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INFORMATIVO 512
PRIMEIRA TURMA
Regime de Cumprimento de Pena e Falta de Vagas
A Turma, por maioria, deferiu habeas corpus para determinar que se observe o
cumprimento da pena tal como previsto no título judicial e, inexistente vaga em
estabelecimento próprio, que os pacientes aguardem em regime aberto. Tratava-se, na
espécie, de writ em que condenados a pena em regime semi-aberto, por infração ao
art. 157, § 2º, I, II e V, do CP, questionavam a imposição de seu recolhimento em
regime fechado até que surgissem vagas em local adequado na comarca. Tendo em
conta a impossibilidade do imediato cumprimento da sanção em colônia penal agrícola
e/ou colônia penal industrial ou em estabelecimento similar por deficiência do Estado,
entendeu-se que não se poderia manter alguém preso em regime mais rigoroso do que
o imposto na sentença condenatória. Vencida a Min. Cármen Lúcia, relatora, que
denegava a ordem por considerar que a instrução deficiente do pedido inviabilizaria a
comprovação da ilegalidade suscitada e, em conseqüência, o conhecimento da
presente ação.
HC 94526/SP, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, rel. p/ o acórdão Min. Ricardo
Lewandowski, 24.6.2008. (HC-94526)
SEGUNDA TURMA
1
Incompetência do Juízo e “Ne Bis in Idem”
A Turma, por maioria, deferiu habeas corpus impetrado contra acórdão do STM
que, ao prover recurso criminal interposto pelo Ministério Público Militar da União,
reformara decisão que rejeitara denúncia oferecida em desfavor de militar da ativa
acusado pela suposta prática de furto contra outro militar na mesma situação. Ocorre
que, anteriormente, fora instaurado, no âmbito da justiça estadual e para apuração
daquele mesmo delito, processo-crime contra o paciente, que, nos termos do art. 89
da Lei 9.099/95, encontra-se suspenso. Não obstante o reconhecimento da
incompetência da justiça estadual para processar e julgar o caso, entendeu-se que o
paciente se sujeitara ao que o Estado acusador lhe impusera. No ponto, assentou-se
que a justiça estadual já aplicara expediente substitutivo da sentença que deve ter, em
termos de impossibilidade de novo processo pelos mesmos fatos, a mesma
conseqüência jurídica. Vencida a Min. Ellen Gracie, relatora, que, ao salientar cuidar-se
de crime militar (CPM, art. 9º, II, a), indeferia o writ por reputar existente vício
insanável que contaminaria de nulidade absoluta o processo ajuizado perante justiça
absolutamente incompetente. Ordem concedida para determinar o trancamento do
processo instaurado no âmbito da Justiça Militar da União.
HC 91505/PR, rel. orig. Min. Ellen Gracie, rel. p/ o acórdão Min. Cezar Peluso,
24.6.2008. (HC-91505)
2
penas restritivas de direito, ainda que no período anterior ao advento da Lei
11.343/2006. Relativamente ao tema do regime de cumprimento da pena privativa de
liberdade em relação às pacientes, esclareceu que, com a nova redação, dada pela Lei
11.464/2007, ao § 1º, e a introdução do § 2º, ambos do art. 2º, da Lei 8.072/90,
deverão ser cumpridos os requisitos e condições impostas, mesmo quanto às pessoas
que praticaram condutas criminosas em época anterior à nova ordem jurídica
instaurada sobre o assunto. Do contrário, aduziu que haveria descumprimento do
comando constitucional contido no art.5º, XLIII, não cumprindo o papel axiológico e a
própria razão de ser da Lei dos Crimes Hediondos, a saber, tratar de modo mais severo
os casos referentes aos crimes hediondos e a eles equiparados. Após, a Turma
determinou fosse a matéria afetada ao Plenário.
HC 89976/RJ, rel. Min. Ellen Gracie, 24.6.2008. (HC-89976)
INFORMATIVO 511
PRIMEIRA TURMA
Mercadoria Imprópria ao Consumo e Perícia
O tipo previsto no inciso IX, do art. 7º, da Lei 8.137/90 (“Art. 7° Constitui crime
contra as relações de consumo: ... IX - vender, ter em depósito para vender ou expor
à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições
impróprias ao consumo;”) pressupõe a demonstração inequívoca da impropriedade do
produto para o uso. Com base nesse entendimento, a Turma deferiu habeas corpus
para absolver os pacientes da condenação por crime contra as relações de consumo
(Lei 8.137/90, art. 7º, IX), decorrente da fabricação de produtos para consumo em
desconformidade com normas regulamentares e sem registro no Ministério da Saúde.
Considerou-se que, no caso, embora se tratasse de crime formal, o elemento do tipo
não fora comprovado no processo ante a inexistência de perícia que atestasse a
imprestabilidade das mercadorias ao consumo. Ademais, ressaltou-se que a tipificação
desse crime estaria vinculada ao art. 18, § 6º, do Código de Defesa do Consumidor, o
qual estabelece os produtos impróprios ao consumo (“§ 6° São impróprios ao uso e
consumo: I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; II - os produtos
deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados,
nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas
regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; III - os produtos que, por
qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.”).
HC 90779/PR, rel. Min. Carlos Britto, 17.6.2008. (HC-90779)
3
Crime contra o Sistema Financeiro e Competência
A Turma indeferiu habeas corpus em que alegada a competência da justiça
estadual para processar e julgar os pacientes, denunciados por estelionato e pela
suposta prática de crime contra o Sistema Financeiro Nacional (CP, art. 171 e Lei
7.492/86, art. 5º), consistente na operação, em instituição financeira de direito
privado, de esquema de pagamento de notas frias. A impetração sustentava que o
feito envolveria apenas interesses privados e que os pacientes não ocupavam, à época
dos fatos, cargo de direção ou de administração naquela instituição, o que afastaria a
incidência da referida Lei 7.492/86. Reputou-se que a regra nela contida (“Art. 26. A
ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público
Federal, perante a Justiça Federal.”) não colidiria com aquela prevista no art. 109, VI,
da CF (“Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: ... VI - os crimes
contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema
financeiro e a ordem econômico-financeira;”). Nesse sentido, entendeu-se acertada a
decisão do STJ que assentara a competência da justiça federal para o processamento
da causa, não obstante o envolvimento de instituição privada. No ponto, enfatizou-se a
presença de interesses da União consubstanciados no controle, na higidez e na
legalidade do Sistema Financeiro Nacional. Ademais, em reforço à atração da
competência da justiça federal para o exame do caso, ressaltou-se que a denúncia
noticiaria que a operação do esquema delituoso utilizara-se da falsificação de
documento supostamente emitido pelo Banco Central do Brasil e que um dos pacientes
detinha, à época dos fatos, poderes e atribuições próprias de gerente de operações.
HC 93733/RJ, rel. Min. Carlos Britto, 17.6.2008. (HC-93733)
INFORMATIVO 510
PLENÁRIO
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conversão da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade se o condenado
estiver em lugar incerto e não sabido, a Turma indeferiu habeas corpus em que
pleiteada a citação editalícia do paciente para que tomasse conhecimento da decisão
que convertera a pena a ele imposta. A impetração sustentava não ser possível adotar
somente a interpretação literal do aludido dispositivo legal, devendo ser observados o
devido processo legal e a ampla defesa. Reputou-se razoável a presença de elemento
de discrímen no tratamento diferenciado disposto no art. 181, § 1º, da LEP (“Art. 181.
A pena restritiva de direitos será convertida em privativa de liberdade nas hipóteses e
na forma do art. 45 e seus incisos do Código Penal. § 1º A pena de prestação de
serviços à comunidade será convertida quando o condenado: a) não for encontrado por
estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a intimação por edital;”), haja vista
que o réu que participou de todos os atos processuais e que, ciente da condenação,
muda seu domicílio sem prévia comunicação ao juízo competente, viola o princípio da
boa-fé objetiva que deve reger todas as relações jurídicas, inclusive entre o agente e o
Estado. Salientou-se que, para alguns doutrinadores, a primeira parte da alínea a, do §
1º, do art.181, da LEP, refere-se àquele que, pessoalmente citado e intimado para
todos os atos processuais, desaparece na fase da execução da sentença, deixando de
comunicar ao juízo acerca de seu atual paradeiro, daí a certidão de se encontrar em
lugar incerto e não sabido. Assim, registrou-se que a citada regra não ofenderia o
devido processo legal e a ampla defesa, porquanto o acusado que acompanhara todo o
processo de conhecimento teria plena ciência de possíveis conseqüências que lhe
seriam prejudiciais caso deixasse de cumprir a pena restritiva de direitos que lhe fora
aplicada.
HC 92012/SP, rel. Min. Ellen Gracie, 10.6.2008. (HC-92012)
5
HC 93761/RS, rel. Min. Eros Grau, 10.6.2008. (HC-93761)
INFORMATIVO 509
PRIMEIRA TURMA
INFORMATIVO 508
6
Suspensão Condicional do Processo e Cabimento de HC
A aceitação do benefício de suspensão condicional do processo (Lei 9.099/95, art.
89) não implica renúncia ao interesse de agir para impetração de habeas corpus com o
fim de questionar a justa causa da ação penal. Com base nesse entendimento, a
Turma, para evitar dupla supressão de instância, não conheceu de recurso ordinário
em habeas corpus, mas concedeu a ordem, de ofício, em favor de denunciada pela
suposta prática do crime de auto-acusação falsa (CP, art. 341). No caso, o STJ
denegara o writ lá impetrado ao fundamento de que com a aceitação da proposta de
suspensão condicional do processo formulada pelo Ministério Público não seria possível
o exame da ausência de justa causa por atipicidade da conduta, a menos que
retomada a ação penal. HC deferido, de ofício, para, remetendo-se os autos ao
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, cujo acórdão fica cassado, determinar que
proceda ao exame do mérito da impetração. Precedentes citados: HC 85747/SP (DJU
de 14.10.2005) e HC 89179/RS (DJU de 13.4.2007).
RHC 82365/SP, rel. Min. Cezar Peluso, 27.5.2008. (RHC-82365)
HC 94809 MC/RS*
7
EMENTA: “HABEAS CORPUS” IMPETRADO, ORIGINARIAMENTE, PERANTE
O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, POR MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
MILITAR DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. LEGITIMIDADE ATIVA
RECONHECIDA. DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA. PORTE DE
SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE. CRIME MILITAR (CPM, ART. 290).
QUANTIDADE ÍNFIMA. INVOCAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA, COMO FATOR DE DESCARACTERIZAÇÃO MATERIAL DA
TIPICIDADE PENAL. POSSIBILIDADE DE SUA APLICAÇÃO AOS CRIMES
MILITARES. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. MEDIDA
CAUTELAR DEFERIDA.
8
A presente impetração insurge-se contra decisão, que, emanada do E. Superior
Tribunal Militar, encontra-se consubstanciada em acórdão assim ementado (fls.
15):
9
O POSTULADO DA INSIGNIFICÂNCIA E A FUNÇÃO DO DIREITO
PENAL: ‘DE MINIMIS, NON CURAT PRAETOR’.
- O sistema jurídico há de considerar a relevantíssima circunstância de que
a privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se
justificam quando estritamente necessárias à própria proteção das pessoas, da
sociedade e de outros bens jurídicos que lhes sejam essenciais, notadamente
naqueles casos em que os valores penalmente tutelados se exponham a dano,
efetivo ou potencial, impregnado de significativa lesividade.
O direito penal não se deve ocupar de condutas que produzam resultado
cujo desvalor - por não importar em lesão significativa a bens jurídicos
relevantes - não represente, por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao
titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social.”
(HC 84.687/MS, Rel. Min. CELSO DE MELLO)
Não custa assinalar, neste ponto, que esse entendimento encontra suporte em
expressivo magistério doutrinário expendido na análise do tema em referência (LUIZ
FLÁVIO GOMES, “Delito de Bagatela: Princípios da Insignificância e da
Irrelevância Penal do Fato”, “in” Revista dos Tribunais, vol. 789/439-456;
FRANCISCO DE ASSIS TOLEDO, “Princípios Básicos de Direito Penal”, p. 133/134,
item n. 131, 5ª ed., 2002, Saraiva; CEZAR ROBERTO BITENCOURT, “Código Penal
Comentado”, p. 6, item n. 9, 2002, Saraiva; DAMÁSIO E. DE JESUS, “Direito Penal
– Parte Geral”, vol. 1/10, item n. 11, “h”, 26ª ed., 2003, Saraiva; MAURÍCIO
ANTONIO RIBEIRO LOPES, “Princípio da Insignificância no Direito Penal”, p.
113/118, item n. 8.2, 2ª ed., 2000, RT, v.g.).
Revela-se significativa a lição de EDILSON MOUGENOT BONFIM e de
FERNANDO CAPEZ (“Direito Penal – Parte Geral”, p. 121/122, item n. 2.1, 2004,
Saraiva) a propósito da matéria em questão:
1
Cumpre também acentuar, por relevante, que a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal tem admitido, na matéria em questão, a inteira aplicabilidade do
princípio da insignificância aos crimes militares (HC 87.478/PA, Rel. Min. EROS
GRAU – HC 92.634/PE, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA – RHC 89.624/RS, Rel. Min.
CÁRMEN LÚCIA), mesmo que se cuide de delito de posse de quantidade ínfima de
substância entorpecente, para uso próprio, e ainda que se trate de ilícito penal
perpetrado no interior de Organização Militar (HC 93.822/SP, Rel. Min. CELSO DE
MELLO – HC 94.085/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.).
Entendo importante destacar, neste ponto, fragmento do voto (vencido) do
eminente Ministro FLÁVIO BIERRENBACH (que tem o beneplácito da jurisprudência
desta Suprema Corte), proferido quando do julgamento, que, emanado do E.
Superior Tribunal Militar, motivou a presente impetração (fls. 44/53, 44/47):
1
referência, mantido íntegro, desse modo, o “status libertatis” de Alex Silva de
Campos.
Caso o paciente, por algum motivo, tenha sido preso em decorrência de
mencionada condenação penal (Processo nº 04/06-7 – 3ª Auditoria da 3ª CJM),
deverá ele ser imediatamente posto em liberdade, se por al não estiver preso.
Comunique-se, com urgência, transmitindo-se cópia da presente decisão ao
E. Superior Tribunal Militar (Apelação nº 2006.01.050445-1), à 3ª Auditoria da 3ª
Circunscrição Judiciária Militar (Processo nº 04/06-7) e ao ilustre membro do
Ministério Público Militar que subscreveu a presente impetração (fls. 02/12).
Publique-se.
INFORMATIVO 507
Nada
INFORMATIVO 506
SEGUNDA TURMA
A Turma iniciou julgamento de habeas corpus impetrado contra acórdão do STJ que
reputara justificada a regressão de regime prisional imposto ao paciente por considerar
falta grave a evasão de estabelecimento prisional. No caso, a mencionada sanção fora
aplicada após a recaptura do paciente que, condenado a pena em regime inicial semi-
aberto, obtivera o benefício de saída temporária e não regressara ao estabelecimento
penitenciário. A impetração sustenta que: a) os problemas graves de saúde do
paciente justificariam o fato de ele não haver retornado à prisão; b) o paciente não
cometera crime durante o período em que permanecera solto; c) o juiz da execução,
apesar de reconhecer a falta grave, não decretara a regressão de regime, restringindo-
se a cominar sanção disciplinar de isolamento e de averbação no prontuário do
apenado; d) a determinação de regressão para regime mais gravoso do que o fixado
na sentença condenatória não seria cabível. O Min. Eros Grau, relator, deferiu o writ
para cassar o acórdão do STJ e restabelecer o do Tribunal de Justiça do Estado do Rio
Grande do Sul, que vedara a regressão do regime semi-aberto para o fechado.
Enfatizou que, não obstante o entendimento de ambas as Turmas do STF no sentido
de que a prática de falta grave resulta na regressão do regime de cumprimento da
pena, na espécie, essa regressão não seria possível porque, quando do cometimento
da falta grave, o paciente ainda cumpria pena no regime inicial fixado na sentença
condenatória. Assim, não seria coerente admitir que a condenação do paciente se
tornasse mais severa, na fase de execução penal, em razão da prática da falta grave.
Essa, em tal hipótese, serviria para se determinar a recontagem do prazo necessário à
progressão. Ademais, asseverou que seria ilógico que o réu pudesse regredir de
regime sem ter progredido. Após o voto do Min. Joaquim Barbosa acompanhando o
1
relator, pediu vista a Min. Ellen Gracie.
HC 93761/RS, rel. Min. Eros Grau, 13.5.2007. (HC-93761)
INFORMATIVO 505
O mero fato de o funcionamento de arma de fogo não ser perfeito não afasta a
tipicidade material do crime definido no art. 14 da Lei 10.826/2003. Com base nesse
entendimento, a Turma indeferiu habeas corpus em que condenado por porte ilegal de
arma de fogo pleiteava o reconhecimento da atipicidade material de sua conduta, sob
a alegação de que não restara comprovada, de forma válida, a potencialidade lesiva da
arma apreendida. Aduzia, ainda, que a constitucionalidade do delito de arma
desmuniciada encontrar-se-ia em análise nesta Corte. Inicialmente, asseverou-se que
o presente writ não trataria do caso do porte de arma sem munição, nem do porte de
munição sem arma, dado que o paciente fora denunciado porque trazia consigo
revólver municiado com cartuchos intactos. Considerou-se que, na espécie, a perícia
não concluíra pela inidoneidade da arma municiada portada pelo paciente. Ressaltou-
se que o revólver não apresentava perfeitas condições de funcionamento, mas,
conforme destacado na sentença condenatória, possuiria aptidão de produzir disparos,
o que seria suficiente para atingir o bem juridicamente tutelado.
HC 93816/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, 6.5.2008. (HC-93816)
1
inconstitucionalidade da parte final do art. 127 do ECA merecia apreciação.
Considerou-se, no ponto, que não haveria afronta ao devido processo legal na
cumulação da remissão com a medida de advertência. Enfatizou-se que a incidência
dessa medida poderia ser vista, na hipótese, como um modo de o Poder Judiciário
chamar a atenção do adolescente, alertando-o para a gravidade de seus atos, sem ter
que submetê-lo ao streptus inerente a um procedimento judicial. Ademais, destacou-se
que o Pleno desta Corte já assentara que o aludido dispositivo legal não violaria
qualquer norma constitucional. RE provido para reformar o acórdão impugnado,
afastando-se a declaração de inconstitucionalidade nele contida, e reconhecendo-se a
possibilidade de aplicação de medida sócio-educativa, pela autoridade judiciária, a
requerimento do Ministério Público, em remissão por este concedida. Precedente
citado: RE 229382/SP (DJU de 31.10.2002).
RE 248018/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa, 6.5.2008. (RE-248018)
INFORMATIVO 504
nada
INFORMATIVO 503
PRIMEIRA TURMA
1
Não é possível creditar-se ao réu, para fins de detração, tempo de
encarceramento anterior à prática do crime que deu origem à condenação atual. Com
base nessa jurisprudência, a Turma indeferiu habeas corpus em que se pretendia
abater da pena aplicada ao paciente período em que este estivera anteriormente
custodiado. Asseverou-se que, se acolhida a tese da defesa, considerando esse período
como “crédito” em relação ao Estado, estar-se-ia concedendo ao paciente um “bill” de
indenidade. Precedentes citados: RHC 61195/SP (DJU de 23.9.83); HC 55614/SP (DJU
de 3.3.78); HC 51807/Guanabara (DJU de 23.8.74).
HC 93979/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, 22.4.2008. (HC-93979)
INFORMATIVO 502
nada
INFORMATIVO 501
1
INFORMATIVO 500
PRIMEIRA TURMA
1
as instâncias antecedentes decidiram corretamente ao deixar de analisar o pleito de
progressão, enfatizando que, já tendo sido extraída guia de execução provisória da
sentença, caberia ao paciente requerer aquele benefício, originariamente, ao juízo das
execuções criminais, sob pena de supressão de instância. Por outro lado, aduziu que o
exame dos requisitos para a concessão dos benefícios da progressão de regime de
cumprimento da pena, ou mesmo livramento condicional, ultrapassaria os limites da
via eleita. Após o voto do Min. Marco Aurélio que concedia a ordem por vislumbrar
excesso de prazo, pediu vista o Min. Carlos Britto.
HC 93443/RJ, rel. Min. Cármen Lúcia, 1º.4.2008. (HC-93443)
HC 92525 MC/RJ*
1
LEIS. A POSIÇÃO DE ALBERTO SILVA FRANCO, DAMÁSIO E. JESUS E DE CELSO,
ROBERTO, ROBERTO JÚNIOR E FÁBIO DELMANTO. A PROPORCIONALIDADE
COMO POSTULADO BÁSICO DE CONTENÇÃO DOS EXCESSOS DO PODER
PÚBLICO. O “DUE PROCESS OF LAW” EM SUA DIMENSÃO SUBSTANTIVA (CF,
ART. 5º, INCISO LIV). DOUTRINA. PRECEDENTES. A QUESTÃO DAS
ANTINOMIAS (APARENTES E REAIS). CRITÉRIOS DE SUPERAÇÃO.
INTERPRETAÇÃO AB-ROGANTE. EXCEPCIONALIDADE. UTILIZAÇÃO,
SEMPRE QUE POSSÍVEL, PELO PODER JUDICIÁRIO, DA INTERPRETAÇÃO
CORRETIVA, AINDA QUE DESTA RESULTE PEQUENA MODIFICAÇÃO NO TEXTO
DA LEI. PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. MEDIDA CAUTELAR
DEFERIDA.
INFORMATIVO Nº 499
1
sem preencher as condições a que por lei está subordinado o seu exercício:”).
Enfatizou-se que os requisitos referidos na figura típica devem estar regulamentados
por lei, sem os quais restaria inviabilizado, no caso, o manejo da ação penal com base
no art. 47 da LCP que, por se tratar de norma penal em branco, depende da indicação
de lei que estabeleça as condições para o exercício de determinada atividade.
Entendeu-se que, quanto aos demais crimes, a denúncia apresentaria os elementos
mínimos necessários ao prosseguimento da persecução penal.
HC 92183/PE, rel. Min. Carlos Britto, 18.3.2008. (HC-92183)
1
Lei, o réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, salvo se for primário e de bons
antecedentes, assim reconhecido na sentença condenatória.”).
HC 93302/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 25.3.2008. (HC-93302)
2
HC 93302/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 25.3.2008. (HC-93302)
HC 94085 MC/SP*
2
É importante registrar, neste ponto, que, com a superveniência da Lei nº
11.343/2006 – e ainda que mantida, por esta, a criminalidade do porte de
drogas para consumo pessoal (RE 430.105-QO/RJ, Rel. Min. SEPÚLVEDA
PERTENCE) -, tal conduta, agora, não mais sofre a incidência de pena privativa de
liberdade, expondo-se, ao contrário, a penas meramente restritivas de direitos.
É por essa razão que os autores qualificam como juridicamente mais benigna
essa nova legislação penal (GUILHERME DE SOUZA NUCCI, “Leis Penais e
Processuais Penais Comentadas”, p. 303/310, 2ª ed., 2007, RT; RENATO MARCÃO,
“A Nova Lei de Drogas e seus Reflexos na Execução Penal”, “in” Consulex, ano
XI, nº 258, p. 58/62; LUIZ FLÁVIO GOMES, “Lei de Drogas Comentada Artigo por
Artigo: Lei 11.343/2006, de 23.08.2006”, p. 155, item n. 7, 2ª ed., 2007, RT; e
JOSÉ GERALDO DA SILVA, WILSON LAVORENTI e FABIANO GENOFRE, “Leis Penais
Especiais Anotadas”, p. 186/200, item n. 4, 9ª ed., 2006, Millennium, v.g.), o que
legitima a aplicação da cláusula inscrita no inciso XL do art. 5º da Constituição da
República, cuja eficácia tem o condão de inibir a incidência de normas penais mais
gravosas, à semelhança do que se registra com o art. 290 do CPM (“lex gravior”).
Não se pode perder de perspectiva, neste ponto, que a norma penal benéfica
– como aquela inscrita no art. 28 da Lei nº 11.343/2006 (notadamente se
confrontada com a regra consubstanciada no art. 290 do CPM) – reveste-se de
eficácia retroativa, apta a torná-la incidente, enquanto “lex mitior”, a fatos delituosos
praticados em momento anterior ao de sua vigência.
2
Esse novíssimo estatuto normativo, ao conferir expressão formal e
positiva às premissas ideológicas que dão suporte às medidas
despenalizadoras previstas na Lei nº 9.099/95, atribui, de modo conseqüente,
especial primazia aos institutos (a) da composição civil (art. 74, parágrafo
único), (b) da transação penal (art. 76), (c) da representação nos delitos de
lesões culposas ou dolosas de natureza leve (arts. 88 e 91) e (d) da suspensão
condicional do processo (art. 89).
As prescrições que consagram as medidas despenalizadoras em causa
qualificam-se como normas penais benéficas, necessariamente
impulsionadas, quanto à sua aplicabilidade, pelo princípio constitucional que
impõe, à ‘lex mitior’, uma insuprimível carga de retroatividade virtual e,
também, de incidência imediata.”
(RTJ 162/483-484, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno)
Foi por tal motivo que o eminente Ministro GILMAR MENDES, na condição de
Relator do HC 91.356-MC/SP, deferiu o provimento cautelar então postulado,
fazendo-o com apoio em seu entendimento de que “o art. 28 da Lei nº 11.343, de
23 de agosto de 2006, poderia ser aplicado com relação ao ora paciente” (grifei),
não obstante se tratasse, no caso que examinou – e tal como sucede na espécie
2
ora em análise -, de condenação pelo crime militar de porte de substância
entorpecente (CPM, art. 290).
Não foi por outra razão que o Supremo Tribunal Federal, apreciando essa
mesma questão, deferiu ordem de “habeas corpus” em caso rigorosamente
idêntico ao que se examina na presente sede processual, e no qual proferiu decisão
consubstanciada em acórdão assim ementado:
2
matéria penal - tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade
penal, examinada na perspectiva de seu caráter material. Doutrina.
Tal postulado - que considera necessária, na aferição do relevo
material da tipicidade penal, a presença de certos vetores, tais como (a) a
mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade
social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento
e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada - apoiou-se, em seu
processo de formulação teórica, no reconhecimento de que o caráter
subsidiário do sistema penal reclama e impõe, em função dos próprios
objetivos por ele visados, a intervenção mínima do Poder Público.
O POSTULADO DA INSIGNIFICÂNCIA E A FUNÇÃO DO DIREITO
PENAL: ‘DE MINIMIS, NON CURAT PRAETOR’.
- O sistema jurídico há de considerar a relevantíssima circunstância de que
a privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se
justificam quando estritamente necessárias à própria proteção das pessoas, da
sociedade e de outros bens jurídicos que lhes sejam essenciais, notadamente
naqueles casos em que os valores penalmente tutelados se exponham a dano,
efetivo ou potencial, impregnado de significativa lesividade.
O direito penal não se deve ocupar de condutas que produzam resultado
cujo desvalor - por não importar em lesão significativa a bens jurídicos
relevantes - não represente, por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao
titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social.”
(HC 84.687/MS, Rel. Min. CELSO DE MELLO)
Não custa assinalar, neste ponto, que esse entendimento encontra suporte em
expressivo magistério doutrinário expendido na análise do tema em referência (LUIZ
FLÁVIO GOMES, “Delito de Bagatela: Princípios da Insignificância e da
Irrelevância Penal do Fato”, “in” Revista dos Tribunais, vol. 789/439-456;
FRANCISCO DE ASSIS TOLEDO, “Princípios Básicos de Direito Penal”, p. 133/134,
item n. 131, 5ª ed., 2002, Saraiva; CEZAR ROBERTO BITENCOURT, “Código Penal
Comentado”, p. 6, item n. 9, 2002, Saraiva; DAMÁSIO E. DE JESUS, “Direito Penal
– Parte Geral”, vol. 1/10, item n. 11, “h”, 26ª ed., 2003, Saraiva; MAURÍCIO
ANTONIO RIBEIRO LOPES, “Princípio da Insignificância no Direito Penal”, p.
113/118, item n. 8.2, 2ª ed., 2000, RT, v.g.).
2
reclamado pela tipicidade penal, o qual exige ofensa de alguma magnitude a
esse mesmo bem jurídico.” (grifei)
Caso o paciente ou o seu co-réu, por algum motivo, tenham sido presos em
decorrência de mencionada condenação penal (Processo nº 18/06-5), deverão eles
ser imediatamente postos em liberdade, se por al não estiverem presos.
Publique-se.
INFORMATIVO Nº 498
2
que apurada a suposta prática do delito de apropriação indébita previdenciária (CP,
art. 168-A: “Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos
contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:”). Salientando que a
apropriação indébita previdenciária não consubstancia crime formal, mas omissivo
material — no que indispensável a ocorrência de apropriação dos valores, com
inversão da posse respectiva —, e tem por objeto jurídico protegido o patrimônio da
previdência social, entendeu-se que, pendente recurso administrativo em que discutida
a exigibilidade do tributo, seria inviável tanto a propositura da ação penal quanto a
manutenção do inquérito, sob pena de preservar-se situação que degrada o
contribuinte.
Inq 2537 AgR/GO, rel. Min. Marco Aurélio, 10.3.2008. (Inq- 2537)
2
e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos
alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem
prejuízo de outras sanções previstas em lei.”).
RE 543974/MG, rel. Min. Eros Grau, 11.3.2008. (RE-543974)
INFORMATIVO Nº 497
PRIMEIRA TURMA
2
ao segundo paciente, não se teria peça hábil a chegar-se a persecução criminal, já que
deficiente quanto à exposição do verbo “incitar”.
HC 90187/RJ, rel. Min. Menezes Direito, 4.3.2008. (HC-90187)
SEGUNDA TURMA
INFORMATIVO Nº 496
PLENÁRIO
2
Trabalhista - PDT para o efeito de suspender a vigência da expressão “a espetáculos de
diversões públicas, que ficarão sujeitos à censura, na forma da lei, nem”, contida na
parte inicial do § 2º do art. 1º; do § 2º do art. 2º; da íntegra dos artigos 3º, 4º, 5º, 6º
e 65; da expressão “e sob pena de decadência deverá ser proposta dentro de 3 meses
da data da publicação ou transmissão que lhe der causa”, constante da parte final do
art. 56; dos §§ 3º e 6º do art. 57; dos §§ 1º e 2º do art. 60; da íntegra dos artigos
61, 62, 63 e 64; dos artigos 20, 21, 22 e 23; e dos artigos 51 e 52, todos da Lei
5.250/67 (Lei de Imprensa). Preliminarmente, tendo em conta o princípio da
subsidiariedade, o Tribunal, também por maioria, conheceu da ação. Vencido, no
ponto, o Min. Marco Aurélio, que não a conhecia por reputar inadequada a argüição. No
mérito, entendeu-se configurada a plausibilidade jurídica do pedido, haja vista que o
diploma normativo impugnado não pareceria serviente do padrão de democracia e de
imprensa vigente na Constituição de 1988 (CF, artigos 1º; 5º, IV, V, IX e XXXIII e
220, caput e § 1º). Considerou-se, ademais, presente o perigo na demora da
prestação jurisdicional, afirmando-se não ser possível perder oportunidade de evitar
que eventual incidência da referida lei, de nítido viés autoritário, colidisse com aqueles
valores constitucionais da democracia e da liberdade de imprensa. Vencidos, em parte,
os Ministros Menezes Direito, Eros Grau e Celso de Mello, que, desde logo, suspendiam
a vigência de toda a Lei 5.250/67, autorizando a aplicação da legislação ordinária de
direito civil e de direito penal, e o Min. Marco Aurélio, que negava referendo à liminar.
O Tribunal, empregando por analogia o art. 21 da Lei 9.868/99, estabeleceu o prazo
de 180 dias, a contar da data da sessão, para retorno do feito para o julgamento de
mérito.
ADPF 130 MC/DF, rel. Min. Carlos Britto, 27.2.2008. (ADPF-130)
INFORMATIVO Nº 494
3
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter
sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou
restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: ...
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. ... Parágrafo único. Nas mesmas
penas incorre quem: ... IV - portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de
fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado,
suprimido ou adulterado;”) — v. Informativos 447 e 486. Entendeu-se que os fatos
descritos na denúncia amoldar-se-iam ao tipo previsto no art. 16, parágrafo único, IV,
da Lei 10.826/2003. Inicialmente, enfatizou-se que, nas condutas descritas no referido
inciso, não se exigiria como elementar do tipo a arma ser de uso permitido ou restrito,
e que, no caso, a arma seria de uso permitido, tendo sido comprovada a supressão do
seu número de série por abrasão. Diante disso, concluiu-se ser impertinente a
discussão acerca da inadequação da conduta descrita na denúncia e tipificação pela
qual fora o recorrente condenado.
RHC 89889/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 14.2.2008. (RHC-89889)
3
sentença condenatória, não tendo o parquet, em apelação, se insurgido, reputou-se
preclusa essa matéria para a acusação, motivo pelo qual não poderia o STM ter
piorado a situação do paciente, em flagrante ofensa ao princípio do ne reformatio in
pejus. Ordem concedida para afastar o acórdão do STM, proferido nos embargos
infringentes, e restabelecer a sentença condenatória, tal como proferida.
HC 90659/SP, rel. Min. Menezes Direito, 12.2.2008. (HC-90659)
INFORMATIVO Nº 493
3
denúncia demonstrara o delito em sua totalidade e que especificara a conduta
supostamente ilícita do paciente. No ponto, asseverou-se que, em se tratando de
crimes societários, a denúncia que contém condição efetiva que autorize o denunciado
a proferir adequadamente a defesa não configura indicação genérica capaz de ensejar
a sua inépcia. Ademais, enfatizou-se que o trancamento de ação penal em habeas
corpus impetrado com fundamento na falta de justa causa é medida excepcional que,
em princípio, não tem cabimento quando a denúncia ofertada narra suficientemente
fatos que constituem crime. Por fim, relativamente ao último argumento, aduziu-se
que a via eleita não comporta dilação probatória, exame aprofundado de matéria fática
ou nova valoração dos elementos de prova. Alguns precedentes citados: HC 90320/MG
(DJU de 25.5.2007); HC 87324/SP (DJU de 18.5.2007); HC 85496/SC (DJU de
8.9.2006); HC 91334/PA (DJU de 17.8.2007); HC 84278/SP (DJU de 22.10.2004).
HC 90326/RS, rel. Min. Menezes Direito, 11.12.2007. (HC-90326)
A Turma concluiu julgamento de habeas corpus impetrado contra acórdão do STM que
condenara militar à pena de 6 meses de detenção pela prática do crime de desacato
(CPM, art. 299), reformando decisão que, ao aplicar o princípio da insignificância,
absolvera-o. No caso, contra a decisão condenatória a defesa impetrara outro HC
perante o STF, que fora deferido para determinar a manifestação do STM
relativamente ao direito do paciente à suspensão condicional da pena (HC 88281/PA,
DJU de 5.6.2006). Realizado novo julgamento, o STM denegara o referido benefício,
concedendo-lhe o direito de recorrer em liberdade. A impetração requeria a nulidade
do referido acórdão, alegando a falta de fundamentação na dosimetria da reprimenda,
porquanto não observados o princípio da individualização da pena e o critério trifásico.
Pleiteava, também, a concessão da suspensão condicional da pena, ao argumento de
se tratar de direito subjetivo do paciente — v. Informativo 492. Em face do empate na
votação, deferiu-se o writ para que o juízo da execução fixe as condições da suspensão
condicional da pena. Considerou-se que a situação do processo revelaria contradição
absoluta, uma vez que, fixada a pena-base no mínimo legal, implicitamente se
proclamara que as circunstâncias judiciais seriam favoráveis ao condenado, não
podendo o STM, em passo seguinte e de forma incoerente, pronunciar-se sobre dados
relativos ao cometimento do crime para afastar o mencionado benefício. Assim, ou
estariam presentes circunstâncias judiciais que levariam à fixação da pena-base acima
do mínimo previsto para o tipo ou não haveria essas circunstâncias, inexistindo óbice
para a suspensão condicional da pena. Vencidos os Ministros Cármen Lúcia, relatora, e
Ricardo Lewandowski que denegavam a ordem. O Min. Carlos Britto reajustou seu
voto.
HC 92322/PA, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, rel. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio,
18.12.2007. (HC-92322)
SEGUNDA TURMA
Com o advento da Lei 11.464/2007, que alterou a redação do art. 2º, II, da Lei
8.072/90, tornou-se possível a concessão de liberdade provisória aos crimes hediondos
ou equiparados, nas hipóteses em que ausentes os fundamentos previstos no art. 312
do CPP. Tendo em conta esse entendimento, bem como verificada a falta de motivação
idônea para a prisão do paciente, a Turma conheceu, em parte, de habeas corpus e, na
3
parte de que conheceu, deferiu-o para determinar que seja expedido alvará de soltura
em favor do paciente, salvo se por outro motivo deva permanecer custodiado. Na
espécie, o paciente, preso em flagrante pela suposta prática de homicídio qualificado
(CP, art. 121, § 2º, IV), tivera a segregação mantida pela sentença de pronúncia que,
reportando-se aos fundamentos do decreto de prisão preventiva, negara pedido de
liberdade provisória com base no art. 2º, II, da Lei 8.072/90 e por reputar presentes
os requisitos do art. 312 do CPP, a saber: garantia da ordem pública e da aplicação da
lei penal.
HC 92824/SC, rel. Min. Joaquim Barbosa, 18.12.2007. (HC-92824)