INTRODUÇÃO

A vedação vertical pode ser entendida como sendo um subsistema da edificação. Pode ser
externa ou interna, caracterizada por paredes. As paredes separam ambientes, dão segurança e
conforto, controlando naturezas diversas, como: a ação de agentes químicos, biológicos,
luminosos, sonoros, umidade, vento, etc.

A vedação vertical ainda pode receber uma cobertura, chamada de revestimento, com
finalidades específicas segundo a utilização desta parede. Entre estes revestimentos, estão:
pintura, revestimentos sintéticos, fibra, cimentícios, vidro, cerâmica, etc.

Na vedação vertical se devem levar em conta os aspectos: de estrutura, estético, vedação

e delimitação de ambientes.

A vedação vertical é estrutural quando a finalidade à que foi projetada é receber e

suportar esforços solicitantes da edificação, ao mesmo tempo em que é de vedação, pode ser de
vedação específica e divisória (delimitador de ambientes).

Quando a vedação vertical, apenas tem finalidade de vedação e divisória (delimitação de

ambientes), é chamada de parede de vedação, ou parede divisória, pois sua função agora é
primeiramente vedar e separar ambientes segundo foi projetada, não tem função estrutural. A
parede de vedação é muito utilizada em edificações acima de 5 pavimentos e de concreto
armado, pois possibilita uma economia financeira da obra. As paredes divisórias (delimitador de
ambientes) são utilizadas internamente nos edifícios, escritórios, call centers, e tem emprego por
ter reduzida espessura, ocupando menor espaço do ambiente, excelente mobilidade, rápida
execução e grande versatilidade estética.

O acabamento é referente ao aspecto estético da vedação, e não deve jamais prevalecer

sobre as condições normativas técnicas de estrutura e vedação. No acabamento se assegura uma
maior proteção às vedações, aliado à estética de embelezamento.

Objetivo

Em vista do grande número de tipos de vedação vertical, a pesquisa está delimitada num
tipo específico de vedação, Vedação Vertical Estrutural em Alvenaria. Nesta classificação, a
pesquisa foi limitada ao uso de Blocos Cerâmicos para a construção estrutural de paredes para
casa de 1 pavimento.

Objeto

O objeto de estudo é o bloco cerâmico de 6 furos, por ser o material construtivo mais
utilizado como principal componente de vedação vertical na região, em especial, na cidade de
Salvador.

A matéria prima do bloco é a argila. É na olaria que a argila é transformada em blocos

cerâmicos. A argila ainda úmida é moldada em formas que devem conter o nome da fábrica e
dimensões do bloco (segundo norma). Em um dos processos de fabricação, a argila, depois de
cozida em fornos a altas temperaturas, já em forma de blocos sofre resfriamento antes de serem
levados às casas de materiais de construção onde são comercializados, ou, diretamente às obras
que serão empregados.

Análise do Material

O bloco cerâmico é muito utilizado na construção civil, em conjunto com a mistura

cimentícia, como elementos de alvenaria para a vedação vertical estrutural. Tem características
físicas que atendem requisitos de execução, produtividade, manutenção, custo baixo (quando
comparado a outros elementos construtivos) e estética.

As características físicas e mecânicas do bloco cerâmico estão regulamentadas na NBR-

15.270, que define a classe do bloco quanto à absorção de água e resistência mínima à
compressão. Também quanto às características geométricas, como planeza das faces, espessura
das paredes externas e desvio em ralação ao esquadro.

A NBR-15.270, ainda regulamenta as marcações indispensáveis que o bloco cerâmico

deve ter, como: informações que identifiquem o fabricante e dimensões do bloco.

Com esses dados verificados através de amostragem, é feito o aceite ou rejeite do lote de
blocos cerâmicos. Pois, a não padronização dessas características influência na resistência e
durabilidade do bloco e em conseqüência da edificação, no desperdício de outros materiais e
conseqüente encarecimento da obra.
Aplicação

A definição do tipo de bloco cerâmico, também popularmente conhecido como tijolo, a

ser utilizado como elemento na vedação da edificação, deve ser feita levando-se em conta a
finalidade da obra, aspectos construtivos e manutenção.

Para casas de pavimento térreo, os blocos cerâmicos atendem a todos os requisitos

técnicos de projeto. Tem baixo custo quando comparado com outros tipos de materiais, é de fácil
montagem, dispensa a mecanização e utilização de equipamentos para a execução e manutenção
das paredes.

Este tipo de parede é aprumada segundo normas técnicas construtivas. No levante, as

fiadas não devem ultrapassar 1metro de altura por dia em relação ao nível do piso do pavimento.
A modulação dos blocos das paredes deve seguir normas de “amarração”, nos cantos e locais
onde tenha um descarregamento de esforços transmitidos, inclusive por vigas ou em paredes
muito extensas em comprimento.

A ABNT NBR-15.270, trata da união e solidarização de paredes que se cruzam. A norma

orienta uma amarração direta e indireta dessas paredes. A amarração contribui para a prevenção
do colapso progressivo, e contraventamento das paredes.

A modulação das fiadas de blocos direta pode ser feita através da seqüência de fiadas ou
bloco e meio.

A amarração indireta é feita quando a parede precisa ser solidarizada a materiais não
cimentícios, com superfície polida, ou concreto com alta performance de estanquidade. Nesses
casos, podem ser usadas malhas ou ganchos metálicos chumbados a esses materiais e superfícies
para se assegurar uma amarração eficiente, funcionando como redutores de fissuração.

O bloco cerâmico comum de 6 furos, objeto de análise, proporciona um excelente

isolamento térmico e sonoro. O bloco, condição que sai da fábrica é um material hidrófilo, o que
exige um trato especial quando empregado em paredes externas e diretamente em contato com
água. Esse trato pode ser feito com revestimento asfáltico, cimentício, polimerizado, etc.,
necessitando de manutenção periódica, a fim de se conservar e manter as condições de
segurança, higiene e durabilidade da edificação.

Na colocação dos pontos elétricos e hidrosanitários, recomenda-se evitar os cortes

horizontais e diagonais na parede, pois esses implicam na perda de seção transversal da mesma.
Para isso, os pontos elétricos e hidráulicos devem ter dimensões que minimizem os cortes nas
paredes. Algumas soluções para isso são as sancas e forros falsos, etc., e os shafts que podem ser
feitos com os próprios blocos cerâmicos.

A construção monolítica que usa o bloco como elemento de vedação apresenta uma
fragilidade aos esforços cisalhantes nos locais das aberturas (janelas e portas). Para correção
desses possíveis pontos de fissura, são empregados o uso de vergas.

As Vergas segundo ABNT (NBR-10.837) são elementos estruturais colocados sobre vãos
de aberturas nunca maiores que 1,20 m, e promovem a interação das paredes adjacentes ao vão.
Essas vergas podem ser confeccionadas na obra ou utilizadas vigotas pré-moldadas de concreto
armado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muitas vezes, os estudantes de engenharia civil e estagiários não associam os nomes

técnicos aos meios técnicos executados na obra. Com essa dissociação passam a cometer gafes
na comunicação diária com colegas de escola e trabalho.

A pesquisa sobre os inúmeros materiais e formas de se fazer uma vedação vertical ou

horizontal, e a diferenciação dessas, teve resultado positivo a cerca do assunto.

O bloco cerâmico (tijolo furado) pode ser empregado como elemento estrutural de casas,
mediante cálculos. É impossível, mesmo que a finalidade principal do bloco cerâmico seja
estrutural, deixar de ser de vedação. Pois, isso seria uma contradição à própria técnica empregada
no levantamento das paredes.

Quanto à finalidade da vedação, sim, se pode direcionar estas paredes estruturais, através
do uso de aditivos, revestimentos ou promover a estanquidade.

O bloco cerâmico é um material construtivo, a priori estrutural, de baixo custo,

reaproveitável, com médio impacto ambiental, muito utilizado em construções de famílias de
baixa renda.

Sua utilização como vedação vertical é ótima em ambientes não úmidos, pois tem boa
espessura, o que confere às paredes excelente isolamento acústico e térmico. Com o emprego de
revestimentos, atende a todos os tipos de finalidades que as paredes de uma construção
unifamiliar necessitam em termos de vedação, como áreas de serviço e banheiros.
REFERÊNCIAS

Consulta as normas NBR-15.270;

Sítio do Inmetro. Características físicas e mecânicas do bloco cerâmico. Disponível

em:<http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/tijolo.asp>. Acesso em:16/05/2010.