentro do espaço entre a linha reta e a
ir unferên ia.
Além disso, digo que o ângulo do semi ír ulo ompreendido pela linha reta BA e a ir unferên ia
CHA é maior que qualquer ângulo retilíneo agudo, e o ângulo restante ompreendido pela ir unfe-
rên ia CHA e a linha reta AE é menor que qualquer ângulo retilíneo agudo.
Pois, se existe algum ângulo retilíneo agudo maior que o ângulo ompreendido pela linha reta BA e
a ir unferên ia CHA, e algum ângulo retilíneo menor que o ângulo ompreendido pela ir unferên ia
CHA e a linha reta AE , então dentro do espaço entre a ir unferên ia e a linha reta AE uma linha
reta poderá ser interposta de modo a fazer um ângulo ompreendido por linhas retas que é maior que
o ângulo ompreendido pela linha reta BA e a ir unferên ia CHA, e outro ângulo ompreendido por
linhas retas que é menor que o ângulo ompreendido pela ir unferên ia CHA e a linha reta AE .
Mas uma tal linha reta não pode ser interposta; portanto não existirá nenhuma ângulo agudo
ompreendido por linhas retas que é maior que o ângulo ompreendido pela linha reta BA e a ir un-
ferên ia CHA, nem também algum ângulo agudo ompreendido por linhas retas que é menor que o
ângulo ompreendido pela ir unferên ia CHA e a linha reta AE .
COROLÁRIO. A partir disso é manifesto que a linha reta traçada perpendi ular ao diâ-
metro de um ír ulo, a partir de sua extremidade, to a o ír ulo. [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.17
A partir de um ponto dado, traçar uma linha reta to ando um ír ulo dado.
Seja A o ponto dado, e BCD o ír ulo dado; assim é requerido traçar a partir do ponto A uma
linha reta que to a o ír ulo BCD.
Pois seja tomado o entro E do ír ulo [III.1℄; e seja AE traçada, e om entro E e distân ia
EA seja des rito o ír ulo AF G; seja DF perpendi ular a EA traçada a partir de D, e sejam EF ,
AB traçadas.
Digo que AB foi traçada a partir do ponto A to ando o ír ulo BCD.
45

Pois, omo E é o entro dos ír ulos BCD, AF G, então EA é igual


a EF , e ED a EB ; portanto os dois lados AE , EB são iguais aos dois A
F
lados F E , ED; e eles ompreendem um ângulo omum, o ângulo em E ;
portanto a base DF é igual à base AB , e o triângulo DEF é igual ao D
B
triângulo BEA, e os ângulos restantes iguais aos ângulos restantes [I.4℄;
portanto o ângulo EDF é igual ao ângulo EBA. E
C
Mas o ângulo EDF é reto; portanto o ângulo EBA também é reto.
Agora, EB é um raio; e a linha reta traçada perpendi ular ao diâme- G
tro de um ír ulo, a partir de sua extremidade, to a o ír ulo [III.16,
Cor.℄; portanto AB to a o ír ulo BCD.
Portanto, a partir do ponto A dado a linha reta AB foi traçada to-
ando o ír ulo BCD. [Q.E.F.℄
PROPOSIÇ O III.18
Se uma linha reta to a um ír ulo, e uma linha reta é traçada do entro para o ponto de
ontato, a linha reta assim traçada será perpendi ular à tangente.
Pois seja DE uma linha reta que to a o ír ulo ABC no ponto
C , e seja tomado o entro F do ír ulo ABC , e seja F C traçada
de F para C ; digo que F C é perpendi ular a DE . A
Pois, se não, seja F G a perpendi ular a DE traçada a partir
de F .
D
Então, omo o ângulo F GC é reto, o ângulo F CG é agudo B
[I.17℄; e o maior ângulo subtende o maior lado [I.19℄; portanto F G
F C é maior que F G.
Mas F C é igual a F B ; portanto F B também é maior que F G,
C
o menor que o maior: o que é impossível.
Portanto F G não é perpendi ular a DE .
Do mesmo modo podemos provar nem é nenhuma outra linha E
reta, ex eto F C ; portanto F C é perpendi ular a DE .
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.19
Se uma linha reta to a um ír ulo, e do ponto do ontato é traçada uma perpendi ular à
tangente, o entro do ír ulo estará sobre a linha reta assim traçada.
Pois seja DE uma linha reta que to a o ír ulo ABC no ponto C ,
e seja CA a perpendi ular a DE traçada a partir de C .; digo que o
entro do ír ulo está sobre AC . A
Pois suponha que não esteja, mas, se possível, seja F o entro, e
seja CF traçada.
Como a linha reta DE to a o ír ulo ABC , e F C foi traçada a B
partir do entro para o ponto de ontato, F C é perpendi ular a DE F
[III.18℄; portanto o ângulo F CE é reto.
Mas o ângulo ACE também é reto; portanto o ângulo F CE é igual
ao ângulo ACE , o menor para o maior: o que é impossível.
Portanto F não é o entro do ír ulo ABC . D C E
Do mesmo modo podemos provar que nem é nenhum outro ponto,
ex eto um ponto sobre AC .
Portanto, et . [Q.E.D.℄
46

PROPOSIÇ O III.20
Em um ír ulo o ângulo no entro é o dobro do ângulo na ir unferên ia, quando os ângulos
têm a mesma ir unferên ia omo base.
Seja ABC um ír ulo, e seja BEC um ângulo no seu entro, e o
ângulo BAC um ângulo na ir unferên ia, e tenham eles a mesma
D ir unferên ia BC omo base.
Digo que o ângulo BEC é o dobro do ângulo BAC .
Pois seja AE traçada e produzida até F .
A Então, omo EA é igual a EB , o ângulo EAB também é igual
C ao ângulo EBA [I.5℄; portanto os ângulos EAB , EBA são o
E
dobro do ângulo EAB .
F Mas o ângulo BEF é igual aos ângulos EAB , EBA [I.32℄;
portanto o ângulo BEF também é o dobro do ângulo EAB .
Pela mesma razão o ângulo F EC também é o dobro do ângulo
G B
EAC .
Portanto, o ângulo total BEC é o dobro do ângulo total BAC .
De novo, seja outra linha reta exionada, e forme outro ângulo BDC ; e seja DE traçada e
produzida até G.
Do mesmo modo então podemos provar que o ângulo GEC é o dobro do ângulo EDC , e que o
ângulo GEB é o dobro do ângulo EDB ; portanto o ângulo BEC , o que resta, é o dobro do ângulo
BDC . Portanto, et . [Q.E.D.℄

PROPOSIÇ O III.21
Em um ír ulo os ângulos no mesmo segmento são iguais entre si.
Seja ABCD um ír ulo, e sejam os ângulos BAD, BED ângulos
no mesmo segmento BAED; digo que os ângulos BAD, BED são
A iguais entre si.
Pois seja tomado o entro F do ír ulo ABCD; sejam BF , F D
traçadas.
Agora, omo o ângulo BF D está no entro, e o ângulo BAD está
F E na ir unferên ia, e eles têm a mesma ir unferên ia BCD omo base,
portanto o ângulo BF D é o dobro do ângulo BAD [III.20℄.
Pela mesma razão, o ângulo BF D também é o dobro do ângulo
BED; portanto o ângulo BAD é igual ao ângulo BED.
B D
Portanto, et . [Q.E.D.℄
C
PROPOSIÇ O III.22
Os ângulos opostos de um quadrilátero em um ír ulo são iguais a dois ângulos retos.
Seja ABCD um ír ulo, e seja ABCD um quadrilátero nele; digo que os ângulos opostos são iguais
a dois ângulos retos.
Sejam AC , BD traçadas.
Então, omo em qualquer triângulo os três ângulos são iguais a dois ângulos retos [I.32℄, os três
ângulos CAB , ABC , BCA do triângulo ABC são iguais a dois ângulos retos.
47

Mas o ângulo CAB é igual ao ângulo BDC , pois eles estão no


mesmo segmento BADC [III.21℄; e o ângulo ACB é igual ao ângulo
ADB , pois eles estão no mesmo segmento ADCB ; portanto o ângulo B
total ADC é igual aos ângulos BAC , ACB . A
Seja o ângulo ABC somado a ada um deles; portanto os ângulos
ABC , BAC , ACB são iguais aos ângulos ABC , ADC .
Mas os ângulos ABC , BAC , ACB são iguais a dois ângulos retos;
portanto os ângulos ABC , ADC também são iguais a dois ângulos
retos. C
Do mesmo modo podemos provar que os ângulos BAD, DCB tam-
bém são iguais a dois ângulos retos. D
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.23
Sobre a mesma linha reta e de um mesmo lado dela não se pode onstruir dois segmentos
de ír ulos semelhantes e desiguais.
Pois, se possível, sobre a mesma linha reta AB sejam dois seg-
mentos de ír ulos ACB , ADB semelhantes e desiguais onstruídos
sobre o mesmo lado; seja ACD traçada através deles, e sejam CB , D
DB traçadas.
Então, omo o segmento ACB é semelhante ao segmento ADB , C
e segmentos semelhantes de ír ulos são aqueles que admitem ângu-
los iguais [III. Def.11℄, o ângulo ACB é igual ao ângulo ADB , o
exterior igual ao interior: o que é impossível [I.16℄. A B
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.24
Segmentos de ír ulos semelhantes sobre linhas retas iguais são iguais entre si.

E G
F

A B C D

Pois sejam AEB , CF D segmentos de ír ulos semelhantes sobre linhas retas iguais AB , CD.
Digo que o segmento AEB é igual ao segmento CF D.
Pois, se o segmento AEB é posto sobre CF D, e se o ponto A é posto sobre C e a linha reta AB
sobre CD, o ponto B também oin idirá om o ponto D, porque AB é igual a CD; e, AB oin idindo
om CD, o segmento AEB também oin idirá om CF D.
Pois, se a linha reta AB oin ide om CD mas o segmento AEB não oin ide om CF D, ou ele
airá dentro dele, ou ele airá fora dele; ou airá enviesado, omo CGD, e um ír ulo orta um ír ulo
em mais de dois pontos: o que é impossível [III.10℄.
Portanto, se a linha reta é posta sobre CD, o segmento AEB não deixará de oin idir om CF D
também; portanto oin idirão e serão iguais.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
48

PROPOSIÇ O III.25
Des rever o ír ulo ompleto a partir de um segmento de ír ulo dado.

A A
A

B E B D B D
D E

C C
C

Seja ABC o segmento de ír ulo dado; assim é requerido que se des reva o ír ulo ompleto
ontendo ABC omo segmento, isto é, do qual ele é um segmento.
Pois seja AC bissetada em D, e seja DB a perpendi ular a AC traçada a partir do ponto D, e
seja AB traçada; o ângulo ABD é então, maior que, igual a, ou menor que o ângulo BAD.
Primeiro, que seja maior; e sobre a linha reta BA, e no ponto A sobre ela, seja onstruído o ângulo
BAE igual ao ângulo ABD; seja DB traçada até E , e seja EC traçada.
Então, omo o ângulo ABE é igual ao ângulo BAE , a linha reta EB também é igual a EA [I.6℄.
E, omo AD é igual a DC , e DE é omum, os dois lados AD, DE são iguais aos dois lados CD,
DE respe tivamente; e o ângulo ADE é igual ao ângulo CDE , pois ada um deles é reto; portanto a
base AE é igual à base CE .
Mas foi provado que AE igual a BE ; portanto BE também é igual a CE ; portanto as três linhas
retas AE , EB , EC são iguais entre si.
Portanto, o ír ulo traçado om entro E e distân ia dada por uma das linhas retas AE , EB , EC
também passará pelos pontos restantes e estará ompleto [III.9℄.
Portanto, dado um segmento de um ír ulo, o ír ulo ompleto foi des rito.
E é manifesto que o segmento ABC é menor que um semi ír ulo, porque o orre que o entro E
está fora dele.
Do mesmo modo, mesmo se o ângulo ABD é igual ao ângulo BAD, sendo AD igual a ada um
dos dois BD, DC , as três linhas retas DA, DB , DC serão iguais entre si, D será o entro do ír ulo
ompleto, e obviamente ABC será um semi ír ulo.
Mas, se o ângulo ABD é menor que o ângulo BAD, e se onstruirmos sobre a linha reta BA e
no ponto A sobre ela, um ângulo igual ao ângulo ABD, o entro airá sobre DB dentro do segmento
ABC , e o segmento ABC será obviamente maior que um semi ír ulo.
Portanto, dado um segmento de um ír ulo, o ír ulo ompleto foi des rito. [Q.E.F.℄
PROPOSIÇ O III.26
Em ír ulos iguais ângulos iguais estão sobre ir unferên ias iguais, quer eles estejam no
entro ou nas ir unferên ias.
Sejam ABC , DEF ír ulos iguais, e neles sejam os ângulos iguais, a saber, nos entros os ângulos
BGC , EHF , e nas ir unferên ias os ângulos BAC , EDF ; digo que a ir unferên ia BKC é igual à
ir unferên ia ELF .
Pois sejam BC , EF traçadas.
49

Agora, omo os ír ulos ABC , DEF são iguais,


os raios são iguais. A
Assim, as duas linhas retas BG, GC são iguais às
duas linhas retas EH , HF ; e o ângulo em G é igual D
G H
ao ângulo em H ; portanto a base BC é igual à base
EF [I.4℄.
E, omo o ângulo em A é igual ao ângulo em D, B C E F
o segmento BAC é semelhante ao segmento EDF K L
[III. Def.11℄; e eles estão sobre linhas retas iguais.
Mas segmentos semelhantes de ír ulos sobre linhas retas iguais são iguais entre si [III.24℄;
portanto o segmento BAC é igual a EDF .
Mas o ír ulo total ABC também é igual ao ír ulo total DEF ; portanto a ir unferên ia BKC ,
a que resta, é igual à ir unferên ia ELF .
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.27
Em ír ulos iguais ângulos que estão sobre ir unferên ias iguais são iguais entre si, quer
eles estejam nos entros ou nas ir unferên ias.
Pois nos ír ulos iguais ABC , DEF , sobre ir unfe-
rên ias iguais BC , EF , sejam os ângulos BGC , EHF
que estão nos entros G, H , e os ângulos BAC , EDF A D
nas ir unferên ias.
Digo que o ângulo BGC é igual ao ângulo EHF , e o
ângulo BAC é igual ao ângulo EDF . G H
Pois, se os ângulos BGC e EHF são desiguais, um
deles é maior. B C E F
Seja o ângulo BGC o maior: e sobre a linha reta BG, K
e no ponto G sobre ela, seja onstruído o ângulo BGK L
igual ao ângulo EHF [I.23℄.
Agora, ângulos iguais estão sobre ir unferên ias iguais, quando eles estão nos entros [III.26℄;
portanto a ir unferên ia BK é igual à ir unferên ia EF .
Mas EF é igual a BC ; portanto BK também é igual a BC , o menor igual ao maior: o que é
impossível.
Portanto os ângulos BGC e EHF não são desiguais; portanto são iguais.
E o ângulo em A é a metade do ângulo BGC , e o ângulo em D é metade do ângulo EHF [III.20℄;
portanto o ângulo em A é igual ao ângulo em D.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.28
Em ír ulos iguais linhas retas iguais ortam ir unferên ias iguais, a maior igual à maior
e a menor igual à menor.
Sejam ABC , DEF ír ulos iguais, e nestes ír ulos sejam AB , DE linhas retas iguais ortando
ACB , DF E , omo as ir unferên ias maiores, e AGB , DHE , omo as menores.
Digo que a ir unferên ia maior ACB é igual à ir unferên ia maior DF E , e a ir unferên ia
menor AGB a DHE .
Pois, sejam tomados K , L os entros dos ír ulos, e sejam AK , KB , DL, LE traçadas.
50

Agora, omo os ír ulos são iguais, os raios são


C F também iguais; portanto os dois lados AK , KB são
iguais aos dois lados DL, LE ; e a base AB é igual à
base DE ; portanto o ângulo AKB é igual ao ângulo
K L
DLE [I.8℄.
Mas ângulos iguais estão sobre ir unferên ias
A B D E iguais, quando eles estão nos entros [III.26℄; por-
tanto a ir unferên ia AGB é igual a DHE .
G H E o ír ulo total ABC também é igual ao ír ulo
total DEF ; portanto a ir unferên ia ACB , a que
resta, também é igual à ir unferên ia restante DF E .
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.29
Em ír ulos iguais ir unferên ias iguais são subtendidas por linhas retas iguais.
Sejam ABC , DEF ír ulos iguais, e neles
sejam ortadas as ir unferên ias iguais BGC ,
A D EHF ; e sejam as linhas retas BC , EF traçadas.
Digo que BC é igual a EF .
Pois, sejam tomados os entros K , L dos ír-
K L ulos, e sejam BK , KC , EL, LF traçadas.
Agora, omo a ir unferên ia BGC é igual à
ir unferên ia EHF , o ângulo BKC também é
B C F
G
E
H igual ao ângulo ELF [III.27℄.
E, omo os ír ulos ABC , DEF são iguais, os
raios também são iguais; portanto os dois lados
BK , KC são iguais aos dois lados EL, LF ; e eles ompreendem ângulos iguais; portanto a base BC
é igual à base EF [I.4℄.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.30
Bissetar uma ir unferên ia dada.
Seja ADB a ir unferên ia dada; assim é requerido bissetar a
ir unferên ia ADB .
D Seja AB traçada e bissetada em C ; seja CD a perpendi ular
à linha reta AB traçada a partir do ponto C , e sejam AD, DB
traçadas.
Então, omo AC é igual a CB , e CD é omum, os dois lados
A C B AC , CD são iguais aos dois lados BC , CD; e o ângulo ACD é
igual ao ângulo BCD, pois ada um é reto; portanto a base AD é
igual à base DB [I.4℄.
Mas linhas retas iguais ortam ir unferên ias iguais, a maior igual à maior, e a menor à me-
nor [III.28℄; e ada uma das ir unferên ias AD, DB é menor que um semi ír ulo; portanto a
ir unferên ia AD é igual à ir unferên ia DB .
Portanto a ir unferên ia dada foi bissetada no ponto D. [Q.E.F.℄
51

PROPOSIÇ O III.31
Em um ír ulo o ângulo no semi ír ulo é reto, o (ângulo) no segmento maior é menor que
um ângulo reto, o (ângulo) no segmento menor é maior que um ângulo reto; e além disso,
o ângulo do segmento maior é maior que um ângulo reto, e o ângulo do segmento menor
é menor que um ângulo reto.
Seja ABCD um ír ulo, seja BC seu diâmetro, e E o seu entro, e
sejam BA, AC , AD, DC traçadas.
Digo que o ângulo BAC no semi ír ulo BAC é reto, o ângulo ABC C
D
no segmento ABC maior que o semi ír ulo é menor que um ângulo reto, F
e o ângulo ADC no segmento ADC menor que o semi ír ulo é maior que
um ângulo reto. A
Seja AE traçada, e seja BA produzida até F . E
Então, omo BE é igual a EA, o ângulo ABE também é igual ao
ângulo BAE [I.5℄.
De novo, omo CE é igual EA, o ângulo ACE também é igual ao
ângulo CAE [I.5℄. B
Portanto o ângulo total BAC é igual aos dois ângulos ABC , ACB .
Mas o ângulo F AC é externo ao triângulo ABC e também é igual aos dois ângulos ABC , ACB
[I.32℄; portanto o ângulo BAC também é igual ao ângulo F AC ; portanto ada um deles é reto [I.
Def.10℄; portanto o ângulo BAC no semi ír ulo BAC é reto.
Em seguida, omo no triângulo ABC os dois ângulos ABC , BAC são menores que dois ângulos
retos [I.17℄, e o ângulo BAC é um ângulo reto, o ângulo ABC é menor que um ângulo reto; e ele é
o ângulo no segmento ABC maior que o semi ír ulo.
Em seguida, omo ABCD é um quadrilátero em um ír ulo, e os ângulos opostos de um quadri-
látero em um ír ulo são iguais a dois ângulos retos [III.22℄, enquanto o ângulo ABC é menor que
um ângulo reto, portanto o ângulo ADC , o que resta, é maior que um ângulo reto; e ele é o ângulo
no segmento ADC menor que o semi ír ulo.
Além disso, digo também que o ângulo do segmento maior que o semi ír ulo, a saber, o que é
ompreendido pela ir unferên ia ABC e a linha reta AC , é maior que um ângulo reto; e que o ângulo
do segmento menor, a saber, o que é ompreendido pela ir unferên ia ADC e a linha reta AC , é
menor que um ângulo reto.
Este é imediatamente manifesto.
Pois, omo o ângulo ompreendido pelas linhas retas BA, AC é reto, o ângulo ompreendido pela
ir unferên ia ABC e a linha reta AC é maior que um ângulo reto.
De novo, omo o ângulo ompreendido pelas linhas retas AC , AF é reto, o ângulo ompreendido
pela linha reta CA e a ir unferên ia ADC é menor que um ângulo reto.
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.32
Se uma linha reta to a um ír ulo, e a partir do ponto de ontato e dentro do ír ulo for
traçada uma linha reta ortando o ír ulo de um lado a o outro, os ângulos que ela faz
om a tangente serão iguais aos ângulos nos segmentos alternados do ír ulo.
Pois seja EF a linha reta que to a o ír ulo ABCD no ponto B , e a partir do ponto B , e dentro
do ír ulo ABCD, seja a linha reta BD traçada ortando-o e o atravessando de um lado para o outro.
Digo que os ângulos que BD faz om a tangente EF serão iguais aos ângulos nos segmentos
alternados do ír ulo, isto é, que o ângulo F BD é igual ao ângulo onstruído no segmento BAD, e o
ângulo EBD é igual ao ângulo onstruído no segmento DCB .
52

Pois seja BA a perpendi ular a EF traçada a partir de B , e seja


A um ponto C tomado omo se queira sobre a ir unferên ia BD, e
D sejam AD, DC , CB traçadas.
Então, omo a linha reta EF to a o ír ulo ABCD em B , e
BA é perpendi ular à tangente, o entro do ír ulo ABCD está
sobre BA [III.19℄.
C Portanto, BA é um diâmetro do ír ulo ABCD; portanto o ân-
gulo ADB , sendo um ângulo em um semi ír ulo, é reto [III.31℄.
Portanto, os ângulos restantes BAD, ABD são iguais a um
ângulo reto [I.32℄.
E B F Mas o ângulo ABF também é reto; portanto o ângulo ABF é
igual aos ângulos BAD, ABD.
Seja o ângulo ABD subtraído de ada um deles; portanto o ângulo DBF , o que resta, é igual ao
ângulo BAD no segmento alternado do ír ulo.
Em seguida, omo ABCD é um quadrilátero em um ír ulo, seus ângulos opostos são iguais a dois
ângulos retos [III.22℄.
Mas os ângulos DBF , DBE são também iguais a dois ângulos retos; portanto os ângulos DBF ,
DBE são iguais aos ângulos BAD, BCD, dos quais o ângulo BAD foi provado ser igual ao ângulo
DBF ; portanto o ângulo DBE , o que resta, é igual ao ângulo DCB no segmento alternado DCB do
ír ulo. Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.33
Des rever sobre uma linha reta dada um segmento de ír ulo admitindo um ângulo igual
a um ângulo retilíneo dado.
Sejam AB a linha reta dada, e o ângulo em C o ângulo retilíneo
dado; assim é requerido des rever sobre a linha reta AB dada um
D A segmento de um ír ulo admitindo um ângulo igual ao ângulo em C .
C F
O ângulo em C é então agudo, ou reto, ou obtuso.
Primeiro, seja ele agudo, e, omo na primeira gura, sobre a linha
B G reta AB , e no ponto A, seja o ângulo BAD onstruído igual ao ângulo
em C ; portanto o ângulo BAD também é agudo.
Seja traçada AE perpendi ular a DA, seja AB bissetada em F , seja
F G a perpendi ular a AB traçada a partir de F , e seja GB traçada.
E
Então, omo AF é igual a F B , e F G é omum, os dois lados AF ,
F G são iguais aos dois lados BF , F G; e o ângulo AF G é igual ao ângulo BF G; portanto a base AG
é igual à base BG [I.4℄.
Portanto o ír ulo des rito om entro G e distân ia GA também passará por B .
Seja ele traçado, e seja ele ABE ; seja EB traçada.
Agora, omo AD é traçada a partir de A, a extremidade do diâmetro AE , em ângulos retos om
AE , portanto AD to a o ír ulo ABE [III.16, Cor.℄.
Então, omo a linha reta AD to a o ír ulo ABE , e a partir do ponto de ontato em A uma linha
reta AB é traçada dentro do ír ulo ABE , atravessando-o de um lado para o outro, o ângulo DAB é
igual ao ângulo AEB no segmento alternado do ír ulo [III.32℄;
Mas o ângulo DAB é igual ao ângulo em C ; portanto o ângulo em C também é igual ao ângulo
AEB .
Portanto sobre a linha reta AB dada o segmento AEB de um ír ulo foi des rito admitindo o
ângulo AEB igual a um ângulo dado, o ângulo em C .
Em seguida, seja reto o ângulo em C ; de novo é requerido des rever sobre AB um segmento de
um ír ulo admitindo um ângulo igual ao ângulo reto em C .
53

Seja o ângulo BAD onstruído igual ao ângulo reto em C , omo é


o aso na segunda gura; seja AB bissetada em F , e om entro F e D A
distân ia F A ou F B seja des rito o ír ulo AEB .
Portanto a linha reta AD to a o ír ulo ABE , porque o ângulo em C
A também é reto [III.16, Cor.℄. E F
E o ângulo BAD é igual ao ângulo no segmento AEB , pois o
último, sendo um ângulo em um semi ír ulo, também é reto [III.31℄.
Mas o ângulo BAD também é igual ao ângulo em C . Portanto o B
ângulo AEB também é igual ao ângulo em C .
Portanto, de novo o segmento AEB de um ír ulo foi des rito sobre AB admitindo um ângulo
igual ao ângulo em C .
Em seguida, seja obtuso o ângulo em C ; e sobre a linha reta
AB , e no ponto A, seja o ângulo BAD onstruído igual à ele,
omo no aso da ter eira gura; seja traçada AE perpendi u- A
H D
lar a AD, seja AB de novo bissetada em F , seja traçada F G
perpendi ular a AB , e seja GB traçada. F
Então, omo AF é de novo igual a F B , e F G é omum, C G
os dois lados AF , F G são iguais aos dois lados BF , F G; e o B
ângulo AF G é igual ao ângulo BF G; portanto a base AG é
igual à base BG [I.4℄. E
Portanto o ír ulo des rito om entro G e distân ia GA
também passará por B ; seja ele de modo a passar, omo AEB .
Agora, omo AD é traçada perpendi ular ao diâmetro AE a partir de suas extremidades, AD to a
o ír ulo AEB [III.16, Cor.℄.
E AB foi traçada atravessando-o de um lado para o outro a partir do ponto de ontato em A;
portanto o ângulo BAD é igual ao ângulo onstruído no segmento alternado AHB do ír ulo [III.32℄.
Mas o ângulo BAD é igual ao ângulo em C . Portanto, o ângulo no segmento AHB também é
igual ao ângulo em C .
Portanto, sobre a dada linha reta AB o segmento AHB de um ír ulo foi des rito admitindo um
ângulo igual ao ângulo em C . [Q.E.F.℄
PROPOSIÇ O III.34
Cortar um segmento de um ír ulo dado admitindo um ângulo igual à um ângulo retilíneo
dado.
Sejam ABC o ír ulo dado, e o ângulo em D o ângulo retilí-
neo dado; assim, é requerido ortar do ír ulo ABC um segmento
admitindo um ângulo igual ao ângulo retilíneo dado, o ângulo em F C
D.
Seja EF traçada to ando ABC no ponto B , e no ponto B sobre
a linha reta F B , seja onstruído o ângulo F BC igual ao ângulo em
D [I.23℄.
B
Então, omo a linha reta EF to a o ír ulo ABC , e BC foi
traçada atravessando-o de um lado para o outro a partir do ponto A
de ontato em B , o ângulo F BC é igual ao ângulo onstruído no
segmento alternado BAC [III.32℄. D
Mas o ângulo F BC é igual ao ângulo em D; portanto o ângulo E
no segmento BAC é igual ao ângulo em D.
Portanto, a partir do ír ulo ABC dado, o segmento BAC foi ortado admitindo um ângulo igual
ao ângulo retilíneo dado, o ângulo em D. [Q.E.F.℄
54

PROPOSIÇ O III.35
Se dentro de um ír ulo duas linhas retas se ortam, o retângulo ompreendido pelos seg-
mentos de uma é igual ao retângulo ompreendido pelos segmentos da outra.
Pois sejam AC , BD duas linhas retas dentro do ír ulo ABCD
que se ortam no ponto E .
A Digo que o retângulo ompreendido por AE , EC , é igual ao retân-
gulo ompreendido por DE , EB .
Agora, se AC , BD passam pelo entro, de modo que E é o entro
B D
do ír ulo ABCD, é manifesto que, AE , EC , DE , EB , sendo iguais,
E o retângulo ompreendido por AE , EC também é igual ao retângulo
ompreendido por DE , EB .
C Em seguida, sejam AC , DB que não passem pelo entro; seja to-
mado F o entro do ír ulo ABCD; a partir de F sejam traçadas F G,
F H perpendi ulares às linhas retas AC , DB , e sejam F B , F C , F E
traçadas.
Então, omo a linha reta GF passa pelo entro e orta perpendi ularmente a linha reta AC , que
não passa pelo entro, ela também a bisseta [III.3℄; portanto AG é igual a GC .
Então, omo a linha reta AC foi ortada em duas partes iguais em
G, e em duas partes desiguais em E , o retângulo ompreendido por
AE , EC junto om o quadrado sobre EG é igual ao quadrado sobre
GC [II.5℄.
A Seja o quadrado sobre GF somado a ambos; portanto o retângulo
F
D AE , EC junto om os quadrados sobre GE , GF é igual aos quadrados
sobre CG, GF .
G
Mas o quadrado sobre F E é igual aos quadrados sobre EG, GF ,
H
e o quadrado sobre F C é igual aos quadrados sobre CG, GF [I.47℄;
E portanto o retângulo AE , EC junto om o quadrado sobre F E é igual
B C ao quadrado sobre F C .
E F C é igual a F B ; portanto o retângulo AE , EC junto om o
quadrado sobre EF é igual ao quadrado sobre F B .
Pela mesma razão, também, o retângulo DE , EB junto om o quadrado sobre F E é igual ao
quadrado sobre F B .
Mas, também foi provado que o retângulo AE , EC junto om o quadrado sobre F E , é igual
ao quadrado sobre F B ; portanto o retângulo AE , EC junto om o quadrado sobre F E é igual ao
retângulo DE , EB junto om o quadrado sobre F E .
Seja o quadrado sobre F E subtraído de ada um deles; portanto o retângulo ompreendido por
AE , EC , o que resta, é igual ao retângulo ompreendido por DE , EB .
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.36
Se um ponto é tomado fora de um ír ulo, e, a partir dele aem sobre o ír ulo duas linhas
retas, e se uma delas orta o ír ulo e a outra o to a, o retângulo ompreendido pelo total
da linha reta que orta o ír ulo e a pela linha reta sobre ela que é inter eptada no exterior
entre o dito ponto e a parte onvexa da ir unferên ia, será igual ao quadrado sobre a
tangente.
Pois seja D o ponto tomado fora do ír ulo ABC , e a partir de D sejam as duas linhas retas DCA,
DB que aem sobre o ír ulo ABC ; seja DCA a que orta ABC e seja BD a que o to a.
55

Digo que o retângulo ompreendido por AD, DC é igual ao qua-


drado sobre DB .
A
Então, ou DCA passa pelo entro ou não passa pelo entro.
Primeiro, seja ela passando pelo entro, e seja F o entro do ír ulo B
ABC ; seja F B traçada; portanto o ângulo F BD é reto [III.18℄. F
E, omo AC foi bissetada em F , e CD foi a ela somada, o retângulo
AD, DC junto om o quadrado sobre F C é igual ao quadrado sobre
F D [II.6℄. C
Mas F C é igual a F B ; portanto o retângulo AD, DC junto om
D
o quadrado sobre F B é igual ao quadrado sobre F D.
E os quadrados sobre F B , BD são iguais ao quadrado sobre F D [I.47℄; portanto o retângulo
AD, DC junto om o quadrado sobre F B é igual aos quadrados sobre F D, BD.
Seja o quadrado sobre F B subtraído de ada um deles; portanto o retângulo AD, DC , o que resta,
é igual ao quadrado sobre a tangente DB .
De novo, seja DCA não passando pelo entro do ír ulo ABC ; seja
o entro E tomado, e a partir de E , seja traçada EF perpendi ular a
AC ; sejam EB , EC , ED traçadas.
Então o ângulo EBD é reto [III.18℄.
E, omo a linha reta EF passa pelo entro e orta perpendi u- B
larmente a linha reta AC , que não passa pelo entro, ela também a E
A
bisseta [III.3℄; portanto AF é igual a F C .
Agora, omo a linha reta AC foi bissetada no ponto F , e CD foi F
a ela somada, o retângulo ompreendido por AD, DC junto om o
C
quadrado sobre F C é igual ao quadrado sobre F D [II.6℄.
D
Seja o quadrado sobre F E somado a ada uma delas; portanto o
retângulo AD, DC junto om os quadrados sobre CF , F E é igual aos quadrados sobre F D, F E .
Mas o quadrado sobre EC é igual aos quadrados sobre CF , F E , pois o ângulo EF C é reto [I.47℄;
e o quadrado sobre ED é igual aos quadrados sobre DF , F E ; portanto o retângulo AD, DC junto
om o quadrado sobre EC é igual ao quadrado sobre ED.
E EC é igual a EB ; portanto o retângulo AD, DC junto om o quadrado sobre EB é igual ao
quadrado sobre ED.
Mas os quadrados sobre EB , BD são iguais ao quadrado sobre ED, pois o ângulo EBD é reto
[I.47℄; portanto o retângulo AD, DC junto om o quadrado sobre EB é igual aos quadrados sobre
EB , BD.
Seja o quadrado sobre EB subtraído de ada um deles; portanto o retângulo AD, DC , o que resta,
é igual ao quadrado sobre DB .
Portanto, et . [Q.E.D.℄
PROPOSIÇ O III.37
Se um ponto é tomado fora de um ír ulo e a partir dele aem sobre o ír ulo duas linhas
retas, se uma delas orta o ír ulo, e a outra ai sobre ele, e se além disso, o retângulo
ompreendido pelo total da linha reta que orta o ír ulo e a pela linha reta sobre ela que
é inter eptada no exterior entre o dito ponto e a parte onvexa da ir unferên ia, é igual
ao quadrado sobre a linha reta que ai sobre o ír ulo, a linha reta que ai sobre ele to ará
o ír ulo.
Pois seja D um ponto tomado fora do ír ulo ABC ; a partir de D sejam DCA, DB as duas linhas
retas que aem sobre o ír ulo ABC ; seja DCA a que orta o ír ulo e DB a que ai sobre ele; e seja
o retângulo AD, DC igual ao quadrado sobre DB .
56

Digo que DB to a o ír ulo ABC .


Pois seja DE traçada to ando ABC ; seja o entro do ír ulo ABC
tomado, e seja ele F ; sejam F E , F B , F D traçadas.
B Assim o ângulo F ED é reto [III.18℄.
F
A
Agora, omo DE to a o ír ulo ABC , e DCA o orta, o retângulo
AD, DC é igual ao quadrado sobre DE [III.36℄.
Mas o retângulo AD, DC também é igual ao quadrado sobre DB ;
portanto o quadrado sobre DE é igual ao quadrado sobre DB ; por-
C
E tanto DE é igual a DB .
D
E F E é igual a F B ; portanto os dois lados DE , EF são iguais aos
dois lados DB , BF ; e F D é a base omum dos triângulos; portanto o
ângulo DEF é igual ao ângulo DBF [I.8℄.
Mas o ângulo DEF é reto; portanto o ângulo DBF também é reto.
E F B produzida é um diâmetro; e a linha reta traçada perpendi ular a um diâmetro de um ír ulo,
a partir de suas extremidades, to a o ír ulo [III.16, Cor.℄; portanto DB to a o ír ulo.
Do mesmo modo podemos provar ser este o aso mesmo se o entro estiver sobre AC .
Portanto, et . [Q.E.D.℄
57

QUARTO LIVRO

DEFINIÇÕES
1. Se diz que uma gura retilínea está ins rita em uma gura retilínea, quando os ângulos respe -
tivos da gura ins rita estão sobre os lados respe tivos daquela em que está ins rita.
2. Do mesmo modo, se diz que uma gura está ir uns rita em torno de uma gura, quando os
respe tivos lados da gura ir uns rita passam pelos ângulos respe tivos daquela em torno da
qual está ir uns rita.
3. Se diz que uma gura retilínea está ins rita em um ír ulo, quando ada um dos ângulos da
gura ins rita está sobre a ir unferên ia do ír ulo.
4. Se diz que uma gura retilínea está ir uns rita em torno de de um ír ulo, quando ada lado
da gura ir uns rita to a a ir unferên ia do ír ulo.
5. Do mesmo modo, se diz que um ír ulo está ins rito em uma gura, quando a ir unferên ia do
ír ulo to a ada um dos lados da gura na qual está ins rita.
6. Se diz que um ír ulo está ir uns rito em torno de uma gura, quando a ir unferên ia do
ír ulo passa por ada um dos ângulos da gura em torno da qual está ir uns rita.
7. Se diz que uma linha reta está ajustada a um ír ulo, quando suas extremidades estão sobre a
ir unferên ia do ír ulo.

LIVRO IV. PROPOSIÇÕES

PROPOSIÇ O IV.1
Ajustar a um ír ulo dado uma linha reta igual a uma linha reta dada que não é maior
que o diâmetro do ír ulo.
Seja ABC um ír ulo dado, e D a linha reta dada que não
é maior que o diâmetro do ír ulo; assim é requerido ajustar ao
ír ulo ABC uma linha reta igual à linha reta D. D
Seja traçado o diâmetro BC do ír ulo ABC . A
Então, se BC é igual a D, já terá sido feito o que foi requerido;
pois BC foi ajustado ao ír ulo ABC igual à linha reta D dada.
Mas, se BC é maior que D, seja CE feita igual a D, e om B C
entro C e distân ia CE seja des rito o ír ulo EAF ; e seja CA E
traçada.
Como o ponto C é o entro do ír ulo EAF , então CA é igual
F
a CE .
Mas CE é igual a D; portanto D também é igual a CA.
Portanto, ao ír ulo ABC dado foi ajustado CA igual à linha reta D dada. [Q.E.F.℄
58

PROPOSIÇ O IV.2
Ins rever em um ír ulo dado um triângulo equiangular om um triângulo dado.
Sejam ABC o ír ulo dado, e DEF o triângulo dado;
assim é requerido ins rever no ír ulo ABC um triângulo
E equiangular om o triângulo DEF .
B Seja GH traçada to ando o ír ulo ABC em A
C [III.16, Cor.℄; sobre a linha reta AH , e no ponto A
F sobre ela, seja onstruído o ângulo HAC igual ao ân-
gulo DEF , e sobre a linha reta AG, e no ponto A sobre
D
ela, seja onstruído o ângulo GAB igual ao ângulo DF E
G
A [I.23℄ ; e seja BC traçada.
H Então, omo a linha reta AH to a o ír ulo ABC ,
e a partir do ponto de ontato em A a linha reta AC
foi traçada dentro do ír ulo, atravessando-o, portanto o ângulo HAC é igual ao ângulo ABC no
segmento alternado do ír ulo [III.32℄.
Mas o ângulo HAC é igual ao ângulo DEF ; portanto o ângulo ABC também é igual ao ângulo
DEF .
Pela mesma razão o ângulo ACB também é igual ao ângulo DF E ; portanto o ângulo restante
BAC também é igual ao ângulo restante EDF [I.32℄.
Portanto no ír ulo dado foi ins rito um triângulo equiangular om o triângulo dado. [Q.E.F.℄
PROPOSIÇ O IV.3
Cir uns rever em torno de um ír ulo dado um triângulo equiangular om um triângulo
dado.
Sejam ABC o ír ulo dado, e DEF o triângulo dado;
assim é requerido ir uns rever em torno do ír ulo ABC
M H um triângulo equiangular om o triângulo DEF .
Seja EF produzida em ambas as direções para os
F
pontos G, H , seja o entro K do ír ulo ABC tomado
[III.1℄, e seja a linha reta KB traçada omo se queira;
D sobre a linha reta KB , e no ponto K sobre ela, sejam
A
B onstruídos o ângulo BKA igual ao ângulo DEG, e o
K E ângulo BKC igual ao ângulo DF H [I.23℄; e através
dos pontos A, B , C sejam LAM , M BN , N CL traçadas
N G to ando o ír ulo ABC [III.16, Cor.℄.
L
C Agora, omo LM , M N , N L to am o ír ulo ABC
nos pontos A, B , C , e foram traçadas KA, KB , KC a
partir do entro K para os pontos A, B , C , portanto os ângulos no pontos A, B , C são retos [III.18℄.
E, omo os quatro ângulos do quadrilátero AM BK são iguais a quatro ângulos retos, visto que
AM BK é de fato divisível em dois triângulos, e os ângulos KAM , KBM são retos, portanto os
ângulos restantes AKB , AM B são iguais a dois ângulos retos.
Mas os ângulos DEG, DEF são também iguais a dois ângulos retos [I.13℄; portanto os ângulos
AKB , AM B são iguais aos ângulos DEG, DEF , dos quais o ângulo AKB é igual ao ângulo DEG;
portanto o ângulo restante AM B é igual ao ângulo restante DEF .
Do mesmo modo pode ser provado que o ângulo LN B também é igual ao ângulo DF E ; portanto
o ângulo restante M LN é igual ao ângulo EDF [I.32℄.
Portanto o triângulo LM N é equiangular om o triângulo DEF ; e foi ir uns rito em torno do
ír ulo ABC .
Portanto em torno de um ír ulo dado foi ir uns rito um triângulo equiangular om o triângulo
dado. [Q.E.F.℄
59

PROPOSIÇ O IV.4
Ins rever um ír ulo em um triângulo dado.
Seja ABC o triângulo dado; assim é requerido ins rever um
ír ulo no triângulo ABC .
Sejam os ângulos ABC , ACB bissetados pelas linhas retas A
BD, CD [I.9℄, e en ontrem-se estas no ponto D; sejam DE ,
E
DF , DG as perpendi ulares às linhas retas AB , BC , CA tra-
G
çadas a partir de D. D
Agora, omo o ângulo ABD é igual ao ângulo CBD, e o
ângulo reto BED também é igual ao ângulo reto BF D, os
triângulos EBD, F BD têm dois ângulos iguais a dois ângulos
e um lado igual a um lado, a saber, o subtendido por um dos B F C
ângulos iguais, o qual é o lado BD omum aos triângulos; portanto eles também terão os lados
restantes iguais aos lados restantes [I.26℄; portanto DE é igual a DF .
Pela mesma razão DG também é igual a DF .
Portanto as três linhas retas DE , DF , DG são iguais entre si; portanto o ír ulo des rito om
entro D e distân ia uma das linhas retas DE , DF , DG também passará através dos pontos restantes,
e to ará as linhas retas AB , BC , CA, porque os ângulos nos pontos E , F , G são retos.
Pois, se ele as orta, a linha reta traçada perpendi ular ao diâmetro do ír ulo a partir de uma
das suas extremidades airia dentro do ír ulo: o que foi provado ser absurdo [III.16℄; portanto o
ír ulo des rito om entro D e distân ia uma das linhas retas DE , DF , DG não ortará as linhas
retas AB , BC , CD; portanto ele as to ará, e será o ír ulo ins rito no triângulo ABC [IV. Def.5℄.
Seja ele ins rito, omo F GE .
Portanto no triângulo ABC dado o ír ulo EF G foi ins rito. [Q.E.F.℄
PROPOSIÇ O IV.5
Cir uns rever um ír ulo em torno de um triângulo dado.

A A
A
D
D E E
D E B C
B C
F F F

B C

Seja ABC o triângulo dado; assim é requerido ir uns rever um ír ulo em torno do triângulo
ABC dado.
Sejam a linhas retas AB , AC bissetadas nos pontos D, E [I.10℄, e sejam DF , EF as perpendi-
ulares a AB , AC traçadas a partir dos pontos D, E ; então elas se en ontrarão ou dentro do triângulo
ABC , ou sobre a linha reta BC , ou fora de BC .
Primeiro sejam elas se en ontrando dentro em F , e sejam F B , F C , F A traçadas.
Então, omo AD é igual a DB , e DF é omum e em ângulos retos, portanto a base AF é igual à
base F B [I.4℄.
Do mesmo modo podemos provar que CF também é igual a AF ; de modo que F B também é igual
a F C ; portanto as três linhas retas F A, F B , F C são iguais entre si.
Portanto o ír ulo des rito om entro F e distân ia uma das linhas retas F A, F B , F C também
passará através dos pontos restantes, e o ír ulo terá sido ir uns rito em torno do triângulo ABC .
60

Seja ele ir uns rito, omo ABC .


Em seguida, sejam DF , EF se en ontrando sobre a linha reta BC em F , omo é o aso na segunda
gura; e seja AF traçada.
Então, do mesmo modo podemos provar que o ponto F é o entro do ír ulo ir uns rito em torno
do triângulo ABC .
De novo, sejam DF , EF se en ontrando fora do triângulo ABC em F , om é o aso da ter eira
gura, e sejam AF , BF , CF traçadas.
Então, de novo, omo AD é igual a DB , e DF é omum e em ângulos retos, portanto a base AF
é igual à base BF [I.4℄.
Do mesmo modo podemos provar que CF também é igual a AF ; de modo que BF também é
igual a F C ; portanto o ír ulo des rito om entro F e distân ia uma das linhas retas F A, F B , F C
também passará através dos pontos restantes, e terá sido ir uns rito em torno do triângulo ABC .
Portanto, em torno de um triângulo dado um ír ulo foi ir uns rito. [Q.E.F.℄
PROPOSIÇ O IV.6
Ins rever um quadrado em um ír ulo dado.
Seja ABCD o ír ulo dado; assim é requerido ins rever um quadrado
no ír ulo ABCD.
Sejam dois diâmetros AC , BD do ír ulo ABCD traçados perpendi u- A
lares um ao outro, e sejam AB , BC , CD, DA traçadas.
Então, omo BE é igual a ED, pois E é o entro, e EA é omum e em
ângulos retos, portanto a base AB é igual à base AD [I.4℄. B
E D
Pela mesma razão ada uma das linhas retas BC , CD também é igual
a ada uma das linhas retas AB , AD; portanto o quadrilátero ABCD é
equilátero.
Em seguida, digo também que ele é retângulo. C
Pois, omo a linha reta BD é um diâmetro do ír ulo ABCD, portanto BAD é um semi ír ulo;
portanto o ângulo BAD é reto [III.31℄.
Pela mesma razão ada um dos ângulos ABC , BCD, CDA também é reto; portanto o quadrilátero
ABCD é retângulo.
Mas foi também provado ser ele equilátero; portanto ele é um quadrado [I. Def.22℄; e foi ins rito
no ír ulo ABCD.
Portanto no ír ulo dado foi ins rito o quadrado ABCD. [Q.E.F.℄
PROPOSIÇ O IV.7
Cir uns rever um quadrado em torno de um ír ulo dado.
Seja ABCD o ír ulo dado; assim é requerido ir uns rever um quadrado em torno do ír ulo
ABCD.
Sejam dois diâmetros AC , BD do ír ulo ABCD traçados perpendi ulares um ao outro, e através
dos pontos A, B , C , D sejam F G, GH , HK , KF traçadas to ando o ír ulo ABCD [III.16, Cor.℄.
Então, omo F G to a o ír ulo ABCD, e EA foi traçada a partir do entro E para o ponto de
ontato em A, portanto os ângulos em A são retos [III.18℄.
Pela mesma razão os ângulos nos pontos B , C , D também são retos.
Agora, omo o ângulo AEB é reto, e o ângulo EBG também é reto, portanto GH é paralelo a
AC [I.28℄.
61

Pela mesma razão AC também é paralela a F K , de modo que GH


também é paralela a F K [I.30℄. G A F
Do mesmo modo podemos provar que ada uma das linhas retas GF ,
HK é paralela a BED.
Portanto GK , GC , AK , F B , BK são paralelogramos; portanto GF E
é igual a HK , e GH a F K [I.34℄. B D
E, omo AC é igual a BD, e AC também é igual a ada uma das
linhas retas GH , F K , enquanto BD é igual a ada uma das linhas retas
GF , HK [I.34℄, portanto o quadrilátero F GHK é equilátero.
H C K
Digo em seguida que ele também é retângulo.
Pois, omo GBEA é um paralelogramo, e o ângulo AEB é reto, portanto o ângulo AGB também
é reto [I.34℄.
Do mesmo modo podemos provar que os ângulos em H , K , F também são retos.
Portanto F GHK é retângulo.
Mas também foi provado ser ele equilátero; portanto ele é um quadrado; e foi ir uns rito em torno
do ír ulo ABCD.
Portanto, em torno do ír ulo dado um quadrado foi ir uns rito. [Q.E.F.℄

PROPOSIÇ O IV.8
Ins rever um ír ulo em um quadrado dado.
Seja ABCD o quadrado dado; assim é requerido ins rever um ír ulo
no quadrado ABCD dado.
Sejam as linhas retas AD, AB bissetadas nos pontos E , F respe ti- A E D
vamente [I.10℄, através de E seja EH traçada paralela a AB ou a CD,
e através de F seja F K traçada paralela a AD, ou a BC ; [I.31℄; por-
tanto ada uma das guras AK , KB , AH , HD, AG, GC , BG, GD é um
G
paralelogramo, e seus lados opostos são, evidentemente, iguais [I.34℄. F K
Agora, omo AD é igual a AB , e AE é a metade de AD, e AF metade
de AB , portanto AE é igual a AF , de modo que os lados opostos também
são iguais; portanto F G é igual a GE .
Do mesmo modo pode ser provado que ada uma das linhas retas GH , B H C
GK é igual a ada uma das linhas retas F G, GE ; portanto as quatro
linhas retas GE , GF , GH , GK são iguais entre si.
Portanto o ír ulo des rito om entro G e distân ia uma das linhas retas GE , GF , GH , GK
também passará através dos pontos restantes.
E ele to ará as linhas retas AB , BC , CD, DA, porque os ângulos em E , F , H , K são retos.
Pois, se o ír ulo orta AB , BC , CD, DA, a linha reta traçada perpendi ular ao diâmetro do
ír ulo a partir de sua extremidade airá dentro do ír ulo; o que foi provado ser absurdo [III.16℄;
portanto o ír ulo des rito om entro G e distân ia uma das linhas retas GE , GF , GH , GK não
ortará as linhas retas AB , BC , CD, DA.
Portanto ele as to ará, e terá sido ins rito no quadrado ABCD.
Portanto no quadrado dado um ír ulo foi ins rito. [Q.E.F.℄
62

PROPOSIÇ O IV.9
Cir uns rever um ír ulo em torno de um quadrado dado.
Seja ABCD o quadrado dado; assim é requerido ir uns rever um
ír ulo em torno do quadrado ABCD.
A Pois sejam AC , BD traçadas, e ortem-se elas uma a outra em E .
Então, omo DA é igual a AB , e AC é omum, portanto os dois lados
DA, AC são iguais aos dois lados BA, AC ; e a base DC é igual à base
E
BC ; portanto o ângulo DAC é igual ao ângulo BAC [I.8℄.
B D Portanto o ângulo DAB é bissetado por AC .
Do mesmo modo podemos provar que ada um dos ângulos ABC ,
BCD, CDA é bissetado pelas linhas retas AC , DB .
Agora, omo o ângulo DAB é igual ao ângulo ABC , e o ângulo EAB
C
é metade do ângulo DAB , e o ângulo EBA metade do ângulo ABC ,
portanto o ângulo EAB também é igual ao ângulo EBA; de modo que o lado EA também é igual a
EB [I.6℄.
Do mesmo modo podemos provar que ada uma das linhas retas EA, EB é igual a ada uma das
linhas retas EC , ED.
Portanto as quatro linhas retas EA, EB , EC , ED são iguais entre si.
Portanto o ír ulo des rito om entro E e distân ia uma das linhas retas EA, EB , EC , ED
também passará através dos pontos restantes; e terá sido ir uns rito em torno do quadrado ABCD.
Seja ele ir uns rito, omo ABCD.
Portanto, em torno do quadrado dado um ír ulo foi ir uns rito. [Q.E.F.℄
PROPOSIÇ O IV.10
Construir um triângulo isós eles que tenha ada um dos ângulos da base igual ao dobro do
ângulo restante.
Seja uma linha reta qualquer AB tomada, e seja ela ortada
no ponto C de modo que o retângulo ompreendido por AB ,
BC é igual ao quadrado sobre CA [II.11℄; om entro A e
distân ia AB seja des rito o ír ulo BDE , e seja ajustado no
B ír ulo BDE uma linha reta BD igual à linha reta AC , a qual
C não é maior que o diâmetro do ír ulo BDE [IV.1℄.
Sejam AD, DC traçadas, e seja o ír ulo ACD ir uns rito
A
em torno do triângulo ACD [IV.5℄.
D Então, omo o retângulo AB , BC é igual ao quadrado sobre
AC , e AC é igual a BD, portanto o retângulo AB , BC é igual
ao quadrado sobre BD.
E, omo um ponto B foi tomado fora do ír ulo ACD, e a
E partir de B as duas linhas retas BA, BD aíram sobre o ír ulo
ACD, e uma delas o orta, enquanto a outra ai sobre ele, e
o retângulo AB , BC é igual ao quadrado sobre BD, portanto
BD to a o ír ulo ACD [III.37℄.
Então, omo BD o to a, e DC é traçada atravessando-o à partir do ponto de ontato em D,
portanto o ângulo BDC é igual ao ângulo DAC no segmento alternado do ír ulo [III.32℄.
Então, omo o ângulo BDC é igual ao ângulo DAC , seja o ângulo CDA somado a ada um deles;
portanto o ângulo total BDA é igual aos dois ângulos CDA, DAC .
Mas o ângulo externo BCD também é igual aos ângulos CDA, DAC [I.32℄; portanto o ângulo
BDA também é igual ao ângulo BCD.
63

Mas o ângulo BDA é igual ao ângulo CBD, pois o lado AD também é igual a AB [I.5℄; de modo
que o ângulo DBA também é igual ao ângulo BCD.
Portanto os três ângulos BDA, DBA, BCD são iguais entre si.
E, omo o ângulo DBC é igual ao ângulo BCD, o lado BD também é igual ao lado DC [I.6℄.
Mas, BD é, por hipótese, igual a CA; portanto CA também é igual a CD, de modo que o ângulo
CDA também é igual ao ângulo DAC [I.5℄; portanto os ângulos CDA, DAC são o dobro do ângulo
DAC .
Mas o ângulo BCD é igual aos ângulos CDA, DAC ; portanto o ângulo BCD também é o dobro
do ângulo CAD.
Mas o ângulo BCD é igual a ada um dos ângulos BDA, DBA; portanto ada um dos ângulos
BDA, DBA também é o dobro do ângulo DAB .
Portanto, o triângulo isós eles ABD foi onstruído tendo ada um dos ângulos na base DB o dobro
do ângulo restante. [Q.E.F.℄
PROPOSIÇ O IV.11
Ins rever em um ír ulo dado um pentágono equilátero e equiangular.
Seja ABCDE o ír ulo dado; assim é requerido
ins rever no ír ulo ABCDE um pentágono equilá-
tero e equiangular. A
Seja tomado o triângulo isós eles F GH que tem
ada um dos ângulos em G, H o dobro do ângulo
em F [IV.10℄; e seja ins rito no ír ulo ABCDE o
B E F
triângulo ACD equiangular om o triângulo F GH , de
modo que o ângulo CAD é igual ao ângulo em F e os
ângulos em G, H , respe tivamente, iguais aos ângulos
ACD, CDA [IV.2℄; portanto ada um dos ângulos
ACD, CDA também é o dobro do ângulo CAD.
Agora, sejam os ângulos ACD, CDA bissetados G H
C D
respe tivamente pelas linhas retas CE , DB [I.9℄, e
sejam AB , BC , DE , EA traçadas.
Então, omo ada um dos ângulos ACD, CDA é o dobro do ângulo CAD, e eles foram bissetados
pelas linhas retas CE , DB , portanto os in o ângulos DAC , ACE , ECD, CDB , BDA são iguais
entre si.
Mas ângulos iguais estão sobre ir unferên ias iguais [III.26℄; portanto as in o ir unferên ias
AB , BC , CD, DE , EA são iguais entre si.
Mas ir unferên ias iguais são subtendidas por linhas retas iguais [III.29℄; portanto as in o
linhas retas AB , BC , CD, DE , EA são iguais entre si; portanto o pentágono ABCDE é equilátero.
Em seguida, digo que ele também é equiangular.
Pois, omo a ir unferên ia AB é igual à ir unferên ia DE , seja BCD somada a ada uma delas;
portanto, a ir unferên ia total ABCD é igual à ir unferên ia total EDCB .
E o ângulo AED está sobre a ir unferên ia ABCD, e o ângulo BAE sobre a ir unferên ia
EDCB ; portanto o ângulo BAE também é igual ao ângulo AED [III.27℄.
Pela mesma razão ada um dos ângulos ABC , BCD, CDE também é igual a ada um dos ângulos
BAE , AED; portanto o pentágono ABCDE é equiangular.
Mas também foi provado ser ele equilátero; portanto no ír ulo dado um pentágono equilátero e
equiangular foi ins rito. [Q.E.F.℄
64

PROPOSIÇ O IV.12
Cir uns rever um pentágono equilátero e equiangular em torno de um ír ulo dado.
Seja ABCDE o ír ulo dado; assim é requerido ir uns re-
ver um pentágono equilátero e equiangular em torno do ír ulo
G ABCDE .
Sejam A, B , C , D, E on ebidos omo os pontos angulares do
A E
pentágono ins rito, de modo que as ir unferên ias AB , BC , CD,
DE , EA são iguais [IV.11℄; através de A, B , C , D, E sejam GH ,
H M HK , KL, LM , MG traçadas to ando o ír ulo [III.16, Cor.℄;
F seja tomado o entro F do ír ulo ABCDE [III.1℄, e sejam
F B , F K , F C , F L, F D traçadas.
B D Então, omo a linha reta KL to a o ír ulo ABCDE em C , e
F C foi traçada a partir do entro F para o ponto de ontato em
C , portanto F C é perpendi ular a KL [III.18℄; portanto ada
K C L um dos ângulos em C é reto.
Pela mesma razão os ângulos nos pontos B , D também são
retos.
E, omo o ângulo F CK é reto, portanto o quadrado sobre F K é igual aos quadrados sobre F C ,
CK [I.47℄.
Pela mesma razão o quadrado sobre F K também é igual aos quadrados sobre F B , BK ; de modo
que os quadrados sobre F C , CK são iguais aos quadrados sobre F B , BK , dos quais o quadrado sobre
F C é igual ao quadrado sobre F B ; portanto o quadrado sobre CK , o que resta, é igual ao quadrado
sobre BK .
Portanto BK é igual a CK .
E, omo F B é igual a F C , e F K é omum, os dois lados BF , F K são iguais aos dois lados CF ,
F K ; e a base BK igual à base CK ; portanto o ângulo BF K é igual ao ângulo KF C [I.8℄, e o
ângulo BKF ao ângulo F KC .
Portanto o ângulo BF C é o dobro do ângulo KF C , e o ângulo BKC o dobro do ângulo F KC .
Pela mesma razão o ângulo CF D também é o dobro do ângulo CF L, e o ângulo DLC o dobro do
ângulo F LC .
Agora, omo a ir unferên ia BC é igual a CD, o ângulo BF C também é igual ao ângulo CF D
[III.27℄.
E o ângulo BF C é o dobro do ângulo KF C , e o ângulo DF C o dobro do ângulo LF C ; portanto
o ângulo KF C também é igual ao ângulo LF C .
Mas o ângulo F CK também é igual ao ângulo F CL; portanto F KC , F LC são dois triângulos
tendo dois ângulos iguais a dois ângulos e um lado igual a um lado, a saber F C que é omum a ambos;
portanto eles também terão os lados restantes iguais aos lados restantes, e o ângulo restante igual ao
ângulo restante [I.26℄; portanto a linha reta KC é igual a CL, e o ângulo F KC igual ao ângulo
F LC .
E, omo KC é igual a CL, portanto KL é o dobro de KC .
Pela mesma razão pode ser provado que HK também é o dobro de BK .
E BK é igual a KC ; portanto HK também é igual a KL.
Do mesmo modo pode ser provado que ada uma das linhas retas HG, GM , M L também é igual
a ada uma das linhas retas HK , KL; portanto o pentágono GHKLM é equilátero.
Em seguida, digo que ele também é equiangular.
Pois, omo o ângulo F KC é igual ao ângulo F LC , e o ângulo HKL foi provado ser o dobro do
ângulo F KC , e o ângulo KLM o dobro do ângulo F LC , portanto o ângulo HKL também é igual ao
ângulo KLM .
Do mesmo modo pode ser provado que ada um dos ângulos KHG, HGM , GM L também é igual
a ada um dos ângulos HKL, KLM ; portanto os in o ângulos GHK , HKL, KLM , LM G, M GH
são iguais entre si.
65

Portanto o pentágono GHKLM é equiangular.


E também foi provado ser ele equilátero; e foi ir uns rito em torno do ír ulo ABCDE . [Q.E.F.℄
PROPOSIÇ O IV.13
Ins rever um ír ulo em um pentágono equilátero e equiangular dado.
Seja ABCDE o pentágono equilátero e equiangular dado; assim
é requerido ins rever um ír ulo no pentágono ABCDE .
Pois sejam os ângulos BCD, CDE bissetados pelas linhas retas A
CF , DF respe tivamente; e a partir do ponto F , no qual as linhas
G M
retas CF , DF se en ontram, sejam as linhas retas F B , F A, F E
traçadas.
Então, omo BC é igual a CD, e CF é omum, os dois lados BC , B E
CF são iguais aos dois lados DC , CF ; e o ângulo BCF é igual ao F
ângulo DCF ; portanto a base BF é igual à base DF , e o triângulo
BCF é igual ao triângulo DCF , e os ângulos restantes serão iguais H L
aos ângulos restantes, a saber aqueles que subtendem os lados iguais
[I.4℄.
Portanto o ângulo CBF é igual ao ângulo CDF . C K D
E, omo o ângulo CDE é o dobro do ângulo CDF , e o ângulo
CDE é igual ao ângulo ABC , enquanto o ângulo CDF é igual ao ângulo CBF ; portanto o ângulo
CBA também é o dobro do ângulo CBF ; portanto o ângulo ABF é igual ao ângulo F BC ; portanto
o ângulo ABC foi bissetado pela linha reta BF .
Do mesmo modo pode ser provado que os ângulos BAE , AED também foram bissetados pelas
linhas retas F A, F E , respe tivamente.
Agora, sejam F G, F H , F K , F L, F M as perpendi ulares às linhas retas AB , BC , CD, DE , EA
traçadas a partir do ponto F .
Então, omo o ângulo HCF é igual ao ângulo KCF , e o ângulo reto F HC também é igual ao
ângulo F KC , então F HC , F KC são dois triângulos tendo dois ângulos iguais a dois ângulos e um lado
igual a um lado, a saber F C que é omum a ambos e é subtendido por um dos ângulos iguais; portanto
eles também terão os lados restantes iguais aos lados restantes [I.26℄; portanto a perpendi ular F H
é igual à perpendi ular F K .
Do mesmo modo pode ser provado que ada uma das linhas retas F L, F M , F G também é igual
a ada uma das linhas retas F H , F K ; portanto as in o linhas retas F G, F H , F K , F L, F M são
iguais entre si.
Portanto o ír ulo des rito om entro F e distân ia uma das linhas retas F G, F H , F K , F L,
F M também passará através dos pontos restantes; e to ará as linhas retas AB , BC , CD, DE , EA,
porque os ângulos nos pontos G, H , K , L, M são retos.
Pois, se ele não as to ar, mas as ortar, resultará que a linha reta traçada perpendi ular a um
diâmetro do ír ulo a partir de sua extremidade airá dentro do ír ulo: o que foi provado ser absurdo
[III.16℄.
Portanto o ír ulo des rito om entro F e distân ia uma das linhas retas F G, F H , F K , F L, F M
não ortará as linhas retas AB , BC , CD, DE , EA; portanto as to ará.
Seja ele des rito, omo GHKLM .
Portanto no pentágono dado, o qual é equilátero e equiangular, um ír ulo foi ins rito. [Q.E.F.℄
66

PROPOSIÇ O IV.14
Cir uns rever um ír ulo em torno de um pentágono equilátero e equiangular dado.
Seja ABCDE o pentágono dado, o qual é equilátero e equi-
angular; assim é requerido ir uns rever um ír ulo em torno do
A pentágono ABCDE .
Sejam os ângulos BCD, CDE bissetados pelas linhas retas CF ,
DF respe tivamente, e a partir do ponto F , no qual as linhas retas
se en ontram, sejam as linhas retas F B , F A, F E traçadas para os
B E
pontos B , A, E .
F Então pode ser provado, de modo similar ao pre edente, que os
ângulos CBA, BAE , AED também foram bissetados pelas linhas
retas F B , F A, F E respe tivamente.
Agora, omo o ângulo BCD é igual ao ângulo CDE , e o ângulo
F CD é metade do ângulo BCD, e o ângulo CDF metade do ângulo
C D CDE , portanto o ângulo F CD também é igual ao ângulo CDF ,
de modo que o lado F C também é igual ao lado F D [I.6℄.
Do mesmo modo pode ser provado que ada uma das linhas retas F B , F A, F E também é igual a
ada uma das linhas retas F C , F D; portanto as in o linhas retas F A, F B , F C , F D, F E são iguais
entre si.
Portanto o ír ulo des rito om entro F e distân ia uma das linhas retas F A, F B , F C , F D, F E
também passará através dos pontos restantes, e terá sido ir uns rito.
Seja ele ir uns rito, e seja ele ABCDE .
Portanto em torno do pentágono dado, o qual é equilátero e equiangular, um ír ulo foi ir uns rito.
[Q.E.F.℄

PROPOSIÇ O IV.15
Ins rever um hexágono equilátero e equiangular em um ír ulo dado.
Seja ABCDEF o ír ulo dado; assim é requerido ins rever um
hexágono equilátero e equiangular no ír ulo ABCDEF .
H Seja traçado o diâmetro AD do ír ulo ABCDEF ; seja tomado
o entro G do ír ulo, e om entro D e distân ia DG seja des rito
o ír ulo EGCH ; sejam EG, CG traçadas e produzidas até os
pontos B , F , e sejam AB , BC , CD, DE , EF , F A traçadas.
D Digo que o hexágono ABCDEF é equilátero e equiangular.
Pois, omo o ponto G é o entro do ír ulo ABCDEF , então
GE é igual a GD.
C E De novo, omo o ponto D é o entro do ír ulo GCH , então
DE é igual a DG.
G Mas foi provado que GE é igual a GD; portanto GE também
é igual a ED; portanto o triângulo EGD é equilátero; e portanto
seus três ângulos EGD, GDE , DEG são iguais entre si, visto que,
B F em triângulos isós eles, os ângulos na base são iguais entre si [I.5℄.
E os três ângulos do triângulo são iguais a dois ângulos retos
[I.32℄; portanto o ângulo EGD é um terço de dois ângulos retos.
A Do mesmo modo pode ser provado que o ângulo DGC é um
terço de dois ângulos retos.
E, omo a linha reta CG levantada sobre EB faz os ângulos adja entes EGC , CGB iguais a dois
ângulos retos, portanto o ângulo restante CGB também é um terço de dois ângulos retos.
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Portanto os ângulos EGD, DGC , CGB são iguais entre si; de modo que os ângulos verti ais à
eles, os ângulos BGA, AGF , F GE são iguais [I.15℄.
Portanto os seis ângulos EGD, DGC , CGB , BGA, AGF , F GE são iguais entre si.
Mas ângulos iguais estão sobre ir unferên ias iguais [III.26℄; portanto as seis ir unferên ias
AB , BC , CD, DE , EF , F A são iguais entre si.
E ir unferên ias iguais são subtendida por linhas retas iguais [III.29℄; portanto as seis linhas
retas são iguais entre si; portanto o hexágono ABCDEF é equilátero.
Em seguida digo que ele também é equiangular.
Pois, omo a ir unferên ia F A é igual à ir unferên ia ED, seja a ir unferên ia ABCD somada
a ada uma delas; portanto o total F ABCD é igual ao total EDCBA; e o ângulo F ED está sobre a
ir unferên ia F ABCD, e o ângulo AF E sobre a ir unferên ia EDCBA; portanto o ângulo AF E é
igual ao ângulo DEF [III.27℄.
Do mesmo modo pode ser provado que os ângulos restantes do hexágono ABCDEF são também
severamente iguais a ada um dos ângulos AF E , F ED; portanto o hexágono ABCDEF é equiangular.
Mas foi provado também ser ele equilátero; e foi ins rito no ír ulo ABCDEF .
Portanto no ír ulo dado um hexágono equilátero e equiangular foi ins rito. [Q.E.F.℄
COROLÁRIO. A partir disso é manifesto que o lado do hexágono é igual ao raio do ír ulo.
E, do mesmo modo omo no aso do pentágono, se através dos pontos de divisão sobre o ír ulo
traçamos tangentes ao ír ulo, terá sido ir uns rito em torno do ír ulo um hexágono equilátero e
equiangular em onformidade om o que foi explanado no aso do pentágono.
E além disso, por meios similares àqueles explanados no aso do pentágono podemos também
ins rever um ír ulo em um hexágono dado e ir uns rever um ao seu redor. [Q.E.F.℄
PROPOSIÇ O IV.16
Ins rever um pentade ágono equilátero e equiangular em um ír ulo dado.
Seja ABCD o ír ulo dado; assim é requerido ins rever
no ír ulo ABCD um polígono de quinze lados que deve ser
equilátero e equiangular. A
No ír ulo ABCD seja ins rito um lado AC do triângulo
equilátero nele ins rito, e um lado AB de um pentágono
equilátero; portanto, de segmentos iguais dos quais existem
quinze no ír ulo ABCD, existirão in o na ir unferên ia
B
ABC que é um terço do ír ulo, e existirão três na ir unfe-
rên ia AB que é um quinto do ír ulo; portanto no restante
BC existirão dois dos segmentos iguais. E
Seja BC bissetada em E [III.30℄; portanto ada uma
das ir unferên ias BE , EC é um quinze avos do ír ulo
ABCD. C D
Se portanto traçamos BE , EC e adaptamos no ír ulo
ABCD linhas retas iguais a elas e ontiguamente, um pen-
tade ágono o qual é equilátero e equiangular terá nele sido
ins rito. [Q.E.F.℄
E, da mesma maneira omo no aso do pentágono, se através dos pontos de divisão sobre o ír ulo
traçamos tangentes ao ír ulo, será ir uns rita em torno do ír ulo um pentade ágono o qual é
equilátero e equiangular.
E além disso, om provas similares àquelas do aso do pentágono, podemos ins rever um ír ulo
em uma gura de um dado pentade ágono e ir uns rever um ao seu redor. [Q.E.F.℄

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