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ARTIGO TÉCNICO

AVALIAÇÃO DO EMPREGO DA RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA NA


DESINFECÇÃO DE ÁGUAS COM TURBIDEZ E COR MODERADAS
ALEX MOURA DE SOUZA AGUIAR
Engenheiro Civil e Mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos (UFMG) e aluno de Doutorado em Engenharia
Ambiental (Universidade de Las Vegas/EUA)

MARIA DE LOURDES FERNANDES NETO


Engenheira Civil e aluna de Mestrado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos (UFMG)

LUDMILA LADEIRA ALVES DE BRITO


Bióloga (UFMG) e aluna de Mestrado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos (UFMG)

ANTONIO ALVES DOS REIS


Engenheiro Químico e Mestre em Engenharia Metalúrgica (UFMG)

PATRÍCIA MARIA RIBEIRO MACHADO


Bióloga (UFMG)

ALEXANDRA FÁTIMA SARAIVA SOARES


Engenheira Civil e aluna de Mestrado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos (UFMG)

MARIA BERENICE CARDOSO MARTINS VIEIRA


Bióloga e Mestre em Microbiologia (UFMG), Pesquisadora da Fundação Ezequiel Dias (FUNED) e aluna de Doutorado em Ciência
Animal pela Escola de Veterinária da UFMG.

MARCELO LIBÂNIO
Engenheiro Civil e Mestre em Engenharia Sanitária (UFMG), Doutor em Hidráulica e Saneamento (USP) e Professor Adjunto do
Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos da UFMG

RESUMO ABSTRACT
A presente pesquisa avaliou a aplicação de um sistema baseado no empre- This study evaluates the application of a disinfection system using
go de radiação ultravioleta (UV) na desinfecção de águas com cor e ultraviolet radiation (UV) in water with moderate presence of color
turbidez moderadas. Realizaram-se ensaios em regime de bateladas, em and turbidity. Batch experiments were done using two types of
um reator de 2,5 L de volume, empregando-se dois tipos de água sintética
synthetic water contaminated with Escherichia coli from strain
contaminadas com Escherichia coli proveniente de cepa isolada de água,
em concentrações de 102 a 107 NMP/100 ml, e submetidas à exposição isolated of water, in a 102 to 107 per 100 mL concentration, and
UV por tempos de contato de 1, 3 ou 5 minutos. Os ensaios realizados submitted to UV exposition within the reactor for contact times of
demonstraram que para os dois tipos de água experimental obteve-se 1, 3 and 5 minutes. The experiments demonstrated that the complete
inativação completa dos microrganismos nos ensaios com tempos de inactivation was reached to contact times of 3 and 5 minutes. In
contato iguais a 3 e 5 min. Nos ensaios com tempo de contato de 1 min, tests with contact time of 1 minute the complete inactivation was
embora não suficiente para inativação completa dos microrganismos, as not reached but the operational conditions were enough to reduce
características do sistema proporcionaram redução de até 6 log da carga until 6 log of affluent load, with average between 3 and 4 log.
afluente, com média entre 3 e 4 log. Complementarmente foram realiza- Complementarily kinetic studies were conducted using natural surface
dos ensaios cinéticos, utilizando-se água natural, com características simi-
water. The objective of these tests was to determine the constant of
lares às da água sintética tipo I, objetivando a determinação da constante
de inativação à UV da Escherichia coli e de bactérias do grupo coliforme inactivation of Escherichia coli and total coliforms to UV
(coliformes totais). Os valores obtidos foram coerentes com aqueles apon- irradiation. The results were in accordance with the ones shown in
tados na literatura. As doses de radiação UV foram determinadas por literature. The UV dosage determination was conduced by the
actinometria, realizada pelo grupo de apoio na área de química vinculado UFMG/Prosab chemistry staff using the potassium ferrioxalate
ao Prosab – Edital 2, Tema Água, tendo sido utilizado o ferrioxalato de actinometer process.
potássio como substância actinométrica.

PALAVRAS-CHAVE: tratamento de água; desinfecção; radiação KEYWORDS: water treatment, disinfection, microbiological
ultravioleta. removal.

Vol. 7 - Nº 1 - jan/mar 2002 e Nº 2 - abr/jun 2002 engenharia sanitária e ambiental 37


ALEX MOURA DE SOUZA AGUIAR, MARIA DE LOURDES FERNANDES NETO, LUDMILA LADEIRA ALVES DE BRITO, ANTONIO ALVES DOS REIS, PATRÍCIA
MARIA RIBEIRO MACHADO, ALEXANDRA FÁTIMA SARAIVA SOARES, MARIA BERENICE CARDOSO MAR
ARAIVA TINS VIEIRA, MARCEL
ARTINS O LIBÂNIO
ARCELO
ARTIGO TÉCNICO

INTRODUÇÃO da USEPA – United States Environmental Fundamentos da


Protection Agency – aponta para 3000 desinfecção com
Na América do Norte, o emprego instalações de desinfecção por UV em radiação
do cloro e seus compostos como os pri- todo planeta, 2000 no continente euro- ultravioleta
meiros desinfetantes, praticamente sobre- peu e 1000 nos EUA (WRIGHT &
põe o histórico do processo de desinfec- CAIRNES, 1998). A radiação UV insere-se no rol dos
ção à própria evolução do emprego deste A despeito das vantagens do cloro, processos físicos de desinfecção de águas
gás. No início do século, o cloro e seus a perspectiva do emprego desinfetantes de abastecimento, dos quais fazem parte
compostos passaram a ser empregados alternativos incrementou-se devido basi- também a fervura e as radiações gama e
como desinfetantes nas estações de trata- camente a dois fatores. O primeiro refere- solar. No emprego de agentes físicos, na
mento de água de Chicago, Nova Jersey, se à progressiva evolução dos padrões de ação do desinfetante prepondera a inter-
Montreal, Nova York, Cleveland, entre potabilidade culminando com a inserção, ferência na biossíntese e reprodução ce-
outras, perfazendo já em 1918 mais de a partir do final da década de 70, dos lular, como consequência dos danos
1000 sistemas de abastecimento, para trihalometanos como parâmetros de qua- fotoquímicos causados a seus ácidos
uma vazão total da ordem de 127 m³/s. lidade de água para consumo humano, nucléicos. O ácido desoxirribonucléico
Na mesma época, com o intuito de asse- em função das propriedades (DNA) é o responsável pelo controle das
gurar o residual na rede de distribuição e carcinogênicas dos mesmos. Estes com- funções e pela reprodução das células.
reduzir os odores na água tratada, iniciou- postos constituem-se em subprodutos da Cada gene do DNA controla a formação
se em Ottawa e Denver o emprego da desinfecção com compostos de cloro, do ácido ribonucléico (RNA), responsá-
cloroamoniação como alternativa de de- quando a água apresenta teor de matéria vel pela formação de enzimas específicas
sinfecção (HAAS, 1999). orgânica. O segundo fator reporta-se à e de proteínas estruturais. Tais genes são
Diversas razões culminaram com a constatação da maior resistência de ou- constituídos pelos seguintes compostos
disseminação do cloro e seus compostos tros microrganismos à ação do cloro, básicos (GUYTON, 1985):
como desinfetantes a partir do início do notadamente os cistos e oocistos de a) Ácido Fosfórico;
século passado. Podem ser destacadas, protozoários. b)Desoxirribose;
entre outras: A referida maior resistência dos c) Bases: Purina (Adenina e
i) inativação em tempo relativamen- protozoários e outros patogênicos verifi- Guanina) e Pirimidinas (Timinas e
te curto dos microrganismos, até então ca-se nas condições usuais do emprego Citosinas).
conhecidos, presentes nas águas naturais; do cloro como desinfetante, em termos A combinação do ácido fosfórico
ii) nas dosagens usualmente empre- de dosagem e tempo de contato, uma vez com a desoxirribose e com uma das qua-
gadas na desinfecção o cloro não é tóxico que dosagens elevadas haverão de confe- tro bases dá origem ao bloco denomina-
aos seres humanos e não confere odor ou rir odor e sabor à água tratada. Neste con- do nucleotídio. Há quatro nucleotídios
sabor às águas; texto, algumas bactérias ambientais como básicos que formam o DNA e estão sem-
iii) disponível a custo razoável e de Pseudomonas aeruginosa, cujas infecções pre juntos, em dois pares (Figura 1):
fácil transporte, manuseio, são passíveis de acometer indivíduos com a) Os ácidos adenílico e timidílico,
armazenamento e aplicação; deficiência no sistema imunológico, são formando o par número 1; e
iv) produz residuais relativamente encontradas em águas tratadas por meio b)Os ácidos guanílico e citidílico,
estáveis; de tratamento convencional e desinfec- formando o par número 2.
v) fácil determinação pelo método ção com cloro. As bases de cada par fixam-se por
iodométrico disponível à época. meio de ligações fracas de pontes de hi-
Na Europa sucedeu-se um proces- Diante do exposto, objetivou-se: drogênio, fazendo com que as cadeias
so distinto. Há registros do emprego in- duplas do DNA permaneçam unidas. A
termitente de compostos de cloro nos sis- i) Avaliar a eficiência do processo de radiação UV é absorvida por estas estru-
temas de abastecimento de Maidstone, desinfecção de águas com radiação UV, turas, quebrando as ligações entre as ba-
Inglaterra, e Midlekerde, Bélgica, em com base na inativação de um microrga- ses e fazendo com que se formem novas
1897 e 1902, respectivamente. O uso nismo indicador de contaminação fecal – ligações entre nucleotídios adjacentes e,
contínuo da cloração ocorreu inicialmen- Escherichia coli; posteriormente, moléculas duplas ou
te na cidade de Lincoln, Inglaterra, em ii) Avaliar o efeito do incremento dos dímeros das bases pirimídicas. A maioria
1905. Em outra vertente, verificou-se o parâmetros cor e turbidez na eficiência dos dímeros formados é de timina –
emprego do ozônio como desinfetante, do processo, também com base na timina, também podendo ocorrer dímeros
na cidade francesa de Nice em 1906, inativação da Escherichia coli; de citosina – citosina e citosina – timina.
embora registros anteriores reportem-se à iii) Avaliar a eficiência do processo A formação de um número de dímeros
primeira aplicação em águas de abasteci- na inativação de microrganismos mais re- suficiente impede que haja a duplicação
mento na cidade holandesa de sistentes à ação do cloro do que a E. coli, do DNA, impossibilitando assim a repro-
Oudshoorn em 1893 (HAAS, 1999). procedida por meio da inativação de bac- dução do microrganismo, além de com-
Em relação à radiação ultravioleta térias do grupo coliformes presentes em prometer a síntese protéica (STANIER,
(UV), embora seu efeito germicida tenha amostras de água natural (coliformes to- DOUDOROFF & ADELBERG, 1963
sido detectado pela primeira vez em 1878, tais); apud MONTGOMERY, 1985).
as primeiras unidades foram construídas iv) Efetuar estudo da cinética do As conseqüências das alterações ocor-
somente em 1955, na Suíça e Áustria, processo de desinfecção, possibilitando a ridas diretamente sobre o RNA são me-
países que ora contam com 500 e 600 aferição da taxa de letalidade à radiação nores, pois este ácido encontra-se presen-
instalações, respectivamente. Estimativa UV dos microrganismos estudados. te em várias cópias que podem ser substi-

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A VALIAÇÃO DO EMPREGO DA RADIAÇÃO ULTRAVIOLET
TRAVIOLETA NA DESINFECÇÃO DE ÁGU
VIOLETA AS COM TURBIDEZ E COR MODERAD
GUAS AS
ODERADAS

ARTIGO TÉCNICO
− αx
I = I0 .e (Eq. 2)
em que:
A PAR#1 T I = Intensidade de radiação no meio
líquido (W/cm2);
I0 = Intensidade de radiação na fon-
te (W/cm2);
P D P D a = absorbância (cm-1);
(Ácido adenílico) (Ácido timidílico) x = espessura da camada líquida
(cm).
Considerando como x = 0, a super-
fície na qual a intensidade de radiação é
máxima (I=I0) e que a intensidade míni-
G PAR#2 C ma ocorre na superfície do líquido dis-
tante x da fonte, pode-se calcular a inten-
sidade média integrando a Eq. 2 anterior,
resultando em :
P D P D
(Ácido guanílico) (Ácido citidílico) x −αx
∫0 I 0 .e dx
IM = =
LEGENDA: A, adenina; C, citosina; D, desoxirribose; G, guanina; x
P, ácido fosfórico, T, timina.

(1 − e −αx )
I0 (Eq. 3)
Figura 1 - Nucletídeos formadores do DNA (GUYTON, 1985) =
α.x
tuídas, desde que as informações para sua Cinética da
síntese, contidas no DNA, não tenham desinfecção com Assim, a dose média de radiação UV
sido perdidas (DANIEL, 1993). radiação UV seria :
Um interessante fenômeno é a
reversibilidade do dano causado às estru- Na desinfecção com UV, a dose de
turas do DNA das células. Esta radiação é definida como sendo o produ- DM = IM .t ( Eq. 4)
reversibilidade é conhecida como to da intensidade de energia pelo tempo
“reativação”, se ocorrer após um processo de exposição:
de desinfecção química, e como A inativação, pela Lei de CHICK –
“fotorreativação”, caso se suceda após ex- WATSON, seria então :
posição à radiação UV (PARROTTA & D = I.t (Eq. 1)
BEKDASH, 1998). Sob determinadas em que:
condições, alguns microrganismos dota- D = Dose de radiação ultravioleta N
dos de sistema metabólico funcional são (W.s/cm2); ln = −K.I M .t (Eq. 5)
capazes de produzir uma enzima que uti- I = Intensidade da radiação (W/ N0
liza a energia das radiações luminosas en- cm2);
tre 300 e 500 nm para partir a ligação t = Tempo de exposição (s). em que:
entre os dímeros de timina. Os dímeros A absorção de radiação pelas partí- K = Coeficiente de letalidade à UV
de citosina não são rompidos por esse pro- culas dispersas e pelo próprio líquido é dos microrganismos;
cesso e algumas inversões na sua forma- obtida segundo a Lei de “Beer – IM = Intensidade média da radiação
ção são promovidas por meio de meca- Lambert” (PIRES et al., 1998): germicida.
nismo ainda não completamente esclare-
cidos (WRIGHT & CAIRNS,1998). Os
vírus não são capazes de promover esta Tabela 1 - Constantes de Inativação UV
fotorreativação, mas podem utilizar os de alguns microrganismos
mecanismos de enzimas reparadoras pro-
Microrganismo K (cm2 / µWs)
duzidas nas células do hospedeiro
(PARROTTA & BEKDASH, 1998). Eschechiria coli 2,50 x 10-3
Nas bactérias e outros microrganismos, a
amplitude da capacidade de Pseudomonas. aeruginosa 1,74 x 10-3
fotorreativação está relacionada à exten-
são do dano fotoinduzido, à exposição à Aeromonas hydrophila 2,20 x 10-3
radiação entre 300 e 500 nm e ao pH e
temperatura da água (PARROTTA & Streptococcus faecalis 1,23 x 10-3
BEKDASH, 1998; WRIGHT &
CAIRNS, 1998). Vibrio cholerae 2,07 x 10-3

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ALEX MOURA DE SOUZA AGUIAR, MARIA DE LOURDES FERNANDES NETO, LUDMILA LADEIRA ALVES DE BRITO, ANTONIO ALVES DOS REIS, PATRÍCIA
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ARAIVA TINS VIEIRA, MARCEL
ARTINS O LIBÂNIO
ARCELO

Na Tabela 1 são apresentados os et. al., 1993 apud WRIGHT & METODOLOGIA
valores do coeficiente de letalidade à UV CAIRNS, 1998). Também foi verificada
de algumas bactérias, obtidos por PIRES a conversão de nitrato a nitrito em expo- Descrição do aparato
et al. (1998) em experimentos com lâm- sição a radiação UV abaixo de 240 nm experimental
padas de baixa pressão (emissão de radia- (GROOCOCK, 1998 apud WRIGHT
ção UV a 254 nm): & CAIRNS, 1998). Todavia, tal conver- O reator utilizado consistiu de uma
As lâmpadas de UV de baixa pres- são não é preocupante em sistemas que unidade tubular, construída com tubo
são – ou monocromáticas – emitem de utilizam lâmpadas de baixa pressão, cuja de PVC tipo esgoto, de diâmetro nomi-
85% a 90% de radiações no comprimen- emissão predominante é de 254 nm. nal 100 mm, com cerca de 45 cm de
to de onda de 254 nm, de maior efeito Nos sistemas que utilizam lâmpa- altura total. No eixo da tubulação foi
germicida. Dessa forma, é considerada nos das de média pressão é possível impedir adaptada uma lâmpada de vapor de mer-
estudos cinéticos da desinfecção UV a essa conversão mediante o uso de lâmpa- cúrio de baixa pressão, potência nominal
intensidade média da radiação germicida das com camisas que absorvem a radiação de 15 W. O sistema dispunha inicialmente
a 254 nm. abaixo de 240 nm. de um conjunto independente de gera-
Para as lâmpadas de média pressão ção de ozônio, que apresentou concen-
– ou policromáticas –, as contribuições Em síntese, a formação de trações médias deste gás inferiores a 0,09
de cada radiação de diferente compri- subprodutos nos processos de desinfec- mg/l, não resultando em nenhuma
mento de onda devem ser consideradas ção de águas de abastecimento com radi- melhoria na eficiência do reator. Desta
na determinação da dose ação UV é mínima, não tendo sido forma, não foi utilizado o ozônio ao lon-
(MEULEMANS, 1998): verificada a formação de subprodutos go da fase experimental da pesquisa.
mutagênicos ou carcinógenos (WRIGHT Embora tenha sido concebido para
& CAIRNS, 1998). operar em regime de fluxo contínuo, o
λ =315nm
D= ∑ I( λ )G(λ).t (Eq. 6) Tabela 2 - Doses mínimas de UV recomendadas para desinfecção
λ =200nm
Organismos Dose Recomendada
Observações
em que : regulamentadores (mW.s/cm2)
I(l) = Intensidade de radiação a cada
comprimento de onda l ; e 1) Entidades
G((l) = Espectro de ação germicida
DHEW (1) 16 Padrão para desinfecção em barcos
de cada comprimento de onda depen-
dente do microrganismo a ser inativado. 38 Classe A - desinfecção de vírus e bactérias
Não se tem estabelecido valores de ANSI/NSF (2)
doses mínimas a serem adotadas na de- 16 Classe B - desinfecção complementar
sinfecção com radiação UV. Esta defini-
ção está vinculada a uma série de caracte- USEPA 21 Remoção de 2 log de vírus da hepatite A
rísticas particulares de cada sistema, den-
tre as quais se destacam:
a) Características físico-químicas da
2) Estados dos EUA
água;
b)Nível de contaminação Arizona 38 Idem ANSI/NSF Classe A
microbiológica;
c) Impacto sobre os microrganismos Carolina do Norte 38 Idem ANSI/NSF Classe A
das etapas de tratamento anteriores à de-
sinfecção; Nova Jersey 16
d)Histórico epidemiológico;
e) Grau de risco a ser assumido. Pennsylvania 16 Desinfecção de águas subterrâneas
Ainda assim, há uma série de regu-
lamentações que recomendam doses mí- Utah 16
nimas a serem adotadas nos processos de
desinfecção com UV, conforme apresen-
tado na Tabela 2. 3) Países da Europa
O processo fotoquímico da desin- Áustria 30
fecção com radiação UV é responsável por
uma baixa geração de subprodutos, por- França 25
tanto com mínimos riscos à saúde
(CAIRNS, 199?). Alguns estudos repor- Noruega 16
tam a formação de subprodutos da de- (1)
Departament of Health, Education and Welfare, USA.
sinfecção com radiação UV, principal- (2)
American National Standards Institute, USA
mente formaldeídos e acetaldeídos, na
desinfecção de águas residuais (AWAD Fonte: PARROTTA & BEKDASH, 1998; WRIGHT & CAIRNS, 1998

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TRAVIOLETA NA DESINFECÇÃO DE ÁGU
VIOLETA AS COM TURBIDEZ E COR MODERAD
GUAS AS
ODERADAS

ARTIGO TÉCNICO
reator foi adaptado na pesquisa experi-
Alimentação
mental para operação em regime de
bateladas, tendo sido introduzido um LÂMPADA UV
ponto de alimentação na extremidade
superior do tubo. Inicialmente o reator
era dotado de um único ponto de
amostragem e descarga (ponto inferior), Pontos de Amostragem
tendo sido posteriormente acrescentados
dois pontos de amostragem intermediá-
rios, permitindo avaliar o grau de H = 45 cm
homogeneidade da contaminação das
amostras a serem ensaiadas.
O diâmetro de 100 mm assegurou
uma distância da lâmpada inferior a 75
mm, valor recomendado como máximo
para aplicações da UV em processos de
desinfecção. Difusores de O3
Ainda que o PVC não tenha
reatividade com a radiação UV capaz de
alterar as características da água, segundo D i = 10 cm
informação do catálogo do fabricante, este
material não é o ideal para esta aplicação Figura 2 - Detalhes e dimensões do fotorreator de UV
pois absorve a radiação UV. Contudo, há empregado na pesquisa.
de se observar a sua aplicabilidade em ter-
mos de baixo custo, fácil condição de
manuseio e grande disponibilidade no Tabela 3 - Características das Águas de Estudo Tipo I e II
mercado.
A Figura 2 seguinte apresenta a con- Parâmetro Água Tipo I Água Tipo II
figuração e as dimensões básicas do rea-
tor. pH 6,4 - 6,8 6,4 - 6,8

Dureza (mg CaCO3/l) 10 - 15 10 - 15


Preparação das águas de
estudo e coleta da água Alcalinidade (mg
10 - 20 10 - 20
natural CaCO3/l)

As águas sintéticas utilizadas nos Turbidez (uT) 0- 5 20 - 30


experimentos foram preparadas de acor- Cor Aparente (uH) 20 - 30 170 - 230
do com a recomendação do “Standard
Methods for the Examination of Water and Cor Verdadeira (uH) 15 - 20 20 - 30
Wastwater”, 18a Ed., para águas utiliza-
das em ensaios de toxicidade, caracteriza- Coliformes fecais
das como “muito brandas”. À água desti- 103 - 106 103 - 106
(NMP/100 ml)
lada e deionizada foram adicionados di-
versos reagentes visando estabelecer uma
faixa de variação para pH, alcalinidade e utilização em até 05 (cinco) experimen- Tentou-se também obter uma água
dureza, e argila e ácidos húmicos para tos, passíveis de serem realizados em um natural com características semelhantes às
conferir cor e turbidez em magnitude único dia, evitando-se, assim, o da água tipo II. Foi realizada uma coleta-
superior à recomendada pela Portaria armazenamento da água sintética. da em outro sistema produtor cujo ma-
1469/2000. A água natural I foi coletada na câ- nancial apresentava dados históricos de
A contaminação microbiológica foi mara de chegada, a montante da pré- turbidez que se enquadram à faixa dese-
efetuada a partir de cepa natural isolada cloração, da estação de tratamento do jada. Contudo, a turbidez (5,0 uT) e a
em água e elaboradas curvas de cresci- Morro Redondo, uma das unidades res- cor aparente (23 uH) na ocasião da coleta
mento de E.coli visando permitir o co- ponsáveis pelo abastecimento de Belo aproximaram-se mais das características da
nhecimento do início da fase exponencial Horizonte. A turbidez (4,9 uT) e a cor água sintética tipo I. Assim, os ensaios
de crescimento e, consequentemente, o aparente (30 uH) na ocasião da coleta cinéticos para águas mais turvas foram
estudo sistemático com células jovens e enquadraram-se às características da água realizados apenas com água sintética tipo
ativas. As características das águas sintéti- sintética tipo I. As características II. A água natural foi mantida à tempera-
cas estão apresentadas na Tabela 3. microbiológicas da água natural apresen- tura ambiente, tendo sido objeto de en-
taram com concentrações de 6,6 x 103 saios cerca de 3 a 4 horas após sua coleta.
A água para os ensaios foi sempre NMP/100 ml para coliformes totais e 200
preparada em quantidade suficiente para NMP/100 ml para E. coli.

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A LEX MOURA DE SOUZA AGUIAR, MARIA DE LOURDES FERNANDES NETO, LUDMILA LADEIRA ALVES DE BRITO, ANTONIO ALVES DOS REIS, PATRÍCIA
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ARAIVA TINS VIEIRA, MARCEL
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Determinação por Fe2+ depois da irradiação, em mol/l;


actinometria da dose de [Fe+2]a = Concentração molar de - Área da lâmpada:
radiação UV 2+
Fe antes da irradiação, em mol/l; 2
?Fe = Rendimento quântico de Fe2+ π .0,026
AL = x 10.000 = 5,31 cm2 ;
A intensidade de radiação no comprimento de onda 254 nm (mol/ 4
ultravioleta está relacionada com a quan- einstein).
tidade de energia recebida por uma uni- A dose aplicada à superfície irradia- - Área de preenchimento do líquido =
dade de área. Sua determinação só é pos- da (mW.s/cm2) é calculada multiplican- (75,43 – 5,31) = 70,12 cm2 ;
sível por meio de radiômetros ou do-se a “dose média por volume”, calcu-
actinômetros. A precisão da medida feita lada conforme a Eq. 7, para a profundi- - Altura do líquido no reator : H = 2.000
com radiômetros está associada à sensibi- dade média da lâmina no reator. Neste cm3 ¸ 70,12 cm2 = 28,52 cm.
lidade do equipamento aos comprimen- estudo foi assumida a mesma condição
tos de onda de interesse e ao número de admitida por HARRIS et. al. (1987) para
medições realizadas em diferentes pontos reatores anulares, considerando-se as si- q Determinação da área de paredes em
do reator (DANIEL & CAMPOS, tuações seguintes: contato com o líquido (AR):
1993). O campo de intensidade dentro i) Admitindo-se haver 100% de re-
do reator pode ser bastante variável, o que flexão da radiação UV, a área irradiada é a - AR = pDR x H = p x 9,8 x 28,52 =
torna difícil a determinação da intensida- área das paredes do reator em contato com 878,06 cm2 ;
de média relativa ao volume de líquido o líquido;
no reator. Desta forma, para esta determi- ii) Admitindo-se não haver nenhu- q Determinação da área da lâmpada em
nação, utilizam-se substâncias ma reflexão da radiação UV (100% de contato com o líquido (AR):
actinométricas que sofrem reações absorção pelo líquido e paredes do rea-
fotoquímicas em comprimentos de onda tor), a área irradiada é a área de parede da - AL = pDL x H = p x 2,6 x 28,52 =
específicos. lâmpada. 232,97 cm2 ;
O ferrioxalato de potássio teve sua Assim, considerou-se como profun-
aplicação como substância actinométrica didade média da lâmina (L) o resultado q Determinação da Área Média Irradia-
introduzida por HATCHARD & da divisão do volume ensaiado (2 litros) da (AM ):
PARKER (DANIEL & CAMPOS, pela área média irradiada, sendo esta cal-
1993). Quando exposto à radiação UV, culada pela expressão seguinte: - AM = ( 878,06 cm2 + 232,97 cm2) ¸ 2
o ferrioxalato é reduzido, apresentando = 554,52 cm2 ;
um rendimento quântico de 1,26 moles
de Fe 2+ por einstein para comprimentos q Determinação da profundidade mé-
de onda inferiores a 436 nm. Como nas AR + AL
AM = (Eq. 8) dia da lâmina (L):
lâmpadas de baixa pressão de mercúrio a 2
emissão em comprimentos de onda abai- - L = V ¸ AM = (2.000 cm3 ¸ 554,52 cm2)
xo de 280 nm é de 86% de sua energia a em que: = 3,61 cm;
254 nm, pode-se admitir que a redução AR = Área das paredes do reator em
do ferrioxalato de potássio é devido ape- contato com o líquido (cm2); Assim, a dose aplicada à superfície
nas a este comprimento de onda AL = Área da parede da lâmpada em irradiada (mW.s/cm2) pôde ser determi-
(DANIEL & CAMPOS, 1993). contato com o líquido (cm2). nada pela seguinte expressão:
A cinética deste procedimento de
actinometria pode ser acompanhada Deste modo, a profundidade mé-
medindo-se a concentração de Fe2+ for- dia da lâmina foi determinada a partir +2 +2
mado ao longo do tempo de exposição à dos seguintes elementos referentes à con- [Fe ]d − [Fe ]a 5
radiação UV. A concentração molar de D= x4,719x10x 3,61
figuração do reator utilizado: φFe
Fe2+ é medida por meio da absorbância
de um complexo de Fe2+ - fenantrolina – q Volume de líquido ensaiado: 2 litros (Eq. 9)
de cor vermelha a 510 nm. Íons férricos (2.000 cm3);
formam somente um leve complexo com
fenantrolina, transparente a 510 nm. q Diâmetro interno do reator: 9,80 cm; Após o preparo da solução
A dose média por volume de líqui- actinométrica procedeu-se à elaboração
do irradiado pode ser calculada pela equa- q Diâmetro externo da lâmpada: 2,6 cm; das curvas de calibração visando à deter-
ção: minação da concentração de Fe+2 nas
q Determinação da altura do líquido (H) amostras por meio dos valores de
[Fe +2 ]d − [Fe +2 ]a absorvância a 510 nm. As duas curvas de
D= x4,719x105 no reator:
φFe calibração foram elaboradas a partir da
- Área preenchida pelo líquido : Área do metodologia proposta por DANIEL &
(Eq. 7)
reator – área da lâmpada CAMPOS (1993) e pelo Standard
em que:
- Área do reator : Methods for the Examination of Water and
D = Dose de UV no comprimento
Wastewater, 18th Ed.
de onda de 254 nm, em mW.s/cm3; 2
[Fe+2]d = Concentração molar de π .0,098
AR = x 10.000 = 75,43 cm2 ;
4

42 engenharia sanitária e ambiental Vol. 7 - Nº 1 - jan/mar 2002 e Nº 2 - abr/jun 2002


A VALIAÇÃO DO EMPREGO DA RADIAÇÃO ULTRAVIOLET
TRAVIOLETA NA DESINFECÇÃO DE ÁGU
VIOLETA AS COM TURBIDEZ E COR MODERAD
GUAS AS
ODERADAS

ARTIGO TÉCNICO
Protocolo de ensaios ensaio (1, 3 ou 5 minutos). Após o desli- determinação do coeficiente de letalidade
gamento, coletava-se uma amostra de 100 foi realizada no laboratório da Fundação
Para a realização dos ensaios efetuou- ml para determinação da concentração de Ezequiel Dias – Funed.
se uma adaptação do reator para operar microrganismos no efluente; A determinação das concentrações
em sistema de bateladas, uma vez que este iv) Após a coleta da amostra do afluentes e efluentes de microrganismos
teve sua concepção original para opera- efluente, era procedida a descarga do rea- realizou-se por meio de processo
ção em um sistema de fluxo contínuo. A tor, mantendo-se a lâmpada UV acesa, cromogênico, utilizando-se reagentes e
primeira adaptação para operação em promovendo sua esterilização. cartelas da Tecnologia de Substrato Defi-
bateladas consistiu do tamponamento da A cada ensaio, os procedimentos nido da IDEXX Laboratories Inc.
derivação de entrada do reator e instala- supracitados eram repetidos, sendo que
ção de uma curva de PVC na derivação todos os materiais utilizados eram limpos
de saída, passando essa a ter a função de com álcool 70% e lavados abundante- RESULTADOS E
entrada (Figura 2). mente com água destilada e deionizada. DISCUSSÃO
Com esta configuração foram rea- Cabe observar que em duas opor-
lizados onze ensaios de inativação, com tunidades foram realizadas amostragens Ensaios de inativação
volume de água experimental igual a 2,5 nos pontos intermediários para se avaliar
litros, sendo coletadas três amostras em o grau de dispersão dos microrganismos, Durante os ensaios com água sinté-
tempos tais que correspondessem às altu- em tempos de 1 e 3 minutos. Em ambas tica referentes à fase I da 1a etapa detecta-
ras de lâmina inferior, média e superior as avaliações, obteve-se um desvio inferi- ram-se erros de procedimento na conta-
do volume de água no reator. Verificou- or a 5%, assegurando o estado de minação das amostras e outros decorren-
se que, sistematicamente, os resultados de homogeneização da amostra contamina- tes, conforme relatado no protocolo ex-
inativação referentes à ultima coleta de da dentro do reator. perimental, de uma fração do volume do
cada ensaio, portanto correspondente à Os experimentos foram conduzidos reator não exposta à mesma intensidade
parcela superior do volume, apresenta- em regime de batelada, utilizando-se os de radiação. Desta forma, foram analisa-
ram eficiência significativamente inferior dois tipos de água sintética contaminada dos os resultados dos derradeiros 30 en-
às demais coletas. Tal fato deveu-se à al- com E. coli e água natural, compreenden- saios, quando tais problemas já haviam
tura da lâmina de água no reator. O volu- do as seguintes etapas: sido solucionados.
me adotado de 2,5 litros impunha um a) Etapa 1: Experimentos de avali- Nesta etapa, exceto para os experi-
nível de água no reator que ultrapassava a ação da eficiência do sistema de desinfec- mentos com tempo de contato de 1’, ve-
altura do eixo da curva adaptada como ção com radiação UV; rificou-se inativação total dos microrga-
derivação de entrada. Como conseqüên- b)Etapa 2 : Experimentos de avali- nismos. Cabe considerar que embora o
cia, um determinado volume que se aco- ação da cinética da desinfecção com radi- caráter estatístico do teste de determina-
modava nesta derivação não era submeti- ação UV. ção da presença dos microrganismos, ba-
do às mesmas condições de radiação exis- Os experimentos referentes à Etapa seado na tecnologia de substrato defini-
tentes no corpo do reator. Uma vez iden- 1 basearam-se na avaliação da eficiência do, imponha a necessidade de expressar
tificado este problema, passou-se a utili- do sistema em termos de inativação de E. os resultados negativos de presença como
zar um volume de 2,0 litros em cada en- coli, conduzidos em duas fases distintas: “<1”, considerou-se a inativação de 100%
saio. a) Fase 1: Foram conduzidos 88 para tais resultados. A rigor , poder-se-ia
Após a definição desta configura- ensaios com água sintética tipo I e tempo admitir que a inativação devesse ser con-
ção final e do volume experimental de de contato de 5 minutos; siderada como “>99,9...”. Ainda que tal
2,0 litros, os ensaios foram executados b)Fase 2: Realizaram-se 90 ensaios, consideração seja correta do ponto de vis-
segundo os procedimentos seguintes: 30 para cada tempo de contato, com água ta matemático, entendeu-se que a mesma
i) Inicialmente, efetuava-se a lava- sintética tipo II e tempos de 1, 3 e 5 mi- induziria a uma análise pouco realista dos
gem do reator com água destilada e nutos. resultados. Tome-se como exemplo um
deionizada, com volume aproximado de Os experimentos referentes à Etapa ensaio da fase I com t = 5’. Os dados
três vezes o volume do reator (cerca de 2 também foram conduzidos em duas referentes à inativação percentual deste
7,5 litros, portanto). Durante esta lava- fases distintas, a saber: ensaio são:
gem, a lâmpada UV era mantida acesa a) Fase 1: Conduziram-se 10 ensai-
para aquecimento; os com água natural, baseados na q NMP/100 ml afluente: ... 1,70 x 104
ii) Com auxílio de uma proveta gra- inativação de E. coli e coliformes totais
duada, media-se o volume de dois litros em tempo de contato de 1’; q NMP/100 ml efluente: .... <1,0 ;
da água experimental, sendo este transfe- b)Fase 2: Ensaios conduzidos com
rido para um balde plástico previamente água sintética tipo II, em um total de 10, q Determinação da Inativação Percentual:
limpo. Adicionava-se o volume do baseados na inativação de E. coli , tendo
inóculo de contaminação e, após agitação em vista não ter sido possível a coleta de NMPAFLUENTE − NMPEFLUENTE
enérgica com bastão de vidro, coletava-se uma água natural com características pró- I(%) = x100 =
uma amostra de 10 ml para determina- ximas às da água sintética tipo II. NMPAFLUENTE
ção da concentração afluente de NMP; Estes experimentos foram conduzi- = 99,99412
iii) O volume contaminado era en- dos nos laboratórios do Departamento de
tão transferido para o reator, através do Engenharia Sanitária e Ambiental da Logo, a inativação acima deveria ser
funil de alimentação. Ligava-se a lâmpa- UFMG, sendo que a leitura da expressa, do ponto de vista matemático,
da UV pelo tempo correspondente ao absorbância do efluente dos ensaios para

Vol. 7 - Nº 1 - jan/mar 2002 e Nº 2 - abr/jun 2002 engenharia sanitária e ambiental 43


A LEX MOURA DE SOUZA AGUIAR, MARIA DE LOURDES FERNANDES NETO, LUDMILA LADEIRA ALVES DE BRITO, ANTONIO ALVES DOS REIS, PATRÍCIA
ARTIGO TÉCNICO MARIA RIBEIRO MACHADO, ALEXANDRA FÁTIMA SARAIVA SOARES, MARIA BERENICE CARDOSO MAR
ARAIVA TINS VIEIRA, MARCEL
ARTINS O LIBÂNIO
ARCELO

como >99,99412. Assumindo um pon- com t = 5’ como exemplo, verifica-se que tendo havido uma redução de mais de 5
to de vista mais prático, considerou-se que a máxima redução possível seria de 4,23 unidades logarítmicas. Embora não te-
a ausência de microrganismos (<1,0) in- log, correspondente a uma inativação de nham sido realizados estudos de deter-
dicou 100% de inativação. As figuras 3 a 100% dos microrganismos afluentes. Essa minação da dose da radiação UV nestes
6 apresentam os gráficos com os resulta- mesma redução em termos de unidades ensaios, é possível admitir com base na
dos experimentais das etapas 1 e 2, em logarítmicas para uma carga afluente hi- redução logarítmica obtida que tal resul-
termos de freqüência (%) para a potética de, por exemplo, 1 x 107 NMP/ tado tenha mais significado de flutuação
inativação de microrganismos em unida- 100 ml corresponderia a uma carga resi- amostral do que propriamente como ex-
des logarítmicas. dual aproximada de 5,9 x 102 NMP, que pressão da ineficiência do sistema para tais
Os resultados apresentados demons- não indicaria eficiência do processo em condições.
tram que o comportamento do sistema termos de barreira sanitária. Já para os ensaios da fase 2 com tem-

Fase 1 - ÁGUA I ; T = 5' Fase 2 - ÁGUA II ; T = 1'


Inativação - Unidade Logarítimica Inativação - Unidade Logarítimica

50
50,00
50,00 45 43,33

40
40,00
35

Freqüência (%)
Freqüência (%)

30,00 30
23,33
20,00 25
20,00 16,67
20,00 20
13,33
15
6,67 6,67
10,00 10
5
0,00
3,00 <= X 4,00 <= X 5,00 <= X X => 6,00 0
< 4,00 < 5,00 <6,00 X < 3,00 3,00 <= X < 4,00 <= X < 5,00 <= X < X > 6,00
4,00 5,00 6,00

Inativação (Log) Inativação (Log)

Figura 3 - Frequência de inativação para Etapa 1 Figura 4 - Frequência de inativação para Etapa 1

Fase 2 - ÁGUA II ; T = 3' Fase 2 - ÁGUA II ; T = 5'


Inativação - Unidade Logarítimica Inativação - Unidade Logarítimica

45 30
40,00 26,67
40
25
35
20,00 20,00 20,00
Freqüência (%)

Freqüência (%)

30 20

25
20,00 20,00 20,00 15 13,33
20

15 10

10
5
5
0,00
0 0
X < 3,00 3,00 <= X 4,00 <= X 5,00 <= X X > 6,00 X < 3,00 3,00 <= X 4,00 <= X 5,00 <= X X > 6,00
< 4,00 < 5,00 < 6,00 < 4,00 < 5,00 < 6,00

Inativação (Log) Inativação (Log)

Figura 5 - Frequência de inativação para Etapa 1. Figura 6 - Frequência de inativação para Etapa 1.

foi muito similar nas situações estudadas Assim, é importante a avaliação con- pos de contato iguais a 1’, fica evidente a
em termos de redução de unidades junta destes resultados com as cargas aflu- insuficiência da dose de radiação UV apli-
logarítmicas de microrganismos, haven- entes e residuais. Dentro das condições cada para inativação completa dos micror-
do sempre uma maior freqüência no in- definidas para o experimento, verificou- ganismos. Tal dado é de extrema relevân-
tervalo compreendido entre 3,0 e 4,0 log. se ter havido completa inativação dos cia ao se considerar o sistema como últi-
Tais resultados, objetivando caracterizar microrganismos para todos ensaios com ma barreira sanitária antes do ponto de
a eficiência do processo de desinfecção, tempos de detenção iguais a 5’. Dos en- consumo final.
devem ser observados sempre em con- saios da fase 2 (água tipo II) com tempos Posteriormente, objetivou-se avali-
junto com as cargas afluentes, uma vez de detenção iguais a 3’, apenas um apre- ar a influência das partículas suspensas
que são limitados por ela. Tomando-se sentou carga residual de microrganismos, na água de estudo na eficiência da desin-
novamente o ensaio de no. 1 da fase 1 sendo esta de apenas 3,1 NMP/100 ml, fecção. Sob este aspecto, convém salien-

44 engenharia sanitária e ambiental Vol. 7 - Nº 1 - jan/mar 2002 e Nº 2 - abr/jun 2002


A VALIAÇÃO DO EMPREGO DA RADIAÇÃO ULTRAVIOLET
TRAVIOLETA NA DESINFECÇÃO DE ÁGU
VIOLETA AS COM TURBIDEZ E COR MODERAD
GUAS AS
ODERADAS

estudadas que o aumento da carga aflu-


Tabela 4 - Turbidez da água tipo II filtrada em ente não representou alteração no grau

ARTIGO TÉCNICO
membrana de 3,0 µ m de inativação alcançado.
É necessário considerar que o siste-
Turbidez (uT) Turbidez (uT) ma operou em regime de bateladas, com
Ensaio
Amostra Bruta Amostra Filtrada água sintética, sendo que o reator era dia-
riamente lavado antes de se proceder os
1 36 3 ensaios. Desta forma, foi minimizado o
efeito de incrustações nas paredes da lâm-
2 31 4 pada por partículas e sais constituintes da
água, o que poderia ter reduzido a efici-
3 31 8
ência em termos de irradiação.
4 25 9 Por outro lado, deve ser também
considerado que dificilmente uma água
5 24 8 submetida ao tratamento convencional
ou mesmo águas brutas provenientes de
6 24 8 poços ou de mananciais superficiais bem
protegidos apresentarão cargas bacterio-
7 19 7 lógicas tão elevadas quanto as utilizadas
no experimento, superiores a 106 NMP/
100 ml. Ainda assim, a verificação desta
tar que as partículas devem ter tamanho cistos de protozoários, mas, também,
correlação com o sistema operando em
igual ou superior ao dos microrganismos aqueles cujas dimensões proporcionem
fluxo contínuo e com água natural per-
dispersos no meio líquido para que pos- um maior efeito de proteção exercido
mitiria uma maior aproximação das con-
sam interferir no processo de inativação. pelas partículas dispersas na água à ação
dições reais de uso e, conseqüentemente,
A E. coli tem tamanho médio variando da radiação UV. Assim, ao se estabelecer
uma avaliação com maior acurácia da in-
de 2,0 a 3,0 mm. Embora não tenha sido um sistema de desinfecção por radiação
fluência da carga no grau de inativação
possível a elaboração de ensaios para de- UV, fica evidente a necessidade de se pro-
alcançado.
terminação da dimensão das partículas ceder de forma abrangente a caracteriza-
dispersas na água experimental, procu- ção físico-química e microbiológica da
rou-se obter um indicativo desta dimen- água, a caracterização granulométrica das
Estudo da cinética de
são por meio da determinação da turbidez partículas dispersas e a avaliação da per-
inativação
da amostras da água tipo 2 após filtragem manência destes parâmetros em termos
O estudo da cinética de inativação
em membranas de 3,0 mm, conforme a sazonais.
fundamentou em 10 ensaios com água
Tabela 4. A análise de correlação entre os re-
sintética tipo II e água natural, sendo que
Conforme pode ser observado, o sultados de eficiência e a magnitude da
os procedimentos de execução foram os
ensaio de filtração indica que a maior par- carga microbiológica afluente apontou,
mesmos descritos para os ensaios de
te da turbidez da amostra bruta de um modo geral, em todas as situações
inativação. As leituras de absorbância a
corresponde à parcela de partículas retidas
em membrana de poros cujos diâmetros
equivalem ao tamanho estimado das bac- Tabela 5 - Resultados de inativação com água natural
térias. Assim, pode-se admitir que as par- Coliformes totais Coliformes
tículas dispersas no meio têm, em sua E. coli Afluente E. coliefluente
Ensaio afluentes totais efluentes
maioria, pelo menos o mesmo tamanho (NMP/100 ml) (NMP/100 ml)
(NMP/100 ml) (NMP/100 ml)
dos microrganismos utilizados na conta-
minação das águas utilizadas nos experi- 1 6,6 x 103 2,0 x 102 6,2 1,0
mentos.
Com relação aos ensaios com tem- 2 6,6 x 103 2,0 x 102 8,4 0,0
pos de contato de 1’, verificou-se que,
não obstante a evidente insuficiência da 3 6,6 x 103 2,0 x 102 4,1 0,0
dose para inativação completa dos micror-
4 6,6 x 103 2,0 x 102 13,0 0,0
ganismos, o sistema chegou a alcançar re-
dução de até 6 unidades logarítmicas da 5 6,6 x 103 2,0 x 102 15,3 0,0
carga afluente.
Ainda com relação à análise em ter- 6 6,6 x 103 2,0 x 102 10,7 0,0
mos de eficiência, há de se observar que a
inativação de E. coli não determina a se- 7 6,6 x 103 2,0 x 102 9,6 0,0
gurança do sistema como barreira sanitá-
8 6,6 x 103 2,0 x 102 0,0 0,0
ria. Para isso, devem ser objetos de verifi-
cação não apenas os microrganismos 9 6,6 x 103 2,0 x 102 6,2 0,0
patogênicos de maior resistência ao pro-
cesso de desinfecção, tais como vírus e 10 6,6 x 103 2,0 x 102 3,1 0,0

Vol. 7 - Nº 1 - jan/mar 2002 e Nº 2 - abr/jun 2002 engenharia sanitária e ambiental 45


A LEX MOURA DE SOUZA AGUIAR, MARIA DE LOURDES FERNANDES NETO, LUDMILA LADEIRA ALVES DE BRITO, ANTONIO ALVES DOS REIS, PATRÍCIA
ARTIGO TÉCNICO M ARIA RIBEIRO MACHADO, ALEXANDRA FÁTIMA SARAIVA SOARES, MARIA BERENICE CARDOSO MAR
ARAIVA TINS VIEIRA, MARCEL
ARTINS O LIBÂNIO
ARCELO

254 nm foram realizadas nos laboratóri- inativação, conforme apresentado na Ta- de inativação determinada para água sin-
os da Funed. O tempo de contato adota- bela 7. tética tipo II foi um pouco superior à de-
do para ambas as águas foi de 1’. Para esta terminada nos ensaios com água natural.
água natural avaliou-se a inativação de E. Verifica-se que a constante de
coli e, também, dos organismos do grupo inativação dos coliformes totais foi supe-
coliformes totais, cujos resultados estão rior à de E. coli, conforme esperado. O CONCLUSÕES
apresentados na Tabela 5. valor médio da constante encontrado para
A partir dos dados obtidos nos en- E. coli (2,52 x 10-3 cm2/mW.s) em água i) O sistema estudado, baseado na
saios de actinometria, foram feitas as de- natural está coerente com os valores en- aplicação de radiação UV, apresentou boa
terminações das constantes de inativação: contrados na literatura técnica (PIRES et eficiência na inativação de E. coli, ope-
al., 1998). Adicionalmente, a constante rando com tempos de contato e doses
bastantes baixos. As constantes de
inativação determinadas para a E. coli e
Tabela 6 - Determinação da irradiação média para água para coliformes totais estão coerentes com
natural e sintética tipo II valores encontrados na literatura.
ii) O aumento dos parâmetros
Ensaio α 254 nm I (mW/cm2) α 254 nm I (mW/cm2) turbidez e cor impostos à água experi-
mental mostrou não ter tido influência
1 0,032028 0,0340 0,176788 0,0266 significativa nos resultados. O sistema es-
2 0,014320 0,0351 0,194595 0,0259 tudado apresentou a mesma performance
para todas as situações avaliadas, mere-
3 0,011475 0,0353 0,209801 0,0252 cendo destaque a condição verificada de
manutenção dos níveis de inativação para
4 0,012405 0,0352 0,202198 0,0255 aumentos substanciais da carga de conta-
minação microbiológica. Para todos os
5 0,013076 0,0351 0,199198 0,0257 ensaios com tempos de contato de 3 e 5
minutos, obteve-se 100% de inativação
6 0,011474 0,0353 0,1619264 0,0272 de E. coli, independente das característi-
cas de cor e turbidez da amostra.
7 0,010726 0,0353 0,159226 0,0274 iii) A influência dos sólidos no pro-
8 0,009048 0,0354 0,153488 0,0276 cesso não foi avaliada de forma mais
aprofundada, principalmente por ques-
9 0,017562 0,0349 0,163620 0,0272 tões logísticas. Entretanto, a avaliação do
tamanho das partículas, empreendida por
10 0,012962 0,0352 0,164642 0,0271 meio de filtração em membranas de po-

q Dose por Unidade


de Volume: ..0,599 mW.s/cm3 ; Tabela 7 - Constantes de inativação para água natural
q Profundidade (coliformes totais e E. coli) e sintética tipo II (E. coli)
da Lâmina: ................ 3,61 cm;
q Dose por Unidade de Área Ensaio
KCT KEC KEC
Irradiada: ......2,159 mW.s/cm2 ; (cm2/µW.s) (cm2/µW.s) (cm2/µW.s)
q Tempo de Irradiação......60 s;
q Irradiação na 1 3,42 x 10-3 2,60 x 10-3 2,00 x 10-3
Fonte: ................0,036 mW/cm2.
2 3,17 x 10-3 2,52 x 10-3 2,97 x 10-3
A partir das medidas de absorbância 3 3,49 x 10-3 2,51 x 10-3 4,13 x 10-3
a 254 nm foram determinadas as irradia-
ções médias em cada caso, por meio da 4 2,95 x 10-3 2,51 x 10-3 3,72 x 10-3
equação (2) anteriormente apresentada.
Os resultados estão apresentados na Ta- 5 2,88 x 10-3 2,51 x 10-3 2,99 x 10-3
bela 6.
Por intermédio dos valores de 6 3,04 x 10-3 2,51 x 10-3 1,81 x 10-3
inativação apresentados na Tabela 5 an-
terior e da Lei de Chick: 7 3,08 x 10-3 2,50 x 10-3 2,80 x 10-3

8 4,14 x 10-3 2,49 x 10-3 1,75 x 10-3


N
ln = −K.I.t 9 3,33 x 10-3 2,53 x 10-3 3,25 x 10-3
N0
10 3,63 x 10-3 2,51 x 10-3 2,83 x 10-3
foram determinadas as constantes de
Média 3,31 x 10-3 2,52 x 10-3 2,83 x 10-3

46 engenharia sanitária e ambiental Vol. 7 - Nº 1 - jan/mar 2002 e Nº 2 - abr/jun 2002


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TRAVIOLETA NA DESINFECÇÃO DE ÁGU
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ODERADAS

ARTIGO TÉCNICO
ros de mesma dimensão das bactérias, so, efeitos não avaliados neste estudo; DANIEL, L.A., CAMPOS, J.R. Metodologia
possibilita admitir a presença de sólidos q Além de aspectos operacionais, simplificada para determinação de parâmetros
cinéticos de desinfecção com radiação ultravioleta.
capazes de proteger os microrganismos da há necessidade de se estudar também a In: Seminário Internacional - Desinfecção de
ação do desinfetante. Assim, infere-se com eficiência do sistema com relação a mi- Águas de Abastecimento e Residuárias em Países
base nos resultados obtidos a eficiência crorganismos mais resistentes à ação da em Desenvolvimento, p.229-45, Belo Horizon-
do processo em águas de cor e turbidez radiação UV do que a E. coli. Tal estu- te, 1993.
moderadas. do é fundamental para se dotar o siste- GUYTON, A.C. - Controle genético da função
iv) Em termos de análises de corre- ma de segurança em termos de barreira celular. In: Fisiologia Humana, 6 a Ed., Rio de
Janeiro, Ed. Interamericana, Cap. 4, p. 37-47,
lação, cabe observar que não se preten- sanitária. Em outra vertente, o estudo 1985.
deu neste estudo estabelecer uma relação específico com relação a organismos re-
entre os resultados de inativação e a vari- sistentes ao cloro possibilitaria a pers- HAAS, C. N. – Disinfection in: American Water
Works Association - Water Quality and Treatment,
ação dos parâmetros cor e turbidez. A pectiva de emprego do sistema como 5th Ed., McGraw-Hill Inc., chapter 14, 1999.
definição das características das águas ex- etapa complementar da produção de
HARRIS, G.D. et al. - Potassium ferrioxalate as
perimentais, com o projeto ainda vincu- água com características mais exigen- chemical actinometer in ultraviolet reactors. Journal
lado ao Prosab, estabelecendo as faixas de tes, como por exemplo aplicação em of Environmental Engineering, Vol. 113, No. 3,
concentrações destes parâmetros, processos hospitalares; p. 612-627. June, 19871985.
direcionou o estudo à análise de eficiên- q Finalizando,em MINISTÉRIO DA SAÚDE - Normas e padrão
cia do sistema quando aplicado a águas complementação às justificativas das de potabilidade da água destinada ao consumo hu-
com cor e turbidez moderadas, isto é, com pesquisas por sistemas alternativas de mano, Portaria 1469, Brasília, 29 de dezembro
concentrações destes parâmetros superi- desinfecção, recomenda-se a elaboração 2000.
ores aos indicados pela Portaria 1469/ de estudos mais abrangentes referentes MONTGOMERY, J. M. - Disinfection in: Water
2000. à formação de subprodutos da desin- Treatment Principles and Design, New York, Ed.
v) Por fim, os resultados obtidos, fecção por meio da radiação UV, prin- Wiley-Interscience Publication, v II, cap. 12,
p.262-283, 1985.
guardadas as restrições em termos de es- cipalmente em aplicações em águas com
pectro de microrganismos avaliados, rea- presença mais elevada de matéria orgâ- PARROTTA, M.J., BEKDASH, F. - UV
disinfection of small groundwater supplies, Journal
firmam a boa perspectiva de emprego de nica. AWWA, Vol. 90, n. 2, p. 71-81, February 1998.
sistemas de desinfecção baseados na apli-
cação da radiação UV como agente de- PIRES, M.R. et al. - Desinfecção de água com
radiação ultravioleta: Eficiência bactericida. Re-
sinfetante, já levada a termo em diversos AGRADECIMENTOS vista do Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, Vol.
países, mesmo aplicados em águas com 57, n. 1, p. 29-34, 1998.
cor e turbidez moderadas. O emprego Os autores agradecem à Finep, WRIGTH, H.B. & CAIRNS, W.L. -
deste sistema para águas tratadas, confor- pelo suporte financeiro necessário à Desinfección de agua por medio de luz ultravioleta
me destacado em itens anteriores deste montagem do aparato experimental e In: Simposio Regional sobre Calidad del Agua:
trabalho, estaria condicionado à sua asso- realização dos ensaios, no contexto do Desinfectión Efectiva, 1-28 p., Lima, Peru.
ciação a compostos clorados, possibilitan- Programa de Pesquisa em Saneamento
do a formação de residual desinfetante. Básico – Prosab -, à Fapemig e ao CNPq,
pela concessão das bolsas de estudo vin-
Endereço para
culadas à pesquisa. correspondência:
RECOMENDAÇÕES
Alex Moura de Souza Aguiar
q Ainda que os testes realizados de- REFERÊNCIAS
monstrem a aplicabilidade do sistema de BIBLIOGRÁFICAS Av. Contorno, 842 - 8 Andar
desinfecção baseado no emprego de radi- CEP: 30110-060
ação UV, ensaios com operação em fluxo CAIRNS, W. J & McKEE, J. New advances
Belo Horizonte - MG
contínuo e com água natural trariam in ultraviolet light desinfection technology.
199?. Available from WWW<http://
maior confiabilidade aos resultados, ten- w w w. t r o j a n u v. c o m / p a p e r s / Tel. (31) 3238-1004
do em vista a maior proximidade com new_ad_uv.html> Fax: (31 3238-1870
sistemas em escala real. É latente a difi- DANIEL, L. A. - Desinfecção de esgotos com
culdade de se proceder tais ensaios den- radiação ultravioleta: fotorreativação e obten- milibanio@ehr.ufmg.br
tro da estrutura de laboratório. Sugere-se ção de parâmetros cinéticos, Tese de Doutora-
a parceria com companhias de saneamento do, São Carlos, Escola de Engenharia de São
Carlos – Universidade de São Paulo, 164 p.,
para implantação de unidades piloto em 1993.
estações de tratamento existentes;
q Recomenda-se também estudos
direcionados à influência dos sólidos. Nos
estudos aqui empreendidos a turbidez foi
conferida às água sintéticas pela adição
de bentonita, argila composta de grão
extremamente pequenos. Em águas na-
turais e sistemas em escala real, a diversi-
dade do tamanho das partículas pode
acarretar prejuízo à eficiência do proces-

Vol. 7 - Nº 1 - jan/mar 2002 e Nº 2 - abr/jun 2002 engenharia sanitária e ambiental 47

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